Post on 23-Jan-2015
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GESTOR REJEITADO,POLÍTICO FORTECom alto índice de reprovação, prefeito deixa cargo com projetos incompletos, mas como peça importante do xadrez partidário nacional
NIELS ANDREAS/ESTADÃO-3/4/2006
SAÚDE
FORTALECIMENTO DAS
AMAS E AMES
PROGRAMA REMÉDIO
EM CASA
TRÊS HOSPITAIS
PROMETIDOS NÃO FORAM
ENTREGUES
SEGURANÇA
CRIAÇÃO DA OPERAÇÃO
DELEGADA
LIMITAÇÕES DA GUARDA
CIVIL METROPOLITANA
METADE DAS 8.400
CÂMERAS DE
VIDEOMONITORAMENTO
FORAM INSTALADAS
EDUCAÇÃO
CICLO DE NOVE ANOS NO
ENSINO FUNDAMENTAL
FILA DE 145 MIL
CRIANÇAS À ESPERA DE
VAGA EM CRECHES
HABITAÇÃO
9 MIL FAMÍLIAS NO
PROGRAMA DE
RECUPERAÇÃO DE
CORTIÇOS
PROGRAMA DE
URBANIZAÇÃO DE
FAVELAS CUMPRIDO EM
APENAS 15 DE 55 LOCAIS
PREVISTOS
TRANSPORTE
R$ 975 MILHÕES
INVESTIDOS NA
EXPANSÃO DO METRÔ
APENAS 8,5 KM
ENTREGUES DE 66 KM DE
NOVOS CORREDORES DE
ÔNIBUS PROMETIDOS
MAIOR PARTE DAS
CICLOVIAS E
CICLOFAIXAS
ENTREGUES SÓ
FUNCIONAM NOS FINS DE
SEMANA
ASSISTÊNCIASOCIAL
14 CENTROS DE SERVIÇO
DE HIGIENE PESSOAL DA
POPULAÇÃO DE RUA
FECHAMENTO DE 15
CENTROS DE REFERÊNCIA
DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Oprefeito Gilberto Kassab(PSD) entregará para seusucessor uma São Pauloaquém da que planejavano início de seu mandato.Até agora, a administração
municipal cumpriu 42% das metas de go-verno estabelecidas no início de 2009. Dos223 objetivos traçados na chamada Agenda2012, 95 foram concluídos, 127 estão emandamento e um não foi iniciado. Projetose propostas importantes anunciados peloprefeito, como o fim do déficit de vagas emcreches, a Nova Luz, a construção de trêshospitaiseaimplementação denovasOpe-rações Urbanas não saíram do papel.
Em dois meses, Kassab, que assumiu aPrefeitura após a saída de José Serra(PSDB), em 2006, e foi eleito em 2008com 60% dos votos contra Marta Suplicy(PT), encerrará uma gestão com alto índi-ce de reprovação. Na última pesquisa Ibo-pe, 48% dos paulistanos disseram conside-rar a gestão ruim ou péssima, e apenas 20%a avaliaram como boa ou ótima.
O prefeito, contudo, termina o mandatopoliticamente bem maior do que começou.De liderança local iniciante e integrante deum partido em declínio, o DEM, Kassab co-meçará 2013 como um importante “pla-yer” da política nacional. Presidente deuma sigla cuja fundação orquestrou, e quepassaram a chamar de sua (“o PSD, doprefeito Gilberto Kassab”), comandará aquartamaiorbancadadaCâmaradosDepu-tados, alcançou 494 prefeituras ao fim do1.º turno e poderá ser contemplado comvaga no ministério de Dilma Rousseff.
Ex-vereador, ex-deputado federal e ex-secretário de Planejamento da gestão Cel-so Pitta (que morreu em 2009), Kassabdeixou a condição de político coadjuvantepara o papel de protagonista após ser im-posto como nome do PFL (atual DEM) nachapa encabeçada por Serra em 2004.Dois anos depois assumiu o Executivo efez dele uma espécie de trampolim.
Conhecidopelosanguefrio comquemo-ve suas peças no xadrez político, o prefeitose equilibra na disputa municipal com oobjetivode não tornar inviáveis seus proje-tos futuros. No interior do Estado, o PSDfirmou alianças com o PT – partido com oqual esteve perto de se coligar na disputaem São Paulo. Na capital, manteve-se fir-me ao lado de Serra, seu padrinho político.
Mesmo fora da Prefeitura a partir de2013, Kassab deverá ter influência na Câ-mara Municipal, independentemente dovencedor pela disputa da Prefeitura.
