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APOSTILA DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIAEspecialização em Enfermagem do Trabalho e
Especialização em Saúde do Trabalhador e Segurança do Trabalho
INSTITUTO LABORO
SÃO LUIS
2013
APOSTILA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 3
3. PREVENÇÃO, SAÚDE E, SEGURANÇA NO TRABALHO ..................................... 3
4. DIALOGANDO SOBRE ACIDENTES, INCIDENTES E CONDUTAS .................... 4
5. ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS ..................................................... 7
6.FERIMENTOS ............................................................................................................. 8
7. HEMORRAGIAS ...................................................................................................... 15
8. CHOQUE .................................................................................................................. 18
9. QUEIMADURAS ...................................................................................................... 22
10. CHOQUE ELÉTRICO ............................................................................................ 24
11. LESÕES TRAUMATO-ORTOPÉDICAS ................................................................ 28
12. DESMAIO ............................................................................................................... 30
13. CONVULSÃO ......................................................................................................... 40
14. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA ............................................................... 44
15. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................................... 47
16. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO ............................ 48
17. INFARTO AGUDO DO MIOCARDIO .................................................................. 56
18. CRISES HIPERTENSIVAS ..................................................................................... 60
19. URGENCIAS ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS .................................... 62
20. HIPERTERMIA OU FEBRE ALTA ........................................................................ 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 69
APOSTILA DE PRIMEIROS SOCORROS 1
APOSTILA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Especialização em Enfermagem do Trabalho e Especialização em Saúde do Trabalhador e Segurança do Trabalho
1. INTRODUÇÃO
O trabalho pode provocar acidentes ou doenças de forma mais freqüente do
que se imagina e, muitas o trabalhador não possui informações mínimas sobre os
riscos que vai encontrar ou sobre como proceder para evita-los. Como resultado dessa
exposição, surgem doenças como surdez, lesões por esforços repetitivos e as várias
formas de intoxicação relacionadas à exposição a substâncias químicas presentes nos
ambientes de trabalho, acidentes ocasionados por descuido ou falhas de segurança,
entre outros.
A Saúde enquanto patrimônio do trabalhador é condição essencial e
fundamental para o convívio social, indissociável do trabalho e ferramenta primeira no
desenvolvimento das relações de produção.
Nessa concepção surgem esforços e atenção para a Segurança do Trabalho,
cuja atenção evolve investimento em várias áreas como: introdução à segurança,
higiene e medicina do trabalho, prevenção e controle de riscos em máquinas,
equipamentos e instalações, comunicação e treinamento, administração aplicada à
engenharia de segurança, o ambiente e as doenças do trabalho, higiene do trabalho,
metodologia de pesquisa, legislação, normas técnicas, responsabilidade civil e criminal,
perícias, proteção do meio ambiente, ergonomia e iluminação, proteção contra
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incêndios e explosões e, gerência de riscos entre outras.
Nesse contexto, a segurança do trabalho deve ser entendida como o conjunto
de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador.
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma
equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro
de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes
profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da
empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem
como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a
tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador.
Mediante todos os esforços e ainda a presença de profissionais envolvidos
nessa empreitada, cujas as ações se voltam para prevenção, infelizmente as situações
envolvendo agravos dentro dos ambientes laborais são inevitáveis, e surgem de
demandas variadas associadas ao próprio trabalhador em sua condição biopsicossocial
e ou até mesmo ao ambiente de trabalho com seus imprevistos (por vezes até
previsíveis).
Esse panorama faz com que cresça o numero de envolvidos em estudos
relativos a essa temática, imbuidos pela inquietação de: “Como trabalhar com essas
questões?” Entretanto, esse contexto, consiste de um investimento sabidamente
marcada por avanços, limitações e impasses.
Nessa óptica fazem-se imprescindíveis os esforços no sentido de estabelecer
os recursos e instruções necessárias para fomentar entre os profissionais,
conhecimento e condições cognitivas necessárias ao estabelecimento de uma ação
coordenada visando o atendimento adequado, a remoção e o transporte seguros das
vítimas de acidente ou mal súbito dentro do contexto laboral, com fins preservação da
vida, proteção da saúde e redução de conseqüências das lesões graves com risco de
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levar a morte ou incapacidade, total ou parcial, temporária ou permanente.
Nessa perspectiva, desenham-se os conteúdos da presente disciplina, ofertada
dentro da grade curricular de um curso especialização em Especialização em
Enfermagem do Trabalho e Especialização em Saúde do Trabalhador e Segurança do
Trabalho.
2. OBJETIVO
Desenvolver competências para prestar auxílio imediato à vítimas de acidente
e mal súbito em ambientes de trabalho, mantendo-a se possível, com vida até que seja
garantido o auxílio competente e definitivo, reduzindo ainda complicações por
atendimentos intempestivos e adoção de condutas inadequadas.
3. PREVENÇÃO, SAÚDE E, SEGURANÇA NO TRABALHO
Se queremos falar sobre situações de urgência e emergência em ambiente do
trabalho, é imprescindível que falemos também sobre a prevenção e segurança no
trabalho, afinal os acidentes consistem em falhas nesse sistema que visa
fundamentalmente o seu impedimento.
A responsabilidade sobre um ambiente de trabalho seguro e saudável compete
tanto a trabalhadores quanto a empregadores. Se por um lado, cabe ao empregador a
responsabilidade sobre a adoção e uso de medidas coletivas e individuais de proteção
e segurança da saúde do trabalhador, por outro, cabe ao trabalhador observer as
normas de medicina, higiene e segurança do trabalho.
Assim, quando os empregadores prestam informações pormenorizadas sobre
os riscos envolvidos nas operações a serem executadas e dos produtos a serem
manipulados; quando cumprem e fazem cumprir as normas de segurança higiene e
medicina do trabalho; quando instruem os trabalhadores por meio de ordens de
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service, a respeito de precauções necessárias e quando os empregados observam as
ordens de serviço e adotam as medidas de segurança corretamente, dificulmente
teremos que lidar com acidentes pois teremos ambientes seguros de trabalho.
As empresas nesse sentido, contam com Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPA), que são constituidas por trabalhadores (por voto e indicação do
empregador), cujo objetivo consiste na prevenção de acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho.
Além da CIPA, as empresas com mais de 50 empregados devem constituir um
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMIT).
4. DIALOGANDO SOBRE ACIDENTES, INCIDENTES E CONDUTAS NO AMBIENTE DE TRABALHO
Nesta apostila, que é destinada a profissionais de enfermagem e de
segurança do trabalho, esclarecemos que nos utilizamos de esforços para empregar
uma linguagem que seja consensual e acessível a todo publico alvo da disciplina,
lembrando que em se tratando do atendimento a agravos de urgência e emergência
ocorridos em ambientes de trabalho, geralmente as condutas envolvem ações de
primeiros socorros. Dessa forma pretende-se fornecer com o presente instrumento,
orientações que em situações de acidentes possam subsidiar condutas de primeiro
atendimento.
Na maioria dos acidentes, as pessoas próximas, mostram-se assustadas,
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inseguras e, em alguns casos até desesperadas (ressalta-se que nesses casos é
necessário agir com rapidez, mas sem precipitação). Da mesma forma, uma pessoa
devidamente orientada, pode conduzir as providencias necessárias de imediato.
Vale ressaltar que tais providencias consistem em um conjunto de medidas
simples, práticas e ditadas pelo bom senso. Dessa forma, o conhecimento dos
princípios básicos de primeiros socorros, pode afastar o medo e deixar as pessoas
mais seguras diante de adversidades.
Lembramos que a função de quem está fazendo o socorro é:
1. Contactar o serviço de atendimento emergencial (da instituição caso o serviço o
possua ou serviços de referência locais);
2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, afim de:
a.Salvar uma vida
b.Prevenir danos maiores;
3. Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento;
4. Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança;
5. Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado;
6. Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as do
local do acidente, evitando assim causar o chamado "segundo trauma", isto é, não
ocasionar outras lesões ou agravar as já existentes;
7. Ser o elo das informações para o serviço de atendimento emergencial;
8. Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento;
9. Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento;
10. Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo (a não ser que sua formação o
habilite a esta conduta);
OBSERVAÇÃO 1: O princípio fundamental dos primeiros socorros, consiste em dar
importância a primeira e correta abordagem ao acidentado, lembrando que o
objetivo é atendê-lo e mantê-lo com vida até a chegada de socorro especializado, ou
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até a sua remoção para atendimento.
OBSERVAÇÃO 2: A maioria dos municípios conta hoje com serviços de referência que
prestam atendimento de acordo com suas competências, no local do agravo e que são
acionados por chamadas gratuítas, como SAMU 192 (acionado pelo número 192) e
Corpo de Bombeiros (para resgate e transporte, acionado pelo número 193).
ORIENTAÇÕES QUANTO A INDICAÇÃO DE ATUAÇÃO DE CADA SERVIÇO
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5. CONCEITOS PRELIMINARES
Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa, fora
do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíquico e ou emocional coloquem em
perigo sua vida ou sua saúde, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições (estabilização), até que receba assistência médica
especializada.
Prestador de socorro: Pessoa leiga, com o mínimo de conhecimento capaz
de prestar atendimento à uma vítima até a chegada do socorro especializado.
Socorrista: Pessoa que está habilitada à pratica dos primeiros socorros,
utilizando-se dos conhecimentos básicos e treinamentos técnicos que o capacitem para
esse desempenho.
Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de garantir a vida
da vítima, sobrepondo à "qualidade de vida".
Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as seqüelas que
possam surgir durante e após o atendimento.
Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas que necessitam
de atendimento.
Suporte Básico de Vida: É constituído por um conjunto de procedimentos de
emergência que pode ser executado por profissionais da área de saúde ou por leigos
treinados, constituindo no reconhecimento de obstrução das vias aéreas, de parada
respiratória e de parada cardíaca e na aplicação da RCP (Reanimação Cárdio –
Pulmonar).
Suporte Avançado de Vida - Consiste na ressuscitação com uso de
equipamento adicional ao usado no suporte básico e técnicas mais complexas. Inclui
desfibrilação e monitorização, marcapasso, equipamentos e técnicas para obtenção
das vias aéreas e ventilação, obtenção de via venosa, administração de medicamentos
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e cuidados pós – ressuscitação. Deve ser realizado por médico ou pessoal treinado e
amparado pela Lei.
Urgência - ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco
potencial de vida.
Emergência - constatação médica de condições de agravo à saúde que
impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso.
Pronto Atendmento - Estabelecimento de saúde que presta assistência a
doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento
imediato, dentro do horário de funcionamento.
Atendimento Pré-Hospitalar - é o atendimento emergencial em ambiente
extra-hospitalar (fora do hospital), para vítimas com agravo de natureza clínica,
cirúrgica, traumática, obstétrica psiquiátricas, que possa levar ao sofrimento, seqüelas
ou mesmo à morte. Pode ser fixo (UPA) ou móvel (SAMU).
6. ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS
Os primeiros socorros, consistem em ações que são realizadas ao longo de um
agravo e que podem ser divididas em etapas básicas que permitem uma maior
organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes.
Vale ressaltar que tais ações são pautadas em dois objetivos: nas situações
mais graves, consiste em manter a pessoa com vida e nas demais situações, auxiliar
para que a pessoa tenha boa recuperação.
