ABORDAGENS METODOLÓGICAS E DELINEAMENTO DE PESQUISA EPIDEMIOLÓGICA Profa. Ms. Andréia Gustavo...

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ABORDAGENS METODOLÓGICAS E DELINEAMENTO DE PESQUISA

EPIDEMIOLÓGICA

Profa. Ms. Andréia GustavoProfa. Dra. Beatriz Lara dos Santos

Adaptado da Profa. Ms. Janete Urbanetto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE ENFERMAGEM, FISIOTERAPIA E NUTRIÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL E ENTERAL

DISCIPLINA: METODOLOGIA DA PESQUISA

Abordagens Metodológicas

Qualitativa

Quantitativa

Delineamentos de Pesquisa Epidemiológica

ESTUDOS DESCRITIVOS:

   Têm o objetivo de informar sobre a distribuição de um evento, na população, em termos quantitativos.

  Podem ser de incidência ou prevalência.

   Não há a formação de grupo-controle para a comparação dos resultados.

ESTUDOS DESCRITIVOS:

Palavras-chaves: Qual é o problema? – tipo de evento em foco;Quem está envolvido? – freqüência em relação

às características das pessoas atingidas;Onde está acontecendo? – os lugares;Quando está ocorrendo? – em que tempo

(época)

Como acontece (ou se manifesta)? – como os eventos variam na população.

Fornece um diagnóstico abrangente da situação

ESTUDOS DESCRITIVOS:exemplos

A prevalência de hepatite B entre voluntários à adoção de sangueAs principais causas de óbito da população residente de um dado municípioOs padrões de crescimento e desenvolvimento de crianças normais ou daquelas acometidas por uma de terminada doençaA variação regional na utilização dos serviços de saúde

ESTUDOS ANALÍTICOS:

segunda fase no processo de obtenção de conhecimentos sobre um tema.

Estão subordinadas a uma ou mais questões científicas, as “hipóteses”

relacionam eventos:

uma suposta “causa” e um

dado “efeito”

Obesidade Diabetes

  Fig. 1. Ilustração da relação de investigação em estudos epidemiológicos analíticos.

EXPOSIÇÃO (a causa)

DOENÇA (o efeito)

ESTUDOS ANALÍTICOS:

Estudos de coorte

Estudo de caso-controle

Estudo transversal(estuda-se exposição e doença simultaneamente)

Fig. 2. Ponto de partida da investigação nos principais tipos de estudo observacionais

Exposição Doença

Intervenção DesfechoEnsaio Clínico Randomizado

Delineamento Observacional:

Delineamento Experimental:

Fig. 3. Ponto de partida da investigação no tipo de estudo experimental

PRINCIPAIS ESTUDOS ANALÍTICOS

ESTUDO EXPERIMENTAL, DO TIPO “ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO”:

Parte-se da “causa” em direção ao efeito. Os participantes são colocados “aleatoriamente” para

formar o grupo de estudo e o grupo de controle, com o objetivo de formar grupos com características semelhantes. 

ESTUDO DE COORTE:Parte da “causa” em direção ao “efeito”. Não há alocação aleatória da exposição. Os grupos são

formados a partir da observação da situação, na vida real, ou por alocação arbitrária de uma intervenção.

Fator de risco +

Fator de risco -

População

Amostra Desfecho Não Desfecho

Não DesfechoDesfecho

PRINCIPAIS ESTUDOS ANALÍTICOSEX. Eficácia de uma vacina quando comparada com placebo

casos da doença Taxa deGrupos Total incidência (%)

Sim Não

Vacinados 20 980 1.000 2Não-vacinados 100 900 1.000 10

Total 120 1.880 2.000 6    EX.

