Post on 30-Nov-2018
Cidade moderna e superquadra: unidade de vizinhança e
conformidade Luis Espallargas Gimenez, professor do Cau-EESC-USP e do Curso de Arquitetura e Urbanismo
da USJT
Resumo
A proeminência da superquadra no desenho dos setores habitacionais modernos fica velada
pela confusão que estabelece com a convencional e desacreditada noção da unidade de
vizinhança. Está turvada pela inconseqüente explicação funcional e social, pelos usos coletivos,
pela comunidade de famílias isoladas em lotes e pelo mito da aldeia. Tal promiscuidade faz
omitir, ou excluir, formidáveis vantagens urbanas testadas e aprimoradas por atuantes e
responsáveis urbanistas, como a comunidade de arquitetos holandesa van den Broek/Bakema,
a parceria Josep Lluís Sert e Paul L. Wiener, a sociedade francesa Candilis-Josic-Woods, além da
experiência acadêmica de Ludwig Hilberseimer no período americano. Todos são lembrados
pela destacada produção no campo do desenho urbano e, em especial, por ensaiar mosaicos
urbanos segundo padrão das superquadras. Suas vantagens são celebradas em Brasília:
autêntica cidade moderna brasileira. Se for verdade que o desafio da superquadra consiste em
resolver o agrupamento de vizinhos, também é verdade que a superquadra responde pela
mais promissora de todas alternativas para substituir o urbanismo clássico de rua-corredor
com quarteirão. É improvável encontrar valor na superquadra sem recuperar alguma
inclinação pelo urbanismo do século XX, pelo moderno.
A superquadra tem papel decisivo na construção da renovada morfologia urbana e constitui
artifício excepcional quando o propósito funcional, ordem e relação entre edificações tornam-
se fábrica urbana eficaz. Reproduzem e justapõem padrão urbano experimental, complexo e
superior em projetos de assentamento. Difícil entender de forma mais apropriada o conjunto
CECAP em Cumbica, de Artigas, Mendes da Rocha e Magalhães, 1967, todavia explicado
segundo freguesias pelos autores.
Tal vantagem deve existir porque à superquadra corresponde uma dimensão intermediária
entre cidade e edifício, o modelo único, mas estruturado e reprodutível, em que arquitetura e
urbanismo modernos intervêm juntos. Terreno propício para ambas as escalas, onde tipologia
e morfologia apuram a composição oportuna e onde a síntese entre arquitetura e urbanismo
explicita toda aptidão sinérgica da estética moderna. Por esse motivo se considera oportuno o
estudo da superquadra como tema fundamental e estratégico do desenho urbano praticado
nos limites e condições de estruturação da forma aplicada ao campo da experimentação
urbana.
A superquadra, entendida como interpretação e superação moderna da unidade de
vizinhança, eleva a moradia suburbana da nova cidade à desejável condição habitacional. Da
excepcionalidade e convencionalismo do bairro-jardim de Clarence Perry a superquadra extrai
sentido e nitidez, ao combinar diversas tipologias e espaços abertos definidos e ordenados,
dotada de propriedades agregadoras e multiplicadoras que a transforma em tecido urbano
competente. Por isso parece promissor ensaiar e discutir como o urbanismo moderno e as
superquadras evoluem e desembocam no concurso de Toulouse le Mirail, 1960, e concebem o
subúrbio apídeo de Bijlmermeer, de Siegfried Nassuth, 1966, com padrões celulares
imprevistos.
O texto baseia-se em pesquisa ampla que, ao identificar nas superquadras variado alcance,
aplicação e arranjo, pretende classificá-las em conformações e descrições de grupos. Procura
também organizar a cronologia das obras e autores, para entender possível uma evolução
proponente dessa categoria urbana durante vinte e cinco anos que vão do segundo pós-guerra
até o final da década de 1960.
Palavras-chave: superquadra, unidade vizinhança e cidade moderna
Abstract
The preeminence of the superblock in the design of modern housing complexes is often
clouded by its clash with the traditional but discredited concept of the neighborhood unit. It is
muddled by inconsequent functional and social explanations, by collective use, by lot-isolated
family communities, and by the “village” myth. This cacophony obscures – or dismisses – its
outstanding advantages, tested and refined by several accountable and engaged urbanists – as
the Dutch architecture company van den Broek/Bakema, the Josep Lluís Sert and Paul L.
Wiener’s partnership, the French association Candilis-Josic-Woods, and Ludwig Hilberseimer’s
academic experiments in the United States. They will be remembered for their contribution to
urban design, especially for endeavoring urban mosaics patterned after the superblock. The
superblock’s advantages are well-represented in Brasilia, Brazil’s authentic modern city. If it’s
true that their main challenge is to overcome neighborhood grouping, it’s also true that
superblocks are the most auspicious alternative to the traditional urbanistic concepts of
corridor-streets and blocks. The superblock can hardly be appraised without having some
inclination towards the modern urbanism of the 20th century.
The superblocks have a crucial role in the renewal of the urban morphology, being remarkable
tools in translating functionality, order and relations between buildings into effective urban
facilities. They replicate and juxtapose complex and lofty experimental urban patterns into
settlement projects. This is the simplest way to explain Artigas, Mendes da Rocha and
Magalhães’ CECAP complex in Cumbica (1967), despite the neighborhood concept upheld by
these architects.
