Post on 09-Nov-2018
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
Análise do Desempenho Energético de Briquetes de Resíduos
Agroindustriais gerados no Distrito Federal
Estudante: Quércia Mayara Alixandre Pinto
Matrícula: 11/0136756
Linha de Pesquisa: Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais
Orientador: Dr. Thiago Oliveira Rodrigues
Trabalho apresentado ao Departamento
de Engenharia Florestal da
Universidade de Brasília, como parte
das exigências para obtenção do título
de Engenheira Florestal.
Brasília-DF, 9 de Dezembro de2016
II
III
Aos meus pais, Geraldo e Fátima
Dedico.
IV
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Geraldo e Fátima, por todo amor e carinho sem medidas.
Às minhas irmãs, Tineska e Isabely, e ao meu irmão, Kallebe, pela companhia
desde sempre, por serem meus melhores amigos e principalmente por me inspirarem a ser
uma pessoa melhor.
Ao meu amor, Douglas, por toda paciência, todo amor e companheirismo.
À minha família, por serem a base de tudo e me incentivarem sempre.
Aos meus mestres por todo conhecimento adquirido, em especial ao meu
orientador, Dr. Thiago Oliveira Rodrigues, por toda ajuda, todo apoio, pela amizade e pelo
bom humor.
Ao Serviço Florestal Brasileiro, mais especificamente à Plataforma de Biomassa e
Energia do Laboratório de Produtos Florestais, pelo espaço cedido para as pesquisas e por
todo enriquecimento acadêmico adquirido. Aos pesquisadores, Bruno e Gustavo, pela
ajuda e assistência no laboratório.
Aos membros da banca, Professor Dr. Ailton Teixeira do Vale e ao pesquisador
Luiz Gustavo Oliveira Galvão, por aceitarem contribuir com desenvolvimento da pesquisa.
Às empresas Feijão da Mamãe e Café do Sítio, por disponibilizarem o material para
estudo.
À Universidade de Brasília e ao Departamento de Engenharia Florestal, pela
oportunidade de realização pessoal e profissional.
Aos meus amigos, da graduação e da vida, por todo apoio, pelo incentivo, pela
companhia, pelas risadas e por tornarem essa caminhada mais leve.
A Deus, por toda sua bondade e seu infinito amor.
V
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi caracterizar as propriedades energéticas do material in natura
e dos briquetes produzidos, além de analisar a queima dos briquetes por meio de ensaios de
combustão, visando estimar a qualidade energética dos resíduos agroindustriais
selecionados in natura e compactados. Os ensaios que estimaram o teor de umidade,
densidade aparente, densidade energética e poder calorífico superior e inferior para o
material in natura e para os briquetes, bem como o teor de cinzas, materiais voláteis e
carbono fixo para a biomassa não compactada foram desenvolvidos no Laboratório de
Energia do Serviço Florestal Brasileiro, juntamente com a análise da granulometria
utilizando peneiras de diferentes tamanhos, o ensaio de briquetagem e o de combustão com
os briquetes. Não foi possível briquetar os grãos de café, portanto o material foi misturado
com resíduos de feijão (70% de feijão e 30% de café). Os teores de umidade das amostras
de resíduos de feijão foram iguais a 19,27% e 18,46% e para os grãos de café de 12,91%.
Tais valores de teor de umidade foram superiores aos encontrados para os briquetes, sendo
de 14,29% para o fabricado com resíduos de feijão e de 13,98% para o fabricado com
resíduos de feijão e café. O poder calorífico superior encontrado para os resíduos de feijão
em média foi de 15,74 MJ/kg e para o café de 20,02 MJ/kg. Para o poder calorífico inferior
os valores encontrados foram em média de 14,38 MJ/kg e de 18,67 MJ/kg para os resíduos
feijão e café, respectivamente. O briquete produzido com resíduos de feijão não teve
alteração do poder calorífico, e para o produzido com resíduos de feijão e café os valores
foram de 17,51 MJ/kg (PCS) e 16,16 MJ/kg (PCI). Os resultados da caracterização das
biomassas mostram que ambos resíduos agrícolas estudados apresentam propriedades
energéticas compatíveis com os biocombustíveis sólidos tradicionais e que a compactação
é uma alternativa potencial para valorizar biomassas que não compactam naturalmente. Os
ensaios de combustão precisaram de elevada quantidade de etanol no processo de ignição,
sendo que o briquete de resíduo de feijão consome mais etanol em relação com o briquete
de resíduo de feijão com café. De forma geral, a taxa de perda de massa, ou seja, quanto de
massa por tempo foi consumida durante o ensaio, foi menor para os briquetes com resíduos
de feijão em relação aos com adição de café.
Palavras-chave: biomassa; poder calorífico, caracterização energética; briquetagem.
VI
ABSTRACT
The objective of this work was to characterize the energetic properties of the natural
material and of the produced briquettes, besides analyzing the combustion of the briquettes
by means of combustion tests, in order to estimate the energetic quality of the
agroindustries selected in natural and compacted. The tests estimating the moisture
content, bulk density, energy density and the gross and the net calorific value for in natural
condition and for briquettes, as well as ashes content, volatile matter and fixed carbon for
uncompacted biomass were developed in the Laboratory of Energy of the Brazilian Forest
Service, together with the analysis of the granulometry using different sieves, the
briquetting test and the combustion with the briquettes. It was not possible to briquette the
coffee grounds, so the material was mixed with beans residues (70% bean and 30% coffee
residue). The moisture content of the bean residue samples were equal to 19.27% and
18.46% and for coffee grounds of 12.91%. These values of moisture content were lower
than those found for briquettes, being 14.29% for beans and 13.98% for beans with coffee.
The gross calorific value found for beans averaged 15.74 MJ/kg and for coffee 20.02
MJ/kg. For the net calorific value the values found were on average 14.38 MJ/kg and 18.67
MJ/kg for beans and coffee, respectively. The briquette produced with beans had no
change in calorific value, and for the produced with beans and coffee the values were
17.51 MJ/kg (gross) and 16.16 MJ/kg (net). The results of the biomass characterization
show that both studied agricultural residues present energy properties compatible with
traditional solid biofuels and that compaction is a potential alternative to value biomasses
that do not naturally compact. The combustion tests required a high amount of ethanol in
the ignition process, and the bean residue briquette consumed more ethanol in relation to
the bean residue briquettes with coffee. In general, the rate of mass loss, that is, how much
mass per time was consumed during the test, was lower for briquettes with beans than
those with coffee addition.
Keywords: biomass; calorific value, energy characterization; briquetting.
