Aula nº5

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RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014

9ºano

AULA Nº5

Olá turma!

Neste resumo vamos tratar das Atividades económicas e de “Compreender a desigual distribuição dos recursos” assim como “Compreender as relações entre a distribuição e o consumo dos diferentes tipos de recursos”. Porquê falar de Atividades económicas em Geografia? Aprendemos no 7ºano que a Geografia é uma ciência que estuda a organização do espaço. Qual espaço? A superfície da Terra que o Homem tem vindo a modificar. E porquê? Porque desde que se tornou um ser sedentário precisa de meios para sobreviver. E que meios são esses? Aqueles que se designam genericamente de recursos, tais como, recursos alimentares, recursos naturais, recursos energéticos. E o que faz com estes recursos? Uns consome-os diretamente, outros vão servir de matérias-primas para produzir outros recursos. Ora para transformar recursos é preciso ter meios para o fazer. Como dizem os economistas, é necessário reunir fatores de produção. Basicamente, uma atividade produtiva necessita de ter terra + trabalho + capital para iniciar a produção.

Reunidos os fatores básicos o processo transformador pode ter início. Mas, como se pode adivinhar pelo que já sabemos das diferenças entre grupos de países, os processos produtivos vão depender de outros fatores como o grau de técnicas e de tecnologia de que dispõe uma sociedade. Numa sociedade tradicional, pouco evoluída, com uma população pouco instruída, as técnicas disponíveis vão ser rudimentares, a capacidade de produção vai ser reduzida, o volume de produção baixo e a produtividade do trabalho muito fraca. Normalmente, fala-se mais em atividade artesanal e os ganhos para quem produz são fracos, também.

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o

Terra - compreende a terra utilizada na produção agrícola e pecuária, o espaço ocupado pela construção de edifícios, os

recursos minerais explorados no subsolo

Trabalho - compreende o tempo de trabalho humano usado na produção, incluindo as capacidades e conhecimentos de quem

trabalha.

Capital - dinheiro e bens necessários à produção de outros bens ou serviços

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Numa sociedade moderna, tecnologicamente muito evoluída, com uma população altamente instruída, a capacidade de produção vai ser elevadíssima. A produção é feita em série, em massa e em cadeia1 o que vai permitir grandes volumes de produção, a preços baixos e num curto espaço de tempo. Isto vai possibilitar a passagem de uma sociedade tradicional para uma sociedade de consumo caraterizada pela capacidade de produção e abastecimento dos produtos a um preço que facilita a aquisição dos mesmos por um número cada vez mais vasto de consumidores. As diferenças, porém, estendem-se a outros níveis. Os economistas dizem que há bens livres e bens escassos. Um bem livre é aquele que existe em tais quantidades que ninguém precisa de o comprar para o ter. Por exemplo, a luz solar, o mar, o ar, temo-los disponíveis sem os pagar nem tão pouco trabalharmos para os adquirir. Outros, contudo, são escassos e localizáveis, isto é, existem em quantidades inferiores às necessidades do Homem e encontram-se em sítios específicos. Daí que, para os obter, é preciso comprá-los a quem os possui. Frequentemente, recursos naturais existem em países que não têm, ainda, condições para os transformar. São tecnicamente atrasados e a sua economia depende da exportação desse(s) recurso(s). Outros, possuem fábricas, tecnologia, investigação, conhecimento mas não têm a matéria-prima. Nestas desigualdades reside a necessidade de trocas entre os países ditos ricos e os designados por pobres. Falamos em economia aberta, em interdependência entre países, em relações Norte-Sul e em relações Sul-Sul.

Com o aumento da população mundial, a intensificação da produção industrial, a modernização dos transportes e a globalização da economia tem-se assistido a um grande aumento das trocas internacionais, por um lado, as exportações (o que se vende) e, por outro lado, das importações (o que se compra).