Advantages exist because superblocks are an intermediate dimension between city and
buildings, a unique model – one that can be reproduced and structured – in which modern
urbanism and architecture intervene together. They’re a favorable ground for both branches,
where typology and morphology can be refined into suitable composition and where the clear
synergetic disposition of modern aesthetics is manifested through synthesized architecture
and urbanism. Hence it’s opportune to study the superblock as a strategic and fundamental
theme in urban design, as applied to the limits and conditions imposed to shape and structure
in urban experimentation.
The superblock, understood as an interpretation and overcoming of the neighborhood unit
concept, elevates suburban housing to desirable residential conditions in the new city. The
superblocks derive sense and distinctiveness from the conventionality and exceptionality of
Clarence Perry’s “garden cities”, combining several typologies and open spaces both ordered
and well-defined, and their aggregating and multiplying aspects make them effective parts of
the urban fabric. Thus it seems useful to assay and discuss how superblocks and modern
urbanism evolved into the Toulouse le Mirail project of 1960, and inspired the unexpected
cellular patterns of Bijlmermeer, Siegfried Nassuth’s honeycombed suburbia, in 1966.
This essay is based on a comprehensive research that employs diverse scopes, applications and
allocations to classify superblocks into group descriptions and configurations. It also attempts
to chronologically organize works and authors, in order to perceive a possible evolution in the
manner through which this urban classification has been proposed in the twenty-five years
spanning the second post-war and the end of the 1960’s.
key words: superblock, neighbourhood unit and modern city.
Introdução
O problema da concepção de uma cidade não está exatamente em desenhar seu centro, até
porque lá não falta assunto, gente ou monumento. Na verdade, a dificuldade do desenho da
cidade é dar uma forma estruturada e digna ao subúrbio que atenda o ordinário − o cotidiano
− sem ratificar sua apatia, sua pasmaceira da vida comum. Lugares usualmente supridos pela
indigência do conjunto habitacional.
Não resta dúvida que o ambiente artístico austríaco é refinado no começo do século XX, mas
se fosse possível entender o desenho para um novo distrito urbano, do arquiteto Otto Wagner
(1841-1918), com a malha regular de praças distribuídas para contemplar habitantes de
quarteirões adjacentes e se fosse lembrado que os espaços públicos e ajardinados deixam de
ser privilégio real e aristocrático para se tornarem equipamentos públicos usuais das cidades
ocidentais, talvez se pudesse entender a aflição dos arquitetos e a escassez de seus recursos,
no final do século XIX, quando tinham que correr com o desenho de expansões urbanas para
atender um crescimento populacional sem precedente histórico.
Se for verdade, como parece demonstrar Wagner, que é possível e desejável estruturar esses
lugares de moradia por intermédio de espaços públicos amplos que, num primeiro momento,
correspondem a praças convencionais e, aos poucos, se estruturam segundo amplas relações
entre edificações.
É comum deparar-se com argumentos que associam, fundem ou confundem a noção de
superquadra e o conceito de unidade de vizinhança1. Às vezes, essas palavras referem-se ao
mesmo, outras vezes, fazem com que se relacionem ou complementem como fragmentos de
uma estratégia de organização em áreas habitacionais das cidades. Não são poucos os autores
que estabelecem vínculo entre a categoria vicinal e funcional e a estrutura formal do super 1 Lúcio Costa, muito orgulhoso das superquadras, prefere sempre referir-se estritamente ao setor
residencial de Brasília, por isso pouco fala da estrutura habitacional maior da “asa cotidiana” da cidade. É o conjunto de serviços e atividades nas “entrequadras” somado com quatro “superquadras” aquilo que constitui uma “unidade de vizinhança”.
quadrado e compartilham a explicação dos conceitos2. O sucesso da superquadra em Brasília e
a conseqüente presunção que esse percepção estimula tampouco colaboram para o estudo e
comparação de importantes exemplos produzidos ao longo do século XX. É possível afirmar
que os setores habitacionais correspondem ao programa mais sistematizado pelos arquitetos,
seja do ponto de vista urbano, seja do ponto de vista produtivo.
A história do urbanismo do século XX assegura que a aplicação das unidades de vizinhança
segue sendo útil para a teoria da cidade moderna do pós-guerra e oferece como exemplo disso
a sua reiterada aplicação nas “New Towns” européias e americanas (?). Por outro lado, há de
se responder se a presença de aspectos da unidade de vizinhança comparecem de acordo com
a recomendação teórica ou se emanam da superquadra que tanto pode corresponder a uma
parte da unidade de vizinhança, com pode constituir seu completo marco de vias arteriais.
Primeiro, o texto procura considerar e esclarecer algumas dessas dúvidas, principalmente no
que se refere aos âmbitos em que se originam e se operam os dois conceitos, para, num
segundo momento, desenvolver seu principal objetivo: o entendimento mais aprofundado
(ajuizado) das experiências urbanas de meados do século XX com estruturação de seus
desenhos em superquadras, para estudar o artifício urbanístico como na maioria das vezes:
como um problema funcional ou social, mas como a consideração sobre os limites de eficiência
e desempenho de estruturas formais combinadas, ordenadas e capazes de dotar com medida,
aplicação (diligência) e sentido urbano a setores habitacionais que constituam ampliação das
cidades tradicionais e históricas ou setores residenciais de cidades novas.
