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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DA TERRA
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA
CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-
PONTAIS ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO
PETROLÍFERO DE SERRA, MACAU/RN, A PARTIR DE
TESTEMUNHOS POR VIBRAÇÃO
MONOGRAFIA
Natal
2021
DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA
CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-
PONTAIS ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO PETROLÍFERO
DE SERRA, MACAU/RN, A PARTIR DE TESTEMUNHOS POR
VIBRAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Geologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Geologia.
Orientador: Helenice Vital
Coorientador: Germano Melo Júnior
Natal
2021
DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA
CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-PONTAIS
ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO PETROLÍFERO DE SERRA, MACAU/RN,
A PARTIR DE TESTEMUNHOS POR VIBRAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Geologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Bacharel em
Geologia.
Trabalho apresentado em 27/04/2021
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Helenice Vital (Orientadora)
Departamento de Geologia /UFRN
Prof. Dr. Germano Melo Júnior (Coorientador/ Membro interno)
Departamento de Geologia /UFRN
Dr. André Giskard Aquino da Silva (Membro externo)
Me. Paulo Roberto Cordeiro de Farias (Membro externo)
Natal
2021
Para minha família, minha base de tudo!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus e à minha família: minha mãe Júnia, meu pai Edilson, minha irmã
Danielly, meus avós, tios e primos que sempre me apoiaram e incentivaram.
Aos meus amigos que estiveram comigo seja no início da minha trajetória, seja agora
no encerramento dessa etapa. Minhas melhores amigas da época do ensino fundamental Jaíslla
e Mara Raquel; meus respeitosos amigos do IFRN: Analyce, Edivânia, João Victor, Haria,
Melqui, Luan, Wisley; meus amigos da ONHB: Bia, Elli, Clara, Hygo, Allana, Arthur; meus
amigos que estiveram comigo no início da minha trajetória na UFRN: Alberto e Ingrid; e os
amigos que fiz durante a graduação em Geologia: Ana Lídia, Anna Luisa, Breno, Cairo,
Fabiana, Jerônimo, Jasmin, Jéssica, João Victor, Luana, Marcos, Marilia, Rafael (meu
companheiro de laboratório), Rodrigo, Silas, Thiago... e tantos outros que de alguma forma
cruzaram meu caminho. Em especial Adriano, Flora, Larissa e Richely que compartilharam
comigo perrengues de trabalhos em grupo e atividades de campo.
Ao meu companheiro de campos, atividades e da vida, Hemerson Lucas, por sempre
estar ao meu lado me apoiando.
À Geologus Jr. pela oportunidade de vivenciar o mercado de trabalho ainda dentro da
faculdade e oferecer uma enriquecedora experiencia profissional e pessoal.
À todos os professores pelos ensinamentos geológicos e da vida, compartilhados ao
longo dos anos. Aos servidores do Departamento de Geologia da UFRN, por todo apoio e
suporte durante minha passagem pela graduação. À Professora Iracema Miranda (Museu
Câmara Cascudo) por ter disponibilizado o laboratório, seu tempo e conhecimento.
Ao Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental
(GGEMMA) pela infraestrutura oferecida e à toda sua equipe pela convivência,
acompanhamento e conhecimento compartilhado, em particular à equipe que auxiliou nas
atividades de campo e laboratório. À minha orientadora Professora Helenice Vital (Dept.
Geologia) por todos os ensinamentos, e pela dedicação e atenção que tem comigo e com todos
seus orientandos.
À PETROBRAS (UO/RNCE) pelo fornecimento dos dados dos testemunhos para
realização desse trabalho e à UFRN pela infraestrutura disponibilizada (Laboratórios de
Geologia e Geofisica Marinha e Monitoramento Ambiental – GGEMMA/DG/PPGG, Geografia
Física – LabGeoFis/DGEO e de Análise Ambiental/MCC).
Aos agentes financiadores: FUNPEC/UFRN/CAMPO SERRA 26209 e CNPQ (PQ
315742/2020-8).
À todas as pessoas que não foram mencionados aqui, mas que direta ou indiretamente
contribuíram para minha formação acadêmica e pessoal.
“A felicidade pode ser encontrada mesmo nos momentos
mais sombrios, se você lembrar de acender a luz.”
Alvo Dumbledore
RESUMO
No litoral setentrional do Rio Grande do Norte são encontrados corpos arenosos paralelos à
linha de costa, que isolam áreas protegidas do impacto do mar aberto, constituindo sistemas
dinâmicos de ilhas barreiras – pontais arenosos. O estudo trata da descrição e análise de 12
testemunhos de material sedimentar coletados em quatro pontos distintos em pontais arenosos
(ARPrI e CPrI1) e ilhas barreiras (CPrI2 e CPRI3), na região de Macau/RN. O sedimento foi
coletado através do método de testemunhagem por vibração, que possibilita uma amostragem
contínua e pouco perturbada de materiais pouco consolidados. Foram recuperados 15,75 metros
de material sedimentar que foram submetidos a estudos de perfilagem radioativa, textura, cor,
composição, mineralogia, granulometria e estruturas sedimentares. Após a descrição
macroscópica, os testemunhos foram amostrados em intervalos regulares, resultando em 58
amostras que foram destinadas à análise granulométrica, dentre as quais 52 foram submetidas
às análises químicas (quantificação do teor de matéria orgânica e de carbonato de cálcio). Os
resultados obtidos mostraram no geral perfis com uma leve diferença no padrão de
empilhamento. O conjunto de testemunhos CPrI1 (A, B, C) e CPrI2 (A, B, C), apresentaram
uma variação sutil e gradual, com um padrão de granocrescência ascendente, tendo em seu topo
material ligeiramente mais grosso que em sua base. Enquanto o conjunto de testemunhos ARPrI
(A, B, C) e CPrI3 (A, B, C) apresentou um padrão inverso, com granodecrescência ascendente,
contendo em sua base sedimento de granulometria areia grossa, afinando em direção ao topo
para areia fina. Em todos os testemunhos houveram variações nos teores de carbonato de cálcio
e de matéria orgânica, os teores de carbonato registrados variaram de 0,35 a 32,36%, enquanto
os teores de matéria orgânica apresentaram valores entre 0,47 e 25,7%. As características
apresentadas pelos sedimentos presentes nos testemunhos estudados permitiram identificar os
depósitos de praia/ilha barreira, depósitos de canal de maré e depósitos de planície de maré,
representativos de sistemas tropicais de alta energia.
PALAVRAS-CHAVE: Testemunhos. Ilha Barreira. Análise Sedimentar.
ABSTRACT
In the northern coast of Rio Grande do Norte are found sandy bodies parallel to the coastline,
which isolate protected areas from the open sea impact, constituting dynamic systems of barrier
islands - spits. The study deals with the description and analysis of 12 core samples of
sedimentary material collected at four different points on sandy headlands (ARPrI and CPrI1)
and barrier islands (CPrI2 and CPRI3), in the region of Macau, Rio Grande do Norte state.
Sediment was collected using the vibration method, which allows for continuous, undisturbed
sampling of poorly consolidated materials. A total of 15.75 meters of sedimentary material was
recovered and submitted to radioactive profiling, texture, color, composition, mineralogy,
granulometry and sedimentary structures studies. After the macroscopic description, the cores
were sampled at regular intervals, resulting in 58 samples that were used for granulometric
analysis, among which 52 were submitted to chemical analysis (quantification of organic matter
and calcium carbonate content). The results obtained showed profiles with a slight difference
in stacking pattern. The CPrI1 (A, B, C) and CPrI2 (A, B, C) samples showed a subtle and
gradual variation, with an ascending granocrescence pattern, with material slightly coarser at
the top than at the bottom. The ARPrI (A, B, C) and CPrI3 (A, B, C) core samples show an
inverse pattern, with ascending granodecrescence, containing a coarse sand sediment at the
base, tapering towards the top to fine sand. In all core samples there were variations in calcium
carbonate and organic matter contents, the recorded carbonate contents varied from 0.35 to
32.36%, while the organic matter contents presented values between 0.47 and 25.7%. The
characteristics presented by the sediments present in the studied cores allowed the identification
of beach/island barrier deposits, tidal channel deposits, and tidal plain deposits, representative
of tropical high-energy systems.
KEY-WORDS: Cores. Barrier Island. Sedimentary Analysis.
Lista de Figuras
Figura 1.1: Mapa de localização da área de estudo e dos pontos de sondagem. ........ 15
Figura 1.2 - Vista da área de estudo. A) Vista da estrada de acesso às bases dos poços
do Campo de Serra; B) Vista aérea do pontal arenoso da área de referência. ............... 16
Figura 1.3 – Bloco diagrama ilustrando os vários subambientes em um sistema de
ilha barreira. ................................................................................................................ 17
Figura 1.4 – Climograma da cidade de Macau/RN. ................................................... 18
Figura 1.5 - Mapa geológico simplificado da porção emersa da Bacia Potiguar
(modificado de Cassab, 2003; Angelim et al., 2006). ................................................ 21
Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da área de estudo. ................................... 24
Figura 2.1 – Fluxograma com a metodologia. ........................................................... 26
Figura 2.2 - A) Tubo de alumínio utilizado na sondagem por vibração, B) Detalhe
do retentor na base do tubo de alumínio que previne a perda do material amostrado,
C) Vista do tripé e testemunho coletado na área CPrI1, D) Fechamento do topo do
testemunho e sua identificação, E) Visão geral da área CPrI1. .................................... 27
Figura 2.3 - Cartela de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009). ...................... 29
Figura 2.4 - Escala granulométrica de campo. ........................................................... 30
Figura 2.5- Amostragem dos testemunhos em laboratórios da UFRN. A) e B)
testemunhos marcados a intervalos regulares para amostragem; C) detalhe de
amostragem e D) testemunho amostrado a intervalos regulares. ............................... 31
Figura 2.6 – A) Lavagem dos sedimentos nos béqueres; B) Estufa utilizada para
secagem dos sedimentos; C) Amostra quarteada; D) Separação de 5g destinado para
determinação do teor de carbonato. ............................................................................. 32
Figura 2.7 - Conjunto de peneiras posicionado no agitador. ........................................ 33
Figura 2.8 – A) Béqueres com 5g da amostra de sedimento mais 20 ml de ácido
clorídrico (HCl) a 10%; B) Pesagem inicial do filtro de papel; C) Filtros e funis
utilizados na lavagem das amostras para retirada do HCl. ........................................... 34
Figura 2.9 - Cadinhos na mufla. .................................................................................. 35
Figura 2.10 - Lupa binocular utilizada na observação e descrição de parâmetros
texturais e mineralógicos. ........................................................................................... 36
Figura 3.1 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI
A. ................................................................................................................................ 38
Figura 3.2 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI A. .................................. 39
Figura 3.3 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI
B. ................................................................................................................................ 40
Figura 3.4 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI B. .................................. 41
Figura 3.5 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI
C. ................................................................................................................................ 42
Figura 3.6 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI C. .................................. 43
Figura 3.7 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 95 cm descrito para o
testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 44
Figura 3.8 – Fotografia mostrando o intervalo de 95 e 30 cm descrito para o testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 45
Figura 3.9 – Fotografia mostrando o intervalo entre 30 e 0 cm descrito para o
testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 46
Figura 3.10 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 A. ................................ 46
Figura 3.11 – Fotografia mostrando os intervalos entre 125 e 56 cm descritos para o
testemunho CPrI1 B. .................................................................................................. 47
Figura 3.12 – Fotografia mostrando o intervalo de 56 a 0 cm descrito para o
testemunho CPrI1 B. ................................................................................................... 48
Figura 3.13 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 B. ................................ 49
Figura 3.14 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 25 cm descrito para o
testemunho CPrI1 C. .................................................................................................. 50
Figura 3.15 – Fotografia mostrando o intervalo entre 25 e 0 cm descrito para o
testemunho CPrI1 C. ................................................................................................... 51
Figura 3.16 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 C. ................................ 51
Figura 3.17 – Fotografia mostrando o intervalo entre 120 e 50 cm descrito para o
testemunho CPrI2 A. .................................................................................................. 52
Figura 3.18 – Fotografia mostrando os intervalos entre 50 e 0 cm descritos para o
testemunho CPrI2 A. ................................................................................................... 53
Figura 3.19 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 A. ................................ 54
Figura 3.20 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI2
B. ................................................................................................................................ 55
Figura 3.21 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI 2 B. ................................ 56
Figura 3.22 – Fotografia mostrando o intervalo de 104 a 25 cm descrito para o
testemunho CPrI2 C. ................................................................................................... 57
Figura 3.23 – Fotografia mostrando o intervalo de 25 a 0 cm descrito para o
testemunho CPrI2 C. Os círculos pretos indicam fragmentos de conchas. .................. 58
Figura 3.24 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 C. ................................. 58
Figura 3.25 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI3
A. ................................................................................................................................ 60
Figura 3.26 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 A. ................................. 60
Figura 3.27 – Fotografia mostrando o intervalo de 93 a 31 cm descrito para o
testemunho CPrI3 B. ................................................................................................... 61
Figura 3.28 – Fotografia mostrando o intervalo de 31 a 0 cm descrito para o
testemunho CPrI3 B. ................................................................................................... 62
Figura 3.29 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 B. ................................. 63
Figura 3.30 – Fotografia mostrando o intervalo entre 105 e 70 cm descrito para o
testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 64
Figura 3.31 – Fotografia mostrando o intervalo entre 70 e 33 cm descrito para o
testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 65
Figura 3.32 – Fotografia mostrando o intervalo de 33 a 0 cm descrito para o
testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 65
Figura 3.33 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 C. ................................. 66
Figura 3.34 – A) Feições microscópicas da amostra 1 sob polarizadores paralelos.