Associação entre exercício físico e mortalidade por coronariopatia

em adultos de meia idade

Óbitos Taxa deAtividade Total mortalidade (1.000) física Sim Não

Sedentário 400 4.600 5.000 80Não-sedentário 80 1.920 2.000 40

Total 480 6.520 7.000 69

Ensaio ClínicoVantagens:

Alta credibilidade como produtor evidências clínicasOs grupos de estudo têm grande chance de serem acompanhados quanto a variável de confundimentoNão há dificuldade na formação de grupo-controleA qualidade dos dados pode ser de excelente nívelA cronologia dos acontecimentos determinada sem equívocosMuitos desfechos clínicos podem ser estudados simultaneamente

Ensaio ClínicoLimitações:

Algumas situações não podem ser estudadas: ex. fumoExigência de população estável e cooperativaGrupo investigado pode ser altamente selecionado, logo não representativoImpossibilidade de ajustar o tratamento para cada indivíduoConclusões seguras quando os efeitos são rarosRequer estrutura administrativa e técnica de porte razoável, estável, bem preparada e estimulada

CoorteVantagens:

Não há problemas éticos quanto a exposiçãoSeleção dos controles simplesQualidade dos dados sobre exposição e doença pode ser excelenteExposição conhecida antes da doençaMuitos desfechos clínicos podem ser estudados

CoorteLimitações:

Alto custoPerdas de seguimento podem ser grandesNúmero de pessoas acompanhadas costuma ser grandeImpossível de ser aplicado em doenças rarasResultados somente a longo prazo de seguimentoMudanças de hábitos ao longo podem levar a erro de classificação quanto a exposiçãoDificuldades administrativas: mudança de pessoal e fontes de financiamento

PRINCIPAIS ESTUDOS ANALÍTICOS (cont.)

ESTUDO DE CASO-CONTROLE:A investigação do tipo caso-controle parte do

“efeito” para chegar as “causas”. Pesquisa etiológica retrospectiva.  

    População de casos e controles

Amostra de casos Amostra de controles

Doentes Não Doentes

Expostos Não ExpostosExpostos Não Expostos

Análise dos dados

Caso-ControleVantagens:

Resultados obtidos rapidamenteBaixo custoMuitos fatores de risco podem ser estudados simultaneamenteNúmero de participantes nos grupos pode ser pequenoNão há necessidade de acompanhamentoPrático para investigação de doenças raras

Caso-ControleLimitações:

Seleção do grupo-controle é uma grande dificuldadeFalta de comparabilidade entre as características entre os casos e os controlesDados de exposição no passaso incompletos (prontuários) e falhos quando depender da memória das pessoasFatores de confundimento

PRINCIPAIS ESTUDOS ANALÍTICOS (cont.)

ESTUDO TRANSVERSAL:

“Causa” e “efeito” são detectados simultaneamente.

A análise dos dados que permite identificar os grupos de interesse:

Os “expostos”, os “não-expostos”, os “doentes” e os “sadios”

Investiga a associação entre exposição e doença

População

Amostra do estudo

Expostos e doentes

Expostos e Não doentes

Não Expostos e doentes

Não Expostos e não doentes

Análise dos dados

TransversalVantagens:

Simplicidade e baixo custoRapidezObjetividade na coletaNão há seguimentoFacilidade de obter amostra representativa da populaçãoObtém informação relevante quando tem-se limitação de tempo e recursos

TransversalLimitações:

Baixa prevalência exige amostra de grande tamanhoViés de prevalência: curas e mortesExposição atual pode ser diferente do passadoRelação cronológica entre os eventos não pode ser facilmente detectada, exceto para características estáveis presença de fatores de confundimento

ESTUDOS ECOLÓGICOS A unidade de observação é um conjunto de

indivíduos.

O termo “estudos ecológicos” tem origem na utilização de áreas geográficas como unidades de análise e, por extensão, generalizou-se para outras situações em que a unidade é formada por um grupo.

P

Povoado 1

Povoado 10

.

.

.

Povoado 2

Altitude média

Prevalência de catarata

Altitude média

Prevalência de catarata

PRINCIPAIS ESTUDOS ANALÍTICOS (cont.)

