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Alterações musculoesqueléticas em músicos de cordas friccionadas da
Orquestra Amazonas Filarmônica
Maria Lauracy da Silva Medeiros¹
lauruskaivanova@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual – Faculdade Ávila
Resumo
A profissão de músico requer ampla capacidade física e mental, a performance dos
instrumentistas de cordas friccionadas contribui para o surgimento de alterações
musculoesqueléticas no período da pratica de estudante a profissional. A tensão gerada
durante horas de estudo faz-se com que muitos artistas sendo eles violistas violinistas,celistas
e contrabaixistas adquirem má postura,fraqueza,mialgias,tendinopatias enfim síndrome do
superuso.Este estudo constituiu-se num grupo de 29 músicos de cordas friccionadas do
gênero masculino e feminino,averigou-se através do Diagrama de Collet a ocorrência de
alterações musculoesqueléticas, o resultado entre esse grupo indica que a dor faz parte do
cotidiano de cada um. Dores no pescoço, tronco e região lombar estão na liderança como
principal queixa de desconforto seguida de dor intensa nesse grupo. Dor de musico é dor
crônica que infelizmente é possível conviver, pois muitos relatam certo costume com tal
desconforto. Ao longo da vida profissional os mesmos são conduzidos a adoecimentos
constantes e possível fim da carreira. O numero de instrumentistas que sofrem com lesão no
Brasil como diz a literatura é significativo, mas, o descaso com essa população também
chegam a percentuais alarmantes não pelo fato de que não exista prevenção e tratamento,
mas pelo desinteresse de alguns músicos em procurar socorro médico.
Palavras-chave: Lesões em músicos; Alterações musculoesqueléticos em músicos; Saúde do
músico.
1. Introdução
O prazer de fazer o que se gosta não tem preço, porém muitas vezes acaba custando muito
caro para a saúde de quem faz uma determinada atividade, onde as consequências não podem
ser evitadas. Isso é o que acontece com músicos profissionais que dedicam à metade do seu
tempo, inclusive particular, para alcançar a perfeição em concertos longos e consecutivos.
Toda essa atividade leva a um esforço físico além da capacidade de cada um desses
profissionais, exigindo muito do corpo. A carga imposta exige situações a qual o corpo não
estar habituado o tempo dedicado: uma leitura, tensão gerada pela necessidade de preparo
para uma prova, um concerto ou em Festivais de Ópera, sendo que essa última que requer
muitas horas na mesma posição, sobrecarregando o corpo e a mente.
Em 1986, nos Estados Unidos, foi apresentado um estudo na International Conference of
Symphony Orchestra Musicians que inquiriu 2122 músicos sobre a prevalência de lesões
músculo-esqueléticas. Foi detectada a ocorrência de pelo menos uma lesão severa (ex.
Tendinites, Lombalgias) em 1612 (76%) músicos desta amostra. (FÁTIMA E LIMA, 2010)
apud (TUBIANA, 1991).
_________________________________________ ¹ Pós graduanda em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual
.² Orientadora, Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde.
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Tendo em conta que os instrumentistas de corda friccionada são os mais afetados por
patologias do foro músculo-esquelético (SOUZA, 2010) apud Trella et al., 2004; Bernard,
1997; ANDRADE E FONSECA, 2000; COSTA, 2002).
Os sintomas musculoesqueléticos variam desde um desconforto que pode persistir piorar e
levar a lesões sérias e consequente inabilidade e afastamento da profissão (AMADIO;
RUSSOTI, 1990).
Lesões musculoesqueléticas são definidas como um conjunto de afecções que podem
acometer o sistema-esquelético, isolada ou associada, com ou sem degeneração de tecidos,
atingindo principalmente, membros superiores, região escapular e pescoço. (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2000).
Os problemas físicos relacionados ao desempenho musical encontrados com mais frequência
são: distonia focal (movimentos involuntários), dedo em gatilho (travado movimento), hérnia
de disco cervical e lombar, escoliose (curva lateral na coluna), cifose (corcunda), lombalgia
aguda (dor lombar), torcicolo, epicondilite (dor no cotovelo), capsulite adesiva (dor e perda
dos movimentos do ombro) e tendinites em geral (VALVERDE, 2009).