6.1 Avaliação do Local do Acidente
Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros.
Ao chegar no local de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-
se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da
ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido e
dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também:
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a) evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens
breves, claras, objetivas e concisas;
b) manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em
que se possa trabalhar da melhor maneira possível.
c) ser ágil e decidido observando rapidamente se existem perigos para o
acidentado e para quem estiver prestando o socorro
A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da
ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham perdido
o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros
É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e
para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo:
fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás;
máquinas funcionando.
Deve-se adotar as medidas de segurança necessárias antes de iniciar o
atendimento (desligar a corrente elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar
pessoas desprotegidas da presença de gás; retirar vítima de afogamento da água,
desde que o faça com segurança para quem está socorrendo; evacuar área em risco
iminente de explosão ou desmoronamento).
Tenha em mente a seguinte ordem de segurança
quando você estiver prestando socorro:
Primeiro eu (o socorrista)
Depois minha equipe (incluindo os ajudantes)
E por último a vítima
OBSERVAÇÃO: É importante lembrar que o objetivo é ajudar as vítimas e nunca agravar a situação ou mesmo tornar-se outra vítima aumentando assim o
numero de acidentados e consequentemente minimizando os recursos necessários.
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6.2. Avaliação e exame do estado geral do acidentado
A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica
ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve
ser realizada simultaneamente ou imediatamente à "avaliação do acidente e proteção
do acidentado".
O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:
Nessa fase faz-se a identificação e correção imediata dos problemas que
ameaçam a vida a curto prazo.
A vítima capaz de responder a solicitações
simples, como dizer seu próprio nome, deve ser
interpretada pelo socorrista como com presença
de circulação e respiração.
O primeiro objetivo do atendimento individualizado de uma vítima é verificar
sua capacidade de resposta.
Nesta primeira abordagem é importante o socorrista proceder com o chamado
ABC da vida, conforme será descrito a seguir.
Abertura das vias aéreas e estabilização do pescoço (A)
1. Certifique-se do seu estado de consciência, ou seja, que ele não
apresenta reações ao chamado e ao toque.
2. Alinhe e posicione o paciente em decúbito dorsal (barriga para cima).
3. Sempre suspeite de lesão de coluna cervical em todo paciente
inconsciente. Evite movimentos cervicais.
4. Mantenha a cabeça do paciente em posição neutra (não permita rotações
cervicais).
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SE INCONSCIENTE:
5. Incline a cabeça levemente para trás e eleve o queixo para abrir as vias
aéreas.
6. Abra a boca do paciente e observe se existem corpos estranhos, vômito
ou sangue na cavidade oral.
7. Não realize inspeção manual da cavidade oral às cegas ou em pacientes
agitados.
8. Mantenha a coluna cervical sob estabilização manual até que seja
imobilizada através de equipamento apropriado.
Respiração (B)
1. Verifique se existem movimentos respiratórios, em caso positivo, passe para
o item seguinte (C).
5. Caso não haja movimentos respiratórios, iniciar reanimação conforme
orientado em tópico específico (RCP)
Circulação (C)
1. Verifique a coloração, a umidade e a temperatura da pele (com o dorso da
mão) atentando para casos em que estaja pálida, fria e umida (pegajosa)
que podem indicar choque hipovelemico.
Condição onde o coração é incapaz de fornecer sangue suficiente para o corpo devido a perda de sangue. A perda de aproximadamente um quinto do volume sangüíneo normal, por qualquer causa, pode causar choque hipovolêmico.
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2. Procure pela presença de pulsação na região do punho (arteria radial) em
pacientes conscientes, e na região cervical (artéria carótida).em caso de
pacientes inconscientes.
3. Na ausência de pulso, inicie a Reanimação Cárdio-Pulmonar (RCP) somente
com compressões torácicas (leigo) e se com dispositivo de proteção faça com
compressão (30) seguida de ventilação (02) conforme indicado em topico
específico (RCP).
4. Procure evidências de hemorragia externa grave. Observe a coloração da
pele, a coloração rosada geralmente significa que a circulação é adequada, a
palidez ou tom acinzentado de pele indica choque iminente.
4. Adote medidas de controle de hemorragias.
Nível de Consciência (D)
Usar método AVTI ou Escala de Coma de Glasgow (ver topico específico)
A Acordado
V Responde ao commando verbal
T Responde ao toque
I Irresponsivo
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De acordo com a pontuação obtida, podemos classificar o comprometimento da
função cerebral em leve, moderado e grave.
• LEVE de 13 a 15
• MODERADO de 9 a 12
• GRAVE abaixo de 8
Ao final do ABCD, a vítima deve ser despida, visando a procura de lesões
graves, principalmente aquelas capazes de gerar hemorragias.
Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que possam ajudar ao
prestador de socorro classificar a vítima como clínica ou traumática.
Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com natureza
fisiológica, como doenças (infarto, AVE, crise asmática, etc…)
Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza traumática, como
possíveis fraturas, endorses ou luxações. Devemos nesses casos atentar para a
imobilização e estabilização das regiões suspeitas de lesão.
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A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de ação baseando-se no
P.A.S., que são as três letras iniciais a partir das quais se desenvolvem todas as medidas técnicas
e práticas de primeiros socorros.
Prevenir - afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo
Alertar - contatar o atendimento emergencial informando o tipo de acidente, o local, o número de
vítimas e o seu estado.
Socorrer - após as avaliações
Com relação ao tipo de Socorro prestado, vale acrescentar que este vai
depender muito do tipo de profissional que vai desempenhar a asistência
(considerando-se sua formação e preparo). Dessa forma os Padrões de Assistência
nas Emergências vão ser diferenciados conforme demonstrado no quadro que segue:
PADRÃO
ASSISTENTE
FORMAÇÃO
COMPETÊNCIA
I Leigo Ausência de conhecimento de PS Chamar ajuda, acalmar a vítima
II 1º Socorrista comunitário
Membros da comunidade leigos na área da saúde
Chamar ajuda avaliar a vítima e prestar condutas iniciais e conservadoras (não invasiva) de SBV.
III Bombeiros Leigos habilitados para prestar APH (credenciados para integrar a guarnição de ambulâncias do serviço de APH)
SBV e intervenção conservadora (não invasiva) sob supervisão médica
IV Aux. de enfermagem e técnico de enfermagem
2º grau completo e curso regular de aux. De enfermagem ou técnico de enfermagem e treinamento em emergências médicas
SBV,medicação VO e parenteral sob prescrição médica e supervisão da enfermagem
V Médicos e enfermeiros em geral
Curso superior e registro profissional SBV e SAV se possível sob supervisão médica
VI Médicos e enfermeiros treinados em emergências
Curso superior e registro profissional e treinamentos específicos em atendimentos as urgências médicas
SAV sob supervisão médica
IV Aux. De enfermagem e técnico de enfermagem
2º grau completo e curso regular de aux. De enfermagem ou técnico de enfermagem e treinamento em emergências médicas
SBV,medicação VO e parenteral sob prescrição médica e supervisão da enfermagem
VII Médicos e enfermeiros especialistas
Curso superior com registro profissional e especialização em diferentes áreas
SAV, Condutas Altamente Especializadas sob supervisão médica
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Avaliação Secundária
Esta etapa deverá ser realizada em pacientes com condições estáveis, onde
possa permitir um exame minucioso de todos os segmentos corporais. Procura-se
lesões (fraturas, lacerações, ferimentos penetrantes ou cortantes, etc.) ou sinais que
possam ter passado despercebido no exame inicial.
Verificar e monitorizar os sinais vitais: Pressão Arterial, Freqüência cardíaca,
Freqüência Respiratória, temperatura corporal.
Entrevistar o paciente, familiares ou testemunhas com o intuito de obter
informações quanto ao mecanismo do trauma e antecedentes médicos (AMPLA).
A – Alergia
M – Medicações de uso habitual
P – Passado médico
L – Líquidos e alimentos ingeridos
A – Ambiente e eventos relacionados ao trauma
As informações colhidas com base na história AMPLA são importantes
principalmente em pacientes idosos, onde o uso de medicações como anticoagulantes,
betabloqueadores (deve ser comunicado ao serviço de emergência) pois podem
agravar seu quadro.
Deve-se considerar ainda o mecanismo do trauma, onde informações
adequadas quanto ao evento, podem oferecer oportunidade de diagnóstico de lesões
graves antes mesmo de sua manifestação.
7. FERIMENTOS
Os ferimentos são as alterações mais comuns de ocorrer em acidentes de trabalho.
São lesões que surgem sempre que existe um traumatismo, seja em que
proporção for, desde um pequeno corte ou escoriação de atendimento doméstico até
acidentes violentos com politraumatismo e complicações.
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Todos os ferimentos, logo que ocorrem:
1. Causam dor
2. Originam sangramentos
3. São vulneráveis as infecções
Os ferimentos são lesões que apresentam solução de continuidade dos tecidos
e provocam o rompimento da pele e, conforme seu tipo e profundidade, rompimento
das camadas de gordura e de músculo.
· Os ferimentos incisos são provocados por objetos cortantes, têm bordas
regulares e causam sangramentos de variados graus, devido ao seccionamento dos
vasos sanguíneos e danos a tendões, músculos e nervos.
· Os ferimentos contusos, chamados de lacerações, são lesões teciduais de
bordas irregulares, provocados por objetos rombudos, através de trauma fechado sob
superfícies ósseas, com o esmagamento dos tecidos. O sangramento deve ser
controlado por compressão direta e aplicação de curativo e bandagens.
· Os ferimentos perfurantes são lesões causadas por perfurações da pele e dos
tecidos subjacentes por um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à
profundidade da lesão.
· Os ferimentos transfixantes atravessam de lado a lado uma parte do corpo.
· Os ferimentos puntiformes geralmente sangram pouco para o exterior.
· As avulsões são lesões onde ocorrem descolamentos da pele em relação ao
tecido subjacente, que pode se manter ligado ao tecido sadio ou não. Apresentam
graus variados de sangramento, geralmente de difícil controle. A localização mais
comum ocorre em mãos e pés. Recomenda- se colocar o retalho em sua posição
normal e efetuar a compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso a
avulsão seja completa, transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho
consiste em lavá-lo com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre o tecido.
- Amputação: Lesão em que há separação de uma extremidade do corpo.
Podem se causadas pó objetos cortantes, por esmagamentos ou por força de tração.
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Lesão grave, que pode causar morte por hemorragia, onde o controle é crucial na
avaliação inicial. O membro amputado deve ser preservado pela possibilidade de
reimplante, no entanto a maior prioridade é a manutenção da vida;
- Esmagamento: Lesões produzidas por um objeto de grande porte ou com
muita força, produzindo compressão e distorção de todos os planos anatômicos.
Apresentam destruição dos tecidos com laceração das partes moles e fragmentos
ósseos.
Não tocar no ferimento diretamente com os dedos.
Os ferimentos podem inflamar e infeccionar muito rapidamente, dependendo do
grau de limpeza e dos cuidados que forem tomados para prevenir a contaminação.
Ter em mente a necessidade de cobrir o ferimento com compressas limpas e
encaminhar o acidentado para atendimento especializado.
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8. HEMORRAGIAS
É a perda de sangue através de ferimentos, pelas cavidades naturais como
nariz, boca, etc; ela pode ser também, interna, resultante de um traumatismo.
