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Departamento Curricular -1ºCiclo Agrupamento Escolas de Gouveia -2010/11 Página 1
“CirCuito das letras animadas”
Projecto desenvolvido pelo 1ºciclo no âmbito do PNL – Plano Nacional de leitura
Em linhas gerais, este projecto reflete a necessidade de desenvolver a expressão
linguística da criança, bem como, colmatar os handicaps existentes na apropriação de novas
formas de comunicação. Paralelamente, vai de encontro às necessidades e interesses dos
diversos grupos de crianças das nossas escolas e às diretrizes educativas propostas por este
Agrupamento e pelo Ministério da Educação.
Nesta linha de orientação pedagógica, pretende-se que a implementação de
estratégias proporcionadas pela dinamização de projetos integradores no âmbito do PNL,
Plano Nacional de Leitura, contribua para a apropriação de novas aquisições de conhecimento
e resultem na melhoria dos resultados escolares dos nossos alunos.
Em Conselho Coordenador do Departamento do 1ºCiclo, definiram-se estratégias
comuns de promoção das literacias, sem no entanto deixar de considerar as especificidades de
cada escola, no reconhecimento da importância do Projeto Curricular de Agrupamento. Assim,
propõe-se como objectivos gerais:
- Promover a capacidade da expressão oral, escrita, e as diferentes formas de comunicação;
- Fomentar o gosto pela leitura e pela escrita;
- Promover a literacia
- Intercâmbio de aprendizagens realizadas, desenvolvendo as diferentes formas de comunicação: histórias, poesias, dramatizações, canções, lengalengas, danças, mímicas, fantoches etc.
- Incentivar a participação e agência dos alunos no seu percurso escolar;
- Desenvolver as competências pessoais e sociais;
- Fomentar a capacidade, crítica, reflexiva e autónoma dos alunos;
-Contribuir para a interdisciplinaridade e/ou articulação entre ciclos, dinamizando actividades conjuntas;
-Procurar a participação e envolvimento dos pais nas actividades curriculares através da realização de actividades.
Com esse intuito, a construção em rede de três histórias, a partir dos respetivos contos
tradicionais, é uma amostragem do trabalho desenvolvido e produzido ao longo do ano, numa
perspetiva de promoção da inclusão de estratégias específicas para a aprendizagem da leitura,
para a promoção do desenvolvimento linguístico dos alunos e para a estimulação do seu
comportamento como leitores.
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Os Amigos da Esfera Azul
O Zé das Moscas combinou com alguns vizinhos e amigos fazerem um
piquenique no Dia Mundial do Ambiente. Como era Dia do Ambiente,
resolveram que o piquenique seria feito numa floresta próxima da cidade onde
moravam e que era atravessada por um rio. Para não causarem poluição,
decidiram ir de bicicleta até à floresta. Carregaram os cestos do lanche no
carro da polícia e lá foram todos nas suas bicicletas.
Estrada fora, imaginavam o belo dia que iriam passar e como já fazia
calor (era junho), levavam fatos de banho para se refrescarem no rio. E lá
chegaram à floresta. Arrumaram as bicicletas e preparavam-se para encontrar
um sítio agradável… Começaram a olhar em volta e nem queriam acreditar no
que viam.
Lixo e mais lixo por todo o
lado! Que desilusão! Não havia um
metro de terra sem lixo, até o pobre
rio estava coberto de lixo…
O Zé das Moscas, triste mas
decidido, trepou para um penedo e
dirigiu-se aos presentes dizendo-lhes
que, naquelas condições, não era
possível fazer o piquenique naquele
lugar.
Muito impaciente, um dos vizinhos
propôs que mudassem de lugar, mas Zé
das Moscas, determinado, elevou a voz
e disse que tinha outra proposta…
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Dado que era dia Mundial do Ambiente, deviam juntar esforços para
deixarem aquele espaço mais aprazível. Para isso sugeriu que constituíssem
quatro grupos e que promovessem a limpeza daquele local.
Todos aplaudiram a ideia e
começaram a organizar os grupos
que permitisse fazer uma recolha
seletiva. Um deles iria recolher o
vidro, outro juntava o papel, outro
apanhava o plástico e, um outro,
reunia e amontoava todos os metais.
Algumas horas depois, o Zé das
Moscas verificou que a floresta, já
limpa, respirava e demonstrava outra
beleza.
A passarada cantava novas
melodias e as cigarras e os grilos
aplaudiam, ao sabor da brisa fresca
que embalava as árvores verdejantes.
Porém, tinham agora dois enormes problemas para resolverem.
Por um lado os montes de lixo, já selecionado, eram grandes demais para
os carregarem nos poucos sacos que tinham e não havia contentores nas
proximidades. Por outro, o rio continuava triste e sujo, mas não tinham meios
para penetrar nas suas águas mais profundas e poder capturar todo a imundice
que nele flutuava.
O vizinho impaciente, como não
podia ficar calado, disse:
- Eu não avisei?! O melhor era
termos ido para outro lugar. Tantas
horinhas de trabalho para chegarmos a
este beco sem saída… Como é que
vamos fazer para encaminhar todo este
lixo? Quando alguém se propõe fazer algo tem que pensar em tudo, do
princípio ao fim. É tudo muito bonito, é. “Vamos fazer…” e toca a andar. Depois
é este o resultado. Agora quero ver como resolvem este berbicacho. Quero ver,
quero…
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Zé das Moscas já não o podia ouvir. Tinha de arranjar uma solução.
- Nós não somos desistentes! Alguém tem que começar a agir por um
mundo melhor. Temos que lutar pelo nosso bem-estar. Lá por alguns quererem
seguir pelo caminho fácil do esquecimento e do “deixa andar” não quer dizer
que também façamos o mesmo. Com críticas inúteis é que não vamos a lado
nenhum. Vamos pensar em conjunto, assim conseguiremos encontrar a
solução.
A resolução para os problemas não era nada fácil. Mas Zé das Moscas,
mais uma vez, teve uma ideia.
- E se fossemos falar com o
senhor presidente da Junta de
Freguesia? Se lhe explicássemos
o que se está aqui a passar e
fizéssemos com que entendesse
que é primordial cuidarmos do
ambiente? Com o trabalho
conjunto conseguíamos, de certeza! Traziam carrinhas, muitos sacos
grandes… retirávamos este lixo que já separámos e já o poderíamos
encaminhar para um ecocentro. Sim, esse seria o primeiro passo dos “Amigos
da Esfera Azul”! Que acham, gostam do nome?
Ouviram-se risos e aplausos de consentimento. Todos estavam
dispostos a seguir com este novo projeto em frente.
O presidente da junta ficou muito entusiasmado com a ideia dos “Amigos
da Esfera Azul” e, desde logo, propôs ajudar. Chamou alguns funcionários da
junta e deu-lhes ordem para que ajudassem no que fosse necessário.
Decidiram, também em conjunto,
colocar avisos na floresta alertando para a
proibição de deitar lixo no chão e no rio.
Iriam, ainda, criar espaços de piquenique
junto ao rio onde haveria contentores do
lixo.
Resolvido o primeiro dos problemas
passaram a pensar em resolver o segundo e mais complicado: a limpeza do
rio. Depois de muito pensarem e discutirem, novamente, lembraram-se dos
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velhos galrichos com que iam à pesca quando eram novos e o rio era limpinho
e cheio de vida.
Voltaram à cidade, pegaram em arcos, redes e paus e fizeram galrichos
maiores e mais fortes do que aqueles que utilizavam antes.
Todos se esforçaram ao máximo. Tiveram muita paciência e força de
vontade. Conseguiram limpar a superfície daquele rio maravilhoso.
