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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBI ENTE
URBANO
MARLY LOBATO MACIEL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA: uma análise sobre a prática pedagógica de docentes do ensino
fundamental na cidade de Belém/PA.
BELÉM-PARÁ 2012
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MARLY LOBATO MACIEL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA: uma análise sobre a prática pedagógica de docentes do ensino
fundamental na cidade de Belém/PA.
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia-UNAMA, na Linha Dinâmica Socioambiental Urbana, como requisito para a obtenção do título de Mestre no Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano. Orientador: Prof. Dr. Carlos Jorge Paixão.
BELÉM-PARÁ 2012
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MARLY LOBATO MACIEL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA: uma análise sobre a prática pedagógica de docentes do ensino
fundamental na cidade de Belém/PA.
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia-UNAMA, na Linha Dinâmica Socioambiental Urbana, como requisito para a obtenção do título de Mestre no Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano.
Banca Examinadora: __________________________________ Prof. __________________________________ Prof. __________________________________ Prof. Apresentado em: __ / __ / __ Conceito: ___________
BELÉM-PARÁ 2012
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À toda minha família que sempre me incentivou com apoio e carinho e a todos que acreditam em dias melhores para a humanidade.
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AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus pelo dom da vida, por conceder força e coragem para seguir a diante no enfrentamento dos desafios.
Agradeço a minha família que sempre esteve do meu lado com carinho e compreensão durante toda essa caminhada, amo vocês.
Ao Professor Dr. Carlos Jorge Paixão, por ter aceitado o desafio de orientar em tempo limitado a construção desta dissertação; com profissionalismo e dedicação.
À professora Waldenize do Socorro pelo apoio e amizade.
Aos meus amigos que sempre me incentivaram a continuar lutando pelos meus sonhos.
Aos professores do Mestrado de Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano pela dedicação e incentivo no conteúdo ministrado durante as aulas.
Aos Professores que fizeram parte da pesquisa por suas valiosas informações, que tornaram possível a efetivação da pesquisa.
À direção da Escola Emiliana Sarmento Professora Antônia Ferreira pelo acolhimento e contribuição com a pesquisa.
À Fundação Hospital de Clinicas Gaspar Vianna, na pessoa de Diretores, coordenadores e colegas de trabalho, pelo apoio, durante o período que precisei deixar a assistência para realizar a pesquisa.
À Ivanéia Silva da Secretaria do Mestrado de Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da UNAMA, pelo apoio técnico.
À Professora Eugênia Cabral pela atenção e orientação no processo da pesquisa.
Ao Professor Doutor Marco Aurélio Arbage Lobo pela compreensão e apoio nos momentos de dificuldades.
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Cortar o tempo Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente. Carlos Drummond de Andrade
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RESUMO
O estudo procurou analisar a relação entre a programação voltada à Educação Ambiental (EA) que é desenvolvida na Escola de Ensino Fundamental e a influência na qualidade de vida de docentes que vivenciam esses conceitos e metodologias em suas Práticas Pedagógicas. O Problema central desta pesquisa pode ser traduzido na seguinte questão: até que ponto as ações desenvolvidas por docentes de Ensino Fundamental em torno de conceitos e metodologias relacionadas à EA influenciam na qualidade de vida urbana desses sujeitos? A educação ambiental é entendida neste trabalho como: a educação sendo uma prática social cujo fim é o aprimoramento humano naquilo que pode ser apreendido e recriado a partir dos diferentes saberes existentes em uma cultura, de acordo com as necessidades e exigências de uma sociedade. Aqui a educação atua na vida humana no seu desenvolvimento humano, tecnológico e cultural. A educação não é apenas uma reprodutora de padrão social, ela também atua na atividade reflexiva que tal padrão pode trazer a vida e ao ambiente dos sujeitos. O conceito de qualidade de vida que tomamos como referência diz respeito: segundo a Organização Mundial da Saúde que define Qualidade de Vida (QV) como as percepções do indivíduo de sua inserção nos sistemas de cultura e de valores em que vive em relação a suas perspectivas pessoais. Como trata de um conceito amplo considerou-se o que valoriza a interação entre sociedade e ambiente, suas necessidades biológicas, psíquicas e sociais inerentes e/ou adquiridas. Não, separa do comportamento do indivíduo e da sociedade. A opção metodológica da abordagem qualitativa de pesquisa. Os procedimentos metodológicos constam com: Pesquisa Bibliográfica para embasar a parte dos fundamentos teórico-conceituais do estudo e Pesquisa de campo, composta por entrevista semi-estruturada, descrição detalhada do ambiente na forma etnográfica. Os dados de Campo serão tratados e organizados em categorias para fins de análise. Procurou-se traçar um perfil dos sujeitos e comprovou que são envolvidos em práticas pedagógicas relacionadas à educação ambiental e sofrem influências e buscam melhorias em sua qualidade de vida urbana. Palavras-Chave: Educação Ambiental. Qualidade de Vida. Prática Pedagógica. Docentes do Ensino Fundamental.
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ABSTRACT
The study aims to analyze the relationship between program aimed at environmental education (EE) that is developed in the Elementary School and the influences on quality of life of teachers who experience these concepts and methodologies in their teaching practices. The problem of this research can be translated into the following question: to what extent the actions taken by teachers of elementary school around concepts and methodologies related to the EA influence the quality of life of these subjects? Environmental education is understood here as: education is a social practice whose purpose is to improve human what can be learned and recreated from the existing knowledge in a different culture, according to the needs and demands of a society. Here education acts in human life in its human development, technological and cultural. Education is not just a reproducer of the social pattern, it also operates in the reflective activity that such a pattern can bring life and environment of the subjects. The concept of quality of life that we refer concerns: according to World Health Organization that defines the Quality of Life (QOL) as the individual's perceptions of participation in systems of culture and values in which they live about their personal perspectives. How is a broad concept, we considered the concept, which enhances the interaction between society and the environment, their biological, psychological and social inherent and / or acquired. No, separates QOL of individual behavior and society. The methodology is based on the principles, methodology and techniques which are part of a qualitative approach. The methodological procedures shall include: Bibliographic Search to base part of the theoretical and conceptual study and field research, consisting of semi-structured, detailed description of the environment as ethnographic. Field data will be processed and organized into categories for analysis. We intend to demonstrate that subjects who are involved in teaching practices related to environmental education are influenced as to improve their quality of life. Keywords: Environmental Education. Quality of Life. Pedagogical Practice. Teachers in elementary school.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Escola EMILIANA SARMENTO FERREIRA 47 FIGURA 2 - Entrada da Escola EMILIANA SARMENTO FERREIRA 47 FIGURA 3 - Área Interna da Escola 54 FIGURA 4 - Vídeo da Área Interna da Escola 55 FIGURA 5 - Quadro de Aviso na Entrada da Escola 59 DESENHO 1: Representação da cidade e o lixo nas ruas 60 DESENHO 2: Representação a falta de educação e o lixo nas ruas 60 DESENHO 3: Representação do lixo pelas ruas da cidade 61 DESENHO 4: Representação da preocupação com a coleta seletiva 61 DESENHO 5: Representação do desperdício de água ao usar pia 62 DESENHO 6: Representação da poluição dos canais na cidade 67 DESENHO 7: Representação da poluição nos rios 67 DESENHO 8: Representação da preocupação com o futuro do planeta 68 DESENHO 9: Representação da preocupação com o planeta da construção
civil
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Demonstrativo da faixa etária para perfil do professor 19 TABELA 2 - Demonstrativo do grau de instrução 19 TABELA 3 - Demonstrativo do gênero 19 TABELA 4 - Demonstrativo do estado civil 20 TABELA 5 - Demonstrativo da raça 20 TABELA 6 - Demonstrativo da religião 21 TABELA 7 - Demonstrativo da carga horária de trabalho 21 TABELA 8 - Demonstrativo de bairros onde moram os sujeitos da pesquisa 27 TABELA 9 - Demonstrativo do conceito dado à educação ambiental pelos sujeitos
da pesquisa
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SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 2. GÊNESE DO PROBLEMA DE PESQUISA 13 2.1. COMO TRABALHAR AS QUESTÕES AMBIENTAIS NA ESCOLA 13 2.2. CAMINHOS DA PESQUISA 16 2.3. PERFIL DOS SUJEITOS 18 3. QUADRO TEÓRICO 22 3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ESPAÇO URBANO E PROBLEMAS SÓCIO-
AMBIENTAIS
22 3.2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA 28 3.3 RELAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA URBANA NA SOCIEDADE
ATUAL 36
3.4 PRÁTICA DOCENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 38 4. RELAÇÃO DA SOCIEDADE, CIDADANIA E QUALIDADE DE V IDA
URBANA
42 4.1. UM OLHAR SOBRE A ESCOLA (LOCAL DA PESQUISA), AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS E SEUS PRINCIPAIS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
46 4.2. REFLEXÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO MEIO AMBIENTE E
QUALIDADE DE VIDA URBANA
69 4.3. RESULTADOS E DISCUSÃO: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL À
CONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA REFLEXIVA NO MEIO URBANO
73 4.3.1. Questões Socioambientais Dos Professores 74
4.3.1.1. Faixa Etária dos professores 74
4.3.1.2. Escolaridade dos professores 74
4.3.1.3. Bairro que residem os professores 75
4.3.2. Atitudes dos Professores 75
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 80 REFERÊNCIAS 82 APÊNDICE 01 88 APÊNDICE 02 89
ANEXO 01 ANEXO 02
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este estudo, entre outras questões, busca compreender e contribuir para a melhoria da
qualidade de vida urbana de forma sustentável, pelo estudo de temas envolvendo educação
ambiental e suas conexões que é desenvolvida por meio de práticas pedagógicas no ensino
fundamental e a relação dos conceitos e metodologias com a vida diária dos professores como
profissionais e cidadãos que habitam a Cidade. .
Refletir sobre mudança de atitude é notório no mundo nos dias de hoje, pois, para
obter garantias de melhorias na qualidade de vida urbana, pelas dificuldades hoje com
mobilidade, transportes, cuidados com resíduos, consumo acelerado e desperdício de água
potável e energia.
As mudanças começam nos cuidados em casa e na escola, pois cada um fazendo a sua
parte pode-se prevenir os problemas que ganham volume por conta do acúmulo de lixo, que é
um dos problemas que ganha um maior destaque e visibilidade nas zonas urbanizadas das
cidades, e encontrar formas de proteger as riquezas naturais e melhorar a convivência entre os
seres humanos nos centros urbanos.
O estudo do espaço urbano é objeto de reflexão da Escola de Chicago, onde são
apontadas as características do crescimento e da preocupação com o planejamento da cidade e
no incentivo por geração de estratégias que fortaleçam as relações humanizadas na Cidade.
O meio urbano, com suas características de crescimento acelerado e desordenado, é
motivo de estudo desta dissertação pela preocupação com qualidade de vida e a preservação
ambiental com investimento na educação ambiental como alternativa e estratégia de alcançar
o envolvimento de pessoas que direta ou indiretamente lidam com conceitos relacionados à
questão ambiental e por esse motivo, agentes em potencial dessa mudança de mentalidade no
sentido de cuidar da cidade e de sua sustentabilidade.
Buscar o desenvolvimento urbano e não apenas crescimento, pois o primeiro procura
se preocupar com desenvolvimento econômico e social e o segundo apenas considera as
demarcações do modelo de crescimento financeiro da Cidade, então, é necessário repensar o
conceito de sustentabilidade na busca de superar a crise contemporânea do meio ambiente.
(PAIXÃO; THOMAS, 2009)
Para Caldeira (2002), o abandono da vida pública pelo modelo econômico de base
neoliberal, gera uma mudança do conteúdo e do significado da expressão "bem comum",
processo que poderia ser visto como inerente ao desenvolvimento da sociabilidade moderna,
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ocorrem nas metrópoles brasileiras, de forma peculiar. Como pela indiferença e pelo
afastamento de questões substanciais relacionados à vida cívica e política da cidade. Por
outro, pelo pouco valor e reconhecimento atribuídos a algumas demandas sociais e seus
movimentos em torno de questões básicas, como a educação e o meio ambiente, e outras
questões ligadas à vida urbana, a busca por abrigo e alimento, e a saúde, questões
fundamentais processo de socialização (formação de identidade) da população por meio de
estratégias coordenadas pelo setor público para os problemas urbanos.
Para que a indiferença e o afastamento não sejam a única escolha do cidadão diante da
situação atual nas cidades e comunidades diante dos graves problemas sociais e ambientais
ocorridos no País e no Mundo, destacamos o trabalho em torno da educação ambiental como
uma possibilidade de reflexão e ação de conceitos que sirvam de base à prevenção e defesa do
meio ambiente urbano para que se estabeleça um sentido de melhoria qualidade de vida, uma
evolução de ações de sustentabilidade como exercício da cidadania.
No contexto de uma sociedade que apresenta grandes avanços tecnológicos,
crescimento urbano, grande consumo e acúmulo de resíduos, gerar enfrentamentos e formas
pedagógicas na direção de solucionar ou minimizar impactos desse modelo tradicional de
desenvolvimento que ampliam a extensão e a densidade dos problemas ambientais e sociais
no local e planeta como um todo. Neste sentido o debate e as ações pedagógicas em torno da
educação ambiental, seguem em busca da conscientização para uma reestruturação do
comportamento social e, assim, criar alternativas de preservação ambiental e adotar modelos
com base mais sustentáveis para a vida na cidade.
Este trabalho disserta sobre as conexões entre a prática de professores, os conceitos
que estes estão trabalhando no cotidiano do processo de escolarização e a ação desses sujeitos
como “gente da cidade”, que vivencia o progresso e o retrocesso das ações humanas dentro da
cidade, o meio, onde circulamos, trabalhamos e construímos nossas vidas com qualidade ou
sem qualidade. Para tanto, examinamos o desenvolvimento da prática docente em educação
ambiental em sala de aula, onde são utilizados conceitos e metodologias relacionados à
educação e meio ambiente, buscando comprovar se os professores aplicam esse conhecimento
em seu cotidiano em espaços não escolares.
Partimos da suposição de que o domínio conceitual por parte dos Professores sobre
Educação Ambiental influencia na atitude ambientalmente correta desdobrando-se em ações
que qualificam a vida desses sujeitos por dentro do ambiente social da cidade.
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2. GÊNESE DO PROBLEMA DE PESQUISA
2.1. COMO TRABALHAR AS QUESTÕES AMBIENTAIS NA ESCOLA
Após uma das aulas de Educação Ambiental, onde estudamos e discutimos a
epistemologia ambiental a partir dos estudos de H. Leff, surgiu uma reflexão inicial sobre os
sujeitos que estudam e ensinam temas relativos ao meio ambiente – até que ponto os
professores vivenciam o que vem lecionando aos seus alunos no tempo e espaço da escola?
Essa primeira indagação foi nosso ponto de partida para tentar investigar essa situação por
meio da observação e análise da prática docente em uma escola da Cidade de Belém.
Para Leff (2002), a epistemologia ambiental, mais que um projeto com a finalidade
apreender um objeto do conhecimento, é um trajeto para chegar a saber o que é o ambiente,
esse estranho objeto do desejo de saber que emerge do campo de externalidade e de
extermínio para o qual foi enviado, expulso do logocentrismo e do círculo da racionalidade
das ciências.O ambiente não é a ecologia, mais a complexidade do mundo; é um saber sobre
as formas de apropriação do mundo e da natureza através das relações de poder que se
inscreveram nas formas dominantes do conhecimento. A partir daí, abre-se o caminho que
seguimos para delinear, compreender, internalizar e finalmente dar seu lugar – seu nome
próprio - à complexidade ambiental.
A relação entre o conhecimento ambiental trabalhado na disciplina educação
ambiental e a atitude de professores diante dos problemas e questões em torno do meio onde
vivemos pode gerar um modo de vida que ganha qualidade pelo domínio dos conceitos e de
formas de sua aplicação na direção da mudança social em função das temáticas ambientais e
das ciências que servem de suporte a esse campo.
As ciências não apreendem diretamente as coisas empíricas, mas estabelecem
paradigmas teóricos que permitem dar conta das relações fundamentais entre os processos que
constituem seus diferentes objetos do conhecimento. O conceito não é um significante como
os outros, e o efeito de conhecimento do real que produz sua articulação com os demais
conceitos que constituem uma teoria científica diferem dos efeitos de sentido que surgem da
articulação de significantes no discurso inconsciente ou no discurso ideológico. E não porque
a ciência seja externa a ideologia, mas sim pela relação específica da articulação conceitual
com o real por meio do objeto de conhecimento de uma ciência (LEFF, 2002).
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Então, existe uma tendência de se articular o conhecimento que é trabalhado em uma
disciplina ou uma área do conhecimento com as ações concretas na vida cotidiana dos
professores, que são os mediadores de conceitos em seu trabalho pedagógico.
No ano de 1997, surgem os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Fundamental, pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), documento sobre os
conteúdos das diversas disciplinas a serem trabalhadas nas escolas.
A questão do meio ambiente ganha destaque a partir da proposta dos PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais) seria dar novo direcionamento na relação ensino-aprendizagem,
propondo aos alunos o exercício de cidadania com base na Constituição Federal (1988) em
seu art. 205, a educação visa ao pleno desenvolvimento da pessoa e incentivo ao exercício da
cidadania.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da questão ambiental consistem em um
guia de orientações metodológicas desenvolvido para formação de educadores, além de
projetos e programas que visam a construir um processo permanente de educação ambiental
nas escolas e comunidades de todo Brasil segundo Pontes, Cruz e Mello (2007) e Trajber
(2007).
No ano de 1997 a proposta dos PCN concentrou suas orientações no 1º e 2º ciclos de
ensino (1ª a 4ª séries), mas a partir do ano de 1998 neste documento foram ampliados e
contemplaram o 3º e 4º ciclos (5ª a 8ª séries). O ensino fundamental foi todo englobado pela
proposta dos PCN.
Segundo o MEC, sete temas transversais como: Meio Ambiente, Ética, Saúde,
Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, Consumo e Trabalho, além da possibilidade das
escolas elegerem temas importantes para suas realidades (BRASIL, 2005, p.26).
Para o MEC (BRASIL 2005), os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental estabelecem uma meta educacional com ações políticas do Ministério da
Educação e Desporto, incluindo projetos ligados: à sua competência na formação inicial e
continuada de professores, à análise e compra de livros e outros materiais didáticos e à
avaliação nacional. Além de subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e
Municípios, dando incentivo à discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de
projetos educativos e também reflexão para a prática de professores.
Os temas transversais propostos pelo MEC têm como objetivo aproximar da realidade
dos alunos o conhecimento escolar, possibilitando alunos e professores tratarem de questões
comuns do cotidiano nas diversas áreas do conhecimento como as questões ambientais.
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Embora os PCN tenham um caráter propositivo, de não-obrigatoriedade, o documento
aponta alguns caminhos que o trabalho do docente pode seguir no que se refere à abordagem
do tema, que, aliás, recebeu um olhar diferenciado dos órgãos oficiais a partir dos Parâmetros,
considerados a primeira ação concreta do governo federal para a implantação de uma
Educação Ambiental (EA) na rede pública de ensino.
