Post on 06-Nov-2018
Profa Dra Paula Cristitna Nogueira
Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo
Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ESTOMIAS
3 de abril de 2018
Enfermagem na Saúde do Adulto e Idoso em Cuidados
Clínicos e Cirúrgicos - ENC 240
ESTOMIA: definição
• Estoma tem origem da palavra grega “stoma” = “boca”
• Abertura cirúrgica para comunicação de um órgão com o exterior
Cesareti e Santos, 2015
TIPOS DE ESTOMIAS
Sistema Digestório
Gastrostomia
Jejunostomia
Ileostomia
Colostomia
Sistema Respiratório Traqueostomias Pleurostomias
Sistema Urinário Ureterostomia Cistostomias Vesicostomia Nefrostomia
TRAQUEOSTOMIAS
ESTOMIAS DE ELIMINAÇÃO INTESTINAL
Ileostomia
Colostomia
Estomias intestinais consistem na exteriorização do íleo ou cólon para o meio externo através da parede abdominal
Colostomias e ileostomias
Procedimentos cirúrgicos destinados a
promover o desvio do trânsito fecal,
Mediante construção de um ânus artificial
na parede do abdômen,
para permitir eliminação de fezes e gases
Definitivas
Temporárias
CAUSAS
COLOSTOMIA
ILEOSTOMIA
Câncer colorretal
Doença diverticular
Doença inflamatória intestinal
Incontinência anal
Colite isquêmica
Polipose adenomatosa familiar
Trauma
Magacólon
Infecções perineais graves
Doenças congênitas
TIPOS DE ESTOMIAS INTESTINAIS
– Terminal
– Em Duas Bocas
– Em Alça
ESTOMIA TERMINAL
• Com boca proximal funcionante e a distal sepultada
• Conhecida como “Hartmann”
COLOSTOMIA EM DUAS BOCAS
• Com a boca proximal funcionante e a distal não funcionante (fístula mucosa)
ESTOMAS INTESTINAIS - TIPOS DE EFLUENTES
Efluente: líquido
Efluente: semi- líquido Efluente: semi - sólido
Efluente: sólido
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: ESTOMIAS INTESTINAIS
• Período pré-operatório
• Período trans-operatório
• Pós-operatório O CUIDAR:
PRECOCE
INTERDISCIPLINAR
ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA
SISTEMA DE SUPORTE SOCIAL
PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
• Avaliação de demandas bio-psico-sociais
• Demarcação pré-operatória
• Teste de hipersensibilidade
• Preparo colônico
• Suporte social
OBJETIVO
• Preparar física e emocionalmente;
• Identificar fatores desfavoráveis;
• Reintegração social
PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
• Conhecimento do indivíduo acerca do diagnóstico;
• Antecedentes familiares;
• Hábitos de eliminação;
• Medicamentos;
• Atividades sociais;
• Estado emocional;
• Padrão cultural
• Escolaridade;
• Estado nutricional
• Habilidades psicomotoras;
• Condição de pele.
DEMARCAÇÃO DO ESTOMA
estoma bem localizado e bem construído
direito da pessoa com ostomia
dever do profissional
(médico e enfermeiro)
O estoma bem construído e adequadamente localizado auxilia na reabilitação, uma vez que facilita o autocuidado, torna possível a aderência do equipamento coletor à pele periestoma preservando a sua
integridade.
Fonte: Slide da Profa Dra Vera LCG Santos
Demarcação
• É a determinação ou delimitação dos limites por meio de marcas, que tem como objetivo favorecer, durante o ato cirúrgico a confecção adequada do estoma para que permita uma adaptação adequada dos dispositivos.
FONTE: CD INTERATIVO CONVATEC
Demarcação
• 4 á 5 cm da cicatriz umbilical e outras, rebordo costal, crista íliaca, linhas da cintura;
• Fácil visualização;
• Tipo de estoma;
• Músculo reto abdominal;
• Espaço para aderência do dispositivo;
• Avaliar todas as posições;
DEMARCAÇÃO DO ESTOMA – TÉCNICA
Fonte: Slide da Profa Dra Vera LCG Santos
PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
• Conhecer os Dispositivos e saber como usar
PERÍODO TRANS-OPERATÓRIO
• Visita pré-operatória do enfermeiro do centro cirúrgico AUMENTO DA CONFIABILIDADE DO PACIENTE.
• Obter informações acerca do paciente e do sistema coletor apropriado para instalação no transoperatório.