Estavam muito cansados e muito sujinhos, mas satisfeitos. Lembraram-
se de dar um mergulho no rio, agora mais apetecível, para refrescar. A seguir,
lá fizeram o piquenique, uma vez que estavam esfomeados.
No entanto, o rio ainda não estava como todos desejavam. O problema
persistia… lá bem no fundo…Lá bem no fundo do rio, os peixes pareciam
chamar pelo Zé das Moscas que decidiu ir ver o que se passava. Mergulhou e
nadou até que um peixinho simpático lhe disse:
- Meu amigo, meu amigo... tens
que me ajudar, a minha mulher e os
meus filhos estão doentes! Os
humanos podem ser tão cruéis?!... Já
não sei o que hei-de fazer! Já lhes fiz
um remédio que me ensinou a minha
avozinha, já lhes dei comida, água
pura, e, até já fiz uns perlimpimpins de
magia, mas nada...
Os malditos humanos enfeitiçaram a água com impurezas e lixo! Tens que
me ajudar, tens que me ajudar! – Suplicava ele muito aflito.
- Sim, já que falas assim prometo ajudar-te! E já agora, o meu nome é Zé
das Moscas, e o teu?
- Eu sou o peixe Mocas! E como pensas tu ajudar a minha família?
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- Bem, começo por precisar dos teus pozinhos mágicos, emprestas-mos?
- Sim... mas para quê?
- Tenho pressa, os teus familiares podem piorar a qualquer momento!
Depois irás perceber.
E lá foi o Zé das Moscas. Saiu
do rio a correr muito apressado,
dirigiu-se à cidade e foi bater à porta
de uma casa muito engraçada, com
forma de patinhas, decorada em tons
castanhos, com janelas em forma de
sapo e uma grande porta amarela ao
centro. Chamou o veterinário Maurício
que, com a aflição, pegou na mala
errada e correu para o rio. O Zé das
moscas esfalfou-se para o acompanhar...O mágico veterinário retirou uns
pozinhos do saco... mas... nada!
- Então o que falta ainda?
- Ah! Já percebi, faltam as
palavras mágicas “Abracadabra pata de
cabra, bolinha de sabão”, e, … todos os
instrumentos cirúrgicos e o próprio
veterinário ficaram revestidos de uma
espessa camada de bolinhas, bolinhas
de sabão.
Então, como que por magia, o
peixe Mocas estremeceu e reagiu:
- Até que enfim! Até que enfim! Vamos, vamos, a minha casa é já ali,
apontando para uma grande rocha com duas janelas e com cortinas cor-de-
rosa. Era uma casa estranha com escadas de caracoleta que o Zé das Moscas
e o Maurício tiveram que subir de roleta para encontrarem a família do peixe
doente. Lá ao fundo, numa fenda da rocha a servir de quarto de dormir, estava
um peixão fêmea abraçada aos seus sete filhos peixinhos, com muito mau
aspeto e muito pálidos.
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- Doença esquisita! – Explicou o veterinário – Tenho que aplicar
rapidamente a medicina mágica…
De repente, o peixão pai ficou com
uma varinha de condão encarrapitada
na sua barba, transformou o veterinário
num bombeiro que segurava num
aspirador gigante em vez da mangueira
e limpou o rio num instante.
Mas, os peixinhos fracos e
indefesos não resistiram e foram
sugados com a água do rio para dentro
do aspirador...
O rio estava agora muito limpinho! Como estava um belo dia de sol, as
suas águas reluziam com o reflexo. No entanto, mais um problema surgiu: os
peixes fracos e doentes tinham sido sugados pelo aspirador.
O Zé das Moscas rapidamente explicou aos seus amigos o que tinha
acontecido, e, tendo em conta a gravidade da situação, concluíram que não
havia outra alternativa senão recorrer novamente aos pozinhos mágicos para
tirar os peixes. Seria melhor levá-los para um lugar onde pudessem tratá-los
para continuarem a viver com muita saúde.
Assim foi, e, todos em conjunto, gritaram:
- “Perlimpimpim, perlimpimpim faz com que a nossa magia chegue ao
fim!...”
Estavam agora os peixes livres de toda a poluição do rio, mas
continuavam ainda muito doentes. Colocaram rapidamente grandes recipientes
de plástico na carrinha da Junta de Freguesia, encheram-nos com água do rio
e colocaram lá os peixes, transportando-os em segurança para um grande e
bonito lago situado no centro da cidade. Seguidamente, os “Amigos da Esfera
Azul” mergulharam por todo o rio à procura de mais peixes doentes, levando-os
de igual forma para o lago da cidade, onde todos permaneceram até ficarem
totalmente recuperados.
A presença desses peixes deu um novo ânimo à cidade, uma vez que,
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durante o tempo que
estiveram no lago, eram
visitados frequentemente
pelo Zé das Moscas e
seus amigos, pelo
veterinário Maurício e por
todos os outros habitantes.
As crianças levavam-lhes
comida rica em vitaminas
e outros nutrientes para
que recuperassem rapidamente. Ficavam muito felizes a vê-los a nadar de um
lado para o outro e até deram o nome de Minorca ao peixe mais pequenino do
lago.
Após quatro semanas, os peixes pareciam vender saúde pois não
paravam de andar de um lado para o outro.
Foi então que o Zé das Moscas e os seus amigos decidiram levá-los
novamente para o rio. Aqui, nadaram e saltaram muito, mostrando o seu
contentamento e agradecimento aos “Amigos da Esfera Azul”.
Passadas algumas horas,
o Zé das Moscas percebeu que
os peixes nadavam muito
agitados. Tentou aproximar-se do
seu amigo Minorca para perceber
o que se passava. Após um
diálogo entre os dois, concluíram
que todos os peixes perderam o
contacto com os seus familiares
durante o tempo que estiveram no lago, e agora, Minorca e os seus amigos
não conseguiam encontrá-los e andavam desesperados!...Os peixes
começaram a nadar desorientados tentando encontrar as suas famílias.
Nadaram, nadaram e foram ter ao rio Mondego que passa na aldeia de
Folgosinho que se situa na Cordilheira da Serra da Estrela.
Na festa realizada em setembro em que se celebra a festa da Nossa
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Senhora da Sardaça, vários turistas vêm acampar para a Serra e, entre eles,
estavam o Zé das Moscas, os seus
vizinhos e o Dr. Maurício.
Como estava muito calor e as águas
estavam límpidas e apetecíveis foram
refrescar-se um pouco. O Zé das Moscas
voltou atrás para ir buscar a toalha. Ao
aproximar-se do rio reparou o quão limpo
estava.
Ficou admirado e pensou perguntar a alguém como era possível o rio
estar tão limpo. Dirigiu-se a uma senhora mas esta não sabendo a resposta
teve o obséquio de chamar o senhor presidente da junta de freguesia de
Folgosinho, que passeava de bicicleta e devia estar mais informado sobre a
situação.
- Boa tarde. Gostava de saber como é possível este rio estar tão limpo!?
– Boa tarde! Seja bem-vindo à
nossa Terra cheia de atracções e
maravilhas. Em relação à sua pergunta
informo-o que a limpeza esteve a cargo
dos alunos do primeiro ciclo, do jardim-
de-infância, professores, auxiliares,
encarregados de educação, bombeiros e
alguns habitantes da Terra, em parceria
com a junta de freguesia, no âmbito de
um projecto ambiental desenvolvido na Escola.
Enquanto conversavam e passeavam à beira rio e olhavam as águas
onde o sol reflectia a sua luz e as tornava mais brilhantes, Zé das Moscas
apercebeu-se que conhecia aquele cardume onde estavam os seus conhecidos
e amigos, entre eles o Minorca e o Mocas. Os peixes quando ouviram a voz do
Zé das Moscas começaram aos pulos pondo a cabeça fora de água.