As hemorragias, para fins de primeiros socorros, são classificadas em internas
e externas e provem de sangramentos que por sua vez, são classificados em capilares,
arteriais e venosos. Para melhor compreensão seguem os respectivos conceitos:
Sangramentos Arteriais: São aquelas em que o sangue sai em jato pulsátil e
se apresenta com coloração vermelho vivo;
Sangramentos Venosos: São aquelas em que o sangue é mais escuro e sai
continuamente e lentamente, escorrendo pela ferida;
Sangramentos Capilares: causada por escoriações que lesam minúsculos
capilares imediatamente abaixo da superfície da pele;
Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eliminado para o exterior
do organismo, como acontece em qualquer ferimento externo, ou quando se processa
nos órgãos internos que se comunicam com o exterior, como o tubo digestivo, ou os
pulmões ou as vias urinárias;
Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue extravasa em uma cavidade
pré-formada do organismo, como o peritoneu, pleura, pericárdio, meninges, cavidade
craniana e câmara do olho.
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Quadro Clínico
Varia de acordo com a quantidade perdida de sangue, velocidade do
sangramento, estado prévio de saúde e idade do acidentado.
Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as hemorragias.
Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada através
da avaliação do acidentado (sinais de choque compensado ou descompensado).
Quantidade de sangue perdido Alterações
Perdas de até 15% (aproximadamente 750 ml em adultos)
Geralmente não causam alterações. São totalmente compensadas pelo corpo. Ex. doação de sangue.
Perdas maiores que 15% e menores que 30%(aproximadamente 750 a 1.500 ml)
Geralmente causam estado de choque, ansiedade, sede, taquicardia (com freqüência cardíaca entre 100-120/min.), pulso radial fraco, pele fria, palidez, suor frio, freqüência respiratória maior que 20/min. e enchimento capilar lentificado (maior que 2 seg.).
Perdas acima de 30%(maiores que 1.500 ml) Levam ao choque descompensado com hipotensão, alterações das funções mentais, agitação, confusão ou inconsciência, sede intensa, pele fria, palidez, suor frio, taquicardia superior a 120/min., pulso radial ausente (queda da pressão arterial), taquipnéia importante e enchimento capilar lento.
Perdas de mais de 50% do volume sanguíneo Choque irreversível, parada cárdio- respiratória e morte.
Quadro Clínico Apresentado nas Hemorragias
Conseqüências das Hemorragias
· Hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de
choque e morte.
· Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo,através de uma úlcera) causam
anemia (ou seja, quantidade baixa de glóbulos vermelhos).
Quanto mais rápidas as hemorragias, menos eficientes são os mecanismos
compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar uma perda de um litro de
sangue, que ocorre em período de horas, mas não tolera esta mesma perda se ela
ocorrer em minutos. Não pode ser medida, mas pode ser estimada através de dados
clínicos do acidentado.
A hemorragia arterial é menos freqüente, mas é mais grave e precisa de
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atendimento imediato para sua contenção e controle. A hemorragia venosa é a que
ocorre com maior freqüência, mas é de controle mais fácil, pois o sangue sai com
menor pressão e mais lentamente.
A hemorragia nem sempre é visível, podendo estar oculta pela roupa ou
posição do acidentado, por exemplo, uso de roupas grossas, onde a absorção do
sangue é completa ou hemorragias causadas por ferimentos nas costas quando o
acidentado estiver deitada de costas. O sangue pode ser absorvido pelo solo ou
tapetes, lavado pela chuva, dificultando a avaliação do socorrista. Por este motivo o
acidentado deve ser examinada completamente para averiguar se há sinais de
hemorragias.
Os locais mais freqüentes de hemorragias internas são tórax e abdome.
Observar presença de lesões perfurantes, de equimoses, ou contusões na pele sobre
estruturas vitais. Os órgãos abdominais que mais freqüentemente produzem
sangramentos graves são o fígado, localizado no quadrante superior direito, e o baço,
no quadrante superior esquerdo. Algumas fraturas, especialmente as de bacia e fêmur
podem produzir hemorragias internas graves e estado de choque. Observar
extremidades com deformidades e dolorosas e estabilidade pélvica. A distensão
abdomi- nal com dor após traumatismo deve sugerir hemorragia interna.
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes hemorragias
do tórax produzem hemoptise. O sangramento do esôfago, estômago e duodeno
podem se exteriorizar através da hematêmese (vômito com sangue), ou dependendo
do vlume, através também de melena (evacuação de sangue). Neste caso as condutas
do socorrista visarão somente o suporte da vida, principalmente de via aérea e
respiração, até o hospital, pois pouco há o que se fazer.
A hemorragia recebe nomes conforme o lugar onde se manifesta ou o aspecto
onde se apresenta. Tem basicamente duas causas, espontânea ou traumática. No
caso da espontânea, geralmente é o sinal de alarme de uma doença grave.
A hemorragia causada por traumatismo é a mais comum nos ambientes de
trabalho, e dependendo da sua intensidade e localização, o mais indicado é levar o
acidentado a um hospital, porém em certos casos pode-se ajudar o acidentado,
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 21
tomando atitudes específicas, como veremos a seguir.
Em casos particulares, um método que pode vir a ser temporariamente eficaz é
o método do ponto de pressão.
O tratamento inicial da hemorragia externa envolve a aplicação de compressão
direta aplicada sobre o local do sangramento, caso essa manobra não seja eficaz,
devemos aplicar o torniquete.
De acordo com o PHTLS, Edição 2007 os torniquetes foram deixados de lado
por causa da preocupação sobre complicações potenciais, incluindo lesão de nervos e
vasos sanguíneos e a perda potencial do membro, caso seja deixado por muito
tempo...
Dessa forma, considerando a escolha de perder um membro ou salvar a vida
de um paciente, a decisão óbvia é preservar a vida (lembrando que se “usados
adequadamente, os torniquetes não são apenas seguros, mas também salvam vidas”).
Assim sendo, segue os descritivo da utltização dessa técnica.
TECNICA DO TORNIQUETE Para fazer um torniquete usar a seguinte técnica: · Elevar o membro; · Usar uma faixa de tecido largo, com aproximadamente sete centímetros ou mais, longo o suficiente para dar duas voltas, com pontas para amarração; · Aplicar o torniquete logo acima da ferida. · Passar a tira ao redor do membro ferido, duas vezes. Dar meio nó. · Colocar um pequeno pedaço de madeira (vareta, caneta ou qualquer objeto semelhante) no meio do nó. Dar um nó completo no pano sobre a vareta. · Apertar o torniquete, girando a vareta. · Fixar as varetas com as pontas do pano; - Permanência por até 120 a 150 minutos; - Não recomendado mais o afrouxamento; - Anotar a hora de colocação do torniquete.
Os casos de hemorragia interna são também de muita gravidade, devido ao
grau de dificuldade de sua identificação por quem está socorrendo.
Suspeitar de hemorragia interna se o acidentado estiver envolvido em:
· Acidente violento, sem lesão externa aparente
· Queda de altura
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 22
· Contusão contra volante ou objetos rígidos
· Queda de objetos pesados sobre o corpo
Mesmo que, a princípio, o acidentado não reclame de nada e tente dispensar
socorro, é importante observar os seguintes sintomas:
a) Pulso fraco e rápido b) Pele fria c) Sudorese (transpiração abundante) d)
Palidez intensa e mucosas descoradas e) Sede acentuada f) Apreensão e medo g)
Vertigens h) Náuseas i) Vômito de sangue j) Calafrios k) Estado de choque l) Confusão
mental e agitação m) "Abdômen em tábua" (duro não compressível) n) Dispnéia (rápida
e superficial) o) Desmaio.
A conduta deve ser procurar imediatamente atendimento especializado,
enquanto se mantém o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, e as
pernas elevadas para melhorar o retorno sanguíneo. Este procedimento é o padrão
para prevenir o estado de choque.
IMPORTANTE: Nos casos de suspeita de fratura de crânio, lesão cerebral ou
quando houver dispnéia, a cabeça deve ser mantida elevada.
Se houver suspeita de hemorragia interna, aplicar compressas frias ou saco de
gelo e se não for possível, usar compressas úmidas.
Lembranos que existem outras hemorragias que nem sempre são decorrentes
de traumatismos, são as hemorragias provocadas por problemas clínicos.
9. CHOQUE
O choque resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover
circulação sanguínea adequada aos órgãos, resultando em perfusão orgânica e
oxigenação tecidual inadequadas para atender as necessidades metabólicas. Um
diagnóstico imediato, as manobras de reanimação e o tratamento definitivo são fatores
essenciais para a determinação do prognóstico de um paciente após choque causado
por trauma.
Tipos de Estado de Choque:
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 23
Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear sangue para o
resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto agudo do miocárdio, arritmias,
cardiopatias.
Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sangüíneos em função de uma
lesão medular. Geralmente é provocado por traumatismos que afetam a coluna cervical
(TRM e/ou TCE).
Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo em reagir a uma
infecção provocada por bactérias ou vírus que penetram na corrente sangüínea
liberando grande quantidade de toxinas.
Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sangüíneo. Possui as seguintes
causas:
Perdas sangüíneas - hemorragias internas e externas; Perdas de plasma -
queimaduras e peritonites; Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias.
Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. Ocorrem as
seguintes reações:
Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;
Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvorerespiratória; PA,
pulso fino e fraco, palidez.
Sistema circulatório: dilatação dos vasos sangüíneos, queda da PA.
Como se manifesta
- Pele fria e úmida; - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas
das mãos; - Palidez; - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores; -
Náusea e vômitos; - Respiração curta, rápida e irregular; - Perturbação visual
com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos; - Queda gradual da PA; - Pulso
fraco e rápido; - Enchimento capilar lento; - Inconsciência total ou parcial.
Como Proceder
- Realize uma rápida inspeção na vítima;
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 24
- Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se possível;
- Mantenha a vítima deitada e em repouso;
- Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se
necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto;
- Inicie manobras em caso de paradarespiratória;
- Afrouxe a vestimenta da vítima;
- Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
- Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos de
choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e cardiopatias) pela
dificuldade de trabalho do coração;
- Procure aquecer a vítima;
- Avalie o status neurológico (ECG);
- Remova IMEDIATAMENTE a vítima para o hospital mais próximo.
10. QUEIMADURAS:
São lesões dos tecidos produzidas por substância corrosiva ou irritante, pela
ação do calor ou frio e de emanação radioativa.
A pele é a nossa barreira natural de proteção contra agentes agressores, como
microorganismos, agentes físicos e químicos. Além disso, a pele atua na manutenção
da temperatura corporal e na retenção de líquidos.
Queimaduras são lesões geralmente restritas à pele, que decorrem da
aplicação de calor ao corpo e quebram nossa barreira natural de proteção.
Eventualmente as queimaduras podem atingir tecidos mais profundos, como músculos
e ossos.
As queimaduras variam muito de importância e gravidade, dependendo do
agente causador, que pode ser líquido aquecido, fogo, álcool, gasolina e querosene
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 25
incandescentes, eletricidade, agentes químicos etc. Além disso, também é muito
importante o tempo de contato deste agente com o corpo, a extensão do corpo atingida
e o tempo transcorrido entre o acidente e o primeiro socorro.