Esse trilhar, conforme essas orientações, perpassa pelo tripé participação, co-
responsabilidade e solidariedade a fim de que a comunidade escolar possa atuar com o
objetivo de assegurar um ambiente escolar limpo; ações de práticas orgânicas na agricultura; a
participação em campanhas educativas e, ainda, o respeito ao meio ambiente e às pessoas da
comunidade (BRASIL, MEC, PCN, 1998, p.201/202).
Com isso, a meta é criar, a partir dos conteúdos abordados, uma postura participativa
(...), a sensibilização e motivação para um envolvimento afetivo (BRASIL, MEC, PCN’,
1998, p.202). “Atividades como a realização de excursões, criação de viveiros de mudas e
hortas comunitárias, participação em debates (...) possibilitam um trabalho mais integrado,
com maior envolvimento de alunos e a participação no espaço social mais amplo no que se
refere à solução de problemas ambientais” (BRASIL, MEC, PCN, 1998, p. 193).
Por essa lógica, em uma escola, todos podem se empenhar para manter o espaço
escolar bem cuidado e/ou tentar interferir em um problema ambiental que ocorre no bairro,
numa ação em conjunto com a comunidade e, ainda, mobilizando o poder público. Os
conselhos escolares também assumem um papel fundamental nesse contexto, uma vez que um
dos objetivos do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares é “ampliar a
participação das comunidades escolar e local na gestão administrativa, financeira e
pedagógica das escolas públicas” (Art 1º, parágrafo 1).
Para Silva (1999) a escola e os currículos devem ser espaços onde os alunos tenham
oportunidade de exercício de cidadania. Pois o currículo escolar pode ser veículo de interação
entre os atores sociais e inspiração do saber para atender as demandas do contexto social.
De acordo com linha de pesquisa criada pelo Mestrado de Desenvolvimento e Meio
Ambiente Urbano, da Universidade da Amazônia, busca como tema o Meio Ambiente, com
uma abordagem na escola de contribuir com a formação de cidadãos conscientes, realizando
reflexões sobre realidades socioambientais, para buscar a melhoria da qualidade de vida
urbana.
A pesquisa neste sentido pretende proporcionar esta reflexão a partir do trabalho de
professores com objetivo de serem multiplicadores deste conhecimento aos alunos em sala de
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aula, pois a reflexão sobre o Meio Ambiente possibilita conhecer e atuar de forma crítica e
consciente em sua realidade socioambiental.
O trabalho em torno da educação ambiental parte das referências estabelecidas no
projeto pedagógico da escola a partir dos PCN/ Meio Ambiente, pretende-se examinar como
estão ocorrendo na rede de ensino estadual, surge o seguinte problema de pesquisa: Até que
ponto as práticas pedagógicas na área do Meio Ambiente desenvolvidas em uma escola
estadual de Belém tem ocorrido em prol de promover a interação dos sujeitos com o espaço
urbano em que estão inseridos, na busca de melhorar a qualidade de vida urbana, pela
mudança de atitude diante da realidade socioambiental?
2.2. CAMINHOS DA PESQUISA
O objetivo de realizar a pesquisa a qual se apresenta foi “observar como os professores
sofrem influência pelas práticas pedagógicas da educação ambiental”, mas para defini-lo tive
que realizar uma longa e reflexiva caminhada.
A investigação foi realizada com base de pressupostos teóricos da abordagem
qualitativa a qual permeia minha prática profissional como terapeuta ocupacional na área da
saúde mental, com vista na qualidade de vida e envolvida com ensino e aprendizagem e
pesquisa por conta do Mestrado de Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da UNAMA e
da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna em Belém/PA.
A opção foi por uma pesquisa qualitativa, pois nem tudo pode ser quantificado e exige
do pesquisador uma relação dinâmica com o contexto onde o objeto de estudo está inserido,
como afirma Chizzotti (2006, p.79), que em uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, há uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, além de cria um vínculo
indissolúvel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.
A pesquisa qualitativa usa o universo de significados, motivos, valores e atitudes entre
outros, caracteriza a profundidade das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à ação de variáveis.
Para construção dos caminhos da pesquisa partiu-se de um referencial de análise
crítico-dialético voltado à compreensão da cidadania, da ética e da educação e com ênfase nos
princípios da abordagem qualitativa para a construção e análise dos dados.
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Na fase inicial da pesquisa de campo realizamos uma sondagem com cinco perguntas
fez-se um ensaio com professores que não participaram do grupo envolvido na pesquisa antes
de serem aplicadas com os sujeitos escolhidos.
O público-alvo abordado para a realização da pesquisa foram professores do ensino
fundamental da escola estadual visitada. Eles foram escolhidos para saber se possuem hábitos
responsáveis, pois, assim, estariam mais comprometidos com a condução do projeto político
pedagógico e de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, co-responsáveis pela
abordagem do tema Meio Ambiente no âmbito escolar e, os principais facilitadores do
processo de interdisciplinaridade dentro da escola.
A escola estadual Emiliana Sarmento Ferreira foi selecionada por esta localizada na
rua Marquês de Herval, a que foi considerada via-parque na cidade de Belém e por ser uma
escola de ensino fundamental.
Os sujeitos da pesquisa foram dez professores que atuam no ensino fundamental que
ministram disciplinas como educação física, matemática, português, ciências, geografia e
educação artística; relacionados com a educação ambiental pelos temas transversais e que se
dispuseram participar do estudo.
Inicialmente pensou-se em fazer um estudo comparativo com duas escolas, mas em
função de greve enfrentada pelos professores no ano de 2011, causando alguns entraves
durante a pesquisa de campo motivo que contribuiu para redução para uma escola e
diminuindo número de professores para dez. Utilizando como instrumentos de coleta de dados
entrevista semiestruturada e a observação. Incluso na entrevista um item solicita do sujeito da
pesquisa um desenho relacionado a um problema sócio ambiental.
A entrevista, segundo Marconi e Lakatos (2002), é um encontro entre duas pessoas, a
fim de uma delas obtenha informações a respeito de um assunto específico, mediante de uma
conservação profissional. É um procedimento para obter coletas dos dados ou para ajudar no
diagnóstico ou no tratamento de um problema social.
O desenho como atividade expressiva propicia, portanto, a objetivação do ano mais
interno, profundo e oculto do pensamento. Partindo desta tese, pode-se introduzir o
pressuposto de que o desenho, acompanhado da linguagem oral no momento de sua produção,
pode se transformar em um meio de nos aproximarmos da trama afetivo-volitiva oculta atrás
do pensamento. Trama esta apontada por Vygotski (1993) no final do livro Pensamento e
Linguagem.
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Portanto, é este plano mais interno, o dos sentidos que condensam emoções,
necessidades, interesses e motivos, que, por meio da atividade expressiva e da linguagem,
pode ser objetivado, integrando as experiências no plano da consciência.
Então, o desenho — enquanto atividade ligada à imaginação —, definido com base na
concepção histórico-cultural, é uma atividade complexa, constituída na inter-relação com as
outras funções psicológicas, como a percepção, a atenção e a memória (funções superiores),
mediada pela linguagem, por signos e pelo outro. Neste universo da fantasia temos um
produto social, o desenho, resultante de um processo de apropriação do seu ambiente cultural.
O desenho externaliza sua realidade conceituada, isto é, os objetos que retrata em seu desenho
não são apenas objetos específicos, mas um grupo deles. É a realidade significada pela
figuração e pela palavra que acompanha e interpreta o que o indivíduo desenha. (Ferreira,
1998)
Com os sujeitos da pesquisa foi realizada entrevista semiestruturada com dez
professores do ensino fundamental procurando categorizar e identificar as ações
desenvolvidas na prática pedagógica que contribuem à qualidade de vida urbana. Foram
realizadas dez perguntas na busca de identificar o perfil dos sujeitos.
2.3. PERFIL DOS SUJEITOS
O perfil dos sujeitos refere-se à descrição dos professores que participaram da
pesquisa destacando fatores de sua prática docente do ensino fundamental e de sua cidadania.
A caracterização do perfil ocorreu aplicando uma entrevista semiestruturada com dez
perguntas aberta direcionadas para dez docentes do ensino fundamental que se
disponibilizaram e concederam a entrevista.
Desta forma, a faixa etária dos professores se constituiu com:
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Tabela 1 - Demonstrativo de faixa etária.
IDADE PARTICIPANTES
36 – 39 ANOS 4
40 – 43 ANOS 4
47 - 48 ANOS 2
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
Assim sendo, a faixa etária predominante entre os entrevistados foi de 36 a 43 anos
caracterizando os sujeitos como profissionais que vivenciaram o ensino em torno de 10 a 15
anos de trabalho no Estado. (Ver tabela – 1).
Desta forma, o grau de instrução mostrou-se com:
Tabela 2 – Demonstrativo de grau de instrução.
NÍVEL DE ESCOLARIDADE PARTICIPANTES
3º GRAU INCOMPLETO 1
3º GRAU COMPLETO 7
PÓS - GRADUAÇÃO 2
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
A formação acadêmica e continuada em serviço torna relevante o exercício da prática
pedagógica.
Os professores possuem vínculo empregatício efetivo no ensino estadual por mais de
dez anos de trabalho. Motivo que permite a participação do processo de formação que a
escola e a SEDUC realizam. (Ver tabela – 2).
Quanto ao Gênero:
Tabela 3 - Demonstrativo de gênero.
SEXO PARTICIPANTES
FEMINIMO 9
MASCULINO 1
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
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Quanto ao gênero a maioria dos sujeitos da pesquisa é do sexo feminino. Como se
relaciona com o ensino fundamental anos iniciais como uma educação ainda da infância das
crianças, onde estas estão com a idade entre 6 e 10 anos de idade e os professores que atuam
neste nível legalmente são licenciados plenos em pedagogia. Assim, justifica-se a
feminilidade da profissão docente. (Ver Tabela - 3).
Desta forma, o estado civil aparece com:
Tabela 4 - Demonstrativo de estado civil.
ESTADO CIVIL PARTICIPANTES
SOLTEIRO (A) 6
CASADO (A) 3
DIVORCIADO (A) 1
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
Vale destacar que a maioria dos sujeitos é solteiro o que possibilita um investimento
maior nas atividades proposta na prática pedagógica.
Desta forma, a raça com:
Tabela 5 - Demonstrativo da raça.
RAÇA PARTICIPANTES
BRANCA 1
PARDA 5
NEGRA 3
OUTRA 1
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
Quanto à raça destaca-se uma maior classificação da miscigenação das raças e da raça
negra, contribuindo assim para diminuir a dominação e preconceito de cor da pele.
Assim, a religião aparece com:
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Tabela 6 - Demonstrativo de religião.
RELIGIÃO PARTICIPANTES
CATÓLICA 5
EVANGÉLICA 3
ESPÍRITA 1
OUTRAS 1
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
Neste caso da religião ocorre predomínio da católica e da religião evangélica.
E a carga horária de trabalho aparece com:
Tabela 7 - Demonstrativo da carga horária de trabalho.
CARGA HORÁRIA PARTICIPANTES
UM TURNO 5
DOIS TURNOS 5
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
Neste caso da carga horária de trabalho a metade dos professores tem disponibilidade de carga horária na escola, possibilitando mais dedicação aos projetos da escola.
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3. QUADRO TEÓRICO
3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ESPAÇO URBANO E PROBLEMA SÓCIO-
AMBIENTAL
Os conceitos de Educação Ambiental (EA) começaram de aparecer a partir da segunda
metade do século XX e foram consolidando cada vez mais no século XXI. Educação
Ambiental é um vocábulo composto por um substantivo educação e um adjetivo ambiental. O
adjetivo ambiental qualifica as práticas educativas. Para compreender o significado da
educação ambiental, primeiramente, precisamos conhecer qual é o sentido de educação que
estamos falando. Loureiro (2003, p.12) define “a educação sendo uma prática social cujo fim
é o aprimoramento humano naquilo que pode ser apreendido e recriado a partir dos diferentes
saberes existentes em uma cultura, de acordo com as necessidades e exigências de uma
sociedade”. Aqui a educação atua na vida humana no seu desenvolvimento tanto tecnológica
como cultural de produção. A educação não é apenas uma reprodutora de padrão social, ela
também atua na atividade reflexiva que tal padrão pode trazer no seu ambiente.
A educação ambiental aparece na legislação brasileira desde 1973, como atribuição da
primeira Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema). Nos anos setenta e oitenta as medidas
educativas eram voltadas para a conservação dos recursos naturais e a mudanças
comportamentais individuais. Em 1984 foi criada o Programa Nacional de Educação
Ambiental (Pronea). As discussões em torno de EA adquirem caráter público em meados da
década de 1980, com a realização dos primeiros encontros nacionais, a atuação das
organizações ambientalistas e a ampliação da produção acadêmica relacionada à chamada
“questão ambiental” (LOUREIRO, 2004. p.37).
Mas, a educação ambiental somente começou ganhar projeção social e formal na
década de noventa, após a promulgação da vigente Constituição de 1988. No respectivo
Capítulo VI, sobre meio ambiente, artigo 225, parágrafo 1º, inciso VI, lê-se a seguinte
competência do Poder Público: “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. As conferências de
Nações Unidas sobre o tema: “Meio Ambiente e Desenvolvimento” (Rio de Janeiro, 1992),
“Desenvolvimento Social” (Copenhague, 1995) e “Desenvolvimento Sustentável”
23
(Johanesburgo, 2002) foram fundamentais para discutir as questões de meio ambiente no
Brasil.
Um momento mais significativo para o avanço de EA no Brasil foi o evento não
governamental, o Fórum Global, que ocorreu paralelamente à Conferência da ONU sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente no Rio de Janeiro. Na conferência Rio 92, o Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, coloca
princípios e um plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo uma relação entre
as políticas públicas de educação ambiental e a sustentabilidade. Esse tratado ainda está na
base da formação da Rede Brasileira de Educação Ambiental, bem como das diversas redes
estaduais, que formam grande articulação de entidades não governamentais, escolas,
universidades e pessoas que querem fortalecer as diferentes ações, atividades, programas e
políticas em EA. Também a Conferência enfatizou os processos participativos na promoção
do meio ambiente, voltados para a sua recuperação, conservação e melhoria, bem como para a
melhoria da qualidade de vida (JACOBI, 2003. p.194).
A Lei nº 9.795/99 (regulamentada pelo Decreto nº 4.281, de junho de 2002), dispõe
sobre educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), e em
seu artigo 5.º, inciso VII, reconhece como respectivo objetivo o fortalecimento da cidadania e
autodeterminação dos povos. Ainda enfatiza a questão da interdisciplinaridade metodológica e
epistemológica da educação ambiental como “componente essência e permanente da
educação nacional, de devendo estar presente, de forma articulada em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal” (Art. 2º). Também o
Estatuto da Cidade, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana, nos termos do art.
2º, inc. II, da Lei n.º 10.257/2001, que determina, como diretriz geral, a gestão democrática
por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos
da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos
de desenvolvimento urbano.
Educação é um processo livre de relação entre pessoas e grupos, que busca maneiras
para reproduzir ou recriar aquilo que é aceito pela sociedade, seja como trabalho ou estilo de
vida (LOUREIRO, 2003). Mas a educação torna-se libertadora quando são aplicados os ideais
democráticos e emancipatórios do pensamento crítico à educação. Essa nova visão rompe com
a visão de educação tecnicista, difusora e repassadora de conhecimentos. Nesse processo de
aprendizagem a pessoa consegue assumir a mediação na construção social de conhecimento
implicados na vida de sujeitos. Assim, o sujeito consegue construir sua própria história. Paulo
Freire (1987) foi uma das referências fundadoras desse pensamento. A educação
24
profissionalizante, hoje tão valorizada, serve para satisfazer as necessidades do mundo
capitalista, mas a opção pela educação libertadora depende da realização do ensino formativo
e crítico-reflexivo.
Jacobi (2003) considera educação ambiental no contexto da sustentabilidade
relacionada com a equidade, justiça social e a própria ética dos seres vivos. A ideia da
sustentabilidade na visão de Jacobi (2003, p.195).
[...] implica a prevalência da premissa de que é preciso definir limites às possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de co-responsabilidade e de constituição de valores éticos.
O desafio da educação ambiental, nesse sentido, é formular a uma educação
participativa que envolve dois níveis: formal e não formal. O seu enfoque deve buscar uma
perspectiva holística de ação ecológica, que relacione o homem, a natureza e o universo,
tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e, que o principal responsável pela sua
degradação é o próprio homem.
Os estudos desenvolvidos por pesquisadores sobre a cidade têm contribuído para o
desenvolvimento socioambiental e fomentado reflexões sobre as desigualdades no espaço
urbano.
A cidade se constituiu pelo crescimento populacional no sentido de garantir a
sobrevivência básica, as atividades humanas e serviços no espaço urbano. Além da
aglomeração de pessoas, recursos naturais às cidades possuem suas transformações históricas
e culturais de vivências ao longo dos tempos.
Houve na cidade, no decorrer dos tempos, um processo cumulativo relativamente
contínuo: acumulação de conhecimentos, de técnicas, de coisas, de pessoas, de riquezas, de
dinheiro, depois de capital. Portanto, a cidade foi o lugar de acumulação, em que pese o
capital ter nascido no campo e seu crescimento industrial ter se voltado contra a cidade
(LEFEVBRE, 2001).
Fragmentada, articulada, reflexo e condicionante social, a cidade é o lugar onde as
diversas classes sociais vivem. Isso envolve o quotidiano e o futuro próximo, que se acham
enquadrados num contexto de fragmentação desigual do espaço, levando a conflitos sociais. O
espaço da cidade é assim, e também, o cenário e o objeto das lutas sociais, o direito à cidade,
à cidadania plena e igual para todos (CORRÊA, 1989).
25
A composição do espaço urbano foi dando origem e transformando a cidade pela
influência de interesses dos indivíduos e do meio, em busca de crescimento e sobrevivência.
Segundo Santos (1985), o espaço urbano caracteriza-se por um conjunto de elementos
intercambiais aos quais é atribuído um valor particular de acordo com as relações que
estabelecem entre si e com o meio. Onde os elementos seriam o individuo, instituições, meio
ecológico e infraestrutura.
Para Correa (2004), esse espaço urbano não é gerado apenas como físico. Ao
contrário, ele se reproduz por conta das relações econômicas, sociais e culturais presentes
nele. Essas relações e trocas estão sob influência do lucro, que cria espaços diferenciados e até
segregados dependendo das classes sociais, formando uma parte desse espaço urbano
desigual.
A expansão do tecido urbano passa a ser enquadrada dentro deste modelo de sociedade
com distribuição desigual de renda, serviços e bens. Para Corrêa (1995) e Lefebvre (2001), o
problema da produção da habitação nas cidades, resulta da comercialização do solo urbano, é
a fragmentação do espaço no nível local em lotes ou parcelas de propriedade privada, os quais
são negociados com base nas regras da renda fundiária e da especulação imobiliária.
Olhar a sociedade urbana a partir do processo contraditório, dialético, onde existem
pontos críticos de conflitos, caos produzido por essas contradições é perceber a existência de
campo cego que se instalam na representação paradoxal de signos da natureza. O que olhamos
na verdade não conseguimos enxergar, impossibilitando um olhar mais atento para o micro, à
observância do macro produzido pela industrialização deslumbra e proporciona pensar o
urbano reduzido ao processo industrial, os olhares são ofuscados, a luz deixada à sombra
(LEFEBVRE, 1999).