Porções avermelhadas correspondem hidróxidos de ferro. As partes brancas
correspondem a grãos de quartzo; B) Feições microscópicas da amostra 2 sob
polarizadores paralelos. Grãos mono e policristalinos de quartzo aparecem com
cores claras e formas angulosas, imersos numa matriz fina, provavelmente argilosa,
de tons castanhos claros. ............................................................................................. 67
Figura 4.1 – Carta litoestratigráfica para o testemunho ARPr1 A mostrando a
integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a
interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 71
Figura 4.2 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI1 B, mostrando a
integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a
interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 73
Figura 4.3 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI2 B, mostrando a
integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a
interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 74
Figura 4.4 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI3 A, mostrando a
integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a
interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 76
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Localização geográfica das áreas dos testemunhos estudados. ................ 26
Tabela 4.1 - Classificação de sedimentos para a plataforma continental do nordeste
brasileiro (Vital et al. 2005b após Larsonneur 1977, Dias 1996 e Freire et al. 1997). 68
Tabela 4.2 - Características e descrição das fácies identificadas. ................................ 69
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................14
1.1 APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS...................................................................................14
1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO............................................................................15
1.3 SISTEMAS DE ILHAS BARREIRAS...............................................................................16
1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS..........................................................................................17
1.4.1 CLIMA...............................................................................................................................18
1.4.2 HIDROGRAFIA....................................................................................................................18
1.4.3 VEGETAÇÃO......................................................................................................................19
1.4.4 VENTOS.............................................................................................................................19
1.4.5 ONDAS...............................................................................................................................20
1.4.6 CORRENTES.......................................................................................................................20
1.4.7 MARÉS..............................................................................................................................20
1.5 CONTEXTO GEOLÓGICO...............................................................................................21
1.5.1 CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL.........................................................................................23
1.5.1.1 Depósitos Flúvio-Marinhos...........................................................................................23
1.5.1.2 Depósitos de Mangue.....................................................................................................24
1.5.1.3 Depósitos eólicos litorâneos vegetados.........................................................................24
1.5.1.4 Depósitos eólicos litorâneos não vegetados..................................................................25
1.5.1.5 Depósitos Litorâneos Praiais........................................................................................25
2. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................26
2.1 AQUISIÇÃO DE DADOS EM CAMPO...........................................................................26
2.2 ATIVIDADES EM LABORATÓRIO................................................................................28
2.2.1 PROCESSAMENTO DOS TESTEMUNHOS................................................................................28
2.2.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTOS...........................................................30
2.2.2.1 Análise granulométrica.................................................................................................32
2.2.2.2 Teor de Carbonato de Cálcio.........................................................................................33
2.2.2.3 Teor de Matéria Orgânica.............................................................................................34
2.2.2.4 Análise morfoscópica e minaralógica...........................................................................35
2.3 INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................36
3. RESULTADOS....................................................................................................................37
3.1 ARPRI.................................................................................................................................37
3.1.1 ARPRI A...........................................................................................................................37
3.1.2 ARPRI B...........................................................................................................................39
3.1.3 ARPRI C............................................................................................................................41
3.2 CPRI1..................................................................................................................................43
3.2.1 CPRI1 A............................................................................................................................43
3.2.2 CPRI1 B............................................................................................................................47
3.2.3 CPRI1 C............................................................................................................................49
3.3 CPRI2..................................................................................................................................52
3.3.1 CPRI2 A............................................................................................................................52
3.3.2 CPRI2 B............................................................................................................................54
3.3.3 CPRI2 C............................................................................................................................56
3.4 CPRI3..................................................................................................................................59
3.4.1 CPRI3 A............................................................................................................................59
3.4.2 CPRI3 B............................................................................................................................61
3.4.3 CPRI3 C............................................................................................................................63
3.5 MATERIAL DA ESTRADA DE ACESSO.......................................................................66
4. DISCUSSÕES......................................................................................................................68
5. CONCLUSÕES...................................................................................................................77
REFERÊNCIAS......................................................................................................................79
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS
Na porção norte da costa do estado do Rio Grande do Norte são encontrados corpos
arenosos dispostos paralelamente à linha de costa, que isolam áreas protegidas do impacto do
mar aberto, constituindo sistemas dinâmicos de ilhas barreiras – pontais arenosos.
A dinâmica costeira existente na área tem provocado erosão em locais onde foram
instaladas facilidades destinadas ao apoio logístico para a produção de petróleo, tais como
estrada de acesso, bases de locação de poços e bases de apoio, fazendo com que o material
erodido dessas instalações fosse transportado em direção ao continente (com deposição em
manguezal ou sedimentos praiais adjacentes), ou mesmo em direção ao mar, em função dos
processos marinhos reinantes na área. A estrada e as bases foram construídas a partir da
compactação de material de empréstimo composto por piçarra (material sedimentar areno-
argiloso extraída de jazidas da região).
O presente trabalho aborda a descrição e análise de 12 testemunhos de material
sedimentar coletados em quatro pontos distintos de pontais arenosos e ilhas barreiras localizado
próximo à cidade de Macau/RN (Figura 1.1), que fazem parte do projeto “Avaliação das
características físicas e texturais de solos do campo de Serra, Macau/RN - Bacia Potiguar”
PETROBRAS/UFRN/FUNPEC. Os testemunhos foram coletados pelo método de
testemunhagem por vibração, onde foram recuperados 15,75 metros de material sedimentar
submetidos a estudos de perfilagem radioativa, textura, cor, composição, mineralogia,
granulometria e estruturas sedimentares presentes.
Objetivos
O principal objetivo desse estudo foi a caracterização sedimentar de depósitos de praia
e ilha barreira do litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte, identificando as fácies
e ambientes deposicionais presentes neste sistema tropical, com foco nas estruturas
sedimentares, composição, textura, mineralogia, raios gama e, particularmente, na sua
sequência vertical. Dessa forma, contribuindo com a ampliação do conhecimento sobre as fácies
sedimentares presentes nos depósitos.
Considerando a dinâmica costeira atuante na área e os efeitos erosivos produzidos no
tocante à desagregação e transporte dos sedimentos que formavam as bases de poços e acessos
às mesmas, tem-se como objetivo secundário verificar se os sedimentos recuperados nos
testemunhos analisados apresentavam alguma composição mineralógica que poderia ser
15
atribuída ao material de empréstimo oriundo da erosão da estrada de acesso e bases das locações
de poços de petróleo instalados nas proximidades.
1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO DA ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo se localiza no litoral setentrional do Rio Grande do Norte, em uma
região de ilha barreira-pontal arenoso, situado próximo ao município de Macau/RN (Figura
1.1).
Macau está distante aproximadamente 185 km da capital do estado (Natal/RN), sendo o
acesso feito pela BR 406. Através da RN-403 tem-se acesso aos campos de petróleo Macau e
Serra, onde os testemunhos foram coletados (Figura 1.2).
Figura 1.1 - Mapa de localização da área de estudo e dos pontos de sondagem.
Fonte: Autoria Própria.
16
Figura 1.2 - Vista da área de estudo. A) Vista da estrada de acesso às bases dos poços do Campo de Serra; B)
Vista aérea do pontal arenoso da área de referência.
Fonte: Helenice Vital.
1.3 SISTEMAS DE ILHAS BARREIRAS
Ilha barreira é definida por Suguio (1980) como um corpo arenoso linear, exposto
durante a maré, disposto paralelamente à linha de costa, que isola áreas protegidas (baías,
lagunas e planícies de maré) do impacto do mar aberto.
A evolução das ilhas barreiras modernas têm ocorrido desde o início do Holoceno. O
desenvolvimento dessas ilhas barreiras é controlado por uma série de fatores dentre os quais se
destacam: flutuações do nível do mar, variações no suprimento de sedimentos, topografia pré-
deposicional, contexto estrutural (taxa de submersão ou emersão da bacia) e regime
hidrográfico (MOSLOW, 1984; BAGNOLI, 1988; SILVEIRA, 2002).
As ilhas barreiras são compostas, em sua maioria, por uma praia bem desenvolvida,
dunas costeiras e vários ambientes em seu lado terrestre, incluindo planícies de maré, pântanos
ou leques de lavagem (Figura 1.3).
De acordo com Walker (1984), os sistemas de ilhas barreiras apresentam três elementos
geomórficos principais: a própria cadeia arenosa de ilha barreira, o corpo de água atrás dela
(lagoa ou estuário) e os canais que cortam a barreira e conectam a lagoa ao mar aberto (canais
de maré). A partir dessa estrutura geomórfica pode-se afirmar que esse sistema é composto por
três grandes sistemas deposicionais clásticos: 1) o complexo barreira-praia submaré a subaéreo
2) a região atrás da barreira ou lagoa submaré-intermaré, e 3) o delta submaré-intermaré e o
complexo de canais (WALKER, 1984).
17
Figura 1.3 – Bloco diagrama ilustrando os vários subambientes em um sistema de ilha barreira.
Fonte: Walker, 1984.
Segundo Vital (2009) no Rio Grande do Norte os pontais arenosos e ilhas barreiras estão
restritos ao litoral setentrional. A distribuição desses pontais arenosos e ilhas barreiras é
limitada por dois sistemas de falhas principais, os sistemas de Carnaubais e Afonso Bezerra. Os
sistemas ilhas barreiras e pontais arenosos são constituídos por sedimentos arenosos e
frequentemente recobertos por dunas, sua evolução, como apontam estudos, tem ocorrido de
maneira cíclica, onde se tem um antigo sistema de ilhas barreiras desenvolvendo pontais
arenosos atuais e pontais arenosos que foram recentemente separados do continente para formar
ilhas barreiras (XAVIER NETO et al., 2001; LIMA et al., 2001, 2002; SILVEIRA, 2002;
SOUTO, 2002; VITAL, 2009). Esse sistema prograda para oeste, devido à ação da intensa
deriva litorânea neste sentido, causando a erosão da linha de costa (ALVES et al., 2003;
CHAVES et al., 2006; VITAL 2006; VITAL et al., 2018).
1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
A distribuição dos sedimentos, ao longo da linha de costa, é regida por um conjunto de
fatores oceanográficos, tais como, regime de maré, influxo fluvial, ondas e processos
atmosféricos (PERILLO, 1996; PAIVA, 2019). Segundo Costa (2010) para a região de estudo
a importância dos elementos climáticos, aliada a outros fatores é determinante para a intensa
dinâmica costeira local.
18
1.4.1 CLIMA
A área de estudo apresenta um clima tropical equatorial quente, semiárido, considerando
a classificação de Nimer (1989) (COSTA, 2010). É uma região quente e seca com chuvas
escassas, anualmente sofrendo estiagens. A temperatura média anual é superior a 27ºC, com
máxima de 32°C e mínima de 23°C, de acordo com dados de 2006 a 2018 do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) (SOUZA E CHAVES, 2017). De acordo com Costa (2010), a insolação é
considerada uma das mais fortes do Brasil no mês de novembro, apresentando médias anuais em
torno de 2.600 horas/ano e 7,22 horas/dia (medidas da Estação Meteorológica de Macau entre 1961
e 1990).
A região é caracterizada por duas estações: uma seca com período mais longo 7 a 8
meses (junho a janeiro) e uma estação úmida (inverno) com período pluvial curto nos meses de
fevereiro a maio (IDEMA, 1999; COSTA 2010). A precipitação média anual é em torno de
500mm (SILVA, 2019). Segundo Costa (2010), a partir de dados do IBGE, a umidade relativa
média anual é 68%, podendo ocorrer uma variação anual de 20%.