Foi então que o presidente da junta reparou que o Mocas tinha um
ferimento e perguntou ao Zé das Moscas se conhecia alguém para o poder
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tratar. Zé das Moscas falou com o Dr. Maurício que logo quis ajudar.
Aproximou-se dos peixes e ficou muito feliz quando reconheceu os seus
amigos já com a família por perto. Estavam todos bem de saúde, não deixando
de fazer um comentário:
-Pudera os peixes estão formosos porque as águas do rio e as suas
margens estão muito bem tratadas.
O Zé das Moscas, os
vizinhos, o Dr. Maurício, os
alunos, encarregados de
educação, o presidente da
junta de freguesia e outras
pessoas, combinaram juntar-
se todos os anos na mesma
altura e naquele sítio
maravilhoso, para manterem
o grupo “OS AMIGOS DA
ESFERA AZUL” unido e alargado, acordando encontrarem-se periodicamente,
definindo metas para unidos lutarem por um ambiente melhor…
O primeiro encontro ficou combinado para o mês de fevereiro. Era
inverno. A neve cobria as encostas da bela Serra da Estrela. Estava um frio de
rachar!
A equipa dos “Amigos da Esfera Azul” juntou-se num lugar aprazível da
localidade, para escolher um elemento que representasse o grupo nas reuniões
com as entidades locais.
- Quem vamos escolher para
presidente? - Questionou Dr. Maurício.
Todos em coro responderam: - Zé das
Moscas! Zé das Moscas a presidente!
-Agradeço a vossa escolha. Prometo
ajudar e proteger este planeta.
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-Quais serão as primeiras medidas a tomar?
João das Abelhas que também estava presente, disse:
- No verão passado a nossa região sofreu com os incêndios; a fauna e a
flora ficaram muito abaladas. Milhares de hectares de floresta foram
destruídos...Precisamos então ajudar a reflorestar a nossa serra!
Amélia das Borboletas teve uma excelente ideia:
-Porque não pedir à engenheira do ambiente da Câmara Municipal que
nos ajude?
Presidente Zé das Moscas exclamou:
-Óptima ideia! Óptima ideia! Vou já contactá-la.
O João das Abelhas sugeriu:
- Podemos proceder à
reflorestação no Dia Mundial da
Floresta. Que acham?
Imediatamente, Zé das Moscas
combinou com a engenheira Flora quais seriam as árvores selecionadas para
plantar.
Combinaram levar: pinheiros,
castanheiros, bétulas, …Todas
plantas autótones da nossa região.
Finalmente chegou o tão desejado
Dia Mundial da Floresta! O sol
brilhava e o dia convidava ao
trabalho…”Os Amigos da Esfera Azul”
reuniram-se muito cedo com “armas e
bagagens” para realizar a grandiosa tarefa: plantar muitas, muitas árvores
…Felizes, caminhavam para o local determinado. Um trator acompanhava o
grupo com todo o material necessário para a jornada. Ninguém esqueceu a
cesta da merenda… Todos participaram, cumprindo sempre as regras de
segurança. Ao longe, a Amélia das Borboletas avistou um caçador. Ouviu-se
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um barulho…Pum! Pum! O grupo assustou-se. O que aconteceu? Será que
alguém ficou ferido? ...
Ninguém ficou ferido porque o caçador não estava a disparar contra
eles. O caçador estava a mirar um belo javali e tentou caçá-lo. Tudo se soube
porque no grupo “Esfera Azul” estava o comandante da polícia que, depois de
ser avisado pela Amélia das Borboletas, correu em direção ao caçador e o
interrogou. Quando ficou a saber de tudo, o polícia disse:
- O senhor sabe que está a cometer um crime? Vou ter que o prender
imediatamente!
- Porquê?! O que foi que eu fiz de
mal? - Perguntou o caçador.
Entretanto chega ao pé deles outro
membro do grupo, o veterinário, que
pronunciou muito indignado:
- Porquê? Então o senhor não sabe que na primavera não se pode
caçar?
- Hahahahaha! - Riu-se o caçador - Essa agora! E porque não se pode
caçar?
Um terceiro membro do grupo, o Chico “das Árvores” (assim chamado
porque adorava a floresta), que entretanto se tinha aproximado, ouvindo a
risada e já irritado com o caçador, exclamou:
- Pois é! Se todos fizessem o mesmo que você, não haveria vida nos
bosques e toda esta maravilha acabava! Fique a saber que na primavera
Natureza renova-se. Os animais reproduzem-se. Se matarem os animais nesta
época não há novos animais e tudo acaba, percebeu?
- Ora essa, levem-no para o tribunal!!! - Gritaram os outros membros do
grupo preocupados com a Natureza.
Enquanto o caçador era levado pelo polícia até ao tribunal, ele dizia em
voz alta e em jeito gabarola:
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- Ora não sei para que é tudo isto. Eu sou primo do Presidente Zé das
Moscas. Ele vai ajudar-me. Por isso ninguém pode fazer nada contra mim!!!
Na sala de audiências do tribunal todos esperaram pelo juiz. Quando
entrou, o polícia foi o primeiro a falar e contou tudo o que se passara.
O juiz muito sério questionou o
caçador:
- Então o que o senhor tem a dizer em
sua defesa?
- Eu, senhor juiz? Mas eu não fiz nada
de mal. E o advogado que o meu primo
mandou há-de ajudar-me. Este advogado é de
primeira classe e vai provar que é uma estupidez tudo isto.
Nesse momento, fala o advogado que tinha chegado ao tribunal:
- Senhor juiz fui chamado para defender
este senhor mas não vou fazê-lo porque ele foi
muito mau para a Natureza e quem maltrata o
meio ambiente também faz mal a todas as
pessoas!
- Que é isto? - Perguntou pasmado o
caçador. - Mas que espécie de advogado é este? Quero falar já com meu
primo! Imediatamente! Chamem-no! Já!
- Calma aí, o senhor não tem o direito de exigir nada aqui. – Respondeu
o juiz meio baralhado com aquilo tudo. De repente, abrem-se as portas da sala
e entra o Zé das Moscas…O que se terá passado a seguir? Será que ele vai
ficar do lado do primo ou do lado do grupo “Esfera Azul”? Quem tinha razão?
…
Zé das moscas vinha afogueado e um pouco perturbado. Já sabia o que
se tinha passado e queria fazer uma proposta ao juiz. Pediu ordem ao
meritíssimo para falar: -
- Senhor doutor juiz, permite-me que fale; estou ao corrente dos factos e
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posso dar-lhe uma sugestão para ajudar a resolver este caso.
-Sou todo ouvidos, Sr. Zé das Moscas…
-Bem, gostaria que não me interpretasse mal. Mas, como sou um
homem que tem presenciado muitas situações diferentes e penso que a
injustiça é um grave problema da nossa sociedade, propunha um pouco de
clemência para o meu primo.
-Então, acha que o seu primo
merece sair impune depois do que fez? É a
isso que chama justiça?
-Não senhor doutor juiz, isso não.
Mas podemos fazer um acordo.
- Que tipo de acordo propõe?
Senhor juiz, a ação que o meu primo praticou foi péssima, mas como
ele é um homem bom e nunca praticou outro crime… Queria pedir ao senhor
para não o prender, mas sim obrigá-lo a fazer parte da associação “Esfera
Azul”.
- Conheço o trabalho da associação, pois tenho lido no Jornal de São
Paio algumas iniciativas que têm sido realizadas pela dita associação. E então,
o que faria o seu primo para o bem da mesma?