Para Castells (1983), Corrêa (1995) e Lefebvre (2001), a cidade é obra de uma
história. Portanto, na contemporaneidade, as cidades expressam acelerado aumento
populacional e, como conseqüência a pobreza gerada pelas sucessivas introduções de novas
formas de exploração econômica.
A função social da cidade deve induzir ao pleno desenvolvimento da qualidade de vida
a os habitantes. É através da aplicabilidade das diretrizes existentes no plano diretor que a
cidade e a propriedade exercem mais satisfatoriamente suas funções sociais. A propriedade
urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
cidade expressas no plano diretor (art.182, § 2º da Constituição federal). Este será um
instrumento da maior importância da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
26
Esse princípio constitucional somente terá sido cumprido quando existir política capaz
de eliminar a pobreza e erradicar as desigualdades e a segregação sócio-espacial. Garantindo
moradia digna e meio ambiente ecologicamente equilibrado. Para tanto, é tarefa de todos,
através da mobilização da sociedade civil, das autoridades públicas em construir para os
citadinos a sadia qualidade de vida.
O processo que ocorre na cidade de crescimento econômico urbano, se não contar com
fiscalização dos órgãos competentes e da sociedade, no sentido de evitar que ocorra a
exploração do homem, os impactos ao espaço urbano e na vida da população urbana.
A falta de planejamento urbano contribui para a baixa qualidade de vida e com a falta
de opção da população de baixa renda, na busca de sobreviver e enfrentar problemas como a
desigualdade social, diferentes de outras classes sociais que possuem uma qualidade de vida
melhor (JACOBI, 2000).
A concentração significativa de famílias em uma área corresponde a uma
estratificação social e tem uma expressão espacial. Os processos de segregação definem a
divisão social do espaço que colabora para o surgimento de vários problemas, sobretudo
referentes à questão da moradia. A espacialidade urbana é marcada de um lado pela exclusão
de muitos, em detrimento de melhores condições de vida de poucos.
A própria segregação não é apenas reflexo de uma condição social, mas um fator que
contribui para tornar as diferenças ainda mais profundas. A segregação espacial aumenta a
sensação de desigualdade e pode contribuir para uma maior violência urbana.
Um fator agrava a segregação sócio-espacial é que a maioria das pessoas que habitam
as periferias das cidades possui baixa qualificação educacional, recebem salários menores,
não possuem condição econômica de habitabilidade em locais com infraestrutura e serviços
públicos eficazes. Assim sendo, apesar do conhecimento dos riscos de vida, quando
constroem suas moradias em espaços inadequados, tendem a buscar residências em zonas
propensas às inundações, ou próximas de esgotamentos sanitários e lixões.
Na sociedade brasileira o mais conhecido padrão de segregação da metrópole
brasileira é o do centro x periferia. O primeiro dotado da maioria dos serviços urbanos,
públicos e privados, é ocupado pelas classes de mais alta renda. A segunda, sub equipada e
longínqua, são ocupadas predominantemente pelos excluídos. O espaço atua como um
mecanismo de exclusão (VILLAÇA, 1998).
Segundo Maricato (2000), a exclusão social das cidades é uma das faces da segregação
social, onde a ausência de serviços infraestruturais é adicionada à difícil acessibilidade aos
27
bens e serviços públicos como saúde, educação, lazer, justiça oficial e, ainda maior
proximidade à criminalidade, insegurança e baixa oportunidade profissional.
No Brasil, os trabalhadores de instituições educacionais, também sofrem com a
desigualdade social e enfrentam as dificuldades e contradições do setor com o processo de
urbanização, situação que compromete o bem estar desses cidadãos.
Ao se analisar esse espaço de Belém no que se refere às escolas estaduais observa-se a
mesma lógica. A capital paraense possui uma estrutura igual às de outras cidades brasileiras,
com valorização dos espaços, as classes sociais e os investimentos públicos ligados ao valor
da terra.
Pode-se verificar que os bairros mais próximos do centro principal possuem condições
favoráveis de infraestrutura urbana de transporte, de saneamento, de oferta de produtos e
serviços entre outros, enquanto que os mais distantes apresentam, na maior parte, condições
precárias à vida humana.
Os trabalhadores de bairros que apresentam problemas de infraestrutura sofrem com
dificuldades de mobilidade, acesso ao transporte, coleta de lixo e violência urbana. E com os
docentes que se deslocam pelos bairros considerados menos favorecidos vivenciam os
mesmos problemas socioambientais.
O bairro onde moram os docentes da pesquisa:
Tabela 8 - Demonstrativo dos bairros em que moram os sujeitos da pesquisa.
BAIRRO PARTICIPANTES
PEDREIRA 05
MARCO 02
UMARIZAL 01
CABANAGEM 01
MANGUREIRÃO 01
Fonte: pesquisa de campo 2012.
Os indivíduos participantes da pesquisa moram, em sua maioria, próximo do local da
pesquisa e reconhecem os problemas urbanos presentes como a falta de saneamento básico,
lixo nas ruas, falta limpeza dos canais, dificuldade na mobilidade e violência urbana entre
outros que mais interferem em sua qualidade de vida urbana e causam reflexões de como agir
diante do problema no seu bairro.
28
Na cidade de Belém, segundo Lobo (2004, p.75), o bairro referente ao local da
pesquisa, está entre os que apresentam áreas com problemas urbanos e ambientais, que se não
resolvidos poderão interferir na qualidade de vida de seus moradores e/ou usuários de bens e
serviços.
Uma pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores na cidade de Belém
apresentou indicadores para avaliar a qualidade de vida urbana. Para os pesquisadores
(Tourinho, Corrêa, Lôbo & Corrêa 2001), o trabalho com indicadores de condições de vida
urbana, a nível municipal, metropolitano e intraurbano, pode proporcionar um melhor
conhecimento da realidade urbana da região amazônica. O estudo mostrou que Belém está
entre os dez municípios no ranking do índice de qualidade de vida urbana no ano de 1991,
conforme demonstrado no Anexo 01.
O pleno direito à cidade inclui o direito à vida com dignidade, à moradia, à
alimentação, à saúde, à segurança, ao meio ambiente. “E, para efetivação da função social da
cidade, o direito à cidade deve ser exercido em sua plenitude, ou se já, a cidade cumpre sua
função social quando os cidadãos possuem os direitos urbanos” (SANT’ANA, 2006, p. 73).
O estudo nos espaços urbanos pode fomentar reflexões, sensibilizar a comunidade e os
atores a contribuir com as unidades de ensino nessa interação com o meio e ampliar a
importância da educação ambiental na vida da população e em especial dos docentes como
um incentivo para alcançar a sadia qualidade de vida.
3.2. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA
A preocupação com os avanços da degradação do planeta onde pesquisadores e
sociedade compreenderam a necessidade de intervir, foi quando surgiram iniciativas na
educação ambiental.
A história da educação ambiental ligada às reflexões mundiais em torno dos riscos de
degradações e ameaças ao planeta e as civilizações futuras. Estas preocupações e estudos
favoreceram eventos mundiais para discutir e dar visibilidade as questões ambientais.
Ocorreram grandes conferências mundiais as quais foram influenciadas por visões e
concepções em relação ao meio ambiente, ressaltando a de Estocolmo (1972); Belgrado
(1975); Tbilisi (1977); Moscou (1987); Rio de Janeiro (1992); Tessalônica (1997). Estes
29
encontros possibilitaram evidenciar o ser humano como agente de mudança em relação ao seu
meio ambiente.
Apesar de a EA ser considerada como um instrumento educativo a sua conceituação
ainda não é consensual, pois segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais/96, o
conhecimento sistemático relacionado ao meio ambiente e ao movimento ambiental é bastante
recente. A própria base conceitual — definições como a de meio ambiente e de
desenvolvimento sustentável, por exemplo — ainda está em plena construção. De fato, não
existe consenso sobre esses termos nem mesmo na comunidade científica; com mais razão,
pode-se admitir que o mesmo ocorra fora dela (BRASIL, 1996).
Reigota (2007, p. 14) expõe também nesse sentido que as definições indicam que:
Não existe um consenso sobre meio ambiente na comunidade científica em geral. Por seu caráter difuso e variado considero então a noção de meio ambiente/educação ambiental uma representação social, isto é, uma visão que evolui no tempo e que depende do grupo social em que é utilizada.
A existência dessa miscelânea conceitual tanto relativa a meio ambiente quanto a
educação ambiental, exposta pelo autor, pressupõe que ambas incorpora uma complexidade
que não pode ser abrangida por exclusividade de um único conhecimento, sendo confirmado
por Segura (2001, p. 50) ao sustentar que “como busca alinhavar não só conhecimentos, mas
também valores e atitudes, a EA foge do padrão “aquisição de conhecimento”.
De qualquer forma, o termo "meio ambiente" tem sido utilizado para indicar um
"espaço" (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em que um ser vive e
se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-
o. No caso do ser humano, ao espaço físico e biológico soma-se o "espaço" sociocultural.
Interagindo com os elementos do seu ambiente, a humanidade provoca tipos de modificação
que se transformam com o passar da história. E, ao transformar o ambiente, o homem também
muda sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive. (BRASIL, 1996).
A utilização do termo “meio ambiente” vincula-se também ao constante em dois
princípios do ProNEA sendo estes, a concepção de ambiente em sua totalidade, considerando
a interdependência entre o meio natural e construído, o socioeconômico e o cultural, o físico e
o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade; e o reconhecimento e respeito à pluralidade e
à diversidade genética, de espécies, de ecossistemas, individual e cultural. (ProNEA,
DOCUMENTO EM CONSULTA NACIONAL, NOVEMBRO DE 2003, p. 14)
30
acrescentando-se que o mesmo abrange também todos os setores: educação, saúde,
saneamento, transportes, obras, alimentação, agricultura, etc. (BRASIL, 1996).
Essa abrangência de complexidade que perpassa o meio ambiente relativo às suas
diversas concepções e setores, apoia-se no que Leff (2002, p. 17) ressalta ao dizer que o
ambiente é a complexidade do mundo, porque este sempre ultrapassa os âmbitos
epistemológicos que tentam circunscrevê-lo, codificá-lo e administrá-lo dentro dos cânones da
racionalidade científica e econômica da modernidade.
Em decorrência dessa complexidade, Libâneo (2004, p. 59) demonstra que há
diferentes entendimentos em relação à educação ambiental, situando esses entendimentos a
partir da existência de quatro correntes, assim especificadas: a corrente conservacionista
defende a preservação das matas, dos animais, dentro de uma noção de natureza biofísica
intocável; a corrente naturalista propõe uma forma de educação pelo contato com a natureza, a
vida ao ar livre; a corrente da gestão ambiental incentiva ações de movimentos sociais, de
comunidades e de governos na luta pela despoluição das águas e do ar, critica todas as formas
de depredação da natureza, principalmente pela indústria; e a corrente da economia ecológica,
que agrupa organismos internacionais, incluindo o Banco Mundial, a FAO, a Unesco, e várias
organizações não-governamentais e associações ambientalistas, se caracteriza por defender
tecnologias alternativas no trato da terra, no uso da energia, no tratamento dos resíduos.
O autor especifica ainda que essas quatro correntes enfatiza diferentes concepções e
formas de fazer educação ambiental e, do ponto de vista pedagógico, não se excluem. A
educação ambiental contribui na formação humana:
Levando os alunos a refletirem sobre as questões do ambiente no sentido de que as relações do ser humano com a natureza e com as pessoas assegurem uma qualidade de vida no futuro, diferente do atual modelo economicista de progresso; Educando as crianças e jovens para proteger, conservar e preservar espécie, o ecossistema e o planeta como um todo; Ensinando a promover o autoconhecimento, o conhecimento do universo, a integração com a natureza; Introduzindo a ética da valorização e do respeito à diversidade das culturas, às diferenças entre as pessoas, pois os seres humanos estão incluídos no conceito de natureza; Empenhando os alunos no fortalecimento da democracia, da cidadania, das formas comunitárias de discutir e resolver problemas, da educação popular; Levando a tomadas de posições sobre a conservação da biodiversidade, contra o modelo capitalista de economia que gera sociedades individualistas, exploradoras e depredadoras da natureza biofísica e da natureza humana. (LIBÂNEO, 2004, p. 59-60).
Esses entendimentos difundiram-se de forma global sendo mantidos ou modificados
conforme os interesses de quem os utilizavam, sendo dirimidas a partir da década de setenta
31
(70) quando das discussões ocorridas nas diversas Conferências internacionais relativas ao
Meio Ambiente, como por exemplo, a Conferência de Estocolmo (1972), a Conferência
Internacional de Educação Ambiental de Tbilisi (1977) e a Conferência do Rio (1992), todas
com papel fundamental para a EA, pois alicerçaram a construção dos entendimentos
conceituais de Meio Ambiente/Educação Ambiental.
A Conferência de Estocolmo (1972) foi que reconheceu, pela primeira vez, a EA como
essencial para solucionar a crise ambiental internacional, enfatizando a priorização em
reordenar suas necessidades básicas de sobrevivência na Terra (PEDRINE, 1977, p. 26),
sendo, porém, a Conferência Internacional de Educação Ambiental de Tbilisi mais marcante
de todas que, embora governamental, vários participantes não oficiais interferiram e foram
internalizados estratégias e pressupostos pedagógicos à sua declaração, que dentre outras,
deveria se dirigir tanto pela educação formal como informal a pessoas de todas as idades. E,
também, despertar o indivíduo a participar ativamente na solução de problemas ambientais do
seu cotidiano (PEDRINE, op. cit. p. 27).
Jacobi (in Segura, 2001) ao comentar sobre os programas educativos relacionados à
conscientização sobre a crise ambiental a partir das considerações emanadas dessa
Conferência diz que:
O desafio que se coloca é de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis – formal e não-formal – devendo ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo, tomando como referência a esgotabilidade dos recursos naturais e conscientizando-se de que o principal responsável pela sua degradação é o homem.
Em relação à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD) - Rio 1992, o principal documento extraído dessa Conferência
foi a Agenda 21 que, dentre outros temas sobre meio ambiente, assume a Reorientação do
ensino no sentido do desenvolvimento sustentável -, o que vem reforçar como marco teórico-
metodológico no ensino formal a questão da EA.
No conjunto dessa efervescência relativa às demandas oriundas das Conferências
Internacionais que a trajetória da EA no Brasil efetivamente se consubstancia a partir das
diversas legislações que irão contemplar o tema e, dentre essas, a Lei nº. 6.938/81, que dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNME). Constitui-se em importante
instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país, em especial, ao
disponibilizar a EA no processo educativo formal, conforme previsto no art. 2º, Inciso X:
32
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981).
Então, é com as orientações advindas principalmente da Conferência de Tbilisi devido
à concentração de esforços de vários segmentos da sociedade organizados e da área política,
que o Brasil cita a EA pela primeira vez ao incluir na Constituição Federal (CF) de 1988, em
seu Art. 225, Inciso VI do Capítulo VI do Meio Ambiente, ao estabelecer que:
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes gerações. (CF, 1988).
Em 1994 foi criada a Política Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), em
função da Constituição Federal de 1988 e dos compromissos internacionais assumidos com a
Conferência do Rio-92. Esse programa previu três ações: (a) capacitação de gestores e
educadores; (b) desenvolvimento de ações educativas e (c) desenvolvimento de instrumentos
e metodologias, contemplando sete linhas de ação, dentre estas: Educação ambiental por meio
do ensino formal.
Destacando que a Conferência de Tbilisi iniciou através de um Programa Internacional
de Educação Ambiental legitimando e institucionalizando sua prática. A partir desta
Conferência o meio ambiente na totalidade das interações entre os aspectos naturais, sociais,
econômicos, políticos, históricos, culturais e éticos. Buscando a interação entre a realidade
dos problemas ambientais, das práticas humanas e dos processos educativos.
Segundo Silva (2007), a educação ambiental surge no Brasil na década de 80,
influenciado pelo cenário mundial, onde os primeiros debates visam proteger os recursos
naturais numa visão sanitária e ecológica.
A educação ambiental (EA) surge como alternativa para conter a degradação do meio
ambiente e começaram a surgir conceitos que trabalham para dar credibilidade. Segundo
Layrargues (2008) a EA transcende os aspectos ecológicos para aspectos políticos e
ideológicos, o autor defende que a crise que a sociedade de consumo vive não é ecológica,
mas civilizacional.
Para Leff (2002) o ambiente representa a complexidade do mundo que ultrapassa
questões epistemológicas tentando administrá-las dentro da racionalidade científica e
econômica da modernidade.
33
A crise ambiental, resultante da relação sociedade/natureza, passou a exigir uma
reflexão cuidadosa, uma vez que apontou para um desafio a ser equacionado em curto espaço
de tempo e para o qual toda a sociedade precisa ser mobilizada.
Esta crise exige grandes mudanças nos hábitos e na filosofia de vida da sociedade
contemporânea. A educação surge, então, como uma das principais alternativas para a
edificação dos fundamentos que podem motivar as alterações das práticas socioambientais a
serem construídas.
A Lei n.º 9795 de abril de 1999, rege sobre a educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental diz, em seu Art.3.º, que [...] “todos têm direito à educação
ambiental” sendo que em incisos I II, III, IV. V e VI do mesmo art., atribui a incumbência da
educação ambiental, respectivamente, ao “Poder público”, “às instituições educativas”, “aos
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio ambiente — SISNAMA” —, “aos meios de
comunicação de massa”, “às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas” e
“à sociedade como um todo”. Sendo assim, a EA precisa ser assumida por todas as
instituições e (re) lembrada no conjunto das práticas sociais.
Segundo Braga (2008), a escola básica é um dos lugares sociais responsáveis pela EA,
mais especificamente a educação fundamental. Isto porque todos os brasileiros, crianças,
jovens e adultos, por exigência legal (CF de 1988 — Art205 e 208 —, Emenda Constitucional
n.º 14 de outubro de 1996 e Lei 9394 de dezembro de 1996) e em conseqüência de
universalização do ensino fundamental brasileiro têm assegurado o acesso ao curso
fundamental.
Segundo Leff (2003), os discursos sobre o desenvolvimento sustentável passou a
torna-se notório, a partir da Eco-92, com a oficialização e difusão do documento Declaração
do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Carta da Terra, cujo objetivo
foi estabelecer uma nova e justa parceria global, com novos níveis de cooperação entre os
Estados e a sociedade.
De acordo com o autor supracitado, era para se implantar novos programas específicos
de Educação Ambiental, em diferentes níveis de ensino e a toda população, mas este sinalizou
a falta, neste processo, da reflexão pertinente aos fundamentos dos saberes ambientais para
nortear as práticas pedagógicas dos educadores.
A educação ambiental tem caráter transversal e multidisciplinar, como afirma Morin
(1998), pois a mesma vem romper com a educação tradicionalista, cartesiana e “bancária”
como conceitua Freire (2008). Assim a educação ambiental deveria ser incluída em diversos
campos do saber por tanto é transversal (MORIN, 1998).
