[HAD2012] 13 - construtivismo

Construtivismo RussoTicianne Ribeiro e Eduardo Novais

terça-feira, 8 de maio de 2012

Contexto

A nova sociedade projetada no contexto revolucionário mobiliza os artistas em torno de uma arte nova, que se coloca a serviço da revolução e de produções concretas para a vida do povo.

cubo-futurismo

papel grosseiro, métodos de produção artesanal e acréscimos manuais

Tudo isso expressava a pobreza da sociedade camponesa e os recursos escassos dos artistas e escritores.

David e Vladímir BúrliukWladímir Maiakóvski: Tragédia (1914)

A arte, inspirada pelas novas conquistas do novo Estado Operário, deveria se inspirar nas novas perspectivas abertas pela máquina e pela industrialização servindo a objetivos sociais e a construção de um mundo socialista.

Esse processo foi acelerado pela revolução, pois a arte recebeu um papel social que raramente lhe era atribuído.

Suprematismo

Estilo de pintura composto de elementos absolutos fundamentais

Kasimir Malevitchterça-feira, 8 de maio de 2012

Cria uma abstração geométrica elementar e totalmente não-objetiva

"expressão do sentimento sem procurar nenhum valor prático, nenhuma ideia, nenhuma terra prometida".

Kasímir MaliévitchQuadro Negro (1913)

Afasta-se ao máximo possível do mundo das formas e aparências naturais

Kasímir MaliévitchComposição Suprematista (1915)

Arranjo sinfônico das formas elementares das cores luminosas sobre um campo branco se torna expressão de pura sensação

A forma visual se tornava o conteúdo e qualidades expressivas de desenvolviam da organização de formas e cores.

Os artistas de esquerda haviam se oposto à velha ordem e sua arte visual conservadora.

Por volta de 1920, desenvolveu-se uma profunda cisão ideológica quanto ao papel do artista no novo Estado comunista. Alguns deles entre os quais Kadinski e Maviévitch afirmam que a arte deveria continuar a ser uma atividade essencialmente espiritual.

Construtivismo

O termo arte construtivista foi introduzida pela primeira vez por Malevich para descrever o trabalho de Rodchenko em 1917.

Liderados por Vladímir Tátlin e Aleksandr Ródtchenko, 25 artistas apresentaram o ponto de vista contrário a produzir coisas inúteis e volta-se para o cartaz

"esse trabalho agora constitui dever do artista com cidadão em uma comunidade que está limpando o campo do velho lixo para preparar-se para a nova vida".

Uma tentativa inicial de formular a ideologia construtivista foi o folheto de 1922, Konstruktivizm, de Alekséi Gan que critica os pintores abstratos por sua incapacidade de romper o cordão umbilical que os ligava à arte tradicional.

“O construtivismo havia passado do trabalho de laboratório para a aplicação prática”.

A teutônica, a textura e a construção eram os três princípios do construtivismo.

Estética e Conceitos

Negavam uma "arte pura" e a ideia de que a arte é um elemento especial da criação humana, separada do mundo cotidiano.

Acreditava no emprego racional de material útil para criar objetos de uso comum ou encontrar soluções para problemas de comunicação

Rejeitavam os aspectos mais permanentes da estética em benefício da utilidade corrente.

Uma das metas era combinar palavras e imagens numa experiência simultânea (impressos e em filmes). Esse tratamento revolucionário influenciou o futuro da comunicação de ideias.

Principais Artistas

Vladimir Tatlin

Vladimir TatlinMonumento à Terceira Internacional, Torre de Tatlin (1915)

"união de formas puramente plásticas (pintura, escultura e arquitetura) para um propósito utilitário"

Marc Chagall

Marc ChagallThe Green Fiddler (1913)

Sergei Eisenstein

Notabilizou-se por seus filmes mudos Strike, O Couraçado Potemkin e Outubro: Dez Dias que Abalaram o Mundo, assim como os épicos históricos Alexander Nevsky e Ivan, o Terrível.

Sergei Eisenstein Bronenosets Potyomkin (1925)

Alexander Rodchencko

Alexander RodchenckoConstruction no. 127 (1920)

Alexander RodchenckoLinha e compasso (1915)

Em 1921, abandona a pintura e se volta à comunicação social.

Suas convicções sociais exigiam um senso de responsabilidade para com a sociedade em lugar da expressão pessoal.

Fotografia como um meio privilegiado de expressão e registro pictórico da nova Rússia

Alexander Rodchencko (1928)

Sua perspectiva fotográfica original influenciou de perto o cinema de Sergei Eisenstein

Trouxe um espírito inventivo e de experimentação à tipografia, à montagem e à fotografia.

Alexander RodchenckoCartaz para a companhia aérea estatal russa Dobrolet (1923)

Aquele que não possuir um cartão Dobrolet, não é um cidadão da URSS

Alexander RodchenckoInvólucro para a Nossa Indústria de caramelos da fábrica Oktiabr Krasnyi (1923)

Alexander RodchenckoPin para a companhia aérea estatal Dobrolet (1924-26)

Alexander RodchenckoCartaz dos biscoitos da fábrica Oktiabr Krasnyi

Alexander RodchenckoPro eto (Sobre isto) - 1923

Alexander RodchenckoPoster filme “A sexta parte do mundo” (1926)

Alexander RodchenckoKgini (1925)

Sua pesada escrita manual deu origem aos tipos negritos sem serifa que foram amplamente usados na União Soviética.