Segundo Fragelli e Gunther, (2012) apud Whiting e Zernicke, (2001) considera-se lesão
musculoesquelética qualquer dano que seja causado por trauma físico sofrido pelos tecidos do
corpo. Sendo assim todos esses fatores são influenciados não somente pela postura incorreta
durante um estudo ou uma execução longa de uma determinada obra, mas o posto de trabalho
influencia de uma maneira direta na saúde musical desses profissionais dos instrumentos de
corda friccionadas os acessórios como: cadeiras, partituras, estantes musicais, iluminação,
enfim o local de trabalho como um todo.
Andrade e Fonseca, 2000 apud Oliveira e Vezza, 2010 comparam a atuação do músico a
atuação do atleta pela demanda pelas longas horas de prática e apresentações públicas nas
quais o máximo de desempenho é exigido. A diferença reside no fato de que os atletas contam
com especialistas atentos as características de sua saúde e dos agravos a ela infligidos pelo
exercício profissional, e os músicos não.
Norris, (1997) apud Subtil e Bonomo (2011) relata que a afirmação de que os músicos
constituem um dos principais grupos de risco de adoecimento ocupacional, assinala a falta de
conscientização da classe neste tocante e a pouca procura por informação para preservar e
gerenciar as condições necessárias ao exercício profissional. Embora tenham ocorrido
sensíveis avanços em pesquisa médica e em novos tratamentos, o setor preventivo caminha de
forma bem mais lenta. A maior abertura dos músicos para este tópico tem se dado somente
após a ocorrência de sintomas que prejudicam a atividade, como a dor recorrente e limitante.
Contudo os músicos formam uma categoria profissional exposta a um alto estresse
ocupacional. Teixeira et al (2009).
Segundo Frank e Muhler (2007) relata que a medicina do músico tem se desenvolvido em
diversas direções e de forma muito mais aprofundada. Nos últimos 25 anos, médicos
terapeutas e pedagogos, assim como na medicina do esporte, buscarm informações detalhadas
a respeito dos efeitos do instrumento sobre o corpo. Ray e Marques (2005) perguntam:
quantas vezes ouvimos recomendações para que sempre façamos um aquecimento antes de
uma sessão de estudo. O que poucos músicos se dão conta, é que estes exercícios não
aquecem a musculatura, pelo contrário, eles apenas a colocam em uso com certa moderação
porém sem preparo.
De acordo com Petrus e Enchternach (2004) citado por Fragelli e Gunther (2008) relata que o
fazer musical dentro de uma analise compõe-se de um paradoxo em que um lado procura-se a
interpretação, a sincronia, a harmonia e a perfeição de sons e, de outro lado, este mesmo
corpo pode desarmonizar-se quando ultrapassa seus limites fisiológicos. A auto-observação é
muito importante. Saber sentir e analisar o próprio corpo não é tarefa fácil. Porém, pode ser
alcançada mediante dedicação e treino. Quando realmente há interesse em aprimorar a
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consciência corporal, torna-se possível estabelecer relações entre os movimentos e a estrutura
física de cada individuo (GONÇALVES, 2000). LLOBERT et al, (2000) relata que alguns
estudos apontaram esta atividade como causadora de danos ocupacionais, especialmente,
problemas musculoesqueléticos relacionados a disfunções temporomandibular e alterações
auditivas. A coluna cervical também pode ser afetada devido a prolongada posição da cabeça
e pescoço usada para segurar o instrumento. Posição essa que pode causar espasmo muscular
e compressão nervosa (MORAES e ANTUNES, 2011) apud (NETO et al 2009). Esses danos
podem levar ao aparecimento de problemas de saúde capazes de interferir significativamente
na habilidade e na atuação do músico, podendo, até mesmo por fim na carreira do individuo.
A técnica de ensino de qualquer instrumento estar voltada para o movimento físico
mecanicamente correto (dentro de cada escola especifica), treinamento auditivo teoria e
repertorio esse é o sistema de aprendizagem musical que tem vigorado até nossos dias (No
Brasil, são registrados cerca de 30 mil casos ano). Esta temática é foco de discussão na
atualidade sendo objeto de pesquisa e preocupação de varia categorias profissionais
(FRAGELLI, 2007).