VII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 13
3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 13
3.1 MATRIZ ENERGÉTICA .......................................................................................... 13
3.2 BIOMASSA E ENERGIA......................................................................................... 14
3.3 CONVERSÃO ENERGÉTICA DA BIOMASSA .................................................... 15
3.3.1 Combustão .............................................................................................................. 16
3.4 BRIQUETAGEM/COMPACTAÇÃO ...................................................................... 17
3.6 RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS .......................................................................... 18
3.6.1 Feijão ...................................................................................................................... 18
3.6.2 Café ......................................................................................................................... 19
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 20
4.1 AMOSTRAGEM ....................................................................................................... 20
4.1.1 Amostra de feijão.................................................................................................... 21
4.1.2 Amostra de café ...................................................................................................... 21
4.1.3 Amostra da mistura de feijão e café ....................................................................... 22
4.2 PREPARO DAS AMOSTRAS ................................................................................. 22
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL .................................................................. 22
4.3.1 Teor de umidade ..................................................................................................... 23
4.3.2 Teor de cinzas ......................................................................................................... 23
4.3.3 Materiais voláteis .................................................................................................... 25
4.3.4 Carbono fixo ........................................................................................................... 25
4.3.5 Densidade aparente ................................................................................................. 26
4.3.6 Poder Calorífico Superior (PCS) ............................................................................ 26
4.3.7 Poder Calorífico Inferior (PCI)............................................................................... 28
4.3.8 Poder Calorífico Útil (PCU) ................................................................................... 28
4.3.9 Densidade energética .............................................................................................. 29
4.4 ENSAIO DE BRIQUETAGEM ................................................................................ 29
4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES ............................................................... 31
4.6 ENSAIO DE COMBUSTÃO .................................................................................... 31
VIII
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 35
5.1 GRANULOMETRIA DOS RESÍDUOS COLETADOS .......................................... 35
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................... 36
5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES ............................................................... 38
5.4 ENSAIO DE COMBUSTÃO .................................................................................... 41
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 44
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 45
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Produção Nacional de Feijão (em mil toneladas) safra 2015/1016................. 19
Figura 3.2 – Produção Nacional de Café (em mil sacas beneficiadas) safra 2015/1016. .... 20
Figura 4.1 – Mufla utilizada para a determinação do teor de cinzas. .................................. 24
Figura 4.2 – Cadinhos contendo o teor de cinzas após o ensaio para sua determinação. .... 24
Figura 4.3 – Recipiente para estimar a densidade aparente. ................................................ 26
Figura 4.4 – Peletizadora utilizada para transformação do feijão em pellet. ....................... 27
Figura 4.5 – Componentes internos da peletizadora utilizados para agregação do materia 27
Figura 4.6 – Calorímetro utilizado para obtenção do poder calorífico superior. ................. 28
Figura 4.7 – Briquetadeira utilizada no ensaio de compactação. ........................................ 30
Figura 4.8 – Tentativa mal sucedida de briquetagem para o café. ...................................... 31
Figura 4.9 – Esquematização do dispositivo de ensaio de combustão. ............................... 32
Figura 4.10 – Dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. ....................................... 33
Figura 4.11 – Parte interna do dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. .............. 33
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica da primeira amostra de feijão. ........................... 35
Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da segunda amostra de feijão. ........................... 35
Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da amostra de café. ............................................ 35
Figura 5.4 – Perda de massa pelo tempo nos ensaios de combustão. .................................. 42
Figura 5.5 – Temperatura pelo tempo nos ensaios de combustão ....................................... 43
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 – Média dos resultados obtidos a partir do material bruto ................................ 36
Tabela 5.2 – Média dos resultados obtidos a partir dos briquetes ....................................... 39
Tabela 5.3 – Taxa de perda de massa média nos ensaios de combustão. ............................ 41
XI
LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURAS E ABREVIAÇÕES
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
Bar - Bares (Unidade de Pressão)
CF - Carbono Fixo
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas
CO - Monóxido de Carbono
CO2 - Dióxido de Carbono
Cz - Teor de Cinzas
D - Densidade
DAp - Densidade Aparente
DEn - Densidade Energética
DF - Distrito Federal
ETOH - Etanol
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
g - Grama
GW - Gigawatt
H - Teor de Hidrogênio
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Kcal -Quilocaloria
Kg - Quilograma
KWh -Quilowatt-hora
LPF - Laboratório de Produtos Florestais
M - Massa da Amostra
MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
M0 - Massa do Cadinho
M1 - Massa do Cadinho + Resíduo
M2 - Massa do cadinho pós mufla a 900°C
MJ - Megajoule
MV - Teor de Materiais Voláteis
MW - Megawatt
XII
m³ - Metro cúbico
OIE - Oferta Interna de Energia
PCI - Poder Calorífico Inferior
PCS - Poder Calorífico Superior
SFB - Serviço Florestal Brasileiro
SINDIGRÃOS - Sindicato das Indústrias de Beneficiamento, Moagem, Torrefação e
Fabricação de Produtos Alimentares de Origem Vegetal do DF
TU - Teor de Umidade
US$ - Dólares
V - Volume da amostra
°C - Graus Celsius
12
1 INTRODUÇÃO
A humanidade sempre utilizou recursos da natureza para obter a energia necessária
para execução de suas tarefas e suas necessidades energéticas estão em constante evolução.
Ao longo da história constata-se que várias formas de energia têm provido nossas
necessidades, aumentando o consumo à medida que o homem utiliza novas técnicas
(TESSMER, 2009).
O maior crescimento do consumo mundial de energia esteve ligado ao impulso do
consumo de carvão mineral desde o fim do século XVIII, com a revolução industrial, e
ganhou mais força ao início do século XX com a utilização do petróleo como combustível,
acarretando um salto no desenvolvimento de novas tecnologias de produção industrial
(RIZZO e PIRES, 2005). Entretanto, o aumento da produção decorrente do uso de energias
de origem fóssil também gerou externalidades negativas, entre elas o aumento das
emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera (MOREIRA, 2011).
A biomassa é um recurso alternativo aos combustíveis fósseis, pois a
disponibilização generalizada da biomassa tem sido amplamente reconhecida, com seu
potencial para fornecer quantidades muito maiores de energia útil com menos impactos
ambientais que combustíveis fósseis (OLIVEIRA, 2014).
O Brasil está em posição de aumentar sua utilização da energia da biomassa,
oferecendo potencial considerável para a diversificação da energia, sendo berço mundial
da agricultura, portanto tem enorme potencial para a geração de energia através do uso de
culturas energéticas e resíduos agrícolas (GOLDEMBERG e MOREIRA, 2005;
ZERBINATTI, 2012).
No entanto, a biomassa residual das atividades agrícolas apresenta densidade muito
baixa, fato que pode inviabilizar projetos de aproveitamento energético deste material. A
briquetagem é uma alternativa viável para reduzir o volume da massa vegetal por consistir
na densificação energética da biomassa em um combustível sólido de alto poder calorífico,
denominado briquete. Com este processo, vários tipos de materiais podem ser prensados
em diversos formatos, como forma de substituir a lenha natural nas indústrias alimentícia,
metalúrgica, química, cerâmica ou outras que utilizem fornos para alimentar caldeiras ou
para secagem. A queima de biomassa “reciclável” se inclui entre as alternativas mais
13
econômicas e ambientalmente corretas, sendo uma energia renovável e sustentável, que
atende os preceitos do Protocolo de Kyoto (ZERBINATTI, 2012).
Estudos que analisem o potencial para geração de energia de resíduos
agroindustriais são importantes ferramentas na preservação ambiental, pois além de
diminuírem o acúmulo de materiais potencialmente poluentes representam uma alternativa
aos combustíveis fósseis.
2 OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo geral analisar o desempenho energético de
briquetes produzidos a partir de resíduos agroindustriais – de feijão e café – gerados em
atividades comerciais no Distrito Federal.
Como objetivos específicos têm-se:
Analisar a distribuição granulométrica dos resíduos agroindustriais;
Caracterizar as biomassas de acordo com suas propriedades físicas energéticas;
Caracterizar os briquetes produzidos a partir dos resíduos agroindustriais segundo
suas propriedades energéticas.
Analisar desempenho dos briquetes nos ensaios de combustão.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 MATRIZ ENERGÉTICA
Em caráter nacional, a matriz energética é o conjunto de recursos utilizados para
provimento energético de um país. Dentro desse contexto, estão inseridos todos os
prováveis elementos de origem, transformação e uso final da energia existente
(MARCOCCIA, 2007).
Em âmbito mundial, a matriz energética é composta em sua maioria por fontes
energéticas primárias não renováveis, e em particular os combustíveis fósseis – petróleo,
carvão mineral e gás natural. Estes combustíveis são grandes emissores de dióxido de
carbono (CO2), um dos gases relacionados ao efeito estufa, causador de elevação da
temperatura do planeta e de mudanças climáticas (VENTURA FILHO, 2009).
14
Atualmente são discutidas medidas mitigadoras, tais como a taxação de emissões
de carbono e a utilização de recursos energéticos renováveis como a energia solar, eólica, e
por meio da biomassa (GALDINO et al., 2009).
A utilização de fontes renováveis de energia proporciona não apenas benefícios
ambientais, mas também uma diversificação nas fontes de energia, reduzindo os riscos de
descontinuidade de abastecimento e obtendo ainda maior competitividade e preços mais
equilibrados (SALES, 2007).
De acordo com Tolmasquim (2012), o Brasil é grande referência para o mundo nos
dias de hoje, por ser identificado como potência energética e ambiental, e um país rico em
alternativas de produção das mais variadas fontes renováveis de energia (hidráulica, eólica,
etanol, biomassa, entre outras) com predominância ainda maior dessas fontes dentro de um
prazo de dez anos.
