Autismo - Breves Considerações - Amanda Bueno

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Breves Considerações sobre Autismo. Apresentação para a turma do 4º período da Faculdade de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná.

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“Devemos aprender a olhar o mundo através do ponto de vista

de uma pessoa com autismo, assim vamos entender que por trás

de atos considerados inexplicáveis,existe sempre um esforço, uma tentativa encoberta de

comunicação”.

- Theo Peeters

AUTISMO – BREVES CONSIDERAÇÕESAmanda Bueno

Blog CAMINHOS DO AUTISMO

DEFINIÇÃO

“Autismo pode ser considerado um distúrbio do desenvolvimento caracterizado por um quadro comportamental peculiar e que envolve sempre as áreas da interação social, da comunicação e do comportamento em graus variáveis de severidade; este quadro é, possivelmente, inespecífico e representaria uma forma particular de reação do sistema nervoso central frente a uma grande variedade de insultos que podem afetar, de forma similar, determinadas estruturas do sistema nervoso central em períodos precoces do seu desenvolvimento.”

-Salomão Schwartzman, 1997

“Autismo é uma síndrome (*) definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, interação social e no uso da imaginação”.                            

-Ana Maria S. Ros de Mello - AMA, 2001.

HISTÓRICO

Leo Kanner – 1943

França – Autismo Infantil: Psicose

Mãe Geladeira

DSM e CID

INCIDÊNCIA

Os números de incidência do Autismo Infantil divulgados por diversos autores variam muito. De qualquer forma, os índices atualmente mais aceitos e divulgados variam dentro de uma faixa de 5 a 15 casos em cada 10.000 indivíduos, dependendo da flexibilidade do autor quanto ao diagnóstico.

As taxas para o transtorno são quatro a cinco vezes superiores para o sexo masculino, entretanto, as crianças do sexo feminino com esse transtorno estão mais propensas a apresentar um Retardo Mental mais severo que nos meninos.

CAUSAS DO AUTISMO

As causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem do autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética.

ESPECTRO DA DESORDEM DO AUTISMO

Autismo Autismo com DM Autismo associado à síndromes neurológicas Síndrome de Asperger

TRÍADE DE DIFICULDADES

1.Comunicação:

2.Comportamento:

3.Interação Social:

MANIFESTAÇÕES MAIS COMUNS

•Estereotipias motoras e vocais;

•Comportamentos agressivos;

• Rituais;

• Adesão à rotinas;

• Objetos de apego exagerado;

• Fixações;

•Interesses obsessivos e limitados;

• Comportamentos auto-agressivos;

•Comportamento hiperativo ou passivo;

SINAIS DE ALERTA!!!

PENSAMENTO

DIAGNÓSTICO

A literatura indica que o diagnóstico de autismo seja feito por um profissional com formação em medicina e experiência clínica de vários anos diagnosticando essa síndrome.

Portanto, embora às vezes surjam indícios bastante fortes de autismo por volta dos dezoito meses, raramente o diagnóstico é conclusivo antes dos vinte e quatro meses, e a idade média mais freqüente é superior aos trinta meses.

INSTRUMENTOS DE DIAGNÓSICO

DSM – IV

CID – 10

CHAT (Checklist de Autismo em Bebês, desenvolvido por Baron-Cohen, Allen e Gillberg, 1992)

DSM-IV

Critérios Diagnósticos Para 299.00 Transtorno Autista A. O indivíduo autista deve possuir um total de seis (ou mais) itens (1), (2) e (3) abaixo relacionados. Com pelo menos dois de (1), e um

de cada de (2) e (3). Desajuste qualitativo na interação social manifestada por pelo menos  2 (dois) dos itens abaixo:

Dificuldade marcante na utilização de múltiplos comportamentos não verbais como por exemplo olhar olho - a - olho, expressão facial, postura do corpo e gesticulação para regular a interação social.

Falha no desenvolvimento de relação apropriadas com os seus semelhantes. Incapacidade de emocionar-se com expressões de felicidade em outras pessoas. Falta de reciprocidade social ou

emotiva. Falta de reciprocidade social ou emotiva.

