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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR
SILVACI GONALVES SANTIANO RODRIGUES
A IMPORTANCIA DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A
CONSTRUO DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E
CIDADANIA EM ESCOLAS RURAIS DO MUNICIPIO DE IPOR/GO
IPOR
2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR
SILVACI GONALVES SANTIANO RODRIGUES
A IMPORTANCIA DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A
CONSTRUO DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E
CIDADANIA EM ESCOLAS RURAIS DO MUNICIPIO DE IPOR/GO
Monografia apresentada coordenao do curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois-UnU Ipor, como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciada em Geografia. Orientadora: Prof. Ms. Jackeline Silva Alves
IPOR
2010
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SILVACI GONALVES SANTIANO RODRIGUES
A IMPORTANCIA DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A
CONSTRUO DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E
CIDADANIA EM ESCOLAS RURAIS DO MUNICIPIO DE IPOR/GO
Monografia apresentada coordenao do curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois UnU Ipor, como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciada em Geografia. Orientadora: Prof. Ms. Jackeline Silva Alves
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Prof.Ms. Jackeline Silva Alves
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Prof.
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Prof.
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Aos meus filhos e meu esposo, que tanto me ajudaram.
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, por ter me abenoado em todos os momentos durante estes
quatro anos. Por ter me ajudado a concluir e por ter colocado pessoas to importantes em meu
caminho.
A todos os professores do curso de Geografia, em especial a minha orientadora,
Prof.Ms. Jackeline Silva Alves, por tudo que fez por mim.
A meu esposo, principalmente pela pacincia e compreenso nestes ltimos meses,
fase de concluso do curso.
A meus pais, Rosrio Maurcio e Ornelina, que mesmo distantesnestes quatro anos me
ajudaram nos momentos demaiores dificuldades.
A minha irm Edivirgem que muito me ajudou com seu conhecimento e tambm
contribuindo com materiais bibliogrficos.
A minhas amigas: Ana Lidia, por ter me ajudado na pesquisa, a Xisleque que me
auxiliou em vrios momentos por meio de vrias atitudes me estimulando a continuar, a
Evanilda, a Adilene, que me deram grande fora, especialmente quando passei por problemas
de sade.
Aos demais colegas que de uma forma ou de outra me auxiliaram, pois h momentos
em que pequenas atitudes ou mesmo uma simples palavra serve como estmulo.
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RESUMO
O componente curricular de Geografia tem sido considerado como privilegiado no tratamento das questes ambientais, contudo ocorre certa dificuldade tanto de educadores como de educandos em compreender o espao como campo de relaes entre ser humano/ser humano e deste com a natureza no processo de transformao da mesma. A questo ambiental um problema mundial e constantemente discutido pelas sociedades, principalmente nas ltimas dcadas. Contudo, por mais que haja discusses nesse sentido, os problemas ambientais tanto no meio natural como no social continuam existindo e alguns se tornando mais graves e irreversveis. Para se conseguir ambientes saudveis, com menos pobreza, fome, misria e com melhor distribuio dos recursos naturais, necessrio o exerccio da cidadania. Portanto, as atitudes para resoluo dos problemas ambientais dependem do exerccio da cidadania sentido pleno. Nesse sentido a Geografia escolar, caracterizada como um componente curricular que busca formar cidado crtico, reflexivo e participativo, pode ser uma grande aliada para auxiliar os educandos na construo dos conceitos acima citados. A orientao doMinistrio da Educao e Cultura M.E.C. para ensino de Geografia em relao ao conceito de Meio Ambiente que este seja trabalhado como tema transversal, para que os educandos possam ter uma viso global da questo, porm estes nem sempre ou raramente so trabalhados de acordo com as orientaes do M.E.C.. A efetivao destas propostas para o ensino de Geografia poderia contribuir consideravelmente para que o educador sasse das bases tradicionais da educao geogrfica, incorporando em seu trabalho a relao teoria/prtica, que pensamos ser essencial para que a Geografia possa cumprir seu papel de componente curricular formadora de cidados.
Palavras-chave: Ensino de Geografia. Cidado. Questes ambientais. Educao do Campo.
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................... 08
1 - A IMPORTNCIA DA GEOGRAFIA ESCOLAR NA CONSTRUO DE
CONCEITOS ....................................................................................................................... 12
1.1- O debate sobre os problemas ambientais na perspectiva de uma educao geogrfica ... 15
1.2- Os conceitos de Meio Ambiente e Cidadania e o componente curricular de Geografia .. 21
2 - OS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA NO
CONTEXTO EDUCACIONAL ........................................................................................... 24
2.1-Meio Ambiente e Cidadania e as diretrizes educacionais ................................................ 33
3- A CONTRIBUIO DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A CONSTRUO
DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA NAS ESCOLAS DO
CAMPO NO MUNICPIO DE IPOR ................................................................................ 36
3.1- A Percepo das educadoras em relao aos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania . 45
3.2- Anlise do Programa Escola Ativa, do Projeto Base e do Caderno de
orientaes pedaggicas para a formao de educadores e educadoras ................................. 51
3.3- O ensino de Geografia e a percepo dos educandos sobre Meio Ambiente e Cidadania 55
CONCLUSO ..................................................................................................................... 64
REFERNCIAS .................................................................................................................. 66
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INTRODUO
Se considerarmos o Tempo geolgico da Terra notaremos que recente o
aparecimento do ser humano na superfcie, contudo, desde o seu surgimento ele atua no meio
que o circunda interagindo e modificando o espao natural a fim de garantir a sua
sobrevivncia, como tambm a de seus agrupamentos.
Se retomarmos a histria do desenvolvimento humano e a forma como o mesmo
lida com o meio no qual est inserido, poderemos verificar que o grau de intervenes e
alteraes provocadas pelo mesmo, sobre o ambiente so bem mais expressivos se associados
a evoluo das tcnicas desenvolvidas e empregada para lidar com a natureza, na busca pela
dominao1 da mesma.
Na medida em que foi dominando melhor as tcnicas, o grau de interveno
humana sobre os elementos do meio natural passou a no mais ser apenas com o fim de
garantir a sua sobrevivncia, mas modificar para viver melhor. Contudo, a expresso viver
melhor no significa garantia de qualidade de vida social e ambiental para sociedade
planetria, pois parte considervel da populao mundial vive em condies de misria e
pobreza, enquanto pequena parte goza das regalias geradas pelo consumismo.
Considerando o crescimento populacional e aliado a isto, o aperfeioamento das
tcnicas, as aes humanas no ambiente que o cerca passaram a ser mais significativas,
provocando alteraes ambientais de toda ordem, algumas das quais irreversveis, dado o grau
de deteriorao de recursos naturais como gua, solos, o ar, a vegetao, etc.
Embora o Meio Ambiente seja um tema relativamente recente (meados do Sculo
XX) nas discusses tericas e tambm no cenrio poltico e social, a deteriorao dos recursos
naturais, no pode ser entendida como algo que surgira em tempo recente, pois desde a gnese
humana na superfcie terrestre inicia-se tambm o processo de deteriorao destes recursos e a
inquietude com os problemas ambientais causados pelo ser humano.
Assim, vrios segmentos da sociedade demonstram preocupao quanto
urgncia em buscar alternativas que minimizem os efeitos gerados pelas alteraes ambientais
provocadas, e que coloca em risco a manuteno da vida humana em muitos casos.
1 A dominao faz parte da lgica desse modelo de sociedade moderna e esse modelo que apresenta como caminho o crescimento econmico baseado na extrao dos recursos naturais, renovveis ou no, na acumulao contnua de capitais, na produo ampliada de bens, sem considerar as interaes entre essas intervenes e o ambiente em que se realizam. E ainda a questo da dominao, apenas uma pequena parcela da populao planetria usufrui dos benefcios desse sistema. (GUIMARES, 1995, p. 13)
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Chegamos ao sculo XXI, e necessitamos desenvolver melhor nossas capacidades
de entender os processos dinamizadores da sociedade ao longo dos tempos, e tambm a forma
como a mesma tem produzido o espao geogrfico, em funo do sistema econmico vigente,
que cada vez mais impe uma serie de transformaes.
Acreditamos que atravs da educao (formal e no formal), muitos dos
problemas existentes em nosso meio poderiam ser minimizados ou at mesmo solucionados
se fossem tomados como prioridade para a sociedade e governos.
Sabemos que a educao no se limita escola, toda a sociedade responsvel
pelo ato educacional. Sendo a educao um fenmeno social, ela parte integrante das
relaes sociais, polticas, econmicas e culturais de uma determinada sociedade. Libneo
(1994, p.17) diz que temos a educao no formal, que tambm pode ser chamada de no
intencional, referindo-se s influencias do contexto social e do ambiente sobre o indivduo.
Por outro lado temos a educao formal ou intencional, que so as influncias com intenes
e objetivos definidos conscientemente.
Mesmo que a educao formal no esteja reduzida educao escolar, pois as
instituies sociais como igreja, empresas, partidos polticos entre outras tambm so
responsveis pela educao formal, a educao escolar (formal), que permite ao indivduo
aproveitar e interpretar, consciente e criticamente, outras influncias educativas; institucional
e modeladora, conforme o segmento em que se apoia.
Acreditamos que atravs da Educao, a escola enquanto instituio social cumpre
papel de fundamental importncia na formao do indivduo e pode auxiliar a desenvolver
valores, hbitos e atitudes que podem contribuir de modo a transformar informaes soltas,
em conhecimento atravs do conjunto dos componentes curriculares que compe os
programas educacionais.
Segundo o Caderno do Educador do Programa Escola Ativa, (2010, p. 47) Pelo
estudo da Geografia, os educandos podem desenvolver hbitos e construir valores importantes
para a vida e sociedade. Assim a educao escolar pode auxiliar a minimizar e at mesmo a
solucionar muitos problemas de ordem socioambiental.
Os componentes curriculares no devem ser trabalhados e compreendidos de
forma isolada, pois a inter-relao entre todos eles auxilia de forma considervel na produo
de conhecimentos. A Geografia enquanto componente curricular de extrema relevncia
nesse sentido, pois dada a multiplicidade de temas que aborda nos permite desvelar a
complexidade do mundo, propiciando a compreenso e a criticidade sobre as relaes que se
estabelecem entre seres humanos e natureza, e tambm entre a sociedade.
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A Geografia ensinada nas escolas, bem como outros componentes curriculares
pode auxiliar o educando a tornar-se um cidado crtico, com capacidade de atuar em prol da
transformao de sua realidade social. Contudo, isto depender da forma como este
componente curricular for ensinado, pois para fazer a diferena o educando deve sentir prazer
em aprender Geografia, uma vez que ela esta presente em nosso cotidiano; pois vivemos no
espao geogrfico e nesse espao que se estabelecem as relaes cotidianas do ser humano.
Assim como as relaes estabelecidas no espao geogrfico so dinmicas, logo o ensino de
geografia tambm deve ser dinmico.
Para que haja construo de conhecimento necessrio que o educando entenda
qual o sentido das informaes que lhe esto sendo apresentadas. Considerando as diversas
problemticas existentes no mundo e que necessitam de resolues fundamental a
contextualizao dos contedos, para que o mesmo possa compreender a construo do
espao pelas sociedades ao longo do tempo.
Diante do exposto o objetivo deste trabalho verificar como a Geografia escolar
do ensino fundamental tem contribudo para a formao destes conceitos (Meio Ambiente e
Cidadania) nas escolas rurais do municpio de Ipor (Escolas Municipal Boaventura
Domingues de Arajo, Escola Municipal Bugre, Escola Municipal Mangelo Pedro Borges,
Escola Municipal Professora Vilma Batista Teixeira).
Acrescentamos que est pesquisa constitui-se como parte de um projeto de
pesquisa em andamento2, desenvolvido pela professora orientadora desta pesquisa, no qual se
busca compreender a construo dos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania pela Geografia
escolar.
A escolha das escolas-campo (rurais), do municpio de Ipor deveram-se ao fato
da realizao de pesquisa similar realizada em uma escola pblica estadual no municpio,
assim, buscamos tecer comparaes entre as formas de tratar e conceber estes conceitos por
professores e tambm por educandos.
Interessa saber por meio desse estudo, qual a viso dos educandos destas
instituies escolares em relao ao conceito de Meio Ambiente e verificar se estes se sentem
como participantes construtores e transformadores desse meio, ou seja, se veem como
cidados.Buscando atingir o objetivo proposto recorremos ao levantamento, seleo e leitura
de fontes tericas que tratam sobre o tema investigado, a fim de que pudssemos assim
construir as bases tericas que sustentam nossas constataes empricas.
2A CONTRIBUIO DA GEOGRAFIA ESCOLAR NA CONSTRUO DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA. Prof. Ms. Jackeline Silva Alves (Responsvel pelo Projeto PrP U.E.G).
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A reviso e apreciao das propostas oficiais que orientam os contedos que
abordam o tema em pautafoi realizado junto aos Parmetros Curriculares Nacionais e o
Projeto Escola Ativa que direcionado para ser desenvolvido em escolas rurais.
Um diagnstico junto a educadores e educandos das instituies pesquisadas foi
realizado, objetivando compreender as concepes que estes trazem sobre a relevncia do
ensino de Geografia e tambm a importncia dada aos conceitos de Meio Ambiente e
Cidadania quando abordado por este componente curricular.
Por meio de roteiros de entrevistas, que abarcam a representao social dos
mesmos investigamos como estes educandos apreendem os contedos e constroem os
conceitos de Meio Ambiente e Cidadania.
Investigamos as propostas pedaggicas da escola e sua relao com a reorientao
curricular, sendo que a partir delas so formuladas as polticas regionais, e sabemos que
dentro de uma mesma regio existem particularidades que devem ser consideradas pela escola
ao realizar seu planejamento.
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1 A IMPORTANCIA DA GEOGRAFIA ESCOLAR NA CONSTRUO DE
CONCEITOS
Embora considerada um componente curricular desinteressante por grande parte
dos educandos e at mesmo por alguns professores, a Geografia escolar em conjunto com os
demais componentes curriculares que fazem parte dos currculos escolares, pode se bem
trabalhada, auxiliar o indivduo em sua formao intelectual e humana, tornando-o um
cidado crtico, reflexivo e atuante na sociedade em que se insere.
Consciente de sua realidade o cidado crtico, ter maiores condies de interferir
em prol da transformao da mesma, e a Geografia escolar, por conseguinte poder contribuir
de forma considervel para esse amadurecimento do indivduo, no que diz respeito as suas
responsabilidades e deveres para com a sociedade e tambm em relao ao meio que os cerca,
fazendo que tenha condies para cobrar seus direitos e cumprir de forma efetiva os seus
deveres.
Um dos objetivos da Geografia permitir ao educando realizar aprendizagens
significativas3. No processo de aprendizagem se faz necessrio o desenvolvimento de
habilidades e competncias, para que educador e educando possam: comparar, analisar e
relacionar os conceitos como um processo essencial na construo do conhecimento.
Entendemos que a Geografia, para cumprir o seu objetivo que formar cidados
crticos e conscientes de sua realidade no pode ser tratada e/ou trabalhada na escola de forma
memorativa, seus contedos e conceitos devem permitir ao educando refletir a partir de sua
experincia permitindo assim, construir seu prprio conhecimento.
Logo, investir na educao escolar, relacionando teoria e prtica, seria estar
investindo na educao para a cidadania, proporcionando alternativas para que tivssemos
uma sociedade mais justa, sem grandes contrastes sociais, j que o sistema econmico
predominante no permite termos uma sociedade igualitria.
Em algumas instituies educacionais, embora as propostas curriculares orientem
para a formao do educando com o propsito de formar um cidado pensante, crtico e com
capacidade de interveno social, tais direcionamentos,a grosso modo, na maioria dos casos
no passam de direcionamentos, que na prxis so trabalhados de forma tradicional, fazendo
cumprir apenas a burocracia institucionalizada pelas propostas oficiais.
3 Essa uma concepo contida em teorias de aprendizagem que enfatizam a necessidade de considerar os conhecimentos prvios do aluno e o meio geogrfico no qual ele est inserido. (BRASIL, 2008, p.44)
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Ainda est presente na educao brasileira a preferncia pelo quantitativo em
detrimento ao qualitativo, desta forma as instituies de ensino priorizam as notas, o contedo
dado, mas nem sempre apreendido, o que no se traduz em conhecimento. A educao para a
vida que se prope nesse contexto no pode ser efetivada de fato.
Os contedos contidos nos livros didticos por vezes so apenas transmitidos ao
educando, no importando se so ou no relevantes para a formao do mesmo, de tal modo a
Geografia escolar deixa de cumprir seu objetivo maior, que formar esse cidado que as
Orientaes Curriculares Para o Ensino Mdio propem. Cidado este, apto a atuar no meio
em que vive, a saber, o meio ambiente. O cidado capaz de aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a conviver e aprender a ser. (BRASIL, 2008, p. 44),
A Geografia escolar rica em contedos e conceitos tais como: lugar, natureza,
territrio, etc., que podem ser trabalhados em todas as fases de ensino e relacionados tanto na
teoria quanto na prtica realidade dos educandos, possibilitando-lhes, melhor compreender o
seu espao, possibilitando condies de atuar sobre ele. Dentre os conceitos que so
usualmente utilizados pela Geografia escolar, e tambm por outros componentes curriculares
consideramos que a construo dos conceitos de Meio Ambiente e Cidadania so de extrema
relevncia para a formao do cidado crtico, reflexivo, participativo, com capacidade de
intervir na realidade socioambiental com conscincia de seus direitos e deveres.
Para tornar a Geografia significativa para o educando, os contedos, categorias e
conceitos trabalhados devem ser importantes para o mesmo, de modo, o qu ensinar, como
ensinar e o porqu ensinar, deveria constituir-se em uma das condies fundamentais para o
ensino de Geografia na educao bsica.
Ou seja, o educador ao trabalhar estes conceitos e categorias, deveria observar o
prprio contedo realmente relevante para a vida do educando ou no. A forma como estes
contedos sero trabalhados; deve ser uma forma inovadora e no de forma memorativa como
sempre se tratou a Geografia escolar; metodologias criativas e que estimulem o educando a
interessar-se pela Geografia podem e muito ajudar neste processo. E por fim, ensinar seria
simplesmente o cumprimento de seu papel de professor? Ou o objetivo maior formar o
cidado para atuar em meio sociedade que vive? Esta questo cabe a cada professor de
Geografia refletir.
Acreditamos que tudo isto interfere no processo de ensino/aprendizagem, pois o
educando s sentir prazer em aprender aquilo que de fato seja importante no seu cotidiano, e
que seja til para a sua vida. Nesse sentido, embora existam propostas oficiais de ensino, bem
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como as orientaes especficas para cada Estado brasileiro, deveramos considerar as
particularidades locais, fazendo as possveis adequaes.
Ao professor de Geografia cabe criar metodologias diferenciadas para ensinar os
contedos propostos para o componente curricular, pois vivemos num mundo onde a
velocidade com que a informao circula permite que o professor e o componente curricular
se tornem facilmente menos atrativos para o educando.
Criar mecanismos que propiciem ao educando despertar o seu modo de conceber
o mundo, criar situaes que instiguem o mesmo ao gosto pela descoberta, e de novas
alternativas de interagir socialmente, e tambm com o ambiente que os cerca, faz com que se
torne mais interessante e prazeroso aprender e ensinar Geografia.
A forma como historicamente a Geografia escolar tem sido trabalhada nas escolas
por muitos professores reforam o descaso e desinteresse dos alunos para com a mesma
valorando a memorizao de contedos e conceitos que instigam o individuo a tecer suas
reflexes, pouco ou nada adiantar, quando no apenas para reforar o descaso deste para com
to importante componente curricular.
Ver o mundo e as relaes sociais que se estabelecem entre ser humano e a
natureza, bem como entre os indivduos organizados socialmente, requer capacidade critica e
reflexiva, para questionar o que est posto.
Assim, podemos dizer que a Geografia escolar nos permite isto; compreender a
complexidade do mundo tecendo correlaes entre o que acontece em nosso cotidiano,
considerando as experincias do indivduo, seu cotidiano, suas experincias, e seu espao
vivido.
Segundo Almeida e Passini (1989, p 26),
O espao vivido refere-se ao espao fsico, vivenciado atravs do movimento e do deslocamento. apreendido pela criana atravs de brincadeiras e outras formas ao percorr-lo, delimit-lo e organiz-lo segundo seus interesses.
Ao professor cumpre estimular o educando desde as sries iniciais a perceber
estas relaes, despertando-o para uma viso diferenciada do mundo, a partir da nossa
realidade e a forma diferenciada a respeito do mundo, instigando-os a intervir nos desafios
postos sociedade planetria.
Nesse sentido o educador, deve ser mediador do conhecimento, estimulando,
questionamentos por parte do educando, levando este a pensar, incentivando-o a produzir seu
prprio conhecimento e no apenas a reproduzir o conjunto de informaes depositadas na
escola ou mesmo fora dela tendo em vista que a escola cabe a educao formal, mas que o
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contato com a famlia, com o grupo social a que pertence e tambm de forma considervel
com a mdia o indivduo vai acumulando outras informaes.
No basta ao professor dominar contedos, ele deve buscar mtodos diferenciados de
ensino, indo alm das receitas que lhes so dadas. Deve, por meio de prticas pedaggicas
proporcionar ao educando possibilidades de articular os conceitos cientficos ao seu cotidiano,
permitindo ler a sua realidade e nela intervir.
Feito de forma diferenciada, a educao geogrfica realizada de modo que permita
uma melhor compreenso da dinmica e dos problemas ambientais possibilitar mudanas de
hbitos e atitudes do educando, interagindo e auxiliando a cuidar melhor de nossa casa Terra.
1.1 O debate sobre os problemas ambientais na perspectiva de uma educao
geogrfica
O que se convencionou denominar qualidade de vida foi de fato, melhorar as
condies de existncia para alguns, para outros acumular suprfluos, enquanto parcela
considervel da populao mundial, cotidianamente luta para apenas sobreviver, muitos
abaixo da linha de pobreza, ou seja na misria absoluta.
Inmeros so os problemas ambientais desencadeadas em razo das aes
antrpicas sobre o meio, destacando a utilizao desregrada dos recursos naturais. Muitos dos
recursos naturais disponveis no so renovveis, e outros para se recomporem, no obedecem
a lgica do capital, mas sim um tempo da Natureza que pode ser de dcadas, centenas,
milhares ou at milhes de anos, basta observar a Escala do tempo geolgico da Terra.
Qualquer interveno no ambiente natural influencia em maior ou menor grau o
equilbrio do sistema ambiental, ocorrendo uma dinmica de efeitos em cadeia. Os recursos
naturais esto cada vez mais comprometidos, quando no escassos. A degradao ambiental e
humana j passou a fazer parte do nosso cotidiano, sendo ignorado os efeitos nocivos destas
alteraes para a qualidade de vida humana em funo de outras dinmicas que a natureza vai
ditando.
Esta forma de organizao do trabalho existente nas sociedades industriais capitalistas extrapola o ambiente empresarial, passando a se constituir num eixo de organizao da prpria vida das pessoas, de tal forma que todos ns, participantes desse sistema de produo almejamos de alguma forma nossos lucros imediatos, sem darmos muita ateno as suas consequncias. (PENTEADO, 2001, p.21)
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As discusses mais sistematizadas a cerca da questo ambiental4, datam do ps
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e tal ocorrncia no por acaso. Com o fim da Guerra
os pases ficaram arrasados pelo conflito tornando precrias as condies bsicas de higiene,
sade e moradia.
Aps o grande conflito nascem, de maneira gradual e lenta, algumas iniciativas na Europa e Estados Unidos com o objetivo de preservar o meio ambiente e garantir a paz como forma de relacionamento entre os homens. Estava criada a base para o nascimento dos movimentos ecolgicos que tambm lutam pela paz a partir dos anos 60 e 70. Pode-se dizer, em linhas gerais, que as primeiras manifestaes sociais relativas preocupao com o meio ambiente foram estas decorrentes do ps-guerra. (MENDONA, 2002, p. 34)
As discusses em relao s questes ambientais, ganharamfora a partir do
momento em que a humanidade se v diante de srios problemas, e que colocam em risco a
sua segurana e qualidade de vida, como por exemplo, a escassez da gua.
Segundo Leis (2001, p.16),
A resoluo da crise ecolgica difcil e complexa. Os problemas ambientais so efeitos inesperados do modelo de desenvolvimento econmico dominante (capitalista-industrialista), que legitima atendendo as demandas de consumo da populao, e que por sua vez continua aumentando dentro de um planeta com capacidade de sustentao limitada.
O alarmismo da mdia no foi o que trouxe tal temtica tona, outras questes
perpassavam esta questo. A preocupao com questes relacionadas ao meio ambiente no
podem ser consideradas coisas de ambientalistas loucos que no tem nada para fazer, ou de
ecochatosque para se ocuparem, resolveram discutir o surgimento dos problemas
ambientais globais e suas consequncias.
Pois com frequncia desta forma que so tratadas tanto a causa ambiental,
quanto as pessoas que militam em defesa da mesma. Trabalhar neste sentido, nada mais que
exercer de fato e, com efeito, a cidadania.
Ora, cidadania enfaixa uma srie de direitos, deveres e atitudes relativos ao cidado, [...] se v que cidadania pressupe sim, o pagamento de impostos, mas tambm a fiscalizao de sua aplicao; o direito a condies bsicas de existncia (comida, roupa, moradia, educao e atendimento de sade) acompanhado da obrigao de zelar pelo bem comum. [...] cidadania pode ser qualquer atitude cotidiana que implique a manifestao de uma conscincia de pertinncia e de responsabilidade coletiva. (PINSKY, 2008, p. 18-19)
A sociedade no geral deve se responsabilizar pelos problemas ambientais que
ocorrem frequentemente no sentido de solucion-los ou minimiz-los. Mas o Estado, em suas
polticas pblicas acaba por priorizar a questo econmica ambiental, com um discurso
4A questo ambiental -isto , o conjunto de temticas relativas no s proteo da vida no planeta mas tambm melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades compe a lista dos temas de relevncia internacional. (BRASIL, 2001, p. 23)
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mascarado de que est preocupado com a questo, porm, por mais que se preocupem com
estas questes elas vem se tornando cada vez mais graves.
A populao menos instruda, tambm responsvel, contudo, aqueles que por
um motivo ou outro no tiveram acesso a educao escolar, ou mesmo aqueles que tiveram
acesso e que no conseguem (por falhas no sistema educacional) compreender
conscientemente e com criticidade os problemas ambientais acabam se isentando da
responsabilidade por estes problemas.
Toda a sociedade, por no ter conhecimento sobre o assunto, por questes
ideolgicas, ou mesmo por defenderem interesses socioeconmicos, acabam rotulando os que
defendem o meio ambiente dizendo que:
Os que defendem o meio ambiente so pessoas radicais e privilegiadas, que no necessitam trabalhar para sobreviver, mantem-se alienadas da realidade sobre as exigncias impostas pela necessidade do desenvolvimento; defendem posies que s perturbam quem realmente produz e quer levar o pas para um nvel melhor de desenvolvimento.(BRASIL, 2001, p. 44)
Inverte-se de tal forma o discurso, passando-se at como falsos interessados em
que todos tenham os mesmos acessos s condies que lhes garantam a mesma qualidade de
vida. As vrias formas de interveno e alteraes foram se intensificando originando as
contradies sociais e consequentemente ambientais. A partir disso conclui-se que os
problemas ambientais so historicamente produzidos pelo prprio ser humano.
Forjamos uma sociedade de extremos e fomos forjados nela. Dados das Naes Unidas apontavam, no final da dcada de 1990, que 20% da populao mundial consumia cerca de 86% dos recursos naturais do planeta. De um lado a opulncia da riqueza e do consumo, com sua sede insacivel de explorao dos recursos naturais a qualquer custo (socioambiental), transformando os recursos em bens materiais e descuidando-se dos resduos do processo de descarte dos produtos consumidos. Do outro lado, a debilidade da misria com sua insalubridade e um modo de vida sem oportunidades, em que s resta a luta pela sobrevivncia a qualquer custo (socioambiental). Extremos que se juntam na degradao socioambiental como resultado historicamente produzido pela sociedade moderna. (GUIMARES, 2004, p. 53)
Esse processo nas ltimas dcadas chegou ao ponto de inquietar o ser humano,
pois o mesmo est sujeito ao desaparecimento, uma vez que este depende dos recursos
naturais para a sua sobrevivncia e muitos destes no so renovveis, como os minrios e o
petrleo. At mesmo a gua, o solo, os animais, as plantas; que se utilizados da forma correta
podem se regenerar, mesmo em longo prazo.
[...] a questo ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relao estabelecida entre a natureza e o uso dos recursos naturais disponveis. (BRASIL,
2001, p.15)
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A degradao ambiental est intimamente relacionada com o desenvolvimento
capitalista. Com as grandes navegaes e o processo de explorao do meio natural que se
intensifica coma revoluo industrial na Inglaterra em meados do sculo XVIII, expandindo
se pelo mundo nos meados do sculo XIX, o ser humano detentor de capital e
influenciado pelo modelo industrialista/desenvolvimentista, passa a privilegiar a
industrializao, incentivando o consumo pela sociedade, provocando desde ento os
processos mais acentuados de degradao ambiental, cujos reflexos so severamente sentidos
nesta primeira dcada do sculo XXI.
Nestes aproximadamente duzentos anos de industrializao do planeta, a produtividade de bens e consumo se deu de forma bastante acelerada. Como esse processo de industrializao desrespeitou a dinmica dos elementos da natureza, ocorreu uma considervel degradao do meio ambiente. (MENDONA, 2002, p. 10)
As conferncias que tratam sobre as questes ambientais comearam a acontecer
de forma sistematizada desde 1972, tem o propsito de estabelecer algumas normas para que
todos os pases dentro de suas possibilidades executem aes que pudessem minimizar estes
problemas. Dentro dos seus pases, as pessoas individualmente ou coletivamente atravs das
organizaes institucionais possuem vises e opinies variadas em relao questo
ambiental, sendo ponto comum a necessidade de polticas que visem possibilitem a
minimizao dos problemas.
O ano de 1972 considerado um marco divisor de guas na discusso das
questes ambientais globais, e o marco referencial deste perodo foi a realizao da
Conferncia de Estocolmo5; neste frum temas como a fome, a misria, as desigualdades
sociais, etc., fortalecem as discusses ambientais globais, colocando em questo o ambiente
humano.
Embora s naquele momento o ambiente humano passe a fazer parte das
preocupaes, dez anos antes desta Conferncia, o livro Primavera Silenciosa de Rachel
Carson j denunciava o uso de DDTs,
O alerta foi dado em 1962, quando Rachel Carson, biologista americana, veio a publico com o livro que logo mais correria o mundo, A primavera silenciosa (aluso ao canto dos pssaros, a cada ano mais escassos). Foi ele que inaugurou o uso abusivo dos pesticidas, o DDT em particular, visto que ficou provado que esse produto, a essas alturas j incorporado cadeia alimentar, reduzia a natalidade das aves em geral. [...] (KLOETZEL, 1998, 32)
5Segundo a Declarao de Estocolmo Sobre o Ambiente Humano-1972, a Conferncia das Naes Unidas Sobre o Meio Ambiente que aconteceu em Estocolmo no perodo de 5 a 16 de julho de 1972, contou com a presena de representantes de 113 paises e teve como objetivo, estabelecer uma viso global dos problemas ambientais e princpios comuns para orientao dos povos do mundo na preservao e melhoria do meio ambiente. (USP, BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS)
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Pensando no desenvolvimento econmico dos pases, grandes produtores
(empresas capitalistas) com suas extensas lavouras continuaram a contaminar os solos com o
uso de inseticidas para o controle de pragas, causando danos ambientais tanto para o solo,
quanto para as guas e demais seres vivos.
Nesse sentido, ocorreram no s as degradaes referenciadas, mas tambm foram
agravadas as condies sociais, fome, desemprego, moradia, precariedade no sistema de
saneamento bsico, tudo isto, concorrendo para que a pobreza tambm passasse a ser
apontada como um problema ambiental, desconsiderando os elementos que a gerou.
O que a sociedade capitalista convencionou chamar de desenvolvimento
econmico alm de causar grandes desajustes dinmica do ambiente natural, acirrou as
desigualdades entre classes sociais, gerando conflitos de toda ordem.
As ltimas dcadas do sculo XX registraram um estado de profunda crise mundial. uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam, todos os aspectos de nossa vida a sade e o modo de vida, a qualidade poltica. uma crise de dimenses intelectuais, morais, espirituais; uma crise de escala sem precedentes em toda a histria da humanidade. (GUIMARES, 2004, p. 23)
Parte da sociedade entende que o desenvolvimento sustentvel seria a melhor
sada para minimiz-los; j outros acreditam que a prpria tecnologia dar conta dos
problemas que ela gerou, por meio das criaes do prprio ser humano.
A prpria Conferncia de Estocolmo, j defendia esta idia de resolver problemas
ambientais a partir da evoluo tecnolgica quando declarou, em 1972 que: [...] Com o
progresso social, e os avanos da produo, a cincia e a tecnologia, a capacidade do homem
para melhorar o meio aumenta a cada dia que passa. (MENDONA, 2002, p.50)
Entendemos que a tecnologia poder resolver alguns problemas ambientais,
porm ao mesmo tempo outros sero gerados, valendo ressaltar que como apenas uma
pequena parcela da sociedade tem condies para comprar estas tecnologias, novamente no
centro deste labirinto teremos mais contradio social.
Nesta primeira dcada do sculo XXI uma das marcas mais presentes nas
disparidades sociais, que quem realmente adquire tecnologia de ponta so as populaes
mais ricas do planeta. Segundo Tristo (2004, p. 47), [...] a desigualdade socioeconmica
torna se o maior problema ambiental da Terra [...].
Assim sendo, as populaes menos abastadas financeiramente continuaro nos
mesmos nveis de pobreza, ou se tornaro miserveis, portanto sem condies de contribuir
para melhorar e tambm sofrer menos com os problemas ambientais. Nessa perspectiva,
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pensar em resolver problemas ambientais somente a partir de tecnologias seria excluir do
processo a base da pirmide social planetria.
Muitas pessoas possuem uma viso ainda utpica, com relao problemtica,
viso esta voltada para a crena de que possvel a conquista de ambientes naturais e
humanos saudveis, com menos pobreza, menos fome, menos misria, com fauna e flora
funcionando em equilbrio. Pensamos que parte desses problemas poderia ser superados,
porm isso s ocorrer se tivermos igual acesso a condies de educao, sade, moradia e
segurana para a populao, uma vez que tais elementos nos confere a possibilidade de nos
sentirmos cidados.
Dessa forma, sendo a educao um potencial motor das dinmicas do sistema social, a participao dos educadores nesse debate e na construo de uma proposta para o enfrentamento dessa crise fundamental. Essa participao vem sendo estimulada pela prpria crena generalizada na sociedade sobre o papel da educao para a superao dos problemas ambientais. (GUIMARES, 2004, p. 23)
O desenvolvimento sustentvel6 enquanto proposta para desenvolver sem destruir
os recursos naturais seria uma proposta vivel, porm devemos considerar que por mais que
hajam propostas para o desenvolvimento sustentvel, se a populao no estiver ciente de
seus direitos e deveres para com o ambiente e para com o seu prximo, no ocorrer a
efetivao desta proposta.
Nesse contexto, caberia educao preparar um paradigma a ser seguido,
pensando o desenvolvimento sustentvel e suas contradies, de tal modo, sim teramos o
cidado crtico, com capacidade de intervir na realidade socioambiental.
Entendemos que o trabalho educacional voltado para o estudo do Meio Ambiente,
comeando na base, desde as sries iniciais, poderia cumprir este objetivo.Assim parte-se do
pressuposto que a educao pode cumprir essa tarefa desde que desempenha-se na realidade o
que prope os P.C.N.s do ensino fundamental que tem entre seus principais objetivos a
funo de capacitar o educando a:
Compreender a cidadania como exerccio de direitos e deveres polticos civis e sociais, adotando no dia-a-dia atitudes de participao, solidariedade, participao e repdio s injustias e discriminaes, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Posicionar-se de maneira crtica, responsvel e construtiva nas diferentes situaes sociais, respeitando a opinio e o conhecimento produzido pelo outro utilizando o dilogo como forma de mediar conflitos e de tomar decises coletivas; Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e a interao entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do ambiente. (BRASIL, 1997, p. 69)
6 Um desenvolvimento que atenda s necessidades do presente de comprometer a capacidade das geraes futuras atenderem tambm as suas (COMISSO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988)
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Claro, que os resultados no seriam medidos em curto prazo apenas, mas os
efeitos disto sim, seriam percebidos a partir da construo cotidiana da cidadania que a
educao prope, a qual, consideramos de extrema importncia na resoluo dos problemas,
acreditando nos resultados a curto, mdio e longo prazo.
Estaramos assim, exercendo o papel de cidado, encarando as questes
ambientais como um dever, tendo em vista o propsito de cuidar do ambiente e garanti-lo
saudvel para as futuras geraes, como garante a constituio brasileira7.
1.2 Os conceitos de Meio Ambiente e Cidadania e o componente curricular de
Geografia
O tema meio ambiente, no contexto educacional deve ser visto como tema
transversal segundo propostas do Ministrio da Educao e Cultura M.E.C. -, ou seja, deve
abranger todas as reas do conhecimento.
Nesse sentido o componente curricular de Geografia tem a oportunidade de
trabalhar e cumprir seu papel na formao do cidado. O propsito da transversalidade para
alguns temas se faz necessrio, considerando a preocupao das discusses de alguns tericos
da educao, cuja preocupao est relacionada com a formao do educando para vida.
Entendemos que os componentes curriculares no contemplam temas como, por
exemplo: sade, sexo, meio ambiente, etc. Pensando nestes aspectos, o M.E.C instituiu os
temas transversais objetivando o estudo desses assuntos em todos os componentes
curriculares, para que se tenha uma viso global das questes.