Podemos dizer, então, que a Balança Comercial – relação entre o que se vende e o que se compra – varia em função dos volumes trocados. Um país que vende mais ao estrangeiro do que lhe compra terá uma balança

1 Produção em série significa que se fabrica por modelos pelo que, o produto final, se repete. Na produção artesanal feita principalmente à mão não se encontram dois objetos rigorosamente iguais. Produção em massa significa que se produzem grandes quantidades de um mesmo produto. Uma máquina para ser rentável tem que produzir durante o tempo para que está programada. Muitas delas funcionam 24 horas sobre 24 horas; se param criam prejuízos. Em cadeia quer dizer que as diversas fases do processo produtivo estão programadas para uma certa cadência de tempo não havendo lugar a intervalos entre elas. É a máquina que impõe o ritmo e o trabalhador tem que se adaptar a esse ritmo.

Norte

Sul

Relações Norte-Sul – de um modo geral, os países do Norte situam-se na zona temperada do Norte, incluem a Austrália e a Nova Zelândia no hemisfério Sul e constituem o grupo de países desenvolvidos. Os países do Sul localizam-se maioritariamente no hemisfério sul e compreendem o grupo de países em desenvolvimento.

Fig.1

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comercial positiva; aquele que compra mais ao estrangeiro do que lhe vende terá uma balança comercial negativa. Se compras e vendas se igualam então o saldo é nulo.

Apesar de muitos dos países industrializados necessitarem de importar grandes quantidades de recursos naturais para as suas atividades produtivas obtêm mais lucros com a sua transformação do que aqueles que lhes vendem as matérias-primas. Isto sucede porque, à medida que o processo de produção se desenvolve, o produto fabricado vai aumentando de valor. Daqui resulta que, o grau de riqueza de um país é tanto maior quanto maior for a sua capacidade transformadora. Sendo mais rico, melhor será o nível de vida da sua população. Sendo maior a capacidade económica de uma população maior será, igualmente, a sua capacidade de consumo.

E, aqui, reside outra grande assimetria no mundo atual: quanto maior é a capacidade económica de um país maior é o consumo por parte da sua população. Acontece que, estes países, são aqueles que chamámos de ricos ou desenvolvidos que, do ponto de vista demográfico, são marcados por baixas taxas de crescimento natural.

Pelo contrário, os países mais pobres (muitos possuidores de riquezas naturais mas incapazes de as transformar industrialmente) obrigados a comprar artigos manufaturados e produzidos pelos países desenvolvidos, são marcados, demograficamente, por crescimentos populacionais elevados.

Sucede que, muitos dos países em desenvolvimento, estão numa fase de transição e procuram aproximar-se da capacidade dos ditos países ricos gastando, para tal, recursos em volumes crescentes sem preocupação pelos reflexos nocivos no meio ambiente. Este modelo compromete a meta do chamado desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade implica gastar os recursos sem colocar em risco as necessidades das gerações futuras.

Balança comercial = Exportações – Importações

Se Exportações > Importações a BC é positiva;

Se Exportações < Importações a BC é negative;

Se Exportações = Importações a BC é nula

O preço dos alimentos disparou e o aumento médio no mundo passa dos 80%. A crise atual, a pior dos últimos trinta anos, decorre de uma combinação de causas: colheitas ruins, especulação de preços, aumento excecional do barril de petróleo e a explosão dos biocombustíveis. Mas, o que ajudará a perpetuar o problema é o aumento do consumo de alimentos, sobretudo na China e na Índia, as locomotivas asiáticas que, juntas, têm mais de um terço da população mundial.

André Petry, Revista Veja – 28 de maio de 2008

Fig.2

Fig. 3

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Pelo texto de André Petry, que acompanha o gráfico que mostra a evolução da população mundial entre 1950 e o que prevê acontecer até 2050, somos de novo confrontados com o problema que mais afeta o mundo atual, a demografia e o aumento da produção para sustentar uma Terra superpovoada e crescentemente explorada nos seus recursos. Mas, como também já sabemos, os ritmos demográficos são diferentes conforme o grau de desenvolvimento dos países assim como são diferentes as capacidades dos países para obter recursos e transformá-los.

