Transcript of Fundamentos da homeopatia_2000
- 1. Fundamentos da Homeopatia Aldo Farias Dias Fundamentos da
Homeopatia Princpios da Prtica Homeoptica Curriculum minimum Aldo
Farias Dias Grupo de Estudos Homeopticos Samuel Hahnemann
GEHSH
- 2. COLABORADORES Antnio Sampaio. Mdico veterinrio. PR. Carlos
Henrique Duarte Alves Torres. Mdico Homeopata Pediatra. MG. Elias
Carlos Zoby. Mdico veterinrio. SP. Helena de Oliveira. Mdica
Homeopata Pediatra. MG. Javier Salvador Gamarra. Mdico Homeopata.
Presidente da Fundao de Estudos Mdicos Homeopticos do Paran. Jos
Antonio Mirilli. Mdico Homeopata. RJ. Luciana Louzada Farias.
Estudante de medicina. UFRJ. Luiz Carlos Bernal. Mdico Homeopata.
RJ. Marcos Dias de Moraes. Mdico Homeopata. RJ. Maria Leonora Veras
de Mello. Mdica veterinria. RJ Sandra Brunelli. Mdica veterinria.
RJ Captulo de Farmcia Organizao: Departamento de Farmcia Fundao de
Estudos Mdicos Homeopticos do Paran FEMHPR Coordenador: Farm.
Javier Salvador Gamarra Junior - Farmacutico Bioqumico e Industrial
- PUC-PR Colaboradores: Farm. Ana Maria Graton Farmacutica
Bioqumica UFPR Farm. Ana Paula Belisrio de Sousa Cristino
Farmacutica Universidade Federal de Ouro Preto Farm. Egon Drevs
Mittelbach Farmacutico Bioqumico, Industrial e de Alimentos PUC-PR
Farm. Eliane Teresinha Crema Farmacutica Bioqumica Universidade
Estadual de Ponta Grossa PR Farm. Jandira Romana Carneiro Bolda
Farmacutica Bioqumica UFPR Farm. Maria do Rocio de Ligrio
Farmacutica Bioqumica Universidade Estadual de Ponta Grossa PR
Farm. Pricilla Camargo Andrade Zanoni Farmacutica Universidade do
Sagrado Corao Bauru/SP
- 3. Prefcio O domnio da tcnica homeoptica exige um conhecimento
dos fundamentos tericos em seu desenvolvimento histrico, crtica dos
aspectos polmicos, deciso por um tipo de conduta. No raro o
estudante ficar perplexo diante de conceitos contraditrios de seus
mestres. necessrio um guia seguro para formar a prpria opinio. A
prtica da homeopatia apresenta resultados irregulares e variados de
mdico para mdico. possvel melhorar a qualidade das prescries pelo
estudo continuado e avaliao crtica dos resultados. As duas edies
anteriores, com o ttulo Manual de Tcnica Homeoptica, tiveram boa
aceitao no meio homeoptico e tem sido adotadas como livro texto em
cursos de formao e reciclagem. Nesta edio, todos os captulos foram
revisados, ampliados e a bibliografia atualizada. Foram
acrescentados os captulos referentes aos fundamentos tericos,
desenvolvimento histrico da medicina e da homeopatia e farmcia
homeoptica. O captulo de repertrio foram divididos em trs. Os
captulos de Veterinria e Pediatria foram ampliados. Estas alteraes
justificam a mudana do ttulo da obra para Fundamentos da
Homeopatia, pois contempla todos os aspectos do curriculum minimum
proposto pela AMHB. O objetivo geral deste livro orientar o mdico
no estudo da Homeopatia. Indicar textos de apoio para os cursos de
formao de especialistas em homeopatia; Dirigir o estudo para a
prova de ttulo de especialista em homeopatia da AMHB; Indicar
material de reviso para reciclagem dos conhecimentos; Descrever os
procedimentos utilizados no ambulatrio do GEHSH. O aprendizado da
homeopatia apresenta aspectos bastante peculiares. Os seus textos
bsicos datam de mais de 200 anos e, no entanto permanecem atuais,
pois so princpios e leis da natureza, registros de fatos
patogenticos e clnicos, que como tais, no perdem nunca sua
validade. A literatura homeoptica vasta e no raro que um homeopata
tenha mais de 2.000 ttulos em sua biblioteca. E a produo literria
no para de crescer, aps o reflorescer da homeopatia a partir da
dcada de 1970. A primeira preocupao do estudante de homeopatia
saber quais os livros que deve adquirir inicialmente. Teoria e
tcnica 1. HAHNEMANN, S. Organon da Arte de Curar. Doenas crnicas.
Parte terica. 2. KENT, J. T. Filosofia homeoptica. 3. EIZAYAGA, F.
X. Tratado de medicina homeoptica. Ed. Merecel, 1981. 4. JAHR, G. A
Prtica da Homeopatia - princpios e regras. RJ: IHJTK. 5. GHATAK, N.
Doenas cronicas - su causa e curacion. Albatros, 1978. 6. ALLEN, H.
J. Los miasmas cronicos - Psora e Pseudo-Psora. Albatroz, 1978. 7.
DUDGEON, R.G. Lectures on theory and practice of homeopathy. B.
Jain. Matria Mdica 1. HAHNEMANN. Materia Medica Pura. Doenas
crnicas. 2. ALLEN, T.F. Enciclopedia of pure materia medica. 3.
HERING, C. The guiding symptoms. 4. ALLEN, H.C. Materia medica of
the nosodes 5. VIJNOSKY, B. Tratado de Materia Medica. 6.
VERMEULEN, Frans. Concordant Materia Medica.. Second edition.
Netherlands. 1997. 7. VERMEULEN, Frans. Synoptic Materia Medica I e
II.. Netherlands. 1996.
- 4. 4 Curso de homeoptica Repertrios 1. KUNZLI, J. Kents
repertorium generale. Germany: Barthel and Barthel, 1987. 2. DIAS,
Aldo Farias. Repertrio homeoptico essencial. GEHSH. 1991, 2000. 3.
RIBEIRO FILHO, Ariovaldo. Novo Repertrio de sintomas homeopticos.
1995. 4. SINTTICOS: Synthesis, The complete repertory, Murphy
repertory, Phoenix repertory. 5. RIBEIRO FILHO, Ariovaldo.
Conhecendo o repertrio e praticando a repertorizao. 1997. 6. HOA,
J.H.B. Compndio de tcnica repertorial de Kent. Editorial Homeoptica
Brasileira. 7. RESENDE, A.T. Repertrio e repertorizao. SP:
Editorial Homeoptica Brasileira, 1972. Os captulos esto
estruturados com o objetivo de introduzir o estudante aos diversos
tpicos da doutrina e tcnica homeoptica e indicando as leituras para
fixao e aprofundamento dos conceitos. Estrutura dos captulos: Breve
introduo aos tpicos. Lista dos objetivos educacionais para orientar
a avaliao do aprendizado. Indicaes de leituras. Desenvolvimento
sinttico do tema do captulo. Lista de textos de estudo
complementares. Questionrio de avaliao e reflexo. Indicaes de
leituras adicionais. As duas edies anteriores, com o ttulo de
Manual de Tcnica Homeoptica, demonstraram sua utilidade nos cursos
de formao. Com a motivao de contribuir para o desenvolvimento da
homeopatia em nosso pas, oferecemos aos nossos amigos homeopatas
esta edio revisada e ampliada. Aldo Farias Dias Grupo de Estudos
Homeopticos Samuel Hahnemann Rua do Catete 311/1014. 22220-001 Rio
de Janeiro. RJ Tel: (021)285-5660 Fax. (021)556-1748 Email:
aldofarias@hotmail.com // aldodias@yahoo.com Endereo na internet:
http://www.geocities.com/gehsh/ Email: gehsh@geocities.com Dedicado
a Paramahansa Yogananda
- 5. Prefcio da 2a edio O mdico no tem a scientia curandi, apenas
a scientia administrandi. Paracelsus. Este livro orienta o mdico no
estudo da Homeopatia. O domnio da tcnica homeoptica exige um
conhecimento dos fundamentos tericos em seu desenvolvimento
histrico, crtica dos aspectos polmicos, deciso por um tipo de
conduta. No raro o estudante ficar perplexo diante de conceitos
contraditrios de seus mestres. necessrio um guia seguro para formar
a prpria opinio. A prtica da homeopatia apresenta resultados
irregulares e variados de mdico para mdico. possvel melhorar a
qualidade das prescries pelo estudo continuado e avaliao crtica dos
resultados. Este o objetivo geral deste trabalho. O Manual de
Tcnica Homeoptica apresenta os temas fundamentais da homeopatia.
Indica as regras da boa prtica homeoptica. Os procedimentos
sugeridos esto fundamentados no esprito da doutrina homeoptica com
resumos e citaes dos textos clssicos. A primeira edio foi elaborada
para os participantes dos cursos e Workshops do GEHSH, com o
objetivo de orientar a prtica da Homeopatia. Descreve as regras da
tcnica e um guia para o estudo da homeopatia. Demonstrou sua
utilidade nos cursos de formao em diversas entidades formadoras. A
segunda edio do manual corresponde a esta aceitao. Objetivos do
manual: Indicar textos de apoio para os cursos de formao de
especialistas em homeopatia. Dirigir o estudo para a prova de ttulo
de especialista em homeopatia da AMHB. Descrever os procedimentos
utilizados no ambulatrio do GEHSH. Indicar material de reviso para
reciclagem dos conhecimentos. Caractersticas da segunda edio:
Reviso de todos os captulos. Os captulos sobre a Matria Mdica e
Repertrio foram totalmente refeitos. Introduo de novos captulos:
semiologia elementar, semiologia miasmtica. Incluso de uma matriz
curricular para cursos de formao de especialistas. Incluso de
artigos sobre homeopatia veterinria, indicando a bibliografia.
Atualizao da bibliografia, indicando as leituras fundamentais e
complementares. Roteiro para estudo individual de aprofundamento e
reciclagem. Estrutura dos captulos: Lista dos objetivos
educacionais para orientar a avaliao do aprendizado. Indicaes de
leituras de textos bsicos para o domnio do tpico. Desenvolvimento
sinttico do tema do captulo. Lista de textos de estudo
complementares. Questionrio de avaliao e reflexo. Indicaes de
leituras adicionais. Aldo Farias Dias Grupo de Estudos Homeopticos
Samuel Hahnemann Rua do Catete 311/1014. 22220-001 Rio de Janeiro.
RJ Tel: (021)285-5660 Fax. (021)556-1748 Email:
aldo@centroin.com.br Endereo na internet:
http://www.geocities.com/gehsh/
- 6. O mdico 1 Fundamentos da Homeopatia Aldo Farias Dias
- 7. CAPTULO 1 O Mdico A mais elevada e nica misso do mdico
restabelecer a sade nos enfermos, o que se chama curar 1 do
Organon. O
MDICO..........................................................................................................................................................2
FORMAO PSICOLGICA DO
MDICO...........................................................................................................2
Conhecimento de si mesmo
...........................................................................................................................3
Cura de si
mesmo...........................................................................................................................................7
MDICO HOMEOPATA
.....................................................................................................................................8
Definies......................................................................................................................................................8
Conhecimento homeoptico
..........................................................................................................................8
AVALIAO.....................................................................................................................................................11
LEITURA ADICIONAL
......................................................................................................................................12
Formao psicolgica do mdico O melhor mdico tambm um filsofo. Galeno.
A formao psicolgica do mdico a pedra fundamental para o exerccio da
medicina. O remdio mais usado em medicina o prprio mdico, o qual,
como os demais medicamentos, precisa ser conhecido em sua
posologia, efeitos colaterais e toxicidade. Balint. O mdico que se
aproxima da Homeopatia precisa compreender que vai se deparar com
uma concepo da enfermidade e um mtodo de tratamento distinto da sua
formao mdica tradicional. Isto vai exigir uma transformao de sua
maneira de pensar e sentir a prtica da medicina. Uma atitude
puramente materialista e organicista dificilmente poder conduzir a
um entendimento e a uma prtica da Homeopatia que possa trazer
resultados satisfatrios. A aquisio das habilidades necessrias para
o bom exerccio da Homeopatia no consiste apenas em acrescentar
conhecimentos especficos; implica numa TRANSFORMAO DA PERSONALIDADE
DO MDICO.