Uma queimadura elétrica é causada pela transformação da energia radiante
em calor. Queimaduras químicas são lesões de pele decorrentes da ação cáustica
aguda causada por um agente químico, etc. Queimaduras elétricas e químicas sempre
devem ser consideradas graves, podendo resultar até mesmo em morte no local do
acidente.
A gravidade de uma queimadura é determinada pelos seguintes fatores:
- Grau da queimadura;
- Porcentagem queimada do corpo;
- Local da queimadura;
- Complicações associadas;
- Idade da vítima.
Grau da queimadura
Grau da Queimadura
Camadas Atingidas Características da lesão
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 26
1º Grau Epiderme Eritema (vermelhidão) Edema (inchaço) Dor local suportável
2º Grau Epiderme e derme Eritema (vermelhidão); Formação de Flictenas (bolhas); Inchaço; Dor e ardência locais, de intensidades variadas.
3º Grau Lesão de todas as camadas da pele (até hipoderme), podendo ainda alcançar músculos e ossos.
Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas, Pouca ou nenhuma dor local; Pele branca escura ou carbonizada; Não ocorrem bolhas
Quadro II: Graus das queimaduras
Queimaduras de 10, 20 e 30 grau podem apresentar-se no mesmo acidentado.
O risco de morte (gravidade do caso) não está no grau da queimadura, e sim na
EXTENSÃO da superfície atingida e ou da localidade da lesão.
IMPORTANTE: QUANTO MAIOR A ÁREA QUEIMADA, MAIOR A GRAVIDADE DO
CASO.
AVALIAÇÃO DA ÁREA QUEIMADA Use a "regra dos nove" correspondente a superfície corporal:
Considere:
Pequeno queimado - menos de 10% da area corpórea;
Grande queimado - Mais de 10% da área corpórea;
REGRA DOS NOVE
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 27
Genitália 1%
Cabeça 9%
Membros superiores 18%
Membros inferiores 36%
Tórax e abdômen (anterior) 18%
Tórax e região lombar (posterior) 18%
Como Proceder
- Afastar a vítima da origem da queimadura;
- Interromper o efeito do calor (abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha
ou casaco; lave a região afetada com água fria e abundante - 1ograu);
Faça a avaliação primária da vítima;
Identifique qual o tipo, grau e extensão da queimadura.
Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das bolhas (infecções
são o grande risco das queimaduras, lembre-se que a barreira de proteção formada
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 28
pela pele foi rompida. Por isso tenha cuidado ao manuseá-la e evite ao máximo
contaminá-la);
Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos (faça um curativo
protetor com bandagens úmidas e mantenha o curativo e as compressas úmidas se
possível com soro fisiológico;)
- Procure auxílio médico sempre que a queimadura for muito extensa ou
quando ela for de 2o ou 3o graus.
- Não aplique ungüentos, graxas, óleos, pasta de dente, margarina, etc. sobre a
área queimada (é absolutamente contra indicado a aplicação sobre a queimadura de
qualquer substância que não seja água na temperature ambiente, solução fisiológica ou
pano úmido e muito limpo).
IMPORTANTE: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos limpar
as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem, pois o contato
destas substâncias com a água cria uma reação química que produz enorme
quantidade de calor.
Não tente: retirar a pele morta, arrancar a roupa grudada na
queimadura, apertar a queimadura ou furar bolhas!
11. CHOQUE ELÉTRICO
As lesões elétricas podem resultar em morbidade e mortalidade significativas,
e resultam dos efeitos diretos da corrente e da conversão de energia elétrica em
energia térmica enquanto a corrente passa pelos tecidos corporais.
Os efeitos sistêmicos e os danos aos tecidos corporais serão proporcionais à
magnitude e à intensidade da corrente recebida pela vítima.
A passagem da corrente elétrica pelo coração pode gerar arritmias (por lesão
das células miocárdicas ou alteração na capacidade elétrica cardíaca), como a
fibrilação ventricular, resultando em parada cardiorrespiratória.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 29
Em geral é possível identificar os locais de entrada e saída da corrente elétrica
na pele através da presença de duas áreas de queimaduras de 3o grau.
Como Proceder
Desligue o aparelho da tomada ou a chave geral para interromper o contato da
pessoa com a fonte elétrica;
Se isso não for possível, afaste a pessoa da fonte elétrica, SEMPRE com o
auxílio de material não conductor de eletricidade (borracha, madeira, panos secos,
papel);
Não toque diretamente na vítima. Se tiver que removê-la utilize jornal ou saco
de papel ao redor de suas mãos;
Em seguida, verifique se a vítima respira, se movimenta-se, ou está consciente
(se houver duvida ou em caso de inconsciência lembre-se de acionar service de
emergência);
Se houver parada cardiorrespiratória, inicie as manobras de reanimação;
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 30
Em relação às queimaduras, veja item específico;
Lembre-se que caso a corrente elétrica tenha atirado a vítima para longe de
sua posição inicial, podem ter ocorrido fraturas e hemorragias.
12. LESÕES TRAUMATO-ORTOPÉDICAS
O sistema locomotor do corpo humano é todo sustentado e articulado pelos
ossos e essa organização óssea tem ainda a função de proteger certas partes do corpo
e pode ser afetado por lesões traumáticas ou por situações clínicas. As condições
clínicas não apresentam a mesma gravidade das lesões traumáticas, mas algumas
delas podem ter conseqüências graves para as vítimas. É o caso da artrite piogênica e
da osteomielite aguda.
As lesões traumáticas podem assumir proporções desastrosas se não
atendidas com o primeiro socorro adequado. A maioria das lesões traumato-
ortopédicas não apresenta muita gravidade.
A nossa atuação como socorristas resume-se a ações de ordem preparatória
para um atendimento especializado. Todas as lesões traumato- ortopédicas são
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 31
extremamente dolorosas, desde as mais simples entorses até as fraturas expostas com
hemorragia.
Antes de entrarmos nos procedimentos de primeiros socorros, para cada caso,
é importante tecer algumas considerações a respeito das lesões traumato-ortopédicas
e sobre a conduta de quem irá socorrer e os cuidados iniciais com o acidentado.
Considerações Gerais sobre Lesões Traumato-Ortopédicas
Na maioria dos casos a conduta final mais importante é a imobilização da parte
afetada. A imobilização é, muitas vezes, suficiente para aliviar a dor e estabelecer
condições favoráveis à cura da lesão.
Conduta de quem prestará os primeiros socorros
A atitude inicial do acidentado e das pessoas que prestarão os primeiros
socorros pode representar, muitas vezes, um fator importante, determinando a
evolução posterior do traumatismo, pois manobras desorientadas e descontroladas
podem provocar complicações como a laceração de partes moles e até mesmo,
perfurações da pele.
O traumatismo produz simples descontinuidade do esqueleto, sem maiores
conseqüências para o eixo do membro atingido, nem para as partes moles vizinhas. O
deslocamento inadequado do acidentado; sua movimentação precipitada; a falta de
uma avaliação correta do caso; e outras atitudes descuidadas podem provocar lesões
graves do tipo: desvio da fratura ; deslocamento do periósteo; lesão do músculo;
penetração do osso através do foco de fratura; perfuração da pele; laceração de vaso
sanguíneo; hemorragia; fratura exposta; risco de infecção.
Todo acidentado de lesão traumato-ortopédica necessita obrigatoriamente de
atendimento médico especializado e o seu sofrimento depende basicamente, da
proteção correta do membro atingido, do transporte adequado e do atendimento
especializado imediato.
Outros fatores importantes que devem ser permanentemente lembrados são o
estado geral e as condições das vias aéreas superiores do acidentado.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 32
Nos casos de alteração da consciência o acidentado tende a aspirar secreções,
sangue e vômito. Precisamos ficar atentos para a necessidade de limpar rapidamente a
boca do acidentado, apoiar a cabeça lateralizada e, às vezes, fazer uma suave tração
da língua.
Nos casos de fratura exposta, pode ocorrer hemorragia, sendo necessário
contê-la pois para a profilaxia do estado de choque é importante a contenção da
hemorragia.
A proteção da parte atingida assume grande importância. Antes de considerar
o transporte do acidentado, a região atingida deve sempre ser imobilizada com a
utilização de qualquer material disponível para improvisação.
12.1 Entorses
São lesões dos ligamentos das articulações, onde estes esticam além de sua
amplitude normal rompendo-se. Quando ocorre entorse há uma distensão dos
ligamentos, mas não há o deslocamento completo dos ossos da articulação.
As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação às vezes
acompanhada por luxação.
As causas mais freqüentes da entorse são violências como puxões ou
rotações, que forçam a articulação. No ambiente de trabalho a entorse pode ocorrer em
qualquer ramo de atividade.
Uma entorse geralmente é conhecida por torcedura ou mau jeito. Os locais
onde ocorre mais comumente são as articulações do tornozelo, ombro, joelho, punho e
dedos.
Após sofrer uma entorse, o indivíduo sente dor intensa ao redor da articulação
atingida, dificuldade de movimentação, que poderá ser maior ou menor conforme a
contração muscular ao redor da lesão. Os movimentos articulares cujo exagero
provoca a entorse são extremamente dolorosos e esta dor aumentará em qualquer
tentativa de se movimentar a articulação afetada.
Distensões
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 33
São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causadas por
hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do
tendão.
Como Proceder
· Aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas. Após este tempo
aplicar compressas mornas. Imobilizar o local como nas fraturas. A imobilização deverá
ser feita na posição que for mais cômoda para o acidentado.
- Antes de enfaixar uma entorse ou distensão, aplicar bolsa de gelo ou compressa de
água gelada na região afetada para diminuir o edema e a dor. - Caso haja ferida no
local da entorse, agir conforme indicado no item referente a ferimentos; cobrir com
curativo seco e limpo, antes de imobilizar e enfaixar.
- Ao enfaixar qualquer membro ou região afetada, deve ser deixada uma parte ou
extremidade à mostra para observação da normalidade circulatória.
- As bandagens devem ser aplicadas com firmeza mas sem apertar, para prevenir
insuficiência circulatória.
12.2 Luxação
São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma
articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecidos moles pode ser muito grave,
afetando vasos sanguíneos, nervos e cápsula articular. São estiramentos mais ou
menos violentos, cuja conseqüência imediata é provocar dor e limitar o movimento da
articulação afetada.
Nas luxações ocorre o deslocamento e perda de contato total ou parcial dos
ossos que compõe a articulação afetada.
Os casos de luxação ocorrem geralmente devido a traumatismos, por golpes
indiretos ou movimentos articulares violentos, mas, às vezes uma contração muscular é
suficiente para causar a luxação (dependendo da violência do acidente, poderá ocorrer
o rompimento do tecido que cobre a articulação, com exposição do osso).
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 34
As articulações mais atingidas são o ombro, cotovelo, articulação dos dedos e
mandíbula. Nos ambientes de trabalho a luxação pode se dar em qualquer ramo de
atividade, devido a um movimento brusco.
Sinais e Sintomas
Para identificar uma luxação deve-se observar as seguintes características:
· Dor intensa no local afetado (a dor é muito maior que na entorse), geralmente
afetando todo o membro cuja articulação foi atingida.
· Edema.
· Impotência funcional.
· Deformidade visível na articulação (podendo apresentar um encurtamento ou
alongamento do membro afetado).
