Post on 26-Sep-2015
Artigo Original Ps graduao Lato-Sensu em Musculao e Treinamento da Fora Universidade Gama Filho
ANLISE DO MSCULO RETO ABDOMINAL
MUSCLE ANALYSES RECTUS ABDOMINUS
Davi Fernando de Camargo Gustavo Schmarczek Beier
Ktia Arajo Bezerra Maria Carolina da Nbrega Godinho
Srgio Trindade Arajo
Braslia DF
______________________ Davi Fernando de Camargo AOS 04 BLOCO B APT 621 CEP: 70.660-041 BASLIA D.F. E-mail: kbezerra@hotmail.com RESUMO
Os msculos abdominais vem a muito tempo sendo estudado devido a polmica gerada entre a melhor forma de execuo dos exerccios. A presente pesquisa pretende ilustrar as principais funes do msculo reto abdominal dentro de uma viso anatmica, fisiolgica, motora, biomecnica e eletromiogrfica, atravs de revises bibliogrficas, dentre as quais o maior enfoque se deu de artigos de eletromiografia. O confronto entre os trabalhos selecionados foi necessrio para obteno de uma viso mais crtica com relao aos exerccios abdominais mais comumente utilizados atualmente, e assim determinarmos a maneira mais eficiente para execuo desses exerccios. PALAVRAS CHAVES: Msculo Reto Abdominal; Exerccios abdominais; Eletromiografia.
Abstract
Recently, there has been a great deal of research regarding the best type of abdominal exercises. The present study intends to ilustrate the main functions of the rectus abdominus and review the current literature regarding this muscle. We analyse anatomical, fisiological, motor, biomechanical, and electromyographic studies of the rectus abdominus. The main focus of our work pertained to the articles regarding electromyography. By comparing different papers, and different types of study of the rectus abdominus, we were able to obtain a more critical vision of the most common abdominal exercises used today, which can enable us to better prescribe exercises for a given individual. KEY WORDS: Abdominal Muscle; Eletromigraphy
INTRODUO
O corpo humano tem sido objeto
de descrio e interpretao desde
os tempos primordiais (NOVAES,
2001). Baseado nisso, que o
estudo do grupo de msculos
abdominais relevante, visto que a
quantidade de praticantes de
atividade fsica no mundo inteiro vem
crescendo ano a ano e a busca da
esttica cada vez mais divulgada
na mdia, incutindo nos mesmos,
padres globais de beleza e da
forma fsica. Trabalhar de maneira
eficiente os msculos abdominais
assunto cada vez mais discutido e
que vem produzindo diversos
materiais cientficos por parte dos
pesquisadores a fim de determinar,
seja atravs da biomecnica, da
anlise de imagens ou de sinais
eletromiogrficos, maneiras mais
eficientes e que proporcionem
efeitos estticos, profilticos ou
corretivos mais satisfatrios.
Este artigo tem por objetivo colher
e confrontar anlises de diversos
autores a fim de elaborar um
conhecimento mais atual e
esclarecer dvidas sobre os
diferentes exerccios, orientando de
forma mais cientfica a prescrio
dos mesmos.
No estudo proposto, faremos uma
anlise anatmica, fisiolgica,
motora, eletromiogrfica e
biomecnica do msculo reto
abdominal, buscando obter melhores
informaes para a prescrio
adequada dos exerccios
abdominais.
ANLISE ANATMICA
O msculo reto abdominal um
msculo longo e plano formado por
duas bandas musculares que se
estendem por todo comprimento da
face ventral do abdome. separado
lado a lado da linha mediana pela
linha Alba. Est contido em uma
bainha aponevrtica formada pelas
aponevroses de terminao dos
msculos largos da parede
abdominal (GRAY, 1995;
KAPANDJI, 1990). Na parte superior
suas fibras so mais largas, porm
mais finas. originado por dois
tendes. Na crista da pube
originado por um tendo mais
volumoso, e pela snfise pbica por
um tendo que se entrelaa com
seus correspondentes do lado
oposto. Sua insero feita por trs
pores de tamanhos desiguais nas
cartilagens costais da quinta, sexta e
stima costela e processo xifide do
externo. Suas fibras encontram-se
na direo vertical e so divididas
horizontalmente por interseces
aponevrticas, sendo: duas
interseces acima do umbigo, uma
ao nvel do umbigo e uma abaixo
(KENDALL, 1990; GRAY, 1995;
BASMAJIAN,1985; SMITH, 1997),
ANLISE MOTORA
O msculo reto abdominal um
poderoso flexor do tronco coluna
vertebral - que tem por ao unir o
apndice xifide snfise pbica,
tornando tensa a parede abdominal
anterior, e auxiliando a compresso
do contedo abdominal.
(GRAY,1995; KAPANDJI 1990).