- 8. O mdico 3 Em nenhuma profisso mais do que a de mdico existe
a exigncia de conhecer tanto a TCNICA especfica como a prpria
PERSONALIDADE do que conhece. Nossa cultura j no pode ignorar que
os conhecimentos objetivos adquirem sentido e valor quando servem
de meios para a expresso do prprio ser do homem. Os mesmos
conhecimentos mdicos e a mesma tcnica podem ter um sentido distinto
que conduz a resultados variveis, segundo a ATITUDE NTIMA DO MDICO
que os pratica. Resulta ineludvel e inadivel que o mdico CONHEA A
SI MESMO, observe sua prpria atitude interior e tome conscincia dos
verdadeiros motivos que determinam sua investigao. Em uma Medicina
da Pessoa, como pretende ser a de nosso tempo, categoricamente
includa pela antropologia, a psicologia e a sociologia, no se pode
e nem lcito afastar a pessoa do mdico do problema integral da
clnica, como uma nova dimenso da medicina que deve enfrentar o
conhecimento do homem. necessrio que o mdico conhea sua intimidade
e compreenda os fatores emocionais que determinaram sua vocao de
mdico e que seguem influindo em sua atitude objetiva e cientfica em
relao ao paciente. Se o mdico no conhece a si mesmo no tem a
liberdade espiritual que lhe permita ser objetivo e imparcial no
exame da realidade clnica e foge de todo compromisso que lhe possa
fazer reeditar sua desproteo. Paschero. Conhecimento de si mesmo
Nosce te ipsum Os teus ouvidos esto enganados. E os teus olhos. E
as tuas mos. E a tua boca anda mentindo, Enganada pelos teus
sentidos. Faze silncio no teu corpo. E escuta-te. H uma verdade
silenciosa dentro de ti. A verdade sem palavras. Que procuras
inutilmente, H tanto tempo, Pelo teu corpo, que enlouqueceu. Ceclia
Meireles. Cnticos. SP: Moderna, 1982. Identidade mdica O que
significa ser mdico? Anlise da identidade mdica. ... do exposto,
podemos concluir resumidamente que o mdico uma pessoa amadurecida,
um cientista diplomado, consciente da educao permanente como
indispensvel, altrusta, capaz de controlar suas emoes para
preservar a relao mdico-paciente e no lhe causar dano, com domnio
de mtodos e tcnicas, com funes especficas e universais, integrado a
grupos societrios, isenta de preconceitos no trato do paciente, que
ama sua atividade, pratica o bem, responsvel pela liderana da
equipe de sade e instituies de assistncia, ensino e pesquisa no
campo da sade, obediente a preceitos ticos etc. Adolpho Hoirisch
Identidade mdica. Paracelsus A principal substncia da arte consiste
na experincia e tambm no amor.
- 9. Leituras The Paracelsian revolution. Divided legacy. v1. H.
Coulter. Paracelsus selected writings. Jacobi. Princeton University
Press, 1973. Paracelsus define o mdico como servidor e ministro da
natureza - Deus exerce seu poder atravs dos mdicos. Recomenda que
cada um se esforce no estudo cotidiano e constante at atingir o
grau mximo de maestria. Precisa conhecer o corpo, mas tambm alcanar
o conhecimento da alma de seus pacientes. H dois tipos de mdico:
aqueles que trabalham por amor, e aqueles que trabalham para o seu
prprio benefcio. Ambos so conhecidos por seus frutos; o justo e
verdadeiro mdico conhecido pelo amor a seus pacientes. O amor pelos
pacientes deveria ser a primeira virtude do mdico. Hahnemann Indica
trs tipos de mdicos a evitar: 1. o que se interessa apenas em
cuidar das aparncias; 2. o que aumenta o nmero de pacientes at no
poder mais lhes proporcionar o tempo necessrio: um agitado em
contnuo movimento, sem outro valor a no ser ter a mo ligeira, os ps
geis, os cavalos alados; 3. o mundano, que se satisfaz em conversas
de salo e maledicncias. O mdico deveria ser um homem: simples, de
bom senso, consciencioso, apto para responder ao que lhe compete,
paciente, que no se irrita, no maldiz, que sabe escutar o
sofrimento, que prescreve poucos medicamentos, um nico na maioria
das vezes, que sabe elogiar os colegas, amigo da ordem e da
tranqilidade, amoroso e caridoso. Observai como ele se comporta com
os doentes pobres e se, quando sozinho em seu consultrio, ele se
ocupa de trabalhos srios. Hahnemann. O amigo da sade. Motivao e
atitude A nossa vida tem a ver com dois aspectos fundamentais: a
motivao e a dedicao. A motivao vem no incio de nossas aes. Por que
fazemos o que fazemos? Qual a nossa inteno? A motivao correta
realizar nosso trabalho em benefcio das outras pessoas. Esta uma
fora poderosa. A dedicao vem no final. Rena os resultados de seu
trabalho, seus mritos, e os dedique conscincia nica, para que traga
o benefcio esperado. parecido com a motivao. Como afirma a regra de
ouro da espiritualidade: agir em nome daquele que age. A escolha da
medicina deveria ter sido por uma autntica vocao. Sentir-se atrado
por ela e desenvolver a capacidade de realizar o seu trabalho com
amor. O mdico necessita conhecer os motivos que determinaram a
escolha da profisso mdica e a especializao em Homeopatia.
Reconhecer como a motivao influencia a relao mdico-paciente e os
resultados de sua prtica. Deve ter uma atitude madura no exerccio
de sua profisso e atuar com o nico propsito de tratar os seus
pacientes. A maturidade implica em apresentar certas caractersticas
como: capacidade de suportar frustraes; controlar os impulsos;
adaptao a situaes novas; objetivos realistas, etc. O exerccio da
Homeopatia no est dissociado de sua vida, do sentido que d sua
atividade profissional e seus altos fins existenciais. A mais
elevada e nica misso do mdico restabelecer a sade nos enfermos, o
que se chama curar. 1 Ter esta atitude frente ao paciente pode
parecer primeira vista um fato bvio, no obstante, no apenas o
requisito indispensvel para o correto exerccio da Homeopatia, alm
disso, todo aquele que no o leva em conta e tenta usar esta cincia
para objetivos alheios ao de curar, encontra obstculos insuperveis
para a obteno dos resultados que ela promete. Os que tiveram a
oportunidade de conhecer seus mtodos, mas no perseveraram em seu
trabalho, recolheram em menos tempo que imaginaram, somente os
amargos frutos do fracasso, os quais, embora eles os atribuam
Homeopatia, tm sua origem em usar-se dela para a prpria
- 10. O mdico 5 necedade e no para ser til ao enfermo. Isto
acontece porque, quando antepomos ao objetivo de curar qualquer
outra finalidade, nossa viso se obnubila a ponto de no ver nenhum
dos sintomas caractersticos individualizantes que pode nos mostrar
o enfermo. Que sorte pode ter um paciente se cai em mos de algum
que incapaz de perceber? Maria Clara Bandoel. Qualidades Hahnemann,
Kent e Roberts destacam que o mdico deve possuir: 1. um desejo
altrusta de servir; 2. estabilidade de carter; 3. conhecimento da
natureza humana; 4. observao livre de preconceitos; 5. perseverana
no estudo at tornar-se mestre. Hipcrates indicava como condies para
o exerccio da medicina: disposio natural, inclinao ao estudo, amor
ao trabalho, grande aplicao. A arte de curar pessoal, subjetiva e
intransfervel e demonstra-se pela vocao e vontade de ajudar o
enfermo a curar ou ter uma morte digna. O verdadeiro e nico
fundamento da relao mdico-paciente e deve ser o amor de misericrdia
do mdico para com o enfermo que sofre e a f que suscitada no
paciente pelo tratamento de um mdico com vocao de bondade.
Paschero. bem sabido que para o homem existem diversas formas de
amor. No seria possvel perguntar se para o mdico no existe outra
forma de amor que poderia chamar-se amor mdico, onde os elementos
de afabilidade e eventualmente de ternura se acham em local de
destaque, em uma situao particular que impede sua exteriorizao e
que fazem que esta forma de amor no possa ser vivida pelo mdico
seno no interior de si mesmo, se no quiser contaminar com ela a
relao teraputica que deve estabelecer com seu paciente? Schneider.
The American Board of Internal Medicine define o profissionalismo
em medicina como: O profissionalismo em medicina interna compreende
aqueles atributos e comportamentos que servem para manter os
interesses do paciente acima do prprio interesse pessoal. um
compromisso com os mais altos padres de excelncia na prtica da
medicina e na gerao e disseminao do conhecimento; um compromisso
com as atitudes e comportamentos que sustentam os interesses e o
bem estar dos pacientes; um compromisso em corresponder s
necessidades de sade da sociedade. O profissionalismo aspira o
altrusmo, disponibilidade, excelncia, dever, servio, honra,
integridade e respeito pelos outros.
- 11. Tcnicas para o desenvolvimento pessoal Aquele que conhece
os outros um sbio; aquele que conhece a si mesmo um iluminado. Lao
Tse. 1. Pratique o exerccio psicolgico sugerido por Hahnemann,
baseado na experincia dos antigos. A tcnica simples: Observe as
prprias sensaes, inclinaes, pensamentos, emoes e desejos sem tomar
nenhuma ao, mesmo mental apenas observar e nada mais! 2. Participe
de uma patogenesia: O mdico que realiza uma experimentao em si
mesmo, seguindo as orientaes dos 121 a 142 do Organon, amplia a
capacidade de percepo de si mesmo e adquire maior intimidade com a
sintomatologia homeoptica. 3. Adquira o hbito de meditar. Dedique
alguns minutos, diariamente, para refletir em silncio sobre sua
vida e relaes. Pratique meditao. Uma tcnica de meditao descrita em
Medita. Swami Muktananda. Editora pensamento. Publicao Siddha yoga.
Exerccios Budistas para a sade em O Poder curativo da mente. Tulku
Thondup. Editora pensamento. Leia A voz do silncio. H.P Blavatsky.
4. Conhecimento de si mesmo. 919. Qual o meio prtico mais eficaz
para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal?
(Livro dos espritos. Allan Kardec). - Um sbio da antiguidade vos
disse: Conhece-te a ti mesmo. 919a. Concebemos toda sabedoria desse
ensinamento, mas a dificuldade est precisamente em conhecer-se a si
mesmo; qual o meio de conseguir isso? - Fazei o que eu fazia quando
estava na Terra: no fim do dia, interrogava minha conscincia,
passava em revista o que havia feito e me perguntava se no havia
faltado com o dever, se ningum tinha do que se queixar de mim. Foi
assim que consegui me conhecer e ver o que havia reformado em mim.
Aquele que, a cada noite, se lembrasse de todas as suas aes do dia
e se perguntasse o que fez de bom ou de mau, orando a Deus e ao seu
anjo da guarda para esclarec-lo, adquiriria uma grande fora para se
aperfeioar porque, acreditai em mim, Deus o assistiria.
Interrogai-vos sobre essas questes e perguntai o que fizestes e com
que objetivo agistes em determinada circunstncia, se fizestes
qualquer coisa que censurareis em outras pessoas, se fizestes uma
ao que no ousareis confessar. Perguntai-vos ainda isso: se
agradasse a Deus me chamar nesse momento, teria eu, ao entrar no
mundo dos Espritos, onde nada oculto, o que temer diante de algum?
Examinai o que podeis ter feito contra Deus, depois contra vosso
prximo e, por fim, contra vs mesmos. As respostas sero um repouso
para vossa conscincia ou a indicao de um mal que preciso curar. O
conhecimento de si mesmo , portanto, a chave do melhoramento
individual. Mas, direis, como proceder a esse julgamento? No se tem
a iluso do amor prprio que ameniza as faltas e as desculpa? O avaro
acredita ser simplesmente econmico e previdente; o orgulhoso
acredita somente ter dignidade. Isso no deixa de ser verdade, mas
tendes um meio de controle que no pode vos enganar.
