Conferencia a construçao da felicidade Ser ouTer

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Conferencia a construçao da felicidade Ser ouTer , Claudia Werdine, realizada a 15/11/14 em Berna durante o II Encontro da Familia Espirita

Transcript of Conferencia a construçao da felicidade Ser ouTer

A Mídia e sua Influência na

Visão Social da Felicidade

Claudia Werdine

claudiawerdine@hotmail.com

Comissao Europa de Educaçao CEE/CEI

Comissao de Educaçao FEE

SOMOS FELIZES?

PODEMOS SER FELIZES?

Passamos a maior parte do tempocansados e preocupados em trabalhar,seja no emprego ou em casa, e atédormimos cada vez menos.

Isso porque a aproximação àfelicidade parece cada vez maisdepender das nossas aquisiçoesmateriais.

Para a grande maioria, a"busca da felicidade” não éconcebível sem “ter coisas”.

E nesta busca por adquirir cada vez mais, hoje o horáriolaboral está a desaparecer, substituído por umapermanente disponibilidade imposta a quem trabalha,em cada vez piores condições objetivas.

Para tanto, "e mails", telefones celulares e aparelhos quetais são as novas pulseiras de vigilância do condenado:trabalhador a tempo realmente completo, ou escravo, se sequiser. Feriados e férias cada vez menos; trabalho pelanoite dentro e fins de semana ocupados cada vez mais.

A qualidade de vida, a expressão de si, preocupaçõesreferentes ao sentido da vida estão esquecidas devidoao consumo desenfreado e isento de reflexao.

A expressão “sociedade de consumo” nasceu nos anos 1920.Refere-se a um tipo de consumo puramente materialista quepõe o apoderamento do dinheiro em um plano superior navida. Por volta de 1950 o mundo viu florescer esta novasociedade.

O consumo se espalha pelasdiferentes camadas da sociedade,produtos tidos como emblemáticos(automóvel, televisão, aparelhoseletrodomésticos, entre outros)entram nas possibilidadesfinanceiras de cada vez maispessoas.

As pessoas entregam-se às frivolidades da vida materialmercantil dos desejos e a sociedade se volta para umimaginário de felicidade depositado no ato do consumoe espalha-se toda uma cultura que convida a apreciar osprazeres do instante, a gozar a felicidade aqui e agora, aviver para si mesmo.

Tendo em vista essas transformações dos individuos e suapreocupaçao em adquirir coisas, proporcionar conforto esatisfaçao a si proprio e aos filhos, eles se tornaramdesnorteados e, por isso, a felicidade, na visao geral, a cadadia “tem de ser reinventada e ninguém detém as chavesque abrem as portas da Terra Prometida”.

Esta busca desenfreada pela felicidade através da “posse debens materiais” fez com que os individuos, cada vez mais, setornasse afastado das relaçoes afetivas e, principalmente,familiares.

Temos acompanhado mudançasnas relações estabelecidas entreadultos, crianças e jovens, bemcomo o surgimento de uma novaorganização do cotidiano, sendoeste regida pela mídia.

Crianças, adolescentes e adultos alteraram suas relaçõesintersubjetivas a partir das influências que a mídia e acultura do consumo exercem sobre todos nós.

O surgimento e o desenvolvimento dos meios decomunicação podem ser considerados uma característicaessencial e uma dimensão marcante da sociedade atualmas qual é o impacto social que esse conjunto demudanças contido na expressão “globalização” vemprovocando na Sociedade?

Anúncios publicitários, textos jornalísticos, fotos e ilustraçõesna televisão, na internet e na mídia impressa veiculamdiscursos e apresentam “formulas mágicas” paraencontrarmos a felicidade.

A mídia invade nosso cotidiano!

A criança e o adolescente de hoje não conheceram o mundode outra maneira - nasceram imersas no mundo comtelefone, fax, computadores, televisão, etc.

TVs ligadas a maior parte do tempo, assistidas porqualquer faixa etária, acabam por assumir um papelsignificativo na construção de valores culturais.

A cultura do consumo vem moldando o campo social,construindo, desde muito cedo, a experiência da criançae do adolescente que vai se consolidando em atitudescentradas no consumo.

Spa Princeland – Sevilla, Espanha

A cultura do consumismoestimula o culto àsaparências, fenômenoligado à supervalorizaçãodo ter em detrimento doser.

Com isso, as crianças se vestem cada vez mais como adultos;as brincadeiras se modificam; há um aumento da incidênciade crimes envolvendo menores e os relacionamentosafetivos sao transferidos para os aparelhos tecnologicos…

Além dos aspectos mencionados, vale acrescentar que arotina da criança tem-se transformado, ou seja, o tempocompartilhado entre pais e filhos é cada vez maisescasso: trabalha-se cada dia mais para o aumento dopoder aquisitivo e conseqüentemente, do consumo.

A atuação da midia, atraves dosmeios de comunicação de massafez surgir novas formas de ação einteração social, novas formas derelacionamento do indivíduoconsigo mesmo e com os outros.

Está claro que a mídia, por intermédio do papelpreponderante dos conglomerados da comunicação,informação e entretenimento, acirrou a crise dasinstituições tradicionais: família, escola, religiões…

Parece-me inequívoco que os diversos meios decomunicação exercem hoje uma função pedagógicabásica, a de socializar os indivíduos e de transmitir-lhesos códigos de funcionamento do mundo.