Paradoxalmente, a cidade que deixaráem 1.º de janeiro não traduz seu crescentecapital político. Em várias áreas, Kassabdeixou de alcançar as principais metas.
Na educação, por exemplo, o prefeitonão conseguiu cumprir a promessa de ze-rar o déficit de creches, um de seus princi-pais compromissos de campanha em2008, que acabou se tornando uma metamenos ambiciosa na Agenda 2012.
Das cinco principais diretrizes traçadasna área educacional, somente duas foramconcluídas: o ciclo de nove anos e a jorna-da de sete horas no Ensino Fundamental.
Na saúde, área considerada prioritáriapelos eleitores, Kassab não conseguiu ti-rar do papel os três hospitais prometidos:Freguesia do Ó, Cidade Dutra e Carrão. Aconstrução não foi nem iniciada. Por ou-tro lado, ele ampliou a rede de unidadesde Atendimento Médico Ambulatorial(AMA), criada em 2005, ainda na gestãoSerra, e as unidades de Atendimento Mé-dico de Especialidades (AME). Hoje são120 AMAs, que fazem atendimentos debaixa complexidade: cinco delas inaugura-das no mandato atual e a maior parte, 96,criada entre 2006 e 2008. O número deAMEs subiu de 5 para 19 no mandatoatual, o que contribuiu para desafogar umpouco um dos principais gargalos do siste-ma, a fila por consulta com especialistas.
O prefeito que se move com facilidadeem toda a amplitude do espectro partidá-rio, do governo à oposição, não conseguiufazer a mobilidade urbana andar. De to-dos os setores contemplados pela Agenda2012, o transporte é o que tem menos pro-messas cumpridas. A meta de investir R$300 milhões no Rodoanel, por exemplo,foi a única a não ser sequer iniciada.
Apesar de ter prometido construir 66km de novos corredores de ônibus, con-cluiu apenas os 8,5 km do Expresso Tira-dentes, corredor suspenso que liga o Par-
que Dom Pedro ao Sacomã – trata-se do anti-go Fura Fila de Pitta. O projeto do corredorde 31 km na Avenida Celso Garcia foi abando-nado logo no começo da gestão, dando lugara um possível projeto de monotrilho. Já ou-tros corredores, como Radial Leste e Berrini,ainda estão em fase de licitação de obras.
Apesar de a Prefeitura apresentar comocumprida a meta de construir 100 km de no-vas vias para ciclistas, a conta inclui ciclofai-xas que só funcionam nos fins de semana.Por outro lado, Kassab foi o primeiro prefei-to em 30 anos a investir no metrô – custeado,nas últimas décadas, pelo governo do Esta-do. Até o momento foram R$ 975 milhões.
Na área de habitação, marcada pelo escân-
dalo da evolução do patrimônio do diretordo Departamento de Aprovações da Prefeitu-ra (Aprov), Hussain Aref Saab, a gestão nãoconseguiu debelar o déficit de moradias. Se-gundo o Censo, são 130 mil famílias desabri-gadas, além de 800 mil em áreas de risco,precárias ou terrenos irregulares.
Também na área de urbanismo, Kassabtentou levar adiante o projeto Nova Luz, pla-no de revitalização do centro, que acabouestagnado. O projeto foi embargado pela Jus-tiça diversas vezes – três desde dezembro.
Das 13 metas na área de assistência social,Kassab cumpriu sete. A de maior impacto foia construção de 14 tendas para oferecer servi-ços de higiene pessoal e lazer a moradores de
rua e usuários de drogas no centro. Poroutro lado, a Prefeitura fechou 15 Centrosde Referência da Criança e do Adolescen-te (Crecas), especializados em atender acrianças de rua de até 17 anos. Sem eles, ascrianças são enviadas a abrigos que aten-dem a todos os tipos de menores, inclusi-ve infratores e usuários de drogas.
Kassab chega ao fim do mandato comalta rejeição e sem uma marca de governocomo o Cidade Limpa – o programa quedisciplinou a paisagem urbana. A imagemde político habilidoso, porém, está fortale-cida. / EDUARDO KATTAH, FERNANDO GALLO E
BRENO PIRES, BEATRIZ FOINA, TAISA
SGANZERLA, ESPECIAL PARA O ESTADO
95 55
Sigla. Kassabcomeçou aarticular acriação do PSDem fevereiro de2011 e viu opartido nascerem setembrodaquele ano
metas foram cumpridas porKassab, num total de 223
é o número de deputadosque tem o PSD na Câmara
PROMESSAS
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H20 Especial DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO