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Experiências em
Jornalismo Científico ESPECIAL
A informação decifrada Divulgação de ciência e tecnologia exige, cada vez mais,
profissionais bem fo rmados
L ançado pela FAPESP em outubro deste ano, o Programa José Reis de Jorna
lismo Científico-MídiaCiência ( objeto de matérias no Notícias FAPESP 45 e nesta Pesquisa FAPESP 47) deverá representar uma contribuição importante para a formação de profissionais que lidam com informação sobre ciência e tecnologia, na grande imprensa ou na im-prensa especializada, em novas L--
mídias, como a Internet, ou em estruturas de divulgação de instituições de pesquisa.
Esses profissionais enfrentam continuamente o desafio de tentar traduzir para a linguagem comum as buscas em-preendidas e os resultados obtidos por pesquisadores em campos complexos do conhecimento e, quase sempre, apresentados num jargão fechado, irredutível, à primeira vista, a termos usuais. Encaram a exigência de explicar como as conquistas da ciência e da tecnologia, que parecem ocorrer num mundo tão alheio às preocupações cotidianas dos mortais comuns, podem afetar, para o bem ou para o mal, a vida de todos e de cada indivíduo em particular. E devem, na medida do possível, estar sempre lembrando as relações da ciência e da tecnologia com a cultura, com a política e com a economia.
Que a opinião pública deve ser informada sobre o que se passa nos domínios da ciência e da tecnologia é uma questão sobre a qual, há muito tempo, não resta a menor dúvida. Porque a própria noção de democracia, com seu corolário, a cidadania, pressupõe o direito do público de ser bem informado sobre novos dados e decisões que podem afetar sua vida. E, já que a pesquisa em C&T mobiliza grandes somas de recursos públicos, é também a noção de direito do contri-
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buinte que exige informação sobre quanto, em que e para que se investe nessa pesquisa.
Muito mais recente, no entanto, é a idéia da necessidade de uma formação específica para profissionais responsáveis pela difusão da informação sobre C&T. Em princípio, jornalistas com uma cultura média e gosto pelas coisas da ciência, do mesmo modo que cientistas com habilidade verbal suficiente para transpor os obstáculos lingüísticos de seu campo em direção à planície da língua comum, estariam aptos para realizar a contento esse trabalho. Mas a prática tem demonstrado que não é bem assim, ante a
complexidade crescente e a extraordinária velocidade do desenvolvimento científico e tecnológico, que impõe rápidas e profundas mudanças sociais. Daí decorrem os esforços pela melhor formação de profissionais de informação em C&T, iniciados no país, ainda que de forma assistemática e descontínua, desde os anos 70, e dentro dos quais o MídiaCiência agora pode se constituir numa nova e produtiva abordagem.
Este encarte oferece um apanhado de experiências do jornalismo científico no país, tanto no desdobramento de sua prática ao longo de algumas décadas quanto nas iniciativas de formação de profissionais para essa especialidade do jornalismo. E, para completar, oferece algumas informações sobre a formação de jornalistas científicos no exterior.
Os dados sobre essas experiências certamente serão úteis como marco referencial para pesquisadores e jornalistas que neste momento estão elaborando ou pensando em elaborar propostas de cursos e de pesquisas qualificados para receber o apoio proposto pela FAPESP no MídiaCiência. E, esperamos, para outros interessados no jornalismo científico.
EXPE RI ~NC I AS EM JO RNA LI SMO C I EN TI F I CO
A lenta conquista do espaço • na 1111prensa
Depois de cinco décadas, a ciência torna-se fonte usual de notícia no país
MARILUCE MOURA
Na virada da primeira para a segunda década do século XX, o abismo crescente entre o cien
tista e o leigo tornou-se tema corrente na imprensa norte-americana. Em 1919, relata Dorothy Nelkin em seu livro Selling Science, o New York Times publicou uma série de editoriais sobre a incompreensão do público a respeito dos novos desenvolvimentos na física e sobre as perturbadoras implicações para a democracia que decorriam do fato de
"Havia uma visão
arraigada no país
de que a atividade
científica era
pertinente
apenas aos gênios"
difundiam. Foi nesse contexto que Edwin W. Scripps, um magnata da imprensa, fundador de 30 jornais e de uma agência de notícias, criou, em 1921, o Science Service, a primeira agência de notícias sobre ciência nos Estados Unidos.