Orquestra Amazonas Filarmônica
Fonte - Disponível em: http://acritica.uol.com.br/vida/Orquestra-Filarmonica-
Manaus_5_499800018.html
1.1 - Instrumentos Abordados
Os instrumentos de cordas abordados na pesquisa são apresentados de acordo com a Figura 1,
e são eles a viola, o violino, o contrabaixo e o violoncelo, utilizados pelos músicos da
Orquestra Amazonas Filarmônica fundada em 26 de setembro de 1997 pelo Maestro Júlio
Medaglia, é uma orquestra do estado Brasileiro e estar sediada em Manaus é a orquestra
oficial do Festival Amazonas de ópera.
Os instrumentos de cordas são importantes na história da música ocidental pois foi com um
instrumento constituído de uma única corda, o monocórdio, que os filósofos e matemáticos da
escola pitagórica descobriram todos os princípios matemáticos que regem os intervalos,
escalas e a harmonia, dando origem ao estudo da teoria musical há mais de seis mil anos
(ANGES DE MUSIQUE,2009).
O violino apareceu na Itália durante a primeira metade do século XVI, para toca-lo é
necessário coloca-lo entre o ombro e o lado esquerdo do queixo, A viola e ligeiramente mais
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pesada é tocada como o violino, mais como seu cumprimento é maior o instrumentista precisa
estender um pouco mais o braço. Violoncelo é grande demais para ser colocado sob o queixo
como a viola e o violino por isso é levemente apertado e sustentado pelas partes internas dos
joelhos do executante. Contrabaixo muito maior que o violoncelo para toca-lo é necessário
que o instrumentista ou fique de pé ou parcialmente sentado em um banco ou um tamborete
bem alto. .
Fonte: viola-de-arco.blogspot.com
Figura 1 – Representação dos Instrumentos Utilizados na Pesquisa
2. Materiais e Métodos
O presente artigo aborda os instrumentistas de cordas friccionadas que utilizam os
instrumentos da família do violino, viola, violoncelo e contrabaixo em seu cotidiano, onde se
procurou compreender as lesões que podem afetar os músicos e as possíveis causas que
contribuem para o surgimento dessas lesões. Identificar alterações musculoesqueléticas nos
mesmos, podendo ser observados através do longo período de exposição do músico ao
instrumento, deixando várias sequelas para o resto de suas vidas. Foram pesquisados artigos,
monografias, dissertações e revistas científicas buscado nas bases de dados, Scielo, Bireme,
Lilacs, de acordo com a pertinência do tema, sendo este o critério de exclusão. As palavras
chaves utilizadas na pesquisa foram lesões em músicos, alterações musculoesqueléticos em
músicos e saúde do músico, em português, espanhol e inglês. Foram selecionados somente
artigos em português, espanhol e inglês sem limite de data. A amostra desse estudo foi
composta por 29 músicos de cordas friccionadas profissionais da Orquestra Amazonas
Filarmônica com idades entre 23 a 57 anos de ambos os sexos, sendo os mesmos apresentados
entre 9 mulheres e 20 homens. A abordagem aos músicos para o desenvolvimento da pesquisa
foi feita em seu local de ensaio, que acontece de segunda-feira a sexta-feira de 09:00 as
12:00hs, possuindo um intervalo de 20 minutos para descanso no Teatro Amazonas. O
concerto realiza-se uma vez por semana à noite. Todos os entrevistados concordaram com a
pesquisa, que foi consentida pelo Diretor Artístico da orquestra, o Maestro Marcelo de Jesus e
o inspetor Àtila de Paula. Os músicos da Orquestra relataram trabalhar 15 horas semanais,
porém no período de Festivais como o de Ópera, os mesmos chegam a fazer 32 horas
semanais. De acordo com a Lei 664.94 o regime de trabalho, é de 40 horas semanais. O
instrumento de coleta de dados consiste em uma escala de avaliação de desconforto postural,
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o diagrama de Collet e Wilson (1986) em anexo, que consiste em um mapa corporal que se
divide em 27 partes com 5 respostas a respeito do desconforto corporal com um escore de 1 a
5,onde 1 representa nenhum desconforto ou dor, 2 algum desconforto ou dor, 3 moderado
desconforto ou dor, 4 bastante desconforto ou dor, 5 intolerável desconforto ou dor. Com base
nisto, foram feitas algumas perguntas a respeito ao tempo da prática instrumental somando
desde quando obtém-se o primeiro contato com o instrumento até a prática dos dias de hoje e
as atividades realizadas fora do ambiente de trabalho.
