Post on 21-May-2015
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: HISTÓRIA DA ESCOLARIZAÇÃO BRASILEIRA E
PROCESSOS PEDAGÓGICOS
PROF.: Simone Valdete
ALUNO: Cassius Valter
TURMA: H
ENSAIO FINAL
TEMA: A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
POLÍTICAS
O primeiro programa civil de um curso de educação física de que se têm
notícia é o do curso da Escola de Educação Física do Estado de São Paulo,
criado em 1931, mas que só começou a funcionar em 1934. (NETO, ET AL.,
2004)
A Constituição de 1937 vai tornar a educação física obrigatória nas
escolas, fazendo surgir outras reivindicações especialmente relacionadas à
profissão, como, por exemplo, a exigência de um currículo mínimo para a
graduação. Essa conquista deu-se em 1939, por meio do decreto-lei n. 1.212
que criou a Escola Nacional de Educação Física e Desportos e estabeleceu as
diretrizes para a formação profissional. Entretanto, para além do discurso de
determinado grupo, tem início um processo de organização e regulamentação
que irá contribuir para a constituição do campo da educação física, pois se
organizou e se regulamentou a profissão entre leigos e não-leigos na
constituição do seu “campo”. (NETO, ET AL., 2004)
Com exceção do curso para formar professores com duração de dois
anos, os demais eram desenvolvidos no período de um ano. Da mesma forma
pode-se dizer que a formação do professor é a de um técnico generalista, mas
carregada no compromisso de ser um educador. Paralelo a esse decreto-lei,
passa-se a exigir também o diploma de graduação, para o exercício
profissional. (NETO, ET AL., 2004)
Entre 1945 e 1968, a formação do professor ganhou uma atenção
especial, o que se pode observar de maneira nítida na Lei de Diretrizes e
Bases – LDB – n. 4.024/61 A partir de então, a formação do professor passou a
exigir um currículo mínimo e um núcleo de matérias que procurasse garantir
formação cultural e profissional adequadas. Outra exigência que os cursos
deveriam atender era a de um percentual de 1/8 da carga horária do curso
para a formação pedagógica, visando fortalecer a formação do professor e
fazer dele um educador. Até então, a formação do professor de educação física
ocorria de forma totalmente independente dos cursos de licenciatura para as
demais áreas do conhecimento (matemática, geografia, história etc.). Dos
professores dessas outras matérias do ensino de 1o e 2o graus era exigido o
curso de didática (1939) e para a formação do licenciado na educação física
não se exigia esse curso. Porém, em função dessa LDB, o Conselho Federal
Educação (CFE) vai apresentar os pareceres n. 292/62 e n. 627/69, visando
estabelecer os currículos mínimos dos cursos de licenciatura sublinhando que
“o que ensinar” preexiste ao “como ensinar” e estabelecer um núcleo de
matérias pedagógicas. (NETO, ET AL., 2004)
Em 1987, com a promulgação do parecer CFE n. 215/87 e da resolução
CFE n. 03/87, foi estabelecida a criação do bacharelado em educação física.