34
A temática ambiental sendo interdisciplinar traz novos saberes e novas posturas
relativas à prática pedagógica, exigindo do educador/professor não a mera transmissão do
conhecimento e sim que o mesmo seja um facilitador do processo de ensino-aprendizagem e o
principal agente desse processo, pois sem ele não haveria razão de a escola existir. Segura
(2001, p. 30) destaca a importância da EA enquanto instrumento de participação e cidadania,
ao expor que:
Além da forma de lidar com o conhecimento, matéria-prima da educação, a questão ambiental motiva a postura participativa, a cidadania. No âmbito da escola, o esforço de construir uma nova sociedade, obviamente com resultados a médio e longo prazos, implica adoção, por parte dos educadores e da comunidade escolar, de uma postura crítica diante da realidade, sem a qual não é possível empreender a transformação social – horizonte da educação emancipatória.
A autora sustenta ainda que a escola representa um espaço de trabalho fundamental
para iluminar o sentido da luta ambiental e fortalecer as bases da formação para a cidadania,
apesar de carregar consigo o peso de uma estrutura desgastada e pouco aberta às reflexões
relativas à dinâmica socioambiental. Isto não significa, porém, que a EA limita-se ao
cotidiano escolar. (SEGURA. 2001, p. 22)
Gadotti (2000, p. 95) reconhece que a EA é, assim, um processo que parte de
informações ao desenvolvimento do senso crítico e raciocínio lógico, inserindo o homem no
seu real papel de integrante e dependente do meio ambiente, visando uma modificação de
valores tanto no que se refere às questões ambientais como sociais, culturais, econômicas,
políticas e éticas, devendo estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos
humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas.
O modelo de sociedade construído com a industrialização crescente e a conseqüente
transformação do mundo em um grande centro de produção, distribuição e consumo, está
trazendo rapidamente, conseqüências indesejáveis e que se agravam com muita rapidez,
exigindo-se intervenção preventiva através do processo educativo escolar e a conseqüente
formação de multiplicadores, já que a escola, como espaço social, possui a prerrogativa de
expandir os conhecimentos repassados a outros membros da sociedade, como destaca Dias
(2003, p. 148-149):
Por ser um processo que deve durar por toda a vida, a EA pode ajudar a tornar mais relevante a educação geral. Ela é mais do que apenas um aspecto particular do processo educacional, e deve ser considerada uma excelente base na qual se desenvolvem novas maneiras de viver em harmonia com o meio ambiente – um novo estilo de vida.
35
Dessa forma, a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente e Educação
Ambiental é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na
realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada
um e da sociedade, local e global. Assim, vemos falhas na compreensão dos conceitos e
princípios da educação ambiental para dois professores entrevistados dois não responderam e
outros dois se mostraram desacreditar.
No quadro 9, vemos questões referentes à importância dada pelos professores a
contribuição da educação ambiental para a qualidade de vida urbana.
Tabela 9 - Demonstrativo do conceito dado à educação ambiental pelos sujeitos da pesquisa.
CONCEITO Nº DE
PROFESSOR
ARGUMENTO DA AVALIAÇÃO
ÓTIMO
6
A educação ambiental se faz de suma importância
para conscientizar a população de cuidados c/
meio ambiente.
RUIM 2 Muito lenta contribuição, pessoas fazem pouco
NÃO RESPONDEU 2 Não respondeu
Fonte: Pesquisa de campo, 2012.
Para Brandão (2007), a Educação Ambiental deveria vir a ser não só reformulada, mas
transformada. “A educação ambiental requer a construção de novos objetos interdisciplinares
de estudo através de problematizar paradigma dominante, da formação dos docentes e da
incorporação do saber ambiental emergente em novos programas curriculares” (LEFF, 1999,
P.100).
Como afirma Loureiro (2006), a educação ambiental constitui-se numa forma
abrangente de educação, que se propõe atingir a todos os cidadãos, pelo processo pedagógico
transformador. Assim o docente que desenvolve a educação ambiental possui um
comportamento transformador, passando a ser um agente de transformação no meio em que
vive.
Atualmente, o evento que ocorreu no Rio de Janeiro em junho de 212, denominado
Rio + 20, possibilitou chamar a atenção mundial para questão do meio ambiente e incentivar
pensar em Educação Ambiental na busca de levantar novas atitudes no sujeito, com
pensamento crítico e criativo para analisar os processos envolvendo a questão ambiental, a
sustentabilidade e o ser humano com seus direitos ameaçados.
36
A luta em defesa da vida e dos bens comuns com ressaltas ao direito à cidade, os
direitos da natureza e das futuras gerações em busca de harmonia com natureza e com justiça
social e ambiental.
3.3. RELAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA URBANA NA SOCIEDADE ATUAL
A discussão sobre Qualidade de Vida (QV) vem ganhando destaque cada vez maior no
meio científico e no interior dos movimentos sociais e o incentivo à Qualidade de vida, como
é imperativo discutir as alternativas para se promover e garantir melhorias na qualidade de
vida para todos. Pois, as questões econômicas, o estilo de vida das populações atuais, assim
como o consumismo e o descarte de lixo que impactam a qualidade de vida de todos, de
acordo com Pessoa e Braga (2010).
A construção da QV para todos, só é possível com a participação coletiva, pois ela tem
relação com a sociedade, suas culturas, seus hábitos e, sobretudo com a forma como essa
sociedade se apropria das riquezas. Por isso, o indivíduo precisa estar sensibilizado para as
questões relativas ao ambiente e ter percepção da importância de sua atuação no meio, tanto
para garantir uma boa condição de vida como para não degradar esse meio.
A sensibilização depende da relação entre qualidade de vida e meio ambiente, todas as
decisões relevantes possuem uma dimensão política, sendo, portanto, fundamental a
participação da população nestes processos, a fim de defender seus direitos e garantir que as
necessidades do coletivo sejam consideradas.
A relação da QV e EA é necessária quando se fala no coletivo. A EA possui grandes
possibilidades como sensibilizadora da população para as questões do ambiente, podendo
mobilizar e estimular a participação coletiva para a construção de ambientes saudáveis e
socialmente justos. Por esse motivo, ela se constitui como mediadora para a edificação da
melhoria da qualidade de vida de uma sociedade e, assim considerada, torna-se uma proposta
essencialmente política (LOUREIRO, 2004).
A Organização Mundial da Saúde - OMS (1996) define Qualidade de Vida como
sendo as percepções do indivíduo de sua inserção nos sistemas de cultura e de valores em que
vive em relação a suas perspectivas pessoais.
37
Bitencourt (2004) ressalta que para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
qualidade de vida corresponde ao modo como uma pessoa interage com o mundo externo, ou
seja, como influencia e é influenciado.
Segundo Pelicioni (1998), a qualidade de vida reflete a percepção dos indivíduos sobre
o nível de satisfação de suas necessidades e se a eles não têm sido negadas oportunidades para
atingir a felicidade e a plenitude, com relação ao status físico de saúde, ou às condições
sociais ou econômicas.
Para alguns autores fatores relacionados aos bens materiais não recebem destaque,
como relaciona Minayo (2000), quando revela as sondagens feitas sobre qualidade de vida,
onde valores não materiais, como amor, liberdade, solidariedade e inserção social, realização
pessoal e felicidade, compõem sua concepção. Não ocorrendo um domínio da dimensão
material, apesar de importante.
Diante de inúmeros conceitos envolvendo a qualidade de vida e nos vários aspectos
que envolvem o ser humano, vale também compreender a qualidade de vida no trabalho, a
qual tem influência do contexto socioambiental deste indivíduo no espaço urbano na busca de
melhorias.
Qualidade de vida é a percepção de bem-estar, a partir das necessidades individuais,
ambiente social e econômico e expectativa de vida (LIMONG-FRANÇA, 2001). O individuo
ou docente que tem comprometido sua qualidade de vida vai apresentar dificuldade no
desempenho de suas funções e atribuições e necessitar da ajuda de um profissional
especializado ou equipe multiprofissional que favoreça seu bem estar.
No trabalho, a qualidade de vida mostra-se hoje a necessidade de valorização das
condições de trabalho e do cargo ocupado. Para Dejours (1994) a qualidade de vida no
trabalho representa as condições sociais e psicológicas do trabalho, especificamente no que se
refere ao sofrimento criador e ao sofrimento patogênico.
Segundo Limongi-França (2004), no ambiente competitivo do meio urbano, vivem-se
constantes esforços de mudanças que mobilizam as pessoas, com todo potencial
biopsicossocial. As pressões para novos desempenhos, de um lado, ameaçam a estabilidade e
o conhecimento adquirido, e de outro têm oportunidade de mudança, como a modernização, a
evolução quanto à maturidade crítica, a criação de novos paradigmas, a qualidade de
compromisso e a autonomia profissional.
As exigências no ambiente são freqüentes e mesmo com organização a dinâmica de
tarefa intensa que extrapola as horas de trabalho, motivo de trabalho ser levado para suas
casas, intensificando a carga horária de atividades.
38
Trabalhadores de diversos campos de atividades estão gastando tempo, levando tarefas
para suas casas e ocupando suas horas de lazer pensando e resolvendo problemas ou
executando tarefas antes só feitas no local de trabalho (ZANELLI, 2010).
O aumento do ritmo e a carga de trabalho têm aumentado em muitos setores, como
ocorre com trabalhadores das escolas, onde por conta de compensação financeira, deixam de
priorizar o lazer e cuidados com a saúde.
As questões que envolvem a qualidade de vida no ambiente de trabalho a violência
urbana também faz parte de realidades como nas escolas, que são palco de manifestação de
modalidades de violências próprias deste ambiente escolar, comprometendo as relações e boa
convivência neste local.
Segundo Pontes, Cruz e Melo (2007) a ocorrência de atitudes de violência na escola
possuem relações diretas com fatores endógenos e exógenos das relações sociais existentes
em seu interior.
As desigualdades e os problemas sócio-ambientais contribuem com a insegurança no
ambiente de trabalho e em seu entorno, podendo gerar impactos na saúde, na qualidade de
vida das pessoas e prejudicando o convívio social.
As influências das questões socioambientais provocadas pelo processo de urbanização
são estudadas e comprovadas. Segundo dados fornecidos pelo IBGE, a Amazônia tem
ocorrido intensa urbanização, onde a população urbana superou a rural. Assim a preocupação
com a melhoria da qualidade de vida é importante.
Segundo Tourinho, Corrêa, Lôbo & Corrêa (2001), a construção de indicadores de
condições de vida urbana para melhor conhecer a realidade urbana, para fins de planejamento
e gestão do poder público e outros. Os indicadores escolhidos para avaliar a qualidade de vida
urbana foram: renda, habitação, saneamento e educação.
3.4. PRÁTICA DOCENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Escola como local e instituição com um papel importante para desenvolvimento da
cidade, assim como de seus habitantes dependendo das práticas existentes.
Para Paulo Freire (1979), a escola, é entendida como tendo um importante papel na
transformação social, como mobilizadora da práxis. Essa práxis vai formando a prática
pedagógica do ensino para próximas gerações.
39
A escola para o futuro é o espaço aonde esse futuro chega sempre por primeiro e
necessita de bons professores para fazer avançar as consciências transformadoras desse
espaço público – de instituição social – de poder político que a respalde como produtora de
um saber, seja filosófico, científico, tecnológico, sem neutralidade, em exclusão e com um
profundo procedimento de responsabilidade onde, é exatamente esse senso de
responsabilidade que o bom professor busca, embora não na produtividade, tal como ocorria
no passado (MARTINS, 2000).
Para Chauí (1980), no contexto das dinâmicas sociais, a educação e a instituição de
ensino, no papel de seus professores, devem apresentar um caráter crítico de elevação cultural
do indivíduo e da sociedade.
Para uma boa convivência entre professor e aluno um bom diálogo é fator de
essencialidade para equilibrar as relações de ensino e aprendizagem.
Nesse sentido, a pedagogia que se inspira numa concepção consciente de educação,
busca introduzir, no trabalho docente, elementos de mudança que assegurem a qualidade
pretendida para o ensino. E, coerente com esse pressuposto, busca-se garantir ao aluno,
através do professor, uma formação mais sólida e abrangente, que privilegia o processo de
construção do conhecimento.
Martins (2000), em sua obra O Professor como Agente Político, descreve a prática
pedagógica atual como mantenedora e burocratizada, embora não negue a existência
revolucionária de classe. Em outras palavras, mesmo atuando sob uma práxis repetitiva e
viciosa, os profissionais em educação já vêm contribuindo para uma relativa politização
enquanto agentes sociais inseridos no sistema educacional.
Frente ao que aqui se expõe, torna-se relevante enfatizar a formação do professor e sua
prática, passa a ser válida para todos os níveis de conhecimento, sendo necessário posicionar
o professor, enquanto mediador de relações sociais entre indivíduos de diferentes classes,
onde o contexto educacional se coloca claramente como aparelho ideológico de uma minoria
repassadora de idéias tidas como verdades.
O docente deve buscar “se trabalhar” como pessoa, como cidadão, procurando
entender-se como um ser inacabado, em formação, construindo a cada dia um pedaço de sua
história. Estando consciente da inconclusão humana, o educador deve ver cada um de seus
alunos sob esta perspectiva, menos técnica, mais ética e política.
Freire (1996) o clima interativo da sala de aula deve-se transforma num ambiente
propício para o diálogo aberto que acrescenta e que prova que teoria e prática devem sempre
andar juntas.
40
De acordo com Freire (1996), é necessário que vínculos sejam estabelecidos entre a
realidade social do aluno e os conteúdos curriculares, a fim de obter resultados mais
verdadeiros e proveitosos. É importante que o aluno, desde cedo, observe que ele pode
contribuir para a modificação do assunto discutido na classe e, para que essa consciência se
instale, é preciso que o estudante compreenda que a matéria dada não está alheia à vida dele,
pelo contrário, faz parte dela.
Os cursos de preparação docente apresentam, em geral, currículos distanciados da
prática pedagógica e, portanto, da realidade escolar, pois não enfatizam a formação do
profissional em educação no sentido de prepará-lo para trabalhar com a diversidade
encontrada no universo dos educandos.
A formação de qualidade requer, portanto, o estabelecimento das relações que
envolvem teoria, prática, realidade escolar educacional, de modo que o ensino não se
apresente fragmentado e compartimentalizado, também é necessário à criação de condições
que proporcionem ao professor uma formação sólida e integral capaz de proporcionar
mudanças em sua prática pedagógica, auxiliando-o, portanto, “a tomar consciência e auto-
regular sua atividade, ao ministrar as aulas, ao avaliar os alunos, ao planejar seu trabalho”
(PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 14).
Para Pérez Gómez (1998), o professor como profissional prático reflexivo possui
como desejo a superação da relação mecânica entre conhecimento técnico-científico e a
prática na sala de aula.
A perspectiva de formação do profissional reflexivo propõe que cada indivíduo
construa seu próprio conhecimento profissional, o qual incorpora e transcende o
conhecimento que emerge da racionalidade técnica. Nesse modelo a prática adquire o papel
central de todo o currículo da formação do professor.
Segundo Perrenoud (2001, p. 30), o problema de aprendizagem ”baseia-se no
postulado simples de que aprender não é primeiramente memorizar, estocar informações, mas
reestruturar seu sistema de compreensão de mundo”. O autor defende que o professor precisa
se colocar no lugar do aluno.
Diante do exposto, ao longo do estudo, sobre a prática pedagógica deve-se estimular
que a escola pelo seu projeto político pedagógico, trabalhar conteúdos da Educação Ambiental
através de temas transversais (Ética, meio ambiente, saúde), de acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais; para que se alcance a relação de troca ensino aprendizagem em busca
da transformação sócio ambiental e da sadia qualidade de vida.
41
Os docentes ao se posicionarem, relacionam-se com seu meio contribuem à educação
de seu país, além de favorecerem os programas voltados para a educação ambiental (EA)
como concepção pedagógica e não apenas como processo informativo sobre problemas e
questões ambientais.
Os problemas vividos pelos professores, no atual contexto da pós-modernidade, são
examinados e explorados para se tentar chamar a atenção da sociedade, de que o insucesso
escolar não é de responsabilidade única do professor, mas está relacionado com a forma em
que a sociedade atual trata a própria escola e a educação. Nessa perspectiva, um elemento
importante, reconhecido com um dos responsáveis para desencadear e moldar o “mal estar
docente”, é a falta de apoio, as críticas, a negação de legitimidade à escola para desempenhar
um papel significativo na formação de sujeitos profissionais e cidadãos (Perrenoud, 1997).
42
4. RELAÇÃO SOCIEDADE, CIDADANIA E A QUALIDADE DE VI DA URBANA
A sociedade contemporânea está marcada por avanços tecnológicos e científicos que
caracterizam uma economia globalizada, provocando implicações nas relações humanas uma
vez que a esta busca regular aquela. Nestas implicações detectamos a presença de uma crise
societária em que o homem perde a dimensão do mundo social e dos valores para o mercado
econômico.
A educação faz parte deste tecido social e sua participação no contexto da sociedade é
de grande relevância não só por ser um veículo de formação humana, mas também, de
transmissão de conteúdos científicos, escolares e valorativos. É por meio do processo
educacional que se pretende que o homem, por meio de uma atitude reflexiva e questionadora,
seja capaz de construir os elementos necessários para uma vida de qualidade composição de
sua relação com outros seres humanos e com o meio ambiente.
A complexidade de construir modelos educacionais que promovam a cidadania
ambiental cresce no cenário mundial, em um quadro econômico tradicional baseado na
produção capitalista, que vem gerando gradualmente uma cultura de descaso cultura, que dita
os rumos da sociedade e das transformações tecnológicas e sociais, induzindo o homem a um
consumo desordenado e alienado.
A crise societária é fruto da intensa crise produtiva da sociedade capitalista, ambas
atingem a vida social do homem nas esferas cultural, ética e política. Estas crises geram
diversos problemas sociais: violência, exclusão social, desemprego, miséria, marginalidade,
desigualdades sociais, degradação cultural e simbólica entre outros se fazem evidentes na
realidade cotidiana da sociedade brasileira, e se refletem na qualidade de vida dos sujeitos.
Com o processo de industrialização e o desenvolvimento de novas técnicas cientificas
gerenciadas pelo mercado econômico passa a exigir uma nova sociabilidade baseada em
valores e condutas que passem a considerar as questões ambientais, e apresentem resposta as
crises locais e globais que se apresentam à vida contemporânea.
O tempo que estamos vivendo nos direciona para uma cultura do novo, do progresso e
das mudanças. A tecnologia oferece recursos e avanços, mas impõe determinadas normas e
regras para a sociedade. A mais significativa delas é a assunção do campo da educação
ambiental que deve preparar os cidadãos de forma científica e política, para uma atuação
competente no enfrentamento das questões sociais e ambientais. Desta forma, o mundo
contemporâneo vive uma crise societária na medida em que o sistema econômico que impera
43
na sociedade direcione-se apenas para a expansão da lucratividade, e não se apresente como
uma alternativa à sustentabilidade.
É nesse sentido que a educação ambiental, a cidadania ética e a economia sustentável
deve ser repensada pela sociedade atual tendo em vista contrapor-se a crise civilizatória
produzida pelo capitalismo e estabelecer uma nova referência de conduta, valores e de busca
da qualidade das relações entre os sujeitos.
A qualidade ambiental na vida diária entre os seres humanos e o meio ambiente, deve
ser construída como um exercício de cidadania no seio da sociedade na medida em que passa
a constituir-se como um elemento da condição humana. O homem é um ser inacabado que
constrói e destrói o meio ambiente e social e que tem a capacidade de interferir na sua própria
natureza humana.