Pela ao do reto abdominal, ao
fixar a pelve o trax se mover no
sentido da pelve, e ao fixar o trax a
pelve se mover no sentido do trax
(KENDALL, 1990). A comparao
entre esses movimentos nos faz
refletir sobre as diferenas
existentes entre a parte superior e
inferior do reto abdominal e ainda as
diferenas entre os graus de fora
por eles adquiridos. O papel mais
importante na correo da
hiperlordose lombar vem da ao do
reto abdominal, por ser um dos
principais msculos a atuar no
movimento de retroverso do quadril
(KAPANDJI, 1990).
ANLISE FISIOLGICA
Os msculos abdominais so de
extrema importncia para a funo
de expanso e compresso da
cavidade abdominal e das vsceras
ocas (BASMAJIAN, 1985), alm de
auxiliarem na respirao puxando o
externo para baixo e aumentando a
presso intra-abdominal facilitando a
liberao do ar de dentro do sistema
respiratrio para a atmosfera,
reduzindo o tamanho da cavidade
torcica (MCARDLE et al., 1998;
WILMORE & COSTIL, 2001, SMITH,
1997). Esse aumento da presso
intra-abdominal possui ainda uma
importante funo de auxlio do
retorno venoso, comprimindo os
vasos sanguneos, atravs de uma
ao de ordenha (WILMORE &
COSTIL, 2001). Sua ao contribui
tambm na mico, no parto, na
defecao e no vmito
(GRAY,1995). A musculatura
abdominal tem valor significante
para proteo das vsceras
abdominais contra golpes externos
(BASMAJIAN, 1985), e seu
fortalecimento a melhor garantia
contra uma hrnia abdominal
causada por um aumento muito
grande da presso intra-abdominal
resultante do levantamento de altas
cargas (ZATSIORSKY, 1999).
ANLISE ELETROMIOGRFICA
Em uma pesquisa
eletromiogrfica feita por BANKOFF
e FURLANI (1986), onde foram
analisadas quatro formas de
exerccios abdominais, sendo estes
divididos entre fase excntrica e
concntrica. O melhor trabalho
muscular encontrado para o msculo
reto abdominal ocorreu durante o
exerccio - deitado em decbito
dorsal com os joelhos fletidos a 45,
ps fixos no solo, mos entrelaadas
na nuca, realizando o movimento de
subir o tronco em linha reta at a
posio sentada SIT UP - (figura
1). Os PAM mais intensos ocorreram
entre 45 a 60 de flexo. Porm,
BEIM et al (1997), ao comparar o
exerccio SIT UP com o exerccio
CURL UP - deitado em decbito
dorsal, com os joelhos fletidos, e ps
fixos no solo, mos entrelaadas na
nuca, realizando o movimento de
subir o tronco enrolando at que as
escapulas sejam elevadas do solo
(figura 2) encontrou maior
potencial de ao muscular (PAM)
para este ltimo. Esta comparao
foi feita com uma metodologia onde
se utilizava uma isometria de 3s.
Resultado semelhante para o
exerccio enrolando foi verificado
tambm por SARTI et al (1996), em
um estudo baseado nas teorias de
exerccios para o reto abdominal
com nfase no supra ou infra-
abdominal. Neste estudo foram
realizados quatro exerccios: dois
para o supraabdominal (SA): SIT
UP e CURL UP, e dois para o infra-
abdominal (IA): PELVIC TILT -
elevar as pernas estendidas partindo
de uma posio de decbito dorsal
(figura 3), e POSTERIOR PELVIC
TILT - em decbito dorsal com as
pernas encolhidas realizar o
movimento de elevao do quadril
(figura 4). A anlise dos resultados
demonstrou que houve diferena
entre o trabalho SA e IA, onde os
melhores exerccios para ativao
destes msculos, respectivamente,
foram o CURL UP e o POSTERIOR
PELVIC TILT.
Atravs de uma anlise
biomecnica, VAZ et al (1991),
afirma que o movimento de sentar-
se a partir da posio decbito
dorsal no pode ser realizado sem
que os flexores do quadril entrem em
atividade. O estudo utilizou ainda,
uma anlise eletromiogrfica, onde
se verificou os PAM dos msculos
abdominais SA e IA e o msculo reto
femoral. Sua anlise foi feita com
base em doze exerccios
abdominais, sendo observado que
em apenas um (deitado em decbito
dorsal enrolando o tronco, e com as
pernas apoiadas sobre um banco)
no ocorreu participao significativa
do msculo reto femoral. Foi
observado tambm que nos
exerccios onde os ps so mantidos
presos em um aparelho ou
segurados por um auxiliar tambm
ocorre grande participao desse
msculo.
BANKOFF e FURLANI (1985),
demonstraram que durante o
exerccio SIT UP, nos ltimos 40 de
execuo do exerccio, no houve
participao significativa dos
msculos abdominais. Logo, leva a
crer que os msculos flexores do
quadril ficariam ativos no restante do
movimento de flexo (HAMIL, 1999).
