Post on 30-Mar-2016
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Ninguém acreditava. Nem nós aqui da redação. Mas estamos completando 1 ano!Todos os meses mandando para vocês notícias do Projeto, dicas de livros, fi lmes e músicas. De maneira sutil, nas entrelinhas, procuramos despertar a atenção dos leitores para questões culturais que alicerçam a civilização e o mundo em que vivemos:
a Bíblia, o Alcorão, Beethoven, Carlos Drummond de Andrade, Saramago e tantos outros.Não tivemos muitas colaborações dos leitores, o que é natural, ninguém gosta de ajudar gente pobre. Precisamos confessar também que estamos um pouco perdidos (nós no Boletim, o Projeto
não, vai bem, obrigado). Estamos à procura de uma luz, mas a escuridão é quase total.No seu leito de morte, o genial Goethe pediu: “Licht, mehr licht!” Luz, mais luz!
Abriram as cortinas do quarto, não podiam imaginar que a Luz que ele pedia era muito mais profunda, e ele não a veria mais depois de morto.
E luz é o que nós aqui no Boletim também queremos. Não estamos na situação de Goethe, com apenas um ano de vida temos saúde, potência
e vitalidade por muito tempo ainda. Mas precisamos da luz e do calor dos leitores.
Venham nos iluminar e nos aquecer, principalmente vocês leitoras mulheres. Vocês nos deram à luz, agora precisamos
que nos deem as suas luzes.O momento ainda é escuro para nós mas, como dizia o poeta, “quanto mais avança a noite, mais próxima está a alvorada”.Enquanto estamos nas trevas, vamos obedecer a milenar sabedoria chinesa: “É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão”.Alguém aí tem fósforo?
BOLETIM DO
PROJETO MEMÓRIA OSMSP
“UM ANO A MAIS PARA O BOLETIM. UM ANO A MENOS PARA NÓS LEITORES” - (anônimo)
Publicação Mensal - São Paulo - julho/agosto de 2010 - Nº 12 - Ano I
Projeto Memória - Munir Ahmed
Edição do Edição do
1º
aniversário
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raçã
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COMO VAI O PROJETOTemos duas grandes prioridades para avançar neste ano: 1. O diagnóstico do arquivo da OSMSP, identifi cando
o arquivo físico sob a guarda do IIEP e as doações recebidas dos companheiros e do material digital do CPV;
2. A gravação de depoimentos focando temáticas que foram polêmicas para a OSMSP/MOSMSP.
1. As infl uências das organizações de esquerda na política da OSM2. Frente de Trabalhadores - Autonomia - Democracia Operária
3. Relação da OSM com o Sindicato4. Direção-Base. Politização e intelectualismo dos dirigentes e as
difi culdades de relação com a “massa comum” dos metalúrgicos5. Relação com o sindicalismo do ABC
6. Relação com a CUT7. O MOSM-SP e o PT
8. Os encontros e desencontros com o “Partidão”
Há mais coisas, é claro. Colocamos aqui as mais evidentes, as que provocam mais divergências. Pensamos em fazer debates específi cos sobre esses temas, gravar, transcrever e, lá na frente, produzir cadernos e pequenos livretos com o resultado.Você que está lendo isto aqui não tem nada a dizer? Claro que tem. Então escreva sobre qualquer um desses temas, nos mande para ser publicado e colocado em discussão. Novidade: Vamos fazer também uma série de depoimentos com fi lhos de militantes, veja matéria sobre Encontro de Bravos!
ENCONTRO DE BRAVOS, NOSSA FESTA!!! EM JUQUITIBA - SP
Entre os dias 23 e 25 de julho, foi realizado um encontro com amigos e camaradas que cooperam, trabalham e apoiam as atividades do PROJETO ME-MÓRIA DA OPOSIÇÃO METALÚRGICA DE SP e do INTER-
CÂMBIO, INFORMAÇÕES, ESTUDOS E PESQUISAS/IIEP. Num clima de confraternização e debates entre as gera-
ções dos companheiros que participaram dos movimentos contra a ditadura militar e pela organização dos trabalha-dores e as gerações que vieram depois da Anistia – mui-tos, fi lhos e netos dos primeiros, aconteceu a palestra do Vito Giannotti “Comunicação e disputa da hegemonia” com objetivo de alertar sobre as armadilhas da comunica-ção hegemônica no sistema capitalista e nos seus meios de comunicação hoje.
Dentre as atividades do encontro, fi zemos uma roda de idéias com militantes de várias gerações para discutir a questão dos valores fundantes da nossa prática política e
seus desdobramentos na vida das famílias dos militantes.Na história do movimento operário e das organizações
políticas de esquerda, sempre foi uma tradição os en-contros, as famosas reuniões festivas entre os militantes, apoiadores e familiares dos companheiros onde se viviam os valores constitutivos da solidariedade e fraternidade de classe. Fica uma refl exão: Hoje, quais os novos espa-ços de convivência, quais os valores aí difundidos? O que resta das tradições e valores daqueles companheiros de luta?
Além disso, também aconteceu uma roda de informes e novas idéias para o Projeto Memória. Dentre elas, uma que nos chamou muita atenção foi a proposta de encontros de história oral com os fi lhos dos militantes, para refl etir suas vidas a partir das relações familiares e relações de militância dos seus pais e as implicações em suas vidas. Isso vai ser feito, com certeza.
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Encontro de Bravos!Jovens Participantes!
ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA
A abertura dos arquivos dos organismos de repressão da ditadura militar, importante luta da sociedade civil que começa junto com a luta pela Anistia, deve ser encarada como passo crucial para a demo-
cracia e para aplicação da justiça. Conhecer estes “arquivos da ditadura” e como se dá o acesso a eles é um instrumento importante na consolidação dessa bandeira.
Não se pode dizer que não avançamos nada neste sentido. A “abertura” dos arquivos do DEOPS/SP, em 1994, e dos di-ferentes “DOPS” espalhados pelo Brasil foi um marco neste processo. Mesmo assim, apesar de “abertos” o acesso a estes arquivos ainda é restrito. Somente nos arquivos de São Paulo e Paraná existe a possibilidade de pesquisa livre, para todos. Nas outras localidades há uma variedade de restrições que na prática resultam na permissão somente às informações sobre o próprio pesquisador.
Na visão de Paulo Abraão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, no Brasil assim como a maioria dos países de terceiro mundo, esta situação deve-se ao desenvolvimento ainda precário de um ramo do direito no
país – o Direito ao acesso a informação pública – como foi apresentado e debatido no Seminário Arquivos da Ditadura e Democracia: a questão do acesso, ocorrido em maio deste ano, no Arquivo Nacional Rio de Janeiro.
A luta pela abertura dos arquivos deve se fortalecer nos movimentos sociais para garantir o acesso generalizado aos arquivos dos “DOPS” que já estão “disponíveis” nos ar-quivos públicos estaduais, e também consolidar a luta pela abertura dos arquivos dos orgãos de informações específi cos das Forças Armadas e também dos DOI-CODIs, dos quais ainda nada se ouviu falar.
É um direito de todos o acesso às informações produzidas pelo Estado. Os direitos coletivos devem estar acima de quaisquer reivindicação de direitos individuais, ligados a sigilo, quando se tratam de informações produzidas em atos criminosos contra os direitos humanos, como foram os casos de torturas e mortes com desaparecimento de cadáver, ocor-ridas durante a ditadura militar. Não é por acaso que crimes do mesmo caráter, infelizmente, estão nos noticiários todos os dias!
DICAS CULTURAISDICAS CULTURAIS
O Projeto conseguiu cópias de um dos maiores fi lmes de todos os tempos: “Os Companhei-
ros”, de Mario Monicelli, com Marcello Mastroianni (imagem).
Quando chegou ao Brasil em 1965, logo depois do golpe, o fi lme era aplaudido de pé pela platéia assim que terminava. Ficou em cartaz só uma se-mana, a ditadura proibiu que continuasse sendo exibido.
Você que está meio desanimado com os rumos da esquerda, deveria ler 2 livros de Marshall
Berman:
- “Tudo que é sólido desmancha no ar” e - “Aventuras no Marxismo”Esteja preparado para conhecer um Marx diferente daquele que foi ensinado nos cursos e nos grupos políticos de que fizemos parte. Vais descobrir um Marx sonhador, libertário, quase romântico.Como era a OSM nos seus anos dourados.
Coleção: Dossiês DEOPS/SP: Radiografias do Autoritarismo Republicano Brasileiro. Coleção
muito expressiva da documentação do DEOPS/SP, totalmente disponível para consulta no Arquivo do Estado de São Paulo. São 05 volumes com artigos e catálogos, resultantes de um trabalho de pesquisa realizado entre 1998 e 2002, coordenado pela Profa. Maria Aparecida de Aquino.
• Volume 1 - NO CORAÇÃO DAS TREVAS: O DEOPS/
SP VISTO POR DENTRO;
• Volume 2 - CONSTÂNCIA DO OLHAR VIGILAN-
TE: A PREOCUPAÇÃO COM O CRIME POLÍTICO - FA-
MÍLIAS 10 E 20
• Volume 3 - DISSECAR DA ESTRUTURA ADMINIS-
TRATIVA DO deops/sp - O ANTICOMUNISMO: DO-
ENÇA DO APARATO REPRESSIVO BRASILEIRO. FAMÍ-
LIAS 30 E 40
• Volume 4 - o deops/sp EM BUSCA DO CRIME POLÍ-
TICO - FAMÍLIA 50
• Volume 5 - ALIMENTAÇÃO DO LEVIATÃ NOS
PLANOS REGIONAL E NACIONAL: MUDANÇAS NO
deops/sp NO PÓS-64 - FAMÍLIA 50
No site do Arquivo do Estado de São Paulo:http://www.arquivoestado.sp.gov.br/permanente/de-ops_pesquisa.php, é possível acessar os bancos de dados referente ao fundo DEOPS/SP e fazer pesqui-sas prévias on-line.
Outro bom fi lme do passado é “De ilusão tam-bém se vive...”, com John Payne e Maureen
O’Hara. É recomendado para os companheiros e companheiras empenhados nas eleições deste ano. Sem nenhuma segunda intenção.
BLOGVisite o blog:“Ditadura militar, imprensa e luta armada do Brasil” Contém artigos bem interessantes
www.imprensaelutaarmada.blogspot.com
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1º
aniversário
EXPEDIENTE
Projeto Memória OSM-SPwww.iiep.org.br/index1.htmlTel: (11) 3362-1513 / (11) 7110-2474
E-mail: memoria@iiep.org.brFotos: Acervo Projeto Memória/Arquivo OSM-SPProjeto Gráfi co: Cesar Habert Paciornik