A respeito da “unidade de vizinhança” quer se sustentar que esse conceito deva ser
considerado como a primeira e provisória resposta dada, no início do século XX, pelos
urbanistas ao conflito deflagrado pela invasão de automóveis em setores habitacionais da
cidade americana – pela reação dos percursos a pé − e pela reorganização do caos urbano – e
social − por intermédio de re-agrupamentos reduzidos que coincidem com a nostálgica
comunidade e que com a escola entronizada protegem o universo infantil. Em qualquer caso,
uma resposta amparada em princípios urbanos do século XIX, naquilo que se refere ao
loteamento de moradias unifamiliares isoladas, à reprodução de padrões urbanos naturalistas,
românticos e pitorescos, à crítica ao anonimato da grande cidade explicitada pela ênfase dada
a um irreproduzível bairro particular e defendido da própria cidade. Do outro lado, a
superquadra representa para o urbanismo moderno o decisivo recurso para libertar as
edificações do alinhamento das ruas-corredor – daí o interesse por superfícies maiores − e
organizá-las segundo novos critérios de relação formal – contra-forma – que sustentam a idéia
da cidade moderna. Ao contrário da singularidade e excepcionalidade que as unidades de
vizinhança expõem, são identidade e exemplaridade as que garantem eficiente combinação e
reprodutibilidade da superquadra. Mais além do que uma grande parcela de terreno, a
superquadra age como a porção irredutível do problema habitacional da cidade, como um
território que faz a intermediação entre cidade moderna e edifício moderno. Quer dizer, a
2 “ When describing Brasilia as an arborescent structure, [Christopher] Alexander failed to recognize that
as a “residential area open to the public,” the superquadra reinvents the very notion of the introverted and suburban neighborhood unit.” GOROVITZ, Matheus. Unidade de Vizinhança: Brasilia’s “Neighborhood Unit”, in Lucio Costa: Brasilia’s Superquadra. CASE: Harvard Design School. Prestel: Munich, Brelim, Londres, Nova York, 2005, p 42.
solução dos espaços formados entre as edificações obedece simultaneamente decisões da
escala do edifício e relações entre edifícios que se transformam em áreas ou espaços públicos
ou coletivos. O que antigamente se dava pela imediata vinculação ou adesão do edifício −
tipologia – à quadra – morfologia –, agora tem que ser construído com as relações formais
oportunas e previsto na estrutura da superquadra. Surpreendente resultado foi comemorado
nas primeiras superquadras brasilienses, no período em que arquitetos reconhecem aquele
compromisso. Porém, à medida que se dissolve a identidade entre lugar e objeto, pela
dissolução da intelecção visual que torna essa classe de “forma moderna” apta para operar e
relacionar as três escalas, ou esferas – do edifício, da superquadra e da cidade –, o resultado se
degrada na cegueira. Isso parece acontecer porque há muitos que, esforçados em mudar para
sentirem-se modernos, vão reivindicar um novo estatuto “organicista” para a superquadra, ao
alegar uma condição funcional e “organizadora” entre edifício e cidade, o que além de não
passar de uma inútil metáfora biológica, desloca a atenção e cuidado sobre o controle formal
que um complexo de objetos e relações espaciais necessita.
Tal combinação está entre as mais promissoras do urbanismo moderno e não é por acaso que
Lúcio Costa confirma as superquadras como um dos maiores achados de Brasília, decisão que
se sobressai com facilidade quando comparada ao precoce e acadêmico eixo monumental que
sustenta o “mall” – esplanada – da outra metade política.
Unidades de vizinhança costumam ser episódicas, referem-se a oportunidades, parcelas
isoladas ou vazias das cidades, enquanto as superquadras correspondem a ações constitutivas
do desenho urbano. A vantajosa agregação permite sua aplicação em esquemas urbanos
radiais, ou em sistemas urbanos lineares – como é, em certos aspectos, o caso de Brasília3 −
que representam outra importante hipótese para a pesquisa da cidade moderna.
A sobreposição dos conceitos de unidade de vizinhança e de superquadra podem TR alguma
relação com a sua aplicação simultânea no caso de Brasília. E pelo surgimento de entidades
intermediárias e imprecisas como são as “interquadras”.
A unidade de vizinhança afasta o tráfego de passagem pelas vias arteriais de seu perímetro,
para promover ambientes verdes e pacatos, nelas seus urbanistas parecem estar mais
comprometidos com encontrar essa medida local que torne a experiência cotidiana aprazível
e, menos, em dar conta de uma completa experiência urbana. Ao contrário, as superquadras
devem definir, em seu conjunto, uma rede arterial homogênea, extensa e eficaz para a cidade
como um todo (Chandigarh).
