Post on 16-Apr-2015
Dominique Bastos Sasaki
Dr. Eduardo HechtBrasília, 24 de fevereiro de 2010
www.paulomargotto.com.br
Deterioração súbita na função renal Incapacidade de manutenção da
homeostase hidroeletrolítica pelos rins Rápido acúmulo de produtos
nitrogenados, levando a azotemia progressiva
Ocorre em 2 a 3% das crianças admitidas em centros de tratamento terciário pediátrico e em até 8% dos lactentes em UTIN (Nelson, 2009)
Frequentemente a deterioração da função renal é acompanhada de oligúria (<1mL/kg/h em RN e <0,8mL/kg/h ou <240mL/m2/dia na criança maior)
Na IRA o volume urinário pode estar reduzido (IRA oligúrica), normal ou
aumentado (IRA não oligúrica)
Pré-renal
Intrínseca
Pós-renal
Redução efetiva de volume arterial circulante = perfusão renal inadequada = TFG diminuídaSem evidências de lesão renal. Causa de IRA mais frequente na pediatria.
Causas:-Desidratação-Hemorragia-Sepse-Hipoalbuminemia-Insuficiência cardíaca
-Se a causa da hipoperfusão for revertida há retorno da função renal. Se for sustentada, pode ocorrer lesão parenquimatosa renal intrínseca
Pré-renal
Intrínseca
Pós-renal
Ocorre lesão do parênquima renal.
Causas:-Glomerulonefrites
-Pós-infecciosa/pós-estreptocócica-Lúpus eritematoso-Púrpura de Henoch-Schönlein-Membranoproliferativa-Antimembrana basal glomerular
-Síndrome hemolítico urêmica (SHU)-Necrose tubular aguda (NTA)-Necrose cortical-Trombose da veia renal-Rabdomiólise-Nefrite intersticial aguda-Infiltração tumoral-Síndrome de lise tumoral
Pré-renal
Intrínseca
Pós-renal
Transtornos caracterizados por obstrução do trato urinário. Pico de incidência no 1o ano.
Causas:-Válvula de uretra posterior-Obstrução da junção ureteropélvica-Obstrução da junção ureterovesical-Ureterocele-Tumor-Urolitíase-Cistite hemorrágica-Bexiga neurogênica
Em geral o alívio da obstrução resulta na recuperação da função renal, exceto em pacientes com displasia renal associada ou obstrução prolongada ao trato urinário
Recém-nascido
Lactente Pré-escolar e escolar
- Desidratação- Hemorragia- Sepse- Asfixia perinatal- Trombose da veia renal e da artéria renal- Válvula de uretra posterior- Estenose de junção pieloureteral bilateral
- Gastrenterite aguda com desidratação grave- Necrose tubular aguda- Síndrome hemolítico-urêmica
-Glomerulonefrite aguda
Variam de acordo com a causa precipitante da IRA
Sinais de desidratação: mucosas secas, diminuição do turgor da pele, depressão de fontanela
Sinais de choque: taquicardia, hipotensão, perfusão periférica lentificada
Sinais de hipervolemia: hipertensão arterial, turgência jugular, estertores pulmonares, taquipnéia, edema periférico
Sinais de hipercalemia: sonolência, arritmia cardíaca, pulso lento e irregular
Taquipnéia: acidose metabólica, congestão pulmonar
Presença de massa abdominal, rins palpáveis ou bexiga distendida: podem sugerir processo obstrutivo
Sinais de hipocalcemia: cãimbras, contrações musculares, sinais de Chvostek e Trosseau, convulsão
Uremia: confusão mental, náuseas, vômitos, manifestações hemorrágicas
Exame dermatológico: lesões urticariformes (nefrite intersticial), púrpura palpável (púrpura de Henoch-Schönlein), impetigo (GNDA)
Exame articular: artralgia e artrite (vasculites)
SINAIS QUE LEVAM À SUSPEITA CLÍNICA INICIAL: OLIGÚRIA E EDEMA
EAS Hemograma Bioquímica Uréia, Creatinina Gasometria arterial Clearence de creatinina (fórmula de
Schwartz) ECG Rx de tórax: cardiomegalia e congestão
pulmonar (sobrecarga hídrica) US renal: hidronefrose e/ou hidroureter
(obstrução do trato urinário) Biópsia renal
Fórmula de Schwartz (clearence de creatinina estimado em mL/min/1,73m2)
Estatura (cm) X K Creatinina sérica
Valor de K:-RN pré-termo até 1 ano: 0,33-RN a termo até 1 ano: 0,45-Crianças e adolescentes: 0,55
Anemia dilucional ou hemolítica Leucopenia Trombocitopenia Hiponatremia dilucional Acidose metabólica Altas concentrações séricas de uréia,
creatinina, ácido úrico, fosfato, e potássio
Hipocalcemia (hiperfosfatemia)
Hipovolemia
NTA NIA Glomerulonefrite
Obstrução
Sedimento Pouco alterado
Cilindros granulosos largos, acastanhados
Leucócitos, eosinófilos, cilindros celulares
Eritrócitos, cilindros hemáticos
Pouco alterado ou hemorrágico
Proteína Nenhuma ou baixa
Nenhuma ou baixa
Mínima Aumentada >100mg/dL
Baixa
Na urinário (mEq/L)
