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DISTRIBUIÇÃO DE Araucaria angustifolia (Bertol) Kuntze NA BACIA HIDROGRÁFICA
ÁGUA DAS BARRAS, NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO - PR
Fernando Henrique Villwock, Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
fernandovillwock@hotmail.com Elber Maycon Ribeiro, Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
elber_corinthians-timao@hotmail.com Ruy da Silva dos Reis, Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
ruysreis@hotmail.com
RESUMO: O estudo teve por objetivo a análise da distribuição da Araucaria angustifolia na bacia hidrográfica Água das Barras - Campo Mourão - PR. Sendo que o mesmo realizou a quantificação dos espécimes de araucária, também observou a fitossanidade e identificou o sexo dos indivíduos catalogados. O estudo da distribuição de Araucária é de grande importância, pois a mesma é umas das principais representantes da Floresta Ombrófila Mista, além de representar como um bioindicador de preservação da natureza, os estudos devem ocorrer no intuito de se adotar medidas adequadas a sua preservação e proliferação, já que na atualidade restam menos de 1% de sua área original. Na área foram catalogadas 130 espécimes de Araucária, sendo que a partir de um método estatístico de cada 10 indivíduos catalogados 1 era selecionado para verificação de fitossanidade, sexo, idade e medida de DAP. Palavras-chave: Distribuição. Araucária. Bacia Hidrográfica Água das Barras.
INTRODUÇÃO
A origem da A. angustifolia remonta há cerca de 200 milhões de anos, quando surgiram as
árvores primitivas com sementes sem frutos, as coníferas. Sendo que a espécie A. angustifolia é nativa
do Brasil e possui uma ampla área de distribuição (GURGEL et al., 1965).
A espécie destaca-se na paisagem por sua imponência e beleza, sendo que o espécime integra
a família Araucariaceae, sua ocorrência pode ser observada em alguns estados brasileiros, como Rio
de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A sua forma se apresenta de maneira inconfundível como é possível observar no quadro 1.a,
com uma altura que chega aos 50 metros, seu tronco tem como característica a linearidade com a
presença de uma casca rugosa e com grande espessura. Sendo que podem apresentar diferenciações em
suas características em virtude das condições de solo, competição e disponibilidade de luz.
Suas folhas, as acículas (Quadro de imagem 1.b) apresentam coloração verde escuro, com
ponta terminando em um espinho muito pungente, podendo chegar a 6 cm de comprimento por 1 cm
de largura.
As flores as masculinas são amentos ou cones cilíndricos com escamas coriáceas que
protegem os sacos de pólen, com comprimento variando de 10 a 22 cm e diâmetro entre 2 e 5 cm
(quadro de imagem 1.c), já as flores femininas são denominadas de estróbilos femininos (quadro de
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imagem 1.d) as quais são conhecidas popularmente como pinhas, que quando maduras assumem uma
forma esférica, com um diâmetro de cerca de 15 a 30 cm, e podem chegar a um peso de 5 kg.
Quadro de imagens 1: a) Araucaria angustifolia na fase adulta; b) característica das acículas; c) estróbilo
masculino; d) estróbilo feminino. Fonte: a), b), c), d) Aline Angeli.
A araucária interage intensamente com a fauna, que constitui um elemento muito importante
para a dispersão das sementes (ANGELI, 2003). Entre estes se destacam os roedores e as aves, que
realizam o papel de dispersar as sementes em um espaço maior, aumento assim a área de ocorrência
da mata de araucária.
Os pinheiros tiveram o domínio da paisagem da região Sul do Brasil, desde a última glaciação
até o final do século 19. Em consequência de ocupar extensas áreas, a sua exploração ocorreu de
forma extensiva, o que levou a mesma a entrar na lista oficial das espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção (BRASIL, 1992). Originalmente a ocorrência de A. angustifolia era de 20
milhões de hectares cobertos pela Floresta de Araucária, sendo que na atualidade restam apenas cerca
de 2% dessa área. O Estado do Paraná é considerado um dos principais responsáveis por esse
desmatamento em decorrência da quantidade de serrarias e o uso industrial (GURGEL FILHO, 1990).
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De acordo com a EMBRAPA (2010) é de grande importância o plantio dessa espécie para as
diversas finalidades, pois somente dessa forma será possível utilizá-la, sem comprometer o patrimônio
genético restante já tão ameaçado. A publicação eletrônica de mais esse sistema de produção insere o
pinheiro do Paraná no grupo de espécies que farão parte do processo de criação de uma agência de
informação sobre espécies florestais de importância socioeconômica e ambiental.
O Globo Rural (2012) ressaltou que a araucária chegou a ocupar metade do território paranaense e,
por isso, se tornou um dos símbolos do estado e ficou conhecida como o Pinheiro do Paraná, porém depois
de mais de um século de exploração restaram poucos exemplares de árvores, sendo que o desmatamento
ocorreu principalmente no início do século XX, com a instalação de grandes madeireiras e a necessidade de
criar áreas para implantação da agricultura.