Scripps ironicamente considerava que os cientistas eram "tão terrivelmente sábios e tão estufados de conhecimento" que não compreendiam "por que Deus fez quase todo o resto da humanidade tão infernalmente estúpido". De qualquer sorte, ele próprio percebia a ciência como base de um modo de vida
apenas um punhado de pessoas poder entender importantes conquistas intelectuais. Segundo Nelkin, a teoria da relatividade, de Einstein, tornava-se nesse momento o símbolo da obscuridade, a ponto de Morris Cohen, amigo do cientista, ter afirmado para o Times que o desenvolvimento recente da ciência, envolvendo um maior domínio de técnicas complexas, significava, com efeito, "o retorno a uma barreira artificial entre o leigo não iniciado e o especialista':
democrático e, dadas as profundas mudanças sociais e tecnológicas do período, apostava que notícias sobre ciência seriam a partir dali perfeitamente vendáveis. Com essa convicção, juntou-se ao respeitado zoólogo William E. Ritter, atraiu a cooperação da Academia Nacional de Ciências e da Associação para o Progresso da Ciência, reuniu alguns destacados jornalistas e criou a agência de notícias que deveria traduzir ciência para que se tornasse inteligível "às pessoas comuns". A barreira erguia-se também para os jornalistas. Mas,
mesmo atordoados pela complexidade da ciência, diz Nelkin, eles estavam fascinados com o progresso que ela implicava, com seu potencial económico e com as possibilidades de desenvolvimento tecnológico que abria- e com essa imagem a
Sem desconsiderar, obviamente, análises bem elaboradas sobre as razões económicas - além de políticas e culturais -que explicam ao extraordinária difusão dos feitos da ciência e da tecnologia norte-americanas para o mundo inteiro, essa
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Um idealista isolado
Aos 92 anos, José Reis é um símbolo vivo do trabalho de divulgação científica no Brasil. O médico carioca, formado pela Faculdade Nacional de Medicina, especializado em microbiologia e patologia pelo Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, contratado pelo Instituto Biológico de São Paulo em 1929, experimentou suas primeiras possibilidades de explicar problemas científicos para um público não especializado escrevendo folhetos e artigos para seções agrícolas de jornais e, principalmente, colabo-
rações sistemáticas para a revista Chácaras e Quintais, a partir de 1932. Ele falava então, para granjeiros, das doenças, das pragas, dos muitos problemas e dos cuidados que deviam ser tomados na criação de galinhas. Mas sua atividade regular no jornalismo científico começa, de fato, em abril de 1947, quando ele passa a colaborar com as Folhas (da Manhã, da Tarde e da Noite), e desde então não mais interrompe esse trabalho. As Folhas tornaram-se o poderoso jornal Folha de S. Paulo e lá está, no caderno Mais,
a cada domingo, a coluna Periscópio, do doutor José Reis- um profissional tão respeitado no jornal que se tornou seu diretor de redação de 1962 a 1967.
Em seu já longuíssimo tempo de trabalho, José Reis teve garra para batalhar, na primeira metade da década de 40, pela criação da FAPESP e, na segunda metade, pela criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, da qual foi o primeiro secretário-geral, em 1948. Fundou e tornou-se o primeiro editor da revista Ciência e Cultura da SBPC, em 1949 (até 1954 e, depois, de 1972 a 1985). Em 1958, aposentando-se do
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pequena história parece ilustrativa do jornalismo científico nos Estados Unidos. Ajuda, certamente, a formar uma idéia sobre como ele foi ganhando peso e dimensão empresarial na imprensa do país. E fornece uma pista do porquê do forte sentimento favorável aos investimentos em C&T enraizado na opinião pública norte-americana - afinal, há muitas décadas ela vem sendo cultivada neste sentido.
Não há paralelismo possível entre esse quadro e a emergência do jornalismo científico no Brasil. Embora já em seu primeiro número, em 4 de janeiro de 1875, O Estado de São Paulo tivesse publicado uma "secção scientífica", só no início da década de 60 o jornalismo científico começa a tomar uma certa configuração no país. Na década seguinte ele se organiza um pouco mais, para crescer de forma sensível a partir da segunda metade dos anos 80.
Atividade de gênios - Na verdade, a cultura brasileira era "marcada por uma visão arraigada de que a atividade científica é pertinente apenas aos gênios': como observa o historiador de ciência Shozo Motoyama no primeiro capítulo do livro FAPESP: uma história de política científica e tecnológica. Nesse ambiente, pouco favorável à utilização da ciência como fonte usual de notícia e, mais ainda, de negócios, só em meados da década de 40 irá aparecer na imprensa um profissional cujo nome ficará ligado às origens do jornalismo científico no país: José Reis. Por muitos anos, ele permanecerá como um pioneiro solitário em seu campo, escrevendo sobre ciência em linguagem clara e defendendo as posições avançadas de pesquisadores e intelectuais que, contra toda a oposição política, insistiam na batalha pela montagem de um sistema de ciência e tecnologia no Brasil.