Como Proceder
- O tratamento de uma luxação (redução) é atividade exclusiva de pessoal
especializado em atendimento a emergências traumato- ortopédicas.
- Os primeiros socorros limitam-se à aplicação de bolsa de gelo ou compressas frias no
local afetado e à imobilização da articulação, preparando o acidentado para o
transporte.
- A imobilização e enfaixamento das partes afetadas por luxação devem ser feitas da
mesma forma que se faz para os casos de entorse.
- A manipulação das articulações deve ser feita com extremo cuidado e delicadeza,
levando-se em consideração, inclusive, a dor intensa que o acidentado estará sentindo.
- Nos casos de luxações recidivantes o próprio acidentado, por vezes, já sabe como
reduzir a luxação (neste caso o socorrista deverá auxiliá-lo).
- O acidentado deverá ser mantido em repouso, na posição que lhe for mais confortável
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 35
até a chegada de socorro especializado ou até que possa ser realizado o transporte
adequado para atendimento médico.
12.3 Fraturas
É uma interrupção na continuidade do osso. Trata-se de emergência traumato-
ortopédica que requer boa orientação de atendimento, calma e tranqüilidade por parte
de quem for socorrer e transporte adequado.
Ocorre geralmente devido à queda, impacto ou movimento violento com
esforço maior que o osso pode suportar.
O envelhecimento e determinadas doenças ósseas (osteoporose) aumentam o
risco de fraturas, que podem ocorrer mesmo após traumatismos banais. Estas lesões
são chamadas fraturas patológicas.
A fratura pode se dar por ação direta, por exemplo, um pontapé na perna,
levando à fratura no local do golpe, ou por ação indireta, por exemplo, a queda em pé
de uma altura considerável, ocorrendo fratura da parte inferior da coluna vertebral, isto
é, o impacto foi transmitido através dos ossos da perna e bacia até a coluna vertebral.
Ainda se pode dar por ação muscular, sendo, neste caso, a contração muscular com
força suficiente para causar fratura.
Nos ambientes de trabalho a fratura pode ocorrer devido a quedas e
movimentos bruscos do trabalhador, batidas contra objetos, ferramentas,
equipamentos, assim como queda dos mesmos sobre o trabalhador; portanto pode
ocorrer em qualquer ramo de atividade, ou durante o trajeto residência-trabalho-
residência.
A pessoa que for prestar os primeiros socorros deve ser muito hábil na
avaliação e decisão da conduta a ser tomada nestes casos. Aqui, a dor do acidentado
e as lesões secundárias resultantes do traumatismo são mais graves e perigosas do
que nos outros casos de emergências ortopédicas. As seqüelas nas fraturas podem
ocorrer com maior probabilidade e gravidade. A imobilização deve ser cuidadosa; as
lesões secundárias, atendidas com redobrada atenção, e o transporte para
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 36
atendimento médico só poderá ser feito dentro de padrões rigorosos.
Suspeita-se de fratura ou lesões articulares quando houver:
1.Dor intensa no local e que aumente ao menor movimento.
2.Edema local.
3.Crepitação ao movimentar (som parecido com o amassar de papel). 4.Hematoma
(rompimento de vasos, com acúmulo de sangue no local) ou equimose (mancha de
coloração azulada na pele e que aparece horas após a fratura).
5.Paralisia (lesão de nervos).
12.3.1 Classificação
As fraturas podem se classificadas de acordo com sua exteriorização e com a
lesão no osso afetado:
Fratura Fechada ou Interna - São as fraturas nas quais os ossos quebrados
permanecem no interior do membro sem perfurar a pele. Poderá, entretanto romper um
vaso sanguíneo ou cortar um nervo.
Fratura Aberta ou Exposta- São as fraturas em que os ossos quebrados saem do
lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode ser
produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Este tipo de
fratura pode causar infecções.
Fratura em Fissura - São aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 37
próximas, como se fosse uma rachadura ou fenda.
Fratura em Galho Verde - É a fratura incompleta que atravessa apenas uma parte do
osso. São fraturas geralmente com pequeno desvio e que não exigem redução; quando
exigem, é feita com o alinhamento do eixo dos ossos. Sua ocorrência mais comum é
em crianças e nos antebraços (punho).
Fratura Completa - É a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total.
Fratura Cominutiva - É a fratura que ocorre com a quebra do osso em três ou mais
fragmentos.
Fratura Impactada - É quando as partes quebradas do osso permanecem
comprimidas entre si, interpenetrando-se.
Fratura Espiral - É quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso.
Estas fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção.
Fratura Oblíqua - É quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente.
Fratura Transversa - É quando o traço de fratura atravessa o osso numa linha mais ou
menos reta.
TIPOS DE FRATURA
O indivíduo que sofre uma fratura apresenta dor, que aumenta com o toque ou
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 38
os movimentos, incapacidade funcional (impossibilidade de fazer movimentos) na
região atingida, acentuada impotência funcional da extremidade ou das articulações
adjacentes à lesão; inchaço, alteração da cor da área afetada; presença ou não de
pulso no membro atingido, pode haver, ainda, fragmentos de ossos expostos e
angulação ou curvatura anormal da região afetada.
Como Proceder
- Observar o estado geral do acidentado, procurando lesões mais graves com ferimento
e hemorragia.
· Acalmar o acidentado, pois ele fica apreensivo e entra em pânico.
· Ficar atento para prevenir o choque hipovolêmico (controlar eventual hemorragia e
cuidar de qualquer ferimento, com curativo, antes de proceder a imobilização do
membro afetado.
· Imobilizar o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos dolorosa para o
acidentado, o mais naturalmente possível (imobilizar significa tirar os movimentos das
juntas acima e abaixo da lesão).
· Trabalhar com muita delicadeza e cuidado (toda atenção é pouca pois os menores
erros podem gerar seqüelas irreversíveis).
· Usar talas, caso seja necessário (as talas irão auxiliar na sustentação
do membro atingido e têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar as
articulações acima e abaixo da fratura).
Para improvisar uma tala pode-se usar qualquer material
rígido ou semi rígido como: tábua, madeira, papelão, revista
enrolada ou jornal grosso dobrado.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 39
- O membro atingido deve ser acolchoado com panos limpos, camadas de algodão ou
gaze, procurando sempre localizar os pontos de pressão e desconforto.
- Prender as talas com ataduras ou tiras de pano, apertá-las o suficiente para imobilizar
a área, com o devido cuidado para não provocar insuficiência circulatória.
- Fixar em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e acima e abaixo
da fratura.
Sob nenhuma justificativa deve-se tentar recolocar o osso
fraturado de volta no seu eixo.
As manobras de redução de qualquer tipo de fratura só
podem ser feitas por pessoal médico especializado.
Ao imobilizar um membro que não pôde voltar ao seu lugar
natural, não forçar seu retorno.
A imobilização deve ser feita dentro dos limites do conforto
e da dor do acidentado.
· Não deslocar, remover ou transportar o acidentado de fratura, antes de ter a parte
afetada imobilizada corretamente (a única exceção a ser feita é para os casos em que
o acidentado corre perigo iminente de vida).
· Providenciar o atendimento especializado o mais rápido possível.
· Fraturas expostas requerem cuidados extra (ficar atento para o controle de
hemorragia arterial; não tentar jamais recolocar o osso exposto de volta para o seu
lugar; limpar o ferimento provocado pela exposição do osso; colocar um curativo seco e
fixá-lo com bandagens; não tocar no osso exposto; manter o acidentado em repouso,
tranqüilizando-o, enquanto se procede à imobilização da mesma maneira que se faz
para os casos de fratura fechada).
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 40
IMPROVISANDO AS IMOBILIZAÇÕES
13. DESMAIO
Desmaio e síncope são duas palavras que representam a mesma condição
clínica. Trata-se da perda rápida da consciência e da postura, causada pela diminuição
temporária do fluxo sangüíneo ao cérebro, com recuperação espontânea e sem
alterações na força muscular, na marcha ou fala. A diminuição do fluxo sangüíneo pode
ser causada por queda da pressão, diminuição da freqüência cardíaca ou mudanças na
distribuição do fluxo sangüíneo. A síncope ocorre em média após 10 segundos da
cessação do fluxo sangüíneo cerebral. É uma condição bastante comum.
Incidencia
A incidência anual descrita em jovens é de 3% a 3,5% e em idosos é da ordem
de 7%. Entre adultos saudáveis, até 30% a 40% relatam pelo menos, um único
episódio ao longo da vida. Pode representar o único sintoma clínico prévio à ocorrência
de morte súbita cardíaca.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 41
Principais Causas
O desmaio ou síncope pode ser causado por problemas cardiovasculares, não-
cardiovasculares ou ser inexplicado (causa indeterminada). As causas
cardiovasculares são as mais freqüentes, sendo elas: estruturais (alterações na
anatomia do coração – válvulas, coronárias, músculo cardíaco, etc), arritmias,
mediadas por reflexos (síncope vaso-vagal) ou postural. As causas não-
cardiovasculares subdividem-se em: problemas neurológicos, metabólicas (anemia,
baixa da glicose, etc) e psicogênicas. Não se consegue determinar a causa em
aproximadamente 15% das síncopes.
Síncope vaso-vagal: É o tipo mais comum de síncope. Ë uma condição em que
há uma alteração no centro regulador da pressão arterial (sistema nervoso autônomo)
com resposta exagerada do organismo a uma situação de estresse (ver sangue,
ambientes aglomerados e quentes, dor, medo), desidratação ou postura em pé,
levando a uma súbita diminuição da pressão arterial e lentificação da freqüência
cardíaca. Esse tipo de desmaio avisa quando vai chegar, pois é precedido por:
turvação visual, suor frio, náuseas, tontura. Ao deitar-se no início destes sintomas a
pessoa pode não desmaiar.
Síncope postural: Também chamado de hipotensão postural. Ocorre quando a
pressão sangüínea cai devido a mudança na posição (deitado para em pé). Pode estar
relacionado a certas medicações, diabetes ou desidratação.
Síncope cardíaca: Perda da consciência causada por diminuição do fluxo
sangüíneo cerebral secundário à alterções cardíacas que impedem que o sangue flua
normalmente. Exemplos: arritmias, doenças nas valvas, coágulos sangüíneos ou
insuficiência cardíaca.
Síncope Neurológica: Perda da consciência devido problemas neurológicos.
Exemplos: convulsão, acidente vascular cerebral (AVC), ataque isquêmico transitório,
hidrocefalia. Nestes casos, a síncope geralmente, está associada com alterações na
força muscular, marcha, fala ou visão. A recuperação da consciência é mais lenta.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 42
ENTENDENDO UM DESMAIO
Sintomas
· Fraqueza e suor frio abundante
· Náusea ou ânsia de vômito
· Palidez intensa
· Pulso fraco
. Pressão arterial baixa
· Respiração lenta
· Extremidades frias
· Tontura e escurecimento da visão
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 43
ATENÇÃO: Devido à perda da consciência, o acidentado cai pois com a redução do fluxo sanguíneo no cerebro ele perde a consciencia. Dessa forma vale ressaltar que a posição horizontal geralmente obtida após a queda favorece o retorno do fluxo de sangue para o cerebro, entretanto a queda em sí pode provocar lesões inclusive graves.