Em relação a atividades físicas alguns músicos relatam realizar atividades físicas duas vezes
por semana dentre elas futebol o que estar praticamente proibido entre músicos devido à alta
prevalência de fraturas, luxações e demais acidentes relacionadas ao esporte, deixando muitos
dos artistas afastados do ambiente de trabalho até total recuperação. A respeito do contato
com o instrumento isto é o primeiro passo como musico, há uma diferença entre músicos
estrangeiros e brasileiros já que a orquestra Amazonas Filarmônica tem um contingente de
mais de 60% de profissionais de outros países dentre eles Búlgaros, Bielorrussos, Argentinos,
Ucranianos, Russos, a diferença estar no método de como esses países formam o musico
clássico, pois bem, todos os estrangeiros relataram estudar musica desde os 4 ou 5 anos de
idade e chegam a graduação de Mestrado com 26 anos, passando a possuir uma única
profissão a de Musico de Orquestra Profissional. Porém os Brasileiros com varias profissões
começam a carreira tardiamente devido a vários problemas na maioria das vezes ordem
financeira ingressão na carreira com mais de 20 anos de idade.
3. Resultados
Fonte – Adaptado de Mays apud Greenhalg, diagrama de Corllet e dados de pesquisa de campo
Tabela 1 - Resultados descritivos do naipe de 1e 2 violinos
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A manutenção da postura sentada durante todo o período de prática, associada à postura
técnica adotada pelo violinista representa um fator considerável de desconforto para a
realização da atividade que ele exerce, devido ao grande aumento do esforço muscular para
manutenção das posturas e a redução do fluxo sanguíneo. Os músculos que seguram a mão
esquerda no desvio cubital, bem como aqueles que extencionam os dedos são também
frequentemente afetados, de acordo com o que pode ser observado na figura 2.
Figura 2 – Fonte: http://www. violinovermelho.wordpress.com
Para a utilização e manuseio do violino, o pescoço e os ombros podem ser afetados por causa
da posição prolongada anormal da cabeça curvada e pescoço utilizados pelo músico para
segurar o violino, como pode-se observar na figura 3 (LIU, 2002 apud LOCKWOOD, 1989).
O violino deve ser colocado em cima da clavícula esquerda e apoiado de leve no ombro
esquerdo. O braço esquerdo deve estar na mesma direção do pé esquerdo. (CRUZ, 2008).
Isso exige alta demanda física e psicológica de trabalho, os músicos possuem grandes riscos
de desenvolver uma variedade de problemas de saúde. As maiores causas de desordens
musculoesqueléticas observadas em instrumentistas são excesso de uso, compressão nervosa e
distonia focal. (MORAES et al,2011).A demanda exigida pela tarefa exerce influência
significativa sobre o aumento do nível de estresse repercutindo, consequentemente, sobre o
comportamento. Sendo assim alguns autores citam que existe uma obsessão e um
perfeccionismo para um cumprimento de um programa (FRAGELLI & GUNTHER, 2008). O
Outro ponto que merece destaque é a escolha do instrumento para o iniciante, em primeiro
lugar no que refere ao tamanho e material:seria melhor um violino de ½ ou ¾ de
tamanho?(FRANK & MUHLER,2007).Orientações simples junto aos músicos no momento
da pratica musical garantem maior qualidade de vida profissional além de prevenir
dores,desconforto e prejuízos a saúde.(SUBITIL & BONOMO,2012).Para Lederman
(2003)os riscos músculos esqueléticos podem gerar queda no desempenho funcional e
comprometer as horas trabalhadas.(TEIXEIRA et al,2004 apud,LEDERMAN,2003).Em uma
entrevista 2010 para o site violino vermelho a violinista e fisioterapeuta Diana Runrill dá o
seguinte conselho: Cuide do seu corpo. Muitos músicos não foram atraídos para o esporte
como crianças, e pode achar que é difícil pensar em si próprios como “atletas”. No entanto,
nossos corpos foram projetados para todo o movimento e não funcionará melhor sem um
treino cardio regular.
