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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
SUSTENTÁVEL
SUBSTITUIÇÃO TOTAL DE LEITE EM PÓ POR SOJA MICRONIZADA E ENZIMA NA DESMAMA PRECOCE DE
LEITÕES
Nova Odessa - São Paulo - Brasil Fevereiro-2013
Lauro Lucchesi
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
SUSTENTÁVEL
SUBSTITUIÇÃO TOTAL DE LEITE EM PÓ POR SOJA MICRONIZADA E ENZIMA NA DESMAMA PRECOCE DE
LEITÕES
Orientado: Lauro Lucchesi
Orientador: Prof.Dr.Fábio Enrique Lemos Budiño
Nova Odessa/SP Fevereiro – 2013
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.
Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
L931s Lucchesi, Lauro Substituição total de leite em pó por soja micronizada e Enzima na desmama precoce de leitões. / Lauro Lucchesi. Nova Odessa – SP, 2013. p.: 63 il.
Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia.
APTA/SAA. Orientador. Prof.Dr.Fábio Enrique Lemos Budiño 1. Suíno. 2. Enzima 3. β-mananase. 4. Leite em pó 5. Soja micronizada. I. Budiño, Fábio Enrique Lemos II. Titulo.
CDD 631.841
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a todos os animais que deram ou darão suas vidas para o
“progresso da ciência”.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof Dr. Fábio Enrique Lemos Budiño, pelas ajudas e orientação deste trabalho. A Andreia Chagas pela ajuda e empurrões, sem os quais este trabalho não seria possível. A todos os funcionários e pesquisadores do Instituto de Zootecnia na pessoa do prof. Dr. João José Assumpção de Abreu Demarchi.
Também chamados de desajustados, rebeldes e criadores de caso.
Aqueles que vêem coisas de uma forma diferente.
Que não gostam de muitas regras e que não respeitam o status quo.
Você pode elogiá-los, discordar ou duvidar deles. Endeusá-los ou difamá-los.
A única coisa que não pode fazer, é ignorá-los, pois eles provocam mudanças.
Eles inventam, imaginam, resolvem, exploram, criam e inspiram.
Eles obrigam a raça humana a evoluir.
Talvez, eles tenham que ser loucos. Que outra forma?
Como alguém poderia enxergar uma obra de arte em uma tela vazia?
Ou sentar em silêncio e imaginar uma música que nunca foi escrita.
Ou olhar a lua e imaginar uma estação espacial.
Alguns podem vê-los como loucos.
Prefiro chamá-los de: empreendedores, pois as pessoas que são loucas o
suficiente para pensar que podem mudar o mundo, são justamente as que o
fazem.
Aos outros restará apenas a opção de admirá-los ou difamá-los.
(autor desconhecido)
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 variação de fatores anti nutricionais em farelo de soja 29 Tabela 02 Composição percentual das dietas experimentais da
Fase I (1° ao 14° dia de experimento) 41 Tabela 03 Composição Nutricional calculada, ração Fase I (1° ao
14° dia de experimento) 42 Tabela 04 Composição percentual das dietas experimentais da
Fase II (14° ao 28° dia de experimento) 43 Tabela 05 Composição Nutricional calculada, ração Fase II (14° ao
28° dia de experimento) 44 Tabela 06 Composição percentual das dietas experimentais da
Fase III (28° ao 42° dia de experimento) 45 Tabela 07 Composição Nutricional calculada, ração Fase III (28° ao
42° dia de experimento) 46 Tabela 08 Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD),
ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 0 a 14 dias de experimento 49
Tabela 09 Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 14 a 28 dias de experimento 51
Tabela 10 Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 28 a 42 dias de experimento 52
Tabela 11 Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 0 a 42 dias de experimento 53
Tabela 12 Valores do custo por quilo de leitão para cada fase estudada e de acordo com o tratamento 55
Tabela 13 Custos dos tratamentos, em relação ao Tratamento 1 com a utilização do leite em pó 55
Tabela 14 Valores do custo por quilo de leitão para fase total estudada (de 01 a 42 dias de idade) 55
LISTA DE FIGURAS
Figura 01
Fluxograma do processo de produção da farinha de soja
micronizada 31
Figura 02
Esquema de classificação de carboidratos numa célula
vegetal 32
Figura 03
Composição esquemática de um corte de uma célula
vegetal 33
Figura 04 Polissacarídeos de reserva da parede celular 34
Figura 05 Instalações e animais utilizados durante o experimento 38
Figura 06 Equação para cálculo do custo por quilo vivo de leitão 48
Figura 07 Gráfico do consumo de ração, nas três fases estudadas 54
SUMARIO
1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO 21
2 REVISÃO DE LITERATURA 23
2.1 Sustentabilidade 23
2.1.1 Sustentabilidade na suinocultura 24
2.2 Alternativas para a desmama precoce 24
2.3 O Soja 26
2.3.1 Soja Micronizada 29
2.4 Polissacarídeos não Amiláceos PNA 32
2.5 Enzimas 34
2.5.1 β-mananase 35
3 MATERIAL E METODOS 37
3.1 Local 37
3.2 Animais e Manejo 37
3.3 Delineamento Experimental 38
3.4 Tratamentos e Rações Experimentais 39
3.5 Parâmetros Avaliados 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 49
4.1 Desempenho 49
4.1.1 Fase I 49
4.1.2 Fase II 50
4.1.3 Fase III 51
4.1.4 Todas as Fases 52
4.2 Avaliação Econômica 54
4.3 Índice de Diarréia 56
5 CONCLUSÃO 57
6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59
RESUMO
Substituição total da proteína láctea por proteína vegetal na desmama de leitões. No aspecto sustentabilidade o modelo de suinocultura praticado nos dias de hoje apresenta-se como um problema para o meio ambiente. Uma necessidade para resolver este problema é criar novas tecnologias, ou adaptar as já existentes, para introdução nos criatórios de suínos do país. Para isso um experimento foi realizado com o objetivo de avaliar o uso da proteína vegetal, com ou sem auxilio de enzima exógena, em substituição a proteína láctea em dietas para leitões na fase de creche. Foram utilizados 36 leitões machos, de linhagem comercial e desmamados aos 21 dias de idade. O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, de acordo com o peso, sendo os animais distribuídos em três tratamentos com doze repetições, onde cada baia com um animal foi uma unidade experimental. Os tratamentos foram LP – leite em pó como principal fonte proteica como dieta controle, SM – soja micronizada substituindo 100% do leite em pó, e SME – soja micronizada com adição da enzima β-mananase. As dietas foram iso-proteicas e iso-energéticas divididas em três fases: fase 01 de zero a 14 dias do período experimental, fase 02 de 14 a 28 dias do período experimental, e fase 03 de 28 a 42 dias do período experimental. A inclusão de leite em pó e soja micronizada foi de 30,0%, 15,0%, e 5,0% respectivamente para as fases 01, 02 e 03 nos tratamentos LP, SM, e SME. No tratamento SME adicionou-se 400 mg de β-mananase por quilo de ração. Os resultados foram analisados pelo teste de Tukey considerando-se diferenças significativas no nível de 5,0% pelo programa SAS. Avaliou-se o consumo diário de ração – CDR, ganho de peso diário – GPD, e a conversão alimentar – CA. Também foi comparada a eficiência econômica de cada tratamento. Na fase 01, SM diferiu significativamente de SME para CDR, LP diferiu significativamente de SM para GDR e CA. Na fase 02 houve diferença significativa entre LP e os demais tratamentos para GPD. Na fase 03 não houve diferença significativa entre os tratamentos. Quando avaliou-se todos os parâmetros de zero a 42 dias o GDP foi maior e significativo para LP e SME quando comparado a SM, e a CA foi menor e significativa para LP quando comparada a SM e SME. Na avaliação econômica a substituição de LP por SM e SME apresentou uma redução de custo de até 23,20%. Concluímos que é viável a substituição de leite em pó por soja micronizada em pó. Palavras chave: suíno, enzima, β-mananase, leite em pó, soja micronizada.