- 12. O mdico 7 Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma
de vossas aes, perguntai-vos como a qualificareis se fosse feita
por outra pessoa; se a censurais nos outros, no poder ser mais
legtima em vs, porque Deus no tem duas medidas para a justia.
Procurai, assim, saber o que os outros pensam, e no negligencieis a
opinio dos opositores, porque estes no tm nenhum interesse em
dissimular a verdade e, muitas vezes, Deus os coloca ao vosso lado
como um espelho, para vos advertir com mais franqueza do que faria
um amigo. Que aquele que tem a vontade sria de se melhorar sonde
sua conscincia, a fim de arrancar de si as ms tendncias, como
arranca as ms ervas de seu jardim. Que faa o balano de sua jornada
moral, como o mercador faz a de suas perdas e lucros, e eu vos
asseguro que isso resultar em seu benefcio. Se puder dizer a si
mesmo que seu dia foi bom, pode dormir em paz e esperar sem temor o
despertar em outra vida. (Santo Agostinho). Cura de si mesmo O
mdico deve levar uma vida equilibrada aplicando em si mesmo os
princpios da manuteno da boa sade. As emoes do mdico atuam como um
filtro que distorce a percepo da realidade do outro e pode
introduzir elementos perturbadores na relao mdico-paciente. 1. Um
mdico, que tem uma ansiedade de salvao de Chelidonium inquietao e
desconforto da conscincia, sente que cometeu o pecado imperdovel e
que estar eternamente perdida, sem salvao, pode imaginar que a
ansiedade de salvao que o paciente est relatando seja igual sua.
Porm ao modalizar o sintoma do paciente percebe que de Agaricus
imagina-se na porta do inferno e que o cogumelo o comanda para cair
de joelhos e confessar seus pecados. 2. A paciente Lachesis diz que
se sente abandonada e o mdico Aurum, supe que ela pode estar
imaginando que perdeu o direito ao afeto dos amigos, que o abandono
de Aurum. O observador atento percebe que a vivncia do paciente
corresponde a sentir-se fraca e infeliz, particularmente de manh,
quando se sente, ao acordar, abandonada e infeliz. O sintoma do
mdico interfere, dessa forma, na percepo do sintoma semelhante ao
seu, comunicado pelo paciente. Alguns mdicos so mobilizados por
esta identidade de sofrimento e passam a falar de si mesmos,
afastando-se de sua misso que ouvir e cuidar do paciente. Outros vo
alm e tentam impor ao paciente sua viso de mundo e suas defesas
miasmticas, indicando solues que podem ser vlidas para si mesmo mas
no para aquele paciente. O mdico deve resolver seus conflitos
psicolgicos e submeter-se a um tratamento homeoptico com um colega
de sua confiana. Poder ajudar melhor o enfermo, quanto mais tenha
equilbrio, maturidade e latncia miasmtica.
- 13. Mdico Homeopata O que um mdico homeopata? Definies Mdico
Homeopata o que acrescenta ao seu conhecimento da medicina, o
conhecimento especial da teraputica homeoptica e observa a lei de
similitude. Tudo o que pertence ao grande campo da cultura mdica
seu por tradio, por herana e por direito. American Institute of
Homeopathy. Mdico Homeopata aquele que prescreve o remdio nico em
dose mnima dinamizada, selecionado de acordo com Lei dos
semelhantes. Kent discute a impropriedade destas duas definies. Os
princpios da Homeopatia exigem do mdico uma nova maneira de
compreender a enfermidade e valorizar os sintomas. A definio do AIH
poderia ser uma forma de dar status de homeopata a quem ignora os
preceitos do Organon e da Matria Mdica Pura e aplica a Homeopatia
de uma forma aloptica. A formao do mdico homeopata implica em: 1.
adquirir conhecimentos pelo estudo continuado e participao de
grupos; 2. desenvolver habilidades especficas para sua rea de
atuao; 3. desenvolver atitudes facilitadoras da relao
mdico-paciente e da prtica clnica em geral. Conhecimento homeoptico
Assim como o homem pode ser refletido no espelho, assim o mdico
deve ter um exato conhecimento da natureza humana. O mdico deveria
falar daquilo que invisvel. O que visvel deveria pertencer ao seu
conhecimento, e ele deveria reconhecer as doenas como todo mundo o
faz, reconhecendo-as por seus sintomas. Mas isto est longe de o
tornar um mdico; ele se torna um mdico somente quando conhece o que
est ainda sem nome, invisvel e imaterial, no obstante eficaz.
Paracelsus. Para adquirir o domnio da tcnica e melhorar os
resultados clnicos necessrio: estudar continuamente a teoria,
tcnica, matria mdica e repertrio; utilizar um novo paradigma para a
compreenso da enfermidade, do tratamento e do processo de cura;
avaliar os resultados de sua prtica; reconhecer o domnio e os
limites da Homeopatia. No estado de sade, a fora vital imaterial
(autocracia), que dinamicamente anima o corpo material (organismo),
reina como poder ilimitado e mantm todas as suas partes em admirvel
atividade harmnica, nas suas sensaes e funes, de maneira que o
esprito dotado de razo, que reside em ns, pode livremente dispor
desse instrumento vivo e so para atender aos mais altos fins de
nossa existncia. 9. Quando o homem adoece, essa fora vital
imaterial de atividade prpria, presente em toda parte no seu
organismo (princpio vital), a nica, que inicialmente sofre a
influncia dinmica hostil vida, de um agente morbgeno, somente o
princpio vital. perturbado por uma tal anormalidade, que pode
fornecer ao organismo as sensaes desagradveis e impeli-lo,
destarte, a atividades irregulares a que chamamos doena; pois essa
fora invisvel por si mesma apenas reconhecvel por seus efeitos no
organismo, torna conhecida sua perturbao mrbida apenas pela
manifestao de doena nas sensaes e funes (as partes do organismo
acessveis aos sentidos do observador e mdico), isto , por sintomas
mrbidos, e no pode torn-lo conhecido de outra maneira. 12.
- 14. O mdico 9 A afeco do dinamismo (fora vital) espiritual que
anima nosso corpo no interior invisvel, morbidamente perturbado,
bem como todos os sintomas exteriormente observveis, por ele
produzidos no organismo, e que representam o mal existente,
constituem um todo, um e o mesmo. O organismo , na verdade, o
instrumento material da vida, no sendo, porm concebvel sem a animao
que lhe dada pelo dinamismo instintivamente perceptor e
regularizador, tanto quanto a fora vital no concebvel sem o
organismo; conseqentemente, os dois juntos constituem uma unidade;
embora em pensamento, nossas mentes separem essa unidade em dois
conceitos distintos para mais fcil compreenso. 15. Habilidades As
habilidades so adquiridas e aperfeioadas ao longo do aprendizado e
da prtica clnica. Observao O observador mdico. Hahnemann. Com o
objetivo de ser capaz de realizar uma boa observao, o mdico precisa
possuir algo que no se encontra entre os mdicos comuns, mesmo em
grau moderado, que a capacidade e o hbito de levar em conta
cuidadosa e corretamente os FENMENOS que ocorrem na enfermidade
natural, assim como os que ocorrem nos estados mrbidos excitados
artificialmente pelos medicamentos experimentados no homem so, alm
da habilidade para descrev-los com expresses mais apropriadas e
naturais. Para perceber com exatido O QUE PARA SER OBSERVADO nos
pacientes, deveramos dirigir todos os nossos pensamentos sobre o
fato que temos em mos, quer dizer, transcendendo de ns mesmos, e
exercer todo nosso esforo de concentrao para que nada nos escape.
As fantasias poticas, as imaginaes fantsticas e as especulaes,
devem ser suspensas por enquanto e devem ser suprimidos todo
raciocnio forado, toda interpretao forada e a tendncia a explicar
fatos fora de propsito. O DEVER DO OBSERVADOR consiste em apenas
ter em conta os fenmenos e seu curso; sua ateno deveria estar sobre
o que observa, no apenas para que nada do que esteja presente lhe
escape, mas para que o que observa possa ser percebido exatamente
como . Esta capacidade de observar com preciso, no absolutamente
uma capacidade inata; DEVE SER ADQUIRIDA NA PRTICA, refinando e
regulando as percepes dos sentidos; quer dizer, exercitando uma
crtica severa das rpidas impresses que obtemos dos objetos
externos, e ao mesmo tempo, devem preservar-se a calma, serenidade
e firmeza de juzo necessrias, junto com uma desconfiana de nossas
prprias faculdades de apreenso. A grande importncia de nosso
objetivo deveria fazer-nos empregar todas as energias de nosso
corpo e mente na observao; e deve ajudar-nos nesta direo uma grande
dose de pacincia, auxiliada pelo poder da vontade, at o final da
observao. Para educar na aquisio desta faculdade til o conhecimento
dos melhores escritos dos Gregos e Romanos, com o objetivo de
permitir nossa capacitao para conseguir retido no pensamento e
sentimento, como tambm propriedade e simplicidade na expresso de
nossas sensaes; a arte de desenhar a natureza tambm til, j que
agudiza e exercita a viso, e portanto, nossos sentidos,
ensinando-nos a formar uma verdadeira concepo dos objetos e a
representar o que observamos, verdadeira e puramente, sem nenhum
acrscimo da fantasia. Um conhecimento de matemtica tambm nos
fornece o rigor necessrio para desenvolver o rigor do raciocnio.
Assim equipado, o mdico no pode deixar de cumprir seu
objetivo.
- 15. Comunicao O material disponvel nas Matrias Mdicas baseado
na comunicao. O mdico aplica a lei dos semelhantes comparando o que
percebeu, atravs da comunicao com o paciente, com o material
patogentico. A interao humana no se reduz a um simples emissor -
receptor, ela mediada pela comunicao. Stephanos Paterakis, da
Homeopathia Europea estuda o tema da meta-comunicao e indica que os
homeopatas, de uma maneira geral, desconhecem os segredos da
comunicao humana e isto traz consequncias para a percepo dos
sintomas do paciente, que vai depender da qualidade da comunicao. O
mdico precisa identificar e compreender os elementos da: 1.
comunicao humana; 2. comunicao no-verbal; 3. meta-comunicao.
Atitudes facilitadoras Carl Rogers identifica trs atitudes
facilitadoras da relao mdico-paciente: 1. EMPATIA: capacidade de
compreender o outro a partir do ponto de vista do outro. No sentir
pena do outro, compreender o outro verdadeiramente. Quanto maior
empatia melhor a qualidade da histria clnica. 2. RESPEITO ou
aceitao incondicional: capacidade de aceitar o paciente como ele ,
sem crtica ou julgamento dos seus pensamentos, sentimentos, reaes e
conduta. 3. CONGRUNCIA: capacidade de ser voc mesmo numa relao, sem
esconder-se atrs de uma mscara ou fachada. Expressar seu ser de
maneira real e autntica. Significa sinceridade. Funo O mdico
homeopata no se limita a prescrever medicamentos em doses
infinitesimais, de acordo com a Lei dos Semelhantes. Seu
treinamento em observar o subjetivo e permitindo que o paciente lhe
fale de sua subjetividade, abre um espao de intercomunicao pessoal
que mobiliza o centro da personalidade do enfermo. A funo essencial
do mdico favorecer esta relao para perceber a sintomatologia do
enfermo e os movimentos curativos de seu dinamismo vital. Escutar o
enfermo numa atitude de aceitao e compreenso favorece o processo
teraputico. Os fatores emocionais tm participao determinante na
problemtica orgnica do paciente em mais de 70% dos casos. Deve
existir uma relao entre o paciente e sua enfermidade,
independentemente da figura do mdico. Se estiver certo, a
Psicanlise est a ponto de desenvolver uma nova concepo, a que
poderamos chamar de Enfermidade Fundamental ou talvez deficincia
fundamental da estrutura biolgica do indivduo, envolvendo em vrios
graus tanto sua mente quanto seu corpo. Todos os estados patolgicos
posteriores, as Doenas Clnicas, deveriam ser consideradas sintomas
ou exarcebaes da Enfermidade Fundamental, provocadas pelas diversas
crises no desenvolvimento individual, externas e internas,
psicolgicas e biolgicas. Quando o paciente enfrenta um problema que
para ele de difcil soluo, em parte ou principalmente por causa de
sua Enfermidade Fundamental, sua organizao sofre certo contraste e
depois de algum tempo, que pode durar alguns minutos ou vrios anos,
consulta o mdico para queixar-se de alguma doena. Balint. O mdico
homeopata no se prope a ser um psicoterapeuta, no precisa fazer
formao psicolgica ou psicanaltica ou se submeter a um tratamento
psicolgico. Porm, se tiver as qualidades descritas anteriormente e
se estabelecer uma boa relao com seu paciente, este relacionamento
exerce uma funo teraputica e potencializa a ao de sua
prescrio.