A utilização de sua madeira por serrarias, principalmente no estado do Paraná, colocou esta
espécie na lista de plantas em extinção, hoje sua cobertura vegetal está reduzida à menos de 1% da
mata original (LUDWING, 2013). Na atualidade para normatizar o extrativismo de pinhão o Instituto
Ambiental do Paraná (IAP) por meio da Portaria nº 054 de 2008 na qual proíbe o abate de pinheiros
adultos portadores de pinha, também proíbe a derrubada de pinhas antes do dia 15 de abril.
O trabalho teve por objetivo realizar a quantificação das araucárias na bacia hidrográfica Água
das Barras, além de calcular a densidade, a fitossanidade e identificar o sexo dos indivíduos
catalogados.
O estudo da distribuição de Araucária é de grande importância, pois a mesma é umas das
principais representantes da Floresta Ombrófila Mista, além de representar como um bioindicador de
preservação da natureza, os estudos devem ocorrer no intuito de se adotar medidas adequadas a sua
preservação e proliferação, já que na atualidade restam menos de 1% de sua área original.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA
A Bacia Hidrográfica da Água das Barras (figura 1) está situada no município de Campo
Mourão, sendo um dos mais importantes mananciais de abastecimento de água para a cidade de
Campo Mourão (VILLWOCK, 2013) . Segundo IBGE (2010) o numero de habitantes do município de
Campo Mourão é de 87.194, sendo distribuída em uma área total de 758 Km².
De acordo com a classificação de Köppen a região apresenta clima subtropical úmido
mesotérmico (Cfa), caracterizado por verões frescos e geadas frequentes a cada 5 anos, com tendência
de concentração das chuvas nos meses de verão, sem estação seca definida, sendo que os índices
pluviométricos apresentam-se em média entre 1.400 mm e 1.500 mm por ano. A vegetação é composta
por Floresta Ombrófila Mista e Estacional Semidecidual, caracterizada pela presença de Araucárias
(RODERJAN et al. 2002).
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Figura1: Localização da Bacia Hidrográfica Água das Barras
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O solo da região Norte é predominante classificado como Nitossolo, ou seja, solo originado da
decomposição das rochas basálticas e que são conhecidos por sua cor avermelhada, grande
profundidade, pela porosidade, entre outros fatores que determinam e boa fertilidade natural
(YOKOO, 2009). Entretanto a Bacia Hidrográfica se encontra em uma área de transição entre uma
área de formação geomorfológica Arenítica com uma área de formação sedimentar basáltica, situado a
uma altitude média de 611 metros. Estando entre as coordenadas 24° 07’ 26” e 24° 03’ 30” de latitude
Sul e 52° 31’ 09” e 52° 26’ 18” de longitude Oeste. Apresenta orientação sudoeste – nordeste,
fazendo parte da Bacia Hidrográfica do Campo que por sua vez faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio
Mourão que tem seu exutorio na Bacia Hidrográfica do rio Ivaí (COLAVITE, 2008).
O uso do solo ocorre em maior proporção pela agricultura, que ocupa extensas áreas
destinadas à produção de cereais, apresentando também pequenas áreas de pastagem, destinadas a
produção pecuária e presença de áreas de reflorestamento com o intuito de extração de recursos
naturais. Ainda constata-se que a Bacia Hidrográfica do rio Água das Barras não apresenta grandes
aglomerações residências, pois se constata apenas com a sede das propriedades agrícolas.
A Bacia Hidrográfica Água das Barras tem sua montante localizada ao limite municipal de
Campo Mourão e Farol, sendo que nessa área observamos um divisor de água que divide as bacias do
rio Ivaí e Piquiri.
Como podemos observar na figura 1 a área de estudo apresenta vegetação ripária ao longo das
margens do rio, também notamos a presença de áreas de preservação permanente nas proximidades do
leito do corpo hídrico, sendo que ao analisarmos as áreas de vegetação concluímos que a mesma se
apresenta de maneira preservada e com alta densidade.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho está sendo realizado entre os meses de abril a novembro de 2014, serão
realizadas pesquisas em bibliografias e materiais sobre a Araucaria angustifolia.
Na pesquisa de campo que faremos na bacia hidrográfica Água das Barras, os indivíduos
serão analisados através da distribuição de cada espécime, com o uso de equipamento de GPS será
possível obter sua coordenada geográfica e sua elevação. O Diâmetro da Altura de Peito (DAP) será
obtido com o auxilio da fita métrica que medirá o perímetro de peito e de base, que posteriormente
será transformado em DAP.
A idade do indivíduo é considerada a partir de suas características: a fase jovem é
caracterizada pelos indivíduos apresentarem estrutura em forma de cone, as adultas apresentam galhos
somente na parte superior, sendo que na fase velha ela apresenta crescimento na parte inferior do
tronco.
