Competências técnicas, pedagógicas e de gestão alinhados à tutoria

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Apresentação da palestrante Danielle Vilar Goulart dos Santos no I Seminário Nacional de Tutores da Educação a Distância

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Danielle Vilar

Competências do Tutor e Estratégias de Interação na

Prática da Tutoria

Competências do Tutor  A importância do tutor em EaD é a de promover os vínculos entre todos os integrantes do curso. É ele o elo de ligação entre os alunos, é a pessoa responsável em estimular e proporcionar aos participantes um ambiente acolhedor, confortável e propício para o desenvolvimento da aprendizagem.  É a pessoa, que problematiza o conhecimento, media problemas de aprendizagem, sugere, instiga e acolhe. É considerado parceiro no processo da construção do conhecimento, em atividades de pesquisa e na busca de inovações pedagógicas.

Segundo Sá (1998) o tutor em EaD exerce duas funções importantes – a informativa, provocada pelo esclarecimento das dúvidas levantadas pelos alunos, e a orientadora, quando ajuda nas dificuldades e na promoção do estudo e aprendizagem autônoma.  Santos et al. (2005) categorizam as competências para docência on-line em: técnicas e pedagógicas; gerenciais; sócio-afetivas; e tecnológicas.

TÉCNICAS E PEDAGÓGICAS • Esclarecer prontamente as dúvidas dos alunos sobre conteúdo e atividades;Indicar esquemas e estratégias que facilitem a aprendizagem;• Mediar às discussões, questionando e solicitando aos alunos o esclarecimento e aprofundamento de ideias;• Estabelecer ligações entre teoria e prática, relacionando os trabalhos dos alunos à literatura específica, às vivências, aos casos, contextualizando os saberes;• Sugerir possibilidades de aprofundamento dos conteúdos e indicar bibliografias;• Avaliar trabalhos, provas e a participação dos alunos, atribuindo conceitos;• Fornecer feedbacks claros e detalhados das atividades e das contribuições dos alunos.

SÓCIO-AFETIVAS • Estabelecer um contrato psicológico com os alunos, trabalhando suas expectativas em relação ao curso e ao processo de aprendizagem;• Manter-se afetivamente próximo e comunicacionalmente presente no espaço virtual por meio de mensagens frequentes, de preferência em tom informal, pessoal e bem-humorado;• Apoiar e estimular a aprendizagem, por meio de mensagens de suporte que valorizem e encorajem a participação individual e grupal, elucidando os desafios da educação on-line;• Respeitar as especificidades culturais, o estilo pessoal e as disponibilidades de cada um;• Contribuir para a criação de um ambiente amigável, dirimindo conflitos e promovendo a interação e colaboração entre os alunos.

GERENCIAIS 

• Estabelecer ou clarificar os objetivos e dinâmica das discussões;• Agendar – ou solicitar ao suporte técnico – o agendamento de atividades;• Flexibilizar prazos e modos de organização dos trabalhos, conforme as necessidades;• Encaminhar dúvidas, críticas, sugestões e problemas acadêmicos e/ou administrativos para as instâncias competentes;• Identificar e lidar com as instâncias administrativas típicas da educação on-line (professores, equipe de suporte, secretaria, designers instrucionais).

TECNOLÓGICAS

• Utilizar com desenvoltura as tecnologias de informação e comunicação requeridas para a organização e condução das atividades docentes no ambiente on-line;• Orientar os alunos sobre os procedimentos básicos do curso – a forma de submeter trabalhos, acessar conteúdos, enviar mensagens, participar de reuniões on-line (chats);• Esclarecer questões sobre os materiais recebidos, sobre o uso da plataforma e das ferramentas de aprendizagem ou encaminhá-las para a equipe de suporte técnico.