- Senhor doutor juiz, ele podia fazer imensas atividades para a nossa
“Esfera Azul”. Olhe, agora como estamos na primavera e plantámos muitas
árvores, elas precisam de alguns cuidados. Assim podíamos pedir ao meu
primo para prestar esses cuidados. Ao sair do seu trabalho e no fim de semana
ele poderia regá-las e adubá-las. No verão, também é necessário que alguém
cuide da floresta. Todos os anos tem sido uma calamidade com os fogos,
necessitamos de pessoas para guardarem as nossas florestas…
- Estou a perceber, a sua ideia senhor Zé das Moscas. Em vez de dar
prisão a este individuo e de o fazer pagar uma multa, utilizaria os serviços
cívicos do seu primo, não é assim?
- Sim meritíssimo.
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O juiz dirigiu-se então para o réu e perguntou-lhe:
-O senhor como culpado o que pensa da ideia do seu primo?
- Se me permite a minha opinião senhor juiz, como culpado que me sinto
e deveras arrependido, tenho a dizer que me sentiria muito feliz em ajudar a
associação “Esfera Azul”. Se o senhor doutor juiz me perdoar a minha pena,
comprometo-me a trabalhar para a referida associação por tempo
indeterminado.
O juiz retomou a palavra, bateu com o martelo em cima da mesa e
lavrou a seguinte sentença:
- De hoje em diante e por tempo
indeterminado fica o réu incumbido de
ajudar a associação “Esfera Azul”. E será
a esta que vai competir distribuir os futuros
trabalhos a este indivíduo. A audiência
está encerrada, podem todos voltar às
vossas ocupações.
Todos se levantaram felizes com o desfecho da sessão. Zé da Moscas
abraçou o primo, o advogado apertou a mão do absolvido e o polícia sorriu pois
gostava das audiências que acabavam bem.
Agora, a associação teria que reunir e definir quais seriam os trabalhos
que o primo do Zé das Moscas, de seu nome Manuel Espingarda, iria realizar
Perante a decisão do juiz, não restava outra opção, ao presidente da
associação “Os Amigos da Esfera Azul”, senão marcar uma reunião
extraordinária. Assim fez, todos os membros foram convocados. A reunião
realizar-se-ia no dia dez de abril às
catorze horas e teria como ponto único a
definição do trabalho comunitário a
atribuir a Manuel Espingarda.
O local designado para a reunião
foi a casa do Zé das Moscas. No dia
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marcado, todos compareceram à hora marcada.
A agitação era total...
Até os jornalistas locais procuravam obter informações. Zé das Moscas
deu início à reunião.
- Meus caros amigos, estamos
aqui reunidos para definirmos o
trabalho que iremos atribuir a Manuel
Espingarda, como proferido na decisão
do juiz. Podem começar a manifestar
as vossas opiniões.
Os presentes assim fizeram e
foram dando as suas opiniões.
- Senhor presidente, Manuel Espingarda tentava caçar um javali, por isso
parece-me que deverá cuidar dos animais da floresta. – Disse Diogo dos
Cordeiros (pastor da Serra da Estrela).
- Eu acho que também deverá cuidar da floresta. – Disse Chico “das
Árvores”.
- E se ele construísse uma casa em madeira para cuidar dos animais
doentes? Nós poderíamos ajudar! – Opinou o veterinário Maurício.
- Ele poderá também ajudar na montagem de uma estufa onde serão
plantadas e guardadas as árvores e plantas em vias de extinção! – Referiu a
engenheira Flora.
Todos aplaudiram as diversas opiniões apresentadas.
Por fim, Zé das Moscas
elaborou um mapa de tarefas, onde
foram colocados os trabalhos a realizar
pelo seu primo. Quando este mapa foi
concluído e aprovado, o presidente
mandou chamar o Manuel Espingarda
e deu-lhe conhecimento dos trabalhos
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que teria de efectuar.
Ele ficou muito assustado…
- Como conseguirei realizar tudo isto?
Nunca serei capaz. Porque é que eu fui tão
mau...
- Não te preocupes, nós estamos dispostos a ajudar-te. – Responderam
todos.
A reunião terminou em grande harmonia. “ Os Amigos da Esfera Azul”
ficaram famosos com a cobertura jornalística que foi feita dos acontecimentos.
Toda a imprensa escrita da região fez capa de jornal com a tão falada “reunião
comunitária” realizada em casa do Zé das Moscas.
A floresta aguardava pela ação dos Homens para a embelezar! Manuel
Espingarda deitou mãos à obra dando início à sua missão. De forma muito
empenhada, com a colaboração de todos, os trabalhos iam sendo realizados.
A floresta aos poucos transformava-se num local aprazível.
No Dia Mundial do Ambiente, todos se juntaram para celebrar “ A Festa
da Esfera Azul”. Realizaram um piquenique que terminou com um belo banho
nas águas límpidas do rio.
Os acontecimentos
demonstram que um mundo
melhor só é possível com a
ajuda e esforço de todos.
A Vontade do Homem consegue mudar a maldade e a injustiça no
Mundo!
EB1 participantes: EB1 S. Julião, 1ºano /EB1Arcozelo da Serra, 3º e 4º Ano/ EB1 Vila Nova de Tazem, 3º
e 4º ano/ EB1Paços da Serra, 1.º e 4.º Ano/ EB1São Pedro, 2ºAno/ E.B.1Folgosinho,2ºe 4º Ano/E.B.1São Julião, 3ºe
4º Ano/E.B.1 Moimenta da Serra, 1ºe 3º Ano/3ºe 4ºano -São Paio, 3ºe 4ºano/ E.B.1 de S. Pedro, 4º Ano
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A velha e os segredos da cabaça
Era uma vez uma velhinha que vivia sozinha, numa casa muito bonita,
no meio da floresta. A floresta era enorme, frondosa e fresca. Tinha árvores
muito altas e bonitas. A casa era pequenina, branquinha e muito arrumada. O
telhado era cor de laranja e a chaminé feita de pedra, mas já escurecida pelo
fumo da lareira.
Cá fora, havia um pequeno jardim com margaridas, papoilas, trevos,
roseiras e tulipas. Ao meio, imponente, via-se um velho medronheiro. A
velhinha gostava de tratar as suas plantas com carinho e cuidado.
Ao lado, na horta, a velhinha cultivava bonitas alfaces, cenouras,
pepinos, beringelas, mas dedicava especial atenção a uma redonda e enorme
cabaça. Todos os dias a regava e lhe deitava adubo. Mas…
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Numa bela manhã de primavera, andava a velhinha a regar a cabaça
quando apareceu um lobo que lhe perguntou:
_O que é isso?
_É uma cabaça. – Respondeu a velhinha com algum receio.
_E as cabaças falam? – Perguntou-lhe o lobo muito desconfiado.
_Sim, mas só com os seus donos.
A velhinha, com medo que o lobo descobrisse o seu segredo, olhou para
o relógio e disse que tinha de ir tomar os medicamentos. Quando a velhinha
entrou em casa, o lobo, armado em esperto, foi à horta descobrir o que estava
dentro da cabaça.
À noite, o lobo cheio de sono encostou-se à cabaça, ela partiu-se e
reparou numa porta secreta, que estava lá dentro…
No dia seguinte, o lobo
foi a casa da velhinha, bateu à
porta e ela abriu-a. O lobo
perguntou:
- O que é que está dentro da cabaça?
Mas a velhinha não respondeu.
À noite, o lobo foi à horta da velhinha e
entrou no que restava da cabaça.
Abriu a porta, entrou e foi ter a um
lugar encantado, onde havia um lindo lago
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azul cheio de peixes prateados, flores de todas as cores e espécies, uma ponte
mágica, árvores enormes e verdejantes com grandes lianas entrelaçadas.
O lobo ficou encantado com tamanha beleza! Para completar todo
aquele sentimento de alegria conheceu um lobo com o qual fez amizade.
Na manhã seguinte, o lobo acordou muito entusiasmado, voltou de novo
a casa da velhinha e disse-lhe:
- Já sei o teu segredo.
