Analise de Textos Camões

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Anális de alguns textos Camonianos

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Um mover dolhos brando e piadoso

Um mover dolhos brando e piadoso,Sem ver de qu ; um sorriso brando e honesto,qusi forado; um doce e humilde gesto,de qualquer alegria duvidoso;

Um desejo quieto e vergonhoso;um repouso gravssimo e modesto;a pura bondade, manifestoindcio da alma, limpo gracioso;

Um escolhido ousar; a brandura;um medo sem ter culpa; um ar sereno;um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosurada minha Circe, e o mgico venenoque pde transformar meu pensamento.

O texto constitudo por duas quadras e dois tercetos, em metro decassilbico, com um esquema rimtico : ABBA///ABBA//CDE//CDE verificando-se a existncia de rima interpolada em a, emparelhada em b e interpolada em cde. O soneto apresenta um retrato da mulher amada, onde se d maior relevo aos traos morais. O conjunto de qualidades que lhe dado tende a produzir uma imagem de perfeio e a no individualizao da mulher. Este poema est dividido em duas partes lgicas. A primeira parte as duas quadras e o primeiro terceto e corresponde acumulao de atributos fsicos e morais da figura feminina. Assim, so feitas referncias ao mover dolhos, ao sorriso, ao gesto, s quais so sempre atribudas qualidades morais: Um mover dolhos brando e piadoso,, um sorriso brando e honesto, e um doce e humilde gesto,. A segunda parte ultimo terceto e corresponde sntese de todos esses atributos reunidos na expresso celeste fermosura, que, alm da beleza, remete para o carcter divino da mulher. Esta tambm, metaforicamente, apresentada como Circe, ou seja, uma feiticeira que encanta o poeta como seu mgico veneno, isto , a sua perfeio, que seduz o poeta e lhe transforma o pensamento.

Mrio Carvalho e Brbara Carvalho

Aquela Triste e Leda Madrugada

Aquela triste e leda madrugada,cheia toda de mgoa e de piedade,enquanto houver no mundo saudade,quero que seja sempre celebrada.

Ela s, quando amena e marchetadasaa, dando ao mundo claridade,viu apartar-se d`ua outra vontade,que nunca poder ver-se apartada.

Ela s viu as lgrimas em fio,que duns e doutros olhos derivadas,s`acrescentaram em grande e largo rio;

Ela viu as palavras magoadas,que puderam tornar o fogo frio,e dar descanso as almas condenadas.

Este texto constitudo por duas quadras e dois tercetos em metro decassilbico, com esquema rimtico, ABBA/ABBA/CDC/CDC, verificando-se a existncia de rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada em CD.O soneto aborda a separao de dois sujeitos que estiveram juntos e o sofrimento que essa separao provocou, utilizando o termo anafrico Ela, que substitui a palavra madrugada ao longo do poema, referindo-a como nica testemunha desse afastamento. O sentimento predominante neste soneto a tristeza.A madrugada personificada e testemunhou at ao fim a separao dos amantes: Ela s viu, ocorrida no momento em que o dia nascia, trazendo luz e beleza terra: quando amena e marcchetada/ saa, dando ao mundo claridade. A esta beleza de uma madrugada primaveril ope-se o sofrimento dos amantes que se separam, e que surge apresentado em metfora que se transforma em hiprbole: as lgrimas em fio que se acrescentaram em grande e largo rio.O soneto termina com a separao definitiva dos amantes, que acompanhada por palavra magoadas que metaforicamente vo atenuar o fogo da paixo, tornando-o frio, e proporcionando, de certa forma, alvio s almas condenadas ao inferno do sofrimento.

Anlise realizada por: Joel Horta e Hugo Vidal