ABSTRACT
Total replacement of milk protein by vegetable protein in weaned piglets. In the aspect sustainability pig model practiced today presented as a problem for the environment. A need to solve this problem is to create new technologies or adapt existing ones to introduce pig farms in the country. An experiment was conducted to evaluate the use of vegetable protein, with or without the aid of exogenous enzyme, replacing milk protein in diets for piglets in the nursery phase. The study included 36 male pigs from commercial line and weaned at 21 days of age. The experimental design was randomized blocks, according to the weight, the animals were divided into three groups with twelve repetitions, where each stall with an animal was an experimental unit. Treatments LP - milk powder as the main protein source such as diet control, SM - replacing 100% micronized soybean milk powder, and EMS - micronized soybeans with added enzyme β-mannanase. Diets were iso-protein and iso-energetic divided into three phases: phase zero of 01 to 14 days of the trial period, phase 02, 14 to 28 days of the trial period, and phase 03, 28 to 42 days of trial period. The inclusion of soy milk powder and micronized was 30.0%, 15.0% and 5.0% respectively for the layers 01, 02 and 03 treatments LP, MS and EMS. In EMS treatment were added 400 mg of β-mannanase per kilogram of feed. The results were analyzed by Tukey's test considering differences in level of 5.0% by SAS. We evaluated the daily feed intake - CDR, daily weight gain - ADG, and feed - CA. Also the economic efficiency was compared for each treatment. In step 01, SM differed significantly from SME to CDR, LP differed significantly from SM for GDR and CA. In stage 02 significant difference between LP and other treatments for GPD. At stage 03 there was no significant difference between treatments. When we evaluated all parameters from zero to 42 days the GDP was higher and significant for LP and SME compared to SM, and CA was a significantly lower when compared to LP MS and EMS. In economic evaluation replacing LP by SM and EMS showed a cost reduction of up to 23.20%. We conclude that is viable replacement for soybean milk powder micronised powder.
Keywords: swine, enzyme, β-mannanase, milk powder, soybean micronized
21
INTRODUÇÃO E OBJETIVO
O binômio milho-soja é um dos alicerces da suinocultura no Brasil,
graças à eficiência dos agricultores com oferta de grãos de boa qualidade e
distribuição por todo território nacional, conseguiu-se condições para uma
alimentação de baixo custo e eficaz na criação de suínos. Porem, uma das
fases mais critica na criação de suínos é a desmama, quando a passagem da
alimentação liquida (leite) para essencialmente solida traz grandes desafios
aos leitões. Com um trato digestório ainda imaturo, e baixa capacidade de
digerir e absorver proteínas de origem vegetal por estarem atreladas a fatores
anti-nutricionais provenientes dos polissacarídeos não amiláceos – PNA que as
acompanham.
Um dos modelos adotados por muitos suinocultores é a melhora
significativa nos ingredientes das rações nesta fase, com uso de proteínas de
origem animal (plasma, leite, etc.), que amenizam o problema, porem tornam
seu custo algumas vezes proibitivo, fazendo com que alternativas sejam
procuradas para resolver este problema.
22
Interessante seria a possibilidade de uso de proteína de soja
minimamente processada para reduzir o custo de formulação, sem que no
entanto, não houvesse perda na produtividade ou esta seja economicamente
viável, mesmo com pequena redução no desempenho dos leitões.
O processo de micronização, que é de baixo custo, disponibiliza pela
sua moagem uma melhor digestibilidade do soja, além de reduzir fatores
indesejáveis como fatores anti tripsina e uréase. Quando comparado a outros
métodos de processamento do soja, como concentração que é a lavagem do
farelo por álcool para retirada de carboidratos solúveis, ou isolamento da
proteína onde além dos carboidratos solúveis ainda é retirado todo conteúdo de
fibra, o soja micronizado agride muito pouco o meio ambiente, pois produzem
poucos resíduos que podem ser reaproveitados..
Vários trabalhos (Apolonio,L.R. et al., 2002; Messias, A.T.N. et al. 2002;
Soares, J.L et al., 2000;), demonstram que soja afeta diretamente o
desempenho dos leitões nesta fase. Este problema não está diretamente ligado
ao tipo de proteína do soja, mas sim nos polissacarídeos não amiláceos - PNAs
que o grão inteiro arrasta consigo. E nesta forma de processo não existe a
possibilidade de sua eliminação ou inativação. Estes PNAs são formados por
monossacarídeos ou açúcares simples unidos por uma ligação glicosídica
especifica. Devido a este tipo de ligação os PNAs são indigeríveis por
monogástricos, sem que, no entanto, apresentem sintomas de toxicidade aos
animais, apenas diminuem seu desempenho.
Uma das possibilidades para amenizar este problema é o uso de
enzimas exógenas na dieta, que através de seus sítios específicos, conseguem
quebrar as ligações destes PNAs, e promover melhora na digestão com a
diminuição da viscosidade do alimento no trato digestório, e ainda na fase cecal
oferecer substratos para fermentação bacteriana para formação de ácidos
graxos voláteis, podendo aumentar a energia da dieta.
Neste trabalho o objetivo é avaliar a possibilidade da retirada total de
fonte proteica de origem láctea, e a substituição por soja micronizada, na
mesma proporção com ou sem adição de beta mananase uma enzima exógena
que atua nos PNA da dieta, e também avaliar economicamente esta
substituição.
23
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sustentabilidade
A Global Footprint Network, uma organização não governamental que
atua em vários países define a sustentabilidade de um modo muito fácil de se
entender: se o resultado da soma dos recursos produzidos numa atividade,
menos os recursos utilizados for positiva o sistema é sustentável, caso seja
negativo ocorre o excesso ecológico, e não podemos afirmar que a atividade
seja sustentável.
Na procura da solução para que atividades que até hoje mantem seu
balanço em desacordo com a sustentabilidade, o ponto chave é a inovação
tecnológica. Casagrande (2008) afirma que o fato gerador da mudança é a
inovação tecnológica, e que esta inovação não está relacionada apenas com
técnico – cientifica, mas também envolvem fatos de ordem politica, econômico
e sociocultural.
24
2.1.1 Sustentabilidade na suinocultura
Para Palhares (2009), desde que toda a cadeia que envolve a
suinocultura esteja comprometida é possível que produzir suínos de forma
ambientalmente correta. Nesta revisão utiliza como exemplo outros países que
já passaram por processos de adequação de sua suinocultura, e conclui que as
politicas, diretrizes e programas envolvendo a produção ambientalmente
correta, devem ser elaboradas para todos os níveis da cadeia produtiva.
Severo (2007) mostra a viabilidade da implantação de programa de
sustentabilidade na atividade, desde que se considere uma perspectiva
sistêmica, interdisciplinar, e complexa, em trabalho realizado na Cooperativa
dos Suinocultores de Encantado – COSUEL.
CASAGRANDE (2006) avalia que o Modelo Avançado de
sustentabilidade Organizacional – MAIS quando implementado em granjas de
suínos em Toledo – PR dão a estas a classificação de sustentáveis, e as que
não adotam o modelo como em busca de sustentabilidade.