3.2 BIOMASSA E ENERGIA
Em 1850, a biomassa representava 85% do consumo mundial de energia e, antes
disso, era praticamente a única forma de energia usada pelo homem, além da força dos
ventos (para navegação), animais domesticados (na agricultura) e pequenas quantidades de
carvão para aquecimento residencial (GOLDEMBERG, 2009).
Apesar de constituir praticamente a única fonte de energia disponível ao longo da
história da humanidade, a biomassa perdeu importância ao longo do século XX, com o
aumento da disponibilidade de combustíveis fósseis, de elevada acessibilidade e de
elevado conteúdo energético, além de ser de baixo preço (AZEVEDO et al., 2011).
Até então, o uso de biomassa na forma primitiva e frequentemente predatória com
que era usada causava desmatamento e degradação do solo e, portanto, tornou-se
desaconselhável, passando a ser conhecida como o combustível dos mais pobres e
subdesenvolvidos (GOLDEMBERG, 2009).
A biomassa tem, no entanto, recebido atenção particular nos períodos de elevado
preço do petróleo. Foi o que se verificou nos anos 70 com a primeira crise do petróleo e,
mais recentemente, no início do século XXI, novamente por razões ligadas ao aumento do
preço dos combustíveis fósseis, mas também, em grande parte, pelo peso que as questões
15
ambientais associadas à produção, transporte e utilização dos combustíveis fósseis tiveram
junto à opinião pública e dos mercados a partir dos anos 60 (AZEVEDO et al., 2011).
A biomassa “moderna” começou a representar uma contribuição crescente e está,
portanto, em plena recuperação. As projeções para o futuro indicam que a importância da
biomassa aumentará muito, chegando a representar no fim do século 21 de 10 a 20% de
toda a energia usada pela humanidade (GOLDEMBERG, 2009).
Uma característica particular do Brasil é o desenvolvimento industrial em grande
escala e a aplicação de tecnologias de energia da biomassa. Bons exemplos disso são a
produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, o carvão vegetal oriundo de plantações de
eucaliptos, a cogeração de eletricidade do bagaço de cana e o uso da biomassa em
indústrias de papel e celulose (cascas e resíduos de árvores, serragem, licor negro etc.).
Portanto, a utilização de biomassa, além de ser competitiva comercialmente com o petróleo
é mais limpa, renovável e permite gerar mais empregos (GOLDEMBERG e LUCON,
2007).
Caracterizam-se biomassa vários materiais naturais e derivados, como madeiras e
espécies herbáceas, resíduos de madeira, bagaço, resíduos agrícolas e industriais, papel
usado, resíduo sólido urbano, serragem, biossólidos, grama, resíduos de processamento,
resíduos animais, plantas aquáticas, algas, entre outros (KIMURA, 2010).
A utilização da biomassa como insumo energético apresenta uma particularidade
em relação às outras fontes: o resultado do processo de conversão pode gerar vários tipos
de combustíveis (sólidos, líquidos ou gasosos). Outra característica importante da
biomassa é a grande variedade de formas encontradas com potencial para aproveitamento
energético, o que é uma grande vantagem, na medida em que confere grande flexibilidade
de adaptação (MÜLLER et al., 2005).
3.3 CONVERSÃO ENERGÉTICA DA BIOMASSA
Os métodos de transformação de biomassa geralmente se relacionam com a perda
de água do material, resultando no incremento imediato da sua capacidade térmica e do seu
poder de preservação, favorecendo as características de manipulação da biomassa e
tornando-a, por exemplo, um fluido, que pode ser tanto líquido quanto gasoso (KIMURA,
2010).
16
De acordo com Kimura (2010), madeiras e outras biomassas podem ser tratadas de
várias formas diferentes para combustíveis. Geralmente estes métodos são divididos em
biológicos e térmicos. Os principais processos biológicos de conversão são a fermentação e
a digestão anaeróbica, enquanto nos processos térmicos de conversão destacam-se a
combustão, torrefação, gaseificação, a liquefação e a pirólise.
3.3.1 Combustão
Dentre as técnicas de conversão energética de biomassa, a combustão representa
basicamente a reação química entre o hidrogênio e o carbono encontrados na biomassa
com o oxigênio, que normalmente é proveniente do ar. Este processo é o exemplo mais
antigo de utilização da biomassa para fins energéticos (KIMURA, 2009).
Assim como a pirólise, a combustão de biomassa é considerada um processo de
obtenção de energia renovável, visto que a biomassa libera sua energia em forma de calor e
o carbono é reoxidado, ou seja, transformado em CO2. Deste modo, o processo só retorna
para a atmosfera o CO2 incorporado pela planta na fase de crescimento, não colaborando
com o efeito estufa, já que o ciclo de crescimento e a combustão são autossustentáveis
(SANTOS, 2011).
A combustão direta da biomassa é a única tecnologia comercial utilizada em larga
escala, em caldeiras, em ciclos a vapor, com produção de 40 GW e em unidades médias
com potência de 20 MW. A combustão direta poderia atingir o valor de US$0,042/ kWh
com custos progressivamente menores da biomassa, e com alguns avanços tecnológicos
(pré-secagem do material, transporte/alimentação, fornalhas próprias para material com
alto teor de alcalis) (GENOVESE et al., 2006).
Industrialmente, a conversão da biomassa em energia acontece em fornalhas,
queimadores ou combustores. Em geral, os produtos da combustão são uma mistura dos
gases dióxido de carbono, monóxido de carbono, vapor d´água, nitrogênio e oxigênio. A
combustão fornece calor para a produção de vapor, e assim geração de energia (KIMURA,
2010).
A combustão de biomassa é largamente empregada para produzir calor para
aquecimento de ambientes, gerar vapor em caldeiras e movimentar turbinas geradoras de
eletricidade. Apesar da baixa eficiência para geração de eletricidade de 15% para plantas
17
pequenas e 30% para plantas maiores e mais modernas, o custo é competitivo quando são
usados rejeitos ou resíduos (GOMES, 2012).
Apesar do baixo rendimento na geração de energia, as tecnologias para maximizar
o potencial energético na combustão de biomassa estão amplamente desenvolvidas e em
estado avançado de maturidade comercial, utilizando a combustão direta da biomassa em
fornalhas adequadamente projetadas e construídas (LEAL, 2005).
3.4 BRIQUETAGEM/COMPACTAÇÃO
A briquetagem é uma das alternativas tecnológicas para o melhor aproveitamento
dos resíduos de biomassa, consistindo num processo de trituração e compactação que
utiliza elevadas pressões para transformar os referidos resíduos em blocos denominados de
briquetes, os quais possuem melhor potencial de geração de calor (energia) em relação aos
resíduos in natura (ALVES JÚNIOR et al., 2003).
Quirino (1991) afirma que a briquetagem é uma forma bastante eficiente para
concentrar a energia disponível da biomassa. Segundo o autor, 1,00m³ de briquetes contém
pelo menos 5 vezes mais energia que 1,00m³ de resíduos, levando-se em consideração a
densidade a granel e o poder calorífico médio do material.
Visando a utilização energética dos combustíveis de biomassa é desejável uma alta
densidade energética, ou seja, uma maior quantidade de energia por unidade de volume
(PROTÁSIO et al., 2012), portanto a briquetagem transforma resíduos de baixa densidade
em produto densificado e com alto potencial energético (QUIRINO et al., 2004).
Gonçalves et al. (2010) comenta que materiais orgânicos, como os usados no
presente estudo, apresentam elevada umidade e dificuldade de moagem em partículas entre
5 e 10mm, podendo limitar tecnicamente sua briquetagem. Morais et al. (2006) também
elucidam em seu estudo que a granulometria é um fator decisivo para a obtenção dos
briquetes de carvão de casca de arroz.
A utilização da biomassa através de briquetes pode resultar num modelo que dê
sustentabilidade a um sistema empresarial urbano e rural, garantindo a autonomia
energética de uma pequena comunidade, funcionando como um fator de desconcentração
18
de renda e descentralização do poder, visto que a capacidade produtiva de uma região está
intimamente ligada ao potencial energético (ALVES JUNIOR e SANTOS, 2002).