Na verdade, tratava-se de uma batalha iniciada, ain-
EXPERI ~NC IA S EM JOR N ALISMO C IE N TIFI CO
da que de forma incipiente, nos idos de 1919, mesma época em que a imprensa americana começava a dar bases empresariais ao jornalismo científico. Naquele ano, a Sociedade Brasileira de Ciências (atual Academia) manifestava-se em favor da criação de um conselho nacional de pesquisa que permitiria transformar o trabalho dos cientistas em atividade sistemática no país. Mas só em 1945 ela encontraria condições adequadas para levar mais longe essa luta pela constituição do CNPq- criado, finalmente, em 1951. A Segunda Guerra Mundial terminara, ciência e tecnologia alcançavam um prestígio impressionante no mundo inteiro, adensara-se de certa maneira o pensamento pró-ciência no Brasil com o trabalho dos Fundos Universitários de Pesquisa para a Defesa Nacional, formados logo depois de o país ter entrado na guerra, em 1942, e tudo isso forjava um momento histórico favorável à quebra da oposição de grande parte da elite nacional ao projeto de estruturação de um sistema de ciência e tecnologia com financiamento público regular. Tanto assim que, além do esforço pela criação do CNPq (mais tarde Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), em São Paulo, na mesma época, os cientistas conseguem fazer introduzir na Constituição estadual de 1947 um artigo destinando 0,5% das receitas tributárias do Estado a uma futura fundação de amparo à pesquisa- que, entretanto, só 15 anos depois se tornará realidade. Longuíssimas serão as discussões, as marchas e contramarchas no caminho de construção dessa fundação, cujo projeto original foi apresentado por integrantes do Partido Comunista (àquela altura colocado na ilegalidade), à frente Caio Prado Júnior.
O que ocorre é que, a despeito da criação de alguns importantes institutos de pesquisa científica, e mesmo tecnológica, no país ainda no final do século XIX, a despeito da criação da USP e da Universidade do Brasil na década de 30 deste século e a despeito da industrialização que começa a tomar um
em 1979. Tornou-se alvo e nome de ~ um núcleo de estudos sobre divulga~ ção científica na Escola de Comunica~ ção e Artes da USP, ei:n 1992. ~ 2 Essa trajetória impressionante < j tem sido cumprida por um homem ~ definido por aqueles que o conhecem ~ mais de perto como extremamente ~ discreto e suave. E que sem nenhuma ~ dúvida mereceria o epíteto que ele,
Instituto Biológico, fundou com outros dois sócios a editora !brasa-Instituição Brasileira de Difusão Cultural S/ A, para lançar livrosfermentos que trouxessem idéias novas e provocassem debate. Sua atuação na editora estende-se até
José Reis: artigos no mesmo jornal desde 1944 em agosto de 1988, num de seus artigos no Mais, atribuiu a cientistas e jornalistas que, há muitos anos, vêm fazendo a divulgação da ciência e da tecnologia e de sua importância para o desenvolvimento econômico, social e político do país: idealistas isolados.
1978. Conquistou prêmios (Prêmio Governador do Estado de Jornalismo Científico, em 1962, Prêmio John R. Reitemeyer de Jornalismo Científico, da Sociedade Pan-Americana de Im-
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prensa e União Pan-Americana de Imprensa, em 1964, Prêmio Kalinga, da Unesco, em 1975) e tornou-se nome do primeiro prêmio nacional de jornalismo científico, instituído pelo CNPq,
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EXPERI~NCIAS EM JORNALISMO CIENTIFICO
rumo também nos anos 30, o ambiente brasileiro vai se manter rarefeito para a produção de C&T por muito tempo -e o que se passa no jornalismo é conseqüência. Em 1941, conforme relato de Motoyama no livro sobre a FAPESP, o empresário Roberto Simonsen, um defensor incansável da industrialização, apresenta na IV Reunião da Associação Brasileira de Normas Técnicas, talvez numa provocação à autoestima nacional, alguns números relativos à ciência e tecnologia nos EUA, naquele momento: são "mais de 30 bilhões de dólares investidos em pesquisas científicas, 2.200 laboratórios industriais, 100 universidades em íntima correlação com investigações científicas, 75 associações de classes com órgãos de pesquisa industriais, 600 laboratórios independentes e outros pertencentes a empresas, resultando em nada mais, nada menos que 50 mil invenções anuais':
A reação nos anos 70 - Em trabalho apresentado no segundo Congresso Ibero-Americano de Jornalismo Científico, realizado em Madri, em 1977, Marco Antonio Fillipi, então editor da seção Atualidade Científica, no Estado de S. Paulo, traça o seguinte resumo do que seriam os domínios do jornalismo científico brasileiro, entre o último quarto do século passado e o final da década de 40: "Sensacionalismo era a tônica, a mística imperava. Ciência e pseudociência se confundiam, da mesma forma que ciência e tecnologia. Jornalistas totalmente despreparados cometiam erros graves. Nenhum interesse havia por parte dos chefes de redação".