O desenvolvimento científico contribuiu de forma incisiva para a complexidade da
sociedade nos aspectos da industrialização, da modernização, da urbanização e da organização
do trabalho, mas a partir do momento em que há um choque com os valores sociais, o homem
por estar em constante transformação, acaba perdendo sua identidade, sua posição em relação
ao mundo, seu senso crítico, esvaziando-se culturalmente e tornando-se consumidor regular.
Podemos caracterizar a ética como a capacidade de construção humana pela ação livre
e consciente, já que é ponto central das nossas ações e reflexões, ou seja, uma conscientização
crítica do homem diante de qualquer forma de exploração e discriminação, agindo de forma
racional perante a liberdade. Desta forma, a ética é um dos fatores que contribui para a
emancipação humana.
No momento em que vivemos uma série de mudanças em todos os setores da
sociedade há que se pensar em uma educação contextualizada. A educação ocupa nesta
modernidade, junto com a ciência e a tecnologia, um lugar de destaque, principalmente se
consideramos como uma prática social que visa à formação do indivíduo livre, autônomo.
GRINSPUN (1999, p. 146-147), ao discutir a questão da tecnologia, do meio ambiente e da
educação, afirma:
[...] a escola moderna, formadora do cidadão emancipado e autônomo, nascia sob o signo da palavra impressa que tinha uma conotação democrática e subversiva. A escola da pós-modernidade terá que formar o cidadão capaz de ‘ler e escrever' em todas as novas linguagens do universo informacional em que está imerso.
A educação ambiental deve estabelecer princípios éticos que orientem as relações do
homem com a natureza, do homem com os outros homens, e, também, proporcione a
44
construção de uma nação mais justa e mais humana, pois o seu papel é de geradora de ideias,
criadora de valores, investigadora de conhecimentos e realizadora de ideais.
O caráter normativo da cidadania é composto, entre outros elementos, por um conjunto
de deveres, normas, costumes de sociabilidade que o indivíduo adquire por meio das
instituições sociais (família, escola, religião, entre outros) e que são transformados em hábitos
culturais no momento em que responde as necessidades de convivência social. A isto se
chama consciência cidadã, ou seja, o momento em que o homem consegue distinguir o bem
do mau e responder por seus atos, de forma positiva em relação ao bem comum.
Nós vivemos em uma sociedade, em cujo contexto econômico, político e social globalizado, onde encontramos situações de desrespeito à vida, aos direitos humanos e ao ambiente, situações de pobreza e de miséria, exploração e discriminação por fatores de etnia, gênero e classe, caracterizando-se como uma sociedade excludente. Uma sociedade que, regida pela lógica do mercado, apresenta um discurso moral individualista, situada no plano do dever-se, que favorece a situação de miséria e de exclusão social (OLIVEIRA, 2003, p. 201 e 202).
A Cidadania é histórica por ser uma prática que resulta do convívio social estabelecido
desde os primórdios da antiguidade. Na realidade, é o modo de agir de cada sociedade, que
expressa seus valores e seus costumes em um consenso dentro de um contrato social. É uma
forma de organização da sociedade nas suas esferas política, econômica e social. Estas são
determinadas pelas diferentes formas de cultura e instituições que intermedeiam as relações
entre os cidadãos e a sociedade.
O homem, por meio da ação e reflexão é o único ser social que age eticamente com
consciência e liberdade. Desta forma a ética passa a ser fundamental para a construção da
emancipação humana, além de estabelecer a socialização pautada na constituição de valores
que possam expressar as necessidades objetivas de uma sociedade sendo reconhecedora dos
direitos humanos e sociais. No momento em que o indivíduo for adquirindo uma consciência
crítica do significado das normas e deveres por meio da razão, a sociedade provavelmente
poderá se desenvolver sem tantas injustiças.
Com o avanço da tecnologia, a vida em sociedade vem sofrendo várias
transformações, implicando não só na manutenção, como também, na construção de novos
valores, tanto sociais quanto culturais. O homem é o que mais vem sentindo essa mudança,
pois novos valores são constituídos, novas regras e normas são estabelecidas com o intuito de
pregar a paz social e o equilíbrio ecológico. Entretanto, a escola assume um papel
45
indispensável para a formação da cidadania ambiental e da ética do indivíduo visto que a ética
na educação deve ser sempre objeto de reflexão da escola.
A vida cotidiana é “relacionada a uma realidade interpretada pelos homens e
subjetivamente dotada de sentido na medida em que forma um mundo coerente” (BERGER;
LUCKMANN,1976, p. 35). A realidade cotidiana não é a única existente ao homem, mas é
aceita como tal por ele.
Hoje nas grandes cidades o cidadão vive o “aqui e agora”, este automatismo, cria sua
rotina e resiste quando um fato novo interrompe ou modifica. Procura seguir o movimento
automático de suas ações em busca do crescimento, do novo e da mudança.
O quadro da vida cotidiana, segundo TAVEIRA (2011), também é composto pela
intersubjetividade e a linguagem. A primeira ocorre pela interação do indivíduo com outro e
destaca a importância da relação face a face.
A linguagem necessária nesta relação da vida cotidiana aproximando os indivíduos na
situação face a face e pela fala do indivíduo ele expressa sua subjetividade, tornando-se um
ser mais real para si e para o outro. Os efeitos coercitivos da linguagem são sentidos pelos
indivíduos (BERGER; LUCKMANN, 1976, p.40).
A vida cotidiana imprime certo movimento nas ações do ser humano e de suas
relações ficando comprometido pela falta de investimento na relação face a face e pela falta
de tempo disponível para esta realização saudável.
Os autores a seguir compartilham de conceitos e reflexões sobre a qualidade de vida
no meio urbano, nas relações do homem na cidade e no enfrentamento dos seus desafios
diários na busca de melhorias.
Na atualidade são crescentes os problemas socioambientais e onde segundo Paixão
(2009), ocorre que o investimento no desenvolvimento sustentável precisa favorecer
qualidade de vida a todos, na busca de reduzir as desigualdades sociais, e a preservação da
natureza, no sentido de garantias às futuras gerações, além de diminui a poluição, a
degradação e evitar esgotar os recursos não renováveis.
Na busca de garantir a sustentabilidade torna-se preocupante a situação do meio
ambiente, pois como manter e melhoras as questões ambientais às futuras gerações.
Segundo Paixão (2009), manter a economia e o estilo de vida das populações urbanas
na atualidade, devido ao consumismo cada vez mais crescente e o descarte de materiais
tóxicos e lixo comprometendo a saúde e desenvolvimento urbano. O autor indica como
proposta para resolver este problema seria abandonar o modo de vida que vivencia hoje e
evitar a destruição do planeta.
46
A educação ambiental seria uma forma consciente e humanizada de funcionar como
uma reprodutora de padrão social, também levando a reflexão de que este padrão pode
contribuir para o meio ambiente e para sadia qualidade de vida.
Ao se conseguir melhorar a qualidade de vida dos indivíduos no espaço urbano, outros
ganhos poderão ser observados quanto aos desafios socioambientais, no que se refere a as
desigualdades sociais e os cuidados com a natureza.
Para Paixão (2009), o exercício da cidadania pelo individuo na cidade, garantido pela
Constituição Federal de 1988, que em conjunto com a Lei nº 9.795/99 (regulamentada pelo
Decreto nº 4.281 de junho de 2002), dispõe sobre a educação ambiental e seu artigo5º, inciso
VII, buscando o objetivo de fortalecimento da cidadania e autodeterminação dos povos. Além
de destacar a questão da interdisciplinaridade metodológica e epistemológica da educação
ambiental como elemento integral da educação nacional. Apoiado também no Estatuto da
Cidade, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana, nos termos do art. 2º, inc. II, da
Lei nº 10.257/2001, que determina, como diretriz geral, a gestão democrática por meio da
participação da população e de associações representativas dos vários seguimentos da
comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.
A educação no sentido da cidadania comprometida com a qualidade do meio ambiente
precisa convergir epistemologias e práticas. Portanto, a forma de crescimento econômico
mostrou-se desigual com diferentes progressos nos países e regiões mundiais. Segundo a
UNESCO (1997), mais de três quartos da população mundial vivem em países em
desenvolvimento esse beneficiam de apenas 16% da riqueza mundial.
Desta forma a busca da sustentabilidade é um desafio de cada habitante do planeta,
pois, desenvolver levando em conta o social com menos custos, depende da participação de
todos os seres humanos, além dos documentos legais que amparam as diretrizes e bases da
Política Ambiental a fim de favorecer a qualidade de vida urbana.
4.1. UM OLHAR SOBRE A ESCOLA (LOCAL DA PESQUISA), AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS E SEUS PRINCIPAIS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
A Escola Estadual Emiliana Sarmento está localizada na Avenida Marques de Herval
esquina da Avenida Doutor Freitas.
47
Figura 1 - ESCOLA EMILIANA SARMENTO FERREIRA
Fonte: GOOGLE MAPS
Figura 2 – ENTRADA DA ESCOLA
Fonte: Projeto de Pesquisa 2012
48
A Escola Estadual Emiliana Sarmento campo da pesquisa, assim como as demais
escolas estaduais debate o tema meio ambiente presente pela educação ambiental, de acordo
com Parâmetros Curriculares Nacionais, segundo MEC (2000).
No Brasil, na década de 70, as correntes que vigoraram foram as que deram ênfase à
informação como o caminho para evitar os possíveis riscos decorrentes dos impactos sobre o
ambiente causados pelos projetos colocados em prática em nome do chamado
desenvolvimento econômico. Já na década de 80, as experiências propostas tinham que fazer a
conexão entre o meio ambiente e o homem, com os comportamentos sendo guiados em
direção à intervenção na realidade na busca de solução de problemas ambientais. Hoje essa
concepção se ampliou, com os problemas ambientais sendo reconhecidos como sistemas
complexos, nos quais intervêm processos de diferentes racionalidades. Essa nova postura une
a ideia do desenvolvimento sustentável como forma de buscar o equilíbrio entre o
desenvolvimento e a conservação ambiental, com ênfase na dimensão global que cada aspecto
do ambiente assume.
Em todo o mundo essas e outras tendências foram se manifestando e se reformulando
ao longo do tempo, tendo como fórum principal de discussões as várias Conferências
Internacionais sobre Meio Ambiente realizadas efetivamente a partir da década de 70. Todo o
mote dos debates nessas conferências se configurou em torno da problemática ambiental
vivida pelo planeta e as possíveis soluções para resolvê-la. Estocolmo, Tbilisi, Rio 92 e outras
desencadearam ações diversas que contribuíram para que os conceitos sobre Meio Ambiente e
Educação Ambiental fossem se consolidando.
A Conferência de Tbilisi, realizada na Geórgia, em 1977, tem grande importância para
a EA porque começou a delinear o conceito de Educação Ambiental na dimensão concebida
hoje, com o conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução dos problemas
concretos do meio ambiente, por meio de um enfoque interdisciplinar e de uma participação
ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. Os principais princípios definidos em
relação à EA foram:
A EA deve desempenhar a função de criar a consciência dos problemas que afetam o Meio Ambiente; deve ser dirigida a pessoas de todas as idades e de todos os níveis de ensino formal e não formal; deve constituir uma educação permanente; deve ter um enfoque global sustentado em base interdisciplinar e deve contribuir para renovar o processo educativo. (TIBLISI, 1977)
49
Na Conferência Rio 92, a EA passou a incorporar a dimensão sócio-econômica,
política, cultural e histórica, considerando as condições e o estágio de cada país, região e
comunidade, sob uma perspectiva global.
As orientações aprovadas nessas e outras Conferências deram o indicativo para a
formulação da legislação brasileira na área ambiental. Além da Lei 6.938/81, que trata da
Política Nacional do Meio Ambiente, o país passou a incorporar o tema em vários outros
documentos, a começar pela própria Constituição Federal de 1988, passando pela Lei
9.394/96, que trata da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/1997/1998) e, ainda, pela Lei Nacional de
Educação Ambiental (1999).
Pela legislação brasileira, o Meio Ambiente é conceituado como “o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas (Lei 6.938/81 Art 3ª). Já a Lei 9.795/99, que trata
de Educação Ambiental, define a EA “como os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e a sua sustentabilidade”.
A partir desses e de outros conceitos, a EA foi ganhando outras visões e múltiplos
olhares dos estudiosos, favorecendo a construção no país de uma Educação Ambiental
complexa e diversificada. Essa pluralidade de visões faz com a EA seja considerada quase
sempre como difícil de compreendê-la. É como ressalta Cartea: “A influência social da EA é
difusa e difícil de calibrar sua própria natureza e porque sob este rótulo agrupam-se ações e
práticas educativas em distintos âmbitos e considerando concepções e paradigmas ambientais
e educacionais muitas vezes divergentes (CARTEA, 2005, p.172)
Mesmo diante dessa instabilidade, vários conceitos surgem fora do âmbito oficial para
definir a Educação Ambiental. Foram selecionados alguns que mais se aproximam da
concepção de EA prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais, alvo desse trabalho, ou
seja, com a visão de ação participativa e emancipatória dos sujeitos:
A pesquisadora Marilia Freitas de Campos Tozoni-Reis define a EA como “uma
prática educativa transformadora da realidade ambiental com a participação ativa dos sujeitos
envolvidos” (TALAMONI/SAMPAIO, 2003), conceituação que vai ao encontro do que
afirma Reigota sobre o tema. Para ele a “EA deve ser entendida como educação política, no
sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania
50
nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza”, (REIGOTA,
1994).
Dias (2000) entende a Educação Ambiental como “um processo por meio do qual as
pessoas aprendem como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e
como promovemos a sua sustentabilidade.
Portanto, são vários os conceitos e as visões que permeiam a Educação Ambiental,
tornando-a complexa por permitir múltiplas abordagens da questão ambiental, uma
característica que assegura levar essa EA a diferentes espaços de atuação, abrangendo os
movimentos sociais, as escolas, as empresas e os órgãos governamentais, com a possibilidade
de enfrentamento de qualquer tratamento reducionista do ambiente.
Embora seja esse um campo instável, a EA, até contraditoriamente, aparece como um
das saídas para reverter o quadro caótico que se apresenta à humanidade diante da
problemática ambiental. Para compreendê-la, então, é necessário que se conheça esses
diferentes conceitos e posturas para que se possa contextualizá-la nesse mundo
contemporâneo, visualizando os seus distintos projetos político-ideológicos a fim de situá-la
no campo epistemológico. “A EA implica uma revolução do pensamento, uma mudança de
mentalidade, uma ruptura epistemológica (Bachelard), uma transformação do conhecimento
das práticas educativas (Leff) e um aprender a conhecer a partir de um repensar o já pensado
(Heidegger) para se construir um conhecimento novo baseado em uma abordagem que
interage os potenciais da natureza, os valores humanos e as identidades culturais em práticas
produtivas e sustentáveis (Leff)”, afirma Dentz (p.02) citando outros autores.
“As disparidades existentes entre as nações e no interior delas” e o “agravamento da
pobreza, da fome, das doenças e do analfabetismo, com a deterioração contínua dos
ecossistemas de que depende nosso bem-estar” (Agenda 21) levaram o mundo a aumentar a
preocupação com o futuro do planeta. Com o processo crescente de industrialização e
urbanização das cidades, ocorrido principalmente depois da revolução industrial, começaram
a se intensificar inúmeros problemas ambientais que põem em ameaça a sobrevivência
humana no espaço terrestre.
Entre esses problemas pode-se destacar a explosão demográfica nas cidades (hoje 81,2
% da população mundial vivem em áreas urbanas), o que ocasionou uma produção intensa de
lixo, excesso de consumo dos recursos naturais, poluição, violência, ocupação desordenada e
tantos outros que passaram a fazer parte de uma triste realidade cotidiana. “Em decorrência da
urbanização desordenada, a periferia de grandes e médias cidades testemunham a grande
51
carência em serviços de água, saneamento e coleta de lixo, que têm incidência sobre o estado
de saúde dessas populações” (Mendes, 2004. p).
Nesse contexto, o homem aparece como um dos grandes responsáveis por esse
processo de degradação ambiental, juntamente com o próprio sistema capitalista que coloca os
aspectos econômicos acima dos biológicos no que se refere à interferência humana no planeta
para garantir a produção e a reprodução da vida. “Parece ser inacreditável que o homo
sapiens, o único ser dotado de inteligência natural na Terra, tenha promovido esse cataclisma
ambiental acelerando a entropia planetária, ignorando o fato de que agredindo o meio
ambiente, o homem age irracionalmente, pois despreza os efeitos dessa agressão que podem
reverter contra si próprio, sem que este tenha forças a curto prazo para evitá-los”, afirma
Carvalho (2006) citando Cruz (1992).
Diante desse quadro, verificou-se que uma das alternativas para tentar modificar essa
realidade seria “conscientizar e formar cidadãos para que reconheçam os problemas
ambientais e compreendam que os processos naturais do meio ambiente são responsáveis pela
qualidade de vida, despertando a população para a adoção de princípios mais justos e
eqüitativos de relacionamento sócio-ambiental, sem que ambos (comunidade e meio
ambiente) precisem se destruir mutuamente (Carvalho. 2006).
Assim, desta forma, surge a necessidade de investimentos em Educação Ambiental,
com a escola se firmando como um espaço essencial onde essa prática deve ser consolidada,
como indica os seguintes documentos: Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio
Ambiente; Agenda 21 (elaborada durante a Conferência Rio 92), Constituição Federal de
1988; Lei 9.394/96, que trata da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB);
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997/1998) e Lei Nacional de Educação Ambiental
(1999).
Todos eles mostram que a escola tem compromisso fundamental com a preservação do
Meio Ambiente, sempre deixando explícito ou implícito que essa instituição é partícipe de um
processo que visa a assegurar que todos tenham direito ao “meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”, como
determina a Carta Magna brasileira em seu artigo VI.
Um dos primeiros documentos a tratar da Educação Ambiental de forma efetiva no
Brasil foi a Lei 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1981, pela Presidência da República.
Ele instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente e trouxe em seu artigo 2º, os princípios
que devem nortear o cumprimento da referida política, que tem por objetivo “a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
52
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana”.
Entre os princípios apontados, o décimo traz em seu texto que a EA deve ser levada a
todos os níveis de ensino, inclusive “a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente”.
Mais tarde, em 1988, a Constituição Federal consolidou o que preconiza essa política
trazendo um capítulo exclusivo para tratar do Meio Ambiente. Em nível mundial o Brasil foi
primeiro país a tratar da questão ambiental em sua Constituição, “considerada em termos
ambientais, uma das mais avançadas do mundo” (Carvalho, 2006). Ao tratar do assunto
afirmou em seu capítulo VI, artigo 225, que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo às
presentes e futuras gerações. A Carta Magna estabeleceu também que a EA deve ser
promovida em todos os níveis de ensino (...).
Como a questão do meio ambiente era há algum tempo uma preocupação
internacional, foi lançada em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro (Rio 92), a Agenda 21, “um plano
de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das
Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana
impacta o meio ambiente”.
O documento constitui-se, segundo o Ministério do Meio Ambiente, “na mais
abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o
século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica,
perpassando em todas as suas ações propostas”. De acordo ainda com o Ministério, a Agenda
está “voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o
mundo para os desafios do próximo século”. Com um total de 40 capítulos, o documento foi
elaborado com o consenso dos governos e de instituições da sociedade civil de 179 países.