Desajuste qualitativo na comunicação manifestando por pelo menos 1 (um) dos seguintes itens: Retardo ou falta total do desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de compensação através

de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas. Desajuste marcante na habilidade de iniciar ou sustentar uma conversação com outras pessoas (em indivíduos com

fala preservada). Uso de linguagem estereotipada ou repetitiva ou de linguagem peculiar. Falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível de desenvolvimento.

(3) Padrões de comportamentos restritos, repetitivos ou estereotipados manifestados por pelo menos 1 (um) dos itens abaixo: Obsessão por um ou mais padrões restritos ou estereotipados de interesse anormal em intensidade ou foco. Fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não funcionais. Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos ou movimentos

corporais complexos. Preocupação persistente com partes de um objeto.

B. Deve possuir atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas relacionadas, com início antes dos 3 anos de idade: interação social, linguagem usada na comunicação social e ação simbólica ou imaginária.

C. Não deverá ser enquadrada como Desordem de Rett, Desordem desintegrativa da infância ou Síndrome de Asperger.

CID-10

F84.0 Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos. A. LESÃO MARCANTE NA INTERAÇÃO SOCIAL RECÍPROCA, MANIFESTADA POR PELO MENOS TRÊS

DOS PRÓXIMOS CINCO ITENS: dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e postura corporal para lidar com

a interação social. dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo. raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou ansiedade, e/ou oferece

conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem ansiedade ou infelicidade. ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a felicidade de outras pessoas e/ou

de procura espontânea em compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas. falta de reciprocidade social e emocional. B . MARCANTE LESÃO NA COMUNICAÇÃO: ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes. diminuição de ações imaginativas e de imitação social. pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos. pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e imaginação em processos

mentais. ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas. pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a modulação comunicativa. ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral.   C. PADRÕES RESTRITOS, REPETITIVOS E ESTEREOTIPADOS DE COMPORTAMENTO, INTERESSES E

ATIVIDADES, MANIFESTADOS POR PELO MENOS DOIS DOS PRÓXIMOS SEIS ITENS: 1. obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse. 2. apego específico a objetos incomuns. 3. fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos. 4. hábitos motores estereotipados e repetitivos. 5. obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de recreação. 6. ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do ambiente. D. ANORMALIDADES DE DESENVOLVIMENTO DEVEM TER SIDO NOTADAS NOS PRIMEIROS TRÊS ANOS

PARA QUE O DIAGNÓSTICO SEJA FEITO.

CHAT

O CHAT – CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS

(Questionário para Verificação de Autismo em Crianças Pequenas) é um instrumento de triagem que identifica o risco de transtornos na interação social e comunicação em crianças com dezoito meses de idade.

É um pequeno questionário que é preenchido pelos pais e o pediatra ou agente de saúde quando a criança está com 18 meses de idade. Seu objetivo é identificar crianças em risco de transtornos na interação social e comunicação.

SÍNDROME DE ASPERGER

1.Comunicação:-linguagem formal e pedante, concreta e literal;-são hiperverbais;

2.Comportamento:-Interesses restritos: Dinossauros, pokemon, Geografia, história, carros, aviões, jogos, mapas, maquetes;

3.Interação Social:-interações estranhas ;-problemas de empatia.

Diferenças entre Autismo e Asperger

Diferenças entre Autismo e Asperger

TIPOS MAIS USUAIS DE INTERVENÇÃO

Atualmente, a forma mais adequada e promissora de se tratar uma pessoa com autismo está relacionada à intervenção educacional e comportamental.

TEEACH Tratamento e educação para crianças autistas e com distúrbios

correlatos de comunicação

O TEACCH é fundamentado na avaliação individualizada centrada na pessoa com autismo e no desenvolvimento de um programa de ensino estabelecido a partir de sua habilidades, interesses (motivação) e necessidades. Usa como ponto de partida o potencial relativamente bom da maioria das pessoas com AI nas habilidades visuais, no reconhecimento de detalhes e memória.

Usa também estratégias de adaptação do ambiente para delinear programas que os capacite a atuar na vida cotidiana com estresse mínimo e também não tendo que depender dos outros para atuar. Mudar o comportamento não é um objetivo em si mesmo, não pensam que o comportamento torna as pessoas diferentes: as diferenças são fundamentalmente diferenças cognitivas devido a diferenças neurológicas

ABAAnálise aplicada do comportamento

É uma técnica de intervenção educacional  estruturada usada no delineamento de programas de tratamento individualizados. Consiste do estudo científico do comportamento para aumentar, diminuir, criar, eliminar ou melhorar comportamentos.