Em um estudo mais recente,
RIBEIRO et al (2002), para os
exerccios analisados em seu estudo
(CURL UP flexo parcial, SIT UP
flexo completa, POSTERIOR
PELVIC TIT flexo inversa), no
foram encontradas diferenas
significativas do sinal
eletromiogrfico entre os msculos
abdominais investigados, (SA, IA,
OBLIQUO EXTERNO) enquanto que
para o msculo reto femoral
concluiu-se que o exerccio de maior
intensidade do sinal eletromiogrfico
foi o SIT UP. Foi verificado tambm
que durante o exerccio
POSTERIOR PLVIC TILT ao
contrrio de SARTI et al (1996) o
sinal eletromiogrfico do SA foi o de
maior valor. Neste mesmo estudo as
aes musculares foram analisadas
segundo o parmetro da fadiga
muscular, onde o msculo SA foi o
que atingiu a fadiga mais
rapidamente durante o CURL UP.
Para exerccios realizados em
prancha abdominal, GUIMARES et
al (1984) constatou em seus estudos
uma maior atuao do reto femoral,
esta citao pode ser confirmada
analisando os resultados obtidos por
VAZ et al (1991). Estes dois estudos
parecem concordar que o exerccio
canivete o que gera um maior PAM
tanto para SA como para o IA.
ANLISE BIOMECNICA
CURL UP no incio do
movimento o brao de resistncia
(BR) maior (distncia entre o
centro de gravidade da parte
superior do tronco (CGT) e o eixo de
rotao do movimento). Para que se
inicie o movimento de enrrolar o
tronco necessrio que os msculos
abdominais entrem em ao
principalmente o reto abdominal. A
medida que iniciado o movimento
o brao de resistncia diminui,
devido a aproximao do CGT ao
eixo de rotao do movimento. Em
contrapartida, a medida que a coluna
perde contato com o solo a
sobrecarga no abdome aumenta. Os
componente translatrios so de
compresso articular da coluna,
durante toda a amplitude do
movimento (CAMPOS, 2000).
SIT UP no incio do movimento
o BR maior, e diminue a medida
em que o tronco elevado. Para que
o tronco seja erguido at a posio
sentado necessrio que haja uma
flexo do quadril - eixo de rotao do
movimento (VAZ et al, 1991;
CAMPOS, 2000; HAMIL, 1999).
Segundo KENDAL (1990) quando os
msculos abdominais so fracos, ou
mais fracos que os flexores do
quadril, ao iniciarmos o movimento
de sentar a partir de uma posio
em decbito dorsal o liopsoas atua
no sentido de realizar uma
anterverso do quadril
hiperlordotizando a regio lombar. O
msculo abdominal atua no
movimento de estabilizao do
tronco durante o movimento de
subida, que realizado por uma
ao conjunta do iliopsoas e do reto
femoral. Segundo ZATSIORSKY
(1999) e HAMIL (1999) esta
anterverso do quadril aumenta a
presso intradiscal nas vrtebras
lombares, e pode causar
comprometimento das facetas e do
arco posterior.
CONCLUSO
De acordo com a anlise motora,
o Msculo Reto Abdominal tem ao
de unir o processo xifide a snfise
pbica. Logo, podemos definir como
exerccios abdominais todos aqueles
que realizam este movimento.
Levando-se em conta essa definio
e os conceitos biomecnicos
abordados, seria correto afirmar que
o exerccio SIT UP no poderia se
encaixar em uma classe de
exerccios abdominais, uma vez que
neste movimento o eixo de rotao
parte da articulao do quadril,
fazendo assim sua flexo e no a
flexo da coluna vertebral. Porm
em alguns estudos apresentados
(BANKOFF e FURLANI, 1985 e
1986; VAZ et al, 1991; BEIM et al,
1997; RIBEIRO et al, 2002;
observou-se que durante o exerccio
SIT UP houve estimulao do
msculo reto abdominal, mesmo que
esta no fosse a de maior valor entre
os exerccios estudados. Essa
diferena entre as anlises poderiam
ser mais bem estudadas, atravs de
uma padronizao geral dos
exerccios dos diversos artigos
abordados.
A ativao do msculo SA no
exerccio CURL UP foi unnime
entre todos os artigos encontrados, o
que nos leva a admitir que este o
melhor exerccio para se trabalhar
esta regio do abdome. J para o IA
os estudos so bastante
divergentes, necessitando assim de
mais estudos que comprovem o seu
melhor desempenho.
Com base nos resultados
apresentados com relao fadiga
RIBEIRO et al (2002), onde o SA
obteve maior fadiga em relao ao
IA em todos os exerccios,
importante ressaltar que o fator
fadiga pode sofrer alteraes tanto
do nvel de treinamento do avaliado
(BOMPA, 2000), como tambm, das
adaptaes aos exerccios
utilizados, devido a co-ativao dos
msculos antagonistas
(BRENTANO, 2001). Cabe tambm,
para novos estudos, ater-se s
diferenas anatmicas do msculo
reto abdominal, principalmente no
que diz respeito a sua espessura:
mais delgado na insero (SA) e
mais volumoso na origem (IA),
(GRAY, 1995), e ainda ao grau de
flexo do tronco do avaliado, na
tentativa de analisar o tipo de
contrao da musculatura atuante:
isomtrica ou isotnica, e as
limitaes causadas pela
musculatura antagonista.
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