A velhinha ficou muito corada e atrapalhada. Combinaram então que no
dia seguinte, iriam visitar aquele lugar encantado para que o lobo lhe
apresentasse o seu amigo.
Quando lá chegaram, o lobo
apresentou o amigo à velhinha e perguntou-
lhe:
- Como te chamas?
- Olá! Eu chamo-me Super Fantástico...
... Vou levar-vos para o meu Reino.
Ao observarem o lago, pareceu -
lhes diferente, tinha outra cor e os
peixes eram fantasmas, se calhar era
por já ser noite! No caminho
encontraram a cabaça, que, entretanto,
já estava completa e restabelecida do
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encontrão do lobo, passaram na
ponte mágica toda prateada com
rendilhados dourados que
lembravam castelos encantados e
as grades eram de cores brilhantes,
cada uma com cabeça de histórias
maravilhosas das mil e uma noites:
Branca de Neve e os Sete Anões,
Ali Babá e os Quarenta ladrões, A
Raposa e o Sardinheiro, Os Cinco
Amigos e os Ladrões, O Lobo a
Velha e a Cabaça, etc.
Do outro lado da ponte viram uma casa em forma de cabaça, janelas de
cabaça, porta de cabaça, chaminé de cabaça, tudo, tudo o que estava dentro e
à volta da casa era em forma de cabaça, de diferentes tamanhos e de diversas
cores.
Ficaram perplexos!
Aquele lugar era mesmo uma beleza, mas tinha, no entanto, algo de
estranho, parecia ter seres extra - terrestres.
- Claro que são estranhos -
disse o lobo Super - Fantástico -
pertencem ao meu mundo.
A velhinha envolvida naquele
ambiente magnífico pediu ao lobo que
lhe realizasse um desejo antigo.
- Está bem, mas tens que pedir à
cabaça, que é uma fada encantada por uma feiticeira má (transformou uma
menina em cabaça porque se portou mal, tratava os colegas da escola com
desprezo) e fez - lhe o feitiço: “Olho zarolho, mau trambolho”.
A velhinha ficou embasbacada mas lá avançou:
- “Cabaça, cabaça, dá-me sorte em tudo o que eu faça!”
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- Eu vou satisfazer o teu desejo, para isso tens que seguir um plano:
quem quiser entrar na casa cabaça tem que ser bom cozinheiro. E a velha,
afirmou logo que sabia cozinhar e que estava disposta a fazer qualquer
cozinhado à cabaça. Então, esta ficou pensativa durante algum tempo e depois
disse:
- Ah! Já sei! Quero que me faças cabaça assada com bifinhos.
- Não sei se poderei! A única cabaça que existe nestas redondezas és
tu! Mas eu gostava tanto de ir àquela casa…
- Bem, tens 24 horas para encontrar a cabaça e arranjar o cozinhado.
Então, a velha pensou, pensou… e lá decidiu ir em busca da cabaça.
Mas nada!
- Desculpa cabaça. Não
encontrei todos os ingredientes.
- Mas tens o ingrediente que
te falta mesmo aqui! Sou eu!
- Não posso matar-te. És
minha amiga e o meu segredo também.
- Então passaste neste teste. Vou conceder-te este desejo.
E …
... Quando a velha entrou! … Surpresa: flores
encantadas, livros mágicos em que as palavras e
as imagens, comunicavam entre si. Os lápis
eram fantásticos porque, pintavam com brilhantes e cantavam lindas
melodias... Os móveis voavam de um lado para o outro, pousando onde as
pessoas queriam.
Estava a velha a admirar toda esta magia,
quando ouviu um som suave e uma luz muito
amarela com uma bolinha vermelha ao fundo de
um corredor!?...
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- Olá linda velhinha! Bem vinda à nossa cabaça!
- Quem és tu, que não te vejo?! Os meus olhos
estão muito cansados, da idade.
- Não me conheces? Sou o lobo, mas não sou o lobo
mau da história do “Capuchinho Vermelho”. Sou o
lobo da história que os meninos da escola de Melo inventaram... e irmão do
lobo que te realizou o desejo. Maaas…. Que andas tu por aqui a fazer na
cabaça mágica?
- Eu sou a velhinha, que também já entrei numa história e desde criança
sonhei visitar esta cabaça mágica. Nunca consegui fazê-lo porque tive o tempo
todo ocupado a trabalhar no campo e a tomar conta da minha grande família. É
pena a vida lá fora não ser como é aqui dentro, em que tudo é mágico. Os
meninos não precisam de trabalhar e assim têm mais tempo para aprender.
- Pois aqui todos são felizes, os animais
convivem com os humanos.
- Ai... que já está a ficar tarde! Tenho de ir
embora fechar as minhas galinhas antes que lá
vá a raposa matreira e mas roube…
O lobo Super Fantástico, acalmou a
velhinha ligando o telescópio à corrente e direcionou-o para a floresta onde ela
vivia. Ao ver a sua quinta emocionou-se e ficou hilariante ao ver que o seu
quintal continuava como o deixara.
A horta estava regada e
verdejante, as galinhas estavam
recolhidas na sua capoeira, o
jardim continuava florido e bem
tratado. Por momentos o aroma
das suas belas flores parecia ter
inundado a cabaça.
- Mas, como é possível? Tudo, tudo continua na mesma! Assim, posso
ficar aqui mais uns tempos.
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- Sabia que ficarias assim. Eu tenho mandado à tua quinta a Cabaça
dos Olhos Trocados que é a mais arrumadinha e responsável do nosso reino.
Todos queremos que fiques para o nosso Baile Fantástico que se realizará
amanhã.
Convencida pelo convite do lobo Super Fantástico, resolveu ficar. Nessa
noite não conseguiu pregar olho! A emoção de estar naquele local era enorme
e o baile aumentou a sua euforia.
No dia seguinte, levantou-se muito cedo e foi espreitar os preparativos
para o baile. Ficou espantada com as decorações! Os candeeiros estavam
repletos de pirilampos que davam luzes de várias cores. Havia fitinhas por
todos os lados e no centro de
uma mesa enorme estava um
bolo em forma de uma cabaça
ricamente enfeitada. A música
estava a ser selecionada por
um grupo que colocava colunas
em vários lugares. Em redor do
lago, colocavam luzes, bolinhos
de cabaça, sumos de cabaça e
frutos em forma de cabaça.
O lobo Super Fantástico disse à velhinha que à noite todos deveriam
vestir roupas elegantes e vistosas e as senhoras deveriam usar um girassol
nos cabelos.
A velhinha ficou assustada porque não tinha nada para vestir!
- Assim não posso ir ao baile!
- Não percas a calma. Nós temos uma grande variedade de roupa na
Cabaça das Roupas. Vamos até lá!
A velhinha ficou deslumbrada e logo escolheu um vestido com as cores
do arco-íris e para o cabelo um girassol muito vistoso. A noite chegou e o baile
começou. A música era calma e parecia chamar todos os habitantes da
cabaça. O lobo Super Fantástico abriu as portas e todos começaram a entrar.
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De repente, o salão estava cheio e animado. A velhinha, por momentos,
pensou que estava a sonhar. Dançou até se fartar, parecia que tinha
recuperado a energia da juventude. Depois de muito dançar e cantarolar
decidiu ir até ao lago ver os peixinhos e comer para restabelecer as suas
energias.
Sentou-se num banco do
jardim a comer um saboroso
bolinho de cabaça e adormeceu
profundamente…
Então, a velha sonhou
que ia ser uma fada boa e
andava à procura de uma
varinha.
Dirigiu-se à cabaça mágica onde encontrou uma cabacinha que dizia:
- Para teres uma varinha mágica tens que tirar o diamante da cabeça do
dragão, que guarda o jardim das cabaças mágicas.