- 16. O mdico 11 Avaliao Estudo de textos 1. O que a homeopatia
tem a oferecer ao jovem mdico. Cap. 1 Princpios e arte... Roberts.
2. Acerca de la formacin del medico homeopata. Paschero. 3. A
definio do mdico homeopata. Escritos menores. Kent. 4. Filosofando,
introduo filosofia. Maria Lcia de Arruda Aranha. Editora Moderna,
1999. 5. O Mdico como paciente. Alexandrina Maria Augusto da Silva
Meleiro. Lemos Editorial. 2001 6. Physicians and the profession of
medicine. Cap. 8. WEISS, G.L. The Sociology of Health, Healing and
Illness. Questionrio 1. Por que importante cuidar da formao
psicolgica do mdico? Cite dois fatores. 2. Qual a capacidade que o
mdico deve possuir para realizar uma boa observao, segundo
Hahnemann? 3. Por que o conhecimento de si mesmo importante para o
exerccio da Homeopatia? 4. necessrio que o mdico esteja curado para
poder praticar a homeopatia? 5. Qual a funo do mdico homeopata? 6.
O que maneirismo mdico? 7. Quais as mudanas no status de mdico na
sociedade atual? Reflexo 1. Quando e por que decidiu ser mdico? Que
opes considerou? 2. Quando e por que decidiu ser homeopata? 3. O
que mudou em sua personalidade aps a formao homeoptica? 4. Em que
grau voc adota as atitudes descritas por Carl Rogers? 5. Pratica
alguma tcnica de autoconhecimento? Que resultados observou? 6.
Quais os seus defeitos e qualidades nas relaes interpessoais? 7.
Comente a crtica de Kent definio do American Institute of
Homeopathy.
- 17. 12 Leitura adicional 1. ACHTERBERG, J. Woman as healer.
Shambala, 1990. 2. ARANHA, Maria Lcia de A. Filosofando, introduo
filosofia. So Paulo, Moderna, 1999. 3. BALINT, M. O mdico, seu
paciente e a doena. Rio de Janeiro, Atheneu, 1975. 4. BUZAN, Tony.
Use both sides of your brain. 1991. 5. BUZAN, Tony. The mind
mapbook 1996 6. CAMP, John. The healers art: the doctor through
history. NY, Taplinger, 1977. 7. CESARMAN, E. Ser Mdico. Mxico,
Instituto Mexicano de Cultura, 1991. 8. CHAUI, Marilena. Convite
Filosofia. 9 ed. So Paulo, tica, 1999. 9. DROUAT, P. Le chaman, le
physicien et le mystique. Paris, du Rocher, 1998. 10.HAHNEMANN, S.
The Medical Observer. 11.HARTMANN, F. Salud y curacion segun
Paracelso y el esoterismo. Dedalo,1977. 12.HEHR, G. S.
Self-awareness and homeopathy. British Hom. Journal vol. 72, n2,
april 1983. 13.HUXLEY, A. As portas da percepo. Porto Alegre,
Globo, 1981. 14.JACK, Christian. A sabedoria viva do antigo Egito.
Bertrand Brasil, 1999. 15.JACOBI, J. Paracelsus selected writings.
NY, Princeton University Press, 1973. 16.KENNY, Anthony. The oxford
illustrated history of western philosophy. Oxford, 1994
17.KRISHNAMURTI, J. A primeira e ltima liberdade. So Paulo,
Cultrix, 1995. 18.LPEZ, Mrio. Fundamentos da clnica mdica. A relao
paciente-mdico. Medsi, 1997. 19.KARDEK, Allan. O livro dos
espritos. 20.LUZ, Hlio. O Mdico, essa droga desconhecida. Rio de
Janeiro, Atheneu. [1994?]. 21.MELLO FILHO, Jlio de. Psicossomtica
Hoje. Porto Alegre, Artes Mdicas, 1992. 22.NEEDLEMAN, Jacob O tempo
e a alma. Ediouro, 1999. 23.PASCHERO, T.P. La Homeopatia, Medicina
de la Persona. Acerca de la formacion del medico homeopata. Acta
homeopathica Argentinensia. Ano VII-4, n0 17, p10-28. 1986. Ano
VI-4, n0 15, p19-29. 1985. 24.PATERAKIS, S. Metacommunication and
Homeopathia Europea. Congresso Lyon, 1986 25.RUSS, Jacqueline.
Nouvel abrg de philosophie. Paris: Armand Colin, 1999. 26.SZAPIRO,
S. El Medico Homeopata. Acta homepathica Argentinensia. Ano VI-2,
1985. 27.THORWALD, J. O segredo dos Mdicos Antigos. So Paulo,
Melhoramentos, 1985. 28.TILLICH, Paul. A coragem de Ser. Paz e
Terra, 1967. 29.THONDUP, Tulku. The healing power of mind.
Shambala. 1996. Pensamento. 1998. 30.WEATHERALL, D. Science and the
quiet art: medical research ant patient care. Oxford University
Press, 1995. 31.WEISS, Gregory L. The Sociology of Health, Healing
and Illness. Prentice Hall. 1996.
- 18. Evoluo da medicina 1 Fundamentos da Homeopatia Aldo Farias
Dias
- 19. 2 Curso de Homeopatia CAPTULO 2 Evoluo da Medicina e da
Homeopatia Para definir a histria da medicina, temos primeiro que
definir o que medicina. E isto no uma tarefa fcil. Pois a medicina
a mais antiga atividade do homem e a mais difundida. Os grandes
pensadores mdicos sempre procuraram um conjunto de regras que
permitisse a correta interpretao dos fatos. A histria demonstra que
isto se d em duas linhas alternativas. Uma enfatiza a importncia
dos dados sensoriais em si mesmos e baseiam o tratamento neles. A
outra procura por uma ordem superior da realidade por trs dos
fatos, e o tratamento guiado por estas suposies. Um termo mais
comum para esta dicotomia o emprico e o racional. Harris Coulter.
Divided Legacy. Vol. 1. EVOLUO DA MEDICINA E DA HOMEOPATIA
...................................................................................2
INTRODUO FILOSOFIA
..............................................................................................................................3
HISTRIA DA
MEDICINA..................................................................................................................................3
HISTRIA DA
HOMEOPATIA...........................................................................................................................11
Hahnemann: vida e obra
..............................................................................................................................11
A homeopatia aps Hahnemann
..................................................................................................................17
VITALISMO E
HOMEOPATIA...........................................................................................................................18
Evoluo do pensamento
vitalista................................................................................................................19
AVALIAO.....................................................................................................................................................22
APNDICE........................................................................................................................................................24
A DIVISO EM HOMEOPATIA: ALTAS versus
BAIXAS..............................................................24
LEITURA ADICIONAL
......................................................................................................................................56
Histria da
medicina....................................................................................................................................57
Vitalismo......................................................................................................................................................57
Histria da Homeopatia
...............................................................................................................................57
- 20. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 3 Introduo filosofia O
estudo da filosofia essencial porque no se pode pensar em nenhum
homem que no seja solicitado a refletir e agir. Isso significa que
todo homem tem (ou deveria ter) uma concepo de mundo, uma linha de
conduta moral e poltica, e deveria atuar no sentido de manter ou
modificar as maneiras de pensar e agir do seu tempo. A filosofia
oferece condies tericas para a superao da conscincia ingnua e o
desenvolvimento da conscincia crtica, pela qual a experincia vivida
transformada em experincia compreendida, isto , em um saber a
respeito dessa experincia. Maria Lcia Arruda. Prefcio.
Filosofando... 2 ed. So Paulo, Moderna, 1999. Leituras Histria da
Filosofia. Brian Maggee. Edies Loyola, 1999. Filosofando: introduo
filosofia. 2 ed. Maria Lcia de Arruda Aranha. SP, Moderna, 1999.
Iniciao Histria da Filosofia. Danilo Marcondes, Zahar editor, 1997.
Filosofia o mais completo guia. Jay Stevenson. Editora Mandarim,
2001. Convite Filosofia. Marilena Chaui. 9 ed. So Paulo, tica,
1999. Histria da Medicina Luciana Louzada Farias Estudante de
Medicina - UFRJ A EVOLUO DO PENSAMENTO MDICO.
- 21. 4 Curso de Homeopatia Leituras Histria da Medicina. Albert
S. Lyons, R. Joseph Petrucelli. Ed. Manole, 1995. Traduo de
Medicine, an illustrated history. Abradale Press,1987. Histria
ilustrada da medicina. Roberto Margotta. Ed. Manole, 1998. A
Medicina e sua Histria. EPUC - Editora de Publicaes Cientficas,
Ltda. 1989. Divided Legacy. A history of the schism in medical
thought. Harris L. Coulter. 4vl. 1994. A evoluo da medicina. A.
Bernardes de Oliveira. So Paulo, Livraria pioneira editora, 1981.
Medicina pr-histrica A histria da medicina tem suas origens em
rituais mgicos e sagrados. As danas dos povos primitivos faziam
parte de ritos complexos onde se invocavam as foras sobrenaturais.
A medicina sempre teve uma relao prxima com a religio, pois ambas
tentam identificar e afastar os males que afligem os homens. Os
conhecimentos da pr-histria provm do estudo dos fsseis,
paleontologia, antropologia, paleopatologia, escultura e arte das
cavernas. Muitas perguntas permanecem sem respostas. As doenas
existiam antes do homem e atacavam os animais que instintivamente
lambiam as feridas, se cortavam para produzir hemorragia e comiam
determinadas ervas. H crnios do perodo neoltico com trepanaes, mas
no se sabe qual o motivo real destas operaes, se para curar doena
ou expulsar maus espritos. As idias e prticas mdicas das culturas
primitivas da atualidade mostram grande variedade, embora se
encontrem muitos pontos de identidade entre elas. A religio, a
magia e o tratamento mdico parecem ser inseparveis. Mas eles no
acreditam que todas as doenas sejam de origem sobrenatural, assim
temos o curandeiro, o Shaman e o feiticeiro, para cuidar das
doenas, segundo sua natureza. Civilizaes antigas Mesopotmia A
medicina da civilizao Sumria, h 6 mil anos em Ur, na Mesopotmia, a
mais antiga que se conhece. Era baseada na astrologia e se
estabeleciam relaes entre o movimento dos astros e as estaes e
entre as estaes e as doenas. Foram encontradas placas de argila
usadas pelos sacerdotes, com escritos tratados mdicos completos.
Acreditava-se que o sangue era a fonte de todas as funes vitais e o
fgado o centro da distribuio do sangue e bero da vida. Antes de
partirem para grandes misses os heris consultavam os augrios,
estudando os lobos do fgado de um animal. O apogeu de sua civilizao
ocorreu no incio do reinado de Hamurabi, 1728-1686 a.C, tornando
Babilnia, sua capital. Descreviam quatro mecanismos de doenas: 1.
Descuido ou negligncia das obrigaes religiosas e de carregar os
amuletos protetores; 2. Castigo dos deuses, pelos pecados
cometidos; 3. Efeitos de feitiarias e do mau olhado; 4. Resultado
do acaso e fatalidade. A medicina era mgico-sacerdotal, mas havia
tambm o sacerdote mdico e adivinho (assipu) e o mdico leigo (asu),
nico a ser considerado nas penalidades do cdigo de Hamurabi. A
medicina sacerdotal apoiava-se nos recursos sobrenaturais: rituais
curativos e prticas de adivinhao do destino dos doentes. As medidas
teraputicas incluam o sono nos templos, a transferncia da doena
para um animal sacrificado e o emprego de ervas com o auxlio de
encantamentos e palavras mgicas. O cdigo de Hamurabi, 2200 a.C,
estabelece uma srie de situaes da prtica mdica com penalidades
severas para as falhas, que eram aplicadas apenas aos mdicos
operadores. Assim, no 215 - Se um cirurgio fizer uma inciso
profunda no corpo de um homem livre, ou tratar de um olho e salvar
sua vida e recuperar o olho, receber 10 shekels de prata. 218 - ...
se causar a morte do homem ... ou destruir o olho do homem, eles
cortaro fora sua mo.
- 22. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 5 A origem da serpente
como smbolo da medicina, motivo de controvrsia, mas tudo leva a
crer que o Caduceu mdico teve suas origens na Mesopotmia, por volta
do terceiro milnio antes de Cristo. frica Os textos de histria da
medicina omitem a contribuio dos antigos africanos que podem ter
sido os originadores da prtica mdica. Filsofos gregos,
historiadores e mdicos relatam o quanto aprenderam dos escritos e
tradies orais dos africanos. Atualmente h referncia a Imhotep,
engenheiro, arquiteto, escriba, sacerdote e mdico africano que
viveu cerca de 3000 anos a.C, considerando-o o pai histrico da
medicina. Ele instruiu muitos gregos na arte da medicina, construiu
o primeiro hospital e registrou seus conhecimentos sobre cirurgia,
anatomia, patologia, diagnstico e observaes cientficas
experimentais. (The oath of Imhotep Journal of the national medical
assoc., 84:636-637. Pickett, 1992). Hebreus Como os demais povos
antigos, os hebreus consideravam as doenas como castigos pelos
pecados. No entanto, eram monotestas. Egito Os conhecimentos sobre
a medicina egpcia provinham dos escritos de Homero, Herdoto,
Hipcrates e Plnio. A arte da medicina dividida da seguinte maneira:
cada mdico ocupa-se apenas de uma doena especfica. Em todos os
lugares h muitos mdicos; alguns so especialistas dos olhos, outros
da cabea, um dos dentes, outros, ainda, dos intestinos e muitos dos
distrbios internos. Herdoto. A descoberta dos papiros mdicos,
principalmente os de Georg Ebers, 1860, e Edwin Smith, 1930, trouxe
novos fatos sobre a medicina do antigo Egito. O mais antigo destes
papiros, em forma fragmentada, o de Kahun, que trata de veterinria
e doenas das mulheres. Neles encontra-se, uma frmula contendo
espinhos de accia finamente esmagados, misturados com tmaras e mel,
de modo a formar uma pasta para ser introduzida na vagina, para
evitar a fecundao. (os espinhos de accia h um ltex que desprende
cido lctico, componente dos vulos anticoncepcionais da atualidade.)
Os egpcios acreditavam que a respirao era a funo vital mais
importante. Sabiam que o corao era o centro da circulao, mas
achavam que esta dependia da respirao. A medicina era basicamente
inicitica e exercida com a finalidade de exorcizar os pacientes dos
poderes demonacos. Todas as curas eram reveladas pelos deuses e
codificadas por Tot, conhecido como Hermes Trimegisto, em livros
secretos, para serem usados pelos sacerdotes. A farmacopia era
vasta e inclua muitas plantas que foram utilizadas posteriormente
por Dioscorides, Galeno e Plnio. Os minerais tambm eram empregados,
como o antimnio, cobre, sal, alumina, carvo vegetal. ndia A
medicina indiana teve seu primeiro perodo, por volta de 1500 a.C,
com os escritos do Ayurveda, especificamente sobre medicina. Seu
apogeu foi no incio do sculo IX a.C. Destacam-se dois mdicos,
Charaka e Susruta, cujas obras influenciaram os sistemas
posteriores. Os indianos eram peritos na cirurgia plstica,
notadamente na reconstruo do nariz, que era mutilado como punio do
adultrio. China A inveno da medicina atribuda a Shen Nung,
legendrio imperador, que teria reinado de 2838 a 2698 a.C.,
inspirado por Pan Ku, o deus da criao, segundo o Taoismo. Ele
escreveu Pen Tsao ou herbrio com uma lista de 365 ervas, prescries
e venenos. Muitas receitas ainda tm uso atual. Os chineses usavam
tambm o sulfeto de sdio como laxativo e o ferro para anemia. Foram
os pioneiros na imunizao contra a varola, introduzindo crostas de
pstulas em p nas narinas.
- 23. 6 Curso de Homeopatia Atribui-se a Hwang Ti (2698-2598 a.C)
, outro conceituado imperador, o Nei Ching ou Livro de medicina, a
mais antiga obra da medicina chinesa. Os mdicos chineses costumavam
tomar o pulso e analisavam as suas diferentes manifestaes, cada uma
com um significado prprio. A acupuntura a prtica mdica tipicamente
chinesa. A medicina ocidental s foi introduzida na China no sculo
XIX. Por volta do sculo IV d.C a civilizao chinesa invadiu o Japo.
Grcia A civilizao do mar Egeu inicia-se por volta de 3000 a.C, com
a conquista das ilhas gregas pelos povos que habitavam a costa
leste do Mediterrneo. A medicina grega desenvolveu-se paralelamente
filosofia. Foi praticada pelos leigos e no pela casta sacerdotal. A
magia foi substituda pela investigao, tornando-se cincia e arte. A
obra de Homero a fonte mais antiga sobre a medicina helnica. O
mdico era uma figura de respeito. Ele vale muitas vidas, inigualvel
na remoo de flechas das feridas e na cura com blsamos preparados de
ervas. Refere-se tambm a bandagens, compressas, mtodos para
estancar as hemorragias e remdios base de ervas. Estas informaes
dizem respeito as prticas das civilizaes de Creta e do mar Egeu. Os
gregos reconheciam a importncia do sangue, mas no suas funes
verdadeiras. A prtica da sangria era comum, cortando as veias ou
aplicando ventosas. Posteriormente a cultura grega foi sofrendo as
influncias orientais e a medicina foi tornando-se mais sacerdotal.
A literatura depois de Homero, faz referncias a encantamentos,
demnios, clarividentes e augrios. Muitos deuses gregos foram
identificados com a cura: Apolo, Artemis, Atena e Afrodite. Mesmo
os deuses do submundo eram capazes de curar ou prevenir doenas. O
culto a Asclpio (Esculpio para os romanos) deve ter evoludo destas
crenas. A serpente, seu smbolo, representava as foras do submundo e
um sinal sagrado do deus da cura entre as tribos semitas da sia
Menor. No sabemos se ele realmente existiu. Foi deficado aps sua
morte e constituiu uma grande famlia, incluindo Panacia, que possua
a cura para tudo e Higia, que dominava a sade pblica. Os primeiros
santurios a Esculpio foram construdos por volta de 770 a.C. e o
culto da serpente se difundiu. Quando o tratamento mdico leigo
fracassava, as pessoas recorriam aos santurios de Esculpo, onde o
tratamento era feito base de banhos, jejuns e cerimnias. Depois
relatavam seus sonhos para serem interpretados pelos sacerdotes.
Pode-se afirmar que a psicoterapia teve a o seu incio. As prticas
mdicas sacerdotais mantiveram sua influncia durante o sculo V a.C
at os sculos IV ou V d.C, quando o culto a Esculpo funde-se aos dos
santos cristos. A escola filosfica greco-latina foi fundada por
Pitgoras (580-489 a.C) e constitui-se numa base importante para a
medicina cientfica. O princpio da harmonia e proporcionalidade da
natureza refletia-se no organismo. Pitgoras, fundador da escola
mdica de Crotona, conduziu seus primeiros estudos cientficos sobre
anatomia e fisiologia. Alcmeon, contemporneo de Pitgoras, foi o
mdico mais famoso de Crotona. Descobriu os nervos ticos e a trompa
de Eustquio e afirmou que o crebro era o bero do intelecto e dos
sentidos. Os ensinamentos de Alcmeon esto contidos em On nature,
onde se encontram mecanismos das doenas e meios de tratamento e
preveno, sem recorrer ao sobrenatural. Empdocles de Agrigento
(500-430 a.C) considerava o mundo constitudo de quatro elementos
que eram a raiz de tudo: terra, ar, fogo e gua. A escola
greco-latina prosperava na Itlia Meridional e na Siclia e outras
escolas desenvolviam-se em Cirene, norte da frica. A escola de
Cnido, no extremo sul da sia Menor e a escola de Cs, nas ilhas de
Rhodes.
- 24. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 7 A escola de Cnido
considerava a patologia e a teraputica de forma mais localizada.
Era mais intervencionista que expectante. Plato cita Eurifon e
Ctsias como membros desta escola. Seus mtodos esto descritos nas
Sentenas Cndicas, do corpus hipocraticus. A escola de Cs era mais
famosa. Os mdicos da escola de Cs ocupavam-se mais do prognstico do
que com as discusses sobre as causas da doena. Reconheciam a
importncia das doenas gerais e no apenas s suas localizaes. A
teraputica apoiava-se nas reaes defensivas naturais do organismo.
No havia doenas e sim doentes. Hipcrates foi o maior professor da
escola de Cs. Hipcrates nasceu em Cs em 460 ou 450 a.C. Aprendeu
medicina com seu pai, que era mdico, e viajou por vrios pases.
Ensinou na escola de Cs por muitos anos e adquiriu admirao e fama.
considerado o pai da medicina. Hipcrates possua um profundo
conhecimento do sofrimento humano e afirmava que o lugar do mdico
era ao lado dos enfermos. O diagnstico era baseado na observao e no
raciocnio. O conceito de doena era baseado na teoria da harmonia
dos humores. A proporo adequada dos humores (sangue, flegma, bile
amarela e bile vermelha) acarretaria o estado de sade e o
desequilbrio, o estado de doena. H uma inter-relaao entre os
elementos, os humores, as estaes e o temperamento. 1) fogo, bile
amarela, vero, temperamento bilioso. 2) terra, bile negra, outono,
temperamento melanclico. 3) gua, flegma, inverno, temperamento
flegmtico. 4) ar, sangue, primavera, temperamento sanguneo. As
qualidades: secura, frio, umidade, calor. Esta teoria ainda tinha
adeptos durante a primeira metade do sculo XIX. Os humores, porm,
no explicavam tudo. Era necessria uma fora propulsora para mant-los
em atividade, em equilbrio, expuls-los ou retornar ao equilbrio,
quando em desarmonia. Essa fora foi denominada de calor inato
(enfiton termon), situada no ventrculo esquerdo do corao, segundo
Hipcrates. Esta noo parece ter razes no fogo sagrado das religies,
de um componente natural do homem, sua physis. Assim seria natural
tambm uma tendncia para a cura das doenas. Foi a partir da que
surgiram os lemas da vix medicatrix naturae e do primum non nocere.
Escola de Cs Escola de Cnido Organismo e doente rgos e doena
Descrio individual Classificao Concreto Abstrato Contexto forte
Contexto fraco Holstico Redutivo Regime Remdio especfico Aps a
morte de Hipcrates, houve avanos no estudo da anatomia e
fisiologia. Aristteles, discpulo de Plato foi o tutor de Alexandre,
filho de Felipe da Macednia, que fundou Alexandria, no Egito.
Herfilo provavelmente foi o primeiro a dissecar um corpo humano. As
escolas mdicas que se formaram foram: metodista, pneumatista,
ecltica. Muitos mdicos gregos partiram para Roma. Cato, o censor,
(234-149 a.C), considerava depravados os hbitos dos Gregos e
acusava os mdicos gregos: Se aquela corja nos passar o que sabe,
ser o fim de Roma, principalmente se os mdicos deles vierem para c.