Outras vantagens do uso de briquete são: fácil estocagem, melhoria significativa na
ergonomia dos funcionários que alimentam a caldeira e diminuição da insalubridade na
alimentação da caldeira, pois o funcionário fica menos tempo exposto ao calor (ROCHA et
al., 2009).
3.6 RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS
Questões ambientais têm alavancado o interesse por fontes renováveis e os resíduos
agroindustriais tornaram-se uma fonte importante para a produção de novos materiais, de
produtos químicos e de energia (ROSA et al., 2011).A utilização da biomassa como fonte
de energia é uma das opções para se mitigar os malefícios do aquecimento global
(PROTÁSIO et al., 2012).
Qualquer matéria-prima orgânica com possibilidades de ser transformada em
energia pode ser enquadrada como biomassa e, de acordo com sua origem, pode ser
agrícola (arroz, cana-de-açúcar, soja, entre outros), florestal (madeira) ou oriundas de
rejeitos urbanos ou industriais, sólidos ou líquidos (ANEEL, 2008).
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores agrícolas do mundo e, em
consequência disto, é capaz de gerar grandes quantidades de rejeitos e resíduos
agroindustriais (SOUZA et al., 2012).
Diversas são as fontes alternativas de energia que apesar de não poderem substituir
o petróleo em sua totalidade, podem contribuir para a redução de seu consumo. A geração
de energia a partir de biomassa tem sido estudada por diversos autores (LEITE et al., 2003;
GONÇALVES et al., 2009; SOUZA et al., 2010).
3.6.1 Feijão
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, com produção média anual de 3,5
milhões de toneladas. Típico produto da alimentação brasileira é cultivado por pequenos e
grandes produtores em todas as regiões (MAPA, 2015).
19
Figura 3.1 – Produção Nacional de Feijão (em mil toneladas) safra 2015/2016.
Fonte: CONAB (2016), adaptada pelo autor.
Gonçalves et al. (2010) afirma que a cadeia de produção de grãos de feijão, o
beneficiamento e a comercialização dos mesmos geram ocupação e renda, principalmente
para a classe menos privilegiada, tornando o feijão um dos produtos agrícolas de maior
importância econômico-social, devido especialmente à mão-de-obra empregada desde o
preparo para o plantio até o produto embalado nas prateleiras do mercado.
A produção de massa seca, de grão de feijão por hectare é de 1.350 kg, de palhada
da vagem é de 432 kg, de caule 810kg e de folha senescente, 1.032 kg. Logo, o resíduo
gerado na cultura de feijão chega a 60% do total da colheita (CHAGAS et al., 2007).
3.6.2 Café
Tendo em vista que o Brasil é o maior produtor de café do mundo, seus resíduos
podem se destacar como matéria-prima com grande potencial energético. Em 2016 a
previsão de colheita é de 49,13 a 51,94 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado
em uma área estimada de 1.977,5 mil hectares (CONAB, 2016), sendo que a produção de
resíduos do processamento do café pode chegar a 50% da colheita (ROCHA et al., 2006).
De acordo com Vilela et al. (2001) o beneficiamento do café ocorre por via seca, no
qual o fruto do café é seco ao sol ou em pré-secadores e secadores artificiais, o que resulta
em resíduos formados por casca e pergaminho, com rendimento de aproximadamente 50%
do peso colhido.
20
Figura 3.2 – Produção Nacional de Café (em mil sacas beneficiadas) safra 2015/1016.
Fonte: CONAB (2016), adaptada pelo autor.
O resíduo do beneficiamento do café (material lignocelulósico), se disposto
inadequadamente, pode causar a poluição de solos e águas (BRUM et al., 2008). Os
resíduos de café são utilizados tanto para adubação dos cafezais como para queima em
fornalhas, podendo, também, ser utilizado como briquete energético (GIOMO, 2006).
De acordo com Vale et al. (2007), dois milhões de toneladas de casca de grãos de
café são produzidas anualmente no Brasil tornando-o um resíduo interessante do ponto de
vista da produção de energia.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios contemplados nesta pesquisa foram desenvolvidos na Plataforma de
Energia da Biomassa (PEB) do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal
Brasileiro (LPF-SFB) situado em Brasília – DF.
4.1 AMOSTRAGEM
Para amostragem foi feito um levantamento bibliográfico das culturas mais
importantes do Distrito Federal e sua geração de resíduos. Por meio do sistema FIBRA
contatou-se o SINDIGRÃOS (Sindicato das Indústrias de Beneficiamento, Moagem,
Torrefação e Fabricação de Produtos Alimentares de Origem Vegetal do Distrito Federal) a
fim de estabelecer proximidade com as empresas, objetivando a coleta de amostras.
21
Após a listagem e seleção das empresas fornecidas pelo SINDIGRÃOS, as com
potencial para a produção de resíduos foram selecionadas e foi estabelecido o contato com
cada uma delas para a possível disponibilização de material para as análises em estudo. Os
materiais fornecidos foram os resíduos agroindustriais de café e feijão.
4.1.1 A mostra de feijão
O resíduo de feijão coletado provém de uma fábrica de ensacamento de feijões, em
que eles já vêm beneficiados, ou seja, somente é feita a limpeza do feijão para que ele
esteja próprio para o consumo. A fábrica visitada localiza-se em Taguatinga Sul, em um
setor especializado de indústrias.
Dentro do resíduo gerado encontram-se pequenas folhas, vagens pequenas e secas,
cascas de feijões e alguns pedaços de plástico, devido à falta de cuidado e higienização do
espaço.
Há duas etapas de deposição de resíduos na indústria. Embora o resíduo pareça
homogêneo, a primeira etapa apresenta maior concentração de partículas pequenas e poeira
em relação à primeira.
Foram coletados dois sacos de 10 kg cada dos dois resíduos de etapas diferentes
para posteriores análises em laboratório. Desta forma, o estudo contemplou dois tipos de
feijão, um primeiro com mais resíduos, principalmente plástico, chamado no estudo de
Feijão 1 e um segundo com menos concentração visual de tais impurezas, chamado de
Feijão 2.
4.1.2 Amostra de café
Na coleta do resíduo de café visitou-se outra fábrica - de torrefação, moagem e
ensacamento do pó de café para comercialização - que produz resíduos agroindustriais a
partir do tratamento do material já beneficiado. Na fábrica, situada também em Taguatinga
Sul, existem três locais diferentes de depósito para os três respectivos tipos de resíduos
gerados. O primeiro é mais contaminado com outros materiais, pois tem a presença de
grãos de café inutilizados e pequenos pedaços de madeira. O segundo, proveniente da
segunda etapa de limpeza e seleção do café é composto somente de grãos de café que não
são próprios para consumo. Já o terceiro diz respeito a todo o resíduo acumulado em
22
partículas pequenas que, ao invés de ficar suspenso no ar durante todo processo de
trituração, é conduzido para grandes sacos, evitando mal-estar dos funcionários e mau
funcionamento das máquinas. Para o estudo foi utilizado apenas o material com menos
impurezas, composto somente por grãos não próprios para o consumo.
4.1.3 Amostra da mistura de feijão e café
Inicialmente, a compactação do material se daria pela fabricação de briquetes de
café e briquetes de feijão, separadamente.
O resíduo usado do feijão foi facilmente compactado, entretanto para o de café não
foi possível compactar, pois sua composição apresenta elevados teores de óleo, impedindo
a confecção do briquete. Como alternativa foi realizada a mistura dos dois materiais (feijão
e café) para a compactação. Tal mistura foi feita com uma proporção de 30% de café e
70% de feijão a partir de ensaios pilotos para testar as proporções viáveis para essa mistura
e desta forma foram avaliadas suas propriedades energéticas.
4.2 PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras foram acondicionadas na Plataforma de Energia da Biomassa (PEB)
do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB).
A distribuição granulométrica foi a primeira análise na qual as biomassas foram
submetidas. Na análise de granulometria foram usadas três peneiras de diferentes
tamanhos.
A primeira de 6,35mm, a segunda 2,38mm e a terceira 1,40mm, sem contar com o
fundo da estrutura. O peneiramento ocorreu por 20 minutos, em uma escala 10 de vibração.