2.2 Alternativas para a Desmama Precoce.
A formatação de uma atividade, seja ela a qual for, passa por varias
alternativas como as de escolhas de insumos a serem utilizados, ou da
possibilidade de gerenciamento da atividade, que em nosso meio chamamos
de manejo. Especificamente na área da suinocultura uma das formas de
otimização da produção é aumentar o numero de leitões desmamados por
porca por ano, sendo que a elevação pura e simples do numero de nascidos
não afeta diretamente esse dado, sendo utilizado como ferramenta para esse
fim o maior numero de partos por ano por porcas. Essa estratégia envolve,
então, a utilização da desmama precoce. Se para Faccin (2000) a desmama
entre 18 a 21 dias ainda era uma tendência, hoje isso é uma necessidade para
a sobrevivência da atividade. Kruger, S. D. (2012), em um levantamento
econômico da atividade de criação de leitões mostra que a desmama precoce
25
segregada tem maior rentabilidade quando comparado ao sistema tradicional
de unidade produtora de leitão na região sul do país.
No entanto, esse tipo de manejo leva a outras consequências de ordem
fisiológicas, pois naturalmente os leitões ainda estariam recebendo leite de
suas mães neste período da vida. Em condições naturais a desmama é um
processo gradual que ocorre entre 12 e 17 semanas, Boe (1991). Amadori
(2012), destaca que a principal característica desta passagem é que muitos
leitões não comem neste período, salientando que isso vem de uma
combinação de características físicas, componentes nutricionais, imunológicos
e emocionais.
A perda de peso neste período, forçado, dos animais é inevitável. Carroll
et al (1998) encontraram uma redução média de ganho de peso vivo diário de
0,09 kg por dia em leitões desmamados com 2 semanas de idade enquanto
que a redução do ganho de peso diário para leitões desmamados de 3
semanas foi de 0,06 kg . O retorno às taxas de crescimento pre desmama
ocorre dentro de 9 e 6 dias para a leitões desmamados aos 2 e 3 semanas de
idade, respectivamente.
A morfologia do trato digestório é modificada pela troca de alimentação,
segundo Lallés (2004) há uma perda de 20 a 30% no peso relativo da mucosa
do intestino delgado nos dois primeiros dias pós desmama. Estas mudanças
são mais visíveis quando a desmama ocorre antes de 14 dias, e menos
acentuadas quando ocorre após aos 28 dias de visa. Cera et al. (1988)
relataram além destas alterações, a redução no comprimento das
microvilosidades 3 a 7 dias após o desmame. Atrofia das vilosidades ao
desmame é causada por um aumento da taxa de perda de células que induz
um aumento na produção de células da cripta e, consequentemente, um
aumento na profundidade da cripta. Como resultado destas mudanças na altura
das vilosidades e da profundidade das criptas após o desmame, a razão da
profundidade das vilosidades altura / cripta no leitão desmamado é
marcadamente reduzido em comparação com os animais não
desmamados. Estas alterações estruturais são variáveis ao longo do intestino
delgado. Hampson (1986) relataram que a alteração da altura das vilosidades
foi maior no intestino delgado proximal, em leitões desmamados aos 21 dias,
26
mas a mudança na profundidade da cripta foi maior no intestino delgado
distal.
Concomitante às mudanças estruturais, há alterações das funções
intestinais após o desmame. De acordo com Gu et al. (2002), a atrofia das
vilosidades e a hiperplasia da cripta reduz o número de enterócitos maduros e
conduz a uma redução da atividade das enzimas da borda em escova, o qual
está relacionado com o aparelho digestivo e área de absorção limitada ou
digestivo e a capacidade de absorção específica do intestino delgado,
respectivamente. Hampson et ai. (1986) relata reduções rápidas nas atividades
específicas de lactase e sucrase, durante os primeiros 4-5 dias após o
desmame, com uma perda maior de lactase que na atividade de sucrase,
provavelmente devido à distribuição mais apical da atividade da lactase ao
longo da vilosidade. Miller et al. (1986) relataram que as atividades específicas
da sacarase, lactase e isomaltase diminuiu, pelo menos, 50% de, durante os
primeiros 5 dias após o desmame de leitões desmamados aos 28 ou 42 dias de
idade. Por outro lado, as atividades de maltase e glicoamilase duplicada a
partir do dia 3 ao dia 7 após a desmama. Aumentos nessas polissacaridases
são provavelmente o resultado de indução substrato.
Uma das alternativas para minimizar este quadro é uso de ingrediente
de alto valor biológico, como leite em pó, plasma suíno seco em spray drier,
ovo em pó, etc. Porem, estas fontes são normalmente muito caras quando
comparadas as proteínas de origem vegetal, principalmente as vindas de
leguminosas, especialmente a soja.
2.3 O soja.
A produção nacional de grão de soja foi de 68,55 milhões de toneladas
conforme números divulgados pela CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento), para a safra 2010/2011. Isso equivale a aproximadamente
25,0 milhões de toneladas de proteína, que tem os mais variados destinos,
como exportação, produção de aditivos e melhoradores para alimentação
humana, e principalmente fonte de proteína para produção animal.
27
Sendo que para Mendes (2009), o soja apresenta composição proteica
de 38%, é o único grão que contém os nove aminoácidos essenciais na
proporção correta para a saúde humana. Essa proteína é, portanto, classificada
como completa e de alta qualidade.
Apesar desta boa qualidade na composição proteica do soja, outros
fatores podem interferir diretamente na sua utilização como fonte única para
leitões no período pós desmama. Segundo Friedman (1996), o valor nutricional
das proteínas depende da composição, digestibilidade, biodisponibilidade de
aminoácidos indispensáveis, fonte, podendo ser esta de origem animal ou
vegetal, efeitos do processamento e presença ou ausência de toxicidade e
fatores antinutricionais
De acordo com Friedman (1966), o quociente de eficiência protéica –
PER estima o quanto da proteína ingerida é usada para o crescimento do
animal. Para o autor PER abaixo de 1,5 indica proteína de baixa qualidade,
entre 1,5 e 2,0 proteína de qualidade média e acima de 2,0 proteína de alta
qualidade.
Trabalhando com ratos Maciel et al. (2010), encontrou diferença significativa
para o coeficiente de eficiência proteica – PER quando comparado a caseína
comercial com farinha de soja livre de fator anti tripsina encontrou PER de 4,33
x 1,69 respectivamente.
O soja grão apesar de seu alto conteúdo de proteína e energia (óleo),
também traz consigo vários fatores que dificultam seu uso in natura. Segundo
Bellaver (1999), os principais fatores que ocorre no soja são: Inibidores de
tripsina e quimiotripsina, lectinas, que tem como principal modo de ação,
combinar-se com as células da parede intestinal e com isso causam
interferência não específica na absorção de nutrientes. Fatores alérgicos
(Glicinina e ß-Conglicinina), que reduzem a absorção de nutrientes e causam
efeitos deletérios sobre as microvilosidades do intestino delgado, lipase e
lipoxigenase que promovem a oxidação e rancificação da gordura da soja.
Varias famílias de compostos anti tripsina são encontradas nos
alimentos: Kunitz, BowmanBirk, Batata I e II, Abóbora, Cevada, Cistatinas,
Thaumatin-like e Ragi A1, citado por Oliveira (2011). Para RICHARDSON
(1977) abud Oliveira (2011) os inibidores apresentam variadas funções,
podendo atuar como reguladores de proteases endógenas, proteínas de
28
reserva e como agentes de defesa vegetal contra insetos, microrganismos e
outros animais herbívoros Um dos mais estudado fator anti tripsina, que limita a
diminuição da ingestão, reduz a digestão e absorção da proteína, também
chamado fator Kunitz, está ligada a leguminosas em estado natural, sem
processamento Armour (1998).
A tripsina é uma enzima que responde pela digestão da proteína no trato
digestório, e quando sua ação é inibida pela presença dos fatores anti tripsina o
pâncreas aumenta a produção desta enzima, levando a um quadro de
hiperplasia deste órgão.