Figura 1.4 – Climograma da cidade de Macau/RN.
Fonte: Silva, 2019.
1.4.2 HIDROGRAFIA
No município de Macau a rede hidrográfica está inserida na bacia hidrográfica Piranhas-
Açu, considerada a maior da Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental, com área total
de 43.683 km² (Agência Nacional das Águas, 2016). Em seu curso foram construídos dois
reservatórios que perenizam o rio: Curema/Mãe d’Água, na Paraíba, e Armando Ribeiro
Gonçalves, no Rio Grande do Norte.
19
A feição hidrográfica que se destaca na área é o estuário do rio Açu, sendo constituída
por canais de maré e pelos rios Casqueira e Conceição, localizados a leste da cidade de Macau.
Esses rios são de médio porte e sua contribuição é proveniente do continente e ocorre por
drenagens ativas nos períodos chuvosos, com baixas vazões, sendo subordinados a ação das
marés (COSTA, 2010).
1.4.3 VEGETAÇÃO
De acordo com o Banco de Dados de Informações do IBGE no município de Macau a
vegetação presente em 37,7% do território é a Savana estépica arborizada, 23,4% correspondem
a Formação Pioneira com influência fluviomarinha, 11,4% é de Formação Pioneira com
influência marinha. No município 23,9% da cobertura vegetal foi substituída por áreas para
agropecuária, 2,6% da área se refere a corpos d’água, 0,8% são dunas e 0,2% é a cobertura
urbana.
A vegetação da região é marcada por dois tipos principais, a vegetação de caatinga e a
vegetação litorânea (manguezais e restingas). A Savana-Estépica Arborizada (vegetação de
caatinga) é caracterizada por nanofanerófitos de até 5 metros de altura, com uma distribuição
espaçada ou aberta, comumente apresentando divisão em galhos e muita ramificação, contendo
espinhos ou acúleos. A Formação Pioneira com influência fluviomarinha corresponde a uma
vegetação de caráter edáfico que constitui os manguezais e campos salinos, situados em terrenos
sedimentares holocênicos nas desembocaduras dos rios, onde ocorre o encontro das águas doces
com as águas salgadas. Nesses locais cresce uma vegetação adaptada à salinidade das águas,
como Rhizophora mangle, Avicenia e Laguncularia racemosa. A Formação Pioneira com
influência marinha é caracterizada pela vegetação conhecida como restinga, que recebem
influência direta das águas do mar, sendo representada pelos gêneros Ramirea e Salicornia.
Essa vegetação ocupa as faixas de praias, as formações dunares e dos cordões arenosos
litorâneos.
PROCESSOS COSTEIROS
1.4.4 VENTOS
No litoral do nordeste brasileiro os ventos sopram de E/NE e E/SE, de acordo com Vital
et al. (2008), conforme pode ser inferido a partir da observação da direção de deslocamento de
campos de dunas. Na área de estudo os ventos predominantes são os ventos alísios vindos de
E-NE. Sazonalmente não há grandes variações na distribuição da direção dos ventos, porém
observa-se uma predominância dos ventos de NE durante o inverno. A velocidade média dos
20
ventos é de 20,5 km/h, sendo registradas maiores velocidades durante a estação seca. Nos
meses de abril e maio são registradas velocidades médias mais baixas, em torno de 15,8 km/h
e em outubro os ventos atingem as maiores velocidades médias de cerca de 25,5 km/h
(SILVEIRA, 2002; PAIVA, 2019).
1.4.5 ONDAS
Na área de estudo as ondas chegam à costa na mesma direção dos ventos predominantes
(vindos de E-NE) (ALVES, 2001), tendo as alturas máximas atingidas durante o inverno e
outono (PAIVA, 2019). Essas ondas possuem uma altura média de 0,56 m com altura máxima
de 1,23 metros e mínima de 0,27 metros, e um período de onda média de 7,5 segundos
(FRAZÃO, 2005; VITAL, 2009). Na zona de arrebentação a altura das ondas varia entre 0,80
e 0,22 m (TABOSA et al. 2001; SILVEIRA 2002; LIMA 2004; CHAVES 2005; VITAL, 2009).
1.4.6 CORRENTES
As correntes litorâneas no setor setentrional do estado fluem paralelamente à costa,
principalmente para oeste, podendo mudar de direção de acordo com as marés (VITAL, 2009).
A ação dos ventos alísios de sudeste sobre as ondas faz com que estas atinjam a costa em um
ângulo característico capaz de originar as correntes de deriva litorânea, que possuem uma maior
capacidade de transporte de sedimentos ao longo da costa, com velocidades que variam de 0,2
a 1,05 m/s (ROCHA, 2010). Essas correntes são responsáveis por transportar sedimentos de
leste para oeste, desenvolvendo as formas encontradas paralelas à linha de costa como ilhas
barreiras e pontais arenosos. De acordo com Vital (2009), subordinadamente ocorrem as
correntes de maré, que durante as marés altas fluem em direção a oeste-noroeste, de maneira
oblíqua à costa com valor máximo de 0,97 m/s, e durante as marés vazantes as correntes fluem
perpendicular a oblíqua à costa, na direção norte, tendo uma velocidade máxima de 0,50 m/s.
1.4.7 MARÉS
O estado do Rio Grande do Norte é caracterizado por um regime de mesomaré semi-
diurna, nesse regime a amplitude entre a maré alta e a maré baixa é superior a 2 metros e inferior
a 4 metros, realizando duas preamares e duas baixa mares no período de 24h. No litoral norte,
onde se encontra a área de estudo, as marés possuem altura máxima de 3,3 metros durante as
marés de sizígia e 2,5 metros nas marés de quadratura (ARAÚJO et al. 2004; VITAL, 2009).
Nessa região a maré apresenta condições bastante energéticas, mobilizando continuamente
sedimentos ao longo da costa. A forte influência da maré se reflete na presença de deltas de
21
maré vazante ao longo do sistema ilha barreira-spits e na foz dos rios, assim como spits
perpendiculares à costa (VITAL, 2005; VITAL et. al, 2008).
1.5 CONTEXTO GEOLÓGICO
No contexto geológico regional a área de estudo está inserida na porção central da Bacia
Potiguar emersa, sendo recoberta por depósitos sedimentares mais recentes.
A Bacia Potiguar é uma bacia de margem passiva localizada na porção oriental do
nordeste do Brasil, abrangendo o estado do Rio Grande do Norte e menos expressivamente o
estado do Ceará (porção ocidental) (Figura 1.5). A bacia limita-se a norte pela isóbata de 2.000
m, a leste com a Alto de Touros, a sul com o embasamento cristalino e a oeste com a Bacia do
Ceará pelo Alto de Fortaleza. Em sua área de aproximadamente 48.000 km2, 45% da cobertura
sedimentar, que corresponde a 21.500 km2, se encontra emersa, enquanto que 55% (26.500
km2) corresponde a porção submersa (PESSOA NETO et.al, 2007).
Figura 1.5 - Mapa geológico simplificado da porção emersa da Bacia Potiguar (modificado de Cassab, 2003;
Angelim et al., 2006).
Fonte: Santos, 2013.
A bacia tem como embasamento rochas cristalinas pré-cambrianas da Faixa Seridó,
composta pelo Complexo Caicó, Grupo Seridó e corpos graníticos. Segundo Jardim de Sá
(1994) o Complexo Caicó possui gnaisses e migmatitos de idades paleoproterozoicas. O Grupo
Seridó é composto pela Formação Jucurutu, com paragnaisses e mármores, Formação Equador,
composta por quartzitos e metaconglomerados e Formação Seridó, constituída principalmente
22
por micaxistos. Os corpos graníticos são representados por duas gerações, sendo a mais nova
de idade ediacarana.
As rochas sedimentares presentes na Bacia Potiguar são organizadas em três unidades
litoestratigráficas de acordo com Araripe e Feijó (1994): Grupo Areia Branca, Grupo Apodi e
Grupo Agulha.
O Grupo Areia Branca, cujos sedimentos foram depositados a partir do Neocomiano,
está disposto de forma discordante sobre o embasamento cristalino e reúne arenitos, folhelhos
e siltitos da Formação Pendência e Pescada, e rochas areno-carbonaticas (arenitos, folhelhos,
pelitos e calcilutitos) da Formação Alagamar.
O Grupo Apodi, por sua vez, é constituído por sedimentos tanto siliciclásticos quanto
carbonáticos depositados entre o Albiano e o Campaniano, englobando os sedimentos
siliciclásticos da Formação Açu, calcarenitos, calcilutitos e folhelhos da Formação Ponta do
Mel, arenitos, folhelhos, siltitos e turbiditos da Formação Quebradas e rochas calcárias da
Formação Jandaíra.
Por fim, o Grupo Agulha, estratigraficamente no topo da bacia, composto pelas
Formações Ubarana (arenitos, folhelhos e argilitos), Guamaré (calcarenitos e calcilutitos),
Tibau (arenitos grossos) e o Grupo Barreiras, considerado por muitos autores como uma
unidade litoestratigráfica única por possuir algumas diferenças faciológicas decorrente de
diferentes sistemas deposicionais.
Eventos magmáticos estiveram presentes ao longo do desenvolvimento da bacia, sendo
reconhecidos três eventos principais. O magmatismo Rio Ceará Mirim, que ocorreu do
Jurássico Inferior ao Cretáceo Inferior, é representado por um enxame de diques de direção E-
W no embasamento próximo a borda sul da Bacia Potiguar. O magmatismo Serra do Cuó,
caracterizado por derrames basálticos de afinidade alcalina, se instalou concomitante à
deposição da Formação Jandaíra durante o Campaniano/Santoniano. O magmatismo Macau,
mais recente e o mais importante da bacia, ocorre desde a porção offshore da Bacia Potiguar
até a parte central de Pernambuco como plugs, diques, derrames e soleiras de olivina basalto.
Segundo Pessoa Neto et al. (2007), o preenchimento da bacia está relacionado com as
diferentes fases da sua evolução tectônica e corresponde a três supersequência: Rifte (fase Rifte
I e II), Pós-Rifte (fase Pós-Rifte) e Drift (fase termal). A Supersequência Rifte é constituída por
depósitos flúvio-deltaicos e lacustres correspondentes as Formações Pendência e Pescada
(Berriasiano/Eo-Aptiano). Na Supersequência Pós-rifte houve a deposição de uma sequência
23
flúvio-deltaica, assim como os primeiros registros da ingressão marinha, representada pelas
rochas areno-carbonáticas da Formação Alagamar. A Supersequência Drifte é representada por
uma sequência flúvio-marinha transgressiva (Formações Açu, Ponta do Mel, Quebradas,
Jandaíra e Ubarana) recoberta por uma sequência clástica e carbonática regressiva (Formações
Ubarana, Tibau e Guamaré). Entre o Eoceno e o Oligoceno foram depositadas as rochas
vulcânicas associadas à Formação Macau.
De acordo com Bezerra et al. (2009), no topo da coluna estratigráfica da Bacia Potiguar,
encontram-se unidades sedimentares de idade pleistocênica a holocênica. Estas coberturas
sedimentares são compostas pelos colúvios e alúvios sub-recentes, depósitos aluvionares
antigos, beachrocks, dunas, sedimentos de praia recentes, aluviões e sedimentos de mangue.
1.5.1 CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL
Na área de estudo o arcabouço geológico compreende unidades holocênicas que estão
sobrepostas a unidades do Neógeno (Formações Tibau e Barreiras). Geomorfologicamente a
área está inserida unidade Planície Costeira, com feições como Dunas Fixas, Planícies
Interdunares, Dunas Móveis, Depressões Interdunares, Falésias, Planície Flúvio-Estuarina,
Planície de Maré, Barras Arenosas e Ilhas Barreiras.
Os sedimentos presentes na zona costeira onde está localizada a área de estudo
constituem Depósitos Litorâneos Praiais, Depósitos Eólicos Vegetados, Depósitos Eólicos
Litorâneos Vegetados e Não Vegetados, Depósitos de Mangue e Depósitos Flúvio-Marinhos
(Figura 1.6).