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Figura 3 – Fonte: http://www.andrerieu.com
Fonte – Adaptado de Mays apud Greenhalg, Diagrama de Corllet e dados de pesquisa de campo
Tabela 2 - Resultado descritivo do naipe de violas
A viola exige do músico uma posição extrema de rotação do ombro, juntamente com elevação
de braço e supinação máxima constante do antebraço esquerdo, o que pode levar o músico a
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desenvolver a bursite, que é a inflamação de uma pequena bolsa contendo líquido que envolve
as articulações e funciona como amortecedor entre ossos, tendões e tecidos musculares,
causando dores, edema e restrição do movimento e tendinopatias, que se referem às lesões
que acometem os tendões, estruturas compostas principalmente por colágeno, responsáveis
por transmitir a força gerada pelo músculo para o osso, ocorrendo nos músculos do ombro.
(MORAES e ANTUNES, 2011). Contudo os violinos e violas são mantidos por baixo do lado
esquerdo da mandíbula, os tocadores desses instrumentos podem estar predispostos também a
desenvolver desordens do maxilar. Portanto, há aumento do desvio para a direita da
mandíbula na abertura (HIRSCH et al,1982) .Tem tamanho pouco maior que o violino e peso
diferente. Porem para tocar a técnica é a mesma. (ENCICLOPEDIA LIVRE,2012)
Fonte: http:www.wikipedia.com
Comparação entre violino a esquerda e viola a direita
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Fonte: Adaptado de Mays apud Greenhalg, Diagrama de Corllet e dados de pesquisa de campo
Tabela 3 - Resultado descritivo do naipe de violoncelos
Segundo Liu, 2002 apud Rimer, 1990 foi observado em alguns violoncelistas que os mesmos
desenvolveram problemas como eritema, que consiste em uma inflamação local ocasionada
pela vasodilatação capilar, de coloração avermelhada, descamação da pele no local de apoio,
hiperpigmentação também no local de apoio e calos sobre a face medial do joelho esquerdo na
região que estaria em contato com violoncelo durante a reprodução, como pode ser observado
na figura 4, (LIU, 2002).
Figura 3 – Fonte: MEDEIROS, 2012
Além de dermatites e outros danos, os violoncelistas podem desenvolver calos em seus
polegares, como pode se observar através do posicionamento dos dedos, de acordo com a
figura 3.
Figura 3 – Fonte:http://www. canstockphoto.com.br
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Fonte- Adaptado de Mays apud Greenhalg, Diagrama de Corllet e dados de pesquisa de campo
Tabela 4-Resultado descritivo do naipe de contrabaixo
A dor às vezes é precedida por sentimentos de rigidez, formigamento ou sensação anormais
da pele. O descanso é o único tratamento confiável para as síndromes do uso excessivo. No
caso dos violoncelistas e baixistas, muitas vezes, há presença de dores em função da forma
como carregam seu instrumento, pela alta repetição e atividades dos dedos e pela prática por
longas horas (NORRIS, 2003).
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Fonte: MEDEIROS, 2012
4. Discussão
O uso de apoio para o queixo (queixeira) e de suporte na região do ombro, chamado espaleira,
figura 6, em altura adequada podem aliviar o desconforto, mesmo que aumentam em até 25%
o peso do instrumento, no caso do viola e violino. (COSTA C, 2003). Sendo assim elevada
prevalência de problemas médicos específicos à profissão de músico é um fenómeno
observado já desde o século XVIII (FÁTIMA E LIMA, 2010) apud (RAMAZZINI, 1718).
Os violinos e violas tendem a mostrar maior índice de desconforto no ombro e pescoço
devido a laterização para a esquerda, o que o instrumento realmente exige para um perfeito
desempenho, porém é importante enfatizar que esses mesmos músicos irão permanecer nesta
posição no máximo 113 minutos que é caso da ópera como La Boheme de Puccine que se
divide em 4 atos, variando em intervalo de 15 minutos ou menos.
