Escola de superação

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Reportagem sobre a AACD, organização que oferece suporte a crianças com deficiências físicas e motoras. Publicada no Jornal do Comércio em 7/mar/2011.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

16 Jornal do Comércio - Porto AlegreJCJCEmpresas & NegóciosSegunda-feira, 7 de março de 2011

Giordano Benites Tronco, especial para o JC

A Associação de Assistência à CriançaDefi ciente (AACD) é uma organização que fornece tratamento gratuito para criançascom defi ciências físicas e motoras. Lá,elas recebem amparo de terapeutasespecializados e descobrem que nãoexistem limites para a superação – lição aprendida também pelos profi ssionais que as atendem. Para o gerente administrativoda unidade gaúcha, Cleo Jaques, aentidade traz ensinamentos não só para as crianças, mas para quem trabalhanela. “A AACD é uma escola de vida, de superação”, relata.

A AACD de Porto Alegre, uma dassete existentes no Brasil, possui 145 funcionários e realiza 580 atendimentos por dia. Toda criança passa porsessões de fi sioterapia, mas, conforme a necessidade, também pode recebersessões de musicoterapia, fonoaudiologia, atendimento psicológico e terapia ocupacional. De todas as atividades, a preferida das crianças são os exercícios dentro da piscina. A água, aquecida acima de 26oC, relaxa a musculatura e permitemovimentos que seriam difíceis de se fazer fora da água.

Todo esse trabalho começou há 60anos, em São Paulo, mas só chegou a outros estados no fi nal dos anos 1990. Aexpansão da AACD foi fi nanciada pelo sucesso do Teletoon, atração televisiva que garante até hoje o custeio de grande parte dos gastos das sete clínicas espalhadas pelo País. Porto Alegre fi cou com R$ 1,4milhão da arrecadação total do últimoTeletoon, o que foi sufi ciente para suprirum terço das despesas da unidade. O resto é coberto principalmente comdoações como a do Funcriança, projeto governamental que permite a pessoas físicas e jurídicas direcionar uma parcelado imposto de renda para a AACD.

O problema é que a falta depropaganda faz com que muita gentenão saiba disso. Com quase toda a verbada AACD destinada à manutenção da unidade e contratação de novos médicos, sobra pouco para publicidade. “Não temoscomo divulgar, as pessoas descobrem por indicação do médico ou pelo Teletoon”, explica Jaques.

O trabalho dos terapeutas mudavidas, às vezes de jeitos pouco óbvios. Um exemplo é o jovem Jackson Reis, cujahistória foi exibida no Teletoon de 2006.Além da fi sioterapia, o menino natural de São Francisco de Paula teve contato, durante tratamentos pedagógicos naAACD, com algo que mudaria seu destino: o computador. Jackson queria um igualpara poder escrever suas histórias. “Antesele escrevia em cadernos. As voluntárias deram para ele um computador e ele escreveu seu primeiro livro, aos 12 anos”, conta a mãe de Jackson, a donade casa Cleusa Reis. Hoje, com 18 anos,o adolescente conta com três livros publicados, tendo realizado sessões de autógrafos até mesmo na Feira do Livro.

O voluntariado é parte importantedo tratamento, ainda que os integrantes raramente lidem com a criança de formadireta. A participação na maior parte das vezes se resume a alcançar objetos paraos terapeutas. “Há voluntários que não acham isso bacana. Eu acho muito válido”, conta Ivany Dias, que ajuda a associaçãohá dez anos. Ivany conta que, mesmo semcontato direto, ela sente o carinho dascrianças através de um olhar, ou quando lhe presenteiam com um desenho. E relatao drama que é a hora da despedida. Otratamento continua até que a criança chegue ao máximo de sua evolução: após isso, sua vaga é liberada para outra, e elavolta para monitoramento somente de três em três meses. “As terapeutas choramquando têm que dar alta para umacriança”, confessa.

A AACD possui uma ofi cina de pró-teses que funciona no mesmo prédio emque ocorrem as terapias. A venda dos pro-dutos está aberta para qualquer pessoa com defi ciência. As próteses não saem de graça para os pacientes da AADC, mas a

instituição os ajuda a buscar parte do cus-to junto ao SUS.

A ONG também realiza mensalmente um bazar solidário, com duração de umasemana, em sua sede. Roupas e brinque-dos doados são postos à venda por preços

quase simbólicos. Ao mesmo tempo emque ajuda a pagar as despesas da institui-ção, o bazar possibilita que pessoas compoucas condições fi nanceiras tenhamacesso a compras de qualidade por umpreço baixo.

Jaques lembra a ocasião em que umaloja de roupas doou parte de seu estoquepara o bazar: camisetas, calças e calçadosnovos, de qualidade, puderam ser adqui-ridos a R$ 3,00 cada. “A edição de marçodo bazar ocorrerá do dia 14 ao dia 18.

Escola de superação

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Iniciativas da AACD levantam fundos e ajudam pessoas

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De todas as ati vidades, a preferida das crianças são os exercícios dentro da piscina

Jaques destaca a importância do trabalho, que envolve sessões de Þ sioterapia

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