Embora nesses capítulos, a Agenda trate de assuntos diversos do campo do meio
ambiente, o documento trouxe um capítulo exclusivo (36) sobre a “Promoção do ensino, da
conscientização e do treinamento”, reorientando o ensino no sentido do Desenvolvimento
Sustentável. O documento afirma que o ensino deve ser reconhecido como “um processo pelo
qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades”,
sendo de “fundamental importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para
aumentar a capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento”.
53
Ao lançar o documento, a organização das Unidas (ONU) definiu alguns objetivos que
devem ser cumpridos pelos países, entre eles, “lutar para facilitar o acesso à educação sobre
meio ambiente e desenvolvimento” e “promover a integração de conceitos de ambiente e
desenvolvimento (...) em todos os programas de ensino (...). É, portanto um documento amplo
que serviu para despertar o mundo para a consciência ambiental, embora o Brasil ainda
andasse em passos lentos nessa questão, mesmo já tendo algumas leis versando sobre o
assunto.
No bojo do que previu Constituição Federal e do que foi defendido pela Agenda 21, o
governo brasileiro aprovou em 1996, a Lei 9.394, que trata da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB). A LDB não abordou de forma explicita a questão da EA. Em seu
artigo 32, afirma que o ensino fundamental (...) terá por objetivo a formação básica do
cidadão, mediante a compreensão do ambiente natural e social (...) e dos valores em que se
fundamenta a sociedade (parágrafo 2), ou seja, não utiliza de forma clara a expressão
“Educação Ambiental” como ocorre com outros documentos. Mesmo assim autores como
Carvallho (2000) consideram que a LDB reafirmou os princípios definidos na Constituição
sobre o assunto.
Depois vieram os Parâmetros Curriculares Nacionais, que colocaram o meio ambiente
como um tema transversal, não associado a nenhuma disciplina específica, mas presente em
todas as áreas do conhecimento, sem, no entanto, ter caráter de obrigatoriedade. Eles foram
considerados a primeira ação concreta do governo federal para a implantação de uma EA na
rede pública de ensino. “Devido a sua abordagem holística e integradora, a Educação
Ambiental vem sendo trabalhada nas escolas brasileiras de maneira mais sensível nos PCN,
através da concepção do meio ambiente como um tema transversal, (...) com o favorecimento
da compreensão da realidade e da participação social (...)”, explica Carvalho (2006)
Os PCN tiveram como objetivo dar um direcionamento aos docentes e à escola de
como tratar o tema em sala de aula, reforçando mais uma vez o compromisso da escola com a
defesa do meio ambiente.
Para complementar esse esforço, foi lançada em 1999, a Lei Nacional de Educação
Ambiental, que tratou exclusivamente da educação ambiental, conceituando-a como “os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade”.
54
O documento coloca a Educação Ambiental como “um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo”, formal e não formal.
A lei também consagra a Educação Ambiental como um direito de todos a fim de
garantir, entre outros pontos, “o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos,
psicológicos, legais, políticos, sociais e econômicos”.
É, portanto, uma seqüência de leis que coloca a escola com um papel de destaque na
preservação do meio ambiente e como co-responsável por garantir a sobrevivência do planeta
à presente e às futuras gerações, por meio da Educação Ambiental.
Dentre os temas transversais estão relacionados às questões do meio ambiente
distribuídos nas diferentes disciplinas em sala de aula ministradas pelos docentes com base na
interdisciplinaridade.
A proposta da escola quanto à interdisciplinaridade pode ser vistas em algumas
atividades ao longo dos semestres escolares. Como se observar nas imagens abaixo:
Figura 3 – ÁREA INTERNA DA ESCOLA
Fonte: Projeto de Pesquisa 2012
55
A escola estudada proporciona atividades com inclusão social, envolvendo alunos
professores de diversas disciplinas e familiares.
Figura 4 – VIDEO NA ÁREA INTERNA DA ESCOLA
Fonte: Projeto de Pesquisa 2012.
A Escola Emiliana Sarmento utiliza metodologias diferentes como proposta de
integração e interdisciplinaridade, com prática pedagógica envolvendo recursos artísticos
(filmes, peças teatrais, danças, outros...).
Ao considerar a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no
tempo e no espaço, observa-se que as instituições de ensino têm a função de oferecer meios
efetivos para cada sujeito compreender os fenômenos naturais, as ações humanas e sua
consequência para consigo, sua própria espécie, os demais seres vivos, e o ambiente. É
fundamental que eles desenvolvam as suas competências e habilidades educacionais ainda na
infância e adotem posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos. Dessa maneira
poderão ser agentes e colaboradores do projeto de construção de uma sociedade socialmente
justa, em um ambiente saudável.
Para Tavares (2008), é necessário analisar o conteúdo ambiental que está sendo
trabalhado nas instituições de ensino, pois o saber educativo contribui para construção de uma
56
sociedade sustentável, com isso é necessário um trabalho de qualidade sobre Educação
Ambiental com os educandos, para que possam auxiliar na prevenção do meio ambiente.
A Educação Ambiental pressupõe modificar os esquemas cognitivos dos participantes
envolvidos no processo educacional, construir novos conhecimentos, principalmente das
crianças, as quais necessitam se desenvolver com uma visão mais ampla sobre recursos
naturais, e sua utilização no dia-a-dia como matéria prima e forma de preservação.
No entender de Tavares (2008), pensar em Educação Ambiental nos dias atuais é
pensar numa educação voltada para aprendizagens significativas ao mundo globalizado. É
proporcionar perspectivas capazes de estimular ideias inovadoras e a formação de um cidadão
crítico, reflexivo e participativo, apto a tomar decisões e contribuir para o desenvolvimento
das ações humanas.
A Educação Ambiental promove a transformação dos conhecimentos teóricos e
práticos fundamentando uma perspectiva determinada à construção de um espaço inovador.
Portanto, a incorporação do Meio Ambiente à Educação formal, possibilita o contato direto
dos educadores e educandos com a realidade complexa de processos de conservação da
natureza, social e ecológica, ensejando uma compreensão do mundo por meio de diferentes
processos desde a formação nível básico até a formação do superior. Prepara o indivíduo para
a vida enquanto membro da biosfera, fazendo-o compreender, saber lidar com sistemas
ambientais de maneira global (TAVARES, 2008).
Perceber a história do ambiente e suas fontes de satisfação e insatisfação é de
fundamental importância, pois só assim será possível a realização de um trabalho com bases
locais, partindo da realidade para ação. Na visão de Tavares (2008), o objetivo é promover a
sensibilização, bem como desenvolver o sistema de percepção e compreensão do ambiente.
Portanto, a Educação Ambiental é um processo pelo qual se busca por em prática uma
filosofia de vida, exercendo-a como parte da cidadania, como enfatiza Pelicioni (2004, p.462-
463):
[...] Cabe ao educador criar condições para que a educação ambiental seja incorporada como filosofia de vida e se expresse por meio de uma ação transformadora. Não existe educação ambiental apenas na teoria, o processo de ensino-aprendizagem na área ambiental implica exercício de cidadania pró-ativa.
A Educação Ambiental não se efetiva meramente na aquisição de conhecimentos
teóricos, mas na viabilização de uma ação transformadora, criadora de nova situação. Esta
57
ação se apóia na ética, na justiça social e na equidade, valores a serem adquiridos ainda na
infância.
O discurso de uma educação para a qualidade vida constitui um dos fundamentos
norteador da Educação Ambiental, pois esta possui um caráter político, implica em tomada de
decisão, e adoção de postura e ação diante dos fatos. Para ser significativa, segundo a
abordagem sociocultural, precisa ser promovida a partir de condições favoráveis, como
esclarece Pelicioni (2004, p.468):
Não é o educador que educa, mas o educador é aquele que cria condições para que as ideias e o conhecimento sejam incorporados pelo educando. Esse conhecimento, para fazer parte da vida do educando, precisa ser aceito como verdade, precisa ser valorizado e corresponder às necessidades sentidas. O educador estimula o educando que, motivado, valoriza as ideias, de modo a ter certeza que elas serão significativas para a sua vida.
As considerações anteriores permitem aludir que o estímulo, a inovação no modo de
ensinar e transmitir as ideias, a criatividade, o despertar de interesses, o envolvimento do
educando nas práticas educacionais, o esclarecimento sobre os benefícios coletivos e
individuais fazem parte das ações desenvolvidas pela Pedagogia Ambiental, as quais são
necessárias à promoção da Educação Ambiental como filosofia de vida.
Sensibilizar e convencer os educandos a cumprir o que ensina a Educação Ambiental,
embora seja um papel difícil, pois nem sempre os indivíduos estão dispostos a aceitar e
valorizar determinadas idéias, é um passo indispensável rumo à formação de uma mentalidade
compromissada com a questão ambiental (PELICIONI, 2004).
As dificuldades são muitas, porque poucas pessoas ainda têm acesso e base teórica
para compreender conceitos científicos, como desenvolvimento sustentável, ecossistema,
erosão do solo, entre outros. Os desafios são grandiosos, principalmente quando se leva em
conta que a cultura egoísta do consumismo influencia a vivência cotidiana e dos sonhos de
milhões de cidadãos. Diante dos fatos, a efetivação da Educação Ambiental implica a
valorização da humanização, como evidencia Pelicioni (2004, p.469):
Trata-se de uma transformação cultural, de valores, de uma revolução de idéias, isto é, de mudanças urgentes e contundentes no ideário vigente nesse sistema capitalista, baseadas no humanismo moderno, em que deve prevalecer o bem da coletividade sobre o bem individual, egoísta dessa sociedade consumista em que predominam os interesses de poucos sobre a pobreza da maioria. O ser humano deve ser valorizado pelo que ele é e não pelo que ele tem, por seus bens e acesso a recursos.
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Segundo Cunha (2009), a Pedagogia Ambiental está em consonância com a visão de
se levar em conta novos paradigmas na constituição de uma racionalidade ambiental. Na
concepção de Leff (2001, p.203):
O significado de uma racionalidade ambiental que integre os potenciais da natureza, os valores humanos e as identidades culturais em práticas produtivas sustentáveis inclui as inter-relações complexas de processo ideológicos e materiais diferenciados. Os fundamentos epistemológicos e ontológicos do saber ambiental adquirem assim sentido para conceber uma estratégia capaz de construir uma nova ordem social.
A mensagem presente na citação anterior evidencia a defesa de uma nova
racionalidade pela qual deve se orientar a Pedagogia Ambiental. Isso não significa desprezar o
conhecimento científico, haja vista seu grande valor na vida prática, mas estabelecer um
diálogo entre esta forma de conhecer a realidade com outras presentes no ambiente. Por
exemplo, os indígenas dispõem de saberes relevantes acerca das relações e peculiaridades
presentes nas florestas, vinculados à sua cultura, tradição, religiosidade e experiência
cotidiana. Esses conhecimentos estão imbuídos de uma racionalidade que não é a mesma
difundida pela cultura burguesa e moderna.
Para entender melhor como há diferenças de racionalidades, vale ressaltar o sentido de
valor. Quando os portugueses e espanhóis chegaram na América conceberam as florestas
como fontes de riqueza, utilizaram a Matemática para calcular o quanto poderiam fazer
fortuna explorando madeira, minerais, drogas do sertão e outros recursos, mas os índios cada
árvore tem importância para a vida, possui espíritos, ou seja, quanto mais espécies forem
preservadas, maiores serão os benefícios. Nota-se uma grande diferença entre ambas as
formas de pensar e interpretar elementos do meio ambiente.
59
Figura 5 – QUADRO DE AVISO NA ENTRADA DA ESCOLA
Fonte: Projeto de pesquisa 2012.
Há espaços da escola para divulgação de temáticas envolvendo datas comemorativas,
educação ambiental e conceitos morais para uma boa convivência no ambiente.
Com objetivo de analisar a relação da escola com meio ambiente foi proposto na
pesquisa junto aos professores a representação gráfica sobre a inquietação destes indivíduos
com uma problemática ambiental.
A representação gráfica caracteriza uma forma de linguagem e expressão de
conhecimento com significado de uma histórica cultural rica reveladora de vivências do
individuo e de sua subjetividade.
O desenho é uma forma de representação de aprendizagem e funciona também como
uma ferramenta pedagógica que pode ser utilizada nas diferentes ciências e pesquisa
cientificas para alcançar seus objetivos.
Maturana (2001) diz que o ser humano existe através das suas linguagens e do espaço
social que elas ocupam. No caso da representação dos docentes, pelas suas implicações
sociais, éticas, políticas, ideológicas e técnicas, a expressão através do desenho das
60
percepções sobre os seus conceitos, isto é, docentes com uma carga cultural formalizada,
oriunda do espaço escolar e do ambiente doméstico, além das inserções midiáticas, podem
representar oportunidades pedagógicas eficazes para o seu processo de ensino-aprendizagem.
A linguagem gráfica pelo desenho é uma forma de demonstrar a concepção e de
mundo e de homem na busca de reflexões e mudança de atitude diante da representação
criativa da situação expressa.
Os docentes representaram de forma gráfica a preocupação com o principal problema
sócio ambiental no sue bairro ou no trabalho (escola).
A) Situação com lixo
Desenho 1
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
No desenho 1, o professor representou a preocupação com o lixo entulhado nas
cidades e nas praças comprometendo a sadia qualidade de vida da população, onde os
próprios moradores dos bairros contribuem para manter a sujeira acumulada. Em certas
regiões mais urbanizadas, mesmo com a coleta regular do lixo, a população elege uma
esquina ou terreno baldio para acumular todo tipo de lixo. Mesmo os professores que lidam
com conceitos relativos ao meio ambiente, apresentam uma visão e análise superficial do
problema ambiental, que tem no lixo, apenas a ponta visível do problema ambiental urbano.
Desenho 2
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
61
No desenho 2, o professor representa a falta de educação e responsabilidade ambiental,
pois têm pessoas que não usam as lixeiras e deixam o lixo acumulados em ambientes
inadequados que vão comprometer o bem estar e a saúde da população. Além da falta de
formas de educar a população para o respeito ao meio ambiente. As lixeiras na via pública são
insuficientes diante do número de pessoas que circulam no espaço da cidade.
Desenho 3
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
O desenho 3 do professor confirma a necessidade de programas públicos de educação
ambiental, abertos à população da Cidade. Esses programas deveriam acontecer nas diversas
instituições e organizações sociais de forma permanente, abertos aos diversos grupos
humanos que circulam nos pontos urbanos, com orientações sobre o cuidado e a preservação
do meio ambiente, evitando jogar lixo nas ruas e canais do espaço urbano, observa-se que,
mesmo quando os locais apresentam lixeiras, as pessoas de forma irresponsável jogam o lixo
em qualquer lugar menos nos locais corretos, o que demonstra a falta de educação ambiental.
Desenho 4
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
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O desenho 4 do professor representa a preocupação com a coleta seletiva, atitude
responsável e necessária em prol da saúde coletiva e do meio ambiente. A coleta seletiva além
de favorecer a sadia qualidade de vida da população, ainda gera emprego a milhares de
cidadãos brasileiros.
B) Situação com desperdício de água
Desenho 5
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
No desenho 5 do professor sobre o cuidado no uso responsável, pois o desperdício
ocorre nas casas no momento de lavar as mãos e os utensílios domésticos, podendo ser
realizado com mais economia.
Pesquisas comprovam que a má utilização do consumo de água pelos cidadãos leva a
falta e escassez para muitos brasileiros, por isso campanhas para evitar o desperdício e a
economia de água são necessárias.
Os desenhos retratam uma visão superficial dos Professores quanto ao problema
ambiental urbano. O que atesta entre outras questões, que essa visão superficial impossibilita
a apresentação de propostas voltadas à formação dos alunos no contexto da Escola, são
tratamentos que não conseguem apresentar o problema na sua dimensão real, e sem a
importância devida quanto a crise que perpassa cada representação expressa nos desenho.
Um dos maiores problemas ambientais nas cidades é a carência de um sistema de
saneamento adequado, o que leva não apenas à morte e contaminação de ecossistemas
inteiros, mas aumentam os casos de doenças e a mortalidade, especialmente de crianças e
63
idosos, pois o lixo é a casa ideal de vetores transmissores de doenças como ratos, baratas,
mosquitos, etc.
No caso dos resíduos sólidos, um dos itens do saneamento, tem ainda o problema da
queima do lixo não coletado, que às vezes é um dos principais fatores da perda de florestas e
vegetação nas cidades quando o lixo é queimado e o fogo acaba se alastrando para o capim
seco e daí atinge as árvores e florestas. Dessa forma, lixo, desmatamento e mortalidade
infantil andam de mãos dadas na deterioração do meio ambiente urbano.
O que chamamos de lixo é só matéria prima e recursos naturais misturados e fora do
lugar. Se olharmos uma vasilha de lixo bem de perto veremos que ali estão papel, plástico,
metal, vidro, pano, madeira, material orgânico, restos de obras, etc. Tudo isso, ao ser
misturado, torna-se imprestável para reaproveitamento, com o agravante de que jogar lixo no
meio ambiente além de revelar a falta de educação de quem pratica esta ação, é crime
ambiental segundo o artigo 41 do decreto federal 3.179, de 21 de setembro de 1999, que
regulamenta a Lei de Crimes Ambientais e que considera crime, punível com multa de R$
1.000,00 a R$ 50 milhões de reais, "causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora". No inciso V, do mesmo decreto, o artigo é bem
explícito: "Incorre nas mesmas multas quem lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou
detritos, óleos ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
ou regulamentos".
Diante do crescimento das cidades e da consciência ambiental crescente na sociedade,
não há mais 'lá fora', pois tudo está dentro do planeta. Logo, não resolve mais levar o lixo lá
para fora, num canto escondido qualquer. É urgente que este assunto seja adequadamente
tratado, com gestão compartilhada, tecnologia adequada e principalmente, muita educação e
comunicação ambiental, pois são se trata apenas de deficiência pura e simples nos sistemas de
coleta e destino final do lixo, mas também de falta de educação de nosso povo, já que em
muitos locais onde o serviço de limpeza existe, o lixo continua sendo jogado nas ruas e
terrenos abandonados.
As prefeituras podem criar mecanismos de incentivo para a Coleta Seletiva na Cidade,
através, por exemplo, de abatimento na taxa de lixo, que seria separada do IPTU. Quem
quisesse entregar seu lixo todo misturado pagaria 100% da taxa, mas quem entregasse
separado, pagaria só 50%, ou até menos. Claro que deveria ser implantado junto um programa
de comunicação e educação ambiental, mas o abatimento no IPTU faria uma enorme
diferença no estímulo à participação da sociedade.
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Ainda, de quebra, os Prefeitos poderiam transformar um problema complicado numa
fonte extra de geração de renda e emprego através do incentivo à formação de cooperativas de
catadores e beneficiadores de materiais. Até os entulhos de obras que aterram margens de rios
e entopem lixões podem ser moídos e se tornar em agregados para habitações populares. Os
restos de comida, cascas de frutas e legumes, dão excelente adubo para hortas cultivadas sem
agrotóxico a serem feitas em regime de cooperativa nos terrenos vazios e abandonados da
cidade, cujos produtos podem contar com a garantia de compra pelas escolas da Rede
Municipal para a merenda escolar.