Sabemos que na prtica no h a efetivao de tais propostas, pois salvo excees,
os professores no tem suporte, em termos de conhecimento, estrutura, tempo, para lidar com
os temas propostos, tratando os mesmos de forma superficial, isto quando chegam a ser
abordados, tornando-se irrisrio ao educando. Tendo como ferramenta base para o trabalho
docente o livro didtico, o educador deixa de contemplar os temas propostos para a
transversalidade, entre eles o meio ambiente, considerando que para as realidades brasileiras e
7Segundo a Constituio Federal (1988), Captulo VI, artigo 225 Todos tem direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo para as presentes e futuras geraes.
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as diversidades das regies e at mesmo intra-regies em muitos lugares quando se tem muito
tem-se o livro didtico, ou por vezes, o uso de outros recursos no so permitidos, pela pouca
flexibilidade dos programas.
A contemporaneidade e reduzido acmulo de experincias em Educao Ambiental, associado no implementao de uma efetiva poltica de Educao Ambiental, refletem-se na formao do professor que se gradua com pouco conhecimento sobre a temtica ambiental e precisando, na prtica cotidiana, tratar desse tema, conforme preconiza a poltica educacional. Os profissionais da educao tentam preencher essa lacuna com o auxilio do livro didtico, muitas vezes sua nica referncia, o que acaba transformando o contedo do livro no prprio currculo. (SOARES, 2005, p. 2)
A Geografia escolar por ser um componente curricular que aborda tanto os
aspectos fsicos como os humanos tm privilgio no tratamento das questes ambientais. Para
compreender o papel da educao e da Geografia em especial na formao do sujeito capaz de
resolver problemas ambientais necessrio que se faa a leitura das propostas educacionais, e
em especial as propostas para o ensino de Geografia, ao entend-las como pilares para o papel
da educao geogrfica em relao educao ambiental. Um dos objetivos do ensino de
Geografia capacitar o educando a: Identificar e avaliar as aes dos homens em sociedade e
suas consequncias, em diferentes espaos e tempos, de modo a construir referenciais que
possibilitem uma participao propositiva e reativa nas questes socioambientais locais.
(BRASIL, 1997 p. 89)
O debate ambiental parece ser um tema fcil, por envolver o espao de vivncia
do educando, porm o educador, ao propor uma educao ambiental, deve estar disposto a
assumir a tarefa, de sair das bases tradicionais que ainda caracterizam o ensino de Geografia,
a fim de construir um conhecimento geogrfico que permita a compreenso ambiental, no
apenas pautado na definio de conceitos relacionados ao meio ambiente, como o que
preservar, o que conservar, o que meio ambiente, mas indo alm destes.
Essas definies so pertinentes, mas devem ser trabalhadas para alm do
acmulo de informaes, ou seja, devem acontecer na prtica a produo destes
conhecimentos. Para isso o educador deve adotar prticas pedaggicas, metodologias,
instrumentos que de fato possibilitem o aprendizado.
Como se infere da viso aqui exposta, a principal funo do trabalho com o tema Meio Ambiente contribuir para a formao de cidados conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade scio ambiental de um modo comprometido com a vida, como o bem estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso necessrio que, mais do que informaes e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formao de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. (BRASIL, 2001, p. 29)
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Muito embora no se devam memorizar conceitos, por se tratar de um trabalho de
carter cientifico, para melhor compreenso do mesmo cabe destacar as definies atribudas
ao Meio Ambiente e Cidadania, bem como as possveis relaes entre estes dois conceitos.
Cabe tambm, acrescentar que tais conceitos sofreram mudanas ao longo do tempo, e de tal
modo forma como so tratados pela Geografia na sua trajetria enquanto disciplina escolar.
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2 OS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL
Os conceitos de Meio Ambiente e Cidadania podem ser amplamente discutidos,
compreendidos e consequentemente conforme o interesse definido. Contudo, por vezes so
discutidos e entendidos de forma limitadapor pessoas de todos os segmentos sociais e isto no
diferente, no entendimento que docentes de todas as reas do conhecimento trazem consigo,
seja em funo do interesse, do nvel de politizao das deficincias na formao, etc.
Isso ocorre em funo das abordagens que quase sempre so feitas de forma
tradicional, ou seja, por mais que no campo da cincia tais conceitos tenham sido
modificados, muitos os utilizam de forma panfletria, sem amadurecimento, ou at mesmo
conforme o senso comum de cada um, no incorporando tal evoluo.O que acaba limitando a
compreenso e percepo daqueles que esto em processo de formao educacional, seja
formal ou informal.
Os conceitos de Meio Ambiente e Cidadania so conceitos deveriam andar
juntos. Na verdade, entendemos que o conceito de Meio Ambiente, para ser apreendido de
forma correta, depender do cidado e da concepo que este tem sobre Cidadania,
considerando a forma em que este se relaciona com o meio em que vive.
Canivez (1991, p.15) diz que [...] a cidadania, e, sobretudo o acesso cidadania,
depende ento da adeso a certa maneira de viver, de pensar ou de crer.
Assim, inferimos que se o indivduo uma pessoa que participa dos debates
relacionados ao meio ambiente enquanto espao de vivncia, se ou no uma pessoa
preocupada e comprometida com as questes ambientais; possivelmente suas prticas
refletiro no exerccio de sua cidadania.
Nesse sentido, sua postura diante do meio ser diferenciada. Tanto seu modo de
agir, como de pensar, estar voltado para uma sensibilizao em relao aos problemas
existentes, e possivelmente as suas aes estaro voltadas para a resoluo desses problemas e
portando, o exerccio da cidadania.
Para que tais conceitos sejam construdos de forma coerente pensando em uma
educao para a prxis, pautada na reflexo/ao. De tal modo, o educando conseguir definir
e por em prtica esses conceitos. Portanto a proposta da educao na perspectiva da cidadania
requer educadores que se mostrem cidados e interventores em suas realidades, sendo estes
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atuantes e participantes do processo de construo da cidadania, exemplo para seus
educandos.
No entanto, a idia (jargo) da funo da educao na formao de cidados hoje lugar-comum nos discursos que se pronunciam nos ambientes escolares. A noo de cidadania outro conceito que precisa ser disputado e ressignificado no campo ambiental, para que possa ser apropriado em seu sentido de ao poltica, [...] essa ao poltica intervm na realidade para transform-la. (GUIMARES, 2004, p. 40)
A educao geogrfica nos ajudar na compreenso das contradies derivadas
das variadas fontes de informaes e conhecimentos, que no raro uma das causas da no
apreenso de como exercer a cidadania no s em relao s questes ambientais, mas em seu
sentido mais amplo.
O educando no pode e no deve ser visto como um depositrio de informaes
que recebe na escola, no contato com a famlia, a mdia, com os seus grupos de interao
social, etc..
A famlia pelo maior tempo de contato, pode contribuir de forma significativa
para deturpar a construo destes conceitos, pois se for uma famlia conservadora/tradicional,
a compreenso destes conceitos em seu sentido amplo pode soar como de inquirio a uma
ordem pr-estabelecida.
No que seja ruim o acesso s informaes por parte do educando, pois o que se
espera da educao formal (escolar), que esta tome estas informaes como aliadas para
desenvolver uma educao baseada na vivncia do educando.
O uso da temtica ambiental por muitos agentes e, em especial, pelos meios de comunicao, tem levado formao de alguns preconceitos e veiculao de algumas imagens distorcidas sobre as questes relativas ao meio ambiente. s vezes essas distores ocorrem por falta de conhecimento, o que se justifica diante da novidade da temtica. Mas outras vezes so provocados propositalmente para desmobilizar movimentos, para prejudicar a imagem dos princpios e valores ambientais. (BRASIL, 2001, p. 44)
As informaes que circulam nos meio de comunicao em massa, trazem
frequentementea discusso sobre estes assuntos contribuindo para a construo intencional e
por vezes equivocada ou limitada dos mesmos.
Com relao ao Meio Ambiente, so muitas as informaes e as discusses que se
tornam contraditrias a partir do momento em que esse tema abordado com nfase para a
preservao ao mesmo tempo em que se estimula o consumo.
O rdio a TV e a imprensa, por outro lado constituem a grande fonte de informaes que a maioria das crianas e das famlias possui sobre o meio ambiente. Embora muitas vezes aborde o assunto de forma superficial ou equivocada, a mdia vem tratando de questes ambientais. Notcias de TV e de rdio, de jornais e revistas, programas especiais tratando de questes relacionadas ao meio ambiente tem sidocada vez mais frequentes. Paralelamente existe o discurso veiculado pelos
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mesmos meios de comunicao que prope uma idia de desenvolvimento que no raro conflita com a idia de respeito ao meio ambiente. So propostos e estimulados valores insustentveis de consumismo, desperdcio, violncia, egosmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantos outros. (BRASIL, 2001, p.29)
Pensamos ser urgente trabalhar no sentido, de que as informaes se transformem
em conhecimento, pois, muitas vezes por no terem as informaes corretas, a sociedade
acaba utilizando as expresses que ouvem com relativa frequncia, afinal esto sendo
educados. Isto tambm uma forma de educao, mesmo que informalmente, sem objetivos
definidos. Por isso a necessidade da educao formal trabalhar estas informaes de forma
mais aprofundada e acertada, transformando-as em conhecimento.
Entendemos que esses conceitos so repetidos constantemente pelas pessoas por
fazerem parte do seu cotidiano, contudo a quantidade de informaes que so veiculadas nos
meios de comunicao constituem-se como veculos de informao que podemos considerar
eficiente, mas nem sempre eficaz.