Comeu mais dois bolinhos e sentiu-se tão forte para enfrentar o dragão
que lá foi, conseguindo o diamante.
No preciso momento, deixou de ser velhinha para ser uma fada, com
uma varinha mágica, muito poderosa e brilhante.
- Agora, vou transformar novamente a cabaça em menina!
Mas, de repente, acordou e vendo que tudo aquilo não passava de um
sonho, ficou triste por não poder quebrar o feitiço da menina…
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Estava ela muito triste, a chorar, sentada no banco do jardim, quando se
abeirou dela um velhinho de longas barbas brancas, que lhe perguntou:
- Porque choras?
A velhinha, entre soluços contou todo
o sonho e a sua tristeza de não poder ajudar
a quebrar o feitiço da menina…
- Mas como?
- Espera um pouco… - disse o velho mágico.
Então, o mágico meteu-se pelo emaranhado do bosque e trouxe uma
pequena cabacinha na mão e, quando a vai entregar à velhinha, transforma-se
numa bola mágica…
A velhinha, quando se
apercebeu que a cabacinha se tinha
transformado numa bola mágica,
ficou, extraordinariamente,
surpreendida e maravilhada. Na
bola de cristal viu muitas imagens
que apareciam e desapareciam a
grande velocidade, deixando-a
baralhada e tonta. Cansada, deitou a cabeça sobre o banco do jardim e
adormeceu.
Entretanto, ouviu-se ao longe uma música muito suave…
A velhinha acordou bem-disposta e com muita energia.
Olhou para a bola mágica e
rodeou-a com as suas mãos
envelhecidas e magras, conseguindo
ver as imagens devagarinho, uma por
uma. Os lugares eram invulgares e
fantásticos. As pessoas e os animais
tinham aspetos esquisitos mas
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atraentes. As árvores e plantas falavam e movimentavam-se agilmente.
Subitamente, surgiu uma figura que lhe despertou curiosidade...
….. Era a sua neta que vivia em
Lagarinhos.
Ela vinha muito bem vestidinha, tinha saia e
camisola roxa, sapato de salto alto azul, laço
vermelho na cabeça com pintinhas pretas...Tentou
fazer de tudo para a acordar, pois esta estava a
dormir um sono muito tranquilo em cima da
cabaça.
- Ó avó! Estás a dormir ao Sol e isso faz-te mal.
- Oohh! Minha querida netinha, mas que surpresa tão agradável!
- Vim convidar-te para o meu casamento no Barrocal de Lagarinhos!
- Mas tu vais-te casar?! - Pronunciou a velha avozinha.
- Sim! E quero que venhas ao meu casamento!
Ao ouvir este pedido, a velha ficou preocupada e muito abatida por não
ter transporte para ir para o casamento. Mas…. Quando chegou o dia do
casamento, o pai da netinha foi buscar a velha para assistir à cerimónia e, esta,
já estava toda aperaltada com um “vestidinho top de gama roxo”.
Todos estavam prontos, e, já na igreja,
quando, de repente, se ouviu uma buzina...
Era o carro do pai da noiva que chegava à
igreja, transportando os noivos todos janotas
para esse dia tão especial.
A cerimónia decorreu muito bem e,
todos muito felizes, encaminharam-se para o
almoço num restaurante perto da igreja.
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No final do almoço, a velha, muito entusiasmada, foi buscar o seu
presente: o doce de cabaça para a sobremesa.
Todos comeram e gostaram!
E, a neta que gostava muito dos alunos da EB1 de Lagarinhos, logo
repartiu com eles o doce que sobrou.
A velhinha ficou muito feliz por ter sido convidada pela sua neta, e, à
noite, chorou de felicidade.
Já na cama pensava em ajudar a sua neta, oferecendo-lhe a sua casa
para morar...
Ai que boa netinha
Que de mim se lembrou!
É tão minha amiguinha
Que a minha casa lhe dou.
EB1 PARTICIPANTES:
EB1 S.Julião, 2ºAno/ EB1 Vinhó/ EB1 Folgosinho, 1º e 3ºAno/ EB1Paços da Serra, 2º e 3º Ano/EB1Melo, 1º e 3º
Ano/ EB1 S. Pedro, 3º ano/ EB1 Moimenta da Serra, 4º Ano/EB1 Vila Nova de Tazem, 2º Ano/ EB1 de S. Paio, 1º e
2ºAno/EB1 de Lagarinhos, 1º e 4º Ano
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O Nabo Enfeitiçado
Numa velha cidade, à beira
mar, vivia um casal de velhotes.
Era uma antiga cidade de
ruas estreitas com pouco
movimento. As casas da cidade
eram bonitas. Eram construídas
com paredes de madeira e com
telhado de palha. Nas janelas e
nas varandas havia muitos vasos
cheios de flores bem cheirosas. Perto da cidade, havia um monte. No cimo do
monte havia um castelo que tinha umas muralhas muito altas viradas para o
mar.
As pessoas viviam alegres e gostavam de conversar muito. Tudo era
importante: as flores do jardim que cresciam com mil e uma cores, a avó que
contava histórias aos netos em cada final de tarde, o senhor das castanhas na
esquina do moleiro…
A cidade acordava cedo e, com ela, acordava o casal de velhotes.
Levantavam-se muito cedo, com o canto de um canário que tinham numa
gaiola pendurada na janela da varanda. Há muito que tinham ido viver para
aquela cidade vindos de uma aldeia do campo onde sempre foram muito
felizes. Apesar de se sentirem bem junto dos moradores daquela cidade, as
saudades do campo eram sempre muitas!
Lembravam-se das searas
que ondulavam ao vento, do rio
que corria no fundo do vale, do
canto das aves, do frio do Inverno
e do calor das tardes de Verão e
da sua horta...
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A sua idade já era avançada, mas viviam alegres e sempre bem-
dispostos. As suas rugas eram muitas mas sentiam-se sempre prontos para
começarem um novo dia.
A varanda da casa deles
era enorme! Tinha vasos por
todos os lados. Eram vasos feitos
de barro mas, em vez de flores,
tinham semeadas plantas da
horta: cenouras, alfaces, cebolas,
feijão, tomates, morangos…
O casal costumava plantar
as sementes na Primavera na companhia dos pássaros que chegavam de
outras terras mais quentes.
Naquela Primavera, tinha sobrado um vaso para plantar. E, como não
tinham nenhuma semente para plantar, decidiram plantar sementes de nabo.
Só que eram sementes especiais, mágicas! Mas eles não sabiam… O que
tinha acontecido? De vez em quando, o canário que tinham na gaiola, gostava
de ir passear e fugia. Gostava de passear pelas redondezas, lá para os lados
do castelo onde vivia um feiticeiro.
Era um bom feiticeiro!
Tinha barbas longas,
chapéu alto com estrelinhas e
uma roupa que mudava de
cor com o céu.
Ele gostava muito de
fazer magias engraçadas:
fazia aparecer coelhos, andar
por cima da água, transformar
flores bonitas e cheirosas,
colorir penas de pássaros…
E, como ele gostava de pássaros de todas as espécies, o canário dos
velhotes, para ele era mais um amigo que lhe cantava sempre que ia visitá-lo.
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O feiticeiro gostava de ouvir o seu belo canto. Quando o canário se despedia
dele, dava-lhe algumas sementes.
Certo dia, o feiticeiro deu-lhe umas
sementes especiais que ele levou no bico …
O canário levou as sementes especiais no bico com muito cuidado. Ao
chegar à varanda da casa dos velhotes, decidiu deitar as sementes especiais
num dos vasos existentes. Com as suas patinhas esgravatou a terra e tapou as
sementes levemente.
De seguida, entrou na sua gaiola, encheu o bico com água e foi regar as
sementinhas especiais.