Estratégias Interação na Prática da Tutoria SALMON (2000) em sua pesquisa-ação realizada na Open University sobre as interações entre formadores, desenvolveu uma teoria de que as interações online se dividem em cinco estágios que variam conforme o tempo do aluno no curso.Levando em consideração as principais ferramentas de um AVA e os estágios desenvolvidos por SALMON(2000), seguem agora, exemplos, de estratégias adequadas. 

1º Estágio – Acesso e motivação: Momento de boas vindas e ambientação dos alunos com o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).Esse é normalmente o primeiro contato do aluno com a metodologia da EAD. Segundo QUEVEDO (2005):

“no início de um curso a distância online, o aluno precisa ser orientado para saber navegar no ambiente, via de regra, esse é momento de primeiro contato com o AVA, devendo neste momento, ser orientado para a aprendizagem das funcionalidades básicas do ambiente. Com o tempo, tais ações serão internalizadas e automatizadas pelos alunos.”

A autora, com base em pesquisas realizadas durante a sua tese, chega à conclusão de que esse período de ambientação costuma durar cerca de duas semanas. Alguns alunos possuem dificuldades em lidar com a informática e computares, outros desconhecem ou possuem um preconceito com relação a EaD, uns são tímidos,  o mais importante: a maioria da turma não se conhece presencialmente.Dessa forma, neste estágio recomendam-se as seguintes práticas:

Quebra-gelo Passo-a-passo

a) Quebra-gelo - Apresentação dos alunos, expectativas em relação ao curso, desafios, testes etc. Essa estratégia poderá ser realizada através de um fórum de apresentação e no envio de um e-mail para toda a turma dando boas vindas, apresentando-se como tutor e estimulando a participação de todos.

b) Passo a Passo - Esse primeiro estágio também deve ser destinado à ambientação com o AVA utilizado. QUEVEDO(2005), na conclusão de sua tese, lembra que, no início, o aluno precisa ser cuidadosamente orientado para saber navegar no ambiente, isto é: como ligar o computador, abrir um navegador, digitar o endereço do curso, conectar-se, clicar em links, abrir arquivos de áudio e de vídeo, digitar texto etc. Segundo pesquisas desta autora, os alunos precisam de cerca de duas semanas para incorporarem as operações necessárias para usar tais ferramentas em sua rotina de estudo.

2º Estágio – Socialização online: Neste estágio os alunos já estão ambientados com o AVA e com o tutor. Assim, neste momento o tutor deverá organizar estratégias que favoreçam a integração dos alunos da turma. Ele deverá estar atento para “resolver problemas, conciliar indivíduos aparentemente alienados, ajudar os participantes que têm interesses e necessidades similares a se encontrarem” (SALMON, 2000). Com isso, podemos utilizar as seguintes técnicas:

Caçadas eletrônicas (Scavenger hunt)

Pesquisas e votações

a) Caçadas eletrônicas (Scavenger hunt) - Questões referentes a um tópico são propostas, e os sites para pesquisa, predeterminados pelo professor.

b) Pesquisas e votações - Pode ser discutida a opinião da maioria e da minoria sobre determinado assunto objeto da disciplina.

3º Estágio – Troca de informações: os participantes trocam informações de forma mais rápida e eficaz, e a interação ocorre entre os alunos e o conteúdo e entre os participantes, principalmente entre o mediador e os alunos (SALMON, 2000). Nesse estágio o tutor poderá aprofundar o seu trabalho, utilizando estratégias mais avançadas como:

Discussão de Tópicos Discussão de Artigos e vídeos

a) Discussão de Tópicos - Alunos podem sugerir e votar nos tópicos que serão discutidos nos fóruns. 

b) Discussão de Artigos e vídeos – O tutor escolhe um artigo ou vídeo que envolva o tema estudado e os alunos da turma individualmente ou em grupo comentam o artigo. Outra possibilidade é a de os alunos pesquisarem na web artigos e vídeos relacionados à disciplina para discutirem no fórum.