Havia, é claro, exceções. Ele lista as seguintes: em sua luta pela criação da USP, no início da década de 30, O Estado de S. Paulo "abriu espaço à divulgação da ciência, recebendo a colaboração de expressivos nomes da ciência mundial". E, em 1947, José Reis "inicia a publicação, pela primeira vez sistemática, de textos de divulgação" na Folha. Em sua visão, até o início da década de 60 o panorama não era animador, mas ocorre uma mudança significativa em 1963, quando O Estado de S. Paulo cria a seção Atualidade Científica, "destinada a dar ampla divulgação de temas científicos nacionais e estrangeiros e criar uma consciência pública para a importância da ciência. Vários cientistas-divulgadores são chamados a colaborar. A seção chega a ocupar 21 colunas". Era um momento, lembra ele, em que a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética motivava o grande público "e, com ele, os periódicos, o rádio e a TV a tratar de assuntos científicos". Essa espécie de euforia científica, que provoca a formação de editarias especializadas em muitos veículos, prolonga-se até a chegada do homem à Lua em 1969. Segundo Fillippi, nesses anos a ciência internacional é rotineiramente cober-
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ta por Visão, Manchete, Veja, Ciência e Vida, Planeta e Ciência em Fascículos.
Num outro trabalho apresentado para o mesmo congresso, a partir de pesquisa efetuada em 25 periódicos de todo o país, Júlio Abramczyk, 67 anos, médico e jornalista da Folha de S. Paulo desde 1960, mostra que apenas quatro publicações brasileiras - duas revistas semanais, Veja e Visão, e dois jornais diários, Folha e O Estado de S. Paulo- mantinham, em 1977, editarias de ciência e cobriam rotineiramente a área. Uma curiosidade que ele apresenta é que jornais como O Globo, do Rio, e Zero Hora, de Porto Alegre, que não dispunham de
editores de ciência, publicavam rotineiramente uma coluna médica distribuída pela UPI e assinada por F. J. L. Blasingame, da Associação Médica Americana.
Os depoimentos dos jornalistas ligados a C&T mostram que foi nos anos 70 que os profissionais da área tentaram efetivamente dar uma certa organização à prática do jornalismo científico no Brasil. O conhecido jornalista espanhol Manuel Calvo Hernando, que viera ao país em 1972 dar um curso de extensão em jornalismo científico na USP (ver página 6), algum tempo depois convidou dois jornalistas do Estado de S. Paulo e dois da Folha para participar do I Congresso Ibero-Americano de Jornalismo Científico, que se realizaria em Caracas, em 1974. "Foi lá que Abram Jagle, Andrejus Corocovas, Nesse e eu começamos a pensar na formação da Associação Brasileira de Jornalismo Científico", conta Abramczyk.
Em 1977, a ABJC estava formada e no ano seguinte foi registrada, com José
Reis indicado como seu primeiro presidente. Seis meses depois, o decano dos jornalistas científicos demitiu-se da presidência, por problemas de saúde, e Abramczyk assumiu o cargo, no qual permaneceria por três gestões. "Durante essa época, elaboramos, em 1982, uma bibliografia de referência sobre jornalismo científico, publicada nos anais do I Congresso Brasileiro, com ajuda da FAPESP e do CNPq, e chegamos a fazer uma única edição dos Cadernos de Jornalismo Científico': diz.
A ABJC, que começou com pouco mais de meia dúzia de jornalistas, conta hoje com cerca de 350 associados e tem cadeira cativa no júri do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, promovido desde 1979 pelo CNPq. O esforço de valorização do jornalismo científico no Brasil empreendido pela ABJC é inegável. No entanto, entre associados e ex-dirigentes da instituição, sobram dúvidas sobre os reais resultados desse trabalho, que em sua avaliação poderiam ser mais palpáveis se a associação não enfrentasse contínuas crises de identidade. "Como se diz na área de administração, você só cria uma empresa ou uma instituição forte com intuito persana, ou seja, com todos aqueles que têm a responsabilidade
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de conduzi-la imbuídos dos mesmos objetivos", diz o jornalista Roberto Medeiros, presidente da ABJC no começo dos anos 90. O problema da associação, completa, é que às vezes ela é vista como entidade sindical, às vezes praticamente como uma entidade acadêmica, com a responsabilidade de promover cursos, seminários, etc., e outras vezes como uma entidade que deve apenas propugnar a excelência das práticas de divulgação científica, num viés claramente saudosista. Para Medeiros, a associação não deve ser isoladamente qualquer dessas coisas, mas uma instituição pluralista, compráticas e objetivos claros.