Os contrabaixistas tendem a conviver com o peso e altura do instrumento que chega a mais de
1 metro e mais de 3 kg, na figura acima e notável a discrepância entre musico e instrumento, o
esforço para alcançar notas mais graves faz com que o contrabaixista adiquira entre 60% a
80% patologias de ordem músculos esqueléticas na região de punho e joelho em grau 3 isto é
moderado desconforto ou dor.Por fim os cellistas apresentam alterações de 66,67% no ante
braço direito em grau 4 (bastante desconforto ou dor) que vem a ser o lado onde o musico
segura o arco isto é executa as obras musicais.
Violoncelistas e baixistas, muitas vezes há presença de dores em função de como carregam
seus instrumentos, pela alta repetição e atividades dos dedos e pela pratica por longas horas,
instrumentos quando sustentados e suportados pela mão, pode ser uma fonte significativa de
carga estática (TEIXEIRA et al,2008). Em um estudo MAZZONI et al,(2006).Relataram que
o peso do instrumento foi classificado de acordo com a percepção do musico.Houve um
consenso geral de que o violino é um instrumento leve a viola e o violoncelo instrumentos de
peso moderado e o contra baixo pesado, Por isso que quando se exige uma postura estática, os
indivíduos que as executam passam a adotar posturas que lhes pareçam confortáveis,mas,que
nem sempre são adequadas ou biomecanicamente ideais para determinada atividade (SUBTIL
& BONOMO,2012) apud (FRANK & MUHLER 2007).Chama a atenção que partes
especificas do corpo são mais afetadas, por dependência do instrumento tocado. São, por
exemplo, locais de queixas mais intensas a coluna lombar de contrabaixistas e a mão esquerda
do violinista e violista (FISHBEIN & MIDDLESTADT, 1989).
Espaleira de borracha.
Fonte: http:casadeiinstrumentos.com.br
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Conclusão
Mesmo considerado como inerente da atividade instrumental, os sintomas
musculoesqueléticos são, muitas vezes, responsáveis pelo afastamento relacionado ao trabalho
(TEIXEIRA, 2010). Medida de prevenção secundaria devem ser adotadas caso haja
instalações de alguma patologia, sendo fundamental que o individuo lesionado saiba que pode
ser recuperado e participe de todo o processo de recuperação (MAZZONI et al, 2006).
Componentes biológicos, emocionais e sociais podem estar tão comprometida devida a
prolongada duração da condição álgica ou a concorrência de outras situações causais que o
controle somente da dor não é suficiente para normalizá-lo (YENG et al, 2001). Contudo
músicos, por sua vez, cada vez mais procuram soluções para minimizar problemas oriundos
do uso inadequado do corpo no exercício de sua profissão, já que tais responsáveis por
severas interrupções e ou limitações de carreiras promissoras no Brasil (ANDRADE e
FONSECA, 2000).
Iniciativas de pesquisadores de instituições publicas e privadas tem reunido esforços no
sentido de desenvolver pesquisas de base, que fundamentem pesquisas envolvendo o fazer
musical e o corpo (RAY e MARQUES, 2005).
Mesmo com inúmeros estudos e com muitas preocupações da classe medica a respeito da
saúde do musico essa classe cresce sem os devidos cuidados com a principal ferramenta de
trabalho o corpo, que todos sabem que se trata de uma maquina que precisa de cuidados
específicos para cada atividade que exija muito além do que lhe é suportado, profissão musico
de orquestra de cordas friccionadas requer muito mais do que somente uma atividade física
uma vez por semana como muitos fazem para relaxar depois de uma semana estressante de
trabalho, o aquecimento feito e dito por alguns antes de começar apenas tratra-se de
alongamentos rápidos tornando o exercício completamente fora do objetivo, à maioria não
tem tempo para dedicar-se a sua própria saúde física e mental.
(LIU, 2002) relata que músicos normalmente entendem que suas condições estão a impedir a
sua criação musical, mas às vezes não conseguem perceber que as condições são realmente
um resultado direto de sua utilização do instrumento. O presente trabalho apresentou uma
pesquisa de campo com os músicos da Orquestra Amazonas Filarmônica com uma breve
visão sobre as disfunções do naipe de cordas friccionadas, a autora é fisioterapeuta e trabalha
na orquestra como arquivista, depois de tempos observando o cotidiano dos músicos teve
certeza de poder realizar essa pesquisa e transferir para o papel os dados achados sobre os
profissionais da referida orquestra dessa região Manaus Amazonas.
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