1.5.1.1 Depósitos Flúvio-Marinhos
Os depósitos flúvio-marinhos ocorrem associados à planície de maré em áreas
protegidas da energia da costa por pontais arenosos e ilhas barreiras. Eles estão sob influência
das interações entre as flutuações de marés e o fluxo fluviais. Os sedimentos são constituídos
por camadas de areia muito fina, cinza-esverdeada, intercaladas com sedimentos síltico-
argilosos escuros, pobremente selecionados e com alto teor de carbonato de cálcio e matéria
orgânica (inclusões de restos vegetais características de áreas com manguezais) (BEZERRA et
al., 2009). Podem ser encontrados conchas em posição de vida, fragmentos de conchas e clastos
de lama (VITAL et al., 2013).
24
Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da área de estudo.
Fonte: Autoria Própria.
1.5.1.2 Depósitos de Mangue
Os depósitos de mangue estão relacionados a ecossistemas florestais costeiros de
influência marinha, localizados na região intermaré, sob forte dependência da energia das marés
e da cunha salina (VITAL et al., 2013). Também ocorrem em regiões abrigadas da costa, e
seus limites com os depósitos flúvio-marinhos são variáveis espacial e temporalmente. Os
sedimentos são caracterizados pela elevada quantidade de material lamoso (silte e argila) com
quantidade subordinada de areia fina. São fortemente bioturbados pela ação de crustáceos,
moluscos e bivalvios sésseis. As estruturas sedimentares encontradas são laminação plano-
paralela (nos sedimentos mais finos) e estratificação cruzada (nos sedimentos mais grossos). A
proporção de matéria orgânica (contendo restos de madeira, folhas e turfas) dos depósitos de
manguezal é de maneira geral maior que dos depósitos fluvio-marinhos. As idades desses
depósitos encontradas para duas amostras datadas pelo método do 14C foram de 5.500 e 1.500
anos (BEZERRA et al., 2003; BEZERRA et al., 2009).
1.5.1.3 Depósitos eólicos litorâneos vegetados
Os depósitos eólicos se localizam na faixa litorânea, sendo representados por campos
de dunas que podem ser móveis ou estar fixados por vegetação. Nos depósitos eólicos vegetados
25
os sedimentos são compostos por areias quartzosas de granulometria fina a média, bem
selecionadas e com grãos subarredondadas a arredondadas com grãos, esféricos a sub-esféricos
(TABOSA et al., 2001; TABOSA, 2002; LIMA 2004; SOUTO, 2004; COSTA NETO, 2009;
VITAL et al., 2013). A vegetação que recobre essas dunas é constituída por gramíneas e
cactáceas.
1.5.1.4 Depósitos eólicos litorâneos não vegetados
Os depósitos eólicos litorâneos não vegetados são representados pelas dunas móveis,
acumulações eólicas mais recentes, que apresentam principalmente a forma barcanóide,
podendo ainda ter variadas formas. Esse depósito possui granulometria areia fina a média, de
composição quartzosa, por vezes com fragmentos de conchas e níveis de minerais pesados. Os
grãos são bem selecionados, arredondados a subarredondados e esféricos a subesféricos
(SOUTO, 2004; BEZERRA et al., 2009). Os depósitos interdunas são constituídos por
sedimentos grossos e fragmentos de conchas que não foram capazes de migrar junto com a
duna.
1.5.1.5 Depósitos Litorâneos Praiais
Os depósitos litorâneos praiais são representados por sedimentos de praia,
principalmente da zona de estirâncio, deltas de maré vazante e sistemas de ilhas barreiras-
pontais arenosos (VITAL et al., 2013). Eles ocorrem paralelos e por vezes perpendiculares à
linha de costa, sendo compostos por areias quartzosas com granulometria variando de muito
fina a muito grossa, de coloração cinza claro a esbranquiçado, com grandes quantidades de
bioclastos (>5%) e, por vezes, de minerais pesados. O constante retrabalhamento desses
sedimentos por processos costeiros marinhos e eólicos gera variações morfológicas na praia,
como a geração de terraços marinhos, cúspides praiais, bermas e dunas frontais (SOUTO, 2004;
BEZERRA et al., 2009). As idades obtidas para esses depósitos variam de cerca de 5.500 anos
AP a cerca de 300 anos AP (BEZERRA et al., 2009).
26
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia adotada no presente trabalho é composta de três fases: aquisição de
materiais e dados em campo, atividades em laboratório e a integração e análise dos dados
obtido, que serão detalhadas a seguir.
Figura 2.1 – Fluxograma com a metodologia.
Fonte: Autoria Própria.
2.1 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS E DADOS EM CAMPO
Os testemunhos foram coletados por uma equipe do Laboratório de Pesquisa em
Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA) do Departamento de
Geologia da UFRN como etapa integrante do projeto “Avaliação das características físicas e
texturais de solos do campo de Serra, Macau/RN - Bacia Potiguar”. As coletas foram feitas em
marés de sizígia entre os meses de março e abril de 2018 em quatro áreas de praias/ilhas
barreiras durante a maré baixa (Tabela 2.1).
Três áreas são de praias/ilhas barreiras próximas às bases e acessos erodidos, que podem
ter recebido material de empréstimo transportado (CPrI1, 2, 3) e uma área é de praias/ilhas
barreiras sem interferência antrópica, para comparação (ARPrI). Em cada área foram adquiridos
3 testemunhos (nomeados de A, B e C), totalizando 12 testemunhos. Amostras do material de
empréstimo na estrada de acesso ao Campo de Serra também foram coletadas para análise.
Tabela 2.1 - Localização geográfica das áreas dos testemunhos estudados.
Testemunho Latitude (UTM) Longitude (UTM) Zona UTM Posicionamento
ARPrI 9439046 S 781198 E 24M Margem Oceano
CPrI1 9437314 S 768756 E 24M Margem Oceano
CPrI2 9437681 S 767008 E 24M Margem Oceano
CPrI3 9437492 S 766948 E 24M Margem rio Casqueira
27
Os testemunhos foram coletados utilizando o método de testemunhagem por vibração
conhecido como vibracoring. Esse método de amostragem permite recuperar testemunhos
contínuos e não perturbados (indeformados) de materiais não consolidados, pouco compactados
ou semi-litificados, podendo recuperar amostras de diferentes comprimentos dependendo das
propriedades do sedimento.
O princípio por trás desta técnica são vibrações de alta frequência e baixa amplitude que
são geradas por um motor e transferidas para o tubo através de um eixo de aço. A vibração
então percorre do topo até a base do tubo de testemunho anexado. Essa energia vibracional
liquefaz o sedimento, permitindo que o tubo penetre nos sedimentos liquefeitos. Foram usados
tubos de alumínio com 50mm de diâmetro, 1,58mm de espessura e 6000 mm de comprimento,
e com o auxílio de um tripé e uma talha os tubos foram retirados (VITAL et al., 2018) (Figura
2.2). O sedimento fica aprisionado dentro do tubo após a retirada do mesmo do substrato.
Figura 2.2 - A) Tubo de alumínio utilizado na sondagem por vibração, B) Detalhe do retentor na base do tubo de
alumínio que previne a perda do material amostrado, C) Vista do tripé e testemunho coletado na área CPrI1, D)
Fechamento do topo do testemunho e sua identificação, E) Visão geral da área CPrI1.
Fonte: VITAL et al. (2018).
28
2.2 ATIVIDADES EM LABORATÓRIO
2.2.1 PROCESSAMENTO DOS TESTEMUNHOS
Após a coleta, os testemunhos foram levados ao Laboratório de Sedimentologia da
PETROBRAS, Unidade de Operação do Rio Grande do Norte e Ceará (UO-RNCE), para serem
fotografados e analisados com coregama (VITAL et al., 2018).
De acordo com Nery (2013), a radioatividade é a propriedade pela qual os átomos de
grande número atômico (Z) emitem espontaneamente radiação, devido à instabilidade de seus
núcleos. Dessa forma, as rochas e sedimentos podem apresentar uma maior ou menor
radioatividade dependendo da quantidade de elementos radioativos presentes. Naturalmente os
elementos radioativos se encontram nas rochas ígneas e com processos como erosão e
transporte eles são redistribuídos na água e nos sedimentos. A variação de concentração dos
elementos radioativos depende de vários fatores como a natureza em si dos sedimentos e a
presença de organismos vivos nas águas em que ocorreu a deposição (NERY, 2013). Por
exemplo, as argilas e/ou folhelhos são sedimentos mais radioativos que os outros, pois
apresentam uma grande capacidade de reter átomos de grande número atômico, como Urânio e
Tório.
Para se obter os perfis de raios gama, podem ser usados alguns tipos de detectores de
radiação, nesse caso foi utilizado o cintilômetro. Esse equipamento contém um cristal
(comumente de fósforo, com iodeto de sódio e tálio ativado) que emite finas centelhas de luz
quando atingido por um fóton. Acoplado ao cristal tem-se um tubo fotomultiplicador, que
amplifica a corrente elétrica em um milhão de vezes, a luz é então convertida em pulsos
elétricos. A altura de cada pulso elétrico depende da quantidade de energia captada (NERY,
2013).
Os testemunhos foram colocados a uma velocidade constante e passados pelo
cintilômetro, o que permitiu leituras em intervalos de 2 cm. A ferramenta utilizada nesse caso
foi a de Raios Gama de Espectrometria, que possui multicanais analisadores, que discrimina
cada um dos componentes do espectro energético (U, Th e K), e a soma deles (U+Th+K). Os
valores obtidos são expressos em Unidade API – (UAPI) (uma UAPI é igual a 1/200 da leitura
feita entre os valores máximos e mínimos do poço padrão nos Estados Unidos, de acordo com
Nery (2013)). As concentrações individuais dos elementos são dadas em partes por milhão
(ppm) para U e Th e percentagem (%) para K. Os valores obtidos foram colocados em uma
planilha no software Excel para fazer a representação gráfica dos perfis.
29
Realizadas as fotografias e a perfilagem de raios gama, os testemunhos foram levados
para o GGEMMA onde foram feitas as descrições visuais. Para compor esse trabalho foram
estudados 12 testemunhos.
Por vez cada testemunho foi colocado em cima de uma bancada e com o auxílio de uma
régua de 100 cm foram marcados os intervalos em que o sedimento apresentava características
semelhantes e medidas as respectivas profundidades. As descrições foram feitas sempre do topo
para a base dos testemunhos e a cada intervalo as características observadas foram a cor,
granulometria, e presença/ausência de matéria orgânica, conchas e estruturas sedimentares
(estratificações, marcas de raiz).
Na determinação da cor de cada intervalo descrito foi utilizada como padrão a cartela
de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009) (Figura 2.3). Essa cartela inclui cores que
podem ser aplicadas na descrição de amostras úmidas e secas. Dessa forma, a cor apresentada
pelo sedimento era comparativamente traduzida para uma cor presente na tabela e anotado seu
nome e número conforme consta na cartela. Com relação à granulometria foi identificado
apenas de maneira qualitativa se tratava de areia grossa, média, fina ou lama (silte/argila)
utilizando-se uma escala granulométrica transparente (Figura 2.4).
Figura 2.3 - Cartela de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009).
30
Figura 2.4 - Escala granulométrica de campo.
Fonte: Autoria Própria.
2.2.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTOS
Após a descrição macroscópica, foram definidos intervalos de amostragem para a
realização de análises da granulometria, teor de carbonato e teor de matéria orgânica. Cada
testemunho foi amostrado em segmentos equidistantes, sendo quatro intervalos principais: 5 a
10 cm, 33 a 38 cm, 62 a 67 cm e 90 a 95 cm (Figura 2.5 A e B). A escolha da amostragem em
intervalos equidistantes para a realizar as análises se deu por observar apenas pequenas
variações na textura e granulometria (VITAL et al., 2018). Em alguns testemunhos foram
amostrados outros intervalos, quando visualmente eram apresentadas diferenças dos intervalos
equidistantes predefinidos ou quando os testemunhos possuíam profundidades maiores que 100
cm (105 a 110 cm, 124 a 129 cm, 133 a 138 cm, 148 a 153 cm, 162 a 167 cm, 174 a 179 cm
para o testemunho ARPrI A; 99 a 104 cm para o testemunho CPrI1 A; 110 a 115 cm para os
testemunhos CPrI2 e 3 A; 125 a 130 cm para o testemunho CPrI2 B).
No total foram obtidas 52 amostras para as análises de teor de carbonato e de matéria
orgânica, e 58 amostras para análise granulométrica. Os sedimentos amostrados foram então
acondicionados em sacos plásticos identificados com o nome do testemunho e profundidade da
amostra (Figura 2.5 C e D).