Anos depois da criação da ABJC, outras iniciativas já na década de 80 come-
EXPERI~NCIAS EM JORNALISMO CIENTIFICO
tituições brasileiras de pesquisa ou de apoio à pesquisa por essa via. "Por enquanto, as instituições estrangeiras estão muito à frente das nossas nessa forma de disponibilização das informações", diz. Valem ainda como registro do fim da década: a tiragem da Ciência Hoje, depois de ter atingido quase 50 mil exemplares, caiu para 15 mil; uma nova revista, Pesquisa FAPESP (originária do informativo Notícias FAPESP) alcança uma tiragem de 22 mil exemplares; no âmbito da grande imprensa, a Superinteressante apresenta uma tiragem de cerca de 350 mil exemplares e a Galileu, de 120 mil exemplares; e, dentre as revistas semanais, um destaque é obriga-
tório para o grande espaço concedido inicialmente pela Época (tiragem atual em
çam a configurar melhor o campo prático do jornalismo científico no Brasil. A SBPC lança em 1982 a revista Ciência Hoje (bimestral, de início, mensal, a partir de 1987), com artigos de divulgação da ciência produzida no país, escritos sobretudo por pesquisadores; em 1987, a Editora Abril lança a revista Superinteressante, voltada para um público jovem e na qual resultados da ciência universal são apresentados em seu caráter fascinante ou curioso; na mesma época o
"Os anos 90 vão encontrar
editorias de ciência em todos
os grandes jornais e revistas"
torno de 900 mil exemplares), da Editora Globo, à editor ia de ciência e tecnologia: cerca de 15 páginas, que caíram para em torno de 12.
Ciência e opinião pública- A despeito da notória expansão do jornalismo científico no Brasil, o país está a enorme distância da multiplicidade de títulos de livros e revistas, de esquemas de distribuição de informações, de pesquisas
CNPq promove uma total renovação da Revista Brasileira de Tecnologia, título que mantinha desde os anos 60 e que a partir daí, feita por jornalistas, vai mostrar os resultados de pesquisas financiadas pelo Conselho em todos os campos do conhecimento; em 1990, a Editora Globo lança a Globo Ciência (atual Galileu), no mesmo veio da Superinteressante.
Os anos 90 vão encontrar editorias de ciência organizadas praticamente em todos os grandes jornais e revistas semanais da grande imprensa nacional. Em alguns casos, como o da Gazeta Mercantil, a edito ria é de tecnologia, mas abre-se também generosamente a matérias sobre ciência. O espaço concedido à produção científica e tecnológica brasileira é muito variável de veículo para veículo - alguns abrem-se francamente a ela, enquanto outros continuam a manter-se a enorme distância, como se, em face do porte da produção internacional, e norte-americana em particular, a produção brasileira sequer fosse efetivamente fonte de notícia. A década vai também assistir à entrada da ciência internacional e nacional na televisão, em programas especializados como Globo Ciência, mas também nos noticiários normais.
Do chamado outro lado do balcão, organizam-se melhor as assessorias de imprensa de universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento à pesquisa. Surgem e crescem os informativos, jornais e revistas dessas instituições, que vão contribuir para um processo de alimentação contínua da mídia.
A década fecha com a informação científica por via eletrônica, produzindo alterações no jornalismo científico cujos efeitos são difíceis ainda de avaliar. No entanto, um jornalista como Júlio Abramczyk reclama mais informações das ins-
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e sondagens de opinião que a divulgação científica gera nos Estados Uni
dos, por exemplo. Mas não há muito o que estranhar: afinal, os investimentos em C&T nos EUA estão na altura dos US$ 205 bilhões anuais, enquanto no Brasil não chegam a US$ 10 bilhões.
A sociedade norte-americana tem uma visão extremamente positiva de C&T, a que atribui papel central na influência que os EUA exercem sobre o mundo e em seu próprio padrão de vida. Assim, uma pesquisa de 1981 sobre o apoio público aos investimentos federais em P&D, patrocinada pela National Science Foundation e realizada por Jonh D. Miller e Kenneth Prewitt, mostrou que 90% do público que acompanha atentamente ciência acredita que seus benefícios superam largamente os riscos que ela cria. Isso é também verdade para 79% do público apenas interessado no assunto e para 66% do público que não dispensa maior atenção ao tema. O apoio manteve-se intocado na década de 90: um levantamento da NSF de 1994 mostrou que 68% da população crê que a ciência resolverá muitos problemas do mundo.
No Brasil, o quadro revelado pela única grande pesquisa de opinião já realizada sobre a imagem que a população urbana tem de C&T, em 1987, mostrou que mais da metade dela (52%) acha o país atrasado em pesquisa científica e tecnológica. Concebida pelo CNPq e pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins e realizada pelo Instituto Gallup, a pesquisa informou que 71% dos brasileiros adultos das áreas urbanas tinham algum ou muito interesse por descobertas científicas. E os cientistas, em sua avaliação, ocupavam o quinto lugar entre os profissionais que mais contribuem para o desenvolvimento do país- atrás dos agricultores, industriais, professores e médicos.