<20 >30 >30 <20 <20 (aguda)>40 (alguns dias)
Osmolalidade
>400 <350 <350 >400 <350
FENa% <1 >1 Variável <1 <1 (aguda)>1 (alguns dias)
Monitorização do débito urinário (sonda vesical)
Controle de eletrólitos, uréia, creatinina, gasometria arterial
Se não houver sinais de hipervolemia = expansão de volume intravascular com 20 mL/kg
Pacientes hipovolêmicos geralmente urinam dentro de 2h, caso isso não
ocorra, pensar na possibilidade de IRA intrínseca ou pós-renal
Terapia diurética: deve ser considerada somente após a adequação do volume sanguíneo circulanteManitol (0,5 g/kg)Furosemida (1-4 mg/kg)
Restrição hídrica: fundamental se falha à prova diurética limite de 400 mL/m2/24h (perdas
insensíveis) + volume do débito urinário
Hiperpotassemia (>5,5 mEq/L)
O rim é responsável por aproximadamente 90% da excreção diária de K, os outros 10 % são perdidos no intestino e na pele
Causas: filtração glomerular reduzida, perda da secreção tubular, retardo no desenvolvimento de mecanismos extra-renais de excreção de K, acidose metabólica
Sintomas: mal-estar, náuseas, fraqueza muscular, arritmia cardíaca
Hiperpotassemia (>5,5 mEq/L)
Alteração em ECG mais precoce: ondas T pontiagudas
Alargamento do intervalo QRS
Depressão do segmento ST
Arritmias ventriculares
Parada cardíaca
Hiperpotassemia (>5,5 mEq/L)
Restrição de potássio de fontes exógenas
Resina de troca (Sorcal – sulfonato poliestireno de sódio): deve ser administrada via oral ou por enema de retenção na dose de 1g/kg.Espera-se a queda de cerca de 1 mEq/LPode ser repetida a cada 2hAtenção para a sobrecarga de sódio!!!
Se hiperpotassemia > 7 mEq/L :
Resina de troca Gluconato de cálcio 10% (1 mL/kg IV em
3-5min) Bicarbonato de sódio (1-2 mEq/kg IV em
5-10 min) Insulina regular (0,1 U/kg com solução
de glicose a 50% 1 mL/kg em 1h)
A hiperpotassemia persistente deve ser tratada através da
diálise
Hiponatremia (secundária à sobrecarga hídrica)
Restrição hídrica (durante a anúria, não administrar sódio!!!)
Reposição de sódio quando hiponatremia severa sintomática (na<120mEq/L), com NaCl 3% (1 mL = 0,5mEq) EV em 2 a 4 horas
Reposição de Na (mEq Na) = Na desejado (125) – Na encontrado X peso X 0,6
Hipocalcemia
Causas: hiperfosfatemia, deficiência de vitamina D, resistência à ação do PTH, hipoalbuminemia
Sintomas de hipocalcemia severa: tetania, convulsão, arritmia cardíaca
Na hipocalcemia sintomática: gluconato de cálcio 10% 2mL/kg EV em 10 minutos, podendo ser repetido a cada 6 horas. Manutenção de 2 a 4 mL/kg/dia.
Resposta inadequada ao tratamento pode ser devida à correção rápida da acidose metabólica (a alcalinização
promove ligação de cálcio a albumina com redução do cálcio ionizado)
Hipertensão arterial Causas: lesão renal primária ou sobrecarga
hídrica PA sistólica e/ou diastólica ≥ percentil 95
para idade Restrição hídrica e de sódio Drogas:
Hipertensão assintomática: Nifedipina 0,25 a 0,5 mg/kg/dose SL Anlodipina 0,05 a 0,2 mg/kg/dia hidralazina 0,2 mg/kg/dose (máximo 15mg) EV
Hipertensão grave sintomática: nitroprussiato de sódio 0,5 a 8 mcg/kg/min EV
Diálise (hipertensão refratária)
Acidose metabólica
Causas: redução na excreção renal de ácidos e da reabsorção tubular de HCO3
Correção com bicarbonato se pH ≤ 7,1 ou HCO3 <10mEq
NaHCO3 (mEq) = peso X 0,3 X (HCO3 desejado (15)– HCO3 encontrado), ou empiricamente 1 a 3 mEq/kg EV
Sobrecarga de volume com evidência de hipertensão e/ou edema pulmonar refratários à terapia diurética
Hiperpotassemia persistente Acidose metabólica grave que não
responde ao tratamento clínico Sintomas neurológicos (estado mental
alterado, convulsões) Uréia >180mg/dL (ou em casos de
elevação rápida) Desequilíbrio de cálcio/fósforo, com
tetania hipocalcêmica
A recuperação da função renal é excelente na IRA pré-renal e em pacientes com IRA não-oligúrica
Indicadores de mau prognóstico: oligúria, hipovolemia persistente, necessidade de diálise,coma, necessidade de ventilação mecânica
Espero que
ninguém tenha
dormido…
Condutas de urgência em pediatria. Barbosa, A.P., D’Elia,C. Ed. Atheneu
Terapia intensiva em pediatria. Piva, J. et al. Ed. Medsi, 4a ed.
Tratado de Pediatria, Nelson.
NOTA: do editor do site www.paulomargotto.com.br ,Dr. Paulo R.MargottoConsultem:
Injúria renal agudaAutor(es): Paulo R. Margotto. Márcia Pimentel