Neste planisfério da figura 4, podemos extrair e confirmar muito do que já sabemos sobre as desigualdades no mundo de hoje, neste caso, mais a nível económico. Por exemplo, verificamos que:

� A maior potência comercial é a União Europeia; � Há três polos principais no comércio mundial: a UE, o eixo Japão e “Tigres asiáticos” – China, Coreia do Sul,

Singapura e Taiwan - e os EUA, todos eles localizados no hemisfério Norte � Cerca de ¾ das trocas comerciais na União Europeia ocorrem dentro do seu espaço geográfico sendo o

restante ¼ extra-europeu. � África é o continente com menor volume de trocas comerciais; � África, América Latina, Países do Leste Europeu e Países do Golfo e do Próximo Oriente (produt ores de

petróleo) exportam a maioria da respetiva produção; � Os maiores fluxos de trocas são, por ordem decrescente, da América do Norte para a região da Ásia-Pacífico;

da Ásia-Pacífico para a Europa; da Europa para a América do Norte; dos países do Golfo para a Ásia -Pacífico

� À exceção dos fluxos de petróleo para a Ásia-Pacífico, os fluxos mais significativos registam-se entre os três principais polos comerciais, daí o predomínio Norte-Norte.

Parte das trocas comerciais …

no interior da zona

para outras regiões

Predomínio do comércio Norte-

Norte (2007)

Mapa extraído do L´Atlas du Monde

diplomatique, 2009

Volume total do comércio de mercadorias Milhares de dólares

Fluxos comerciais interregionais

Fonte: Organização mundial do comércio, 2008 (dados de 2007). Fig.4

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Outras assimetrias são retratadas nos mapas seguintes.

Fonte: EIA, Administração de Informação de Energia do Departamento de Energia dos EUA

A China já consome metade do carvão do mundo. Essa é a fonte mais suja de energia, do ponto de vista da atmosfera. O carvão mineral, que queima nas termoelétricas do mundo, e principalmente da China, é o combustível que mais emite gás carbónico para cada watt gerado. Como é um material ainda abundante e barato, é difícil convencer os países emergentes asiáticos a abrir mão do recurso, em nome do equilíbrio do clima global. Segundo um levantamento recente do Centro de Informações Energéticas (EIA) do governo americano, a procura por carvão quase dobrou desde 1980 no mundo. O consumo na Ásia cresceu 5 vezes. Cerca de 73% do consumo da região é da China Por mais que a China invista em energia hidroelétrica (com a construção da central hidroelétrica das Três Gargantas, a maior do mundo) ou energia eólica (área onde o país já é líder mundial), continua presa ao carvão. (Alexandre Mansur)

Consumo mundial de carvão por região, 1980-2010

Milhares de milhões de toneladas curtas (1 Ton curta=907,2 kg)

Ex-União Soviética

Fig.5

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Países com campos de petróleo superiores a 1 milhar de milhão de barris

Tal como sucede com o carvão, o petróleo só existe nalguns dos países do mundo e em quantidades desiguais. As diferenças estendem-se, também, às próprias necessidades de consumo. Por exemplo, os EUA recorrem à importação de petróleo

Fig. 7 - http://exploracionistas.blogspot.pt/2011/05/o-maior-consumidor-de-petroleo-do.html

Outras curiosidades residem na comparação entre os três primeiros produtores, exportadores, consumidores e importadores no mundo de petróleo, em milhões de barris por dia:

Produtores (2010)

Exportadores (2009)

Consumidores (2010)

Importadores (2009)

1º Arábia Saudita 10,521 1º Arábia Saudita 7,322 1º EUA 19,180 1º EUA 9,631 2º Rússia 10,146 2º Rússia 7,194 2º China 9,392 2º China 4,326 3º EUA 9,688 3º Irão 2,486 3º Japão 4,452 3º Japão 4,235

1 a 4

5 a 10

>10

Fonte: en.wikipedia.org/wiki/List_of_oil

Produção e importações de petróleo nos EUA

Milh

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arris

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a

Como se pode ver pelo gráfico ao lado, desde 1920 até 1970 a produção de petróleo nos EUA subiu de 1 para 9,5 milhões de barris por dia. Registaram-se, neste mesmo período, importações mas em valores muito inferiors aos da produção. Contudo, a partir de 1970, a situação vai sofrer outro rumo: a produção tem vindo a decrescer (menos 47% entre 1970 e 2008) ao passo que, as importações, subiram extraordinariamente (560% entre 1970 e 2008 com uma quebra em meados da década de 80 no século XX).

