Post on 05-Oct-2020
Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Instituto Biomédico
Universidade Federal Fluminense
Prof. Rafael B. Varella
• Viroses respiratórias
• Viroses entéricas
• Herpesvírus
• Oncovírus
• Arboviroses
• Hepatites virais e HIV
Infecções respiratórias agudas (IRA)
• IRA: está entre os três principais problemas de saúde pública da infância,
junto com as doenças diarreicas e a desnutrição
• Responsável por 15% das mortes anuais em crianças < 5 anos
• Continente americano: 70.000 crianças < 5 anos morrem todos os anos em
consequência de IRA
• No Brasil: IRA representam 23-50% das consultas dos postos de saúde e
cerca de 2/3 dos atendimentos de emergência em hospitais
Meses mais
frios e secos
Coronavírus:
• SARS
• MERS-Cov
•22E9; NL63;
OC43; HKU1
Paramixovírus:
• Vírus Parainfluenza
• Vírus Respiratório Sincicial
• Metapneumovírus
•
Adenovírus:
Ortomixovírus:
• Vírus Influenza
Picornavírus:
• Rinovírus
•Echo/Parechovírus
•Coxsackievírus
•Enterovírus
Parvovírus:
• Bocavírus
Vírus que causam infecções respitarórias
Herpesvírus*:
• CMV e HSV
IRA: Quadro clínico x Etiologia viral
Aerossóis,
perdigotos,
contato
TRS
Replicação
no epitélio
ciliado
Disseminação
célula-célula
Replicação
nos gânglios
linfáticos Viremia
TRI
PATOGENIA DAS INFECCÇÕES RESPIRATÓRIAS VIRAIS
Influenza
20-21th Century pandemics: comparison of main
characteristics
Pandemic
(date)
Virus type Estimated
reproductive
number (R0)
Estimated
case fatality
ratio
Estimated
attributable
excess
mortality
worldwide
Age groups
most
affected
1918–1919
H1N1 1.54–1.83
2–3%
20–50
millions
Young
adults
1957–1958 H2N2 1.5 <0.2% 1–4 millions
Children
most
affected
1968–1969 H3N2 1.28–1.56 <0.3% 1–4 millions Across all
age groups
2009-2010
H1N1
1.6
<0.007%
150-570
thousands
< 65 years
Subtipos dos Vírus Influenza A
Classificação em subtipos diferenças antigênicas na HA e NA Hemaglutinina = 18 Neuraminidase = 11
Exemplo: Vírus Influenza A H1N1, H2N2, H3N2, H7N7
Maior parte dos genótipos adaptados às condições do TGI de aves (400C)
Prof. Edimilson Migowski
IPPMG/UFRJ
10
Drift antigênico
Variante antigênica de cepa
pré-existente
Alterações dirigidas às
espículas HA e NA
Manutenção da circulação do
vírus nos períodos
interpandêmicos
Mecanismos de variabilidade do Influenza A
Shift antigênico
www.bcm.edu
• Mecanismo de rearranjo genético que resulta na formação de novos subtipos virais.
• Associado a ocorrência de epidemias e pandemias.
H1N1
Segmentos
de RNA
H3N2
H1N2
2009: Origem do vírus Influenza A H1N1 de origem suína
www.science.com
Vigilância epidemiológica (redes de laboratório da OMS)
Tratamento
Vacinação
Prevenção e controle
Incineração de aves: desde 1997,
120 milhões de frangos abatidos
para frear a gripe
DOR ABDOMINAL
VÔMITO
NÂUSEA
DIARRÉIA
O TERMO GASTROENTERITE INCLUI UMA VARIEDADE DE
ESTADOS PATOLÓGICOS DO TRATO GASTROINTESTINAL
GASTROENTERITE
49%
3% 17%
4%
8%
19%
HIV/AIDS
Diarreias
Sarampo
Malária
Infecções Resp. Agudas Outras
Fonte: The World Health Report, - WHO, 2005
13%7%
80%
Bactéria: Campylobacter spp, Clostridium perfringens, Salmonella spp.,Shigella spp., Staphylococcus spp.