• Acompanhar o cirurgião na exteriorização do estoma e evolução da cirurgia.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
Atendimento as necessidades biológicas e psicossociais do estomizado
Precoce, sistematizada e individualizada:
1. Ajudar a desenvolver o autocuidado/treinar o paciente e cuidador familiar;
2. Suporte emocional – equipe interdisciplinar;
3. Prevenir/detectar complicações da estomia e da pele periestoma;
4. Proporcionar reabilitação
5. Consulta ambulatorial após 15 dias da alta
6. Encaminhar para o pólo de distribuição;
7. Acompanhar evolução da doença.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
CARACTERÍSTICAS DO ESTOMA SAUDÁVEL
• COLORAÇÃO VERMELHO VIVO
• PROTRUSO OU ENCONTRA-SE NO MESMO PLANO DA PELE
• MUCOSA ÚMIDA
• INDOLOR À PALPAÇÃO
• LOCALIZAÇÃO ADEQUADA
• FUNCIONANTE – eliminação normal das fezes
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
COMPLICAÇÕES DO ESTOMA E DA PELE PERIESTOMA
• Imediatas (nas primeiras 24 horas do pós-operatório),
• Precoces (no período intra-hospitalar, geralmente
entre o 1º e o 7º dia pós-operatório) e
• Tardias (após a alta hospitalar ou até meses após a
confecção da estomia).
Complicações da pele periestoma:
• Dermatites (por umidade, alérgica,por trauma
mecânico), foliculite, infecção por cândida sp.
• Mais de 70% dos pacientes com ileostomia
Complicações
Sepsi periestomal
Necrose
Retração
Hemorragia
Evisceração
Oclusão
Complicações
precoces
Complicações
tardias
Fístula
Eventración periestomal
Estenose
Prolapso
Afecções cutâneas
Impacto negativo - QV
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
Fatores de Risco
• Tipo do estoma (ileostomias: estomas mais propensos e com maiores índices de complicações)
• Protrusão do estoma
• Tipo de cirurgia - emergência
• Obesidade
• Não Demarcação pré-operatória - , localização inadequada do estoma
• Co-morbidades (DII, diverticulite)
• Idade
• Esforço físico precoce
• Deficiência no autocuidado
• Falta de dispositivos adequados
AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
Processo de Cuidar: Ensino do (auto) cuidado
√ Esvaziamento e troca do equipamento coletor
√ Reconhecimento das características do estoma e pele periestoma
√ Reconhecimento das características das evacuações
√ Manejo do equipamento coletor
√ Orientações dietéticas
√ Detecção precoce de complicações
√ Cuidados gerais
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO √ Equipamento coletor
• O recorte do diâmetro interno da flange da base adesiva deve ser do tamanho do estoma - usar molde para recortar uma vez que nos primeiros dias de pós operatório é comum o estoma apresentar-se edemaciado e diminui de tamanho com os dias.
• A flange da base adesiva deve ser recortada exatamente do mesmo tamanho do estoma pois o contato do efluente com a pele vai ocasionar complicações como as dermatites.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO √ Equipamento coletor – deve proporcionar ao paciente:
• Segurança – deve ajustar-se adequadamente à estomia, permitir adesividade absoluta à
pele periestoma, por pelo menos 24 hora; minimizar a eliminação de odores (dispositivos
coletores com filtro de carvão ativado);
• Proteção – garantir manutenção da integridade da pele periestoma;
• Conforto – ser flexível e discreto, o paciente deve sentir confiança e ter liberdade de
movimentos;
• Praticidade – ser fácil e simples de manusear, permitindo colocação e recolocação sem
danos à pele periestoma; e
• Economia – ser de custo acessível e estar disponível no mercado tanto para rede pública
como provada de saúde, atender às indicações para o uso e a relação custo-benefício.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
√ Equipamento coletor – esvaziamento e troca
• Esvaziar o equipamento coletor quando o mesmo atingir de 1/3 a metade de sua capacidade
e a fazer a troca regularmente antes que haja infiltração e vazamentos.
• Avaliar o grau de erosão da base adesiva a cada troca;
• Observar as características do efluente, no caso de ileostomia as fezes são líquidas e
contínuas, PH alcalino, rico em enzimas digestivas.
• Orientar sobre o uso de adjuvantes se for necessário: pasta e resina em pó de hidrocolóide,
barreira protetora.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
√ Adjuvantes:
• Resina sintética em pó: composta de polímero hidrofílico que absorve a umidade da pele periestoma úmida, contribui para melhor adesividade e durabilidade do equipamento coletor e também, atua na regeneração da pele periestoma, promovendo uma camada protetora.
• Polímero acrílico não alcoólico: barreira protetora que evapora e, depois de aplicada na pele forma uma película protetora semipermeável. Apresenta-se em forma líquida em spray.