O processo de urbanização acometido pelo mundo globalizado trouxe contradições
resultantes do desenvolvimento do capitalismo, que impõe a cada momento de sua história
novos padrões de produção, de circulação, de consumo, de comportamento, etc., uma lógica
produtiva que segundo Leff (2001), fundada no cálculo econômico, na eficácia dos sistemas
de controle e previsão, na uniformização dos comportamentos sociais e na eficiência de seus
meios tecnológicos, e que vão refletir nas relações estabelecidas pelos homens entre si e seus
desdobramentos ao nível da vida, do espaço da cidade, da sociedade e consequentemente do
ambiente.
Assim diante de tantos avanços do conhecimento técnico-científico, da busca da
riqueza material ainda bastante concentrada nas mãos de uma minoria, continuamos a
vivenciar grandes desigualdades sociais, segregação cada vez mais evidente pelo nível de
renda, cor, raça, destruição dos recursos naturais, degradação do ambiente e outros. São
contradições postos que ainda não demos conta e que torna necessário fomentar reflexões de
como esses processos se materializam, no plano real da cidade, da sociedade, da vida urbana,
da vida dos cidadãos, a fim de propormos uma nova racionalidade.
Para Leff (2001) a racionalidade capitalista esteve sempre associada à ciência e a
tecnologia que busca incrementar a capacidade de certeza, previsão e controle sobre a
realidade e para questionar esta lógica Leff (2001) propõe o saber ambiental que ira incorpora
um conjunto de valores e critérios que dispensa modelos capitalistas para a sua implantação,
com novas perspectivas ao processo de desenvolvimento do espaço urbano, sobre novos
princípios éticos e potenciais ecológicos, propondo uma transformação dos processos
econômicos, políticos, tecnológicos e educativos para construir uma racionalidade social e
produtiva alternativa.
A Escola inserida neste contexto necessita ser tratada como um instrumento para a
construção da racionalidade ambiental Leff (1999), uma vez que a questão ambiental transita
pelas diversas áreas do conhecimento provenientes de diferentes ciências e é capaz de
65
construir espaço de saberes multidisciplinares e que poderão dar conta da reconstrução da
vida em sociedade.
O desenvolvimento das sociedades atuais tem conduzido a uma degradação do
ambiente e a um esgotamento dos recursos naturais. Este contexto impulsionou a uma tomada
de consciência do problema por parte das populações em geral e implantações de medidas
legais de proteção e conservação do ambiente pelos governantes. No entanto, parece haver
duas soluções: em curto prazo, medidas punitivas e em longo prazo, medidas preventivas
(educação). Desta forma a EA ficou intimamente relacionada com o Desenvolvimento
Sustentável (DS), uma vez que é fundamental desenvolver nas escolas uma educação
ambiental que dote os alunos dos instrumentos necessários à tomada de decisões racionais e
coerentes em relação às distintas problemáticas ambientais. A escola como espaço de
socialização deve contribuir para a formação de cidadãos conscientes e preocupados com o
ambiente e os seus problemas. Pois o processo educacional pode contribuir para humanizar o
nosso modo de vida. Temos que fazer escolha. Elas definirão o futuro que queremos.
(GADOTTI, p. 62, 1998). Assim, a educação deverá estar direcionada para a resolução de
problemas, numa perspectiva educativa interdisciplinar, integrada na comunidade e de caráter
permanente voltada para o futuro. Como afirmam Leff (2201), o DS exige o impulsionar de
uma educação com novas práticas pedagógicas, incorporando os valores ambientais e novos
paradigmas do conhecimento na busca de uma sociedade sustentável. Desenvolver
capacidades, competências, atitudes e valores que possibilitem aos cidadãos a participação
ativa nas decisões relacionadas com o ambiente de forma a contribuírem para o
Desenvolvimento Sustentável é um dos objetivos da Educação para o Desenvolvimento
Sustentável (UNESCO & UNEP, 1978).
Neste sentido, a escola não pode continuar a ser unicamente um local de instrução, tem
de ser também, um local onde se educa e socializa as crianças e os jovens. É imprescindível
educar para formar um pensamento crítico, criativo e prospectivo, capaz de analisar as
complexas relações entre processos naturais e sociais, para atuar no ambiente com uma
perspectiva, mas diferenciada pelas diversas condições naturais e culturais que o definem
(LEFF, p. 256, 2001).
A educação deverá contribuir para uma nova racionalidade ambiental e preparar os
cidadãos para as tomadas de decisões, bem como permitir que desenvolvam uma consciência
ambiental e adotem atitudes e valores que promovam o Desenvolvimento Sustentável. Do que
se trata, atualmente, é de desenvolver competências que perdurem de geração a geração. Para
Leff (2001) é necessário ocorrerem transformações conceptuais, metodológicas e de valores
66
para se interiorizar os desafios associados a uma transição para o Desenvolvimento
Sustentável.
A UNESCO e o PNUMA (1988:7 citados por Leff, 2001) propõem a educação
ambiental com uma nova ética que oriente os valores e comportamentos sociais a fim de levar
a uma reformulação de saber e a uma reconstituição do conhecimento que leve a uma
sustentabilidade ecológica e equidade social. A educação ambiental tem assim, uma tripla
pertinência: social, ambiental e educativa (Sauvé, Orellana, Sato, 2002 citados por Gutiérrez
& Pozo 2006).
A escola e o planeta estão imersos em desafios, o que torna indispensável construir
uma escola onde vigore a solidariedade, a cooperação, a ética entre todos. No entanto, a
construção de um mundo Sustentável só será possível quando os seres humanos se
consciencializarem que todo o planeta é um ecossistema interdependente e sentirem o mundo
natural como um local do qual fazem parte e não apenas como o palco onde se desenrolam as
suas vidas. Segundo André Trigueiro (2003: 17 citado por Freitas, 2006) a expansão da
consciência ambiental dá-se na exata proporção em que percebemos o ambiente como algo
que começa dentro de cada um de nós, alcançando tudo o que nos cerca e as relações que
estabelecemos com o universo». Em suma, todos nós desejamos viver num mundo melhor,
mais pacífico, fraterno e ecológico. O problema é que as pessoas sempre esperam que esse
mundo melhor comece no outro.
A educação ambiental é, portanto um componente essencial para a conscientização dos
indivíduos, ao envolver atividades de aprendizagem mais direcionadas para a resolução de
problemas contribui para um envolvimento mais ativo dos jovens, torna o próprio sistema
educativo mais relevante e prático, bem como estabelece uma maior interdependência entre
este e o ambiente. As experiências educativas relativas ao ambiente ajudam os jovens a
compreenderem as relações entre os seres vivos e o ambiente, a aumentarem o seu nível de
consciencialização e de conhecimentos sobre questões e/ou problemas ambientais e a
desenvolverem capacidades adequadas à participação nos processos de tomadas de decisão.
No entanto, estas experiências educativas não devem ser somente proporcionadas pela escola,
pois é função de toda a sociedade educar.
67
C) Situação dos mananciais
Desenho 6
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
No desenho 6, o professor representou um problema grave de saúde pública, onde nos
canais são depositados lixo e entulhos que entopem os canais por onde passavam corregos e
hoje exalam mau cheiro e causam doenças, além representar falta de saneamento básico.
Desenho 7
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
No desenho 7, o professor retrata a preocupação da poluição dos rios, onde a
população não faz a coleta do lixo e joga nos rios, comprometendo a saúde coletiva e do meio
68
ambiente. A educação ambiental precisa alcançar mais pessoas, na conscientização de atitudes
responsáveis.
D) Situação do Planeta
Desenho 8
Fonte: Pesquisa de Campo 2012.
O desenho 8 do professor refere a preocupação com o futuro do planeta, onde o tema
da representação gráfica é” o planeta pede socorro”, pelo acúmulo de lixo e a falta de
consciência em preservar a vida e o bem estar.
Desenho 9
Fonte: Pesquisa de Campo.
No desenho 9, o professor representa sua preocupação com o planeta pela construção
civil, as cidades estão com áreas verdes reduzidas, a verticalização predomina, diz um quadro
apresentado na figura ao se referir ao planejamento urbano nas cidades “vamos destruir as
mangueiras para construir mais prédios”.
69
Os desenhos apresentados pelos professores retratam pela representação gráfica a
preocupação com problemas socioambientais vividos e predominantes nos seus cotidianos e
que interferem na qualidade de vida urbana; onde um dos aspectos mais evidenciados foram a
questão do saneamento básico dando ênfase ao não compromisso da sociedade em geral com
o lixo e reciclagem.
4.2. REFLEXÕES DOS PROFESSORES SOBRE O MEIO AMBIENTE E QUALIDADE
DE VIDA URBANA.
A pesquisa procurou identificar e compreender as condutas responsáveis dos
professores sobre as questões ambientais, da educação ambiental e qualidade de vida urbana.
Com reflexões à luz das teorias relacionadas ao meio ambiente e à educação ambiental.
Algumas respostas dos professores entrevistados e os desenhos servirão de exemplo para
relacionar suas reflexões com as teorias e conceitos pesquisados.
Em Belém, capital do estado do Pará, de acordo com o Relatório Belém Sustentável
(IMAZON, 2003), os problemas ambientais da região metropolitana são apontados como: a
precariedade dos serviços de água e esgoto; aumento da violência; transporte público
ineficiente; dificuldade no tratamento do lixo e aumento do mesmo e perda excessiva da
floresta.
Entretanto, “novos” problemas ambientais começam a surgir na cidade de Belém,
Entre estes a poluição sonora. Segundo Maia (2009), em Belém, o nível de ruídos produzido
principalmente pelos veículos automotores nas vias de grande fluxo está, desde 2001, acima
do previsto por lei. Essas poluições sonoras, somadas as do centro comercial e atividades de
lazer, afetam a qualidade de vida.
Talvez a Educação Ambiental em Belém não seja a salvação para a diminuição desses
problemas, mas, pelo fato de ser um processo de construção da cidadania, poderá vir
desenvolver novos valores e novas relações sociais.
Partindo do pressuposto de que os problemas ambientais locais tornam-se regionais,
nacionais e globais e, utilizando esta mesma compreensão para Educação Ambiental, quem
sabe a partir de pequenas ações, poderemos modificar atitudes locais e quem sabe regionais,
para assim haver uma mudança de atitude global.
Cabe lembrar que certos comportamentos das pessoas provocam e agravam problemas
ambientais. Por exemplo, é comum nas nossas ruas encontrarmos pessoas queimando lixos
70
nas vias públicas, fazer das calçadas extensão de suas residências, jogar lixo nos canais da
cidade entre outros. Esses comportamentos contribuem para pequenas alterações ambientais
que nem sempre são perceptíveis, mas que alteram o cotidiano das pessoas em situações
como: quando chove é comum os canais transbordarem e impossibilitar acesso a
determinados lugares, pois ruas ficam alagadas, em parte sabe-se que é conseqüência de
resíduos sólidos acumulados no mesmo, em parte sabe-se que é pela ausência de políticas
publicas mais consistentes e duradouras.
Se ao longo da humanidade existiu um comportamento ambiental, ou seja, um traço
comum que diz respeito ao relacionamento homem com a natureza, pode-se afirmar que há
possibilidades em reverter o quadro atual através de ações conjuntas entre governantes e
sociedade civil organizada.
A própria a Constituição Federal, em seu artigo 225 garante:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defende-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
E, uma das políticas públicas que poderá modificar o quadro atual por envolver
diretamente governo e sociedade civil é a política educacional, tendo como pano de fundo a
Educação Ambiental.
Santos (1995) de acordo com esta afirmação, ao referir que os impasses criados pelas
desigualdades sociais envolvendo situações de risco e devem estimular novas práticas
solidárias, visualizando no processo educativo a importância para efetivação dessas possíveis
mudanças.
E, para que as mudanças ocorram, não são suficientes ações governamentais, sem que
as empresas, instituições, pessoas, enfim todos os atores sociais se comprometam com as
mudanças de estilo de vida, bem como, adotar novas atitudes em relação ao meio ambiente.
Pela educação o professor procura estabelecer princípios éticos que orientem as
relações do homem com a natureza, do homem com os outros homens e, também, proporcione
a construção de uma nação mais justa e mais humana, pois o seu papel de gerar idéias, criar
valores, investigadora de conhecimento e realizadora de ideais (SARMENTO; PAIXÃO;
NUNES, 2009, p. 33).
O professor no espaço da escola é quem gerencia o processo ensino-aprendizagem,
além de contribuir na construção das políticas educacionais torna-se essencial por entender no
contexto da sala de aula como se efetiva o ato de educar.
71
Embora a palavra cidadania não tenha aparecido de forma explícita nas respostas,
entende-se que quando o professor visa mudar o comportamento em relação aos aspectos
econômicos e sociais, buscando a dignidade do ser humano, está desenvolvendo a cidadania
nos seus alunos e naqueles que os projetos atingem.
De acordo com Guimarães (1995, p. 26), a conscientização, a transmissão de
conhecimentos, o desenvolvimento de atitudes e valores faz parte da Educação Ambiental,
mas é preciso também que esta desperte nos cidadãos a vontade, capaz de fazê-los atuar, em
nível individual e coletivo, na resolução dos problemas atuais e futuros do meio ambiente e
um trabalho orientado por uma perspectiva interdisciplinar é fator fundamental para atingir
esses objetivos, levando-os a compreender a complexidade dos problemas ambientais e a
multiplicidade dos elementos que o constituem.
Refletindo sob esse ponto de vista, o desafio é ensinar associando atitudes, hábitos,
posturas e conhecimentos. Criar ambientes de análise e de prática, porque só se pode formar
por meio da prática: “aprender fazendo a fazer o que não se sabe fazer” (PERRENOUD,
2005).
Assim, a Educação Ambiental tem na escola seu principal instrumento para o repasse
de conhecimentos, colaborando para a formação de uma consciência ambiental.
Na perspectiva da pesquisa, a escola é apenas o lócus. Mas, para haver mudanças, há
necessidade da participação de toda comunidade escolar, principalmente o professor.
Cabe aos professores garantir momentos de discussão e compreensão da realidade
socioambiental numa perspectiva de construção de cidadãos críticos e conscientes.
Sobre essa questão, o professor necessita ter conhecimento dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) ou da Política Nacional de Educação Ambiental, para que
possa atuar com direcionamento nos conteúdos em Educação Ambiental.
Em face ao exposto, a Educação Ambiental como formação de cidadania, tema ver,
portanto, com as concepções de encarar a relação homem/natureza, que estão sendo
apresentados nos serviços educacionais.
Assim, ensinar e aprender atitudes requer posicionamentos claros sobre o que e como
se ensina na escola. E tais posicionamentos ocorrem a partir das intenções do projeto
educativo da escola, onde se adapte e selecione conteúdos básicos necessários e recorrentes
(PCN, 1998, v1, p 76).
O discurso do PCN evidencia o reconhecimento, amplitude e complexidade dos
problemas ambientais contemporâneos, necessitando assim, de uma nova concepção e da
organização de saberes escolares diversos.
72
Dessa forma, a transversalidade e a interdisciplinaridade parecem representar esta
nova forma de pensar e compreender a realidade ambiental, pois a educação ambiental pode
ser uma prática aliada a outros referenciais que embase a forma de ver e entender o mundo e a
relação estabelecida entre homem e natureza, partindo desse pressuposto é o que Morin
(2000) sinaliza ao falar de uma lógica da complementaridade, fazendo-nos refletir a
importância da interlocução entre os conhecimentos, sobretudo ao se tratar do meio ambiente
urbano.
E a escola é, sem sombra de dúvida, o local ideal para se promover este processo de
desenvolvimento e do processo ensino-aprendizagem.
Segundo Penteado (1994), as disciplinas escolares são os recursos didáticos pelos
quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados aos alunos.
Dessa forma, as aprendizagens dos alunos serão significativas à medida que
conseguirem estabelecer relações substanciais e não arbitrárias entre os conteúdos escolares e
os conhecimentos previamente construídos por eles, num processo de articulação de novos
significados (PCN, 1998, v1,p.52).
Um dos facilitadores deste processo são os professores, com base no PCN e na prática
pedagógica do docente com base no exercício da cidadania e conhecimento adquirido.
Nesse sentido, as práticas pedagógicas, deverão ter como foco a correlação entre os
saberes, dentro de um conjunto ativo e participativo da teoria e prática.
Nessa perspectiva, não se trata somente de ensinar a natureza, e sim educar “para” e
“com” a natureza, para compreender e agir diante dos grandes problemas das relações
humanas com o ambiente (MEDINA, 2002).
Cabe então à escola, na pessoa do professor conforme sugere os PCN (1998), garantir
que os alunos possam estabelecer uma relação harmoniosa com o meio ambiente, assegurando
conhecimentos necessários a promoção de atividades que possibilitem o despertar da mudança
de atitudes em relação ao meio ambiente.
Dessa forma, modificar ou adquirir atitudes dependerá não somente do desejo da
pessoa, mas dos conhecimentos e das experiências adquiridas nos grupos sociais ao qual está
inserida.
Para tanto, por ser uma categoria subjetiva, havia necessidade de ações evidenciadas
para que se pudesse verificar de forma objetiva como as atitudes poderiam ser adquiridas ou
modificadas.
73
Se o homem modifica o espaço natural ou construído ao desenvolver suas atividades e
de outra forma o espaço vem interferir de outras maneiras na vida do individuo condicionando
até a localização das próprias atividades produtivas ( SANTOS 1979).
A relação dialética que ocorre na relação sociedade-espaço; onde o homem tem papel
importante na sensibilização por uma cidade mais humana e com qualidade pela educação
ambiental aos seus cidadãos.
Nesse sentido a escola necessita aproximar os conteúdos da Educação Ambiental para
o cotidiano dos alunos, pois dessa forma, entenderão melhor o seu papel nesta sociedade
sustentável.
O MEC ao incluir temáticas ambientais no currículo escolar, reforça o compromisso
da escola com a construção da cidadania.
Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que a busca por um saber ambiental,
precisa estar dentro de cada um de nós, a partir do momento que internalizemos que somos
responsáveis por mudanças locais que poderão contribuir para as mudanças globais tão
desejadas em relação ao meio ambiente.
A experiência do profissional da educação com característica reflexiva pode
possibilitar a transformação de realidades ainda sonhadas pela sociedade que clama justiça,
humanização, boa educação e que tem como desafio o desenvolvimento.
O desenvolvimento requer planejamento e políticas públicas efetivas e conscientização
da sociedade civil. A educação é um elo de comunicação da comunidade e em suas políticas,
diretriz, parcerias e pelo apoio da educação ambiental no sentido de preparar os atores sociais
no desenvolvimento responsável de seus papéis.
4.3. RESULTADOS E ANÁLISE: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL À CONSTRUÇÃO DA
PRÁTICA PEDAGÓGICA REFLEXIVA NO MEIO URBANO COM QUALIDADE.
Neste capítulo serão expostos os resultados, as análises e as reflexões sobre a pesquisa
feita para identificar e compreender as condutas responsáveis dos professores sobre as
questões ambientais, utilizando os conhecimentos da educação ambiental e qualidade de vida
urbana conforme orientam os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Os dados foram sistematizados com base nas informações conseguidas através da
pesquisa, bem como, confrontados com a revisão da literatura e a realidade observada in loco.