As amostras foram tratadas inicialmente no Laboratório de Sedimentologia do Setor de
Estudos Ambientais no Museu Câmara Cascudo da UFRN onde foram lavadas e secas. As
amostras foram lavadas para retirar o sal, pois como foram coletados na linha de costa, um
ambiente de alta salinidade, os sedimentos podem apresentar uma quantidade expressiva de sais
solúveis em água que podem interferir nos resultados das análises realizadas. Os sedimentos
foram colocados em béqueres de 1000 ml e adicionado água até a medida de 600 ml (Figura
2.6 A).
31
Figura 2.5- Amostragem dos testemunhos em laboratórios da UFRN. A) e B) testemunhos marcados a
intervalos regulares para amostragem; C) detalhe de amostragem e D) testemunho amostrado a intervalos
regulares.
Fonte: VITAL et al. (2018).
A cada 12h a água era substituída, esse procedimento foi realizado até totalizar 3 ciclos
de lavagem. Para os sedimentos de granulometria silte e argila após decorridas as 12h se ainda
houvesse material em suspensão na água era necessário fazer uso de uma centrífuga para
acelerar o processo de decantação. O material era colocado em potes específicos da centrífuga
e pesados na balança de modo que todos tivessem a mesma massa (completando com água
quando necessário) e acondicionados na centrífuga, onde permaneciam por 60 minutos.
Finalizada a lavagem foi retirado o excesso de água e o sedimento foi colocado em um
recipiente de alumínio e levado para secar em uma estufa à 60ºC (temperatura que não desidrata
argilominerais) (Figura 2.6 B). Quando secas as amostras foram quarteadas e foi separado 10g
do material, sendo 5g destinado para determinação do teor de carbonato e 5g para matéria
orgânica (Figura 2.6 C, D). O restante foi pesado para se fazer a análise granulométrica.
32
Figura 2.6 – A) Lavagem dos sedimentos nos béqueres; B) Estufa utilizada para secagem dos sedimentos; C)
Amostra quarteada; D) Separação de 5g destinado para determinação do teor de carbonato.
Fonte: Autoria Própria.
2.2.2.1 Análise granulométrica
As análises granulométricas foram realizadas no laboratório de Geografia Física –
LabGeoFis, Departamento de Geografia da UFRN. Para a análise granulométrica foi utilizado
o método de peneiramento a seco, com base na metodologia descrita por Folk (1968). No
peneiramento foi utilizado um conjunto de peneiras com aberturas de malha de 2 mm, 1 mm,
0,500 mm, 0,250 mm, 0,125 mm, 0,063mm e um aparador (Figura 2.7). O sedimento foi pesado
e colocado no conjunto de peneiras que foi levado ao agitador durante 15 minutos, após isso o
sedimento retido em cada peneira foi pesado e anotado o valor.
33
Figura 2.7 - Conjunto de peneiras posicionado no agitador.
Fonte: Autoria Própria.
Os dados obtidos no peneiramento foram inseridos no software Sistema de Análise
Granulométrica - SAG (LAGEMAR/UFF, 2000; DIAS & FERRAZ, 2004) para cálculos de
parâmetros estatísticos como média, mediana, assimetria, selecionamento e curtose e para a
classificação do material sedimentar.
2.2.2.2 Teor de Carbonato de Cálcio
A quantificação do teor de carbonato foi feita no Laboratório de Geoquímica do
Departamento de Geologia da UFRN. Para a quantificação do teor de carbonato 5 gramas da
amostra de sedimento foram colocadas em um béquer e adicionados 20 ml de ácido clorídrico
(HCl) a 10% (Figura 2.8 A). O ácido clorídrico reage com o carbonato (CaCO3) presente na
amostra, de acordo com a equação a seguir, dessa forma podemos quantificar posteriormente
quanto de massa de CaCO3 existia antes de ser dissolvido pelo ácido.
4 HCl + 2 CaCO3 ↔ 2CaCl2 + 2CO2 + 2H2O
O tempo de imersão da amostra no ácido era variável, sendo apenas retirada quando não
ocorresse mais reação. Após o fim da reação as amostras foram lavadas para retirar o ácido.
Nessa etapa foram utilizados filtros de papel, que foram pesados previamente, funis e
recipientes de vidro de 1L (Figura 2.8 B). Os funis foram colocados em suportes, e os filtros
dobrados e encaixados nos funis, com o recipiente de vidro em baixo. O material (sedimento +
ácido) foi então despejado no filtro e adicionou-se água aos poucos até encher o recipiente
(Figura 2.8 C). Os filtros então foram colocados em recipientes e levados à uma placa
34
aquecedora na temperatura de 60ºC. Quando secos os filtros foram pesados novamente e a
massa final do sedimento pôde ser calculada subtraindo a massa inicial do filtro da massa final.
Para calcular o teor do carbonato foi utilizada a seguinte equação:
Teor de carbonato= Massa inicial do sedimento − Massa final do sedimento
Massa inicial do sedimentox 100
A massa inicial do sedimento é a massa da amostra antes do ataque ácido e massa final
do sedimento é a massa do filtro com o sedimento menos a massa inicial do filtro.
Figura 2.8 – A) Béqueres com 5g da amostra de sedimento mais 20 ml de ácido clorídrico (HCl) a 10%;
B) Pesagem inicial do filtro de papel; C) Filtros e funis utilizados na lavagem das amostras para retirada do HCl.
Fonte: Autoria Própria.
2.2.2.3 Teor de Matéria Orgânica
A quantificação do teor de matéria orgânica também foi realizada no Laboratório de
Geoquímica do Departamento de Geologia da UFRN. Em cadinhos previamente pesados, foram
colocados 5 gramas de sedimento de cada amostra, separados anteriormente.
Para realizar a queima da matéria orgânica presente no sedimento, os cadinhos foram
colocados em uma mufla a uma temperatura de 600ºC, durante um intervalo de tempo de 5
horas (Figura 2.9). Após as 5 horas esperou-se os cadinhos esfriarem, e os mesmos foram
novamente, para quantificar a massa restante após a eliminação da matéria orgânica. Com os
valores da massa do sedimento antes e depois do processo de queima, é conhecida a massa de
35
material que foi consumida e assim pode-se calcular o teor de matéria orgânica através da
equação a seguir:
Teor de matéria orgânica = Massa inicial − Massa final
Massa inicial x100
Onde: Massa inicial = massa inicial da amostra no cadinho – massa do cadinho
Massa final = massa final da amostra no cadinho – massa do cadinho
Figura 2.9 - Cadinhos na mufla.
Fonte: VITAL et al. (2018).
2.2.2.4 Análise morfoscópica e minaralógica
A observação de parâmetros texturais e mineralógicos foi realizada no GGEMMA,
utilizando-se a lupa binocular, com luz refletida de 45° e luz transmitida, marca Zeiss, modelo
Stemi SV-11, com aumento máximo de 40 vezes (Figura 2.10). Para a captura das imagens
microscópicas, foi utilizada uma câmera digital acoplada à lupa. Uma quantidade representativa
de cada intervalo amostrado foi levada à lupa, descrevendo-se o arredondamento, a esfericidade
e a composição mineralógica desse material.
As análises texturais, que envolvem a descrição do arredondamento e esfericidade dos
grãos, foram realizadas fazendo-se comparações com escalas padrão, como a de Powers (1953)
e adaptações de Dias (2004). As análises mineralógicas quantitativas foram estimadas através
de comparação visual com tabelas padrões de porcentagem dos constituintes minerais como de
Terry e Chilingar (1955) (VITAL et al., 2018). A identificação dos minerais foi conduzida
tendo como base suas propriedades físicas observadas ao microscópio com auxílio do atlas
“Minerais em grãos – técnicas de coleta, preparação e identificação” de Pereira et al. (2005).
36
Figura 2.10 - Lupa binocular utilizada na observação e descrição de parâmetros texturais e mineralógicos.
Fonte: Smith, 2017.
2.3 INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A partir dos dados obtidos pode-se confeccionar gráficos para uma melhor
representação visual dos resultados. Para a análise litoestratigráfica foram utilizadas a descrição
e fotografias dos testemunhos, calibrados com os resultados da perfilagem com o coregama
(API, K, Th e U), e características sedimentológicas. Foram produzidas curvas de teor de
carbonato de cálcio e teor de matéria orgânica utilizando o Excel.
Além disso, com as descrições macroscópicas e análises granulométricas foi possível
elaborar uma coluna litoestratigráfica para cada testemunho estudado utilizando o SedLog 3.1,
um software de desenho de colunas estratigráficas desenvolvido por Dimitrios Zervas,
integrante do SE Asia Research Group, do Departamento de Ciências da Terra e do
Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Londres. Um aprimoramento
gráfico das colunas foi realizado com o software CorelDraw. Com esse conjunto de informações
foi possível fazer interpretações acerca do sistema deposicional.
37
3. RESULTADOS
Nessa seção serão apresentados os resultados obtidos a partir da descrição macroscópica
do material da estrada de acesso e dos testemunhos, integrado as diferentes analises realizadas
em laboratório.
3.1 ARPrI
Os testemunhos foram coletados na retaguarda da ilha barreira próxima ao distrito de
Diogo Lopes, mais afastados dos demais testemunhos.
3.1.1 ARPRI A
Esse testemunho possui 195 cm de comprimento, e apresenta de sua base até 113 cm
sedimento de coloração cinza escuro médio (N4), constituído predominantemente por areia
muito fina a fina exibindo por sua vez alguns níveis de areia média (Figura 3.1). A areia média
presente nos intervalos de 153 a 144 cm e 132 a 124 cm é pobremente selecionada, de cor cinza
claro médio (N6) e apresenta teor de carbonato de cálcio de 22,18% e 24,26%. A areia muito
fina a areia fina é pobre a moderadamente selecionada, com teor de carbonato entre 25,49% e
32,36%. O perfil de raios gama apresenta valores com uma ampla variação entre 9,38 e 65,24
API (Figura 3.2).
A partir de 113 cm há uma mudança na coloração do sedimento, dessa profundidade até
100 cm tem-se material de granulometria areia fina moderadamente selecionado, de cor marrom
amarelado pálido (10YR 6/2), com teor de carbonato de 11,55% (Figura 3.1). Entre 100 e 38
cm tem-se areia média moderadamente selecionada, de cor marrom amarelado pálido (10YR
6/2), com grãos subangulosos e esfericidade média, compostos em sua maioria por quartzo,
contendo também alguns grãos de K-feldspato, monazita, ilmenita e estaurolita (Figura 3.1). O
teor de carbonato de cálcio registrado foi entre 7,52 e 10,68%, e o teor de matéria orgânica 2,04
e 2,18%. Valores entre 0,57 e 20,92 API são registrados no perfil de raios gama (Figura 3.2).
Na profundidade de 38 cm há diminuição na granulometria do sedimento, até o topo do
testemunho a granulometria passa a ser areia fina pobre a moderadamente selecionada, cor
marrom amarelado pálido (10YR 6/2) com grãos subarredondados e com alta esfericidade,
tendo além de quartzo alguns minerais pesados (~2%) como ilmenita, turmalina, epídoto,
monazita (Figura 3.1). Os teores de carbonato e de matéria orgânica ficaram entre 6,85 - 7,71%
e 3,34 - 9,34%, respectivamente. Esse é o intervalo com os menores valores do perfil de raio
gama (0,84 - 8,19 API) (Figura 3.2).
38
Figura 3.1 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI A.
39
Figura 3.2 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI A.
3.1.2 ARPRI B
Com 190 cm, esse testemunho é constituído de sua base até 110 cm por areia fina de cor
cinza escuro (N3), com um nível de sedimento de granulometria areia média entre 165 e 155
cm (Figura 3.3). O perfil de raio gama apresentou valores entre 0,71 e 23,22 API.
Na profundidade de 110 cm há uma mudança abrupta na cor e na granulometria do
sedimento, que passa a apresentar granulometria areia média e cor laranja muito pálido (10YR
40
8/2) (Figura 3.3). O sedimento é moderadamente selecionado, com grãos subangulosos com
alta esfericidade, composto por aproximadamente 8% de bioclastos e 92% minerais
siliciclásticos (quartzo e cerca de 3% de minerais pesados como epídoto, K-feldspato, ilmenita).
O teor de carbonato de cálcio apresentou os valores de 8,21 e 9,85% e o teor de matéria orgânica
2,08 e 2,42%. Os valores API de raios gama variou de 0,54 a 19,92 API (Figura 3.4).
A partir de aproximadamente 60 cm há uma transição gradual para sedimento de
granulometria areia fina e permanece nessa granulometria até o topo do testemunho (Figura
3.3). Nesse intervalo a areia é moderadamente selecionada, com grãos subangulosos a
subarredondados de esfericidade média a alta, a composição é 7% de bioclastos e 93% de
minerais siliciclásticos que além de quartzo possui grãos de K-feldspato, turmalina, monazita e
ilmenita. Os teores de carbonato de cálcio e de matéria orgânica foram, respectivamente, 6,38
e 6,66% e 1,86 e 2,35%. Os valores do perfil de raio gama ficaram entre 0,53 e 13,73 API
(Figura 3.4).