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EXPERIENCIAS EM JORNALISMO CIENT!FICO
A fortnação de jornalistas científicos no Brasil
É hora de ampliar e aprimorar a competência da cobertura científica
GRAÇA CALDAS E MONICA MACEDO pesquisa na área, originando dissertações de mestrado e teses de doutorado.
A crescente influência da ciência na sociedade tem levado a população brasileira a se interessar, cada vez
mais, pelos resultados da pesquisa científica e a se preocupar com sua participação na formulação de políticas públicas de Ciência e Tecnologia. As grandes questões são: a quem cabe decidir sobre as áreas prioritárias para investimentos governamentais e empresariais? De que maneira a sociedade civil está sendo informada so-
"A formação
nessa área
tem ocorrido
quase sempre
de forma
autodidata"
Já no final da década, em 1978, criase uma linha de pesquisa em Comtfi;licação Científica e Tecnológica no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social do Instituto Metodista de Ensino Superior (atual Universidade Metodista de São Paulo). O programa- que inicialmente funcionava apenas como mestrado e, a partir de 1995, incorporou também o doutorado - é a experiência mais
bre a produção científica e tecnológica do país? Como subsidiar a opinião pública com informações para que ela possa participar ativamente desse processo? A quem cabe a formação de uma cultura científica no país?
Os meios de comunicação podem certamente contribuir para isso. Falta, porém, ampliar e aprimorar a competência da cobertura científica. No Brasil, a formação de jornalistas e divulgadores ocorre quase sempre de forma autodidata, em função da ausência de cursos regulares na área. Entretanto, nas últimas duas décadas, várias iniciativas têm surgido para incentivar a formação de profissionais especializados.
O crescimento desses cursos pode ser creditado, em parte, à necessidade de os cientistas buscarem respaldo na opinião pública para legitimar seu trabalho e conquistar novos investimentos para a pesquisa básica e aplicada. Além disso, a informação científica é de interesse dos meios de comunicação, pois desperta a atenção de leitores e espectadores. Cientistas e jornalistas começam, então, a entender a necessidade de uma atuação conjunta para aprimorar a qualidade do jornalismo científico. Nesse sentido, ampliam-se as ocasiões em que sentam, lado a lado, para uma reflexão sobre a prática e os rumos da área.
Cursos de pós-graduação- Os cursos destinados à formação de profissionais especializados em divulgação científica são um fenômeno recente. Ainda assim, é possível localizar na década de 70 algumas experiências pioneiras.
A primeira delas realiza-se em 1972, na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Trata-se do Curso de Extensão em Jornalismo Científico, ministrado pelo professor e divulgador espanhol Manuel Calvo Hernando, do qual resultou o livro Teoria e prática do jornalismo científico. O curso, no entanto, não teve continuidade, apesar de a pós-graduação da ECA ter mantido projetos de
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duradoura de ensino e pesquisa sobre divulgação científica no país. Nele sur
gem vários estudos empíricos sobre a divulgação de C&T nos meios de comunicação, além de projetos de pesquisa em convênio com instituições internacionais. É o caso do "Projeto Comsalud': patrocinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que estuda a divulgação de saúde na imprensa, rádio e TV em vários países da América Latina.
Em 1982, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) promove o Curso de Especialização por Tutoria a Distância. Na ocasião, selecionaram-se 30 jornalistas do país inteiro, que recebiam textos, por módulos (física, química, informática, biologia, geologia, etc.). Cada módulo possuía um tutor - cientista experiente na área -, que orientava os trabalhos. Como parte das atividades houve, também, um seminário em Brasília, com patrocínio da Fundação Fullbright, que teve a presença de jornalistas internacionais, inclusive representantes da National Association of Science Writers. Esta experiência também não teve continuidade, provavelmente porque em sua concepção pretendia-se que os jornalistas dominassem extensos conteúdos de cada área da ciência, meta difícil de ser atingida.
Poucos anos depois, em 1988, o Núcleo de Política Científica e Tecnológica da Universidade de Brasília (UnB) desenvolve, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq), o I Curso de Especialização em Divulgação Científica. O curso teve duração de um semestre, com palestras de pesquisadores e jornalistas científicos.
Em 1999, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp inicia um curso de especialização em Jornalismo Científico voltado a um público misto, de jornalistas e pesquisadores. Oferecido em conjunto com o Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências e com o Departamento de Multimeios
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(DMM) do Instituto de Artes da Universidade, o curso é estruturado em três semestres, com disciplinas teóricas e oficinas de divulgação. Uma de suas atividades é a revista eletrônica Com Ciência (http://www.epub.org.br/comciencia), lançada em agosto deste ano, com reportagens elaboradas pelos alunos.