Para moagem o material foi armazenado de modo que evitasse o ganho de umidade,
facilitando o uso no moinho. O moinho de facas utilizado encontra-se no galpão de
produtos do LPF.
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL
Para caracterização das amostras foram realizadas as análises das propriedades
químicas, físicas e energéticas, identificando o teor de umidade, densidade aparente, teor
de carbono fixo, teor de materiais voláteis, teor de cinzas e poder calorífico.
23
As amostras foram separadas por peneiramento, separando uma quantidade
considerável do material utilizando a peneira de 60 mesh. O peneiramento foi realizado por
10 minutos, utilizando a escala 10 de vibração e, também, de forma manual, com a ajuda
de pincel.
Segundo os protocolos de análises adotados na PEB, o material retido acima da
malha de 60 mesh foi usado nos ensaios de análise química imediata – como teor de cinzas
e materiais voláteis – no teor de umidade e poder calorífico superior (PCS). A análise
química imediata e o teor de umidade foram determinados de acordo com a norma ABNT
NBR 8112/83.
4.3.1 Teor de umidade
Para medição do teor de umidade foram utilizados para cada amostra dois cadinhos
de porcelana com 7 a 15 gramas de cada material, sendo o teor de umidade a média entre
essas duas repetições. Este material encontrava-se em equilíbrio com a umidade do
ambiente e, após a pesagem, foi colocado em estufa para secagem até atingir massa
constante. O teor de umidade foi obtido pelo quociente da massa úmida em equilíbrio e da
massa obtida após a secagem, de acordo com a norma COPANT 460 (1972).
4.3.2 Teor de cinzas
O ensaio para determinar o de teor de cinzas foi realizado em forno mufla marca
Quimis modelo Q318S24 (Figura 4.1), com uma temperatura de 700°C e com as amostras
secas a 0% de umidade. Foram pesadas, em uma balança digital de precisão, as amostras
em triplicata (três repetições) com aproximadamente 1g do material. Os cadinhos (Figura
4.2) então foram colocados de forma ordenada no interior da mufla, com o auxílio de
equipamentos de proteção individual e, depois de fechada, esperou-se cerca de 5 horas para
retirada do material. Após a retirada, os cadinhos foram colocados no dessecador por cerca
de 15 minutos para resfriamento e foi feita uma nova pesagem do material. A Equação 4.1
apresenta o cálculo da porcentagem de cinzas.
(Equação 4.1)
24
Em que:
CZ = teor de cinzas (%);
M = massa da amostra (g);
M0 = massa do cadinho (g);
M1 = massa do cadinho + amostra (g).
Figura 4.1 – Mufla utilizada para a determinação do teor de cinzas.
Figura 4.2 – Cadinhos contendo o teor de cinzas após o ensaio para sua determinação.
25
4.3.3 Materiais voláteis
Para o ensaio de materiais voláteis foi usado um grama das amostras secas a 0%.
As amostras foram colocadas em cadinhos de porcelana com massas conhecidas e
devidamente tampados. Em seguida foram posicionadas na porta da mufla, com a mesma
já aquecida a 900ºC, durante 3 minutos e, depois no interior da mufla por mais 7 minutos.
Todo o procedimento aconteceu em tempo corrido. Depois desse período os cadinhos
foram retirados e colocados no dessecador para resfriamento e posterior pesagem. Assim,
com novos valores de massa, foi possível obter o teor de materiais voláteis a partir da
Equação 4.2. Foram feitas três repetições para cada amostra.
(Equação 4.2)
Em que:
MV = Teor de materiais voláteis (%);
M = Massa da amostra (g);
M1 = Massa do cadinho + amostra (g);
M2 = Massa do cadinho pós mufla à 900ºC (g).
4.3.4 Carbono fixo
Obtidos os valores para o teor de cinzas e para o teor materiais voláteis foi
calculado o teor de carbono fixo pela Equação 4.3.
(Equação 4.3)
Em que:
CF = Teor de carbono fixo (%);
CZ = Teor de cinzas (%);
MV = Teor de materiais voláteis (%).
26
4.3.5 Densidade aparente do granel
A densidade do material bruto ou in natura foi obtida através da massa e do volume
do recipiente utilizado para pesagem. Na Figura 4.3 é possível observar o recipiente
contendo os resíduos de feijão e os grãos defeituosos de café. Devido à irregularidade da
amostra in natura utilizada, foi necessário fazer doze pesagens, desconsiderando o valor
mais alto e o mais baixo e tirando a média aritmética. Assim, a densidade aparente do
granel foi calculada pela Equação 4.4.
(Equação 4.4)
Em que:
D = Densidade (kg/m³);
M = massa da amostra (kg);
V = volume da amostra (m³).
Figura 4.3 – Recipiente para estimar a densidade aparente. Á esquerda o recipiente
contendo os resíduos de feijão e à direita o recipiente com café.
4.3.6 Poder Calorífico Superior (PCS)
Para estimar o valor do poder calorífico superior para a amostra de feijão foi
necessária a peletização da amostra com auxílio da peletizadora hidráulica marca Specac
modelo GS15011, com configuração de carga máxima de 15 toneladas (Figuras 4.4 e 4.5)
27
para posterior determinação do PCS. Utilizou-se aproximadamente 1 grama para tal
procedimento.
Para a amostra de café, fez-se necessário o uso do material apenas triturado,
peneirado e misturado nas proporções de 30% de café e de 70% de feijão, pois o café não
foi viável para a peletização.
O poder calorífico superior foi obtido a partir de um calorímetro com bomba de
oxigênio marca Parr modelo 6400 (Figura 4.6) no Laboratório de Energia do LPF.
Figura 4.4– Peletizadora utilizada para transformação do feijão em pellet.
Figura 4.5 – Componentes internos da peletizadora utilizados para agregação do material.
28
Figura 4.6 – Calorímetro utilizado para obtenção do poder calorífico superior. À direita o
equipamento aberto no local onde as amostras são inseridas.
4.3.7 Poder Calorífico Inferior (PCI)
O poder calorífico inferior (PCI) foi calculado de acordo com teor de hidrogênio e
de acordo com a Equação 4.5, citada por Gomide (1984).
(Equação 4.5)
Em que:
PCI = Poder Calorífico Inferior (kcal/kg);
PCS = Poder Calorífico Superior (kcal/kg);
H = Teor de hidrogênio (considere 6%).
4.3.8 Poder Calorífico Útil (PCU)
Por fim, foi determinado o valor de poder calorífico útil (kcal/kg) onde o teor de
umidade do resíduo é considerado. Ele foi calculado de acordo com a equação 4.6,
seguindo as orientações de Brito (1993) e Vale et al. (2007).
29
Em que:
PCU = Poder Calorífico Útil (kcal/kg);
PCI = Poder Calorífico Inferior (kcal/kg);
U = Teor de umidade da amostra em base úmida (%).
4.3.9 Densidade energética
A densidade energética (MJ/m³) foi obtida através da simples multiplicação entre o poder
calorífico útil (PCU) e a densidade aparente do granel das amostras briquetadas e não
briquetadas.
4.4 ENSAIO DE BRIQUETAGEM
Para o ensaio de compactação, fez-se uso do material in natura, sem nenhum tipo
de moagem ou separação granulométrica. Adotou-se esse método para que o trabalho fosse
eficaz em mostrar o rendimento energético do material sem nenhum tratamento,
juntamente com seu baixo custo de produção e alta eficiência.
Os parâmetros adotados no ensaio seguem as normas utilizadas na PEB Laboratório
de Energia do LPF.
Para o ensaio foram devidamente separados e pesados cerca de 40g de cada
material que em seguida foram inseridos na briquetadeira (Figura 4.7) com a ajuda de um
funil.
O material foi comprimido sob pressão de 100 bar e temperatura de 100ºC durante
5 minutos. Após esse período, o material foi retirado e resfriado durante 15 minutos.
Foram feitos briquetes de feijão e de feijão+café (70% feijão + 30% café). Devido ao alto
teor de óleo na sua composição, o café não compacta no equipamento utilizado (Figura
4.8), não suportando nem mesmo a etapa de resfriamento.