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A fitossanidade pode ser classificada em ótima, boa e ruim, sendo que para tal classificação é
necessário que se leve em conta: apresenta ou não galhos secos, possui ataque por parasitas e se
possui galhos ou tronco em processo de deterioração. O sexo do indivíduo é definido através da
produção de estróbilo ou pinha, na árvore ou no chão, sendo que as não apresentarem as
características para determinação de sexo será considerado como indefinido.
A medida do diâmetro da altura de peito, diâmetros de base, fitossanidade, identificação de
idade e sexualidade, se realiza por meio do método de amostragem no qual de cada dez indivíduos
contabilizados é realizado o trabalho de medição em um indivíduo.
O material que utilizaremos será trena, papel, caneta, prancheta, máquina fotográfica e
aparelho de GPS.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante o trabalho realizado na Bacia Hidrográfica Água das Barras foram catalogadas cento
e trinta espécimes de Araucária, sendo que já foram realizadas a mensuração de cinco indivíduos, ou
seja, falta realizar a medida do diâmetro da altura de peito, diâmetros de base, fitossanidade,
identificação de idade e sexualidade em nove indivíduos.
A estimativa da idade consiste na observação de suas características: a fase jovem é
caracterizada pelos indivíduos apresentarem estrutura em forma de cone, as adultas apresentam galhos
somente na parte superior, sendo que na fase velha ela apresenta crescimento na parte inferior do
tronco. Cerca de 23% dos espécimes podem ser consideradas jovens, enquanto 62% como adultas e
15% como velhas (figura 2).
Figura 2: representação gráfica da idade das araucárias
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No que se refere a fitossanidade, a classificação é realizada com base nos seguintes aspectos:
apresenta ou não galhos secos, possui ataque por parasitas e se possui galhos ou tronco em processo de
deterioração. Sendo que 50% dos indivíduos apresentaram ótima condição fitossanitária, 25% boa e
25% apresentaram sanidade ruim. Notou-se durante o trabalho de campo uma situação que interfere
na situação fitossanitária do indivíduo, pois o mesmo se encontrava sufocado por cipós em seu tronco
e copa (Figura 3).
Figura 3: Fitossanidade das araucárias
O sexo do indivíduo é definido através da produção de estróbilo ou pinha, na árvore ou no
chão, sendo que as não apresentarem as características para determinação de sexo será considerado
como indefinido. A partir da classificação de sexo percebemos que 50% dos indivíduos não puderam
ser classificados, pois não foi possível encontrar vestígios de seus estróbilos no chão ou em sua copa,
sendo que os outros 50% foram classificados como masculinos. Já o diâmetro da altura de peito
(DAP) dos indivíduos da área de estudo ficaram entre 0,25 e 0,50 m.
Analisando o mapa da área de estudo (figura 4), percebe-se que a maioria dos indivíduos se
encontram próximo ao exutorio da bacia hidrográfica, tal fato pode ser explicado pela área conter um
solo com maior teor de argila, por se encontrar em uma área de transição de arenito para um solo
basáltico, ainda percebe-ser que a maior parte dos indivíduos se encontram em uma cota topográfica
que está situada dos 600 metros de altitude aos 560 metros de altitude em relação ao nível do mar.
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Figura 4: Localização das Arucárias na bacia hidrográfica Água das Barras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A significativa presença de Araucaria angustifolia se deve, principalmente, pela região ter
uma abrangência de pequenas propriedades rurais que realizam suas atividades de maneira que
favorece a preservação de pequenas áreas isoladas no meio da lavoura. Há uma preferência por solos
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úmidos, porém não é possivel visualizar araucárias em áreas que ocorrem o acumulo de água ou em
constante processo de circulação de água.
O presente estudo constatou que a especie apresentou grande número de indivíduos, porém
não é possivel descartar as medidas de educação ambiental e preservação.
REFERÊNCIAS ANGELI, A., STAPE, J. L. Araucaria angustifolia (Araucária) in: Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Atualizado em 22/10/2003. Disponível em: <http://www.ipef.br/identificacao/araucaria.angustifolia.asp}> Acessado em: 25/04/2014 BRASIL. Portaria nº. 06-N, de 15 de janeiro de 1992. Lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Diário Oficial (da República Federativa do Brasil), Brasília, 23 jan. 1992. P.870-872. COLAVITE, A. P. Cartografia Aplicada à Análise Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio do Campo - PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Planejamento e Gerenciamento Urbano e Rural) – Curso de Pós Graduação em Planejamento e Gerenciamento Urbano e Rural, Maringá, 2008. EMBRAPA. Cultivo da Araucária. Embrapa Florestas. Sistemas de Produção, 7 - 2 ª edição. ISSN 1678-8281 - Versão Eletrônica. Novembro de 2010.
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