No âmbito da pós-graduação, vale ainda ressaltar duas experiências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A primeira delas, na Escola de Comunicação (ECO), que oferece em seu mestrado uma área de con-centração em Ciências da Informação,
EXPERIEN C IA S EM JORNALI S M O C I EN TIFI C O
Experiência semelhante aconteceu de setembro de 1981 a fevereiro de 1982, na Universidade Metodista de São Paulo, com o apoio do CNPq. Trata-se da Agência Brasileira de Divulgação Científica (ABDC), que, com a participação de alunos de pós-graduação do mestrado em Comunicação Científica e Tecnológica, produziu matérias de divulgação científica para a mídia.
Há que se mencionar, também, a iniciativa do Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP/São Carlos, cujo site na Internet
com a linha de pesquisa "Informação, Ciência e Sociedade': que inclui pesquisas sobre a informação científica em diferentes contextos sociais, políticos e culturais.
E a segunda, no Departamento de Bioquímica Médica do Instituto de Ciências Biomédicas, que cria, em 1995, uma área de concentração em "Educação, Difusão e Gestão em Biociências': aberta a graduados de diferentes áreas, inclusive o jornalismo. Nesse programa, uma das disciplinas ofereceu, em setembro últi-
"Mas os cursos
de divulgação
científica estão
proliferando
em vários
cantos do país"
(http://www.cdcc.sc.usp.br) traz informações sobre eventos, programas educativos, "experimentoteca", minicursos, etc.
Extensão - Interessadas em capacitar profissionais para a divulgação científica, algumas instituições têm também oferecido cursos de curta duração, muitos dos quais abertos ao público. Há cerca de cinco anos, a Fundação Oswal-
mo, um curso intensivo de divulgação científica a distância, pela Internet, do qual participaram jornalistas e pesquisadores de diferentes regiões do Brasil. Uma síntese dos trabalhos resultantes do curso está sendo publicada na forma de jornal eletrônico.
Graduação- Face à crescente demanda dos meios de comunicação e à valorização da atividade de divulgação, alguns cursos de graduação em Jornalismo começam a incluir em seu currículo disciplinas de Jornalismo Científico e/ou projetas de pesquisa na área. É o caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Metodista de São Paulo (Umesp ), Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Universidade Santa Cecília (Unisanta), entre outras.
Na UFPE, por exemplo, os alunos, orientados por professores, elaboram um informativo mensal, por correio eletrônico, sobre a produção científica da Universidade. Produzem, ainda, o WebGT (http://www.cac.ufpe.br/virtus/webgt), um site com textos do Grupo de Trabalho em Comunicação e Ciência da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e outros materiais.
Núcleos de pesquisa- Junto a seus programas de formação, algumas universidades brasileiras desenvolvem atividades de pesquisa sobre divulgação científica. Na ECA/USP, uma das mais importantes é o Núcleo José Reis de Divulgação Científica, que também oferece, periodicamente, cursos como o de "Exercício e Prática da Divulgação Científica': Na mesma universidade, a Agência Universitária de Notícias (AUN) realiza, desde 1971, atividades de divulgação dos congressos e trabalhos de pesquisa da Instituição, com a participação de alunos de graduação em jornalismo.
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do Cruz, por exemplo, ofereceu um curso de Biologia Molecular para jor
nalistas, cujo objetivo era municiá-los com conceitos básicos dessa área de conhecimento e promover uma divulgação mais competente do tema. No mesmo sentido, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) ministrou, no início dos anos 90, um curso sobre ciências para jornalistas.
Em 1997, o Labjor da Unicamp, numa parceria com a Brasmotor S.A. e Multibrás Eletrodomésticos S.A., realizou uma oficina on line de jornalismo científico, a Ojjor Ciência, que teve entre seus participantes funcionários da empresa, repórteres, editores e estudantes de jornalismo. Os trabalhos feitos pelos alunos podem ser consultados no site do Observatório da Imprensa (http:/ /www2.uol.com.br/observatorio ).
As várias experiências aqui descritas mostram que os cursos de divulgação científica, embora ainda sejam poucos, estão proliferando em vários cantos do país. A preocupação com a melhoria da qualidade da cobertura científica nos meios de comunicação não se restringe apenas ao âmbito acadêmico. Entidades profissionais, como a Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, por exemplo, promovem há anos congressos e seminários, reunindo jornalistas e cientistas para reflexão conjunta sobre a prática da divulgação.
Iniciativas conjuntas entre universidades, entidades profissionais e o incentivo das agências de fomentos, como Capes, CNPq e mais recentemente a FAPESP, poderão não só ampliar como melhorar substancialmente a qualidade do jornalismo científico no país.
Graça Caldas e Mônica Macedo são jornalistas, pesquisadoras do Labjor!Unicamp e professoras da área de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).