Protozoários: Cryptosporidium parvum, Giardia lamblia, Toxoplasma gondii.
Vírus: Norovírus, Rotavírus, Astrovírus, Hepatite A, Hepatite E.
Bactérias
Protozoários
Vírus
CONTAMINAÇÃO MICRIOBIOLÓGICA ÁGUA E ALIMENTOS
Inflamação da mucosa intestinal causando diarreia, náusea, vômito e dor abdominal.
Incidência: cerca de 1.7 bilhão de casos/ano crianças com menos de 5 anos.
Gastrenterites:
Diarreia aguda: mortalidade de 520.000 casos/ano (crianças < 5 anos de idade).
Eliason & Lewan, 1998.
Desenvolvidos Em Desenvolvimento
Fatores ligados ao ambiente:
- Água contaminada.
- Condições sanitárias inadequadas.
- Má higiene pessoal e doméstica.
- Preparação e armazenamento inadequado dos alimentos.
Fatores ligados ao hospedeiro:
- Desnutrição.
- Deficiência imunológica.
- Redução da acidez gástrica.
- Diminuição da motilidade intestinal.
Fatores de risco para Diarreia Aguda
1. Rotavírus (250 mil óbitos/ano)
2. Calicivírus (685 mi casos/ano; 50 mil óbitos)
1. Astrovírus (2-9% casos de GE virais)
2. Adenovírus (10% casos de GE virais)
MORBI-MORTALIDADE DAS GASTROENTERITES VIRAIS
AGUDAS
Terapia de Reidratação Oral : TRO
Tratamento e Prevenção
das Gastreenterites
Tratamento da gastrenterite
Objetivos da Vacina contra Rotavírus
●Proteger contra diarreia
grave ou moderada
●Evitar a desidratação e a
hospitalização
●Reduzir a mortalidade e o
impacto socio econômico
Profilaxia da infecção pelo Rotavírus
Redução de mais de
90% dos casos graves e
cerca de 80% de casos
em geral
HERPESVÍRUS HUMANOS
Alfa
Beta
Gamma
Herpes simplex -1 (HSV-1 ou HHV-1)
Herpes simplex - 2 (HSV-2 ou HHV-2)
Herpesvírus humano tipo 3 (Varicela-Zoster virus)
Herpesvírus humano tipo 5 (Citomegalovirus)
Herpesvírus humano tipo 6
Herpesvírus humano tipo 7
Herpesvírus humano tipo 4 (Epstein-Barr virus)
Herpesvírus humano tipo 8 (Vírus do Sarcoma de Kaposi)
A estrutura do vírus
•Partículas envelopadas,
120-200nm, DNA de fita
dupla linear (120kpb-180kpb),
capsídeo icosaédrico e
presença de tegumento
Fonte: ICTV, 2002
Propriedades gerais dos Herpesvírus
• Os herpesvírus são sensíveis a solventes lipídicos e instáveis no ambiente;
• Estabelecem infecções latentes com reativação periódica;
• A eliminação do vírus pode ser contínua ou intermitente;
• A reativação está associada a fatores como stress e imunocomprometimento;
• Importantes agentes oportunistas
Características da infecção latente
Primoinfecção
c/ ou s/ sintomas
Recorrência
c/ manifestações clínicas
Recorrência
s/ manifestações clínicas
Recorrência
c/ manifestações clínicas
• Primo-infecção: replicação e excreção viral, c/ ou s/ sintomas
• Resposta imune controla a infecção
• Fase de latência: persistência do genoma do vírus como epissomo
• Recorrência: retorno da replicação e excreção viral, c/ ou s/
manifestações
tempo
Excre
ção
vira
l
Propriedades gerais dos oncovírus
• Responsáveis por cerca de 15% a 20% dos tumores
humanos
• Os eventos oncogênicos são RAROS durante o processo
infeccioso
• Os oncovírus são necessários porém INSUFICIENTES
para gerar o câncer, o que explica sua baixa frequência
• A geração do tumor é um ACIDENTE BIOLÓGICO, pois