EcológicoVantagens:

Simplicidade e baixo custoRapidezConclusões generalizáveis com mais facilidade do que estudos com base individual

EcológicoLimitações:

Não há acesso a dados individuaisDados de diferentes fontes: qualidade variávelDificuldades em controlar fatores de confundimento

ESTUDOS NÃO COMPARADOS•Experimento não controlado

•Estudo de incidência (coorte não controlada)

•Estudo de Prevalência (transversal não controlado)

•Estudo de Casos

Administrar uma medicação a um único grupo de pacientes e medir o seu efeito

Acompanhar (Seguir) ao longo de x anos crianças obesasPara a análise de incidência de diabetes

Determinar a prevalência de crianças com sobrepeso no Município x

Identificar a presença de cicatriz de BCG em crianças de 0-5 anos com meningite tuberculosa

Estudos de Casos/Série de Casos

Estudo de Prevalência

Estudos de Incidência

Estudos Experimentais não controlados

Estudos Ecológicos

Estudos Transversais

Estudos de Casos e Controles

Estudos de Coorte

Ensaios Clínicos Randomizados (ECR)

REFERÊNCIAS

 HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. Trad. Michael Schmidt Duncan e Ana Rita Peres. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003

MEDRONHO, R.A et al. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

PEREIRA, M.G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997

EXERCÍCIOS SOBRE MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

 1. Uma investigação realizada em banco de sangue de um hospital chegou aos seguintes resultados: entre 2 mil pessoas que receberam transfusão sanguínea, acompanhadas durante um ano, 200 contraíram hepatite. No grupo-controle, de 5 mil pessoas que não receberam transfusão, acompanhadas igualmente durante idêntico período, apenas cinco contraíram a doença. Pergunta-se: trata-se de um Estudo de Coorte ou de Caso-Controle? Por quê?

EXERCÍCIOS SOBRE MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

2. Em um hospital universitário foi feito um estudo para verificar a associação entre consumo de álcool e câncer de estômago. Foram incluídos, na investigação, 300 pacientes do sexo masculino com diagnóstico comprovado de câncer de estômago; desses, 30 eram casos de alcoolismo crônico. Entre 500 controles (por definição, pessoas em que o diagnóstico de câncer gástrico foi excluído), 50 foram considerados alcoólatras, pelos mesmos critérios diagnósticos usados no grupo de casos. Pergunta-se: este é um estudo do tipo caso-controle ou coorte? Por quê?

EXERCÍCIOS SOBRE MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

3. Em uma visita de uma equipe de profissionais de saúde, com a duração de uma semana, a um município do estado de Tocantins, todos os adultos de um pequeno povoado e de fazendas vizinhas foram examinados. Entre os resultados obtidos estão os seguintes: de 40 pessoas com sorologia positiva para Tripanosoma cruzy, quatro eram desnutridas, enquanto em 100 outros indivíduos, com sorologia negativa para Tripanosoma cruzy 10 foram rotuladas como desnutridos. Pergunta-se: qual o tipo de estudo? Por quê?

EXERCÍCIOS SOBRE MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

4. Uma investigação foi realizada para avaliar a eficácia de uma nova vacina contra a hepatite B. Foram selecionados 2 mil adultos, em alto risco para contrair a doença, que concordaram em participar na pesquisa. Eles foram aleatorizados para constituir o grupo experimental (que receberiam a vacina) e o controle (que não receberia a vacina), cada um com mil indivíduos. Ao final da investigação foram confirmados 10 casos de hepatite B no grupo experimental e 50 no de controle. Qual o tipo de estudo? Por quê?

EXERCÍCIOS SOBRE MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS

5. Uma investigação foi realizada pela comparação de estatísticas de diversos países, sendo encontrada correlação positiva, estatisticamente significativa, entre o montante de cigarros, per capita, vendido à população e o coeficiente de mortalidade por doenças cardiovasculares. Qual o tipo de estudo? Por quê?