Figura 3.3 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI B.
41
Figura 3.4 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI B.
3.1.3 ARPRI C
O material da base do testemunho (143 cm) até 127 cm foi pouco recuperado, não sendo
possível realizar a descrição. A partir de 127 a 115 cm há presença de areia fina de cor preto
acastanhado (5YR 2/1) (Figura 3.5). Os valores do perfil de raio gama oscilaram entre 13,51 e
18,15 API (Figura 3.6).
Entre 115 e 30 cm há uma mudança na coloração e na granulometria do sedimento, que
passa a ser areia média, moderadamente selecionada, com cor laranja muito pálido (10YR 8/2)
(Figura 3.5). Seus grãos são subarredondados, com esfericidade média a alta, cuja mineralogia
42
é em sua maioria quartzo com alguns grãos de ilmenita, epídoto, turmalina e monazita. O teor
de carbonato apresenta valores entre 6,97 e 7,87%, e o teor de matéria orgânica variou entre
0,73 e 2,00%. O perfil de raio gama apresentou valores entre 0,55 e 14,04 API (Figura 3.6).
Na profundidade de 30 cm até o topo do testemunho o sedimento grada de areia média
para areia fina, moderadamente selecionada, com coloração cinza amarelado (5Y 8/1) (Figura
3.5). Os grãos são subangulosos, com alta esfericidade, e a composição mineralógica é
predominada por quartzo, contendo também ilmenita, epídoto e monazita. Nesse intervalo os
teores de carbonato e de matéria orgânica são 7,15% e 0,81%, respectivamente. Os valores API
de raios gama variou entre 0,55 e 0,64 (Figura 3.6).
Figura 3.5 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI C.
43
Figura 3.6 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI C.
3.2 CPRI1
Esses testemunhos foram coletados na margem para o oceano do pontal arenoso e serão
descritos abaixo.
3.2.1 CPRI1 A
Esse testemunho possui 115 cm. De sua base até 95 cm o testemunho é composto por
areia muito fina, moderadamente selecionada, cor cinza escuro médio (N4) (Figura 3.7). O teor
de carbonato é de 14,57% e o teor de matéria orgânica fica em torno de 3,57%. O perfil de raio
gama nesse intervalo apresentou valores entre 8,84 e 34,73 API (Figura 3.10).
44
Figura 3.7 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 95 cm descrito para o testemunho CPrI 1 A.
Entre 95 e 30 cm a granulometria é areia fina, de cor cinza escuro médio (N4), com
algumas camadas de cor cinza claro médio (N6). A areia é muito bem selecionada a pobremente
selecionada, tendo o grau de selecionamento decrescendo em direção ao topo do testemunho.
Seus grãos apresentam uma esfericidade média a alta, sendo subarredondados a angulosos. Os
minerais presentes além do quartzo são monazita, epídoto, ilmenita e K-feldspato, com
fragmentos de conchas em alguns intervalos (Figura 3.8). O teor de carbonato de cálcio nesse
intervalo varia entre 15,46 e 22,52%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 2,04 e
7,26%, os valores do perfil de raio gama oscilaram entre 25,11 e 42,35 API (Figura 3.10).
45
Figura 3.8 – Fotografia mostrando o intervalo de 95 e 30 cm descrito para o testemunho CPrI1 A.
Na profundidade de 30 cm há um contato brusco, com mudança na cor do sedimento e
uma possível marca de carga. Até 10 cm tem-se areia fina de coloração marrom amarelado
pálido (10YR 6/2). Entre 10 cm e o topo do testemunho há sedimento na fração areia média a
grossa, pobremente selecionada, com grãos subarredondados, alta esfericidade, composta
principalmente por quartzo com apenas 2% de minerais pesados (que incluem monazita,
epídoto, ilmenita e turmalina) (Figura 3.9). O teor de carbonato de cálcio é de 7,87%, e o teor
de matéria orgânica 1,11%. Quanto ao perfil de raios gama o valor máximo da contagem total
de radiação gama medido foi de 41,81 API enquanto o valor mínimo foi de 25,45 API (Figura
3.10).
46
Figura 3.9 – Fotografia mostrando o intervalo entre 30 e 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 A.
Figura 3.10 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI 1 A.
47
3.2.2 CPRI1 B
O testemunho apresenta em sua base (125 cm) até 91 cm lama cor cinza escuro médio
(N4) intercalada com areia muito fina a fina, cor cinza claro médio (N6), moderadamente
selecionada (Figura 3.11). Os grãos são subangulosos, com baixa esfericidade. Além do quartzo
os minerais presentes são muscovita e ilmenita. O teor de carbonato de cálcio nesse intervalo
varia entre 18,41% e 22,52%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 2,45% e 6,06%.
Os valores de raio gama ficaram entre 22,87 e 30,72 API.
Da profundidade de 91 cm até 56 cm há sedimento na fração areia fina a média com
coloração cinza escuro (N3) (Figura 3.11), pobremente selecionada, com grãos
subarredondados, baixa esfericidade, composta principalmente por quartzo com monazita,
epídoto e ilmenita como minerais acessórios. O teor de carbonato de cálcio é de 23,55% e o
teor de matéria orgânica 9,04%. O perfil de raio gama apresenta valores entre 21,35 e 39,43
API (Figura 3.13).
Figura 3.11 – Fotografia mostrando os intervalos entre 125 e 56 cm descritos para o testemunho CPrI1 B.
48
A partir de 56 cm há uma mudança na cor do sedimento, que passa a ser cinza muito
claro (N8) (Figura 3.12). Nesse intervalo tem-se areia fina, moderadamente selecionada, com
grãos subarrendondados e alta esfericidade, sendo constituída principalmente de quartzo e
monazita, epídoto, turmalina e ilmenita como minerais acessórios. O teor de carbonato é o
menor registrado em todo o testemunho, sendo 5,33% e o teor de matéria orgânica cai para
1,94%. Esse sedimento na porção superior grada para areia fina a média, pobremente
selecionada, com grãos subarredondados, esfericidade média e composta predominantemente
por quartzo, contendo também monazita, epídoto e K-feldspato. Os teores de carbonato e de
matéria orgânica registrados foram 9,59% e 1,86%, respectivamente. Os valores de raio gama
desse intervalo são os maiores do testemunho, estando entre 34,52 e 55,89 API (Figura 3.13).
Figura 3.12 – Fotografia mostrando o intervalo de 56 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 B.
49
Figura 3.13 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 B.
3.2.3 CPRI1 C
O testemunho CPrI1 C possui 115 cm e é composto basicamente por sedimento de
granulometria areia fina (Figura 3.14), com algumas variações no grau de selecionamento. Em
sua base a areia fina, de cor cinza escuro (N3), é pobremente selecionada, destacando-se a
presença de 10,5% de areia muito grossa e 11,6% de silte. Os grãos são subangulosos com
esfericidade alta, e sua composição mineralógica é predominantemente por quartzo, com
ilmenita e K-feldspato como acessórios.
Indo em direção ao topo do testemunho, entre 73 e 38 cm, tem-se areia fina
moderadamente selecionada cor cinza escuro médio (N4) com intercalações de areia média cor
cinza claro médio (N6). A areia fina tem grãos subangulosos com esfericidade alta, e
constituída por quartzo, tendo ilmenita como mineral acessório. Entre 38 e 25 cm tem-se uma
maior quantidade de sedimento na fração areia muito fina. Os grãos são subangulosos com
50
esfericidade média, e sua composição mineralógica é dominada por quartzo, contendo também
ilmenita e epídoto.
Entre 115 e 25 cm os teores de carbonato de cálcio decrescem em direção ao topo,
apresentando valores entre 9,59 – 21,71% e 1,27 – 8,46%, respectivamente. Nesse intervalo os
valores do perfil de raios gama varia entre 21,83 e 108,24 API, com valores crescendo com o
aumento da profundidade (em direção à base do testemunho) (Figura 3.16).
Figura 3.14 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 25 cm descrito para o testemunho CPrI1 C.
A partir de 25 cm até a porção mais superficial do testemunho tem-se areia fina a média
e há uma mudança na coloração e no selecionamento, o contato entre os intervalos se dá maneira
inclinada. A areia possui cor cinza muito claro (N8), é pobremente selecionada, contendo
bioclastos e grãos siliciclásticos (em sua maioria quartzo, e também grãos de K-feldspato,
ilmenita, monazita, epídoto) subangulosos e esfericidade alta (Figura 3.15). Nesse intervalo
foram registrados os menores teores de carbonato e de matéria orgânica, que foram
respectivamente de 8,53% e 0,83%. O perfil de raios gama apresenta valores entre 22,48 e 44,13
API (Figura 3.16).
51
Figura 3.15 – Fotografia mostrando o intervalo entre 25 e 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 C.
Figura 3.16 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 C.
52
3.3 CPRI2
Os testemunhos desse grupo estão a oeste dos testemunhos CPrI1 e a norte dos CPrI3,
na também na margem para o oceano da ilha barreira.
3.3.1 CPRI2 A
Esse testemunho possui 120 cm, tendo em sua base areia muito fina a fina, de cor
marrom amarelado escuro (10YR 4/2) (Figura 3.17), moderadamente selecionada, cujo teor de
carbonato de cálcio fica em volta de 15,49% e o de matéria orgânica 1,48%. Os maiores valores
do perfil de raio gama são registados nesse intervalo (28,18 a 113,35 API) (Figura 3.19).
A partir de 95 cm o sedimento de granulometria areia fina, é moderadamente a bem
selecionado (Figura 3.17), com grãos subangulosos e baixa esfericidade. Sua composição
mineralógica envolve além de quartzo, minerais pesados (~3%) como epídoto, ilmenita,
estaurolita e cerca de 5% de bioclastos. Os teores de carbonato e de matéria orgânica variam
entre 1,45 - 10,22% e 1,57 - 8,21%, respectivamente. O perfil de raios gama apresentou valores
entre 3,51 e 26,39 API (Figura 3.19).
Figura 3.17 – Fotografia mostrando o intervalo entre 120 e 50 cm descrito para o testemunho CPrI2 A.
53
Em direção ao topo do testemunho tem-se uma transição gradual na granulometria do
sedimento, até a profundidade de 50 cm, que passa para areia muito fina a fina, com coloração
marrom amarelado pálido (10YR 6/2), pobremente selecionada, com grãos angulosos de
esfericidade média (Figura 3.18). A composição mineralógica é dominada por quartzo, tendo
também ilmenita, epídoto, K-feldspato, estaurolita e bioclastos. Os teores de carbonato e
matéria orgânica são, respectivamente, 10,20% e 0,84%. Os valores de raio gama variam 2,71
e 3,5 API (Figura 3.19).
Entre 30 cm e o topo, o testemunho apresenta areia fina a média, cor laranja muito pálido
(10YR 8/2), pobremente selecionada, com grãos angulosos e alta esfericidade, com cerca de
7% de bioclastos e além de quartzo minerais como ilmenita, epídoto, turmalina e k-feldspato
(Figura 3.18). Para esse intervalo os teores de carbonato de cálcio e de matéria orgânica os
valores não ultrapassaram 11,79% e 0,77%, respectivamente. O perfil de raios gama apresentou
valores entre 3,24 e 14,61 API (Figura 3.19).
Figura 3.18 – Fotografia mostrando os intervalos entre 50 e 0 cm descritos para o testemunho CPrI2 A.
54
Figura 3.19 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 A.
3.3.2 CPRI2 B
O testemunho CPrI2 B, com 145 cm, apresenta de sua base até 15 cm areia fina cor
cinza médio (N5), alternada com camadas de areia média, cuja cor é marrom amarelado pálido
(10YR 6/2) (Figura 3.20). Nesse intervalo, o grau de selecionamento varia de moderadamente
a bem selecionado. Seus grãos são angulosos a subangulosos, com esfericidade média a alta,
cuja composição, além do quartzo, inclui alguns bioclastos (4%) e minerais pesados como
turmalina, epídoto e ilmenita. O teor de carbonato de cálcio é bastante variável, exibindo valores
entre 1,36 e 13,33%, assim como o teor de matéria orgânica que teve valores entre 0,71 e 13%.
Nesse intervalo o perfil de raio gama apresenta valores entre 0,53 e 46,88 API (Figura 3.21).