não traz vantagem ao vírus
• 30 mi de casos de condiloma genital/ano
• Segunda causa de morte por câncer em mulheres: 500 mil
casos/ano (50% óbito)
• Br: 15 mil óbitos/ano (3ª causa de câncer em mulheres)
• DOENÇA 100% PREVENÍVEL
• Doença mais frequente e mais grave em países em desenvolvimento
• Infecção persistente tem relação causal: 300 mi
HPV e Câncer de Colo do Útero
Infecção pelo HPV
6, 11, outros tipos de baixo
risco
16, 18, 31, 45 e outros tipos de
alto risco
Verrugas/condilomas
Infecção transitória
Infecção persistente
Regressão Tratamento
NIC I (neoplasia intraepitelial cervical )
NIC II/NIC III
Regressão
Câncer
Infecção transitória, latente, persistente
Fatores de Risco
Prevenção Uso de preservativo: 100% x 80%
Diagnóstico precoce -> Papanicolau
Vacinação
Eliminação de fatores de risco
10 a 20 anos! Teste Pap Alterado
Teste Pap Normal
Prevenção • Vacinas: Virus like particles Gardasil (tetravalente): proteção de cerca de 90%
Arbovírus
Arthropod-borne viruses
Viroses transmitidas por por vetores artrópodes, segundo OMS: “Viroses mantidas exclusivamente, ou de forma importante, através da transmissão biológica em hospedeiro vertebrados por artrópodes hematófagos”
Vírus da Febre amarela
Vírus da Dengue
Vírus do Nilo Ocidental
Zika
Chikungunya
Famílias: Flaviviridae
Bunyaviridae
Arenaviridae
Togaviridae
• Termo epidemiológico
• Grupo de vírus de genoma RNA
• 545 espécies conhecidas
• 150 infectam o homem
• Possuem excelente adaptabilidade de
hospedeiros (mamíferos, artrópodes, aves,
répteis) e ecossistemas (mata, rural, urbano)
As arboviroses
podem causar:
Síndromes neurológicas (SN)
Doenças febris moderadas com
ou sem exantema (DF)
Artralgia e exantema (AR)
síndromes hemorrágicas
(SH)
Transmissão durante o
período virêmico
(1 dia antes do início dos
sintomas até 5 - 6º dia após)
Exemplo de alguns vetores
Aedes aegyti carrapatos
Flebótomo (mosquito palha)
Mosquito
Culex
Além disso:
• Alta taxa de desmatamento;
• Destino turístico popular;
• Problemas de infra-estrutura nas cidades;
• Questões educacionais e culturais
Febre Amarela
Transmitido por fêmeas do mosquito infectado: atraído pelo
calor e CO2
Se alimenta principalmente durante o dia
Possui hábitos domésticos
Coloca os ovos e gera larvas preferencialmente em
recipientes artificiais.
A vida útil do mosquito é de 45 dias, podendo vir a contaminar
até 300 pessoas.
Aedes aegypti
• Infecção na placenta
e em células tronco
neuronais
• Ocorre em todas as
etapas da gravidez
É preciso que ao menos 80% da população seja
imunizada contra um vírus para prevenir a
doença nestas regiões.
Precisam se imunizar crianças a partir de nove
meses e adultos até 59 anos, com apenas uma
dose da vacina
A eficácia chega a 95% e é
bastante segura
FA: Prevenção
Tratamento das infecções por
arbovírus
• Reposição hídrica (oral ou venosa)
• Repouso
• Uso de antitérmicos e analgésicos (nunca a base de
AAS)
O Tratamento é de suporte, em função da gravidade da infecção. Em
casos graves é necessária a internação sob terapia intensiva
Hepatite
Definição: “inflamação do fígado que pode ter
diferentes causas.”