30
Figura 4.7 – Briquetadeira utilizada no ensaio de compactação.
31
Figura 4.8 – Tentativa mal sucedida de briquetagem para o café.
4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES
A primeira pesagem de cada briquete foi realizada logo após o resfriamento e
depois foram pesados diariamente até atingirem massa constante. O material foi pesado e
colocado na estufa para secagem e devido acompanhamento. Após a estabilização da
massa, fez-se o cálculo de teor de umidade utilizando a norma COPANT 460 (1972).
Devido ao fato dos briquetes não serem cilindros perfeitos, para a densidade
aparente foi necessário mensurar seis medidas de largura de cada briquete e duas de
comprimento. Foi feita então a média das duas medidas e utilizando a Equação 4.4 descrita
anteriormente para o cálculo da densidade aparente dos briquetes.
O poder calorífico superior (PCS) foi obtido pelo calorímetro, assim como para os
materiais in natura e o poder calorífico inferior (PCI) foi calculado de acordo com a
Equação 4.5, descrita anteriormente.
4.6 ENSAIO DE COMBUSTÃO
Com o intuito de avaliar o comportamento dos briquetes frente à combustão, foi
utilizado o dispositivo de ensaio ilustrado na Figura 4.9. Trata-se de um reator composto
32
por duas bandejas preenchidas com lã de vidro (1) para isolamento térmico, uma balança
com precisão de 0,1 g (2), um forno cilíndrico com abertura nas duas extremidades (3),
sendo que na abertura inferior foi inserida uma placa metálica com etanol (4), uma tela
para suportar os materiais a serem queimados (5), uma “camisa” que fica em volta do
forno (6), um termopar (7) para acompanhamento da temperatura e um cronômetro (8)
para o tempo. O sistema ficou montado abaixo de um exaustor (9).
Figura 4.9 – Esquematização do dispositivo de ensaio de combustão.
Para os ensaios de combustão foram utilizados os 6 briquetes produzidos de feijão e
de feijão+café, sendo realizadas 3 repetições do ensaio (utilizando cada um 2 briquetes).
Os briquetes foram colocados "deitados" na tela do forno, centralizados e
encostados um no outro. A massa inicial foi anotada e o termopar foi ligado, posicionando
seu medidor próximo aos briquetes e no mesmo local para todas as repetições do ensaio. O
exaustor foi acionado e cerca de 30 ml de etanol foram adicionados na placa metálica em
três momentos distintos do ensaio, totalizando 90ml por teste e sempre posicionando a
33
placa logo abaixo dos briquetes sobre a tela. A combustão foi iniciada e o tempo foi
cronometrado. A queima do etanol foi acompanhada até extinção da chama estimando os
valores de massa, temperatura e tempo durante o ensaio. Um indicativo usado da queima
completa do material foi quando sua massa atingiu valor próximo ao do teor de cinzas. As
Figuras 4.10 e 4.11 ilustram o dispositivo utilizado e seus principais componentes
(termopar marca Almemo modelo 2590-9, balança eletrônica marca Marte modelo A5000
e a estrutura metálica) no ensaio de combustão.
Figura 4.10 – Dispositivo utilizado para o ensaio de combustão.
Figura 4.11 – Parte interna do dispositivo utilizado para o ensaio de combustão. À
esquerda os briquetes antes de iniciada a combustão e à direita os briquetes durante a
combustão.
34
4.6.1 Caracterização da combustão
Nesta etapa foi analisado o tempo (em minutos) necessário para combustão, a perda
de massa do material (em g/minuto) e a temperatura. As variáveis de estudo na combustão
foram analisadas através de gráficos de perda de massa pelo tempo, temperatura pelo
tempo e temperatura pela perda de massa dos ensaios e a taxa de perda de massa pelo
tempo foi calculada para cada tipo de briquete.
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos na caracterização das amostras do material in natura e dos
briquetes foram submetidos à análise estatística pelo software Assistat 7.7, contendo
médias e desvios padrão. Foi realizada a análise de variância (ANOVA), a fim de verificar
se existiu diferença estatística entre as médias dos tratamentos analisados entre os
diferentes materiais e entre os tipos de briquetes produzidos, bem como entre as taxas de
perda de massa calculadas para o ensaio de combustão. Para os dados em que a média
diferiu estatisticamente, ou seja, os dados em que o valor de F foi significativo (α=0,05)
aplicou-se o teste de média de Tukey a 5% de significância.
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 GRANULOMETRIA DOS RESÍDUOS COLETADOS
As figuras 5.1, 5.2 e 5.3 apresentam as distribuições granulométricas dos resíduos
coletados.
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica da primeira amostra de feijão.
Figura 5.2 – Distribuição granulométrica da segunda amostra de feijão.
Figura 5.3 – Distribuição granulométrica da amostra de café.
77%
15% 6% 2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo
89%
9% 2% 0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo
6%
92%
2% 0% 0%
20%
40%
60%
80%
100%
6,35mm 2,38mm 1,40mm fundo
36
Na distribuição granulométrica dos materiais coletados, pode-se observar que a
maior parte das duas amostras de resíduo de feijão ficaram retidas na malha de 6,35mm, o
que se deve ao fato do resíduo ser constituído basicamente por folhas secas de feijão e
cascas do mesmo. Enquanto que o café coletado é, em sua maioria, composto por grãos de
café impróprios para consumo, ficando a maior parte retida na malha de 2,38mm. Apesar
de em análise visual as amostras apresentarem-se heterogêneas a granulometria analisada
foi bem semelhante para as duas amostras de feijão.
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS
A Tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos a partir da caracterização das amostras
brutas do material coletado.
Tabela 5.1 – Média dos resultados obtidos a partir do material bruto
Amostras TU MV CZ CF PCS PCI PCU DAp DEn
% % % % MJ/kg MJ/kg MJ/kg kg/m³ MJ/m³
Feijão 1 19,27a
(0,10)
66,99c
(0,20)
18,50a
(0,27)
14,51c
(0,16)
15,49b
(0,08)
14,13b
(0,08)
10,92b
(0,05)
66,98b
(1,51)
731,38b
(3,27)
Feijão 2 18,46b
(0,18)
68,52b
(0,45)
15,59b
(0,38)
15,89b
(0,70)
16,00b
(0,08)
14,64b
(0,08)
11,47
(0,04)
70,78b
(0,86)
811,53b
(2,64)
Café 12,91c
(0,23)
77,34a
(0,16)
4,95c
(0,04)
17,71a
(0,16)
20,02a
(0,27)
18,67a
(0,27)
15,92
(0,29)
371,59a
(7,82)
5917,32a
(106,45)
Em que: TU = teor de umidade; MV = teor de materiais voláteis; CZ = teor de cinzas; CF =
carbono fixo; PCS = poder calorífico superior; PCI = poder calorífico inferior; PCU, poder
calorífico útil; DAp = densidade aparente; DEn = densidade energética.
Os valores entre parênteses são referentes ao desvio padrão. Valores assinalados com letras
diferentes para as médias foram verificados pela análise de variância.
O teor de umidade médio da primeira amostra de resíduo de feijão foi de 19,27%,
enquanto o da segunda foi de 18,46% e os resultados apresentaram diferença estatística
significativa entre eles, assim como entre o café, que obteve teor de umidade médio
consideravelmente inferior, de 12,91%. Araujo et al. (2010) encontraram para o resíduo de
feijão teor de umidade médio de 16,49%, inferior aos encontrados pelo estudo. Durante o
processamento primário do café, as bagas são sujeitas a secagem, de modo a obter um teor
de umidade próximo ou inferior a 12% em massa antes do processo de remoção da casca,
onde os grãos de café são separados das cascas (RABAÇAL, 2010), o que pode explicar o
teor de umidade inferior do café em relação ao feijão no estudo.
37
Conforme esperado, a densidade aparente do granel do café (371,59 kg/m³) foi
muito superior à dos dois tipos de resíduo de feijão (66,98 e 70,78 kg/m³), tendo em vista
que, em um mesmo volume de grãos de café cabe menos resíduo de feijão, já que o resíduo
utilizado no estudo apresentava elevado teor de impurezas como terra e pedaços de
plástico, corroborando com os dados encontrados na distribuição granulométrica.