74
Para melhor compreensão, analisaram-se os resultados alcançados agrupando-os em
dois tipos de categorias de análise: a primeira que destacou questões socioambientais dos
professores e a segunda abordou questões sobre as atitudes em relação ao meio ambiente.
Ambas tratam de forma implícita a educação ambiental no sentido da melhoria da qualidade
de vida no espaço urbano da cidade de Belém-Pa.
ATITUDES EM RELAÇAO AO MEIO AMBIENTE
4.3.1. Questões Socioambientais Dos Professores
4.3.1.1. Faixa Etária dos professores
A faixa etária dos professores inicia na rede pública de ensino fundamental, até os
trinta anos de idade.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2009) 1,5 milhão
de pessoas trabalham como professores no ensino fundamental. O numero de professores vem
crescendo ao longo das ultimas décadas, a uma taxa anual de 2,5% a 3,0%. Hoje os
professores representam 1,7% da população adulta brasileira.
Na faixa etária entre 30 e 45 anos, a importância relativa desta ocupação, ainda
segundo os dados da pesquisa, é constante, caracterizando a profissão muito mais como opção
de vida do que como uma fase transitória para atingir outras ocupações.
4.3.1.2. Escolaridade dos professores
Do total de 1,8 milhões de professores que lecionam na rede pública de ensino,
594.000 mil não têm curso superior. Os dados fazem parte de um estudo do Ministério da
Educação com base no Censo Escolar de 2007.
Ainda em relação à formação dos docentes, o quadro mais grave é do ensino
fundamental, em que 26,6% dos professores não têm a habilitação legal exigida para as séries,
75
que é o curso superior em licenciatura. Mas no caso da pesquisa dos dez professores
envolvidos na pesquisa apenas uma não possui ensino superior completo.
4.3.1.3. Bairro que residem os professores
De acordo com os dados fornecidos pela pesquisa de campo (2011) a escola
pesquisada trabalha com professores oriundos dos bairros da Pedreira, Marco, Sacramenta e
Tapanã, pela sua localização e proximidade com alguns destes bairros e por ter linhas urbanas
variadas que podem atender aos professores dos demais bairros.
Observou-se que as linhas urbanas vindas de outros bairros, permitem aos professores
descerem em frente à escola, pois há uma parada de ônibus neste local.
4.3.2 Atitudes dos Professores
De acordo com os conteúdos extraídos das respostas, os professores buscam contribuir
com o espaço urbano através de ações que favoreçam atitudes ambientais.
Questão 1: você ministrar os conteúdos relacionados ao meio ambiente e temas ligado ao
consumo responsável?
P1- sim; por meio de atividades de conscientização com vídeos; revista e roda de conversa.
P2- sim; aula expositiva e desenhos educativos; conscientização através de exemplos do dia-
a-dia em casa e na escola.
P3- sim; com vídeos; desenhos; textos; trabalhos de pesquisa. E pretendo fazer uma
culminância com encenação teatral.
Questão 2: você adota hábitos de consumo responsável? Quais?
P1- sim; jogar lixo; desligar a energia quando não estiver usando; fechar bem as torneiras;
utilizar menos papel e plástico.
P2- sim; com energia e água.
P3- sim; o necessário para o uso diário não admito desperdício de vestuário; calçados;
material de higiene e outros.
76
Questão 3: você promove campanhas de educação ambiental na escola?
P1- sim; irei fazer esse ano no segundo semestre.
P2- sim; reciclar e coleta seletiva semanalmente.
P3- sim; procuro conscientizar meus alunos sobre o consumo responsável e sustentável da
água; energia; papel e reciclagem; sempre que possível.
Questão 4: Quais os principais problemas ambientais que o preocupa?
P1- ... o acúmulo de lixo urbano e no caso da escola, a poluição sonora, é muito barulho de
ônibus, em horário de pique, atrapalha a aula.
P2- ...saneamento básico; coleta seletiva; limpeza nas praças e ruas públicas
P3- ... acúmulo de lixo nas ruas; muita sujeira no bairro; poluição visual e sonora e falta de
saneamento básico.
Questão 5: De que forma você contribui para melhorias no espaço urbano em relação ao meio
ambiente?
P1- ... não jogo lixo no chão, economizo energia, água, uso papel reciclado.
P2- ... incentivo meus alunos a manter o ambiente limpo, não desperdiçar água,
luz, não sujar as salas de aula, utilizar as lixeiras.
P3- faço coleta seletiva em casa e dou destino ao lixo [...] ...procuro educar meus filhos e
alunos a não jogarem lixo na rua, não depredar patrimônio público, plantar árvores, cuidar da
água [...] faço isso também na comunidade em que vivo com o trabalho de pastoral da igreja.
Nesta questão a cidade de Belém apresenta estes problemas, pois de acordo com o
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON, 2007), é grande a quantidade
de lixo nas ruas e bairros da referida cidade, são diversos tipos de materiais descartados pela
população.
Segundo o IMAZON, em 2006, uma pesquisa revelou que a grande Belém atingiu
cerca de 1 milhão de toneladas de lixo, ou seja, 1,3 quilo produzido por dia pelas pessoas. Um
dado interessante desta pesquisa é que a população coloca o lixo em qualquer lugar quando a
coleta não é realizada. E em algumas áreas periféricas, a população rouba ou danifica as
lixeiras, fazendo com que este problema ambiental urbano, ocasione outros.
Para Meirelles (2000) outro fator que é considerado problema ambiental em alguns
centros urbanos é a falta de saneamento básico. Coloca que aproximadamente 8% do esgoto
doméstico são tratados no Brasil e o restante é despejado nos cursos d’água.
77
Os dados do IBGE (2000) apontam que a região norte apresenta os índices mais baixos
de saneamento básico - apenas 2,4%. No município de Belém, segundo pesquisa do Instituto
Trata Brasil, divulgada pelo Amazônia Jornal (2010), os serviços de saneamento estão entre
os piores do Brasil. No ranking nacional é a 73ª cidade em rede e prestação de serviços em
saneamento básico.
A atitude dos professores em prol de mudanças de atitudes também contribui com o
espaço urbano através de ações ambientais que favoreçam a melhoria da qualidade de vida.
Contribuindo com esta discussão é o que Kotler e Keller (2005) afirmam ao dizer que
quando as pessoas agem, elas aprendem e modificam atitudes. Assim, a experiência é um
fator relevante para isso. E, visto que as atitudes são aprendidas, quanto mais às pessoas
praticarem ações ambientais, mais contribuirão para o meio ambiente urbano.
O desafio é mudar a maneira de pensar, adotar novos estilos de vida e padrões de
consumo, ou seja, através de pequenas atitudes, como as acima já citadas e outras: evitar
vazamentos, torneiras pingando, limitar tempo de banho, não escovar dentes com a torneira
aberta, usar a máquina de lavar com carga máxima, usar balde em vez de mangueira para
lavar carros entre outras.
Verificou-se com o estudo que o professore tem clareza dos problemas ambientais
urbanos; conseguem perceber o homem inserido no contexto natural e urbano; além de
incentivarem a necessidade de mudança de hábitos e atitudes responsáveis.
De acordo com o conteúdo das entrevistas, os principais problemas do município de
Belém, na visão dos professores da escola pesquisada são: acúmulo de lixo, poluição sonora e
visual e saneamento básico.
Com base nos pressupostos e nas atitudes dos professores sujeitos da pesquisa, dos
desenhos apresentados e nas entrevistas demonstram um conhecimento dos problemas
ambientais e das suas conseqüências para a vida cotidiana da cidade e de seus habitantes.
Alguns problemas destacados na pesquisa sobre a preocupação ambiental, como se
apresenta por vários sujeitos da pesquisa a preocupação com o lixo, com economia da água,
da importância da coleta seletiva, da educação para manter a limpeza na cidade e também o
futuro do planeta. Segundo professor participante relata que “... a preocupação com a
preservação do meio ambiente e a própria sobrevivência do homem no planeta está
diretamente relacionada com a questão do lixo urbano”.
A educação ambiental tem favorecido a utilização do meio ambiente fora da sala de
aula; contribuindo para sensibilização do meio ambiente; como se observa na fala do
professor 2.
78
Corroborando com tal discussão, Medina (2001) refere que atividades externas são
importantes e necessárias, mas não são suficientes para o desenvolvimento de conhecimentos
e valores, tais como postula os PCN de Meio Ambiente e de Ética.
Oliveira (2000) diz que a conscientização só é possível através da prática efetiva da
ação dos alunos e professores.
Cabe ao professor então aproximar os conteúdos à realidade dos alunos, não somente
com visitas externas, mas principalmente buscando exemplos do cotidiano, para estimular a
reflexão sobre a temática ambiental.
A partir desses questionamentos, evidenciou-se que as atividades externas realizadas,
necessitam estar atreladas ao contexto da comunidade para que o aluno possa associar os
conhecimentos adquiridos em sala, com a prática observada através dessas ações, para que
possam refletir em mudanças de atitudes.
Assim, os professores como formadores de opinião deveriam fomentar cada vez mais
reflexões sobre a temática ambiental, para que seus alunos, através da assimilação dos
conteúdos, pudessem aumentar sua critica em relação a estes problemas ambientais,
favorecendo dessa forma a modificação de atitudes.
Evidenciou-se que as pequenas atitudes mostradas pelos professores tais como: não
jogar papel no chão, não sujar ou depredar os utensílios da escola, respeitar os alunos e os
colegas professores, não desperdiçar água, energia entre outras, não são valorizadas. E esses
comportamentos ditos como ambientalmente corretos, precisam ser valorizados e estimulados
no cotidiano da vida escolar, para que se formem cidadãos ambientalmente responsáveis.
O tema meio ambiente e qualidade de vida urbana ao está presente na sala de aula, de
forma positiva incentive o exercício da cidadania e que a conscientização possa começar pelo
professor. O relato de um professor que diz que a contribuição da educação ambiental “ainda
é lenta, porém acredito que as pessoas estão se conscientizando, embora façam o mínimo que
podem”.
Evidenciaram-se através do relato dos participantes que ainda são poucas as mudanças
ocorridas, mas, estas podem ser consideradas importantes. Estes relatos permitiram inferir que
os conteúdos ministrados em educação ambiental, ainda estão voltados ao entendimento do
meio ambiente apenas como ambiente natural, desvinculado do ambiente social e urbano,
fazendo com que mudanças significativas de atitudes ainda sejam menores.
Sato (2004) sugere que os conteúdos da Educação Ambiental precisam ser vistos como
instrumento de entendimento e transformação do meio ambiente. Dessa forma, torna-se de
79
fundamental importância que o professor entenda tais questões e incentive seus alunos a
prestarem atenção em seus ambientes, de forma mais crítica e responsável.
De acordo que a ação do professor é essencial à consolidação das práticas em
Educação Ambiental, que essas rotinas com base não somente em informações e exemplos,
mas principalmente, pautada em conscientização ambiental ativa.
Associado as práticas da educação na busca da conscientização ambiental ativa
tornam-se necessárias políticas públicas que garantam as melhorias no meio ambiente.
80
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação no Brasil possui o desafio de investir na formação de professores e na
capacitação a fim de se obter um ensino de qualidade, crítico, reflexivo e transformador, em
prol do desenvolvimento da sociedade brasileira.
O estudo fundamenta-se nos dados coletados no ensino fundamental, nos parâmetros
curriculares nacionais (PCN), nas leis e diretrizes da educação ambiental, conhecendo o
professor traçando um perfil do educador; proximidade com tema meio ambiente confirmando
se o caráter transversal esta sendo obtido; o grau de importância da educação ambiental na
escola e de mudança socioambiental e a reflexão dos professores acerca da educação
ambiental.
Com base no que dialogamos autores sobre o tema foram analisadas as respostas dos
professores acerca de temas relacionados ao meio ambiente urbano como: atitudes
responsáveis em sua rotina, importância da educação ambiental e os desafios socioambientais
em busca da qualidade de vida urbana.
A questão do desafio da qualidade de vida urbana precisa alcançar a melhoria dos
indicadores de condições de vida urbana propostos para conhecer a realidade urbana; onde os
indicadores escolhidos foram: renda; habitação; saneamento e educação. Diante desses
indicadores e de políticas públicas que efetivem as ações na vida urbana.
Após a análise dos dados concluiu-se que existe conhecimento, preocupação e práticas
relacionadas à educação ambiental, realizadas pelos docentes no seu cotidiano e em sua
prática pedagógica, mas ainda não é uma atitude unânime, pois existem professores que
responderam ainda não reciclam e tem uma ação pouco atuante nas suas práticas pedagógicas
e diárias.
Observou-se que temas desafiadores do meio ambiente urbano pouco relacionado na
entrevista ou representado nos desenhos pelos professores como a questão da violência
urbana, da mobilidade urbana, da habitação e desigualdade social; podem vir a ser melhores
esclarecidos e sensibilizados frente aos temas transversais.
As leis e diretrizes precisam ser respeitadas e fiscalizadas pelos órgãos competentes e
pela sociedade. O País, para alcançar o desenvolvimento esperado e responsável precisa de
cidadãos conscientes, críticos e comprometidos com os desafios socioambientais em busca da
sustentabilidade.
81
A escola é o local esperado para que o indivíduo comece a vivenciar o exemplo do
exercício de cidadania, do respeito pelo outro e pelo meio ambiente, com princípios éticos na
busca da qualidade e do desenvolvimento.
Evidenciou-se através do estudo que o professor tem um grande desafio a ser
conquistado - formar a consciência ambiental em si e nos alunos - consciência que deverá ser
realizada através de conteúdos fortalecidos, bem como, procedimentos pedagógicos altamente
delineados.
A pesquisa e a universidade precisam estar presentes em espaços como o da escola
para contribuir nas ausências de conceituação teórico metodológicas com os docentes do
ensino fundamental a cerca da educação ambiental. É a possibilidade de investir na educação
ambiental nestes espaços no sentido de avançar e solucionar os problemas com bom senso e
com justiça social, a fim de mudanças de atitudes.
82
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APÊNDICE 01 - ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
COM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL “Escola Emiliana Sarmento Ferreira”
“EDUCAÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA URBANA: UMA ANÁLISE SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL EM BELÉM/PA.”
Identificação
Sexo: Idade: Cor da Pele: Religião: Estado Civil: Escolaridade: Profissão: Turno: Trabalho: Bairro onde mora:
a) Como você avalia a contribuição da educação ambiental para a melhoria da sua qualidade de vida urbana.
b) Você faz alguma coisa para economizar água em sua casa e na escola? O que?
c) Você faz alguma coisa para economizar gás de cozinha em sua casa? O que?
d) Você faz alguma coisa para economizar de energia elétrica em sua casa e na escola? O que?
e) Você faz separação do lixo reciclável em casa e na escola e dá a ele um destino adequado? Com que freqüência?
f) Adota hábitos de consumo responsável? Quais?
g) Usa sacolas plásticas em supermercados ou dá preferência às sacolas descartáveis?
h) Promove campanhas de educação ambiental na escola. Quais e com que freqüência?
i) Trabalha com os alunos temas ligado ao consumo responsável? Como são trabalhados.
j) Faça um desenho de um problema socioambiental que o preocupa em casa ou no trabalho (Escola).
89
APÊNDICE 02 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLAR ECIDO
Educação Ambiental e Qualidade de Vida: Uma Análise sobre a Prática Pedagógica de
Docentes do Ensino Fundamental na Cidade de Belém/PA.
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos
fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a
qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu, ___________________________, residente e domiciliado na
______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________ , e inscrito
no CPF_________________ nascido (a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado (a),
concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário (a) do estudo
“Educação Ambiental e Qualidade de Vida: Uma Análise sobre a Prática Pedagógica de
Docentes do Ensino Fundamental na Cidade de Belém/PA”.
O participante da pesquisa fica ciente:
I) A pesquisa trata da Educação Ambiental como vem sendo usada nos currículos do ensino
fundamental para enfrentar as questões que interferem na qualidade de vida impostas pela
urbanização dos espaços urbanos. Tem como objetivo geral analisar a relação entre EA e
qualidade de vida de docentes de ensino fundamental por ocasião de sua prática pedagógica.
Verificando de forma mais particular a relação da educação ambiental e qualidade de vida
utilizada por parte dos docentes da E. E. E. F. Emiliana Sarmento Ferreira, no bairro do
Marco.
II) A metodologia a ser usada na pesquisa será a abordagem qualitativa, por meio do estudo
de caso, onde “permite uma investigação para se preservar as características holísticas e
significativas dos eventos da vida real (YIN, 2005, p 21)”. Na pesquisa de campo será
valorizada da leitura do ambiente físico do trabalho dos docentes. Em seguida serão realizadas
entrevistas semi estruturadas com estes docentes em número de 10 (dez). Assim teremos um
universo de total de 10 participantes. Os dados coletados serão coletados na escola pela
observação in loco, além de entrevista com os docentes;
III) Será utilizado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido - TCLE – que tem por
finalidade informar os sujeitos da pesquisa sobre os objetivos do estudo e também formalizar
90
o aceite da participação na pesquisa, em conformidade com a Resolução 196, a qual
regulamenta a pesquisa com seres humanos.
IV) Não serão feitas imagens e filmagens dos entrevistados, apenas se realizará imagens do
entorno e de sua fachada da escola.
V) No que se refere aos riscos à divulgação indevida dos dados pessoais dos sujeitos
participantes da pesquisa, o que pode comprometer sua integridade moral e/ou social e/ou
profissional. De acordo com na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o
participante terá sigilo absoluto sobre as informações, identificando os sujeitos por
combinações alfabéticas e numéricas e sendo divulgados apenas os dados relevantes à
pesquisa, de maneira que seja preservada em todos os momentos a identidade e privacidade
dos sujeitos.
VI) Com relação aos benefícios este estudo ajudará ao participante a ampliar os estudos em
Educação Ambiental e Qualidade de Vida urbana e irá favorece a melhoria da qualidade de
vida, saúde e educação da população em geral.
VII) O participante da pesquisa não é obrigado a responder as perguntas realizadas pela
entrevista de análise;
VIII) A participação neste projeto não tem objetivo econômico, assim como não acarretará
ônus algum com relação ao estudo;
IX) O participante da pesquisa tem a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração
neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
X) O participante neste projeto contribuirá para somar à literatura dados relacionados ao
tema, pelas ações voltadas para a educação ambiental nas escolas não causando nenhum risco
para si;
XI) O participante da pesquisa não receberá remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta
pesquisa, sendo sua participação voluntária;
XII) Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo;
XIII) O participante da pesquisa concorda que os resultados sejam divulgados em
publicações científicas, desde que seus dados pessoais não sejam mencionados;
XIV) Durante a realização da pesquisa, serão obtidas as assinaturas dos participantes da
pesquisa e do pesquisador, também, constaram em todas as páginas do TCLE as rubricas do
pesquisador e do participante da pesquisa;
XV) Caso o participante da pesquisa desejar poderá pessoalmente, ou por meio de telefone
entrar em contato com o Pesquisador responsável para tomar conhecimento dos resultados
parciais e finais desta pesquisa.
91
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
Assinatura do participante: ________________________________________
Testemunha 1: __________________________________________________
Nome / RG / Telefone
Testemunha 2: ___________________________________________________
Nome / RG / Telefone
Responsável pela Pesquisa: ________________________________________
Assinatura Pesquisador Responsável: _______________________________
Contato do Pesquisador: (91) _______________________________________
92
93
ANEXO 02