Os velhotes estavam dentro
da casa, sentados no sofá a ver
televisão, e não se aperceberam da
sementeira do seu canário.
Todos os dias, ao acordar, a
velhota ia à varanda regar as
plantas dos seus vasos e, por vezes,
arrancar algumas ervas daninhas.
Passados alguns dias, ela reparou numa plantinha nova que brotava de
um dos seus vasos.
Foi com muito espanto que observou aquela planta estranha! ….
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Aquela planta era verdadeiramente estranha…Mas também muito bela!
Apesar de muito pequena, começavam a despontar as suas folhas verdinhas,
um verde muito escurinho.
O caule era fininho e alto.
Todos os dias, os velhotes, o senhor
Manuel e a senhora Maria, tratavam de
todas as suas plantas com muito carinho.
Para além de as regarem e tirarem as ervas
daninhas, este casal também gostava de
conversar com elas: perguntavam-lhes se
tinham passado bem a noite, se ainda tinham sede ou se queriam mudar para
outro sítio da varanda.
Numa destas conversas, a senhora Maria reparou, com grande espanto,
que havia uma planta que crescia mais do que todas as outras. Na brincadeira,
ela até disse:
- A esta menina parece que lhe estão a deitar adubo aos pés! Depois fez
uma cara de riso.
O certo é que a planta cresceu tanto,
tanto que quase tapava a frente da varanda
da casa do senhor Manuel e da senhora
Maria. Foi então que o senhor Manuel
decidiu tirá-la do vaso e plantá-la num
cantinho do seu pequeno jardim, mesmo
juntinho ao muro.
As pessoas que passavam na rua,
comentavam:
- Que planta tão bonita e tão
grande! Será um girassol? -
Interrogavam-se alguns.
- Deve ser uma palmeira! - Afirmavam outros.
Será um
girassol?
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Quem não conseguia responder a estas questões era o casal de
velhotes, pois também eles não sabiam que planta era aquela que tinha
germinado num vaso da varanda da sua casa…
Passadas algumas semanas, o feiticeiro passou junto ao muro e vendo a
planta lembrou-se das sementinhas especiais que tinha dado ao canário.
Resolveu bater à porta de casa dos velhotes mas ninguém abriu. Onde
estariam?
Imaginem!...
Quando passeavam encontraram o castelo do feiticeiro, que tinha a
porta aberta e... Viram as pegadas e algumas penas que os fizeram desconfiar
que seriam do seu canário.
O senhor Manuel, muito
intrigado, comentou com a senhora
Maria que naquela planta, tão
estranha, estaria uma “mãozinha” do
feiticeiro.
A senhora Maria, incrédula,
respondeu:
- Impossível!..Como é que o nosso canário conseguiu plantar aquela
enorme e estranhíssima planta? Cheios de medo fugiram “a sete pés” dali para
fora.
No caminho e, sem quererem,
encontraram o feiticeiro.
A senhora Maria assustada
exclamou: - Afinal os feiticeiros existem,
Manuel! Foi o nosso canário, que nos
seus passeios trouxe aquelas
sementes!
- De que falam vocês? Sementes? Canário? Tudo muito estranho! ...
De repente, apareceu uma menina que passeava o cão pelo monte e
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perguntou:
- O que faz este homem assim
vestido?
O cão ladrava, ladrava a alguém que
lhe era totalmente desconhecido. Ladrou
mais, e, de repente, apareceu um gato
branco, gordo e peludo que rosnava em
defesa do feiticeiro.
Naquele momento saiu, de um
pequeno buraco, um ratinho que chiando
distraiu o gato. Este, ao vê-lo correu atrás
do rato na tentativa de o apanhar. O
feiticeiro incomodado com a presença do
cão lançou-lhe o feitiço e afastou-o dali.
A senhora Maria, surpreendida e
assustada, resolveu perguntar ao
feiticeiro se sabia que planta era
aquela que estava no seu jardim.
O senhor Manuel, homem
calmo, pensativo e que sempre
acreditou no feiticeiro, esfregou as
mãos de contente ao sentir que estava perto de desvendar aquele enigma…
Então a senhora Maria encheu-se de coragem e aproximou-se do
feiticeiro… até era uma pessoa simpática, com um sorriso grande…!
E baixinho disse:
- Feiticeiro…feiticeiro… –
chamou ela ao mesmo tempo que lhe
puxava pela capa enorme e azul, com
uma estrela no peito, que ele trazia
vestida…
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- Podemos conversar?
- Claro… O que queres?
- Sabe, eu e o meu Manuel, temos um problema grave no nosso
quintal… e não sabemos como resolvê-lo…
- Sim? ... Continua…
- É que… temos lá uma planta grande…
enorme… até nos tapa a janela da nossa casa
e… não sabemos como tirá-la dali e… também
não sabemos de que família é… uns dizem que
é um girassol… outros uma palmeira… você que
sabe de segredos… mistérios… pode ajudar-
nos? É que ela incomoda mesmo…
- Planta enorme?... Girassol?...
Palmeira?... Não sei do que falas…! Mas… se
me levares até ao teu quintal para a ver…!
- Claro… claro que levamos, não é Manuel?
- Sim… sim…
Ainda não tinham dado meia dúzia de passos e uma enorme sombra
tapou-lhes o sol… assustados recuaram… então o feiticeiro disse:
- Até posso ter alguma coisa a ver com isto… mas o canário também
tem… agora ajudar-vos não posso… porque… porque… E desatou a fugir…!
A Sr.ª Maria e o Sr. Manuel, olharam um para o outro admirados com o
que disse e fez o feiticeiro… também o canário, o cão, o gato e o rato, que
tinham aparecido, abriram muito os olhos e a boca…
- Ó Manuel tu viste…? Ele fugiu… teve medo da nossa planta… e agora
o que fazemos?
- Não sabia que os feiticeiros também tinham medos…!
Olharam um para o outro e começaram a rir à gargalhada:
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- Ah! Ah! Ah!
Apesar de terem falado com o feiticeiro, a planta continuava a crescer…
a tapar o sol cada vez mais… mas solução para resolverem o problema da
planta… onde a encontrariam?!...
Ficaram pensativos enquanto viam o feiticeiro fugir... O canário resolveu
segui - lo e reparou que deixava cair uma bolsa ao chão. Então, desceu até ela
e apanhou - a com o bico. Com algum esforço, levou – a até aos seus donos!
Admirados, pegaram nela e viram que tinha escrito: “Pós Mágicos”! Mas, para
que serviriam? Será que resolveriam o problema da planta gigante? Talvez
não, já que o feiticeiro fugiu...
Enquanto estavam nisto, o sol
estava cada vez mais tapado e o dia a
escurecer... De repente, ouviu – se um
barulho ensurdecedor... Que medo! O
que era agora? Olharam para cima e
viram que a planta começava a tombar
com o peso...
- Meu Deus! O que vai ser de nós!? Exclamaram aterrorizados.
As pessoas, cheias de medo, ficaram todas arrepiadas e paralisadas, o
cão e o gato com o pêlo em pé, o canário enfiou – se no bolso do Manuel e o
rato na sacola da Maria!
Mas... Felizmente, o caule
gigante caiu com estrondo para os
lados do rio... Quando baixou a
poeira levantada e o sol voltou a
brilhar, todos ficaram maravilhados, a
planta formou uma espécie de ponte
sobre o rio. As pessoas, curiosas,
foram – se aproximando da planta
que, agora, atravessava o vale! Entretanto, o rato, sentindo as coisas mais
calmas, saltou da sacola da Maria... Mas, para espanto de todos, viram que ele
trazia preso na boca o saco dos“Pós Mágicos”.
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Assustados e todos em coro gritaram para o rato:
- Larga isso!!! Não sabemos para que serve!