Nas análises imediatas observam-se valores próximos relativos aos teores de
materiais voláteis nas diferentes amostras de resíduo de feijão (66,99% e 68,52%,
sequencialmente), enquanto o café apresenta um valor um pouco mais elevado, de 77,34%,
entretanto todos foram diferentes entre si estatisticamente. De acordo com Paula (2010), os
resultados de materiais voláteis, tanto para o resíduo de feijão quanto para o resíduo de
café apresentam valores superiores. Em seu estudo os resíduos de feijão apresentaram
77,53% de materiais voláteis e os resíduos de café 80,39%, levando em conta na análise o
caule e vagem do feijão e o caule e pergaminho do café, possivelmente causando as
diferenças encontradas entre os valores com os resultados obtidos, de forma que o material
com menor granulometria parece possuir menos teor de materiais voláteis.
Para o teor de cinzas, os resultados para as amostras de resíduo de feijão
apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si e entre o teor de cinzas do
café, que apresentou valor bem inferior em relação aos encontrados para o resíduo de
feijão (4,95% em relação aos de 18,50% e 15,59% para as análises com feijão). O café
para essa propriedade apresentou resultado próximo ao encontrado por Ramos et al. (2009)
de 4,33%. O autor, assim como neste estudo, também utilizou grãos de café defeituosos em
seu estudo.
Apesar do baixo valor encontrado para o teor de cinzas do café em comparação ao
dos resíduos de feijão, seu alto teor de voláteis equilibra essa diferença fazendo com o que
o carbono fixo do café (17,71%) seja maior que os valores de feijão 1 (14,51%) e feijão 2
(15,89%).
O poder calorífico superior (PCS) do café apresenta um valor superior (20,02
MJ/kg) quando comparado aos valores dos resíduos de feijão (15,49 MJ/kg e 16,00
MJ/kg), provavelmente pelo café possuir uma quantidade significativa de óleo em sua
composição, variando de 10 a 13% no café verde (FONSECA, 1971).
38
Paula (2010) encontrou para os resíduos de caule do feijão PCS de 18,79 MJ/kg e
para resíduos da vagem do mesmo 17,66 MJ/kg, superiores ao encontrado no estudo. A
mesma autora encontrou para os resíduos de caule do café PCS de 19,02 MJ/kg e para os
resíduos do pergaminho 18,59 MJ/kg, inferiores ao encontrado no estudo para o café. Para
o feijão, os resíduos provenientes do caule e vagem parecem mais interessantes do ponto
de vista energético em relação ao material coletado neste estudo, que apresentava uma
série de resíduos como folhas secas e cascas, enquanto que os grãos de café forneceram
resultado melhor de poder calorífico no estudo quando comparados ao caule e pergaminho
relatados por Paula (2010).
Quirino et al. (2005) relata o valor de PCS para a palha de milho de 14,94 MJ/kg e
para a casca de arroz de 15,62 MJ/kg. Jenkins (1990) encontrou para o bagaço de cana
PCS de 17,33 MJ/kg. Coelho e Costa (2007) relatam valores de PCS de 15,09 MJ/kg para
casca de arroz, González et al. (2006) de 16,00 MJ/kg para sorgo e Protásio et al. (2011) de
19,28 MJ/kg para os resíduos do processamento do café. Zerbinatti (2012) encontrou
valores de 16,77 MJ/kg e 16,25 MJ/kg para o PCS e PCI, respectivamente, para amostras
compostas somente por palha de café e Seye et al. (2013) PCS de 17,33 MJ/kg. A média
dos valores de PCS citados acima é de 16,54 MJ/kg, comprovando que os resultados
encontrados neste estudo, onde o menor valor é 15,49 MJ/kg para o resíduo de feijão e o
maior valor é 20,02 MJ/kg para o resíduo de café, se aproximam do valor encontrado por
vários outros autores. Entre os diferentes resíduos agroindustriais estudados na literatura
supracitada os grãos de café defeituosos utilizados no estudo parecem superiores
energeticamente, já que o poder calorífico é um excelente parâmetro para se avaliar a
potencialidade energética de combustíveis de biomassa (BRAND, 2010).
5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS BRIQUETES
A Tabela 5.2 apresenta a média dos resultados obtidos a partir dos briquetes. Cabe
novamente ressaltar que a decisão de misturar os materiais foi dada pela necessidade, pois
o teor de óleo presente no café impede a briquetagem do material puro.
A partir dos resultados de granulometria foi possível observar que os resíduos de
feijão 1 e 2, que a princípio eram heterogêneos, são homogêneos. A partir disso os
briquetes de resíduo de feijão foram fabricados de um mesmo material, não sendo
necessária a distinção entre eles.
39
Tabela 5.2 – Média dos resultados obtidos a partir dos briquetes
Briquetes TU PCS PCI PCU DAp DEn
% MJ/kg MJ/kg MJ/kg kg/m³ MJ/m³
Feijão 14,29a
(0,20)
15,74b
(0,36)
14,38b
(0,36)
11,97b
(0,31)
1233,25a
(38,84)
14.756,30b
(380,93)
Feijão+Café 13,98a
(0,16)
17,51a
(0,20)
16,16a
(0,20)
13,54a
(0,87)
1200,99a
(23,41)
16.259,91a
(204,40)
Em que: TU = teor de umidade; PCS = poder calorífico superior; PCI = poder calorífico
inferior; PCU = poder calorífico útil; DAp = densidade aparente; DEn = densidade energética.
Os valores entre parênteses são referentes ao desvio padrão. Valores assinalados com letras
diferentes para as médias foram verificados pela análise de variância.
Para os resultados referentes ao teor de umidade observa-se que o valor
diminuiu nos briquetes em relação ao material in natura (de 18,87% para 14,29%, que é a
média dos teores de umidade dos dois tipos de feijão). O valor obtido para o teor de
umidade dos briquetes da mistura (feijão + café) foi inferior ao teor de umidade encontrado
para os briquetes de resíduo de feijão, mas estatisticamente não significativo, de forma que
os dois tipos de briquete não apresentaram diferença considerável em relação ao teor de
umidade.
Elevado teor de umidade pode dificultar a ignição e reduzir a temperatura, dado
que a vaporização da água é uma reação endotérmica (RABAÇAL, 2010). Desta forma, os
resultados para os teores de umidade dos briquetes em relação ao material in natura são
importantes e representam melhoria dos briquetes em relação ao material não compactado,
já que diminuíram o teor de umidade. Reis et al. (2002) relatam que briquetes com teor de
umidade superior a 15% podem comprometer a eficiência de sua combustão devido a
relação negativa entre poder calorífico e umidade.
Em estudo avaliando a briquetagem de resíduos da cultura de café, Zerbinatti
(2012) observou a tendência de aumento da umidade nos briquetes em tratamentos que
foram compostos por misturas com maior quantidade de palha, o que levou,
provavelmente, a uma diminuição do poder calorífico superior (PCS) e inferior (PCI) tendo
as amostras umidade superior a 15%, quando briquetes com teores de umidade em torno de
12% resultaram em maiores PCS e PCI. Adicionalmente Cortez et al. (2008) comentam
que o valor quantitativo do poder calorífico pode variar muito de acordo com o teor de
umidade da biomassa, portanto a diferença é a energia requerida para evaporar a umidade
40
presente no combustível e a água de formação obtida a partir da oxidação do hidrogênio do
combustível.
Em relação à densidade aparente os valores encontrados para os resíduos de feijão e
para a mistura não apresentaram diferença estatística. A densidade aparente do briquete de
resíduos de feijão – obtidos a partir da vagem e da folha – do estudo foi superior ao do
briquete, também de resíduo de feijão – porém do caule e da vagem -, de Paula (2010). O
valor encontrado no estudo foi de 1.233 kg/m³ e o encontrado pela autora de 916 kg/m³.
A compactação do material proporcionou a elevação de 11,2% da densidade
aparente em dos briquetes em relação ao material bruto e consequentemente a densidade
energética para os briquetes foi superior, elevando a qualidade energética do material.