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EX P ER I ~NC I AS E M JO R N ALI S M O C I ENT I F I CO
Apesar da Internet, atnplia-se o aperfeiçoatnento fortnal
Multiplicam-se no exterior os programas de jornalismo cientifico
empregados contratados ou free-lan
No artigo Como a Internet está mudando o jornalismo científico, publicado no HMS Beagle, com
data de 3 de setembro último, David Whitehouse, editor de ciência do BBC News Online, considera com impecável ironia britânica que, atualmente, para ser um jornalista científico passável, basta ter meia dúzia de marcadores de página em seu browser na Web. "São eles EurekAlert- que é, obviamente, o principallugar, na Internet, para jornalistas de ciência; HMS Beagle, é claro; o si te de
"O programa de bolsas do M IT busca jornalistas
experientes, free-lancers ou empregados"
cers, ligados a jornais, serviços eletrônicos, revistas, rádio, televisão, produção de textos de livros ou textos na Web. Não estão qualificados profissionais cujo emprego principal é de "relações públicas" ou "informação pública" para qualquer cliente.
No caso de empregados contratados, normalmente eles são licenciados pelo empregador para se dedicar integralmente ao programa. E a maioria
divulgação de Nature; e o site europeu Alpha Galileo. Acrescentem-se a eles algumas ligações para o Departamento de Saúde do Reino Unido e pronto: você é um jornalista de ciência de altos vôos:'
Embora Whitehouse tenha flagrado com seu olho crítico um viés real da atual cobertura jornalística de ciência, mantêm-se no mundo inteiro, ou pelo menos nos países mais desenvolvidos, possibilidades de formação especializada de profissionais que trabalham ou pretendem trabalhar com difusão de informações de ciência e tecnologia. Entre dezenas de programas de aperfeiçoamento em jornalismo científico espalhados pelos Estados Unidos e Europa, pode-se citar, por exemplo, o famoso Knight Science ]ournalism Fellowship, iniciado em 1983 e pelo qual passaram até hoje 162 jornalistas.
O programa propõe aos candidatos passar um ano acadêmico (nove meses, de setembro a maio) no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge. Destina-se principalmente a jornalistas com experiência mínima de três anos na cobertura de ciência, tecnologia, medicina ou meio ambiente, para o público em geral, mas jornalistas que trabalham há pelo menos cinco anos com outros temas e desejam mudar para a área de C&T também são aceitos. As bolsas, de US$ 35 mil, são concedidas somente a norteamericanos. Os estrangeiros devem custear suas despesas, que, segundo advertência dos responsáveis pelo Knight, são altas mesmo para padrões norte-americanos. Um pequeno apartamento para uma pessoa em Cambridge custa cerca de mil dólares mensais.
O programa do MIT, segundo os termos de sua divulgação na Internet, pretende atingir também jornalistas veteranos. "Aqueles com muito mais tempo de experiência são altamente incentivados a se candidatar." As bolsas do Knight são oferecidas para repórteres, escritores, editores, produtores, ilustradores e fotógrafos . Os solicitantes podem ser
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dos empregadores complementa as bolsas, pagando a diferença em relação ao
salário normal do jornalista. Em troca, eles têm o direito de pedir aos bolsistas que voltem e permaneçam pelo menos um ano no emprego após a bolsa.
A seleção dos bolsistas é feita por um conselho de jornalistas e destacados cientistas do corpo docente do MIT. No ano passado foram recebidos 43 pedidos e na avaliação sobraram 12 finalistas.
Investigação na Int ernet- Com paciência para navegar na Internet, pode-se descobrir os detalhes de muitos outros programas de aperfeiçoamento em jornalismo científico. Há, por exemplo, o mestrado oferecido pela Universidade de Boston (ver http://www.bu.edu), que também é voltado para jornalistas que trabalham com informações de ciência, tecnologia, meio ambiente e saúde para o grande público. O Centro de Jornalismo Científico da Universidade de Missouri (http://science.jour.missouri.edu), fundado em 1987, oferece cursos e workshops nas mesmas áreas. A Universidade da Califórnia, em Santa Cruz (http://www.ucsc.edu), tem também, desde 1982, um programa de pós-graduação em jornalismo científico.
Do outro lado do Atlântico, a British Association (http://britassoc.org.uk) preocupa-se mais em mostrar aos cientistas como a mídia trabalha (programa Media Fellowships) do que em formar jornalistas para a cobertura de ciência. De qualquer sorte, é possível procurar no site iniciativas que sejam de maior interesse dos jornalistas. Já a Universidade de Salamanca, na Espanha, tem um respeitado mestrado em Cultura e Comunicação em Ciência e Tecnologia (http://cts.usal.es) , voltado para jornalistas e outros profissionais. Sem cair na caricatura esboçada por Whitehouse, é recomendável aos jornalistas científicos algumas pesquisas, inclusive sobre a formação de jornalistas, na Internet.
PESQUISA FAPESP
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