Sem dúvida instituições como afamília, a escola e a religiãocontinuam sendo, em grausvariados, as fontes primárias daeducação e da formação moraldas crianças. Mas a influênciada mídia está presentetambém por meio delas.

A televisão, por exemplo, ocupa uma fatia consideráveldo tempo das crianças, sobretudo em meios sociaiscarentes de fontes alternativas de ocupação e lazer.

A maioria das histórias não écontada pelos pais, mas porum grupo de conglomeradosempresariais que possuemalgo para vender.

Considere que pela primeira vez na história humana ascrianças nascem em casas nas quais a televisão ficaligada uma média de 7 horas por dia.

Em alguns países e camadas urbanas, adultos e criançasgastam entre 24 e 30 horas por semana assistindo àtelevisão, isso sem contar o tempo que passamescutando rádio ou música, lendo jornais e revistas,conectando-se com a Internet ou consumindo outrosprodutos culturais da mídia.

Calcula-se que um jovem,por exemplo, aos 14 anosde idade já viu cerca de 22mil mortes nos meios decomunicação.

Assim, antes de serem alfabetizadas pela escola, ascrianças, sobretudo nos grandes centros, já foramalfabetizadas pelas marcas e pelos logos. Antes deaprenderem direito a falar, elas começam a ler o mundopor meio dos ícones do consumo. Na verdade, muitas desuas primeiras palavras já vêm desse ambiente.

A publicidade e o marketing,vão mostrando às criançaspela vida afora o que éagradável, atraente, criativoe, sobretudo, que nos tornafelizes!

No que diz respeito aos jovens, outros problemas surgem…

A seqüência frenética de imagens, a sensação de desafio e“perigo”, os movimentos rápidos e coordenados,concentração total e gratificação instantânea: esse conjuntode fatores leva muitos adolescentes a se tornaremliteralmente viciados em Internet e nos jogos eletrônicos.

Como consequencia, a linguagem e o raciocínioargumentativo destes jovens tendem a se embotar.

Eles desenvolvem destreza e raciocínio seqüencial rápido,mas perdem o interesse em aprender a pensar.

O consumo compulsivo de imagensultra-rápidas, aliadas a sonsexóticos e ritmos extasiantes, podelevá-los a buscar um estado deconstante excitação. Em talsituação, é muito mais difícilorganizar argumentativamenteseus próprios sentimentos,projetos e desejos.

Crianças e jovens da atualidade, que aprenderam desdemuito cedo a realizar tarefas de grande complexidadecientífica e tecnológica através da internet e jogoseletronicos, apresentam comportamentos narcísicos,inseguros e, muitas das vezes, em constante confusaoentre a realidade e a “vida virtual”.

Eu sou assim.

Vamos ver, de forma rápida, algumas tendências perigosasque foram identificadas com o uso exagerado da culturamidiática e as novas tecnologias:

A diminuíção da percepção dos limites entre real eficção, induzido pela simulação virtual, pode favorecero desinteresse pela realidade local e concreta embenefício de uma fuga para a fantasia, que se “enchede realidade”.

A incessante pedagogia da propaganda busca formarnas crianças e jovens hábitos de consumo e lealdade amarcas, em detrimento da autonomia, do sensocrítico e da lealdade a pessoas e causas concretas.

A aceleração constante dasexperiências sensoriais na interfacecom os aparatos tecnológicos podecriar um estado de excitação contínua,que dificulta a concentração em outrassituações de aprendizado.

A superexposição à imagem, senão trabalhada, facilita a preguiçado pensamento, o desinteressepela leitura e a conseqüentedecadência da palavra e dopensamento argumentativo.

A crescente expressão da intimidade por meio damediação eletrônica pode desestimular a sociabilidade e odiálogo direto, que demandam habilidades próprias emaior envolvimento.

A mídia tornou-se importante forma de divulgação ecapitalização do chamado “culto ao corpo”,comportamento estimulado pelos meios de comunicaçãotanto quanto pela “indústria da beleza”.

A midia nos apresenta receitas de comose alcançar o equilíbrio para viver nascidades, conviver com a competição, aviolência e o estresse daí decorrentes. Oresultado deve ser aparente – uma belaaparência; um corpo forte, esbelto.

Conseguir isso é também alcançar afelicidade.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Seja voce e tente ser feliz mas, sobretudo,seja voce mesmo.

BIbliografia:

• Desaparecimento da Infancia – Postman Neil• Cultura Mediatica e a Educaçao Infantil – Alberto da Silva Moreira • A Midia e a Cultura Moderna – J.B. Thompson• http://www.espiritismo.net/familia/banalizacao/textos/valores_morais_e_doutrina_

espirita.html• Depois da Morte – Leon Denis• http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/10/jovens-ficam-seis-horas-por-dia-

em-redes-sociais-no-celular-diz-pesquisa.html• Comunicaçao, Midia e Consumo – Volume IV – Escola Superior de Propaganda e

Marketing• http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1075&stat=0

Onde Deus ocultou a felicidade? • A Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo - Gilles

Lipovetsky