Post on 04-Jul-2015
Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles,
funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D.
Matilde Benevides Meireles, professora
municipal, Cecília Benevides de
Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro
de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a
única sobrevivente dos quatros filhos do
casal. O pai faleceu três meses antes do seu
nascimento, e sua mãe quando ainda não
tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua
avó D. Jacinta Garcia Benevides.
"Nasci aqui mesmo no Riode Janeiro, três mesesdepois da morte de meupai, e perdi minha mãeantes dos três anos. Essase outras mortes ocorridasna família acarretarammuitos contratemposmateriais, mas, ao mesmotempo, me deram, desdepequenina, uma talintimidade com a Morteque docemente aprendiessas relações entre oEfêmero e o Eterno.”
Tendo feito aos 9 anos sua primeira poesia,
estreou em 1919 com o livro de
poemas Espectros, escrito aos 16 e recebido
com louvor por João Ribeiro.
Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos
Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei,
em 1925.
Observa-se ainda seu amplo reconhecimento
na poesia infantil com textos como Leilão de
Jardim, O Cavalinho Branco, Colar de
Carolina, a bailarina, Sonhos da menina, O
menino azul e A pombinha da mata, entre
outros.
Esta meninatão pequeninaquer ser bailarina.Não conhece nem dó nem rémas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fáMas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no are não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véue diz que caiu do céu.
Esta meninatão pequeninaquer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,e também quer dormir como as outras crianças.
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Em 1923, publicou Nunca Mais… e Poema
dos Poemas, e, em 1925 Baladas Para El-
Rei. Após longo período, em 1939,
publicou viagem livro com o qual ganhou
o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira
de letras.
Eu não tinha este rosto de hoje,assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração que nem se mostra.Eu não dei por esta mudança,tão simples, tão certa, tão fácil:Em que espelho ficou perdida a minha face?
Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de
1964, sendo-lhe prestadas grandes
homenagens públicas. Seu corpo é velado no
Ministério da Educação e Cultura.