• Anel de hidrocolóide: possui fibras de algodão que absorvem a umidade enquanto trata a pele
• A proteção da pele é a base de um bom cuidado do estoma e pele periestoma e o seu tratamento depende de uma superfície seca, preenchimento de quaisquer contornos irregulares e tratamento de infecções.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
√ Equipamento coletor - Indicação adequada
• Estomia plana e o ângulo de drenagem não está centralizado, é indicado o uso de dispositivo coletor com base adesiva de resina sintética convexa, duas peças de preferência e com bolsa transparente, drenável, e uso do cinto para manter a convexidade e auxiliar na sustentação do abdome.
• O equipamento coletor com convexidade vai favorecer a protrusão do estoma.
• O principal objetivo do cinto é aumentar o desempenho do uso do equipamento coletor. No caso da resina sintética com convexidade, o uso do cinto aumenta a fixação dessa no abdome, aumentando sua eficácia.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
√ Equipamento coletor - tipos
• Duas peças: permite a troca da bolsa coletora sem deslocar a barreira protetora da pele periestoma, a facilidade de acesso e visualização da estomia, facilita o autocuidado. Porém, no período pós-operatório deve-se considerar a possibilidade de estímulo doloroso ao se empregar o sistema duas peças para não exercer pressão sobre o abdome.
• Peça única: indicada para uso no período trans-operatório e pós-operatório imediato, transparente e drenável
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO
• Assegurar que o paciente utilize técnica correta de troca do equipamento coletor
• Revisar as ações de autocuidado com a pessoa com estomia e/ou seu cuidador familiar: como
higieniza a estomia e pele periestoma, se costuma fazer o auto exame da estomia e pele periestoma,
se o diâmetro da bolsa coletora em uso está adequado ao tamanho do estoma e se a bolsa está
adequada ao tipo de estoma
• A utilização de produtos tópicos na pele periestoma deve ser avaliado cautelosamente. Produtos
como éter e benzina, que alteram o pH da pele, não são recomendados para limpá-la, remover restos
de adesivos ou auxiliar na adesividade do equipamento e, portanto, devem ser evitados.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO TARDIO
• Avaliação/ ensino do (auto) cuidado
• Avaliação de complicações
• Ensino irrigação/ oclusor de colostomia
• Reinserção social (familia/ trabalho/ lazer/ comunidade/ sexual, etc...)
• Associação de Estomizados
• Reabilitação
MÉTODOS DE “CONTROLE” INTESTINAL
Irrigação da colostomia Sistema oclusor da colostomia
Indicação: Pacientes com colostomia esquerda, em colon descendente ou sigmoide, terminal, sem doenças intestinais e de preferência definitiva – Reabilitação!
https://www.youtube.com/watch?v=UfaYWfEETKA
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
IMPORTANTE
• Problemas no estoma e na pele periestoma são um dos maiores problemas que podem acometer um paciente com estomia. em algum momento de sua vida, ele irá apresentar algum tipo de complicação na pele periestoma, sendo que os índices encontrados na literatura são superiores a 75%.
• A reavaliação das ações de autocuidado com o estoma e a pele periestoma é essencial e contínua.
• A pele desempenha um papel vital no cuidado do estoma, por isso é essencial que se mantenha saudável. A perda da sua integridade causa desconforto e dor na área afetada, reduzindo a capacidade de aderência da base adesiva à pele, além de comprometer a qualidade de vida dessas pessoas.
• Prevenção, identificação precoce e tratamento adequado das complicações do estoma e da pele periestoma são fundamentais para o cuidado da pessoa com uma estomia
• Avaliação frequente e sistematizada por um estomaterapeuta ou enfermeiro generalista capacitado é fundamental para monitorar as condições do estoma e da pele periestoma e o uso apropriado do equipamento coletor.
• Essas medidas auxiliarão na prevenção das complicações
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
REFERÊNCIAS
1.Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. 2ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2015. 2.Aguiar ESS et al. Complicações do Estoma e Pele Periestoma em Pacientes com Estomas Intestinais. Estima. 2017; 15(4). 3.Colwell JC, McNichol L, Boarini J. North America Wound, Ostomy, and Continence and Enterostomal Therapy Nurses Current Ostomy Care Practice Related to Peristomal Skin Issues. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2017;44(3): p.1-5. 4.Lima, SGS. Complicações em estomas intestinais e urinários: revisão integrativa. Dissertação. 2017. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Medicina de Botucatu, São Paulo. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/150170 5.Portal dos ostomizados. Disponível em: http://www.ostomizados.com/downloads/downloads.html 6.Associação Brasileira de Ostomizados – ABRASO. Disponível em: https://abraso.org.br/artigos/ 7. Convatec. http://www.convatec.pt/videos/ostomy-videos/ Fotos/imagens extraídas da Internet – Google images
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
Albert Eisntein
Muito Obrigada!!
pcnogueira@usp.br