Em todo o caso, se puder ser entendido que um dos problemas cruciais do urbanismo
moderno tem uma índole particular, uma razão própria, concentrada nessa experiência com
padrões formais e acopláveis com que formar, com consistência, setores urbanos residenciais
3 Uma análise mais imediata e focada na asa residencial de Brasília pode associá-la, com facilidade, ao
esquema linear proposto por Arturo Soria y Mata, em 1882. No entanto a cidade linear, que desperta tanto interesse moderno pela sua inequívoca adesão territorial, não é, nesse caso, a opção original, como é o cruzamento de eixos perpendiculares que segregam dois programas e definem centro: ponto comemorado por Lúcio Costa. Dualidade que explicita certa ambigüidade conceptiva e reproduz algum partido divisor como os de tantas cidades administrativas: Washington, Camberra e Chandigarh, por citar algumas.
ou suburbanos da cidade moderna tornar-se supérfluo discutir se a superquadra corresponde
a qualquer tipo de estágio atualizado ou melhorado da unidade de vizinhança convencional,
como querem crer os que vêem em tudo a arquitetura resolver os mesmos problemas de
sempre segundo um estilo de ocasião.
As vias arteriais têm um papel importante na definição do contorno da superquadra, no
entanto esse contorno não define obrigatoriamente o espaço habitacional – matriz
habitacional da cidade – que pode se estabelecer a partir da malha viária principal. Casos
como esses podem ser verificados nos desenhos deixados por Ildefons Cerdá em que estuda
diversos padrões urbanos sobre uma mesma malha viária. Surpreende os desenhos com um
sistema viário quadrado que define segundo uma ordem escolhida espaços públicos formados
com duas, três, quatro e até seis quadras. A independência entre a malha viária e os espaços
abertos formados pelas lâminas volta a ser proposto pelo sucedâneo do Plan Voisin: o Plano
Maciá de Le Corbusier e Joseph Lluis Sert em Barcelona, 1931. Essas possibilidades descartadas
pela pressão imobiliária catalã, que transforma em destino a malha hipodâmica, pode levar a
pensar que no caso do desenho dos setores residenciais de Brasília, importa mais referir-se ao
conjunto de espaços do que ao sistema viário: à noção de unidade de vizinhança que constitui
a estrutura dos setores habitacionais e não às superquadras que constituem os setores
residenciais. Em todo caso, o êxito das superquadras com as lâminas sobre pilotis é
insuperável pelo acerto de sua forma neo-plástica.
No âmbito do urbanismo moderno brasileiro e internacional, corresponde à superquadra um
papel definidor na proposição das cidades novas. Brasília é o exemplo mais celebrado, mas
também é obrigatório comentar o conjunto residencial CECAP Zezinho Magalhães Prado de
Cumbica em São Paulo, dos arquitetos João Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio
Penteado, de 1967. Apesar da relação genealógica com Brasília alegada por Artigas numa
apresentação, este conjunto habitacional tem características de projeto diversas. Cada
“freguesia” – nome escolhido pela equipe para nomear a “unidade de vizinhança” – é
composta de quatro quadriláteros de 180 x 160 metros, para oito lâminas “H” com cinco
escadas e 160 unidades por andar, ou 480 apartamentos em prédios de três pavimentos sobre
área de pilotis reservada para veículos. Densidade residencial líquida no intervalo de 900 a 800
habitantes por hectare. Conjuntos com 1.920 unidades que delimitam área retangular com
dois edifícios dispersos para “comércio da freguesia” e muito afastados entre si para liberar
faixas para comércio central, centro educacional, ensino técnico, hospital, centro de saúde,
igreja, teatro de arena, esporte, centro de abastecimento, piscina e caixa d’água.
Diferente de Brasília, os ambientes residenciais de Cumbica são compactos e escassos, típicos
das legiões romanas, pois os tipos “H” – edifícios inadequados para definir espaços urbanos −
com escadas externas consomem bastante terreno e produzem um sem fim de área inútil. O
apreciável número de unidades atingido com as medidas das superquadras e a repetição de
equipamentos acabam por pulverizar demasiado as atividades num terreno cuja maior
diagonal tem apenas uma milha, o que segundo as recomendações de conforto estabelecidas
por Clarence Perry não consumiria mais do que duas “freguesias”, número menor do que as
cinco propostas e construídas parcialmente.
A decisão de trabalhar com setores de ocupação tão distintos para liberar áreas públicas
importantes, parece limitar a concentração do número de lâminas de moradia arranjadas em
quatro fileiras por quatro colunas. São áreas discretas se comparadas com as das superquadras
de Brasília.
Em todo caso o projeto reconhece a pertinência da superquadra para definir padrões formais
que se combinam e estabelecem valores urbanos diferenciados.
Forest Hills Gardens (1908-10) do urbanista Frederick Law Olmsted Jr. e arquiteto Grosvernor Alterburry, em 142 acres, em Queens, Nova York. Projeto antecessor da unidade de vizinhança teorizada em monografia de Clarence Artur Perry, em 1929 e publicada em Housing for the Machine Age. Russel Sage Foundation: Nova York, 1939.
A idéia de um conjunto social autônomo e celular que envolve a escola e a oferta de programa
com atividades cotidianas, que parece acatar e prestigiar a noção mais simples de comunidade
sem, no entanto, contrapor-se à residência isolada da família, e que pode ser percorrido pela
caminhada dos vizinhos é atribuída imediatamente a Clarence Artur Perry e reconhecida por
intermédio da figura do bairro-jardim projetado para exemplificá-la. A proposta de Perry é
unitária e excepcional, já que não dá continuidade a ruas das quadras vizinhas para
estabelecer continuidade, porque parecer preferir isolamento, tampouco indica um padrão
constitutivo reproduzível e seriado como é condição aceita para a superquadra.