Eles juraram matar todos os brbaros usando a medicina, e, para
eles, o que somos - brbaros. Roma Inicialmente a medicina era mgica
e sobrenatural. Entre os inmeros prisioneiros das guerras
encontravam-se mdicos que passaram a exercer a medicina com baixo
nvel tcnico. O primeiro mdico grego a chegar a Roma foi Arcgatos,
em 219 a.C. e foi recebido com honras. Asclepades foi muito bem
sucedido em Roma. Recomendava dietas, exerccios, caminhadas, banhos
e massagens. Seu lema era que os mdicos deviam tratar os doentes de
forma rpida, segura e agradvel. Cito, tute et icunde.
- 25. 8 Curso de Homeopatia Dioscrides classificou as plantas
medicinais e considerado o pai da matria mdica. Descreveu as
propriedades medicinais de 600 plantas, 90 minerais e 168
substncias animais. Aulo Cornlio Celso, no incio da era Crist,
escreveu De res medica, um compndio enciclopdico, arranjado
sistematicamente. Caio Plnio Segundo (23-79 d.C), escreveu uma
histria natural em 37 volumes. Sorano de feso (98-138 d.C), foi o
obstetra mais famoso da antiguidade e autor de Sobre as doenas das
mulheres, texto usado durante quinze sculos. Cludio Galeno
estabeleceu-se em Roma no ano 162. Logo conquistou fama de bom
mdico e escritor. Era mdico particular e amigo de dois imperadores.
Atacava seus colegas mdicos e os acusava de incompetentes. Escreveu
cerca de quatrocentos tratados, dos quais apenas 83 restaram de um
incndio. Afirmava que cada leso implica em mudana de funo. Era
muito sagaz no diagnstico e o tratamento era baseado no conceito
dos opostos - contraria contrariis. Apesar dos erros, sua obra
influenciou a medicina durante mais de mil anos. A srie de
epidemias e pestes que coincidiram com a queda do imprio Romano e a
impotncia dos mdicos em curar tais doenas geraram uma reao contra a
abordagem racional e cientfica da medicina e ressurgiram as prticas
supersticiosas. Idade mdia O perodo entre 500 e 1500 considerado
como a idade mdia. A prtica mdica na primeira parte desta era
referida como medicina monstica, pois era realizada nos monastrios.
A medicina era oficialmente controlada pela igreja em Bizncio, que
era francamente hostil aos mdicos. A doena era considerada benfica
para testar a f do doente e seu compromisso com Deus e a igreja. A
doena ocorria como uma punio de Deus, possesso demonaca ou
resultado de feitiaria. Estas etiologias espirituais requeriam
tratamento religioso, oraes, penitncia ou graa de santos. Alguns
tipos de doenas eram relacionadas com determinados santos. O
Islamismo foi fundado por Mohammed em 622 d.C. Seus seguidores
conquistaram quase metade do mundo conhecido e por volta do ano
1000, o imprio rabe estendia-se da Espanha ndia. Os rabes eram
muito interessados em medicina e construram muitos hospitais. Seus
ensinamentos iriam constituir uma ponte entre a medicina
Greco-Romana e Renascentista. Os mdicos rabes mais conhecidos foram
Rhazes e Avicena. Os Cnones de Avicena influenciaram o ensino mdico
durante sculos. A segunda metade da era medieval conhecida como o
tempo da medicina escolstica. Em 1130, o conclio de Clermont
proibiu os monges de praticarem a medicina. As universidades
passaram a ocupar um lugar de destaque na formao dos jovens mdicos.
Nesta era vrias epidemias devastaram a Europa. A escola de Salerno
preservou os ensinamentos da medicina rabe. Os textos da escola de
Salerno eram expressos em versos. Era permitida a presena de
mulheres estudantes de medicina. Sculos XV e XVI O mundo medieval
desapareceu com as viagens de Vasco da Gama, Colombo, Magalhes. A
renascena representou um renascimento das artes e filosofia, da
investigao cientfica, avanos tecnolgicos e da medicina. A cegueira
escolstica da idade mdia foi substituda pelo humanismo, que
valoriza a dignidade do indivduo, a importncia da vida terrena (e
no apenas da vida aps a morte) e da liberdade religiosa. Os
desenhos de Leonardo da Vinci ilustram a arte de desenhar a
fisiologia e pode ser considerado como o pai da anatomia. Andreas
Vesalius (1514-1564) refutou muitas das descries anatmicas e idias
mdicas de Galeno. Com apenas 28 anos de idade, publicou De humani
corporis, a base da medicina moderna.
- 26. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 9 Paracelsus foi autor
de mais de 300 obras, de medicina com base em observaes at estudos
sobre alquimia e metafsica. Jean Fernel (1497-1558) contribuiu para
livrar o pensamento mdico das amarras de Galeno. Sua obra Universa
medica foi usada por mais de dois sculos. Durante a renascena foram
publicados muitos livros de obstetrcia e pediatria, na lngua do
pas, em lugar do latim. Sculo XVII O sculo XVII considerado a idade
da revoluo cientfica, a idade de ouro da cincia. Enquanto as
cincias naturais avanavam a passos largos, a medicina parecia
regredir poca medieval. A cirurgia no se beneficiava dos
conhecimentos da anatomia do sculo anterior e os cirurgies eram
considerados inferiores. Entre os filsofos do sculo destacam-se Ren
Descartes (1596-1650). Seu Discurso do mtodo, em 1637, adotava uma
generalizao do mtodo matemtico e desenvolvia uma viso mecanicista
do mundo. Descartes deduzia os fenmenos do mundo das idias gerais
provenientes da intuio das verdades auto-evidentes. Para Descartes,
a experimentao era principalmente ilustrativa, mas til quando o
raciocnio dedutivo no era conclusivo. Francis Bacon (1561-1626) foi
outro filsofo da cincia que priorizava a experimentao e o mtodo
indutivo, que consistia em colecionar fatos, sem nenhuma hiptese em
mente e pesquisar uma teoria geral que poderia surgir deles.
Iatroqumica ou qumica mdica foi o nome dado fuso da alquimia,
medicina, e qumica. Era praticada pelos seguidores de Paracelso,
nos sculos XVI e XVII, sendo uma alternativa para a filosofia
mecanicista que domina a cincia. Jan Baptista Van Helmont
(1577-1644) foi o lder da Iatroqumica e do Paracelsianismo no sculo
XVII. Sua comparao entre o peso da urina com o da gua foi a
primeira medida da densidade especfica da urina. Outra contribuio
foi o reconhecimento de que o ar composto de vrios gazes. Como
Paracelsus, acreditava que a doena era uma entidade distinta que
existia parasitando o corpo. Isto contrastava com a concepo de
Galeno onde a doena era parte da pessoa e representava um
desequilbrio dos humores. Concluiu, pela experimentao, que os
fermentos (enzimas) eram partes fundamentais de todos os mecanismos
fisiolgicos. Recusava as sangrias e utilizava medicamentos qumicos
e melhorou o emprego do mercrio. Franz de la Boeh, chamado de
Franciscus Sylvius (1614 1672). Seu entendimento da medicina era
emprico, fazendo uso dos conhecimentos da qumica. Fez do laboratrio
um instrumento essencial para a prtica da medicina. A ascenso do
atomismo foi de importncia fundamental para o desenvolvimento da
cincia e por conseqncia, da medicina. O conceito teve sua origem na
antigidade e foi plenamente desenvolvido por Democritus de Abdera e
Leucippus de Mileto, no quinto sculo antes de Cristo. Foi reativado
no terceiro sculo depois de Cristo por Epicurus. Na idade mdia, o
atomismo, no teve muito reconhecimento, devido sua conotao atesta.
Foi redescoberto na renascena e reforado no sculo XVII pelos
esforos de Pierre Gassand (1592 - 1655). Robert Boyle (1627 1691)
foi outro importante proponente do atomismo. Galileo Galilei (1564
1642) foi outro nome importante para a cincia moderna. Formulou as
leis do movimento da terra, posteriormente ampliadas por Isaac
Newton (1642-1727) para o universo. A iatromecnica, ou iatrofsica,
explicava os fenmenos mdicos como objetos em movimento. Giovanni
Alfonso Borelli (1608 1679) foi um dos lderes da iatromecnica.
Partindo de uma unidade simples, o msculo, expandiu suas
investigaes para os rgos e por fim para o organismo todo. Giorgio
Baglivi (1669 1707) representou o extremo da iatromecnica,
comparando cada rgo a uma mquina especfica. Santorio Santorio (1561
1636), construiu o termmetro e desenvolveu pesquisas sobre a
fisilologia do metabolismo. Em 1677, Antony Van Leeuwnhoek (1632
1723), um comerciante de linho, descobriu o espermatozide, com a
ajuda de um microscpio. Niklaas Hartsoecker (1656 1725), publicou
gravuras mostrando pequenos
- 27. 10 Curso de Homeopatia homens pr-formados (homunculi) nos
espermatozides examinados pelo microscpio. No final do sculo XVII
existiam duas teorias opostas sobre a origem dos embries. A teoria
da pr-formao era dominante. A partir do minsculo indivduo presente
no esperma o embrio se desenvolvia. A teoria da epignese. O
organismo seria formado a partir da substncia primitiva, que ia se
transformando em diversos estgios e formando as estruturas
orgnicas. William Harvey (1578 1657), demonstrou que o sangue
circulava num sistema fechado. Isto foi a descoberta mais
importante do sculo XVII. Houve precursores de Harvey, como Michael
Servetus (1511 1553), Matteo Realdo Colombo (1516? 1559) e Andrea
Cesalpino (1519 - 1603). Um precursor bem mais antigo foi Ibn-Nafis
(1210-1280). No entanto foi Harvey que solucionou a maioria dos
problemas e o responsvel pelo entendimento atual da circulao
sangnea e suas contribuies so uma da mais valiosas da histria da
medicina. No sculo XVII ocorreram outros progressos nos
conhecimentos anatmicos e fisiolgicos e os termmetros e microscpios
muito contriburam para isto. Galileu construiu o primeiro termmetro
em 1592. Hermann Boerhaave (1668 1738) fez amplo uso clnico do
termmetro. Anders Celsius (1701-1744) reintroduzia a escala
decimal. Karl August Wunderlich (1815-1877), analisando milhares de
casos, chegou concluso de que a febre era um sintoma e no uma
doena, e que a temperatura to importante quanto o pulso. Os dois
nomes mais importantes da microscopia do sculo XVII so Antony Van
Leeuwenhoeck (1632 1723) e Marcelo Malpighi (1628-1694), o pai da
biologia microscpica. Desenvolveu tcnicas para o exame dos tecidos
no microscpio e confirmou a existncia dos capilares pulmonares,
postulados por Harvey. Muitos outros progressos se fizeram. Francis
Glisson (1597 1677) descreveu, em detalhes, o fgado, estmago e
intestinos. Thomas Wharton (1614 1673) descreveu as glndulas
endcrinas e excrinas. Thomas Willis (1621 1675) descreveu o sistema
nervoso. Thomas Sydenham (1624 1689) considerado o Hipcrates Ingls.