Entre as explicações possíveis está o elevado poder de compra dos habitants que lhes permite ter acesso fácil à aquisição de automóvel e elevados níveis de conforto nas suas habitações. Não devemos esquecer o facto de se tartar de um país altamente industrializado.

Fig.6

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Mais um contributo para o retrato das desigualdades na distribuição dos recursos e na capacidade de os transformar. Os maiores produtores de minério de ferro são o Brasil, a Austrália, a China, a Rússia, a Índia, a Ucrânia e a África do Sul (os principais). No consumo destacam-se a União Europeia, a China e o Japão. Reparemos que o Japão não tem ferro pelo que necessita de comprá-lo ao exterior. O mesmo acontece com a Coreia do Sul e, como sabemos, estes dois países são bem conhecidos pela sua produção industrial de automóveis. Logo, são um exemplo da interdependência que marca o mundo de hoje entre quem possui matérias-primas e muitas vezes não tem capacidade para as transformar e quem tem poder tecnológico para o fazer. O ferro é indispensável para a produção de aço e, esta liga metálica, é fundamental no fabrico de equipamentos (máquinas, veículos, ferramentas, etc.). A indústria que produz o aço é a siderurgia, uma indústria altamente poluente que, por influência de protestos ambientalistas, tem sido alvo de deslocalização geográfica. Essa é uma das razões do encerramento de fábricas siderúrgicas na Europa Ocidental.

Atualmente, os países emergentes são dos principais fabricantes de aço segundo dados de 2010:

País Grupo de países Produção Milhões toneladas

1º China BRIC / Tigre asiático 627,7 2º Japão 109,6 3º EUA 80,5 4º Índia BRIC 68,3 5º Rússia BRIC 66,9 6º Coreia do Sul Tigre asiático 58,4 7º Alemanha 43,8 8º Ucrânia 33,4 9º Brasil BRIC 32,9 10º Turquia 29,1

Fig.8

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http://www.industriahoje.com.br/os-10-maiores-produtores-de-aco-do-mundo

base – fabrica o aço que é a base para produzir outros bens duráveis – e pesada – pelo capital que exige e a

tecnologia que está associada ao fabrico.

Também, quanto ao ouro, poucos são os países com este recurso no seu subsolo em quantidades significativas. Na figura 9 estão assinalados os principais produtores e as quantidades produzidas.

Nestas imagens é possível ver as enormes quantidades de fio de aço já produzidas, a poluição provocada pela laboração da siderurgia, o imenso espaço que é ocupado por uma fábrica destas e o investimento (capital) que é necessário para reunir os fatores de produção necessários a esta indústria. Daí, ser classificada como uma indústria de

Produção mundial de ouro em 2008

Fig.9

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Neste mapa é possível fazer leituras interessantes:

� Todos os continentes têm produção de petróleo: � A produção petrolífera na Europa é muito inferior ao consumo, logo tem que importar grandes quantidades; � Os EUA são os segundos maiores consumidores de combustíveis fósseis, petróleo e gás; � O continente sul americano e África têm mais reservas do que produzem e consomem; � Os países do golfo possuem as maiores reservas de petróleo do mundo.

Traduzindo as assimetrias na capacidade industrial dos países no mundo, o mapa da figura 11 revela onde se localizam as principais áreas industriais através das emissões globais de dióxido de carbono em consequência da queima de combustíveis fósseis e de outras emissões antrópicas (excluindo a aviação e as emissões de carbono orgânico).

Prof. Idalina Leite

BEP – barril equivalente petróleo

Fig.10

Fig.11

Mil toneladas de CO2 por rede celular