Para eliminar, ou minimizar, esses efeitos varias técnicas são
empregadas, como: tostagem por calor seco em tambor rotativo, tostagem por
calor úmido, jet-sploder, extrusão, e micronização. Sempre com utilização do
calor como forma de desativar os fatores anti nutricionais do soja.
Carvalho (2002) utilizando cinco variedades de soja, tratou termicamente
por 30 minutos com água fervente o grão após maceração por 12 horas, e
comparou com soja não tratada termicamente. As avaliação para cultivares e
tratamentos foram feitos pela digestibilidade in vitro do material, concluindo que
houve um aumento na digestibilidade de 32,6% para os grão tratados
termicamente. Quando comparados os fatores anti tripsina do grão, estes
foram totalmente desativados pelo calor. Porem, ainda salientam que, a
estabilidade térmica destes fatores anti nutricionais são bastante variadas
ficando na dependência da temperatura e do tempo de tratamento.
Quando comparada variedades modificadas de soja sem fator Kunitz
com soja tradicional, com ou sem tratamento térmico das variedades, Guastale
(1998) comprova usando leitões com 26 dias de idade e peso médio inicial de
9,1 kg, que o tratamento térmico melhora o desempenho dos leitões.
Mesmo com tratamento térmico, como mostra Leeson (1999), a variação
de fatores anti nutricionais podem variar muito, conforme tabela 01.
29
Tabela 1 - variação de fatores anti nutricionais em farelo de soja
Origem Proteina % Inibidores Tripsina (mg/g) Lectinas (mg/g)
Brasil 46,6-49,2 1,5-2,5 0,09-0,38
China 43,2-46,1 1,0-6,8 0,34-2,28
Europa 43,4-49,3 1,6-3,5 0,01-0,13
India 48,2-49,9 1,5-3,2 0,20-1,24
EUA 48,2-49,4 2,2-3,3 0,02-0,05
Adaptado Leeson 1999
2.3.1 Soja Micronizada.
O processo de micronização consiste em tratar o soja termicamente, e
reduzir os grãos a partículas de aproximadamente 30 micras, ou 0,03
milímetros, daí vem o nome “micronização”, por ser um produto de fina
granulometria, elevando-se a solubilidade da farinha e facilitando a assimilação
de seus nutrientes, conforme Oliveira (2010).
Segundo Mendes et al. (2004), o controle adequado do processo térmico
pode trazer benefícios para o controle dos fatores anti nutricionais do grão de
soja, resultando na diminuição da atividade ureática, e o fator anti tripsina,
porem se esse controle não for adequado e resultar em super aquecimento do
ingrediente poderá haver comprometimento na solubilidade da proteína, sendo
a faixa de variação desta de 73,0 a 85,0% como a mais indicada para um bom
processamento. Caso a solubilidade esteja maior que 85,0% houve um sub
processamento e menor que 73,0% houve um super aquecimento. Este
superaquecimento relaciona-se também com a reação de Maillard onde a lisina
é quelada pelos carboidratos do grão.
Usando soja micronizada num experimento com 288 desmamados com
28±3,0 dias, Berrocosso (2011), fez varias inclusões afim de avaliar a
importância da granulometria mais fina que a soja micronizada proporcionava
na ração pós desmama durante os primeiros 28 e 56 dias de tratamento,
concluindo que a soja micronizada melhora a conversão alimentar e o
consumo em leitões na primeira semana pós desmama. E ainda comenta na
30
conclusão que soja micronizada e concentrado proteico de soja podem não ter
justificativa técnica para inclusão em leitões com maior idade.
A farinha de soja micronizada usada no experimento foi produzida na
empresa Nutrialy de Uberlandia/MG, pelo processo de aquecimento,
descascamento, degerminação, e moagem (micronização) conforme esquema
da Figura 01.
31
Figura 1. Fluxograma do processo de produção da farinha de soja
micronizada.
32
2.4 Polissacarídeos não Amiláceos - PNA.
Carboidratos representam de 60,0 a 80,0% da matéria seca digerível ingerida
por leitões pós desmama. Estes carboidratos podem ser divididos em
diferentes grupos conforme suas características químicas, como apresentado
na figura 02.
Figura 2 – esquema de classificação de carboidratos numa célula vegetal.
Conforme a origem do ingrediente as proporções entre carboidratos
amiláceos como amido e açúcares, e não amiláceos como hemicelulose e
celulose podem variar bastante. Em geral grãos apresentam uma quantidade
de PAs maior em relação aos PNAs.
Os polissacarídeos também chamados glicanos, assim como os
oligossacarídeos, são formados por unidades glicosil em arranjos lineares, com
grau de polimerização - DP que tem variação de 200 a 3.000, e podem conter
um ou mais tipos de glicosil na sua estrutura Miller (2010). Polissacarideos não
amiláceos, ou simplesmente fibras, são compostos encontrados na parede
33
celular dos vegetais, e não podem ser digeridos pelos suínos em função das
ligações tipo β que apresentam entre suas moléculas. Segundo Annison (1993)
citado por Pluske (2001) os PNAs apresentam propriedades anti nutritivas para
monogástricos pois como podem ser solúveis em água formam complexos
viscosos e impedem a ação de enzimas digestivas. A viscosidade também
pode alterar a microflora normal aumentando a quantidade de fezes úmidas.
Arruda (2003) cita que os PNAs tem capacidade de ligação iônica interferindo
negativamente na absorção de minerais quando a dieta é rica em fibras.
PNAs são divididos em solúveis e insolúveis em função da sua
capacidade de formação de solução com a água. Esta capacidade de retenção
de água está relacionada a maior ou menor presença de hemicelulose ou
pectina no conteúdo dos PNAs. As hemicelulose são heteropolissacarídeos de
estrutura complexa, com DP menor que a celulose e ligações glicosídicas tipo
β, ligadas a glicideos como xilose, arabinose, glicose, manose galactose, e
ácido glicorônico.
Na Figura 03 está representada um corte da parede de uma célula
vegetal. Como pode-se observar as microfibras de celulose estão cobertas por
hemicelulose, que são formadas por xiloglucanos, arabinoxilanos ou mananos.
A – Corte célula vegetal B- Microfribilas de celulose.
Figura 3 – composição esquemática de um corte de uma célula vegetal.
Adaptado de Lima D.U. 1999
Os mananos puros são definidos como contendo mais de 90% de
manose formando uma cadeia linear do tipo b-1,4 sem ramificações, podendo
ou não o restante estar ramificado com galactose. Na parede celular os
mananos são estruturas que conferem resistência, mas pode apresentar outras
34
funções como tecido de reserva e pelo seu grau de ramificação controlar a
solubilidade do grão.
Quando da germinação os grãos este produz uma endo-β-mananase
aumentando a sua solubilidade, e consequentemente possa haver o
crescimento da planta.
Na figura 4 encontramos os principais tipos de polissacarídeos de reserva da
parede celular de um vegetal.
Figura 4 polissacarídeos de reserva da parede celular. Adaptado de
Lima D.U. 1999
2.5 Enzimas
Champe & Harvey (1989), definem enzimas como proteínas globulares,
de estrutura terciária ou quaternária que agem como catalisadores biológicos,
aumentando a velocidade das reações químicas no organismo sem que se
alterem no processo. Em condições favoráveis de pH e temperatura algumas
enzimas que atuam no trato digestório conseguem através de sítios específicos
quebrar ligações dos alimentos como descreve Penz (1998).
Guenter (2003), define as principais finalidades da suplementação
enzimática em rações como remover ou destruir os fatores antinutricionais dos
alimentos, aumentar a digestibilidade total da ração, potencializar a ação das
enzimas endógenas e diminuir a poluição ambiental causada por nutrientes
excretados nas fezes.
35
Porem as enzimas endógenas, se não bem escolhidas podem não ter
nenhum efeito no trato digestório dos animais e o que pode limitar sua inclusão
para que passe por todos os processos industriais do preparo da ração são o
tipo de dieta que se quer usar (substrato), e os processos que são envolvidos a
ração, assim como o qualidade do seu armazenamento, como cita Francesch
(1996).
Segundo Zanella (2001), existem 3 grupos de enzimas disponíveis
no mercado: 1) enzimas destinadas a alimentos com baixa viscosidade (milho,
sorgo e soja); 2) enzimas destinadas a alimentos com alta viscosidade (trigo,
triticale, aveia, - 15 -cevada, farelo de arroz); 3) enzimas destinadas a degradar
o ácido fítico dos grãos vegetais.
De acordo com a sua finalidade, as enzimas usadas em rações
para monogástricos podem se dividir em dois tipos: enzimas destinadas a
complementar quantitativamente as próprias enzimas digestórias
endógenas dos animais (proteases, amilases, lipases, etc.) e enzimas que
esses animais não podem sintetizar (β- glucanases, pentosanases e α -
galactosidades), pois o código genético dos monogástricos não dispõe da
indicação para sua síntese (HENN, 2002).
Quanto a dose ou taxa de inclusão da enzima, esta parece que precisa
ser bem medida para efeito significativo no desempenho. Teixeira (2005)
usando 40 leitões desmamados aos 21 dias, não obtivaram resultado positivo
na dosagem recomendada pelo fabricante de 2,0 kg por tonelada de um pool
de enzimas, porem conseguiram um efeito linear quando aumentaram a dose
para ganho de peso diário e consumo de ração.
2.5.1 β-Mananase
A enzima β-mananase é um produto da fermentação do Bacillus lentus,
sendo esta enzima responsável pela hidrólise dos β-mananos. Vários estudos
demonstram que esta enzima promove melhoria na eficiência alimentar de
frangos de corte, galinhas de postura, perus e suínos, Sens (2011).
Esta enzima pode melhorar a eficiência alimentar e o baixo ganho em
suínos em crescimento-terminação. Em experimentos conduzidos por Petty et
al. (2002), foram relatados efeitos significativos na eficiência alimentar de
36
leitões em vários estágios de desenvolvimento, assim como a melhora no baixo
ganho em suínos em crescimento-terminação.
Dietas com alto nível de β -mananos acarretam na redução da
retenção de nitrogênio, absorção de gordura e energia metabolizável
(KRATZER et al. 1967), podendo ainda diminuir a taxa de absorção de
glicose (SAMBROOK; RAINBIRD, 1985) e reduzir a absorção de aminoácidos
(ELSENHANS et al.1980).
Vários experimentos mostram que os β-mananos atravessam a mucosa
intestinal e potencializam a estimulação do sistema imune , aumentando
a proliferação de macrófagos e monócitos e resultando na produção de
citoquina (PENG et al, 1991; ZHANG; TIZZARD, 1996; ROSS et al,2002). A
utilização da β -mananase degrada os β-mananos e, com isso, reduz seu peso
molecular e sua forte carga sobre o sistema imunológico, tendo como
conseqüência uma poupança de grande quantidade de energia metabolizável
(JACKSON et al., 2003).
37
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O experimento foi realizado no setor de Suinocultura (galpão de creche),
do Instituto de Zootecnia, na cidade de Nova Odessa, Estado de São Paulo, no
período de 27 de Agosto a 08 de Outubro de 2012.
3.2 Animais e Manejo
Foram alojados 36 leitões machos, desmamados aos 21 dias de idade,
provenientes de granja comercial do município de Mogi Mirim – SP. O peso
médio de cada leitão no primeiro dia do experimento foi de 6,41 ± 0,52 kg.
O ensaio de desempenho foi realizado em galpão de creche, com 2 salas com
as seguintes dimensões: Sala 1 (9,50m x 7,80m); Sala 2 (9,50m x 8,32m).
Cada sala possuindo 18 baias suspensas, com três fileiras de seis baias cada.
Foram usadas baias individuais com medida de um metro de largura por
dois metros de comprimento, equipadas com comedouro e bebedouro tipo
chupeta. O piso das baias era constituído em parte de placas perfuradas de
plástico (2/3), e próximo ao comedouro piso rijo de madeira. Sob o piso de
38
madeira foi acoplada bandeja de aço para coleta de eventual desperdício de
ração. Na locação de cada tratamento observou-se divisão de maneira
homogênia.
Em cada sala, a temperatura foi controlada através de 2 aparelhos de ar
condicionado, e mantidas com temperatura e umidade, respectivamente: Sala
1, temperatura com máxima de 24,3°C e mínima de 20,7°C, umidade mantida
entre 70% e 88%; Sala 2, com temperatura máxima em 29,9°C e mínima 20,9 e
umidade ente 73% e 88%.
Figura 5. Instalações e animais utilizados durante o experimento.
3.3 Delineamento Experimental
O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, com 3 tratamentos e
doze repetições por tratamento, totalizando 36 animais. Os blocos foram
formados de acordo com o peso dos animais. Cada animal constituiu um lote
experimental.
Galpão de creche do Instituto de Zootecnia - IZ.
Animais utilizados no experimento.
Animais alojados nas baias experimentais.
39
O experimento foi dividido em três fases, tendo cada fase 14 dias de
duração, e o total do período experimental de 42 dias, seguem as fases:
FASE I - manhã do dia 27 de agosto até a manhã do dia 10 de setembro de
2012.
FASE II – da manhã do dia 10 de setembro até a manhã do dia 24 de setembro
de 2012.
FASE III – da manhã do dia 24 de setembro até a manhã do dia 08 de agosto
de 2012.
Ao final de fase toda ração que sobrou nos cochos foi retirada e pesada,
para obter-se a quantidade exata ingerida por cada animal. Neste mesmo dia
após a retirada da ração os animais eram pesados.
3.4 Tratamentos e Rações Experimentais
Os tratamentos foram compostos por três formulações diferentes de
ração, sendo considerado testemunha o LP, que na sua composição continha
30,0% de leite em pó integral na Fase I, 15,0% na Fase II, e 5,0% na Fase III.
Nos demais tratamentos (SM e SME), o leite em pó foi totalmente substituído
pela farinha de soja micronizada, considerando sempre a mesma taxa de
inclusão do leite em pó. Para o SME, a ração foi a mesma utilizada no SM com
a inclusão ainda de 0,5% da enzima β-mananase.
Na substituição da lactose para não haver influencia de possíveis
contaminações de proteína láctea provenientes do soro de leite em pó,
ingrediente padrão fornecedor de lactose para rações iniciais, usou-se o
ingrediente maltodextrina, um açúcar proveniente da hidrolise enzimática do
amido com equivalência nutricional a lactose. Nenhum ingrediente que
contribuísse com proteína na ração apresentava fatores anti-nutricionais no LP.
Seguem os tratamentos:
LP – Ração controle (com inclusão de leite em pó integral na formulação);
SM – Farinha de Soja Micronizada (substituição total do leite em pó pela
farinha de soja micronizada);
40
SME – Farinha de Soja Micronizada + Enzima (substituição total do leite em pó
pela farinha de soja micronizada e adição de 0,5% da enzima β-mananase).
Foram formuladas rações iso-proteicas e aproximadas na quantidade de
energia. Nas tabelas 1,2,3,4,5 e 6, são apresentadas a composição percentual
e os níveis nutricionais das rações nos três tratamentos e das três fases.
41
Tabela 2. Composição percentual das dietas experimentais da Fase I (1° ao
14° dia de experimento).
INGREDIENTES custo R$
/KG LP SM SME
Macro Ingredientes
MILHO MOIDO $0,5000 53,05 52,92 52,87
GLUTEN MILHO 60 $2,5000 10,00 6,40 6,40
MALTODEXTRINA DE
20 $1,6000 - 10,00 10,00
SOJA MICRONIZADA $1,9500 - 25,00 25,00
PROTEINA ISOLADA
SOJA $9,0000 2,40 - -
LEITE PO INTEG BOV $6,0000 25,00 - -
FOSFATO BICALCICO $1,7000 1,05 1,40 1,04
ADITIVO
ACIDIFICANTE1 $6,5000 1,20 1,20 1,20
ALUMINIO SILICATO $7,5000 0,50 1,00 1,00
Micro Ingredientes
CAULIM $0,2600 5,46 - -
SAL COMUM $0,3400 0,13 0,47 0,47
PREMIX MINERAL
VITAMINICO2 $6,5000 0,50 0,50 0,50
LISINA HCL $8,9000 0,52 0,72 0,73
DL-METIONINA $12,0000 - 0,11 0,11
L-TREONINA $18,0000 0,09 0,16 0,16
L-TRIPTOFANO $126,0000 0,03 0,04 0,04
ADITIVO
EDULCORANTE3 $13,0000 0,05 0,05 0,05
β– MANANASE4 $24,0000 0,05
Custo ( $/Ton ) $2.525,16 $1.451,13 $1.462,92
1-Kemira Pro Git SS1. 2-suplementação por quilo de ração: ferro 60mg, cobre 15mg, zinco 100 mg, manganês 20mg, cobalto 0,20mg, selênio 0,10mg, iodo 0,20mg, vit.A 10.000UI, vit.D 2200UI, vit.E 20,0UI, vit.K 0,02mg, vit.B1 1,5mg, vit.B2 6,0mg, vit.B6 3,0mg, vit.B12 20mcg, niacina 3,0mg, ác. pantatênico 15mg, ác. fólico 0,50mg, biotina 0,15mcg, colina 400mg, antioxidante (BHT) 100mg. 3-ZTA Plus Tecnoaroma. 4-CTCZYME (800 unidade / g).
42
Tabela 03. Composição Nutricional calculada, ração Fase I (1° ao 14° dia de
experimento).
NÍVEIS
NUTRICIONAIS Unidade LP SM SME
materia seca % 89,8954 88,7196 88,7253
proteína bruta % 20,0000 20,0000 20,0000
lisina % 1,3000 1,3300 1,3300
metionina % 0,3785 0,3700 0,3700
triptofano % 0,2200 0,2200 0,2200
treonina % 0,8300 0,8200 0,8200
Amido % 34,2197 34,3674 34,3324
fibra bruta % 1,3025 2,2570 2,2562
fibra detergente
neutro % 6,9438 6,6704 6,6641
fibra detergente
ácido % 2,2899 2,1360 2,1343
extrato etéreo % 8,4735 7,5784 7,5765
matéria mineral % 10,2628 6,1541 6,1536
cálcio % 0,8000 0,8000 0,8000
fosforo % 0,6601 0,5872 0,5871
fosforo disponível % 0,4842 0,3863 0,3863
sódio % 0,1800 0,1800 0,1800
cloro % 0,4338 0,4464 0,4464
magnésio % 0,1296 0,1670 0,1670
potássio % 0,5064 0,5674 0,5672
energia digestível
suínos Kcal / Kg 3.600,0000 3.565,2403 3.563,5656
43
Tabela 04. Composição percentual das dietas experimentais da Fase II (14° ao
28° dia de experimento).
INGREDIENTES custo R$
/KG LP SM SME
Macro Ingredientes
MILHO MOIDO $0,5000 69,08 65,11 65,06
GLUTEN MILHO 60 $2,5000 7,00 6,70 6,70
MALTODEXTRINA DE 20 $1,6000 - 6,20 6,20
SOJA MICRONIZADA $1,9500 - 15,00 15,00
PROTEINA ISOLADA
SOJA $9,0000 2,50 - -
LEITE PO INTEG BOV $6,0000 15,00 - -
ÓLEO DE SOJA $3,0000 0,80 0,80
FOSFATO BICALCICO $1,7000 1,42 1,64 1,64
ADITIVO ACIDIFICANTE1 $6,5000 1,00 1,00 1,00
ALUMINIO SILICATO $7,5000 0,50 1,00 1,00
Micro Ingredientes
CAULIM $0,2600 2,00 1,00 1,00
SAL COMUM $0,3400 0,23 0,46 0,46
PREMIX MINERAL
VITAMINICO2 $6,5000 0,50 0,50 0,50
LISINA HCL $8,9000 0,54 0,71 0,71
DL-METIONINA $12,0000 - 0,07 0,07
L-TREONINA $18,0000 0,12 0,19 0,19
L-TRIPTOFANO $126,0000 0,03 0,05 0,05
ADITIVO
EDULCORANTE3 $13,0000 0,05 0,05 0,05
β– MANANASE4 $24,0000 0,05
Custo ( $/Ton ) $1.935,95 $1.256,81 $1.268,56
1-Kemira Pro Git SS1. 2-suplementação por quilo de ração: ferro 60mg, cobre 15mg, zinco 100 mg, manganês 20mg, cobalto 0,20mg, selênio 0,10mg, iodo 0,20mg, vit.A 10.000UI, vit.D 2200UI, vit.E 20,0UI, vit.K 0,02mg, vit.B1 1,5mg, vit.B2 6,0mg, vit.B6 3,0mg, vit.B12 20mcg, niacina 3,0mg, ác. pantatênico 15mg, ác. fólico 0,50mg, biotina 0,15mcg, colina 400mg, antioxidante (BHT) 100mg. 3-ZTA Plus Tecnoaroma. 4-CTCZYME (800 unidade / g).
44
Tabela 05. Composição Nutricional calculada, para ração da Fase II (14° ao 28°
dia de experimento).
NÍVEIS
NUTRICIONAIS Unidade LP SM SME
materia seca % 88,6202 88,0566 88,0663
proteína bruta % 17,0000 17,0000 17,0000
lisina (%) % 1,1200 1,1200 1,1200
metionina (%) % 0,3133 0,3100 0,3100
triptofano % 0,1900 0,1900 0,1900
treonina % 0,7500 0,7500 0,7500
Amido % 43,8636 41,7553 41,6977
fibra bruta % 1,4733 2,0266 2,0253
fibra detergente
neutro % 8,6049 8,1223 8,1120
fibra detergente
ácido % 2,7310 2,5795 2,5767
extrato etéreo % 6,4551 6,5964 6,6253
matéria mineral % 6,8391 6,2252 6,2243
cálcio % 0,7500 0,7500 0,7500
fosforo % 0,6691 0,6203 0,6201
fosforo disponível % 0,4721 0,4122 0,4121
sódio % 0,1800 0,1800 0,1800
Cloro % 0,4133 0,4459 0,4459
magnésio % 0,1310 0,1538 0,1537
potássio % 0,4482 0,4605 0,4602
energia digestível
suínos Kcal / Kg 3.550,3361 3.500,0000 3.500,0000
45
Tabela 06. Composição Nutricional calculada, para a ração da Fase III (28° ao
42° dia de experimento).
INGREDIENTES custo R$
/KG LP SM SME
Macro Ingredientes
MILHO MOIDO $0,5000 65,98 64,89 64,84
GLUTEN MILHO 60 $2,5000 2,00 1,70 1,70
MALTODEXTRINA DE
20 $1,6000 - 2,20 2,20
SOJA MICRONIZADA $1,9500 - 5,00 5,00
LEITE PO INTEG
BOV $6,0000 5,00 - -
FOSFATO BICALCICO $1,7000 1,48 1,56 1,56
ADITIVO
ACIDIFICANTE1 $6,5000 1,00 1,00 1,00
ALUMINIO SILICATO $7,5000 0,50 1,00 1,00
Micro Ingredientes
CAULIM $0,2600 4,00 4,00 4,00
SAL COMUM $0,3400 0,46 0,52 0,52
PREMIX MINERAL
VITAMINICO2 $6,5000 0,50 0,50 0,50
LISINA HCL $8,9000 0,33 0,35 0,35
DL-METIONINA $12,0000 - 0,02 0,02
L-TREONINA $18,0000 0,07 0,09 0,09
L-TRIPTOFANO $126,0000 0,03 0,04 0,04
ADITIVO
EDULCORANTE3 $13,0000 0,05 0,05 0,05
β– MANANASE4 $24,0000 0,05
Custo ( $/Ton ) $1.057,98 $868,18 $879,89
1-Kemira Pro Git SS1. 2-suplementação por quilo de ração: ferro 60mg, cobre 15mg, zinco 100 mg, manganês 20mg, cobalto 0,20mg, selênio 0,10mg, iodo 0,20mg, vit.A 10.000UI, vit.D 2200UI, vit.E 20,0UI, vit.K 0,02mg, vit.B1 1,5mg, vit.B2 6,0mg, vit.B6 3,0mg, vit.B12 20mcg, niacina 3,0mg, ác. pantatênico 15mg, ác. fólico 0,50mg, biotina 0,15mcg, colina 400mg, antioxidante (BHT) 100mg. 3-ZTA Plus Tecnoaroma. 4-CTCZYME (800 unidade / g).
46
Tabela 07. Composição Nutricional calculada, ração da Fase III (28° ao 42° dia
de experimento).
NÍVEIS
NUTRICIONAIS Unidade LP SM SME
materia seca % 87,6544 87,5351 87,5409
proteína bruta % 17,0000 17,0000 17,0000
lisina (%) % 1,0500 1,0500 1,0500
metionina (%) % 0,2890 0,2890 0,2890
triptofano % 0,1840 0,1840 0,1840
treonina % 0,7170 0,7170 0,7170
Amido % 42,4375 41,7556 41,7194
fibra bruta % 2,0844 2,2364 2,2357
fibra detergente
neutro % 9,7339 9,5005 9,4944
fibra detergente
ácido % 3,5232 3,4231 3,4215
extrato etéreo % 3,9887 3,7621 3,7601
matéria mineral % 9,3008 9,3392 9,3388
cálcio % 0,7200 0,7200 0,7200
fosforo % 0,6735 0,6561 0,6559
fosforo disponível % 0,4358 0,4165 0,4164
sódio % 0,2000 0,2000 0,2000
cloro % 0,4171 0,4078 0,4078
magnésio % 0,1512 0,1562 0,1562
potássio % 0,6614 0,6666 0,6665
energia digestível
suínos Kcal / Kg 3.264,6379 3.230,1178 3.228,4211
47
3.5 Parâmetros Avaliados
Foram avaliados durante o experimento o desempenho dos animais,
índice de diarreia (%) e realizada a análise econômica.
Na avaliação de desempenho, foram analisadas as variáveis ganho de
consumo de ração diária – CRD, ganho de peso diário – GPD, e calculada a
conversão alimentar – CA, por fase (Fase I, Fase II e Fase III) e no período
total do experimento (do 1° ao 42°dia).
Para obtenção destes dados, foram realizadas pesagens dos animais no
início e final de cada fase estudada (1°dia, 14°dia, 28°dia e 42°dia de
experimento). Foram realizados o controle do consumo e desperdício de ração
em cada fase.
Os dados do experimento foram analisados através do programa SAS
(Statistical Analysis System, 2001), onde foi feita a análise de variância pelo
PROC GLM (General Linear Models). As médias foram consideradas diferentes
significativamente ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05), pelo Teste de
Tukey.
As fezes foram observadas diariamente, pelo mesmo observador, para
avaliação da incidência de diarreia entre os leitões de cada tratamento. As
fezes foram avaliadas e classificadas visualmente de acordo com a
consistência, pelo seguinte escore (Freitas, 2005):
1-Fezes duras,
2-Fezes Normais,
3-Fezes Pastosas
4-Fezes Líquidas.
48
Para avaliação do fator econômico de cada tratamento, os preços das
matérias primas usou-se o valor corrente no mercado de Campinas – SP no
inicio do mês de setembro de 2012. Nesta data um dólar americano valia R$
2,03 (dois Reais e três centavos). Na comparação entre os tratamentos usou-
se a seguinte equação:
(��çã����� �� ∗ ��������çã�)
�� ����ℎ����= ��������� ��� ��
49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Desempenho
4.1.1 Fase I
O consumo de ração, ganho de peso por dia no período, e conversão
alimentar são apresentados na Tabela 8.
Tabela 8. Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso
diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 0 a 14 dias de
experimento.
Periodo LP SM SME CV(%)
0 - 14 dias
Consumo Diário Ração (g) 252,43 ᵃᵇ 223,26ᵇ 282,89ᵃ 11,79
Ganho Diário Peso (g) 141,82ᵃ 59,05ᵇ 113,93ᵃᵇ 40,13
Conversão Alimentar 1,29ᵇ 4,71ᵃ 2,97ᵃᵇ 57,19
Médias seguidas com letras diferentes nas linhas diferem (p<0,05)
significativamente pelo teste de Tukey.
CV(%) – Coeficiente de variação.
50
O consumo de ração diferiu entre os tratamentos sendo que o
tratamento com leite em pó foi igual ao tratamento soja micronizada com
enzima, e igual ao tratamento apenas com soja micronizada. O tratamento com
soja micronizada foi diferente a soja micronizada mais enzima. O consumo de
ração logo após a desmama está relacionado a digestibilidade da ração, e
esses dados estão de acordo com Makkink et al.(1994), onde leitões
desmamados e usando fonte de proteína vegetal apresentaram redução no
consumo. A adição de enzima melhorou o consumo em relação ao tratamento
somente com soja micronizada em 26,75%, concordando com Li et al. (1996),
que usou dietas com soja e cevada com ou sem adição de complexo
enzimático.
O ganho diário de peso também diferiu entre os tratamentos, sendo que
no tratamento com leite em pó o ganho foi maior que o tratamento que
substituiu a proteína, porem foi idêntico ao que a proteína foi substituída com
adição da enzima. O ganho de peso está de acordo com Soares et al. (2000),
que trabalhou com dietas com leite em pó, e faz a substituição deste por soja
integral processada por extrusão e fermentação. Neste caso o ganho de peso
na primeira fase do experimento foi de 267,0 gramas para leite em pó, contra
213,0 gramas para soja integral extrusada.
A conversão alimentar, nesta fase, também diferiu entre tratamentos,
sendo significativa maior para o leite em pó em relação ao uso da soja
micronizada, porem idêntica entre LP e SME. A conversão alimentar sintetiza
os dados de consumo e ganho, e estão de acordo com Li et al. (1991), e
Soares et al. (2000). Essa melhora na conversão com o uso de enzima em
relação a soja micronizada exclusivamente pode ser explicada pela melhora da
digestibilidade, como sita Kim et al. (2003), onde a rafinose e a estaquiose foi
diminuída na passagem pelo intestino delgado pela ação da enzima exógena
usada na ração.
4.1.2 - Fase 02
O consumo de ração, ganho de peso por dia no período, e conversão
alimentar são apresentados na tabela 9.
51
Tabela 9. Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso
diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 14 a 28 dias de
experimento.
Periodo LP SM SME CV(%)
14 - 28 dias
Consumo Diário Ração
(g) 402,45 289,55 349,78 16,27
Ganho Diário Peso (g) 213,38ᵃ 112,86ᵇ 132,5ᵇ 34,84
Conversão Alimentar 2,07 2,83 3,27 22,29
Médias seguidas com letras diferentes nas linhas diferem (p<0,05) significativamente pelo teste de Tukey. CV(%) – Coeficiente de variação.
Na segunda fase de 14 a 28 dias, o consumo diário de ração não
apresentou diferença estatística a nível de 5,0% entre os tratamentos, porem o
ganho de peso diário foi diferente e significativo quando comparado as duas
fontes de proteínas, sendo que para o leite em pó este ganho foi maior. Isso
pode ser explicado pelos fatores anti nutricionais do soja que ainda poderiam
estar interferindo na digestibilidade conforme Grant (1989), combinado com a
melhor digestibilidade do tratamento com leite em pó. Já a conversão alimentar
não diferiu entre os três tratamentos.
4.1.3- Fase III
O consumo de ração, ganho de peso por dia no período, e conversão
alimentar são apresentados na Tabela 10.
52
Tabela 10. Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de
peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 28 a 42 dias
de experimento.
Periodo LP SM SME CV(%)
28 a 42 dias
Consumo Diário Ração
(g) 887,79 820,71 829,74 4,30
Ganho Diário Peso (g) 541,69 521,79 520,48 2,25
Conversão Alimentar 1,64 1,57 1,59 2,25
1.Ausência de efeito entre os tratamentos pelo teste de Tukey (p<0,05).
CV(%) – Coeficiente de variação.
Na terceira fase não houve diferença estatística ao nível de 5,0% de
significância pelo teste de Tukey, tanto para consumo de ração, como para
ganho diário de peso, e conversão alimentar. Este fato pode ser explicado não
somente pela ação da enzima que minimizou os efeitos anti nutricionais dos
polissacarídeos não amiláceos, mas principalmente pela reação a
hipersensibilidade a proteína da soja. Reação esta que é transitória e também
pode ter interferido na primeira fase, conforme proposto por Shurson et al.
(1998), que afirma que esta hipersensibilidade ocorre no primeiro contato do
suíno com a proteína da soja.
4.1.4 Todas as Fases
O consumo de ração, ganho de peso por dia no período, e
conversão alimentar são apresentados na tabela 11.
53
Tabela 11. Valores obtidos para consumo diário de ração (CRD), ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA), para o período de 0 a 42 dias de experimento.
Periodo LP SM SME
0 a 42 dias
Consumo Diário Ração
(g) 514,36 444,60 487,60
Ganho Diário Peso (g) 298,95ª 231,24b 255,64a
Conversão Alimentar 1,75a 1,94b 1,95b
Médias seguidas com letras diferentes nas linhas diferem (p<0,05) significativamente pelo teste de Tukey.
Apesar do consumo de ração não apresentar diferença significativa no
período total do experimento, o tratamento LP tendeu a ter melhor resultado
que o tratamento SM ou SME. Isso teve uma forte influencia da primeira fase,
onde os leitões não apresentaram similaridade no ganho de peso e na
conversão alimentar.
Apesar de uma tendência para um consumo estável entre os
tratamentos conforme gráfico na Figura 3, esses dados estão de acordo com
Phillips (2008), onde usando um coquetel de enzimas em leitões na fase de
creche não encontrou diferença significativa para uma ração a base de milho e
soja para digestibilidade aparente, digestibilidade dos aminoácidos, e
digestibilidade ileal. Mesma resposta encontrada por Moreira et al.(2009),
quando adicionou complexo enzimático em rações com casca de soja para
suínos em crescimento.
O ganho de peso do tratamento a base de SME ou SM teve um ganho
diário de peso de 10,55%, compatível com os dados de Van Heugten (2003),
que também usou β-mananase na fase pós desmama com ração a base de
milho e soja, e obteve um ganho de peso 8,90% maior que sem o uso da
enzima.
A conversão alimentar por sua vez diferiu entre os tratamentos, sendo
que o tratamento LP apresentou melhor resultado quando comparado a SM ou
SME. Este também parece ser um reflexo da Fase I, onde a hipersensibilidade
54
a proteína da soja, a melhor digestibilidade, e o baixo nível de polissacarídeos
não amiláceos, concordando com Souza et al.(2000).
Figura 7: Gráfico do consumo de ração, nas três fases estudadas.
4.2 Avaliação Econômica.
O objetivo deste trabalho além de procurar explicações fisiológicas para
o desempenho dos leitões com substituição da proteína láctea por proteína
micronizada de soja é também estabelecer parâmetros econômicos para essa
tecnologia.
Utilizando equação onde são levados em consideração o valor e a
quantidade de ração gasta em cada tratamento, em relação a quantidade de
peso vivo produzido temos:
Figura 4. Equação para cálculo do custo por quilo vivo de leitão.
De acordo com a equação acima, são apresentados na Tabela 12, os
valores de custo por quilo por fase.
gram
as p
or
dia
CONSUMO DE RAÇÂO
trat 01
trat 02
trat 03
55
Tabela 12. Valores do custo por quilo de leitão para cada fase estudada, de
acordo com o tratamento.
LP SM SME
Fase I R$ 4,50 R$ 5,48 R$ 3,63
Fase II R$ 3,66 R$ 3,23 R$ 3,35
Fase III R$ 1,74 R$ 1,37 R$ 1,40
Transformando cada fase do Tratamento 01 para base 100, obtemos os
valores da Tabela 13.
Tabela 13. Custos dos tratamentos, em relação ao LP com a utilização do leite
em pó.
LP SM SME
Fase I 100,00 121,74 80,53
Fase II 100,00 88,35 91,63
Fase III 100,00 78,77 80,75
Isso mostra que o uso da farinha de soja micronizada torna-se vantajoso
em todas as fases, excluindo-se o SM durante a Fase I.
Quando comparado todos os tratamentos de 01 a 42 dias de
experimento, utilizando-se a mesma equação, são encontrados os resultados,
de acordo com a Tabela 14.
Tabela 14 Valores do custo por quilo de leitão para fase total estudada (de 01 a
42 dias de idade).
LP SM SME
Custo (R$) R$ 2,63 R$ 2,02 R$ 2,07
Os resultados indicam que a substituição do leite em pó por soja
micronizada pode representar um ganho de 23,20% no custo das raçoes na
fase de creche para leitões desmamados com 21 dias de idade.
56
4.3 Índice de diarreia
No primeiro dia do experimento nove leitões apresentaram fezes pastosa
o que não considerada diarreia, do segundo dia ao quarto dia apenas seis
leitões apresentavam fezes pastosa. Após este período as fezes
apresentavam-se normais em todo o lote, o que foi considerado como não
incidência de diarreia no experimento.
57
5 CONCLUSÃO
Pelos resultados apresentados concluímos que a substituição de leite
em pó por soja micronizada com adição enzima na ração para leitões
desmamados com 21 dias de idade é possível, considerando o período 42 dias
pós desmama.
A enzima β-mananase melhora o desempenho dos leitões na primeira
fase pós desmama, quando aplicada em rações a base de soja micronizada.
Economicamente a soja micronizada apresentou melhores resultados
que o uso de leite em pó na ração de desmama de leitões.
Outros trabalhos devem ser elaborados para verificar qual o melhor nível
de substituição de proteína láctea por proteína proveniente do soja.
58
59
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