Alexander RodchenckoCapa da revista LEF (1923)

Alexander RodchenckoCapa LEF – Retrato Osip Brik (1924)

El Lissitzki

“Uma arte construtiva que não decora, mas organiza a vida” (1922)

Recusado na Escola de Artes de Petrogrado

Estudou na escola de Engenharia e Arquitetura de Darmstadt, Alemanha

Estudou com Marc Chagall

Trabalhou um longo tempo com Malevitch

Ali desenvolveu um estilo de pintura que chamou de PROUNS

Projetos para o estabelecimento de uma nova arte

O PROUNS contrastava com a planaridade absoluta de Maliévitch, que introduzia a ideia de ilusão tridimensional.

El LissítzkiBêi Biélakh Krasnâm Klínom (1919)

Não foi o mais importante designer da Revolução Russa, mas o que mais contribuiu com o desenvolvimento de ideias gráficas de vanguarda.

Juntou ao construtivismo o refinamento e a elegância européia.

Suas concepções sobre tipografia e fotomecânica assimétricas marcaram profundamente o estilo nos anos 20.

Seu trabalho gerou um padrão de qualidade, base do sistema de diagramação e de design atual

El LissítzkiArte da capa para a Veshch (1921-22)

El LissítzkiProun poster (1923)

El Lissítzki Proun 99 (1924)

El Lissítzki Cartaz para a tinta Pelikan (1924)

El Lissítzki Capa de Dlia Golosa (1923)

El LissítzkiDlia Golosa (1923)

El Lissítzki Capa de Die Kunstismen (1924)

El LissítzkiDie Kunstismen (1924)

Declínio

Movimento entrou para a obscuridade a partir da década de 30 na Rússia.

Stalinismo buscou eliminar o movimento

Em 1922, quando o regime soviético começa a manifestar seu desagrado com a pauta construtivista, Pevsner e Gabo deixam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS.

Na década seguinte (anos 30), a defesa oficial de uma estética "realista" e "socialista" representa o golpe último nas pesquisas de tipo formal dos construtivistas.

Com o surgimento do NEP em 1921, a Nova Política Econômica de Lênin, a utilidade do construtivismo passou a ser seriamente questionada.

E em seguida, com sua morte e a queda de Lunacharsky, a nova burocracia stalinista reduziu a arte a um instrumento de propaganda política e de divulgação cultural chamado Realismo Socialista.

A vanguarda foi desautorizada e reprimida; os padrões acadêmicos de determinado realismo do século XIX, revalorizados.

Legado

Até o surgimento do Construtivismo, nenhum movimento na evolução da arte moderna tinha sido uma expressão tão inserida numa realidade revolucionária concreta, ou tinha colocado tão explicitamente a função social da arte como uma questão política.

Afinal, a produção artística deveria ser funcional e informativa.

A consideração das especificidades do construtivismo russo não deve apagar os elos com outros movimentos de caráter construtivo na arte, que ocorrem no primeiro decênio do século XX, por exemplo, os expressionistas (Kandinsky), De Stijl e o suprematismo. Isso sem esquecer os pressupostos construtivos que se fazem presentes, de diferentes modos, no cubismo, no dadaísmo e no futurismo italiano.

Até o surgimento do Construtivismo, nenhum movimento na evolução da arte moderna tinha sido uma expressão tão inserida numa realidade revolucionária concreta, ou tinha colocado tão explicitamente a função social da arte como uma questão política.

A composição palavra-imagem depois influenciaria o fotojornalismo.

O construtivismo também iniciou novas técnicas visuais: fotomontagem, fotografas e superposição.

O exílio dos artistas contribui para a disseminação dos ideais estéticos da vanguarda russa que vão impactar a Bauhaus na Alemanha, o De Stijl, nos Países Baixos, e o grupo Abstraction-Création [Abstração-Criação], na França.

Influências

Este ponto de vista iria estimular determinadas correntes da arte brasileira a partir da década de 1930 em artistas como Patrícia Galvão e Oswald de Andrade e o crítico Mário Pedrosa.

Não são pequenas as influências do construtivismo na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular, no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Marcas da vanguarda russa podem ser observadas no movimento concreto de São Paulo, Grupo Ruptura, e no Rio de Janeiro, Grupo Frente.

A ruptura neoconcreta estabelecida com o manifesto de 1959 - que reúne Amilcar de Castro (1920 - 2002), Ferreira Gullar (1930), Franz Weissmann (1911 - 2005), Lygia Clark (1920 - 1988), Lygia Pape (1927 - 2004), Reynaldo Jardim (1926) e Theon Spanudis (1915) - não afasta as influências do construtivismo russo, sobretudo na vertente inaugurada por Pevsner.

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