Podemos dizer que o sistema educacional falha, ao trabalhar de maneira
desarticulada, e por vezes ignorando as bases cientficas -trazendo informaes simplistas que
nem sempre podem ser consideradas conhecimento - mostrando as contradies existentes
entre o que apreendido dentro e fora da escola.
importante que o professor trabalhe com o objetivo de desenvolver, nos alunos, uma postura crtica diante da realidade, de informaes e valores veiculados pela mdia e daqueles trazidos de casa. Para tanto, o professor precisa conhecer o assunto e, em geral, buscar junto com seus alunos mais informaes em publicaes ou com especialistas.[...]. (BRASIL, 2001,p.30)
O setor educacional trabalha estes conceitos, porm, a forma como quase sempre
so tratados (forma memorativa), no surtem os efeitos que deveriam surgir, tornando
convincentes e eficazes, mostrando as suas realidades.
O conceito de cidadania vem sendo discutido durante a evoluo do conhecimento
nas reas das cincias humanas. Quem primeiro discutiu esse conceito de forma mais ampla
em sua estrutura evolucional foi T. H. Marshall em 1950. O conceito de cidadania surge na
Inglaterra, e evoluiu obedecendo ao seu desenvolvimento histrico.
Numa primeira fase vieram os direitos civis sculo XVIII -; no sculo XIX, os direitos polticos. O exerccio dos direitos civis votar e ser votado permitiu a criao e posterior ascenso do Partido Trabalhista Ingls. Este foi responsvel pela introduo dos direitos sociais, segundo a concepo de Marshall. Em meados do sculo XIX na Inglaterra, um destes direitos sociais introduziu um programa de Educao Popular que objetivou ampliar uma conscincia cidad e forou a expanso dos outros direitos. (BOSCO, 2003, p. 21)
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Segundo Carvalho apudBosco (2003, p. 33)No Brasil o processo de conquista da
cidadania se inicia com a proclamao da independncia, contudo o que ainda se prega na
sociedade atual uma cidadania pautada no modelo de cidadania consagrado no sculo
XVIII, a partir do direito de expresso, de pensamento e credo religioso, ou seja, a sociedade
educada na forma tradicional de se fazer cidadania, o que permite a continuidade de
reproduo de um modelo de sociedade, visando a manuteno do status quo.
No Brasil, assim como na Inglaterra o processo de evoluo do conceito de
cidadania coincide com o desenvolvimento histrico do pas.Porm,com caractersticas que
so muito diferenciadas do caso ingls, pensamos que a forma de colonizao e apropriao
do territrio nos ajude a pensar sobre.
A cidadania brasileira passa em primeira instncia por uma cidadania concebida,
pois ocorre no contexto histrico da primeira repblica, e por ser o Brasil nesse momento o
Brasil dos coronis, a maioria das pessoas para terem seus direitos civis garantidos dependia
dos favores senhoriais, isso fazia com que o indivduo no se reconhecesse como portador de
direitos. Nessa poca era muito comum a retribuio ao direito concedido e a principal forma
de retribuio era o voto.
[...] no perodo histrico da primeira repblica, a redistribuio de poder do Estado era mediatizada pelos grandes proprietrios de terras, atravs da figura conhecida como os coronis. Neste contexto, o homem livre e pobre para usufruir alguns direitos elementares da cidadania civil, dependia necessariamente dos favores dos senhores territoriais, uma prtica que traz para o universo da participao social um elemento de confuso; os sujeitos receptores desses direitos advindos do Estado no estabeleciam com este uma relao direta. Esta relao quando mediatizada pela figura de um protetor, estabelecia entre o indivduo e este mediador uma relao de dependncia baseada na lgica do favor, fato que impedia o indivduo de se reconhecer como portador de direitos e fortalecia uma relao de dependncia com consequente obrigao de retribuio que podia se dar de vrias formas: a mais comum era a formao dos currais eleitorais, uma forma de retribuio do indivduo favorecido. (BOSCO, 2003, p. 24-25)
Num segundo momento instaura-se a cidadania regulada. Em 1943, com a
ascenso do capitalismo industrial, ocorre a garantia dos direitos trabalhistas. Porm, a partir
de 1945, modificaram-se as leis trabalhistas, estabelecendo que no pudesse haver
organizaes sindicais autnomas, ao invs disso os trabalhadores eram obrigados a se
filiarem em instituies controladas pelo Estado.
[...] Neste perodo, o cidado portador de direitos limita-se aos trabalhadores urbanos de carteira assinada, fato que exclui da expanso destes direitos os demais
indivduos da sociedade, como trabalhadores rurais e autnomos urbanos. Neste contexto, a ditadura comandada pelo presidente Vargas encampa a bandeira de luta das organizaes sindicais ocorridas ao longo da nossa histria. Regulamenta-as na forma de um cdigo de leis trabalhistas (CLT Consolidao das Leis Trabalhistas) e como contrapartida, probe as organizaes sindicais autnomas estabelecendo, em
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seu lugar, a obrigatoriedade de filiao dos trabalhadores s instituies controladas pelo Estado. (BOSCO, 2003, p. 25)
No terceiro e ltimo momento surge a chamada nova cidadania, podendo ser
considerada recente na sociedade contempornea, contudo, pensamos que se de fato esta fosse
pratica seria ento a mais importante de todas, pois a garantia ao direito de cidadania, surge
no Brasil no final da dcada de 1970, com os movimentos sociais. Essa nova concepo de
cidadania visa,
Discutir ideias organizar-se em grupos, debater, confrontar-se com as mais variadas instituies em busca de direitos, sejam estes ligados s formas mais tradicionais de luta das comunidades das periferias urbanas, como construo de creches, postos de sade, escolas, moradias populares, etc., ou ento, na constituio de novos direitos, como ampliao dos direitos reivindicados pelos movimentos dos homossexuais, dos negros, dos deficientes fsicos, dos ambientalistas, etc., amplia a viso de mundo dos indivduos e sua percepo como portadores de direitos, ou mais precisamente, como um cidado portador de direitos. (BOSCO, 2003, p. 27)
Com a ampliao do conceito de cidadania e o surgimento dos direitos sociais, as
lutas ambientais passam a ter lugar, como forma de reivindicao de direitos. E quando se
trata de meio ambiente entende-se que se o individuo tem direito a um ambiente saudvel,
tambm tem direito de fazer valer este direito. Portanto o conceito de cidadania colocado em
prtica d suporte para ao entendimento do meio em que vivemos, a saber, o meio ambiente, e
este, quando estudado na sua integralidade, sob todos os seus aspectos, na relao
fsico/social, possibilita exercermos esta cidadania, cuidando e cobrando.
Bittar (2006, p. 2), entende que: Deve-se, portanto superar a dimenso acrisolada
do tradicionalismo que marca a concepo conceitual de cidadania, no sentido da superao
de suas limitaes e deficincias.
O cidado que pensa e faz cidadania nos moldes acima citados no cabe na
sociedade contempornea. Contudo, este cidado que mais temos em nossa sociedade. O
cidado que exerce sua cidadania apenas atravs dos direitos e deveres civis e polticos na
sociedade contempornea, j no tem condies de exerccio de cidadania de maneira plena e
isto necessrio, pois estamos inseridos em uma sociedade que exige pessoas com viso
ampla, que contemple uma srie de pensamentos e atitudes nos diversos setores da sociedade.
Nessa perspectiva o cidado pleno detentor dos trs conjuntos de direitos direitos civis, direitos polticos e direitos sociais, simultaneamente num processo de construo que se d ao longo da histria de cada formao social. (BOSCO, 2003, p. 21)
O exerccio de cidadania no se resume em participar do processo poltico, como
votar e ser votado, por exemplo. Cidado o individuo que participa ativamente do processo
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social, consciente de seus direitos e deveres e atua no meio em que vive de forma
democrtica.
A cidadania est ligada a democracia, o cidado tem deveres, mas tambm
direitos de participar das decises sociais, e se estes direitos so de alguma forma negados
eletem direito de reivindicar seus direitos, pois vivemos numa sociedade democrtica.
Temos que considerar que no Brasil existe ainda uma ditadura civil, velada, que limita a
construo da cidadania em seu sentido pleno, com participao social de forma democrtica.
Ora, a democracia no apenas um regime poltico com partidos e eleies livres. , sobretudo uma forma de existncia social. Democrtica uma sociedade aberta, que permite sempre a criao de novos direitos. Os movimentos sociais, nas lutas, transformaram os direitos declarados formalmente em direitos reais. As lutas pela liberdade e igualdade ampliaram o conceito de cidadania, criaram os direitos sociais, os direitos das chamadas minorias mulheres, crianas, idosos, minorias tnicas e sexuais e, pelas lutas ecolgicas, o direito ao meio ambiente sadio. (VIEIRA, 2004 p. 39 e 40)
O conceito de cidadania da forma como inculcado nas pessoas leva ao
entendimento que cidado aquele que cumpre seus deveres polticos e civis para com o
Estado. Na verdade esse conceito nem muito discutido. Mais raro ainda a discusso em
torno de direitos sociais, pois isto, por vezes esbarra em uma ordem imposta e justificada em
nome da manuteno da mesma, ou uma democracia velada, e no de direito.
Para Viana (2003) a cidadania surge com a sociedade burguesa e por isso a
cidadania atende ao capital, seja ela outorgada ou conquistada. Quem controla a sociedade o
Estado e por isso impossvel pensar em ampliar ou conquistar a cidadania o que seria
intensific-la no estado capitalista, no no sentido de atender a sociedade no geral, mas de
atender a sociedade burguesa.