Nessa proposta, os saberes anteriormente divididos entre as matérias básicas
e profissionalizantes – localizadas dentro dos núcleos de fundamentação
biológica, gímnico-desportivo e pedagógica – assumem uma nova
configuração, tendo como fundamento da distribuição dos saberes na estrutura
curricular duas grandes áreas. Formação Geral – humanística e técnica – e
Aprofundamento de Conhecimentos (NETO, ET AL., 2004)
ORIGENS
A Educação Física tal como a concebemos hoje têm suas raízes na
Europa de fins do século XVIII e início do século XIX. Com a criação dos
chamados Sistemas Nacionais de Ensino, a Ginástica, nome primeiro dado à
Educação Física e com caráter bastante abrangente. (SOARES, 1996)
A Ginástica compreendia marchas, corridas, lançamentos, esgrima,
natação, equitação, jogos e danças. Surgiu na sociedade ocidental moderna
como um movimento de caráter popular e sem qualquer relação com a
instituição escolar. Este movimento, bastante vigoroso em todo o século XIX,
teve sua denominação definida a partir do país de origem e ficou também
conhecido como "escolas" ou "métodos de ginástica". Os mais conhecidos no
Brasil foram o Método francês, alemão e sueco, sendo o mais divulgado e que
serviu de modelo para um método nacional de ginástica em nosso país, o
Método francês. (SOARES, 1996)
A ginástica francesa deveria abranger a prática de todos os exercícios
que tornam o homem mais corajoso, mais intrépido, mais inteligente, mais
sensível, mais forte, mais habilidoso, mais adestrado, mais veloz, mais flexível
e mais ágil, predispondo-o a resistir a todas as intempéries das estações, a
todas as variações do clima, a suportar todas as privações e de todos os
obstáculos que encontre a prestar, enfim, serviços assinalados ao Estado e a
humanidade. (ALBUQUERQUE, 2008)
Para as mulheres seguia-se com o pensamento de uma ginástica suave,
onde não se perdesse a feminilidade, e que preparasse o corpo da mulher para
ser mãe. E para os homens a ginástica deveria salientar a virilidade, força,
disciplina e competitividade. (ALBUQUERQUE, 2008)
Por ser capaz de colaborar para o controle, disciplina e submissão,por
incutir a ordem e o fortalecimento da raça frente ao seu rigor anatomo-
fisiologico, a ginástica francesa foi eleita pelos governantes como aquela que
uniformizaria a educação física que era, muitas vezes, dirigida segundo o livre
arbítrio dos professores. (GOELLNER, 1992)
O método de ginástica francesa desempenhou um papel quase que
ideológico ao longo de sua vigência, e por sua vez, marcou profundamente a
educação física escolar brasileira. (GOELLNER, 1992)
Uma curiosidade é que o Método Francês nunca foi adaptado pelo
Ministério da Educação. Pois o Regulamento da Educação Física, em 1932, foi
assinado pelo presidente da época e pelo ministro da Guerra. Como os
militares se tornaram instrutores e professores civis que orientaram Escolas de
Educação Física, a Divisão de Educação Física do Ministério da Educação
adotou o Método Francês. Mas não há nenhum decreto que obrigue a isso.
(MARTINI, et al., 2010)
O método francês se manteve hegemônico nas escolas durante todo o
período da ditadura militar, principalmente por influência dos próprios militares,
a fim de acentuar o nacionalismo através de marchas, desfiles e apresentações
de ginástica enaltecendo a identidade do povo brasileiro.
Além deste aspecto do nacionalismo, trazido pelos militares, se tinha
também a ideia da higienização do povo, com muitos ideais da medicina, com o
objetivo de “homogeneizar” o povo brasileiro.
Com o fim da ditadura, a abertura política e a conquista da democracia,
a educação física no Brasil começa a passar por um período de esportivização.
Neste período, os esportes, principalmente os coletivos, passam ser o foco
principal das aulas de educação física, e é através dos esportes em que se
trabalha todos os aspectos do desenvolvimento motor, cognitivo e sócio/afetivo
dos escolares.
Hoje em dia, o que se vê é uma desvalorização da educação física como
um agente importante na formação escolar. Portanto, cabe a nós, futuros
educadores, professores de educação física, com muito trabalho e a partir de
todo o conhecimento adquirido, comprovar a importância social, cognitiva e
biológica da educação física, tanto nas escolas quanto nas vidas cotidianas das
pessoas.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Luis Rogério de. Concepção e saberes da formação de
professores em educação física, no período de 1970 a 1990, e a relação
entre saber e poder. 2008. 188f. Trabalho de Conclusão de Curso
(dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Curitiba, 2008.
GOELLNER, Silvana Vilodre. O método francês e a educação física no
brasil da caserna a escola. 1992. 225f. Trabalho de Conclusão de Curso
(dissertação de mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 1992.
MARTINI, Sérgio ; MAZO, Janice ; LYRA, Vanessa ; SILVA, Alvaro . A
Fundação da Associação dos Profissionais de Educação Física do Rio Grande
do Sul – APEF/RS: Recortes do cotidiano. Novo Hamburgo/RS: FEEVALE,
2010. v. 1. 80p.
NETO, Samuel de Souza, ALEGRE, Atílio de Nardi, HUNGER, Dagmar,
PEREIRA, Juliana Martins. A formação do profissional de educação física no
Brasil: uma história sob a perspectiva da legislação federal no século XX.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 25, n. 2, p. 113-128.
Jan. 2004.
SOARES, Carmem Lúcia. Educação física escolar: conhecimento e
especificidade. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo,
n. 2, p. 6-12, 1996.