Como Proceder
A. Se a pessoa apenas começou a desfalecer : Sentá-la em uma cadeira, ou
outro local semelhante; Curvá-la para frente; Baixar a cabeça do acidentado,
colocando-a entre as pernas epressionar a cabeça para baixo; Manter a cabeça mais
baixa que os joelhos; Fazê-la respirar profundamente, até que passe o mal-estar.
B. Havendo o desmaio: Manter o acidentado deitado em ambiente arejado;
evite se possível a aglomeração de curiosos (peça ajuda a alguem para afastar as
pessoas que possam estar muito próximas), verifique a pulsação (diferencia desmaio
de parade cardiaca); tente acorda-la (tocando-a com movimentos firmes e voz forte
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 44
mas sem machuca-la); eleve as pernas, colocando sua cabeça e ombros em posição
mais baixa em relação ao resto do corpo (isso irá aumentar o fluxo de sangue para o
cerebro); afrouxe a sua roupa; se houver vômito, lateralize a sua cabeça, para evitar
sufocamento; quando acordar peça que respire profundamente e coloque-a em posição
de segurança.
14. CONVULSÃO
O cérebro contém bilhões de células que se comunicam umas com as outras
através de impulsos elétricos. Se alguma anormalidade provocar aumento excessive da
atividade elétrica em determinada área cerebral, poderá ocorrer uma convulsão.
As convulsões se manifestam de diversas formas, dependendo dos centros
cerebrais afetados.
Principais Causas
. Nos ambientes de trabalho podemos encontrar esta afecção em indivíduos
com histórico anterior de convulsão ou em qualquer indivíduo de qualquer função.
. Exposição a agentes químicos de poder convulsígeno, tais como os
inseticidas clorados e o óxido de etileno.
· Febre muito alta, devido a processos inflamatórios e infecciosos, ou
degenerativos
· Hipoglicemia
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 45
· Alcalose
· Erro no metabolismo de aminoácidos
. Hipocalcemia
· Traumatismo na cabeça
· Hemorragia intracraniana
· Edemacerebral
· Tumores
· Intoxicações por gases, álcool, drogas alucinatórias, insulina, dentre
outros agentes
· Epilepsia ou outras doenças do Sistema Nervoso Central
Convulsão não é sinônimo de epilepsia (tendencia a
desenvolver convulsões mesmo na ausencia de estímulos
como pancadas, febre, derrames… e não uma doença
específica).
Sintomas
· Inconsciência; Queda desamparada, onde a vítima é incapaz de fazer
qualquer esforço para evitar danos físicos a si própria; Olhar vago, fixo e/ou revirar dos
olhos. · Suor · Midríase (pupila dilatada); Lábios cianosados; Espumar pela boca;
Morder a língua e/ou lábios; Corpo rígido e contração do rosto; Palidez intensa;
Movimentos involuntários e desordenados; Perda de urina e/ou fezes (relaxamento
esfincteriano).
Geralmente os movimentos incontroláveis duram de 2 a 4 minutos, tornando-
se, então, menos violentos e o acidentado vai se recuperando gradativamente. Estes
acessos podem variar na sua gravidade e duração.
Depois da recuperação da convulsão há perda da memória, que se recupera
mais tarde.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 46
Como Proceder
· Tentar evitar que a vítima caia desamparadamente, cuidando para que a
cabeça não sofra traumatismo e procurando deitá-la no chão com cuidado,
acomodando-a.
· Retirar da boca próteses dentárias móveis (pontes, dentaduras) e eventuais
detritos.
· Remover qualquer objeto com que a vítima possa se machucar e afastá-la de
locais e ambientes potencialmente perigosos, como por exemplo: escadas, portas de
vidro, janelas, fogo, eletricidade, máquinas em funcionamento.
· Não interferir nos movimentos convulsivos, mas assegurar-se que a vítima
não está se machucando.
· Afrouxar as roupas da vítima no pescoço e cintura.
· Virar o rosto da vítima para o lado, evitando assim a asfixia por vômitos ou
secreções.
· Não colocar nenhum objeto rígido entre os dentes da vítima.
· Tentar introduzir um pano ou lenço enrolado entre os dentes para evitar
mordedura da língua (desde que não seja grande o suficiente para impeder respiração)
· Não jogar água fria no rosto da vítima.
· Quando passar a convulsão, manter a vítima deitada até que ela tenha plena
consciência e autocontrole.
· Se a pessoa demonstrar vontade de dormir, deve-se ajudar a tornar isso
possível.
· Contatar o atendimento especializado de emergencia, pela necessidade de
diagnóstico e tratamentos precisos.
No caso de se propiciar meios para que a vítima durma, mesmo que seja no
chão, no local de trabalho, a melhor posição para mantê-la é deitada na "posição lateral
de segurança" (PLS).
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 47
Devemos fazer uma inspeção no estado geral da vítima, a fim de verificar se
ela está ferida e sangrando. Conforme o resultado desta inspeção, devemos proceder
no sentido de tratar das conseqüências do ataque convulsivo, cuidando dos ferimentos
e contusões.
É conduta de socorro bem prestado permanecer junto à vítima, até que ela se
recupere totalmente. Devemos conversar com a vítima, demonstrando atenção e
cuidado com o caso, e informá-la onde está e com quem está, para dar-lhe segurança
e tranqüilidade. Pode ser muito útil saber da vítima se ela é epiléptica.
15. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)
A Posição Lateral de Segurança (PLS), pode ser utilizada em várias situações
que necessitam de primeiros socorros, em que a vítima esteja inconsciente, entretanto
com respiração preservada e com um bom pulso, uma vez que esta posição permite
uma melhor ventilação, considerando-se que promove liberação das vias aéreas
superiores.
ATENÇÃO: Esta não deve ser realizada quando a pessoa:
Não estiver a respirar;
Apresentar (ou risco de) lesão na cabeça, pescoço ou coluna;
Possuir ferimento grave.
Procedimentos:
Com a vítima deitada, ajoelhe-se ao seu lado;
Vire o rosto da vítima para si.
Incline a cabeça desta para trás, colocando-a em hiperextensão, para abrir as
vias aéreas e impedir a queda da língua para trás e a sufocação por sangue. Se a
vítima estiver inconsciente, verifique a boca e remova possíveis materiais que possam
estar dentro desta;
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 48
Coloque o braço da vítima que estiver mais próximo de si ao longo do corpo
dela, prendendo-a debaixo das nádegas desta;
Coloque o outro braço da vítima sobre o peito dela;
Cruze as pernas da vítima, colocando a perna que estiver mais afastada de si
por cima da canela da outra perna;
Dê apoio à cabeça da vítima com uma mão e segure a vítima pela roupa, na
altura das ancas, virando-a para si;
Dobre o braço e a perna da vítima que estiverem voltadas para cima até que
formem um certo ângulo em relação ao corpo;
Puxe o outro braço da vítima, retirando-o debaixo do corpo dela;
Certifique-se que a cabeça se mantém inclinada para trás de forma a manter as
vias aéreas abertas.
16. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
A parada cardíaca caracteriza-se pela interrupção súbita das contrações
cardíacas efetivas e, conseqüentemente, da circulação corporal em indivíduo com
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 49
expectativa de restauração da função cardiopulmonar e cerebral, não portador de
moléstia crônica intratável ou em fase terminal. A parada respiratória caracteriza-se
pela interrupção dos movimentos de ventilação (inspiração e expiração).
A parada cardíaca será precedida ou seguida pela parada respiratória,
configurando um caso de parada cardiorrespiratória.
A importância do atendimento rápido e eficaz aos casos de parada
cardiorrespiratória reside na tentativa de minimizar as lesões decorrentes da falta de
oxigenação em órgãos nobres, que podem ser graves e irreversíveis. A chance de
sobrevivência do indivíduo com parada cardiorrespiratória é reduzida em 7 a 10% a
cada minuto sem atendimento adequado.
Diferentes situações podem acarretar parada cardiorrespiratória como: infarto
agudo do miocárdio, arritmias cardíacas, infecções graves, distúrbios metabólicos e
hidroeletrolíticos, intoxicações, uso de medicamentos, trauma torácico, entre outros.
Obviamente, a causa da parada cardiorrespiratória deverá, sempre que possível, ser
identificada e tratada por médico especializado. Entretanto, o atendimento inicial a um
caso de parada cardiorrespiratória deverá ser realizado com presteza, por socorrista,
conforme descrito a seguir.
A manobra de reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser utilizada em casos
de parada cardíaca e respiratória e o objetivo da manobra é fornecer sangue oxigenado
de forma artificial aos órgãos nobres do corpo (coração e cérebro), buscando dessa
forma reverter o quadro de parada.
Alguns orgãos apresentam menor resistencia à falta de oxigênio. O cerebro por
exemplo, depois de poucos minutos sofre danos irreversíveis assim, quando o início da
RCP for retardado, a chance de sobrevida é prejudicada, resultando em morte ou
seqüela neurológica severa e permanente.
Nesse sentido, segundo Consenso Internacional de Ressuscitação
Cardiopulmonar e
Cuidados Cardiovasculares de Emergência com Recomendações de
Tratamento 2010, surge uma nova concepção onde a prioridade é preservar cérebro
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 50
(TEMPO É CEREBRO).
Surge portanto a recomendação de RCP somente com compressões torácicas
(RCPSCT) para o leigo que testemunha uma parada cardíaca súbita considerando-se
que é mais fácil de ser executada por indivíduos não treinados e pode ser facilmente
instruída por telefone pelo atendente do SME.
Sinais e sintomas de uma parada ( Guidelines Ilcor – AHA - 2010)
• Inconsciência
• Respiração agônica (gasping ou agonizante) ou apnéia (sem respiração)
• Ausência de pulso em grandes artérias
• Dilatação das pupilas (midríase)
• Extremidades arroxeadas
• Mucosas pálidas
• Pele fria
Condutas
Cadeia de Sobrevida
São passos que adotados em sequenncia recomendada podem aumentar as chances
de sobrevida da vítima.
1) Rápido reconhecimento da situação de emergência e ativação da equipe do
sistema de atendimento de emergência
2) RCP imediata
3) desfibrilação imediata
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 51
4) suporte avançado imediato
5) suporte após-PCR.
Algoritmo de Suporte Básico de Vida
Avaliação do local do atendimento e medidas de proteção individual
• Avaliação da cena quanto à presença de situações de risco antes da
aproximação da vítima.
• A segurança pessoal é o mais importante
• Cuidados com sinalização e isolamento da área para prevenir acidentes
secundários (em transito, incêndio, explosões, tiroteios, choque elétrico, e
desabamentos).
• Utilização de EPI (luvas, mascaras e óculos de proteção)
• Em caso de riscos no local que não possam ser neutralizados, remover a vítima
para local seguro antes de iniciar qualquer avaliação do paciente.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 52
• Atentar para substancias presentes na superfície do corpo da vítima (agentes
biológicos, substâncias tóxicas, ou radioativas, sangue e secreções do paciente)
Determinar Responsividade
• Para determinar a ausência de resposta, encoste nos ombros da vítima de forma
enfática e pergunte em tom audível “Você está bem?”.
• LEMBRE-SE: Você não está procurando uma resposta, mas sim algum tipo de
reação – contrações das pálpebras, movimento muscular, virar-se para o som e
assim por diante.
• Qualquer resposta da vítima indica a ausência de PCR
• Se a vítima não está responsiva, constata-se inconsciência, solicita-se
imediatamente a presença de “código azul” (equipe capacitada a atender PCR)
• paciente com desconforto respiratório/gasping, também deve receber os
cuidados iguais aos pacientes não responsivos.
Ativar Serviço de Resgate
• No caso de vítima não responsiva, ativar o serviço de resgate imediatamente
(192/193).
• Após acionar SME iniciar o ABCD primário ou SBV (BLS)
Checar pulso
• Checar pulso carotídeo (10seg)
• Presença de pulso: 01 ventilação a cada 5 a 6 seg (10 a 12/min) e reavaliar a
cada 2min
• Sem pulso: sequencia CAB (compressões, via aérea, respiração).
Compressões torácicas
• vítima deve estar na posição de decúbito dorsal ou supina (deitada de costas),
sobre superfície firme e plana;
• Osso externo/centro do tórax
• Mãos entrelaçadas e cotovelos firmes
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 53
• Se necessário, afaste as roupas (as roupas da vítima não impedem as
compressões torácicas eficazes, mas podem impedir o posicionamento correto
das mãos);
• Posicionamento em relação a vítima (Com joelhos ao solo, perto dos ombros da
vítima, a distância entre os joelhos deve ser a mesma que entre os ombros, do
socorrista);
• Realizar compressão forte, rápida (frequência mínima 100 /min);
• Com profundidade de acordo com vítima (Adulto/ no mínimo 5cm – criança
/cerca de 5cm - bebê /cerca de 4cm)
• Permitir o retorno do tórax;
• Minimizar as interrupções das compressões torácicas (tentar limitar a menos de
10 seg);
• O revezamento dos profissionais na aplicação das compressões torácicas deve
ser feito a cada 2 min.
Abrir vias aéreas
• A ausência de respiração é determinada pela abertura da via aérea através da
elevação do mento e avaliação da saída de ar (manobra Chin Lift);
Ventilação
• 02 ventilações de resgate → 1 seg:
• Elevação visível do tórax;
• Durante a RCP, o fluxo sanguíneo pulmonar é menor que o normal
Uso do Desfibrilador Externo Automático DEA
• Aplicação de choque único inicial seguido de RCP imediata
A conduta na RCP vai diferir na utilizaçãoo dos passos acima de acordo com o socorrista. Assim:
Leigo com nenhuma ou rara experiência em SBV, recebendo instruções por telefone:
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 54
• Reconhecer a PCR (não responsivo) e ativar o SEM(193/192) e iniciar
compressão cardíaca somente
• Só utilizará o DEA se estiver próximo a ele ou se outro trouxer.
• Só receberá instruções de proceder com ventilação em casos de asfixia
(afogamento e outros).
• Só encerrará as compressões quando: chegar o DEA, exaustão, houver sucesso
da RCP ou ACLS chegar.
Os especialistas demonstraram que as compressões
torácicas muitas vezes são suficientes para reanimação,
mesmo que não seja feita a respiraçãoo boca-a-boca.
Jamais tente transportar a pessoa por conta própria. É
inútil: com o coração parado, ela não sobreviverá.
Concentre-se nas compressões torácicas.
Lembre-se que só existe chance de a pessoa reagir se as
compressões não forem interrompidas.
Leigo treinado em curso de SBV
• Reconhecer PCR
• Acionar serviço de emergência (193 / 192)
• Iniciar a RCP C-A-B (compressões torácicas (30), abrir vias aéreas,
respiração(2)) em adultos, crianças e bebês (excluindo-se recém-nascidos).
• Pegar o desfibrilador se disponível de imediato ou solicitar a outro que pegue
• Instalar o DEA (desfibrilador automático) e chocar se indicado
• Manter a RCP e re-checar com DEA a cada 2 minutos
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 55
Profissionais de Saúde treinados em SBV
• Poderá analisar a situação e inverter a ordem das manobras se julgar mais
benéfico. Ex; em caso de afogamento(ABC), em casos de FV/TV sem pulso
(pegar o DEA antes de iniciar compressões)
• Reconhecer PCR (inclui também utilizar a palpação do pulso por no máximo 10
seg).
• Acionar serviço de emergência (193 / 192).
• Iniciar a RCP C-A-B (compressões torácicas (30), abrir vias aéreas,
respiração(2) em adultos, crianças e bebês (excluindo-se recém-nascidos).
• Pegar o desfibrilador se disponível de imediato ou solicitar a outro que pegue.
• Instalar o DEA (desfibrilador automático) e chocar se indicado.
• Manter a RCP e re-checar com DEA a cada 2 minutos.
• Ajudar quando o ACLS chegar.
Afogamentos (sequencia muda - ABC)
• Reconhecer a parada respiratória e iniciar ventilação ainda dentro da água.
• Retirar a vitima de dentro da água e então reconhecer PCR * Acionar serviço de
emergência (193 / 192)
• Iniciar a RCP A-B-C (abrir vias aéreas, ver, ouvir e sentir, respiração (2) e
compressões torácicas (30) em adultos, crianças, e bebês. Se houver 2
socorristas a relação passa a ser 2 ventilações para 15 compressões.
• Pegar o desfibrilador se disponível de imediato ou solicitar a outro que pegue
• Instalar o DEA (desfibrilador automático) e chocar se indicado
• Manter a RCP e re-checar com DEA a cada 2 minutos.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 56
17. OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE OU ENGASGAMENTO)
Engasgos (presença de corpo estranho na traquéia) podem levar à morte, pois
impedem a passagem de ar para os pulmões. As pessoas se engasgam quando o
caminho que o ar percorre para chegar aos pulmões é obstruido por pedaços de
alimento, liquidos ou pequenos objetos.
Nesses casos é fundamental agir rapidamente, porque em minutos a vítima
pode perder a consciência e morrer sufocada. A obstrução completa da via aérea é
uma emergência que, se não tratada, leva a óbito em poucos minutos e em adultos
ocorre freqüentemente durante a refeição. A carne é a maior causa dessa obstrução.
O Reconhecimento é realizado pela identificação dos sinais clássicos de obstrução de
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 57
vias aéreas que são: dificuldade para falar, tossir e respirar e ainda pelo Sinal Universal
de Asfixia em que a vítima leva as mãos ao pescoço.
Tipos de Obstrução
1.Obstrução Leve: parciais com troca de ar boa
2. Obstrução Grave:
- obstruções parciais com troca de ar ruim
- obstruções completas (Oxigenação Inadequada e aumento da dificuldade para
respirar, tosse silenciosa, cianose ou incapacidade para falar ou respirar).
Tipos de Vítima
1. Consciente: obstrução total sinais de asfixia ,incapaz de falar ou tossir, cianose e
esforço respiratório exagerado - movimento de ar não detectável.
2. Inconsciente: vítima encontrada inconsciente
Como Proceder
• No caso da obstrução leve com vítima consciente: O paciente consegue
tossir forçadamente; O socorrista deve encorajar o paciente a tossir; Observe a
vítima até o objeto se desalojar e a respiração ser restabelecida normalmente;
Caso não ocorra a desobstrução realize a Manobra de Heimlich.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 58
No caso de obstrução parcial de vias aéreas não bater nas costas da vítima pois isso pode deslocar o objeto e fazer com que este obstrua totalmente as vias aéreas.
• No caso de obstrução grave com vítima consciente: ruim troca de ar (parcial
ou completa) iniciar Manobra de Heimlich (técnica de compressão da região
abdominal, subdiafragmática, utilizada para retirar materiais ou tecidos que
estejam obstruindo a passagem do ar nas vias aéreas); Consiste em posicionar-
se por trás da vítima obstruída e comprimir, com ambas as mãos a região
abdominal, no ponto médio entre o umbigo e o apêndice xifóide.
• Vítima inconsciente: Ligar imediatamente para SAMU – 192; A tração da língua
e da mandíbula não é mais preconizada; Recomenda-se o uso da manobra de
inclinação da cabeça – elevação do queixo; Não mais executar a manobra da
varredura digital às cegas (já era preconizado nas crianças e lactentes); Deve-se
apenas inspecionar a cavidade oral à procura de corpos estranhos e retirá-los
caso sejam visualizados; Não se trata mais vítimas inconscientes com suspeita
de OVACE com a manobra de Heimlich; Utiliza-se as manobras de compressão
torácica da RCP (mesma eficácia). Motivo: SIMPLIFICAÇÃO DO PROTOCOLO.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 59
• Vítimas obesas e ou gestantes: Lactentes e vítimas com abdômen muito
volumoso onde o socorrista é incapaz de colocar seus braços totalmente ao
redor do sufocado (gravidez avançada, grande quantidade de gordura na região
abdominal), deve-se optar pela “compressão torácica” rápidas e forçadas com a
vítima em pé ou deitada. Em pé: Colocar o punho da mesma maneira, agora
sobre o esterno, sem atingir arcos costais ou processo xifóide (comprimir sobre
a parte inferior do tórax, logo acima do apêndice xifóide).
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 60
Vítimas lactentes: Coloque o lactente em seu braço com a cabeça voltada para sua
mão e as pernas para o seu tornco. Vire o lactente e dê cinco golpes nas costas em
região hipotenar. Vire novamente o lactente e realize cinco compressões torácicas.
Repita a operação quantas vezes for necessário. Se o lactente ficar inconsciente
realize RCP.
18 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Necrose do músculo cardíaco após isquemia por oclusão arterial coronariana
aguda, ou seja, é um quadro clínico conseqüente à deficiência de fluxo sanguíneo para
uma dada região do músculo cardíaco (miocárdio), cujas células sofrem necrose devido
à falta de aporte de oxigênio. É uma manifestação de insuficiência coronariana e está
relacionada, em cerca de 95% dos casos, com a arteriosclerose, um processo de
obstrução por deposição de gorduras, que afeta as artérias coronarianas e outras
artérias do corpo.
Principais Causas
Arteriosclerose; embolia coronariana e espasmo arterial coronário (angina pectória).
Principal Complicação
Parada cardíaca por fibrilação ventricular (parada em fibrilação). Óbito.
Sintomas
· A maioria das vítimas de infarto agudo do miocárdio apresenta dor torácica. Esta dor
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 61
é descrita classicamente com as seguintes características: a) Dor angustiante e
insuportável na região precordial (subesternal), retroesternal e face anterior do tórax. b)
Compressão no peito e angústia, constrição. c) Duração maior que 30 minutos. d) Dor
não diminui com repouso. e) Irradiação no sentido da mandíbula e membros
superiores, particularmente do membro superior esquerdo, eventualmente para o
estômago (epigástrio).
· A grande maioria das vítimas apresenta alguma forma de arritmia cardíaca.
Palpitação, vertigem, desmaio. Deve-se atender as vítimas com quadro de desmaio
como prováveis portadoras de infarto agudo do miocárdio, especialmente se
apresentarem dor ou desconforto torácico antes ou depois do desmaio.
· Sudorese profusa (suor intenso), palidez e náusea. Podem estar presentes vômitos e
diarréia.
· A vítima apresenta-se muitas vezes, estressado com "sensação de morte iminente".
· Quando há complicação pulmonar, a vítima apresenta edema pulmonar caracterizado
por dispnéia (alteração nos movimentos respiratórios) e expectoração rosada.
· Choque cardiogênico.
Como Proceder
Muitas vezes, a dor que procede a um ataque cardíaco pode ser confundida, por
exemplo, com a dor epigástrica (de uma indigestão). É preciso estar atento para este
tipo de falso alarme.
· Procurar socorro médico ou um hospital com urgência.
· Não movimentar muito a vítima. O movimento ativa as emoções e faz com que o
coração seja mais solicitado.
· Observar com precisão os sinais vitais.
· Manter a pessoa deitada, em repouso absoluto na posição mais confortável, em
ambiente calmo e ventilado.
· Obter um breve relato da vítima ou de testemunhas sobre detalhes dos
acontecimentos.
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 62
· Tranqüilizar a vítima, procurando inspirar-lhe confiança e segurança.
· Afrouxar as roupas.
· Evitar a ingestão de líquidos ou alimentos.
· No caso de parada cardíaca aplicar as técnicas de ressuscitaçãocardío-respiratória.
· Ver se a vítima traz nos bolsos remédios de urgência.
Aplicar os medicamentos segundo as bulas, desde que a vítima esteja consciente
(vasodilatadores coronarianos, comprimidos sublinguais).
. A confirmação da suspeita de quadro clínico de um infarto agudo do miocárdio só
ocorre com a utilização de exames complementares, tipo eletrocardiograma (ECG) e
exames sangüíneos (transaminase, etc), que deverão ser feitos no local do
atendimento especializado.
Toda pessoa com suspeita de infarto agudo do miocárdio deve
ser encaminhada com a maior urgência para atendimento
especializado em hospitais, serviço de emergência ou unidade
de emergência cardíaca.
19 CRISE HIPERTENSIVA Apesar dos atuais conhecimentos sobre a fisiopatologia e a terapêutica da doença
hipertensiva, sua evolução é eventualmente marcada por episódio de elevação súbita e
acentuada da pressão arterial, representando uma séria e grave ameaça à vida.
O aumento rápido e excessivo da pressão arterial pode evidenciar- se pelos seguintes
sintomas:
· Encefalopatia. · Cefaléia intensa, geralmente posterior e na nuca. · Falta de ar. ·
Sensação dos batimentos cardíacos (palpitação). · Ansiedade, nervosismo. ·
Perturbações neurológicas, tontura e instabilidade. Zumbido. · Escotomas cintilantes
(visão de pequenos objetos brilhantes). · Náusea e vômito podem estar presentes.
Pessoas previamente hipertensas apresentam, na crise, níveis de pressão diastólica
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 63
(ou mínima) de 140 ou 150 mm Hg ou mais. Em alguns casos, o aumento repentino
tem mais importância do que a altura da pressão diastólica, surgindo sintomas com
cifras mais baixas, em torno de 100 ou 110 mm Hg. Em ambos os casos as cifras
sistólicas (ou máxima) apresentam-se elevadas. Abaixo, apresentamos as variações da
pressão arterial normal e hipertensão, em adultos maiores de 18 anos, em mmHg:
Todos os sintomas e sinais de crise hipertensiva podem evoluir para acidente
vascular cerebral, edema agudo do pulmão e encefalopatia. A encefalopatia é uma
síndrome clínica de etiologia desconhecida. Ela é causada pela resposta anormal da
auto-regulação circulatória cerebral, em decorrência de elevação súbita ou acentuada
da pressão arterial. Esta síndrome é geralmente caracterizada por cefaléia intensa,
generalizada, de início súbito e recente; náusea; vômito; graus variados de distúrbios
da consciência como sonolência, confusão mental, obnubilação e coma; distúrbios
visuais e perturbações neurológicas transitórias como convulsões, afasia (ausência da
fala), dislalia (dificuldade de falar), hemiparesia e movimentos mioclônicos nas
extremidades.
A gravidade potencial da crise hipertensiva exige tratamento imediato, já que a
reversibilidade das possíveis complicações descritas está condicionada à presteza das
medidas terapêutica. O objetivo inicial do tratamento a ser feito por médico é a rápida
redução das cifras tensionais.
Como proceder
O atendimento é essencialmente especializado e a principal atitude de quem for
prestar os primeiros socorros é a rápida identificação da crise hipertensiva e remoção
APOSTILA DE URGENCIA E EMERGENCIA 64
da vítima.
Para identificar a crise, mesmo sem verificar a pressão arterial, deve- se
conhecer os sintomas já descritos. Procurar saber se a vítima já é hipertensa, há
quanto tempo, e que medicamentos usa.
A remoção para atendimento especializado deve ser urgente.
20 URGENCIAS ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS
O diabetes mellitus pode tornar-se uma emergência devido a uma das duas condições:
coma diabético (hiperglicêmico) ou coma hipoglicêmico.
20.1 Coma Diabético
O organismo tentará superar a falta de açúcar em suas células usando outros
alimentos como fonte de energia, e isto será feito através da gordura armazenada. O
uso desta fonte é ineficaz, os produtos de degradação da gordura usada para
fornecimento de energia normal aumentam acentuadamente a acidez do sangue. Se a
perda de líquidos e o aumento da acidose forem muito intensos, haverá o
desenvolvimento de coma diabético. Nesta condição, o nível sanguíneo de açúcar é
muito alto, porém não é ele que causa diretamente o coma. A presença no sangue de
produtos ácidos de degradação e a perda de líquidos é que leva o diabético ao coma.
O desenvolvimento do coma geralmente ocorre quando um paciente diabético
não tratado, ou que não faz uso da insulina prescrita, sofre algum tipo de "stress", ou
uma infecção. O paciente pode se apresentar torporoso com os seguintes sinais
físicos:
1. Falta de ar, manifestada por respiração suspirosa rápida e profunda.
2. Desidratação (pele seca e quente e olhos afundados).
3. Odor peculiar (cetônico) causado pelos ácidos acumulados no sangue.
4. Pulso rápido e fraco.
5. Pressão arterial normal ou ligeiramente baixa.
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6. Graus variáveis de diminuição das respostas aos estímulos.
7. Coma e/ou Óbito.
20.2 Hipoglicemia e Coma Hipoglicêmico
O coma hipoglicêmico pode ocorrer quando a insulina é administrada em
excesso, ou quando o paciente não se alimenta adequadamente ou se exercita demais.
O açúcar é rapidamente retirado do sangue para as células, faltando então, em
quantidade suficiente no sangue para a nutrição do cérebro. Uma vez que este requer
um suprimento constante de glicose assim como de oxigênio, pode haver o
desenvolvimento rápido de inconsciência e lesão cerebral permanente, se o nível
sanguíneo de açúcar permanecer baixo.
O açúcar baixo no sangue (hipoglicemia) está associado aos seguintes sinais e
sintomas:
1. Respiração normal. 2. Pele pálida e úmida. 3. Confusão; cefaléia; raciocínio
prejudicado; riso despropositado; resistência ao auxílio. 4. Pulso rápido e cheio; 5.
Pressão arterial normal. 6. Desmaio; convulsões e coma. 7. Óbito.
Como proceder
Se um paciente diabético se tornar um caso de emergência, pode ser difícil para
uma pessoa inexperiente, mesmo sabendo que o paciente é diabético, fazer a
diferenciação entre os sinais do pré-coma diabético ou hiperglicêmica e do pré-coma
hipoglicêmico.
Nos casos de desequilíbrio de açúcar, se a vítima ainda não tiver alcançado a
fase de coma, ela pode sentir-se doente ou estar apenas semiconsciente; porém quase
sempre pode informar a quem a está socorrendo a causa exata de sua doença. No
tratamento de um paciente diabético, deve-se fazer as seguintes perguntas a ele ou a
sua família:
- Alimentou-se hoje? ; Tomou insulina hoje?
Se o paciente se alimentou e não tomou insulina, provavelmente está evoluindo
para coma diabetic, se tomou insulina e não se alimentou, provavelmente está
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evoluindo para coma hipoglicêmico.
Se o paciente estiver inconsciente, pode-se fazer o diagnóstico de coma
diabético ou de coma hipoglicêmico, baseando-se nos sinais e sintomas acima. É muito
difícil o diagnóstico diferencial A diferença primária visível será a respiração do
paciente, respirações suspirosas profundas no coma diabético e respirações normais
no coma hipoglicêmico.
Um paciente diabético inconsciente e com convulsões provavelmente estará em coma
hipoglicêmica.
DIFERENCIANDO A HIPERGLICEMIA E HIPOGLICEMIA
Sintomas Hiperglicemia (alta de açúcar)
Hipoglicemia (baixa de açúcar)
Início Lento Súbito (minutos)
Sede Muita Inalterada
Urina Muita quantidade Inalterada
Fome Muita Muita ou normal
Perda de peso Freqüente Não
Pele Seca Normal ou úmida
Mucosa da Boca Seca Normal
Suores Ausentes Freqüentes e frios
Tremores Ausentes Freqüentes
Fraqueza Presente Sim ou não
Cansaço Presente Presente
Glicose no
sangue
Superior a 200 mg% 40 a 60 mg% ou menos
Hálito cetônico Presente ou ausente Ausente
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O tratamento destas condições inclui os seguintes itens:
1. O paciente em coma diabético ou hiperglicêmico (muito açúcar no sangue) necessita
de insulina e, talvez, de outros medicamentos. Transportá-lo imediatamente para o
hospital, para cuidados médicos apropriados.
2. O paciente em coma hipoglicêmico (nível sanguíneo de açúcar baixo) necessita de
açúcar. A administração de qualquer solução glicosada pode reverter imediatamente o
coma hipoglicêmico.
3. Deve-se procurar qualquer identificação de emergência do paciente, que pode ser
encontrada sob a forma de cartão, colar ou pulseira. Este cartão informará se o
paciente possui um problema médico e, possivelmente, poupará tempo em se
pesquisar um diagnóstico.
21 HIPERTERMIA OU FEBRE ALTA
A hipertermia é a elevação anormal da temperatura do corpo, caracterizada pela
presença de altas cifras termométricas, geralmente maiores que 400C.
A hipertermia pode ocorrer devido à presença de infecção no organismo ou de
alguma outra doença. Ela resulta da incapacidade do mecanismo regulador de
temperatura do hipotálamo em controlar as diferenças entre ganho e perda de calor, e
da dissipação inadequada do calor pelo corpo.
Uma lesão cerebral, por exemplo, pode danificar os centros térmicos localizados
no hipotálamo; tumores, infecções, acidente vascular ou traumatismo craniano podem
também afetar o hipotálamo ou as vias descendentes e assim, provocar distúrbios nos
mecanismos de regulação e dissipação de calor.
Além das causas crônicas ou agudas que podem determinar a excessiva febre
de uma vítima, algumas síndromes levam a hipertermia:
· restrição à perda de calor; presença prolongada em ambientes excessivamente
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quentes e úmidos; desidratação em crianças; doenças generalizadas da pele; doenças
infecciosas; doenças parasitárias; viroses; lesões teciduais e neoplasias.
Como proceder
Os primeiros socorros recomendados após a constatação exata de hipertermia,
com a vítima geralmente prostrada, são: envolvê-la com panos ou toalhas úmidas e
frias e banho de imersão à temperatura ambiente. Toalhas frias (com gelo) na região
da fronte. Em caso de convulsão e delírio não se deve dar banho na vítima e a
remoção para atendimento hospitalar deverá ser urgente.
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