A dimensão máxima acordada de uma milha de extensão para que a unidade de vizinhança
possa ser percorrida pelo pedestre e a oferta de comércio e serviços locais, além do programa
institucional comunitário necessário, são condições quase sempre repetidas no caso das
superquadras. Pode se destacar que as superquadras da cidade moderna reproduzem, em
muitos casos, as condições dimensionais e funcionais de uma unidade de vizinhança e por isso
favorecem ser entendidas como a adaptação moderna de um conceito urbanístico genérico e
convencional.
Tal analogia facilita o entendimento da ação moderna como um mecanismo de atualização
constante de conceitos conhecidos e a idéia de que os temas da arquitetura são permanentes
e atemporais e recebem uma interpretação dada segundo as condições, possibilidades e
demandas de cada época, para constituir um estilo, para atender as condições de época.
É possível que na história diferentes esquemas de produção de arquitetura enfrentem a
constância do problema que persiste ou da solução prestigiada, como é possível imaginar que
as atitudes que constituem o sentido da intervenção de arquitetura interferem na condição e
no alcance de suas proposições. Se for assim, torna-se preferível interpretar a superquadra
como proposta urbana própria do pensamento e da atitude moderna a entendê-la como
interpretação transigente da unidade de vizinhança.
Se a hipótese de uma arquitetura moderna independente é aceita, provoca a discussão da
superquadra como um problema de morfologia urbana a ser entendido no âmbito específico
do pensamento moderno o que modifica seu entendimento mais tolerante no cumprimento
do papel de unidade de vizinhança.
Não se descarta que essa discussão em ambiente sensível ao projeto da capital Brasília acaba
por estabelecer vínculo imediato e estreito com o requerimento da superquadra concebida
como modernização da unidade de vizinhança, ou como ponto de partida dos setores de
moradia como está confirmado por Lúcio Costa.
No entanto, existe grande número propostas urbanas baseadas no conceito de superquadra
que não podem ser explicadas por intermédio desse da função comunitária ou vicinal.
A proposta de Otto Wagner para um distrito urbano modulado exemplifica bem as condições
formais aventadas que expõem autonomia morfológica respeito a sua intenção funcional ou
social. Na figura existe uma área de exceção, vertical e central com espaço público ampliado,
principal e envolto com edifícios e jardins monumentais. No entanto a estrutura urbana
constitutiva se deve à malha que aceita edifícios públicos – comunitários − secundários ao
longo de eixo central e horizontal envolto por um padrão constante de praças que parecem
indicar “centros” de setores habitacionais e são responsáveis pela estrutura desse tecido,
dessa carne, urbana. A proposta de Wagner da segunda década do século XX está embebida
num urbanismo artístico, afetado e esnobe típico da pompa vienense que, por outro lado, dá
destaque à utilidade de uma “textura” urbana levemente hierarquizada, mas repetitiva e
seriada, que fornece sentido simultaneamente uniforme e variado ao espaço urbano. Esse
desenho não apresenta consistência por qualquer tipo de analogia com as unidades de
vizinhança, mesmo previsíveis ou adaptáveis ao seu desenho, mas porque constrói uma
entidade mais ampla do que os quarteirões que pode ser entendida como uma série de
superquadras com praça local.
Ildefons Cerdá: Edifícios com pátio espelhado desenhados em “manzanas” sucessivas, 1856.
Comentário semelhante pode ser apresentado no caso da ampliação – ensanche – urbano de
Barcelona no concurso de 1856 vencido por um engenheiro para a ocupação da planície
disponível ao redor da cidade medieval cercada de muralhas inúteis. A quadra de Cerdá que a
circunstância e o ganho imobiliário transformam numa malha ostensiva, num tabuleiro rígido e
abarrotado, mas eficiente , é mais que isso para o engenheiro, é a retícula estruturadora e
apta para ordenar os mais variados padrões urbanos e organizações tipológicas que também
acata a noção do urbanismo artístico e embelezador da segunda metade do século XIX.
Ao agrupar diferentes quadras regulares para formar uma maior entidade construtiva,
desponta, mesmo episódica, instantânea afinidade com a idéia da superquadra. Pesquisas
ensinam como é diversa em arranjos a cidade imaginada por Cerdá e generosa sua visão
pública nos espaços abertos e coletivos do interior de conjuntos de quadras.
Se no caso de Wagner as praças estão antecipadas pela estrutura viária e pública, como
recomenda a tradição urbana de extração monumental e barroca, no caso do engenheiro
catalão, as praças e a hierarquia urbana ficam sugeridas, ainda por desenhar pelo arquiteto, e
dependem de uma ação falha e posterior à do plano que antecipa engenharia: a solução de
infra-estrutura e o sistema viário público básico. No entanto, consideradas relações diversas
entre arquitetura e urbanismo, em ambos os casos, segundo noções diversas de estrutura, é
acusada uma entidade urbana associada ao desenho das quadras, mas com superior
hierarquia, identificada pela textura repete um padrão típico dos setores comuns dedicados à
habitação nas cidades. Essa entidade coincide com a idéia que se tem da superquadra.