Era um excelente observador e descreveu a febre reumtica e a gota
Distinguiu a escarlatina do sarampo. Insistia que a primeira
obrigao do mdico era conhecer e cuidar dos seus doentes. Dava muita
ateno aos sintomas e progresso da doena. A doena seria uma condio
alheia ao organismo, que reagia ela, na tentativa de eliminao das
substncias indesejveis do sangue. Acreditava nos poderes curativos
da natureza e utilizou a China e o pio. Giovanni Maria Lancisi
(1654 - 1720), props uma reforma radical no ensino da medicina e
foi um dos pioneiros da sade pblica. A teraputica consistia em
sangrias, purgativos, restries dietticas, exerccio e o uso de
drogas inespecficas, vegetais, minerais e animais. As epidemias
eram comuns e a introduo da China para o tratamento da malria,
modificou alguns conceitos sobre a doena. Sculo XVIII O sculo XVIII
foi um perodo de mudanas polticas e cientficas importantes. A
guerra da sucesso Espanhola, o surgimento dos Estados Unidos da
Amrica e a revoluo Francesa. A prtica da medicina firmava- se em
bases cientficas slidas. Foram construdos muitos hospitais e
enfermarias. Houve muitos conflitos entre as idias tradicionais e a
viso cientfica, apoiada na experimentao. O iluminismo do avano
cientfico refletia-se na medicina. Na Itlia, os trabalhos de
Giovanni Battista Morgagni (1682-1771) forneceram as bases para o
conceito anatmico de patologia. Ele considerado o fundador da
anatomia patolgica. Lavoisier demonstrou que a respirao um processo
de combusto. Porm, a antiga maneira de pensar ganhou nova vida com
o ressurgimento do animismo, por Stahl e depois pelo vitalismo com
Barthez. Mdicos importantes deste sculo foram: Hermann Boerhaave
(1668-1738); Georg Ernst Stahl (1659 - 1734); Friederich Hoffmann
(1660-1742); Albrecth von Haller (1708-1777); William e John Hunter
(1729-1793); William Cullen (1712-1790); John Brow (1735-1788);
Giovanni Rasori (1766-1837); Samuel Hahnemann (1755- 1843);
Friedrich Anton Mesmer (1734-1815).
- 28. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 11 Hermann Boerhaave
destacou-se como um dos maiores mdicos do sculo, que enfatizava a
importncia do mdico ao lado do enfermo e contava com os poderes
curativos da natureza, como Hipcrates. Gerard van Swieten fundou a
primeira clnica universitria. Leopold Auenbrugger desevolveu o
mtodo da percusso, valorizando a cincia do diagnstico do exame
fsico. Mesmer utilizava um tratamento com magnetismo animal e
atraiu muitos clientes ricos e famosos. Samuel Hahnemann
desenvolveu a Homeopatia, a partir da publicao do primeiro ensaio
em 1796. Edward Jenner (1749-1823), adaptou a vacina contra a
varola das vacas para produzir imunidade contra a varola. Iniciava,
assim, em 1796, uma nova era para a medicina preventiva. Sculo XIX
As primeiras dcadas do sculo XIX foram uma continuao do anterior. A
descoberta da anestesia e dos microorganismos como causadores de
doenas foram dois aspectos que mais influenciaram o conceito de
doena e das formas de tratamento. A caracterstica mais importante
era a correlao que se estabelecia entre os achados de laboratrio e
autopsias com as observaes clnicas. A escola de Paris desempenhou
um papel marcante, onde se destacam: Bichat, Laennec, Magendie,
Claude Bernard. Rudolph Virchow foi o maior patologista do sculo
XIX. Afirmava que as doenas manifestavam-se nas clulas na forma de
humores invisveis. Louis Pasteur desenvolveu a teoria microbiana e
vacina contra a raiva. Paul Ehrlich foi o fundador da imunologia. A
descoberta da penicilina, em 1928, por Alexander Fleming foi um
marco no desenvolvimento dos frmacos modernos. Histria da
homeopatia Evoluo da homeopatia. Leituras Hahnemann, esboo de uma
biografia. Robert E. Dudgeon. Trad. Revista da APH, v59,3-4, 1994.
Parte histrica. Iniciao homeoptica. Jos Emygdio R. Galhardo. RJ,
1936. 1. HAEL, R. Samuel Hahnemann his life and work. B. Jain
Publishers. 1921. 2. RIMA, Handley. In Search of the later
Hahnemann. Beaconsfield publishers. 1997. 3. WINSTON, Julian. The
faces of homeopathy: the book. New Zealand. Hahnemann: vida e obra
Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu em Meissen, em 11 de
abril de 1755, filho de Joanna Christiana Spiess e Christiano
Godofredo Hahnemann, pintor em uma fbrica de porcelana. Hahnemann
nasceu entre 10 e 11 de abril, depois de meia-noite do dia 10,
conforme o registro paroquial. O mundo homeoptico, entretanto,
festeja o nascimento do mestre a 10 de abril, como o prprio
Hahnemann tambm fazia. A sua infncia foi feliz, com seus trs irmos.
Costuma vagar pelos montes e tinha grande admirao pela natureza e
pelas plantas, em particular. Seu pai era carinhoso, mas de
princpios rgidos. Ensinava pela ao: agir e ser sem parecer. Aos 12
anos de idade era um adiantado aluno de humanidades. Em certa
ocasio Hahnemann, ao traduzir um texto latino, fez comentrios fora
do texto, mostrando as reformas que deviam sofrer a educao. O
professor, no satisfeito com as idias liberais de seu aluno, o
puniu. Os colegas, indignados com a injustia, conduziram Hahnemann
ao diretor da Escola, o Dr. Mueller. Depois de ouvir as ponderaes
de Hahnemann, o diretor respondeu-lhe: Embora criana sois mestre e
mestre ficareis. A partir deste momento tendes licena para
freqentar a classe que quiserdes.
- 29. 12 Curso de Homeopatia Aos 14 anos de idade j substitua o
professor de grego em suas aulas. Ao trmino destes estudos
preliminares, devido a problemas econmicos, o pai o empregou no
comrcio, em Leipzig. Voltou em segredo para a casa paterna e ficou
oculto por sua me por um perodo. Coincidentemente, o Dr. Mueller
foi designado para a escola principesca Santo Afra e este ajudou
Hahnemann contratando-o como seu assistente. Disse Hahnemann: Eu
procurava assimilar o que lia; lia pouco, porm muito bem; e punha
tudo em ordem no meu esprito, antes de passar adiante... No
esquecia, entretanto, de procurar exerccio para o meu corpo,
movimento ao ar livre, esta alegria e esta fora, graas aos quais
podia facilmente manter a tenso contnua de meu esprito. Aos 20 anos
de idade, em 1775, decidiu estudar medicina na universidade de
Leipzig. Antes, deixou uma tese para os seus professores, A
maravilhosa conformao da mo do homem. Sem recursos para pagar os
estudos, obteve permisso para cursar gratuitamente e para sua
subsistncia dava aulas de Ingls e Francs para um jovem grego e
fazia tradues para o alemo de obras em francs, ingls e italiano. Em
cada duas noites, dormia apenas uma. Ao final de dois anos,
decepcionado com o ensino em Leipzig, transferiu-se para Viena. Um
pequeno incidente atrasou sua partida. Hahnemann no o revelou em
sua autobiografia, mas os historiadores descobriram. Ele havia
reservado 20 thaleres para sua partida, mas o jovem grego
confessou-lhe que havia se utilizado deles, retirando de sua gaveta
e perdendo-os no jogo. Implora perdo a Hahnemann e este lhe
responde: -no falemos mais nisto. Em sua autobiografia no relata o
fato e diz apenas que: o remorso merece o perdo e eu guardo em
segredo o nome e as circunstncias. O Dr. Quarin, mdico da
imperatriz Maria Thereza, dirigia o hospital dos irmos da
misericrdia em Leopoldstadt. Hahnemann apresentou-se a ele, com uma
carta de recomendao de um de seus professores. Logo conquistou a
confiana e amizade do Dr. Quarin, e o acompanhava nas visitas sua
clientela particular. Hahnemann diz: devo meu diploma de mdico ao
Dr. Quarin. Samuel de Bruckenthal foi nomeado governador de
Transylvania e Hahnemann foi indicado para ser seu assistente. O
governador era um dos altos membros da maonaria e fez com que
Hahnemann fosse aceito como maom na loja Santo Andr. Hahnemann
nunca foi um maom regular. Hahnemann permaneceu 21 meses em
Hermannstadt, classificando a riqussima coleo de medalhas do
governador, elaborando um sistema de fichas para a biblioteca e
exercendo a clnica entre a populao. Em 1779, Hahnemann abandona
Hermannstadt e vai para Erlangen, na Alemanha, para defender sua
tese e doutorar-se. Enquanto aguardava a realizao da prova,
lecionava grego, latim, ingls, hebraico, italiano, srio, espanhol e
alemo. Em 10 de agosto deste ano defendeu sua tese: consideraes
sobre as causas e o tratamento dos estados espasmdicos, recebendo o
grau de doutor em medicina. Instalou-se em Hettstedt, em
Mansfeldschen, cidade de 3 a 4 mil habitantes, centro de minas de
cobre. Nesta poca correspondia-se com Jos Bonifcio de Andrada e
Silva, o patriarca da independncia, sobre assuntos de mineralogia.
Redigiu diversos escritos de medicina. Em 1781 vai morar em Dessau,
a 50 quilmetros de Hettstedt. A apaixona-se por Joanna Leopoldina
Henriqueta Kuechler, nascida em 1 de janeiro de 1764. Hahnemann com
26 anos e Henriqueta com 17 anos, jovem, ativa e bem educada. Vai
para Gommern, a 40 quilometros de Dessau, procura de recursos.
Depois de um ano e meio de solido em Gommern vai procura da noiva,
casa-se em 17 de novembro de 1782 e regressa a Gommern. Neste ano
publica os primeiros ensaios mdicos onde h um artigo sobre o cncer,
despertando o interesse do mundo mdico para si. Escreveu guia para
tratamento das velhas chagas e lceras, publicado, em Leipzig, 1784.
Pela primeira vez Hahnemann ataca as concepes mdicas, sem
demonstrar respeito pela cincia da poca e sem considerao pelos seus
colegas, censurando-os os que se nivelavam a barbeiros e carrascos,
praticando a medicina mais por ignorncia do que por convico. Em
Gommern, nasceu sua primeira filha, Henriqueta, em 1783.
- 30. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 13 a eleio do
medicamento e a maneira de us-lo que caracteriza o verdadeiro
mdico, o que no est ligado a nenhum sistema, recusa o que no
investigado por ele mesmo e no toma a palavra de outrem, tendo a
coragem de pensar por si mesmo e tratar de acordo com isto.
Hahnemann. Depois de 2 anos e 9 meses em Gommern, Hahnemann retoma
a vida nmade. Permaneceu 4 anos em Dresde, dedicado clnica,
escritos e estudos. Estabeleceu relaes com Lavoisier e substituiu o
Dr. Wagner como diretor de sade pblica, despertando a inveja de
seus colegas e surgiram calnias e crticas injustas. Acusavam
Hahnemann de no saber qumica. Dos 30 aos 35 anos, de 1785 a 1790,
Hahnemann escreveu trabalhos originais e traduziu obras
estrangeiras que reunidas representam mais de 3.500 pginas. Destes
trabalhos destaca-se o Envenenamento pelo arsnico, determinando os
meios de detectar seu envenenamento. Com isto contribuiu para a
proibio livre de sua venda como p para a febre. Experimentou muitos
medicamentos em ces, documentando suas observaes com 861
experincias recolhidas de vrios autores. Em 1786 nasceu seu filho
Frederico, segundo dos onze filhos: Henriqueta, 1783. Frederico,
1786. Guilhermina, 1788. Amelia, 1789. Carolina, 1792. Ernesto,
1794. Duas meninas gmeas, uma no sobreviveu e outra recebeu o nome
de Frederica. Eleonora, 1803. Carlota, 1805 e Luiza, 1806. Aps o
nascimento de Guilhermina, em 1788, Hahnemann foi morar num subrbio
de Dresde, chamado Lochwitz. Mudou-se para So Miguel, em 1789, e
instala-se em Stoetteritz, subrbio a sudeste de Leipzig, a cidade
livre, fonte dos conhecimentos. Hahnemann atendia aos clientes e
dedicava-se aos estudos e trabalhos literrios no tempo que sobrava.
Apesar de ter atingido uma relativa prosperidade desde o tempo que
residiu em Dresde, Hahnemann decide abandonar a medicina. Um certo
dia, hora habitual das consultas, participa aos clientes que
resolvera abandonar a prtica profissional da medicina. O que mais
influenciou esta deciso foi sua incapacidade de tratar das graves
doenas que acometeram seus filhos. Hahnemann observara a ausncia de
base cientfica da teraputica, sem uma lei diretriz, sem previso.
Uma medicina que fazia sofrer os doentes, onde era comum a aplicao
de custicos violentos e sangrias. A gota que transbordou foi a
molstia de um amigo. Hahnemann era o mdico assistente de um dos
seus melhores amigos, cujo estado era de prognstico sombrio.