A classe capitalista no busca o atendimento de direitos sociais, pois ela possui o poder financeiro. As migalhas que o Estado capitalista cede s classes exploradas servem apenas para reproduzir a situao que gera a necessidade de migalhas por parte delas. A busca da cidadania to propagandeada pelos reformistas simplesmente isto: o reconhecimento da explorao e a tentativa de minimizar tais efeitos atravs do Estado capitalista para que se d continuidade ao processo de explorao. [...] Dessa forma reconhecemos que a luta pela cidadania um projeto do bloco reformista que serve para a reproduo da sociedade burguesa e que a cidadania conquistada significa um amortecimento das lutas de classes, o que pressupe a continuidade de existncia das classes sociais e consequentemente, da explorao, da opresso e da misria. (VIANA, 2003, p. 76)
Nesse sentido podemos entender porque muitos dos direitos sociais no saem do
papel. Os direitos dos cidados so camuflados, sabe - se que existem, mas no esto
explcitos no dia-a-dia como os deveres. No interessa mostrar aos indivduos que eles tm
direitos e sim os deveres.
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A falta de uma educao voltada para cidadania acaba dificultando a compreenso
pelo indivduo de parte de seus direitos, dificultando o exerccio de uma cidadania plena. Para
Bosco (2003, p. 23) Educao Popular, Educao Cidad, [...] so propostas educativas
que trazem como eixo condutor a formao do cidado e podem [...] contribuir para conquista
da cidadania plena [...]. Entendemos assim, que a educao para a cidadania daria suporte ao
educando para transformar a sociedade.
O conceito de Meio Ambiente, assim como o de Cidadania entendido e
discutido de forma equivocada por alguns. Um exemplo a colocao do conceito de Meio
Ambiente, apenas como o meio natural, que necessita ser preservado.
Para que ocorra o exerccio da cidadania em relao s questes ambientais
necessrio uma melhor compreenso do referido conceito. Enquanto uns o veem como meio
natural, delimitado como espao de preservao, outros veem como um espao em que vivem
os seres vivos e que fornece recursos naturais para sobreviverem. Assim, as discusses so
amplas, s vezes com tratamento adequado outras vezes no, dependendo dos interesses que o
permeiam.
Milar(2005, p. 98), traz uma discusso mostrando desde a primeira abordagem
do termo utilizada pelo naturalista Frances Geoffroy de Saint-Hilaire na obra
tudesprogressivesd`umnaturalist em 1835 at os dias atuais. Nessa discusso o meio
ambiente abordado por ele em vrias concepes. Ao fazer essa abordagem percebemos que
a definio do conceito depende do tempo, do espao e da sociedade.
Para o referido autor,
Numa viso estrita, o meio ambiente nada mais do que a expresso do patrimnio natural e as relaes com e entre os seres vivos [...]. Numa concepo ampla, que vai alm dos limites estreitos fixados pela Ecologia tradicional, o meio ambiente abrange toda a natureza original (natural) e artificial, assim como os bens culturais correlatos. Temos aqui um detalhamento do tema: de um lado, com o meio ambiente natural, ou fsico, constitudo pelo solo, pela gua, pelo ar, pela energia, pela fauna e pela flora; e do outro, com o meio artificial (ou humano), formado pelas edificaes, equipamentos e alteraes produzidos pelo homem, enfim, os assentamentos de natureza urbanstica e demais construes. a outra definio inter-relaciona todos os aspectos, sociais e naturais [...]. (MILAR, 2005 p. 99)
Para Reigota, (2001, p. 20-21)as definies podem ser as mais variadas,
dependendo das nossas fontes de consulta. Argumenta ainda que cada pessoa possui uma
definio para o meio ambiente,vai depender dos interesses polticos, cientficos, artsticos,
filosficos, religiosos etc.. Ainda segundo o autor o termo meio ambiente pode ser
definido, contudo no deve ser considerado um conceito cientifico, mas uma representao
social. Eis a sua definio para meio ambiente:
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Defino meio ambiente como: um lugar determinado e/ou concebido onde esto as relaes dinmicas e em constante interao os aspectos sociais e naturais. Essas relaes acarretam processos de criao cultural e tecnolgica e processos histricos e polticos de transformao na natureza e sociedade. (REIGOTA, 2001 p. 21)
Existem discusses direcionadas para a concepo de que meio ambiente no tem
definio, devido complexidade do termo, porm a nica definio e/ou viso para fins de
estudo, na nossa concepo s no vlida se o ser humano extinto das discusses.
Portanto, todas as definies so pertinentes, exceto aquela que considera apenas
o meio natural, excluindo o ser humano como parte do todo. A discusso no pode ser
pautada apenas no aspecto natural do meio, devendo ser considerado os aspectos sociais e
naturais.
Nesta concepo, o meio ambiente definido, como sendo um espao
determinado; percebido por cada indivduo, este o delimita em funo de sua percepo, o que
ocorrer a partir da experincia cotidiana de cada indivduo. As relaes dinmicas e
interativas; indicam as mudanas ocorridas na sociedade como resultado das relaes sociais e
os meios naturais e construdos.
Entende-se ento que o meio ambiente todo lugar, sendo ele um espao de
dimenses variadas onde existe e se desenvolve a vida, considerando as relaes existentes
nesse meio. O ambiente nessa perspectiva envolve as diversas relaes ser humano/natureza.
O ambiente integrado por processos, tanto de ordem fsica como social, dominados e excludos pela racionalidade econmica: a natureza superexplorada e a degradao socioambiental, a perda de diversidade biolgica e cultural, a pobreza associada destruio do patrimnio de recursos dos povos e a dissoluo de suas identidades tnicas, a desigual distribuio dos custos ecolgicos do crescimento e a deteriorao da qualidade de vida. Ao mesmo tempo, o ambiente surge como um novo potencial produtivo, resultado da articulao de processo de ordem natural e social que mobilizam a produtividade ecolgica, a inovao tecnolgica e a organizao cultural.(LEFF, 2008, p. 224)
Vale lembrar que muitas vezes o termo meio ambiente discutido como ecologia,
porm diferem um do outro. Este ltimo foi cunhado em 1866, pelo alemo Ernest
HenrichHaeckel (1834-1917), na obra Morfologia geral dos seres vivos. H quem diga que
ecologia sinnimo de meio ambiente, fazendo com que ocorra certa confuso conceitual.
Se atentarmos somente ecologia, verificaremos que uma cincia que estuda as
relaes entre os seres vivos e seu ambiente fsico e natural (REIGOTA 2001, p.19).Talvez
parta da o surgimento de concepes naturalistas de meio ambiente, que esto presentes na
maioria das discusses envolvendo as questes ambientais.
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Contudo as discusses sobre a temtica no se limita a isso e o meio ambiente no
pode ser compreendido parte das relaes sociais, pois elas determinam os mais variados
meio ambientes.
O entendimento do ser humano em relao as suas atitudes no meio em que
vive, tanto com os seres vivos, quanto entre si um passo importante para a prtica da
cidadania. Portanto para cuidar do meio ambiente necessrio em primeiro lugar se sentir
participante desse meio, ser cidado.
Para Reigota (2001, p.10) O homem contemporneo vive profundas dicotomias.
Dificilmente os seres humanos se consideram elementos da natureza, mas como parte,
observador e/ou explorador da mesma. Nessa perspectiva torna impossvel a participao
desse sujeito no exerccio pleno de sua cidadania.
Se o ser humano compreende o seu papel como cidado o meio ambiente passar
a ser relevante para ele. As nossas heranas culturais nos ajudam a melhor entender estas
ocorrncias. No fomos educados para nos inquietarmos com atitudes de degradao
relacionadas com o meio, pois quase sempre no nos percebemos enquanto componente dele.
Ento, outra cultura deve ser formada, outro tipo de sociedade, fundada em princpios de
solidariedade.
Guimares (2004. p.42) acrescenta,
Digo construo de uma sociedade nova, porque entendo que pelo processo de transformaes sociais, na construo de uma nova viso de mundo, de uma nova racionalidade e seus paradigmas, que se possibilita a realizao de novos indivduos em uma nova sociedade, em um movimento recproco (dialtico de transformao simultnea indivduo e sociedade), capaz de estabelecer uma nova relao entre sociedade e natureza e, reciprocamente, entre seres humanos e natureza.
Outras geraes aps essa viro e necessitaro da qualidade ambiental. direito
das futuras geraes e das atuais um ambiente saudvel, com qualidade de vida. Baseado nas
necessidades no somente de uma preservao ecolgica como tambm um comprometimento
em preservar a prpria espcie humana na Terra, visto a forma desregrada que tm sido
utilizadas as reservas de recurso.
Na concepo de Vieira, (2001, p. 45) [...] a crise ambiental exprime um
esgotamento de uma determinada representao do fenmeno da mudana social e, em ltima
instncia, prprio sentido da presena humana na biosfera.
A partir das crises ambientais, as discusses intergovernamentais, pensam
estratgias para minimizar as alteraes provocadas sobre os elementos do meio, em suas
mais variadas escalas, tendo em vista que revert-los no mais possvel, assim a educao
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pensada como estratgia para a formao de novos atores sociais capazes de realizar esse
feito.
Isso poder ser concretizado atravs da educao formal, se for aplicado o
conceito de cidadania em seu sentido amplo, pois por vezes, nem mesmo os prprios
educadores sabem, ou tem entendimento sobre as variaes do conceito, e alienados
permanece refm do sistema.
2.1 Meio Ambiente e Cidadania e as diretrizes educacionais
Uma educao para cidadania pressupe pessoas envolvidas com a construo de
uma sociedade justa e igualitria. essa a educao proposta nos P.C.N.s uma educao
cidad. Contudo, na prtica no esta educao que temos visto acontecer, parece haver um
fosso entre o que proposto e o que praticado. Seria isso uma intencionalidade? uma
questo a ser pensada.