4º Estágio - Construção do conhecimento: há um aumento da interatividade e da comunicação entre os alunos – que se comportam mais como autores do que como transmissores de informação. É importante lançar desafios e problematizações que estimulem ideias e reflexões (SALMON, 2000). Neste momento eles estão mais conscientes de seu papel como construtores do aprendizado e as estratégias podem ser voltadas de forma a estimular essa construção:

Atividades circulares (Round-robin)

Estudo de caso Convidados especialistas

a) Atividades circulares (Round-robin) - Histórias que são construídas ou problemas que são resolvidos parcialmente pelo aluno, sendo que a produção de um aluno é passada para o aluno seguinte, que tem tempo determinado para acrescentar a sua contribuição.

b) Estudo de caso - Pode ser proposto pelo tutor ou pelos alunos.

c) Convidados especialistas - Debates síncronos ou assíncronos com pessoas especialistas no tema em que será debatido no fórum ou chat.

5º Estágio - Desenvolvimento: neste estágio, os participantes se tornam “responsáveis pelo seu aprendizado através das oportunidades proporcionadas” e precisam de pouco suporte além do que está normalmente acessível. Participantes mais experientes podem assumir o papel de formadores, para auxiliar os mais novos no grupo (SALMON, 2000,p.35). Esse é o momento em que o tutor exerce a sua função de forma plena, podendo utilizar as mais variadas estratégias, tais como:

Reações a observações

de campo

Whiteboard Simpósio Feedback para os colegas

Publicações Seminário

a) Reações a observações de campo - Estágio ou experiências no trabalho que podem ser propostas em forma de diários online. Assim, nessa atividade em que o aluno se envolve na ação de explicitar registrando via escrita a própria reflexão sobre a trajetória, ele também aprende usando os recursos computacionais do aplicativo processador de texto a partir de alguns parâmetros de formatação pré-determinados.

b) Whiteboard (Quadro branco) - Este serviço apoia o uso de ferramentas colaborativas que focam em edição compartilhada, como a de quadro branco compartilhado. Com este serviço os alunos podem confrontar versões diferentes de soluções para o problema apresentado no cenário criado por meio do serviço de Criação de Atividades.

C) Simpósio - Pode ser realizado no final do semestre com um expert escolhido pelos alunos.

d) Feedback para os colegas - Escolha de um aluno ou um amigo para comentar o trabalho e ajudar o colega durante o semestre. Para desenvolver essa estratégia o aluno deverá fazer uso da ferramenta portfólio. 

e) Publicações - Publicações na Web dos trabalhos dos alunos e dos grupos. Nessa estratégia o mediador poderá criar um blog para a turma.

f) Seminário - Proporciona ao grupo uma estratégia de aprendizagem muito rica, pois, segundo PRADO (2003) “além de provocar a reflexão e a aprendizagem de um determinado tema, também contribui para o exercício de respeito ao ritmo e às ideias do outro, já que durante a elaboração do seminário ocorrerá um vai-e-vem individual e coletivo”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MATTAR, João ; MAIA, C. . ABC da EaD: a educação a distância hoje. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

PALLOFF,  Rena  M;  PRATT,  Keith.  Construindo  comunidades  de  aprendizagem  no  ciberespaço:  estratégias eficientes para a sala de aula on-line. Porto Alegre: Artmed, 2002.  __________. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: ArTmed, 2004 PRADO,  Maria  Elisabette  Brisola  Brito.  Educação  a  Distância  e  Formação  do  Professor:  Redimensionando Concepções de Aprendizagem. São Paulo, 2003. Tese de Doutorado - PUCSP. QUEVEDO, Angelita Gouveia. Atividade,  contradições e ciclo expansivo de aprendizagem no engajamento de alunos em um curso online. São Paulo: PUC/LAEL, 2005. Tese de Doutorado. SÁ, Iranita M. A. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão Social.Fortaleza, C.E.C., 1998 SALMON, Gilly. E-Moderating: the key to teaching and learning online. 2nd ed.London: Kogan Page, 2000.