Croqui de Lúcio Costa com solução das superquadras em Brasília, 1957.
Se for possível descartar o que há de específico em cada período da produção de arquitetura,
torna-se fácil estabelecer a relação entre os desenhos anteriores da cidade e a ordenação que
dá sentido à superquadra de Brasília. Essa operação é redutiva, já que deixa de fora
importantes aspectos constitutivos da proposta para o setor de habitação na capital brasileira,
aspectos que mais adiante são retomados e comparados com outros exemplos da arquitetura
moderna internacional que coincidem em propor cidades modernas com apoio das
superquadras em setores habitacionais urbanos.
Em Brasília, a malha de generosas quadras com 300 metros de lado é agrupada em conjuntos
para responder a um programa funcional compartilhado pelos setores de moradia
circundantes. Num primeiro momento, há de entender-se que um conjunto de quatro
superquadras constitui o que se convenciona como unidade de vizinhança onde se prevê usos
institucionais, comerciais e de serviço, além de estabelecer hierarquia viária com circuitos
locais e acesso ao sistema viário principal.
No entanto, ao contrário da definição dada por Lúcio Costa para as “superquadras” no eixo
Rodoviário-Residencial4, é factível e promissor considerar que a noção de superquadra não se
defina pela dimensão extraordinária de seu quadrado, mas pela conformação de um setor
urbano mais amplo, abstrato e complexo construído a partir de uma estrutura rígida e reticular
de quadras com grandes dimensões, com medida suficiente para apresentar âmbitos internos
abertos, variados e coletivos de inegável interesse.
Le Corbusier: plano de Chandigarh, Punjab, 1951-54.
4 COSTA, Lúcio. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. “para conciliar a escala
monumental, inerente à parte administrativa, com a escala menor, íntima, das áreas residenciais, imaginei as superquadras – grandes quadrados com 300m de lado – que propus cercadas em toda a volta por uma faixa de 20m de largura...”, p. 308.
Lúcio Costa se mostra orgulhoso das superquadras resguardadas por floresta perimetral e
contínua de copas gregárias, não resiste e afirma que há sabedoria nesta concepção. Assim
entende que os âmbitos residenciais dentro de quadrados com 78.400 m² − oito quadras
convencionais − constituem um dos pontos mais bem sucedidos de Brasília. O mesmo ânimo
não se estende à noção de unidade de vizinhança − “áreas de vizinhança”, segundo Costa –
constituída por quatro superquadras e explicada em muitos desenhos. Não há dúvida que
existe diferença qualitativa entre setores fechados de moradia com irretocável implantação
neoplasticista e os edifícios públicos ou coletivos construídos e implantados com indecisão nas
”entrequadras”, marcos de separação das superquadras.
A voluntária e definitiva separação entre locais de moradia e espaços com usos habitacionais,
seu recorrente isolamento reconhecido, reforçado e indicado com moldura vegetal, causa
fratura, descontinuidade no uso da cidade e mesmo que essa decisão não constitua o
problema principal, promove comparação entre a impecável ordem das primeiras
superquadras e desperta a parcialidade, insegurança ou o embaraço do desenho nos setores
coletivos com edificações soltas organizadas nas “entrequadras”,. Núcleos e programas
propícios para uma estrutura viária tradicional, construídos em condição ambígua.
Em Brasília a superquadra é protagonista do feito urbano e sempre preserva sua forma íntegra
e responde pelo uso exclusivo de moradia. É provável que a essa autonomia corresponda uma
insubordinação respeito ao valor integrador que se atribui à unidade de vizinhança, e daí
surgem pontos urbanos menos consistentes ou estruturados.
O comentário anterior apenas antecipa os problemas gigantes da forma urbana que podem ser
associados a estruturas habitacionais com a previsão de usos, comportamentos e interesses
diferentes. A superquadra combinada em unidades de vizinhança ou a superquadra que
cumpre o papel da unidade de vizinhança corresponde a uma estrutura formal complexa e de
difícil controle e previsão. Tantos arquitetos propõem ao longo do século XX, utilizando uma
noção de célula que consegue organizar, também ordenar, os problemas.
Plano Maciá, de Le Corbusier e Joseph Lluis Sert, Barcelona, 1931
Superquadra Lucio Costa refere-se à construção de lâminas para habitação coletiva voltadas para os jardins
da mansão Guinle (1948-54) na base do Morro da Nova Cintra, Rio de Janeiro, como
“prenúncio das superquadras de Brasília” (1957)5. Colocado desta maneira, favorece o
entendimento da superquadra como a imediata (semelhança) analogia à aparência entre
edifícios modernos implantados sobre pilotis, ajustados na topografia e desenhados segundo
interpretações da cidade-jardim. Mesmo respeitado seu sentido genealógico, não deixa de ser
uma afirmação perturbadora, já que a implantação das Laranjeiras traz de volta à
informalidade, à acomodação das casinhas geminadas da parte residencial da vila de
Monlevade (1934), enquanto que as superquadras no cerrado correspondem a um avançado
estágio da estruturação formal da cidade moderna. Seja como for, é de se supor que as
superquadras brasilienses encerrem quantidade de atribuições e respostas urbanas
imprevistas no “remanso urbano” do Parque Eduardo Guinle que, certamente, podem ser
associadas a experiências e à história do desenho de setores suburbanos da cidade moderna.