De 15 cm até 5 cm tem-se a presença de areia média a grossa de coloração laranja muito
pálido (10YR 8/2) (Figura 3.20), pobremente selecionada, com grãos subangulosos e
esfericidade média, composta por bioclastos (4%), quartzo e outros minerais (5%) como
55
monazita, epídoto, turmalina, K-feldspato. Apresenta teores de carbonato e matéria orgânica de
0,77% e 19,52%, respectivamente, sendo o menor e o maior valor de todo o testemunho. Os
valores do perfil de raio gama variam de 1,27 a 6,95 API (Figura 3.21). Nos 5 cm finais tem-se
novamente areia fina.
Figura 3.20 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI2 B.
56
Figura 3.21 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 B.
3.3.3 CPRI2 C
De sua base (104 cm) até aproximadamente 25 cm, o testemunho é constituído por areia
fina, moderadamente selecionada, de coloração marrom amarelado escuro (10YR 4/2), com
grãos subangulosos de esfericidade média a alta (Figura 3.22). A composição mineralógica é
predominantemente quartzo, com alguns minerais pesados (<5%) como epídoto, turmalina,
monazita e ilmenita, e bioclastos (<10%). O teor de carbonato de cálcio nesse intervalo varia
entre 0,88 e 1,76%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 10,94 e 25,70%, os valores
do perfil de raio gama oscilam entre 0,37 e 10,24 API (Figura 3.24).
57
Figura 3.22 – Fotografia mostrando o intervalo de 104 a 25 cm descrito para o testemunho CPrI2 C.
De 25 cm até o topo, o sedimento é de granulometria areia grossa, pobremente
selecionado, e cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2). Os grãos são angulosos e tem uma
alta esfericidade. Quanto a composição, além do quartzo são observados alguns minerais
pesados, como monazita, turmalina, epídoto, ilmenita, e aproximadamente 20% de bioclastos,
sendo possível visualizar alguns fragmentos de conchas (Figura 3.23). Os teores de carbonato
e de matéria orgânica foram de 1,13% e 17,97%, respectivamente. Para esse intervalo o perfil
de raios gama teve como valor máximo da contagem total de radiação gama 9, 88 API e mínimo
de 0,98 API (Figura 3.24).
58
Figura 3.23 – Fotografia mostrando o intervalo de 25 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI2 C. Os círculos
pretos indicam fragmentos de conchas.
Figura 3.24 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 C.
59
3.4 CPRI3
Os testemunhos descritos nessa seção foram coletados na margem do rio Casqueira, na
retaguarda da ilha barreira.
3.4.1 CPRI3 A
Nesse testemunho, de sua base (125cm) até 81cm de profundidade, há sedimento de
granulometria areia média a grossa, cor marrom amarelado moderado (10YR 5/4) (Figura 3.25),
moderadamente selecionada, com grãos subangulosos e baixa esfericidade. Sua composição
envolve cerca de 11% de bioclastos e 89% de minerais siliciclásticos representados por quartzo
como mineral principal e aproximadamente 2% de epídoto. Esse intervalo contém alguns
fragmentos de raízes. O teor de carbonato de cálcio chegou ao seu valor máximo para esse
testemunho no intervalo entre 90 e 95cm, com um valor de 10,02%. O teor de matéria orgânica
apresentou valores entre 5,53% e 6,82%. O perfil de raio gama teve uma contagem total de
radiação gama entre 4,18 e 29,71 API (Figura 3.26).
Entre 81 e 75 cm há um nível de areia grossa cor laranja acinzentado (10YR 7/4). A
partir da profundidade de 75 cm até o topo, o sedimento apresenta-se homogêneo com
granulometria areia fina, moderada a bem selecionada, de coloração cinza amarelado (5Y 8/1)
(Figura 5). Os grãos são subangulosos a subarredondados, com esfericidade média a alta. Sua
composição envolve em sua maioria minerais siliciclásticos, com predomínio de quartzo, mas
com alguns minerais pesados como ilmenita, monazita, epídoto, magnetita e turmalina. Há
também alguns bioclastos. Nesse intervalo foram registrados valores entre 0,35% e 0,62% de
carbonato de cálcio e 2,86% e 8,25% de matéria orgânica. Os valores do perfil de raio gama
ficaram entre 0,53 e 8,67 API (Figura 3.26).
60
Figura 3.25 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI3 A.
Figura 3.26 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 A.
61
3.4.2 CPRI3 B
De sua base (93 cm) até a profundidade de 74 cm, o testemunho apresenta sedimento de
granulometria areia média, moderadamente selecionada, com coloração laranja acinzentado
(10YR 7/4), grãos subangulosos com esfericidade média. Na mineralogia, predomina o quartzo,
havendo alguns minerais pesados (~3%) como epídoto, monazita, ilmenita e turmalina (Figura
3.27). A partir de 74 cm há uma mudança na textura do sedimento, que passa a apresentar
granulometria areia grossa até a profundidade de 67 cm, destacando-se a presença de
fragmentos de concha ao longo de todo o intervalo (Figura 3.27). Entre 67 e 31 cm o sedimento
volta a apresentar características semelhantes às descritas anteriormente, contendo restos de
raízes em algumas partes do intervalo. O teor de carbonato de cálcio apresentou baixos valores
(0,39% e 0,47%), o teor de matéria orgânica foi de 3,67% e 5,18%. O perfil de raio gama desse
intervalo apresentou valores entre 0,66 e 59,29 API (Figura 3.29).
Figura 3.27 – Fotografia mostrando o intervalo de 93 a 31 cm descrito para o testemunho CPrI3 B.
62
A partir de 31 cm até 10 cm há presença de sedimento na fração areia fina a média, com
coloração cinza amarelado (5Y 8/1), contendo alguns restos de raízes (Figura 3.28). Por fim,
entre 10 cm e o topo tem-se areia fina, moderadamente selecionado, com grãos
subarredondados de alta esfericidade, em sua mineralogia destaca-se quartzo contendo alguns
grãos de estaurolita, epídoto e K-feldspato. Os teores de carbonato e matéria orgânica para esse
intervalo são respectivamente 0,59% e 3,25%. Os valores de raio gama apresentaram uma
pequena variação estando entre 0,52 e 0,55 API (Figura 3.29).
Figura 3.28 – Fotografia mostrando o intervalo de 31 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI3 B.
63
Figura 3.29 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 B.
3.4.3 CPRI3 C
O testemunho CPrI3 C apresenta, de 105 até 80 cm de profundidade, sedimento de
granulometria areia grossa, pobremente selecionado, com cor laranja acinzentado (10YR 7/4).
Os grãos são subangulosos e possuem uma alta esfericidade. Sua composição é de 86% de
minerais siliciclásticos (quartzo e por vezes K-feldspato e epídoto) e 14% de bioclastos, com
fragmentos de conchas por todo intervalo e destacando a presença conchas maiores entre 99 e
105 cm (Figura 3.30). O teor de carbonato de cálcio é 26,94%, e o teor de matéria orgânica
0,89%. Com relação ao perfil de raio gama os valores em API ficaram entre 0,63 e 15 (Figura
3.33).
Entre 80 e 70 cm encontra-se areia fina cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2). A
partir de 70 até 33 cm tem-se uma gradação de areia grossa para areia média, moderadamente
selecionada, de cor marrom amarelado (10YR 5/4) (Figura 3.31). Os grãos são subangulosos a
subarredondados com esfericidade média a alta, e constituídos predominantemente por quartzo
64
com alguns bioclastos e minerais como epídoto, monazita, k-feldspato, estaurolita e ilmenita.
O teor de carbonato variou entre 0,52 e 6,17%, e o teor de matéria orgânica ficou entre 0,47%
e 4,48%. Neste intervalo são registrados os maiores valores do perfil de raio gama (15,07 - 20,1
API) (Figura 3.33).
Figura 3.30 – Fotografia mostrando o intervalo entre 105 e 70 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.
Da profundidade de 33 cm até o topo do testemunho tem-se areia fina de cor cinza
amarelado (5Y 8/1), moderadamente selecionada, com grãos subangulares e alta esfericidade,
cuja composição envolve bioclastos (6%) e minerais siliciclásticos com minerais pesados (3%)
como epídoto, monazita, além de quartzo e K-feldspato (Figura 3.32). Os teores de carbonato
de cálcio e matéria orgânica para esse intervalo são respectivamente 1,18% e 4,11%. Os valores
do perfil de raio gama decrescem em direção ao topo do testemunho, com mínimo de 5,39 e
máximo de 16,55 API (Figura 3.33).
65
Figura 3.31 – Fotografia mostrando o intervalo entre 70 e 33 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.
Figura 3.32 – Fotografia mostrando o intervalo de 33 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.
66
Figura 3.33 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 C.
3.5 MATERIAL DA ESTRADA DE ACESSO
A análise do material recolhido da estrada de acesso ao Campo de Serra permitiu a
identificação de dois tipos de sedimentos: 1) um material siltítico – argiloso, friável,
ligeiramente avermelhado, que microscopicamente apresenta uma matriz de hidróxido de ferro
envolvendo fragmentos submilimétricos de quartzo (Figura 3.34 A); 2) um arenito fino a siltito,
com clastos milimétricos de quartzo anguloso (1-4mm), mal selecionados, e matriz argilosa
verde clara. Microscopicamente, é um arenito microconglomerático. Contém fragmentos
angulosos ou subarredondados de quartzo mono e policristalino, com quantidade razoável de
poros (30%), matriz fina argilosa, provavelmente de caolinita e hidróxidos de ferro (Figura 3.34
B).
67
Figura 3.34 – A) Feições microscópicas da amostra 1 sob polarizadores paralelos. Porções avermelhadas
correspondem hidróxidos de ferro. As partes brancas correspondem a grãos de quartzo; B) Feições
microscópicas da amostra 2 sob polarizadores paralelos. Grãos mono e policristalinos de quartzo aparecem com
cores claras e formas angulosas, imersos numa matriz fina, provavelmente argilosa, de tons castanhos claros.
Fonte: VITAL et al. (2018).
68
4. DISCUSSÕES
Analisando as características dos testemunhos foi possível aplicar a classificação de
sedimentos para a plataforma continental do nordeste brasileiro (Vital et al., 2005b, após
Larsonneur, 1977; Dias, 1996; Freire et al., 1997) usada em Vital (2008) para a definição das
fácies sedimentares (Tabela 4.1).
Tabela 4.1 - Classificação de sedimentos para a plataforma continental do nordeste brasileiro (Vital et
al. 2005b após Larsonneur 1977, Dias 1996 e Freire et al. 1997).
Fonte: Vital et al. (2008).
A partir da integração dos dados da descrição e análises químicas e morfoscópicas, foi
possível individualizar 4 fácies sedimentares ao longo dos 12 testemunhos analisados: areia
siliciclástica com grânulos e cascalho, areia siliciclástica, lama terrígena e marga arenosa.
A fácies areia siliciclástica com grânulos e cascalhos foi identificada apenas na parte
superior do testemunho CPrI2 C, nos 30 cm iniciais, sendo caracterizada por sedimento de
granulometria areia grossa, cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2), pobremente selecionado,
com presença de fragmentos de conchas. Os grãos siliciclásticos são angulosos e possuem uma
alta esfericidade. Nessa fácies o teor de carbonato de cálcio foi baixo (1,13%), e o teor de
matéria orgânica (17,97%) registrou um dos maiores valores dentre os testemunhos.
A fácies areia siliciclástica é a mais abundante, estando presente em todos os
testemunhos. Nessa fácies há uma grande variação das características dos sedimentos: a
granulometria dos sedimentos varia de areia muito fina a areia grossa, com grau de
selecionamento variando de muito bem a pobremente selecionado, os grãos são
subarredondados a subangulosos.Os teores de carbonato de cálcio variam de 0,35% a 26,94%,
e os teores de matéria orgânica entre 0,47% a 25,70%.
69
A fácies lama terrígena está presente nos testemunhos ARPrI, em profundidades
maiores que 1 metro, e em particular na porção mais superficial do testemunho ARPrI A. Nessa
fácies o sedimento apresenta granulometria areia fina, pobremente selecionada, com grãos
subarredondados. Os teores de carbonato são de 6,85 e 29,89%, e de matéria orgânica 9,34%.
A fácies marga arenosa foi identificada em alguns intervalos abaixo de 130 cm de
profundidade nos testemunhos ARPrI, estando intercalada com fácies lama terrígena e areia
siliciclástica. Nesses testemunhos essa fácies é caracterizada por sedimento de granulometria
areia muito fina a fina, moderadamente selecionada e teor de carbonato de cálcio de 32,36%.
Um resumo das características de cada fácies é apresentado na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 - Características e descrição das fácies identificadas.
Fácies /
Características
Areia Siliciclástica
com grânulos e
cascalho
Areia
Siliciclástica
Lama
Siliciclástica Marga Arenosa
Granulometria Areia grossa
Areia muito fina a
grossa Areia fina
Areia muito fina
a fina
Selecionamento Pobremente
selecionada
Muito bem a
pobremente
selecionada
Pobremente
selecionada
Moderadamente
selecionada
Arredondamento Anguloso
Subarredondado a
subanguloso Subarredondado -
Teor de
carbonato de
cálcio
1,13% 0,35% a 26,94% 6,85% e 29,89% 32,36%
Teor de matéria
orgânica 17,97% 0,47% a 25,70% 9,34% -
No ambiente de praia/ilha barreira, os processos de deposição são controlados pela ação
de ondas e correntes de maré, que atuam retrabalhando os sedimentos ao longo da costa. Dessa
forma, os materiais mais finos (silte/argila) são transportados em suspensão enquanto os mais
grossos são depositados, gerando um empilhamento arenoso, como observado nos testemunhos
descritos.
As características apresentadas pelos sedimentos presentes nos testemunhos estudados,
aliadas a dados bibliográficos e ao conhecimento acerca da localização das amostras,
permitiram caracterizar os depósitos originários dos sedimentos como depósitos de praia/ilha
barreira, canal e planície de maré. Dos 12 testemunhos estudados (4 áreas, sendo 3 testemunhos
em cada área) as discussões serão realizadas apresentado detalhadamente em figuras um
testemunho representativo de cada área.
70
Os testemunhos ARPrI foram coletados na chamada Barra do Cabeção, próxima ao
distrito de Diogo Lopes, a nordeste dos outros testemunhos estudados e fora da área de ação
antrópica. Esses testemunhos recuperaram material sedimentar até quase 2 metros de
profundidade. O perfil de raio gama mostra maiores valores na base do testemunho,
caracterizando a presença de sedimentos de granulometria mais fina. Em direção ao topo os
valores de raio gama caem, sendo indicativo de sedimentos mais grossos que na porção inferior;
esse padrão indica uma granocrescência ascendente, sugerindo um aumento da energia de
deposição.
O intervalo inferior dos testemunhos (da base até 110 cm) é constituído por areia muito
fina a fina, pobre a moderadamente selecionada, com quantidade significativa de sedimento na
fração silte (> 15%) e alguns níveis de areia média. Nesse trecho os teores de carbonato de
cálcio apresentam os maiores valores dentre todos os testemunhos (entre 22,18% e 32,36%).
Considerando esses aspectos e a localização dos testemunhos na retaguarda do pontal arenoso,
associou-se esse pacote a depósitos de planície de maré (Figura 4.1), uma vez que de acordo
com Bezerra (2009) esses depósitos ocorrem nas áreas abrigadas da energia da costa, e
correspondem a sedimentos constituídos basicamente por areia fina a silte, pobremente
selecionados e com alto teor de carbonato de cálcio e matéria orgânica.
Os 110 cm iniciais são compostos por areia fina pobre a moderadamente selecionada
nas porções superficiais, que grada para areia média moderadamente selecionada com o
aumento da profundidade. Esse intervalo foi interpretado como pertencente a depósito de praia
(Figura 4.1).
Os testemunhos CPrI1 estão localizados na margem voltada para o oceano da
extremidade leste do pontal arenoso. Esses testemunhos apresentam dois ciclos com
granocrescência ascendente, na qual o tamanho do grão aumenta gradualmente em direção ao
topo, indicando um aumento da energia no sistema durante a deposição de cada ciclo.
71
Figura 4.1 – Carta litoestratigráfica para o testemunho ARPrI A mostrando a integração dos dados de
testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas
deposicionais.
72
A parte superior dos testemunhos (do topo até aproximadamente de 30 a 50cm) é
composta por areia fina a média, que grada para areia média a grossa nas porções mais
superficiais, pobremente selecionada, com conteúdo significativo de bioclastos, foi relacionada
à zona de estirâncio de depósitos de praia (faixa de praia entre o nível máximo da maré alta e
mínimo de maré baixa) (Figura 4.2). Essa associação foi possível devido à compatibilidade das
características dos sedimentos dos testemunhos com a de sedimentos descritos anteriormente
por Bezerra (2009) para essa região. Segundo o autor retromencionado, os sedimentos dos
depósitos de praia são encontrados principalmente na zona de estirâncio, sendo constituídos por
areias inconsolidadas quartzosas com granulometria variando de fina até muito grossa, sendo
rica (> 5%) em bioclastos e, algumas vezes, em minerais pesados.
Nas porções intermediária e inferior, os testemunhos apresentam sedimento de
granulometria areia muito fina a fina, de coloração cinza escuro. É pobre a moderadamente
selecionado, com alguns intervalos contendo quantidades significativas de silte, além de
apresentar fragmentos de conchas. Em função dessas características, pode-se interpretar que a
deposição desse intervalo ocorreu em uma região protegida, como de planície de maré (Figura
4.2).
Os teores de carbonato e matéria orgânica apresentam a mesma tendência nos três
testemunhos desse grupo, com uma diminuição dos teores em direção ao topo dos testemunhos.
Os valores do teor de carbonato (5,33% a 23,55%) são maiores que os do teor de matéria
orgânica (0,93% a 9,04%).
Os testemunhos CPrI2 também se encontram na margem voltada para o oceano, na ilha
barreira a oeste dos testemunhos CPrI1. Os sedimentos descritos nesses testemunhos
apresentam granulometria variando de areia muito fina a areia grossa bem a pobremente
selecionada, com quantidades significativas de bioclastos principalmente nas porções mais
superiores (alcançando 20% no testemunho CPrI2 C).
73
Figura 4.2 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI1 B, mostrando a integração dos dados de
testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas
deposicionais.
Na base são encontrados os sedimentos mais finos por vezes intercalado com areia
média, o que indica uma alternância da energia deposicional. Em direção ao topo há uma
gradação para sedimentos mais grossos. Os teores de carbonato de cálcio e matéria orgânica
apresentam um perfil inverso. Nos intervalos onde os teores de carbonato apresentavam os
74
maiores valores, os teores de matéria orgânica eram os mais baixos e vice-versa. Com base nas
características granulométricas e composicionais foi possível associar a deposição dos
sedimentos descritos nesses testemunhos à zona de estirâncio do sistema praia/ilha barreira
(Figura 4.3).
Figura 4.3 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI2 B, mostrando a integração dos dados de
testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas
deposicionais.
75
Os testemunhos CPrI3 por sua vez estão localizados na retaguarda da ilha barreira, na
margem voltada para o rio Casqueira. Eles apresentam de maneira geral areia média a grossa
de coloração laranja acinzentado na base e porções intermediárias, que grada para areia fina de
cor cinza amarelado no intervalo mais superior do testemunho. A profundidade em que ocorre
a mudança de textura entre areia média/grossa para areia fina varia nos testemunhos. Os teores
de carbonato de cálcio foram os menores registrados entre todos os testemunhos, com exceção
do teor apresentado na porção basal do testemunho CPrI3 C (26,94%), onde se destaca também
a presença de uma valva inteira de um organismo.
Esses testemunhos apresentam um padrão diferente dos demais, com um afinamento
textural para o topo. Esse padrão é predominante em depósitos de canais sinuosos ou de maré
com uma diminuição para cima na velocidade do fluído dentro de um canal. As informações
aqui mencionadas juntamente com conhecimentos bibliográficos permitiram interpretar a
porção basal desses testemunhos como depósitos de canal de maré, enquanto a porção mais
fina, superior, apresentou características de depósito de praia (Figura 4.4).
Comparando o material dos testemunhos com aqueles da coletados na estrada de acesso,
não foram observadas correspondências. As características apresentadas pelos sedimentos
descritos nos testemunhos se assemelham às descrições de sedimentos típicos encontrados em
regiões de praia/ilha barreira. Soma-se a isso, a semelhança nas características encontradas entre
os testemunhos localizados na área possivelmente afetada pela erosão e transporte do material
de empréstimo, com as do testemunho coletado na área de referência, não atingida pela ação
antrópica. Pequenas variações são registradas, mas estas foram atribuídas a dinâmica costeira
da região, que é bastante intensa.
Dessa forma, é possível afirmar que não há contribuição significativa do material
erodido da estrada de acesso nas áreas próximas, reafirmando o que foi colocado por Mascena
(2020), que fez uma análise estatística dos sedimentos de área, e em seu trabalho afirmou que
não há indícios suficientes que comprovem a contaminação dos sedimentos da ilha barreira pelo
material oriundo da erosão do material de empréstimo utilizado na estrada.
76
Figura 4.4 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI3 A, mostrando a integração dos dados de
testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas
deposicionais.
77
5. CONCLUSÕES
A utilização da técnica de testemunhagem por vibração, associada a análises
granulométricas, teor de carbonato de cálcio e teor de matéria orgânica, além da perfilagem
desses testemunhos por sensores de raios gama, constitui uma ferramenta eficaz na
caracterização dos depósitos sedimentares não aflorantes em regiões de praia/ilha barreira.
A partir das análises realizadas nos sedimentos recuperados, foi possível caracterizar os
depósitos de praia/ilha barreira encontrados próximo a cidade de Macau/RN, reconhecendo nas
sequências recuperadas os depósitos de alguns subambientes encontrados em um sistema de
ilha barreira, como depósitos de praia/ilha barreira, canal e planície de maré.
Os testemunhos ARPrI, de maneira geral, apresentaram nas suas porções iniciais areia
fina pobre a moderadamente selecionada, gradando para areia média moderadamente
selecionada com o aumento da profundidade, o que levou a interpretar essa porção dos
testemunhos como pertencente a depósito de praia. Já no intervalo inferior até a base, os
testemunhos eram constituídos por areia muito fina a fina, pobre a moderadamente selecionada,
com quantidade significativa de sedimento na fração silte e alguns níveis de areia média. Essas
características, associadas à localização dos testemunhos na retaguarda do pontal arenoso,
permitiu associar esse pacote a depósitos de planície de maré.
Os testemunhos CPrI1 apresentam uma variação sutil e gradual dos sedimentos, com
um padrão de granocrescência ascendente, sendo constituídos de areia muito fina a grossa, com
teores de carbonato e matéria orgânica que diminuem em direção ao topo dos testemunhos. O
intervalo inicial, composto por areia fina a grossa pobremente selecionada, foi relacionado à
zona de estirâncio de depósitos de praia. Enquanto que a porção intermediária e inferior, com
areia muito fina a fina de coloração cinza escuro, pobre a moderadamente selecionado, foi
interpretado como depositada em uma região protegida, como de planície de maré.
Os testemunhos CPrI2 também apresentaram um padrão de granocrescência ascendente.
Sua granulometria variou de areia muito fina a areia grossa, sendo os sedimentos mais finos na
base, gradando para sedimentos mais grossos no topo. Essa sucessão arenosa foi associada a
deposição dos sedimentos na zona de estirâncio do sistema praia/ilha barreira.
Os testemunhos CPrI3, de maneira geral, possuem areia média a grossa na base e
porções intermediárias, gradando para areia fina na porção superior dos testemunhos. Com as
informações, foi possível interpretar a porção basal desses testemunhos como depósitos de
canal de maré, enquanto a porção mais fina, superior foi caracterizada como depósito de praia.
78
Com relação ao padrão de empilhamento, os testemunhos CPrI1 e CPrI2 apresentam
uma variação sutil e gradual, com um padrão de granocrescência ascendente, tendo em seu topo
material ligeiramente mais grosso que em sua base, enquanto isso, o testemunho CPrI3
apresenta um padrão inverso, com granodecrêscencia ascendente, contendo em sua base
sedimento de granulometria areia grossa, diminuindo para o topo, onde se tem areia fina.
Dentre os testemunhos de uma mesma área foram encontradas algumas variações na
distribuição granulométrica, de carbonato e matéria orgânica. Essas variações são
compreendidas como naturais e próprias de ambientes costeiros, nos quais a dinâmica de ondas,
correntes e marés que atuam na região são capazes de provocar pequenas mudanças de um
ponto para o outro. Os baixos valores de sedimentos finos indicam a alta energia do ambiente.
Os parâmetros avaliados não mostraram diferenças significativas entre os sedimentos
no entorno do Campo Serra e aqueles da área de referência, sem interferência antrópica, bem
como são diferentes do material utilizado na estrada.
79
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