“séricas”
HEPATITES
VIRAIS
Entericamente
transmissíveis
Parenteralmente
transmissíveis
E
NANB
B
D
Etiologia das Hepatites Virais
F, G, TT, SEN,
outras???
Década 70 90
C
A
PATOGENIA DAS HEPATITES
- Inaparente : (50-90%)
-Aparente: febre, mialgia, fadiga, náuseas, cefaléia, icterícia
-Mecanismo:
- Infecção dos hepatócitos disfunção hepática (lise dos hepatócitos)
sinais e sintomas recuperação
cronificação
complicações
( icterícia, febre, níveis
séricos de bilirrubina,
hepatomegalia, colúria)
Hepatite A, B e C em números
Hepatite A: De acordo com a OMS, a cada ano, ocorrem cerca de
1,4 milhão de casos no mundo.
A imunização é direcionada a crianças de 1 ano até 1 ano e 11
meses e passou fazer parte do CNI em 2014.
2 bilhões de infectados pelo HBV;
Possibilidade de evolução para a forma
crônica: 350 milhões de portadores crônicos;
1-2 milhões de óbitos/ano;
200 milhões de pessoas afetadas pelo HCV em
todo o mundo (3,3% da população mundial)
Maior causa de tx hepático no mundo
HIV/Aids
Rafael B. Varella Disciplina de Virologia
UFF
HIV e Aids
Histórico
• A Aids foi descrita como uma entidade clínica em 1981 nos EUA
• Barré-Sinousi e col. em 1983 isolaram o vírus denominando-o de “vírus associado à linfadenopatia” (LAV)
• Em 1986, o HIV-2 foi identificado por Clavel e col.
• Em 1997 a terapia antirretroviral potente foi disponibilizada
• Em 2009 ,Timothy Ray Brown, conhecido como o “Paciente de Berlim” foi o 1º caso confirmado de cura da doença (2º caso em 2017)
• Origem:
VIROLOGIA O vírus da imunodeficiência humana: o vírus HIV
• Transmissão por vírus livres ou em células
• Geralmente uma partícula viral inicia o processo
• Formas de transmissão: sexual
parenteral
vertical
Consequências da heterogeneidade genética do HIV
Aumento da transmissibilidade
Adaptação às defesas do hospedeiro
Aumento de patogenicidade
Resistência aos ARVs
Piora do quadro clínico
Ausência de vacinas eficazes
Evolução natural da infecção por HIV
- doença crônica progressiva
- infecção aguda: sintomática em 50-90% dos indivíduos
- Fase assintomática (fase crônico-inflamatória)
- Fase sintomática/Aids
• ~ 70% com Aids em 10 anos
• ~ 20% evolução rápida
• ~ 1% evolução lenta (não-progressores)
Células-alvo e tratamento
Tratamento ARV
Objetivos da terapia:
• Objetivo individual:
- Controle da replicação viral melhora clínica
• Objetivo epidemiológico:
- Redução da transmissão viral
Doença fatal Doença crônica
Pré-TARV Pós-TARV
Efeitos colaterais
Atualmente 57% tem acesso à
TARV (1% em 2000)
• Epidemiologia
36,9 milhões [31,1 milhões–
43,9 milhões] de pessoas
em todo o mundo viviam
com HIV em 2017.
1,8 milhão [1,4 milhão–2,4
milhões] de novas infecções
pelo HIV em 2017.
940.000 [670.000–1,3
milhão] de pessoas
morreram por causas
relacionadas à AIDS em
2017.
A tuberculose é responsável
por cerca de uma a cada
três mortes por causas
relacionadas à AIDS.
Segundo modelagem matemática, tais
percentuais poderiam eliminar a epidemia
em 2030 (UNAIDS)
• Prevenção
Panorama atual
• A ART foi decisiva na história natural da Aids;
• Entretanto ela não cura e está associada a
efeitos colaterais;
• Vacinas protetoras não foram eficazes;
• A doença crônica também é potencialmente
nociva, mesmo quando controlada;
• Com a cronificação da doença, o controle da
epidemia torna-se mais complexo