Tentando um ltimo esforo, prescreveu um ou mais medicamentos de sua
confiana, considerados hericos. Seu amigo, na manh seguinte era um
cadver. No suportou a este golpe e com o cadver do amigo foi
sepultada a dvida que ainda poderia ter sobre o valor da teraputica
aloptica. Onde pois achar recursos certos? Em torno de mim s
encontro trevas e deserto. Nenhum conforto para meu corao oprimido.
Oito anos de prtica, exercida com escrupuloso cuidado, fizeram-me
conhecer a ausncia do valor dos mtodos curativos ordinrios. No sei,
em virtude da minha triste experincia, o que se deve esperar dos
preceitos dos grandes mestres. Talvez seja, entretanto, prpria da
medicina, como diversos autores j tm dito, no conseguirmos atingir
a um certo grau de certeza. Blasfmia! Idia vergonhosa!... A
infinita sabedoria do Esprito que anima o universo no teria podido
produzir meios de debelar os sofrimentos causados pelas doenas que
ele prprio consentiu viessem atingir os homens? A soberana paternal
bondade daquele que nenhum nome dignamente poderia design-lo, que
largamente proveu as necessidades de animculos invisveis,
espalhando em profuso a vida e o bem estar em toda a criao, seria
capaz de um ato to tirnico, no permitindo que o homem, seu
semelhante, com o sopro divino, pudesse encontrar, na imensidade
das coisas criadas, meios prprios para desembaraar seus irmos de
sofrimentos muitas vezes piores do que a prpria morte? Ele o Pai de
tudo que existe, assistiria impassvel ao martrio a que as molstias
condenam as mais queridas de suas criaturas, sem permitir ao gnio
do homem, a quem facilitou a possibilidade de perceber e criar, de
achar uma maneira fcil e segura de encarar as molstias sob seu
ponto de
- 31. 14 Curso de Homeopatia vista e de interrogar aos
medicamentos para saber em que caso cada um deles pode ser til, a
fim de fornecer um recurso real e preciso? Renunciarei a todos os
sistemas do mundo a admitir tal blasfmia. No! H um Deus bom, que a
bondade e a prpria sabedoria. Deve haver, pois, um meio criado por
ele de encarar as molstias sob seu verdadeiro ponto de vista e
cur-las com segurana. Um meio que no seja oculta nas abstraes sem
fim, nas hipteses, cujas bases sejam constitudas pela imaginao. Por
que esse meio j no foi encontrado, h mais de vinte ou vinte e cinco
sculos j passados, quando existiam homens que se diziam mdicos?
porque est muito prximo e muito fcil. No h necessidade para l
chegar, nem de brilhantes sofismas, nem de sedutoras hipteses.
Portanto, como deve haver um meio seguro e certo de curar, tal como
h um Deus, o mais sbio e o melhor dos seres, abandonarei o campo
ingrato das explicaes ontolgicas. No ouvirei mais as opinies
arbitrrias, embora tenham sido reduzidas a sistemas. No me
inclinarei diante da autoridade de homens clebres! Procurarei onde
se deve achar esse meio que ningum sonhou, porque muito simples;
porque ele no parece muito sbio, envolvido em coroas para os
mestres na arte de construir hipteses e abstraes escolsticas.
(trechos da carta que Hahnemann escreveu para Hufeland, em 1808).
Nos doze anos seguintes a 1789, Hahnemann mudou de residncia vinte
vezes, e vivia praticamente na misria, com a mulher e seus filhos
em um nico quarto. Tendo abandonado a medicina, vivia de tradues,
trabalhando dia e noite e fumando cachimbo para vencer o sono. No
clinicava, mas continuava estudando a medicina, procura de algo que
ele no sabia, mas pressentia existir: uma lei racional de cura. Ele
j compreendia que a primeira condio para usar com vantagem os
medicamentos era conhecer seus efeitos sobre o organismo humano.
Traduz a Matria Mdica de William Cullen, editada em Edimburgh 1788
e no se convence da ao teraputica ser devida a uma ao fortificante
sobre o estmago. Relata: Eu tomei, durante vrios dias, ttulo de
experincia, quatro dracmas de boa quinina, duas vezes por dia. Meus
ps e a ponta dos meus dedos ficaram primeiramente frios; eu fiquei
cansado e sonolento; em seguida meu corao comea a palpitar; meu
pulso ficou duro e rpido; uma ansiedade intolervel e tremedeiras
(mas sem calafrios); cansao em todos os membros; depois pulsaes na
cabea, rubor na face, sede; em breve todos os sintomas
habitualmente associadas febre intermitente aparecerem
sucessivamente, sem apresentar os reais calafrios. Para resumir,
todos estes sintomas que para mim so tpicos de febre intermitente
apareceram sucessivamente, como a estupefao dos sentidos, um tipo
de enrijecimento de todas as articulaes, mas, acima de tudo, o
entorpecimento, uma sensao desagradvel que parece ter sua sede no
peristeo de todos os ossos do corpo. Tudo apareceu. Esta crise
durava cada vez de duas a trs horas e se reproduzia quando eu
repetia a dose e no de outra forma. Eu parei o remdio, e me
reencontrei uma vez mais em boa sade. A casca peruana, que
utilizada como remdio contra a febre intermitente, age porque ela
pode produzir sintomas similares aos da febre intermitente no homem
so. A primeira experimentao de China permitiu reformular o antigo
princpio da similitude. Assim, 1790 considerado o ano do nascimento
da Matria Mdica Homeoptica. O falecimento do imperador da ustria,
Leopoldo II, foi uma oportunidade para Hahnemann atacar abertamente
a medicina da poca. Hahnemann experimentou diversas substncias e
esperava a oportunidade de comprov-las publicamente. Em 1792,
influenciado pelo interesse do duque Ernesto de Saxe-Gotha,
transferiu-se para Gotha. O duque colocou disposio de Hahnemann uma
parte de seu castelo de caa para servir de casa de sade para
enfermos mentais.
- 32. Evoluo da Medicina e da Homeopatia 15 Klockenbring era um
escritor famoso e foi acometido de mania violenta em 1792. Foi
tratado por 6 meses, sem sucesso, pelo Dr. Wichmann, notvel
alienista. Pinel tratou dele no Hospital de Bicetre, tambm sem
sucesso. Klockenbring foi o primeiro cliente que Hahnemann tratou
em Gotha. Hahnemann acolheu Klockenbring com cuidado e gentileza.
Observou, durante duas semanas o paciente, sem prescrever qualquer
medicamento, tentando obter sua confiana. Depois realizou a
prescrio que o restabeleceu e em 1793, Klockenbring regressou a
Hanover, completamente restabelecido. Hahnemann curou outros casos
de loucura e prescrevia por correspondncia. Como no conseguiu
atrair muitos doentes para o castelo, resolveu abandonar a
hospitalidade do duque, em maio de 1793, pouco depois da cura de
Klockenbring. Instalou-se em Molschleben, vila a alguns quilmetros
de Gotha. Surgiu uma epidemia de crosta lctea e seus filhos a
contraram, tendo sido curado por hepar sulphur. Em 1794, instala-se
em Pyrmont, em condies de grande misria. Na viagem morre, em
acidente, seu filho Ernesto. Em 1796 foi morar em Koenigslutter,
onde em 1799, Belladona curou vrios casos de uma epidemia de
escarlatina. Em 1796 publica o primeiro ensaio sobre a nova
doutrina: Ensaio sobre um novo princpio para descobrir as virtudes
curativas das substncias medicinais... Escreveu um pequeno trabalho
pequeno opsculo de segredos teis. Seus adversrios encontraram nele
pretexto para atac-lo. Os farmacuticos o odiavam, pois Hahnemann
reclamava para os mdicos o direito de preparar seus medicamentos.
No outono de 1799, Hahnemann foge da cidade e foi assaltado por
seus inimigos, a filha sofreu fratura de perna e foram obrigados a
passar 6 semanas em estado de misria na aldeia de Muhlhau. Depois
foi para Altona e em 1880 transferiu-se para Hamburgo. Em 1801 se
instalou em Machern, aldeia perto de Leipzig. Em 1808, Hahnemann
entrou num perodo de glria. A clientela aumentava pelos resultados
que obtinha com a nova medicina. Em 1811, instala-se pela terceira
vez em Leipzig, em condies econmicas bem mais favorveis. Hahnemann
solicitou autorizao para realizar conferncias na universidade de
Leipzig. Fez sua primeira conferncia, em 26 de junho de 1812, em
latim: dissertao histrica e mdica sobre o heleborismo. Em 28 de
setembro de 1812 foram inauguradas as suas conferncias com grande
assistncia. Hahnemann tinha, ento, 57 anos de idade. Abria o
Organon e comeava a coment-lo com entusiasmo e atacava a alopatia,
provocando desagrado de muitos. Apesar disto conseguiu reunir seus
primeiros discpulos: Franz, Gross, Hartmann, Hornburg, Langhamer,
os dois irmos Rueckert, Stapf e Wislicenus. Hahnemann conseguiu
chamar a ateno para a nova medicina. Hahnemann inaugurou, em sua
residncia, o Instituto homeoptico, onde recebia os discpulos e
ministrava um curso de 6 meses de durao. Em 1813, uma epidemia de
tifo atingiu Leipzig e o xito de Hahnemann, obtendo curas
fantsticas foi excepcional. Porm a Homeopatia sofria sucessivos
ataques. Em 1820, Hahnemann tratou do prncipe Scwarzenberg,
acometido de hemiplegia direita. O prncipe consegue alguma melhora
com as indicaes dietticas de Hahnemann, mas logo as desobedece,
abusa do lcool e falece de um ataque de apoplexia, cinco semanas
aps. Os professores da universidade de Leipzig atriburam a
Hahnemann a morte do prncipe. O professor Clarus, que autopsiou o
cadver, apresentou argumentos capciosos para difamar Hahnemann,
caluniando-o terrivelmente. Em 1821, abandona Leipzig e vai para
Koethen, sendo acolhido pelo duque de Anhalt, prncipe Fernando e a
duquesa Jlia. Apesar desta proteo, o povo no o acolheu devidamente.
Durante os 15 anos que viveu em Koethen, Hahnemann quase no saia de
casa. Sua clientela, seus estudos e o carinho da famlia lhe
bastavam. Os ataques s teorias homeopticas atingem o auge em 1825,
com o emprego das doses infinitesimais. At ento Hahnemann utilizava
os medicamentos em tinturas e baixas diluies. Em 31 de maro de 1830
falece a esposa.
- 33. 16 Curso de Homeopatia Na tarde de 8 de outubro de 1834,
desce de uma carruagem um jovem estrangeiro; um francs, conforme
pareceu aos que presenciaram o desembarque. Tratava-se, no entanto,
de uma senhorita francesa que usava roupas masculinas e viajava s,
para proteger-se. Seu nome era DErvilly. Trs meses depois estavam
casados e 5 meses depois mudaram-se para Paris. Estes episdios esto
romanceados em. A homeopathic love story. Hahnemann and Melanie.
Rima, Handley, 1990. Caso notvel foi a cura da filha de Ernest
Legouv, membro da academia francesa. Sua filha de 4 anos fora
desenganada pelos mdicos mais famosos de Paris. Hahnemann a
observou durante algum tempo e no dia seguinte iniciou o
tratamento. Houve uma agravao no dcimo dia e por fim a menina se
curou. Isto provocou muita discusso e a academia de medicina
solicitou ao ministro Guizot que proibisse Hahnemann de exercer a
homeopatia. O ministro negou o pedido com estas consideraes:
Hahnemann um sbio de grande mrito. A cincia deve ser para todos. Se
a homeopatia uma quimera ou um sistema sem valor prprio, cair por
si mesma. Se for, ao contrrio, um progresso, se difundir apesar de
todas as nossa medidas de preservao; e a academia, antes que
ningum, deve desej-lo, pois tem a misso de fazer progredir a cincia
e de alentar seus descobrimentos. Hahnemann falece em Paris de uma
afeco brnqui