Os dois irmãos correram atrás dele e apanharam – no mesmo junto ao
pé do caule da planta gigante. O menino puxou pelo saco... e “Zás”! Como
estava preso nos dentes do rato, rasgou – se, e os pós espalharam – se por
todo o lado, principalmente pela base da planta...
- Oh, não! E agora? Que irá acontecer?
Mal tinham acabado de pronunciar isto sentiram a terra tremer, o caule
começou a rachar e abriu – se uma grande fenda... Ainda não tinha
recuperado do susto quando, lá de dentro, surgiu uma feiticeira que disse:
- Onde está o desgraçado feiticeiro que me prendeu na semente deste
nabo? Vou transformá – lo em...
- Piu! Piu! Piu! Cantava o canário esvoaçando em círculos à frente da
feiticeira, batendo as suas asitas com tanta força que conseguiu atirar com o
chapéu da feiticeira tapando-lhe os olhos e a boca, impedindo-a de dizer, ou
fazer o que quer que fosse…
- Mnhm! Mumnh! Com mil asas de morcego!... Mas…que?!
-UPS! Senho…ra feiti…ceira,
tenha calma…. Conseguiu sussurrar o
menino, meio a gaguejar, pondo-se
em bicos de pés e colocando o seu
dedito no ar. Todos os que ali se
encontravam, de olhos esbugalhados,
meio apalermados com os últimos acontecimentos, abriram ainda mais os
olhos, espantados com a coragem do menino.
-Como te atreves, a interromper-me? Seu fedelho de meia tigela…-
Praguejou a feiticeira esforçando-se por endireitar o seu chapéu e afastar de
vez o canário da sua beira.
-Desculpe, senhora feiticeira. Não se zangue, por favor!
- Vá, vá, vá, deixa-te lá de lamechices e desembucha de uma vez, antes
que te transforme num sapo mal cheiroso….
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Ouviu-se um sussurro geral, e todos, com medo da ameaça da feiticeira,
deram dois passos para traz, ficando no meio da ponte apenas o menino, o
canário e a feiticeira.
Do lado esquerdo da ponte, à frente da multidão, estava o casal Sr.
Manuel e Sr.ª Maria, por sinal muito chorosos, o gato branco gordo e peludo e
o ratito.
Do lado direito da ponte,
encontravam-se concentrados os
jornalistas, da rádio e televisão
locais, os quais, procurando o
melhor ângulo, apontavam os
microfones e as câmaras de filmar
para o centro da ponte.
Naquela pacata e
maravilhosa cidade, à beira mar,
onde as pessoas viviam alegres,
nunca tamanha confusão tinha
sucedido.
O jornalista da TV 8, com a cena do meio da ponte de fundo, gravava
em direto, esclarecendo os telespectadores:
-“ De um momento para o outro, uma semente que germinou num vaso,
na varanda da casa do senhor Manuel e da senhora Maria, tornou-se numa
planta gigante que, ao certo, ninguém percebeu de que família era, … girassol
(?), palmeira (?). Foram vários os que pesquisaram na Internet…; vários
cientistas analisaram a planta; o feiticeiro do castelo, inclusive deu também uma
preciosa ajuda, procurando nos livros de magia mas...mas…não se chegou a
conclusão nenhuma.
Sabiam todos é que cresceu, cresceu,… tapou o sol e só quando a planta
já não conseguiu suportar o seu próprio peso, tombou, transformando-se numa
bela e boa ponte que atravessava o vale.
Segundo conseguimos apurar, graças a um saquinho com pós mágicos,
deu-se um tremor de terra. Da fenda que abriu no caule da estranha planta, saiu
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uma feiticeira que, tal como os senhores telespetadores podem ver, se encontra
no meio da ponte ao despique com aquele menino e o canário.
A feiticeira fez uma acusação grave contra o nosso querido e estimado
conterrâneo feiticeiro, dizendo que foi ele que através de um feitiço a manteve
em cativeiro, na semente de um nabo. Quem vai acreditar…”
Dando um grito que fez tremer a ponte e todos os que estavam em cima
dela e se ouviu a quilómetros de distância, a feiticeira praguejou:
- Mil Gafanhotos! Eu não sou mentirosa seu jornalista lingrinhas!
Abracadabra!! Pé de cabra, caril… e todos os jornalistas ficam presos num
barril!
- Nabo?! Será que ouvimos bem? Aquela planta horrorosa era um nabo?
-Interrogavam-se admirados os velhotes, quase sem prestar atenção ao que se
estava a passar à sua volta.
Não muito longe dali, mais
precisamente, numa caverna,
localizada na encosta do monte,
estava escondido o feiticeiro que
bastante nervoso, assistia através da
TV8, aos acontecimentos da ponte.
- Logo agora que eu enfeiticei o meu fiel amigo e companheiro cão, é
que me aparece esta traiçoeira…!? Sim? Diacho…Quem a mandou não querer
casar comigo!? Assim não casou com mais ninguém…Ai, Ai, Ai, Diacho de
feiticeira… não é que continua a ser linda, ao fim destes anos todos??!
Ai, Ai, Ai…
Preocupado e baralhado com todas as recordações e emoções que
estava a sentir, o pobre feiticeiro não sabia que fazer à sua vida...
Não havia tempo a perder e o feiticeiro decidiu ir até ao local do
incidente. Chegado ao local, de imediato abraçou a feiticeira, beijou-a e
pediu-lhe desculpas. Logo ela o perdoou, desfizeram todos os feitiços e
convidaram todos os habitantes para a festa do seu casamento.
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A senhora Maria e o senhor Manuel
estavam encantados com os
acontecimentos pois iriam ser os padrinhos
do casamento e o seu canário levaria as
alianças.
Toda a cidade se envolveu e se
preparou para a grande festa e o casal de
velhotes resolveu oferecer aos noivos o vaso com a flor estranha que,
entretanto, tinha voltado a ser uma planta verdinha e tenra…
O Manuel e a Maria
Unidos e encantados
Os padrinhos seriam
Deste casal enfeitiçado.
E o canário semeador
Levou as alianças com rigor.
Tendo toda a cidade participado
Neste casamento enfeitiçado.
Rato, ratinho
Tão pequenino.
Gato, gatinho
Branco e peludinho.
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Menina, menino
E respectivo cão
Também participaram
Em tão bela celebração.
O jornalista noticiou
Na rádio e televisão
A Internet divulgou
A enfeitiçada união.
Era tão grande a animação
Que todos cantaram esta bela canção:
Vai de roda, vai de roda
Eles estão a casar (bis)
Ói…ó …ai..
Vamos todos almoçar
Ói… ó…ai…
E depois vamos dançar.
(música “oliveira da serra”)
Os feiticeiros unidos
Ficaram tão reconhecidos
Que usaram novos feitiços….
… O que aprenderam com o nabo gigante?
Sim! Com o nabo gigante,
porque este não continha só a
feiticeira, também tinha muita
sabedoria que daria origem a novos
feitiços para ajudar todos os que se
poderiam encontrar em perigo.
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E então!...
No fim do casamento
Disseram que se iam mudar
Não para um castelo velho
Nem para uma casa a brilhar
Foram viver para uma cabana
A fama era demais
A confusão era tanta
Havia elixir a mais
Porque havia elixir a mais
Misturaram as poções
Ficaram pessoas normais
E fizeram para sempre
Boas ações!
EB1 participantes:
EB1 Lagarinhos, 2º e 3º Ano/ EB1 Arcozelo, 1º e 2º Ano/ EB1 Melo, 2º e 4ºAno/ EB1 Melo, 2º e 4ºAnos/ EB1
S.Julião,3ºAno/ EB1 S.Pedro, 1º e 2º Ano/ EB1 Nespereira/ EB1 S.Pedro, 1ºAno/ EB1Vila Nova de Tazem, 3ºAno/