NIEMEYER, Oscar: Plano Negev, xxxxx, ttttt
“Neighbourhood Unit”
É comum na história do urbanismo explicar a superquadra como desdobramento da unidade
de vizinhança sugerida em Ebenezer Howard e apresentada como conceito por Park, o que não
parece equivocado, pois a possibilidade de dividir a compreensão e a conseqüente construção
da cidade e partes autônomas interessa, principalmente quando as dimensões da cidade
ampliam-se muito.
5 COSTA, Lúcio. Parque Guinle: anos 40 em Lúcio Costa: registro de uma vivência. São Paulo: Empresa
das Artes, 1995, pp. 205-213.
O que não se explora depois de acatada a inter-relação dos conceitos é a relação do sentido
social e antropológico de ”vizinhança” com o assunto de escala e forma implícito no
substantivo superquadra. O que dá a parecer que a superquadra está esgotada na idéia de
unidade de vizinhança.
Fig 11.4 Frederick Gibberd wrote a book on Town Design and thought towns
could be designed much like buildings with rooms (‘neighbourhoods’) and
corridors (‘roads’). This is his plan for Harlow New Town, where he lived and
worked.
Van der Broek e Bakema, xxxxxxx, tttttt
Relação de projetos
INTERVENÇÕES URBANAS MODERNAS COM CONSIDERAÇÕES SOBRE A SUPERQUADRA E AS
UNIDADES DE VIZINHANÇA.
1- Toulouse de Mirail (Candiles, Josic e Wood); 2- Projetos urbanos de van Broek et Bakema; 3- Projetos urbanos de Josep Lluis Sert. GATCPAC, 1935 em Barcelona a partir de
superquadras; 4- Propostas do Grupo Mars em Londres (1937); 5- Superquadras de Brasília (1958) e a influência das teorias do Grupo MARS; 6- Conjunto CECAP de Guarulhos, de 1967 (Mendes da Rocha, Artigas e Penteado) 7- Projeto de lâminas em colméia de Amsterdan, subúrbio hexagonal de Bijlmermeer; 8- Bairro das Estacas em Lisboa, de Athouguia; 9- Cidades brasileiras (Joaquim Guedes); 10- Le Corbusier em Saint Dié e Illôt Insalubre Nº 6 e Chandigard; 11- Ludwig Hilberseimer e a experiência americana; 12- Richard Neutra, The Rush City (1928); 13- Quartiere Galaratese (Aymonino e Rossi); 14- As Hofs vienenses (Karl Marx Hof) de Karl Ehn; 15- Ebenezer Howard e a Cidade Jardim; 16- Mies, Hilberseimer e Paisagista no Lafayette Park em Detroit; 17- Broadacre City de Frank Lloyd Wrigth; 18- Siedlung alemã e a cidade nova: entre o conjunto habitacional e o bairro; 19- CUMBERNAULD, Escócia; 20- O desmonte de Santo Antônio no Rio de Janeiro de Affonso Reidy e a proposta de
Pedregulho; 21- Jorge Moreira em Porto Alegre; 22- Skidmore, Owings e Merrill- SOM, projeto para Lake Meadows, Chicago; 23- Cidade linear de Josep Lluis Sert (ciudad linear de xxxxxx); 24- Plano de Négev, Oscar Niemeyer (ZODIAC Nº 16, p.76); 25- Gimenelles, de la Sota;
Lembretes e anotações gerais
1- Se a superquadra corresponde apenas a um dos quatro quadrados que compõem a
unidade de vizinhança, então o importante do ponto de vista urbano não é o que Lúcio
chama de superquadra, mas o que ele entende como “unidade de vizinhança”, ou a
entidade maior formada por quatro superquadras e que constitui uma ordem urbana
superior, mas que não consegue convencer tanto como os setores de moradia das
superquadras.
2- É correto que a superquadra encerre aspectos modernos e que as “entrequadras”
expressem insuficiência urbana. A concepção das superquadras atinge qualidade
espacial elevada porque seu critério formal neoplasticista. Já os usos coletivos
implantados nas faixas empregam outro critério formal em sua constituição formal.
3- O desenho de imensas e extensas áreas residenciais nas periferias urbanas constitui
desafio desconhecido na segunda metade do século XIX do ocidente. Fenômeno
resultante do crescimento pela atração sem precedente exercida desde os centros
industrializados na multidão em busca de oportunidade. Dado seu enquadramento
histórico, constitui um dos desafios típicos do urbanismo moderno encarregados de
propor padrões cotidianos e urbanos formados e adensados com moradia familiar que
retivessem mínima qualidade urbanística. Pode contar-se, então, com um vínculo
estreito entre a superquadra vista como um problema formal moderno e o arranjo da
moradia moderna quando se pretende ascender seu estatuto à condição habitacional.