Os princípios fundamentais do ABA são: criar situações de acerto:

Fornecer instruções claras e concretas, oferecer apoio e material compatível.

Sempre garantir a resposta correta. Sempre reforçar a conduta correta. Ignorar, corrigir ou redirecionar a conduta incorreta. Motivar sempre.

PECS Sistema de comunicação através da troca de figuras

Consiste de um método para ensinar pessoas com autismo e distúrbios de comunicação a utilizarem figuras para se comunicar.

O sistema propicia essencialmente a comunicação expressiva, isto é, dá à criança uma forma compreensível de expressar suas necessidades, escolhas, vontades.

Busca viabilizar uma maneira de ajudar as crianças com autismo a se comunicarem de uma forma funcionalmente fácil e socialmente aceitável.

MEDICAÇÃO

Os medicamentos só poderão ser utilizados para sintomas extremos que estejam atrapalhando a vida e a evolução do indivíduo. Não existe medicamento para autismo e não se recomenda que crianças com autismo tomem qualquer tipo de medicamento.

Cerca de 20% dos casos de AI apresentam epilepsia utilizando-se então fármacos anticonvulsivantes (ácido valpróico principalmente).

Pode-se utilizar também neurolépticos para facilitar a interação social, melhorar a atenção e diminuir as estereotipias.

Cloridrato de piridoxina (vitamina B6) e magnésio podem ser utilizados para tranqüilizar comportamentos, melhorando as tentativas de comunicação.

Possíveis efeitos benéficos tem sido descobertos com o empregos de altas doses de ácido ascórbico (vitamina C).

Medicação em relação à condições associadas:

INCLUSÃO

“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para educação de qualidade para todos”.  Resolução Nº 2 de 11 de setembro de 2001 Art. 2º (http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao2.pdf).

AUTISTA ADOLESCENTE E ADULTO

Dos seis anos à adolescência:

Se a fala não foi adquirida pode haver uma estagnação do desenvolvimento intelectual. Há uma melhora da resposta a estímulos sensoriais perdendo um pouco de suas características autistas e se assemelhando mais a um retardo mental. Se a capacidade de fantasiar é existente, não é possível é difícil distinguir seu produto da realidade.São relatados casos de depressão nesse período.

Adolescência e idade adulta Na vida adulta, a deficiência mental, em geral acentua-se,

sendo difícil sua diferenciação do portador de retardo mental. Os autistas que possuem um QI mais elevado são comumente confundidos com esquizofrênicos, impedindo-os de serem independentes.

IMPORTÂNCIA DA EQUIPE CLÍNICA

DEPOIMENTOS

“Eu escuto como se tivesse um controle no ouvido e este estivesse no máximo. E também como se fosse um microfone que captasse tudo. Eu tenho duas opções: deixá-lo ligado e ficar atordoada com o som ou desligá-lo e agir como se eu fosse surda. Testes de audição indicaram que minha audição é normal. Mas eu não consigo modular a minha audição. Muitos autistas têm problemas em modular as entradas sensoriais”.

Temple Grandin “Eu amo olhar para luzes, em metais brilhantes e em tudo que faísca.” Donna Williams fala sobre fascinação hipnotizante de partículas de pó contra luz. Ela também gosta de piscar seus olhos ou ligar e desligar a luz rapidamente, a fim de ter um efeito de luz estroboscópica.

Donna Williams

“Em meu mundo de horror dos sons, o som do metal era uma exceção, eu realmente gostei. Infelizmente para a minha mãe, a campainha da porta tinha este som e eu passava o tempo todo obsessivamente a tocando”.

Donna Williams

“Os sons seguintes me incomodam tanto que eu tenho que tapar os ouvidos: tiros, lugares barulhentos cheio de gente, toque em polietileno, toque em balões, carros barulhentos, trens, motos, caminhões e aviões, veículos barulhentos em locais de construção, martelar e pregar, ferramentas elétricas, o barulho do mar, o barulho do velcro e giz no quadro, fogos de artifício. Apesar disto, eu posso ler músicas e cantá-las, e existem algumas músicas que eu adoro. Na verdade quando eu estou bravo e desesperado, a música é a única coisa que me acalma”.

Therese Joliffe et al.