O poder calorífico superior (PCS) para o briquete de resíduos de feijão não foi
alterado pelo processo de briquetagem, porém os briquetes produzidos com a mistura de
resíduos de feijão e café se apresentaram superior, com significativa diferença estatística,
valor de PCS, PCI e densidade energética, elucidando a influência positiva e considerável
do material oleoso presente no café.
Morais et al. (2006) encontraram PCS de 17,73 MJ/kg para briquetes produzidos
com casca de arroz, valor superior ao encontrado para os resíduos de feijão e ligeiramente
superior ao encontrado para a mistura de resíduo de feijão e café no estudo. Os valores de
PCS no estudo também não se apresentaram muito inferiores aos encontrados para
briquetes produzidos de Eucalytpus sp no estudo de Quirino et al. (2012), de 18,95 MJ/kg.
Chrisostomo (2011) encontrou para briquetes produzidos com bagaço de cana PCS
de 17,38 MJ/kg, valor ligeiramente superior ao estudo para a mistura de resíduos de café e
de feijão. O autor encontrou ainda valores de PCS para briquetes com serragem de
eucalipto 18,63 MJ/kg e para os briquetes de serragem de pinus 19,64 MJ/kg.
Com relação ao PCU, que leva em consideração a umidade presente nos briquetes de
resíduo de feijão e de feijão com café, pode-se observar uma melhoria nos valores quando
adicionado café, evidenciando que o incremento deste material ao feijão melhora as suas
propriedades energéticas.
41
5.4 ENSAIO DE COMBUSTÃO
Os ensaios de combustão utilizando os briquetes fabricados de resíduo de feijão
tiveram tempo médio de duração de 38 minutos, enquanto os ensaios que utilizaram os
briquetes fabricados de resíduo de feijão e café tiveram duração de 28 minutos.
As taxas médias de perda de massa para os ensaios de combustão com os briquetes
de resíduos de feijão e de resíduos de feijão com café são apresentadas na Tabela 5.3. Elas
foram geradas a partir da observação dos valores de minuto em minuto.
Tabela 5.3 – Taxa de perda de massa média nos ensaios de combustão.
Briquetes Repetição Taxa de perda de massa (g/minuto)
Feijão
1 1,78 1,84b
2 2,43
3 1,33
Feijão + café
1 2,29
2,41a 2 2,17
3 2,79
Valores assinalados com letras diferentes para as médias foram verificados pela análise de
variância.
Analisando os dados observa-se que a taxa de perda de massa dos briquetes de
feijão foram menores em relação ao briquete de feijão+café, isso ocorreu devido ao
incremento do café, já que ele possui um elevado teor de materiais voláteis.
Na Figura 5.4 é possível observar o comportamento de cada repetição no ensaio de
combustão para cada tipo de briquete em relação à perda de massa ao longo do tempo de
ensaio.
42
Figura 5.4–Perda de massa pelo tempo nos ensaios de combustão.
Analisando a relação gráfica ilustrada na Figura 5.4 é possível observar que alguns
ensaios tiveram uma duração maior de tempo em relação a outros, como a terceira
repetição do briquete de resíduos de feijão em relação aos demais, ou seja, demoraram
mais tempo para diminuir a massa do briquete até que ela fosse semelhante ao teor de
cinzas e desta forma o briquete fosse considerado totalmente queimado.
Analisando a Figura 5.4 também é possível observar que para os briquetes de
resíduo de feijão os picos de perda de massa aconteceram, em média, aos 8 minutos de
ensaio, enquanto que para o briquete produzido com adição de café os picos se deram em
média aos 7 minutos de ensaio. Em experimento realizado por Paula (2010) utilizando
vários resíduos agroindustriais divididos em 2 grupos, observou que para o grupo 1
(serragem, carvão, caule de café, palha de milho, caule de feijão, sabugo, caule de milho.),
os picos de perda de massa estavam em torno de 10 minutos, com exceção da serragem (19
43
minutos) e do carvão (sem pico definido). Para o grupo 2 (vagem de feijão, folha de milho,
arroz, bagaço de cana, maravalha, pergaminho, palha seca, caule de soja, madeira, vagem
de soja) os picos de perda de massa estavam entre 9 e 16 minutos.
Na Figura 5.5 é feita a relação gráfica entre a temperatura e o tempo de ensaio para
cada tipo de briquete em cada repetição do ensaio.
Figura 5.5 – Temperatura pelo tempo nos ensaios de combustão
Nos ensaios acima os briquetes apresentaram dificuldade para entrar em
combustão, de forma que para todos os ensaios foi necessário adicionar 90 ml de etanol,
inseridos em três momentos distintos nas fases iniciais do processo, exceto para uma das
repetições com o briquete de feijão e café, que precisou de mais 30 ml de etanol,
44
totalizando 120 ml durante o ensaio. O etanol era colocado sempre que a chama dele se
apagava e o briquete ainda não estava em combustão. Em estudo utilizando briquetes de
carvão vegetal, Quirino e Brito (1991) utilizaram para ignição dos briquetes uma
quantidade de 14ml de álcool, em uma placa de petri colocada logo abaixo da grelha do
combustor. Esta quantidade de álcool foi consumida em aproximadamente um minuto, não
interferindo diretamente na primeira medição aos cinco minutos. Neste estudo, como
relatado anteriormente, a quantidade de etanol adicionada à combustão foi bem superior
para que o material entrasse em combustão, o que parece ter interferido no comportamento
da temperatura e consequentemente em seus registros.
Para a análise da melhor composição para o briquete é preciso, comparando-os,
destacar o que fornece as mais altas temperaturas durante o maior tempo e consumindo a
menor quantidade de massa possível. No estudo, foi possível verificar que os briquetes
produzidos apenas com resíduos de feijão obtiveram uma taxa de perda de massa inferior
aos briquetes produzidos com resíduos de feijão com adição de café, entretanto, não foi
possível estimar qual briquete forneceu as maiores temperaturas em maior tempo de
ensaio, não sendo possível aferir de maneira consistente qual tipo de briquete é
energeticamente superior.
6 CONCLUSÃO
Analisando os resultados obtidos e comparando-os com os disponíveis na literatura
os resíduos de feijão e os grãos de café apresentaram características favoráveis a sua
aplicação como biomassa para energia.
O café apresentou teor de umidade inferior ao dos resíduos de feijão e superior
densidade aparente, resultando em melhor poder calorífico e densidade energética,
resultando na melhor opção para uso energético. Entretanto, se o produto requerido for
compactado, o café não possui granulometria e estrutura física e química coerentes com o
processo, de forma que o incremento de resíduos de feijão ao café torna-se indispensável.
Os briquetes produzidos com resíduos de feijão e de resíduos de feijão com café
apresentaram condições energéticas superiores aos do material in natura, principalmente
em relação a sua densidade energética.
45
A possibilidade de compactação dos resíduos estudados mostra-se como uma opção
para o incremento das propriedades energéticas do material, viabilizando o seu uso como
uma alternativa em relação à energia fóssil. Outra possibilidade seria o a mistura entre
madeira e resíduo para a compactação, o que ajudaria a diminuir o teor de cinzas dos
resíduos.
Em relação ao ensaio de combustão a temperatura oscilou muito, acarretando em
dificuldades para analisar seu comportamento, provavelmente pela quantidade elevada de
etanol que teve que ser adicionado para a ignição do processo para o material estudado. Os
briquetes produzidos com resíduos de feijão apresentaram menor taxa de perda de massa
em relação aos produzidos com adição de café, mas não foi possível aferir de forma
consistente que suas temperaturas também se mantiveram maiores, não sendo possível
concluir que obtiveram melhores resultados em relação à combustão. Recomenda-se em
trabalhos futuros que novos ensaios de combustão sejam realizados com briquetes
produzidos com os materiais ensaiados neste estudo.
Conclui-se que os resultados deste trabalho mostram um caminho a seguir na
procura de soluções técnicas ambientalmente corretas para o aproveitamento energético
dos resíduos agroindustriais, visando a minimização destes e consequente preservação do
meio ambiente, principalmente para o Brasil que possui grande volume de resíduos
agroindustriais e baixo índice de aproveitamento.
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