O M.E.C, atravs dos P.C.N.s institui essas diretrizes educacionais a partir de
1996 com a Lei de Diretrizes e Bases da educao nacional, contudo muitas so as barreiras
para a efetivao das mesmas.
Essas dificuldades existem principalmente porque o sistema educacional organiza
uma poltica nacional para todo o territrio brasileiro, no sendo consideradas as
particularidades regionais, para no dizer locais.
Dentre as dificuldades impostas pelo sistema educacional, j estamos exaustos de
apontar, baixos salrios, cargas horrias excessivas, escassez de recursos didticos, a prpria
estrutura da escola que por vezes se coloca como um limitante na qualidade do ensino,
repercutindo assim na formao do educando/cidado.
Muitas vezes o professor no consegue articular propostas dosP.C.N.s com o que
proposto nos livros didticos. Referimos ao livro didtico por que apesar de ser bastante
criticado, em muitas realidades apenas esta ferramenta com que o professor conta, ou por
vezes nem ele.
Outras vezes, no tendo o professor tempo para preparar uma boa aula, por
motivaes vrias que tambm conhecemos, no consegue adaptar os contedos propostos
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pelo M E.C. e aquilo que ele no domina ele pula, esta a expresso que ouvimos com
frequncia em ambientes escolares.
Considerando a construo do conceito de meio ambiente, no h possibilidade do
indivduo entender o meio em que ele vive se estiver preso entre quatro paredes. Contudo
infelizmente, este o tipo de professor que temos em grande maioria, seja por culpa do
sistema, ou at mesmo por ser uma caracterstica do professor.
Estes professores que matam o desejo de jovens e crianas em entender o mundo
proliferam com o discurso da democratizao do ensino superior, e assim, o ofcio de ser
professor parece ser uma tarefa para aqueles que no tiveram outra opo.
Isso preocupante, pois,tendo como exemplo estes profissionais na educao, no
daremos conta de mudar concepes internalizadas pela sociedade e que so extremamente
cmodas para o sistema educacional brasileiro. Um sistema educacional que no proporciona
mudanas sociais significativas, por isso desacreditado at mesmo por aqueles que fazem
parte do mesmo.
Atualmente temos as reorientaes curriculares, que proporcionam uma maior
aproximao com a realidade do educando, mas no suficiente, pois o professor diante das
condies precrias das escolas pblicas brasileiras permanece limitado.
Um trabalho apenas referindo ao meio ambiente, educao para atitudes
ambientalmente corretas no suficiente. No basta ter conscincia ambiental necessrio ser
educado para tomar atitudes. Para que ocorra essa tomada de atitude a educao deve ser
repensada, e descolada dos interesses polticos que cerceiam a educao do povo brasileiro. A
elite continua sendo bem formada, para o mercado e cumprindo sua funo de manter a
ordem, na desordem.
A maior parte dos professores est sensibilizada contra a degradao da natureza, e se mobiliza, com empenho sincero, para enfrentar essa questo, mas as prticas resultantes geralmente so pouco eficazes para mudar, de forma significativa, a realidade mais imediata com a qual est lidando e, reciprocamente, com uma realidade mais ampla. O melhor resultado que no deixa de ser importante, mas revela-se insuficiente para o enfrentamento da crise ambiental, a difuso de informaes sobre a importncia da preservao da natureza. Essas informaes parecem-me eficientemente disseminadas por todo o mundo e, com certeza, presentes nas novas geraes em idade escolar.(GUIMARES, 2004, p. 40)
As pessoas esto cientes de que o planeta est passando por srias transformaes,
contudo, no se sentem responsveis pelos cuidados para com o meio. Sabemos que ns
mesmos seremos os grandes prejudicados com todas as degradaes que provocamos no
planeta, mas qual tem sido a nossa atitude de mudana?
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Pequenas atitudes que podem fazer a diferena, como por exemplo, no jogar lixo
no cho, so ignoradas, por parcela significativa da sociedade. Todos sabem que isto colabora
para a degradao do meio, mas muitos fazem mesmo cientes disso.
nesse sentido que defendemos uma educao geogrfica voltada para a
cidadania, uma educao para a compreenso dos problemas ambientais, baseada no porque
fazer algo em prol do meio ambiente.
Acreditamos que, se o indivduo entender seu papel na sociedade ele passar a
compreender o porqu tomar atitudes ambientalmente corretas, exercendo consequentemente
sua cidadania.
A educao geogrfica, por ser uma cincia que se ocupa em compreender o
espao geogrfico, o porqu e como esto distribudos fatos e fenmenos pela superfcie, um
componente curricular to importante tem sido historicamente negligenciada quando os
professores que ministram a ignoram o poder de transformao contido na mesma.
Sabemos que a cincia geogrfica nesse contexto serve ao Estado, estando os
recursos naturais para serem explorados pelo homem organizado socialmente.
Quando direcionamos o olhar para a questo ambiental e sua relao com a
geografia, ou melhor, Geografia e meio ambiente identificamos o naturalismo sempre
presente.
Embora Conferncias mundiais e fruns de debate tenha ocorrido para discutir as
questes ambientais de toda ordem, ainda impera os interesses do Estado e de grupos
capitalistas dominantes.
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3 A CONTRIBUIO DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA A CONSTRUO
DOS CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE E CIDADANIA NAS ESCOLAS DO
CAMPO NO MUNICPIO DE IPOR
Sabemos que o espao rural tambm um ambiente que se transforma tanto
quanto o urbano. Essas transformaes se do de acordo com a populao que habita esse
espao e o grau de interveno provocado pelos mesmos, que pode ser de maior ou menor
intensidade dependendo dos interesses das sociedades nestes espaos. Educar para atitudes
ambientalmente corretas os cidados que vivem nos espaos rurais tambm papel da
Geografia, assim como educar os cidados dos espaos urbanos.
Embora o ambiente rural tenha caractersticas fsicas diferentes do espao urbano,
os atores e transformadores desse espao so seres humanos, o que torna a pesquisa relevante,
pois tanto a populao rural quanto a populao urbana, tem as mesmas responsabilidades no
que se refere manuteno, preservao e conservao do meio em que vivem para melhor
qualidade de vida das populaes e para bem faz-lo necessrio que estejam conscientes dos
seus deveres e direitos enquanto cidados, a fim de bem exercer a cidadania.
Pensamos que assuntos importantes como as questes ambientais e o exerccio da
cidadania em seu sentido pleno, deveriam ser tratados com seriedade pela escola em todos os
componentes curriculares conforme prope a educao escolar. Os Parmetros Curriculares
Nacionais P.C.N.`s norteiam como abordar estas questes, porm, devemos ressaltar a
questo de termos realidades distintas, sendo neste sentido necessrio dialogar com estas
propostas, construindo-as de forma que se adquem realidade dos educandos, das
instituies e sociedade de que fazem parte.
Buscamos na realizao desta pesquisa compreender como Geografia escolar
temconduzido o educando compreenso da construo do espao geogrfico, das relaes
humanas que nele ocorrem, e a forma como a sociedade interage com a natureza, averiguando
os desdobramentos desta relao, considerando para tanto que neste sentido os conceitos de
Meio Ambiente e Cidadania, devem ser considerados de fundamental importncia para a
formao do cidado que pretende a Geografia escolar.
Neste trabalho tivemos informaes que com o objetivo de reduzir gastos, os
poder pblico municipal conduz os estudantes dos ambientes rurais para os ambientes
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urbanos8. Pensamos que esta uma das estratgias para desterritorializar o homem do campo,
mesmo que indiretamente. As futuras geraes9 campesinas no sero estimuladas a viver no
campo, pois ao vir para as cidades acabam se adaptando e fazendo deste espao seu lugar de
vivncia.
O privilgio cultura, contedos adequados s realidades, so assuntos debatidos
nas diretrizes educacionais, porm, na prtica nem sempre ocorre o que dita s polticas
educacionais. A realidade camponesa ignorada quando as polticas elaboradas
desconsideram estes aspectos.
Segundo Kolling, Nery e Molina (1999), essas questes devem ser valorizadas,
com polticas de criao de um calendrio prprio, de contedos que se aproximem do povo
do campo. Os mesmos autores acrescentam que a educao no espao rural deveria ser
diferenciada da educao do espao urbano; currculo diferenciado, professores qualificados
para o campo, enfim, uma educao para o povo do campo.
Entendemos que, com a mecanizao do campo e a ideologia capitalista, muitos
camponeses se sentem excludos deste processo e para se inclurem acabam aderindo ao
sistema. Uma das formas de adeso ter seus filhos nos espaos urbanos com a expectativa de
melhoria de vida para os mesmos.
Entretanto, existem camponeses que preferem a escola do campo urbana; com
um currculo especial para o campo, com um calendrio prprio entre outros aspectos que no
so considerados. Pensamos que para atingir este objetivo os educandos que so educados
para o exerccio da cidadania tero condies de reivindicar estes direitos.
Assim, uma educao geogrfica voltada para a construo destes conceitos
permitiriam aos educando pensar o ambiente rural nesta perspectiva, objetivando melhorias
para o homem do campo por meio de polticas pblicas que possibilitassem sua fixao no
campo. Seja na escola rural ou na escola urbana, devem saber que tm direitos de
reivindicaes, e isto um direito dos mesmos, sendo dever da escola promover estes
conhecimentos.
No espao rural os impactos tanto no ambiente fsico, como no ambiente humano
so diferentes do espao urbano. Contudo, se analisarmos em temos proporcionais, populao
e degradao no campo e na cidade, entenderemos que os problemas ambientais so graves