4- Os “rédents” de Le Corbusier parecem corresponder a essa proposta original de
desenho para setores intermediários e secundários da cidade com tipos habitacionais
de corredor ou galeria, conforme seja a orientação, em mosaicos alternados que tiram
todos os moradores das vulgares ruas-corredor para ofertar novo endereço em praça
aristocrática, em espaço largo. Adaptáveis, por um lado, os “rédents” antecipam a
cidade aberta e verde, ajustados ao tecido convencional dada sua impressionante
capacidade de controle e reação formal, como é a notável proposta parisiense para o
“illôt insalubre” N° 6, mas, por outro lado, constroem também as grandes quadras,
definidas por vias ortogonais de passagem, de 400metros por 400metros que
agrupadas, formam o “Plan Voisin”, de 1930, e demonstram desenvoltura e a
reprodução de bairros segundo padrões combináveis. Outra vantagem do “rédent” é
sua ordem independente respeito ao sistema viário hipodâmico, já que estabelece
relação espacial controlada e correta entre os planos verticais construídos, com ritmo
autônomo ao da rua.
5- Se, de um lado, o terreno na quadra constitui um parcelamento insuficiente para a
proposta da cidade moderna, por outro, a cidade é ampliada por partes em volta dum
centro histórico. Por isso o projeto de uma parcela de terra intermediária coincide com
uma porcentagem grande de projetos urbanos.
6- Não é necessário antecipação ou esforço para relacionar a importância e o efeito do
conceito da superquadra no desenho do conjunto habitacional.
7- O ponto de partida da unidade de vizinhança é o centro representado pela escola,
enquanto a ponto de partida da superquadra deve ser a verticalização e o advento do
automóvel que propicia sistemas viários extensos.
Bibliografia
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urban design, 1953-1969. New Haven e Cambridge: Yale University Press e Harvard University,
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BASTLUND, Knud. José Luis Sert: architecture, city planning and urban design. New York-
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1949.
STEIN, Clarence. Towards New Town for America.
Maquete com implantação do Conjunto habitacional de Cumbica, 1967.
Escritório Van den Broek/Bakema
1- Leeuwarden, Holanda, 1959-1970;
Quatro idênticas superquadras ortogonais – conjuntos residenciais de 350 moradias −
ortogonalizam um setor na borda de Leeuwarden e obtém escalas maiores ou menores com
padrões habitacionais diferentes: grupos de 40 residências de até dois andares, lâminas de
quatro ou cinco andares e edifícios mais altos marcam e constroem gabaritos, pátios e praças,
em torno de um centro comum implantado sobre uma antiga estrada inclinada. Os conjuntos –
superquadras – não têm circulação de passagem para favorecer as crianças.
2- Eindhoven, Holanda, 1962-1972; (bairro residencial ‘t Hool)
Projeto para 1000 unidades familiares em área trapezoidal de 30 hectares. O projeto se
estrutura ao longo de uma importante área verde interna que liga o shooping ao sul do
terreno com o “greenbelt” ao norte. São usados diversos tipos de moradias em
organizações diferentes que desenham os âmbitos particulares e formam os grupos
residenciais. Apenas dois acessos de veículos ao leste e a oeste definem a menor e mais
eficiente via que liga as superquadras por um dos lados e evita o trânsito dentro dos
setores de moradia. A escala dos espaços internos se obtém com pequenas fileiras de
residências unifamiliares e combinadas com blocos ou lâminas de maior gabarito para
reforçar o fechamento dos setores. Ao norte, extensas lâminas, como planos contínuos,
fecham esse lado do conjunto para o exterior.
3- Modelo Pendrecht, 1949;
4- Modelo Pendrecht, 1951;
5- Modelo Alexanderpolder, 1953
6- Modelo Alexanderpolder, 1956
7- Siedlung Klein Driene, Hengelo, 1956-1958;
Seis superquadras completas implantadas em série e duas metades em padrão apenas
parecido definem uma implantação ortogonal ao longo de uma avenida que divide a gleba
em duas partes. As superquadras são desenhadas com quatro tipos habitacionais com
dois, três e quatro andares. Residências em fileira com pequenos jardins se conectam com
uma praça coletiva definida pelas lâminas com gabaritos mais altos. O sistema viário
envolve a superquadra e dispõe toda a quadra para os pedestres.
8- Wohngebiet Leeuwarden Nord, Leeuwarden, 1959-1962;
As superquadras se tornam mais abstratas e a forma exterior não mais precisa relacionar-
se com seu inverso, mas com áreas verdes. Em todo caso, as superquadras a um lado das
edificações centrais e coletivas são diferentes das superquadras do outro lado. O sistema
viário passa no meio, próximo dos edifícios e libera o contato com as áreas verdes
envolventes.
9- Regionalplanung Nord-Kennemerland, Nordholland, 1957-1959;
As estruturas das superquadras mantêm a mesma tarefa ordenadora das anteriores e
ajustam-se a uma coluna central com avenidas deslocadas que desenham o centro
comercial comum, escola, igreja, centro esportivo. Agora a própria superquadra é
vertebrada e componível, por isso, pode ter seu comprimento modificado, com é o caso,
na implantação definitiva.
10- Wohngebiet Steilshoop (Wettbewerbsentwurf), Hamburgo, 1961;