Interação entre a ciência e a formulação de políticas na...

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Seminário dos Usuários das Previsões Numéricas de Mudanças Climáticas e Seus Impactos Regionais

CPTEC/INPE

Cachoeira Paulista, outubro de 2004

Interação entre a ciência e a formulação de políticas na abordagem da mudança do clima

Luiz Gylvan Meira FilhoInstituto de Estudos Avançados

Universidade de São Paulo

DELFOS

“neste local, são produzidas reduções máximas de variância de valores

futuros de qualquer variável”

ass.: Apolo, ao assumir a gerência do oráculo

CPTEC

“neste local, são produzidas as maiores reduções de variância de

valores futuros de elementos climáticos”

ass.: Maria Assunção, coordenadora-geral do CPTEC

o formulador de políticas públicas busca maximizar uma função utilidade, que inclui o seu fator de aversão ao risco.

o cientista busca explicar a natureza, e assim prever o

futuro.

usa o método científico: as hipóteses são verificadas contra

as observações.

o formulador de políticas públicas precisa, dos cientistas, não

somente a previsão do valor da variával, no futuro, mas também da

variância

a ausência dessa informação, demonstravelmente, conduz a

perdas indevidas

o fato de o sistema climático ser um sistema caótico cria

dificuldades de comunicação entre os cientistas e os

formuladores de políticas públicas

mudança global do clima:três opções:

INAÇÃOMITIGAÇÃO

ADAPTAÇÃO(ou combinação das três)

e um objetivo, o de maximizar sua função utilidade

INAÇÃO

há uma previsão de mudança global do clima resultante da ação antrópica. Essa previsão é de que a mudança

resulte em danos;os estudos de impacto e de

vulnerabilidade são necessários para estimar o valor das perdas associadas

à política de inação.

INAÇÃOdanos associados à inação -tema central deste seminário

os danos são decalados no tempo em relação às suas

causas

temperature increase response to a pulse of emission

0

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

0.012

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

years after emission

no s

cale carbon dioxide

methanenitrous oxide

dióxido de carbono e óxido nitroso: máximo efeito após 50

anosmetano: máximo efeito após 20

anosefeito residual do dióxido de carbono a muito longo prazo

os danos estão associados a extremos de precipitação, temperatura, etc.dentro dos limites de mudança do

clima cobertos pela modelagem atual, pode-se admitir que as anomalias das

variáveis de interesse são proporcionais ao aumento da

temperatura média global

para o formulador de políticas públicas o que interessa é a

função densidade de probabilidade dos danos;

na prática, há que decompor o problema e tomar o produto de

probabilidades

probabilidade de a hipótese do aquecimento global ser verdadeira:

problema de verificação e atribuição

CPTEC precisa contribuir com o aperfeiçoamento dos modelos para melhor reproduzir as observações

função distribuição de probabilidade da magnitude da

mudança do clima:variação suave pode ser

decomposta na distribuição de probabilidade da temperatura e dos outros elementos ligados

aos danos

função distribuição de probabilidade da magnitude da

mudança do clima:variação brusca precisa ser

expressa em termos da probabilidade de eventos súbitos –

mudança da circulação termohalina, liberação de metano e

de carbono, fenômenos bruscos em gêlos

em todos os casos, para os formuladores de políticas públicas,

é essencial a indicação das probabilidades em função do

tempo;o processo não é estacionário

MITIGAÇÃO

mitigação significa evitar que o clima mude, ou diminuir a mudança

do clima;há somente uma possibilidade:

reduzir a emissão líquida antrópica de gases de efeito estufa.

carbon dioxide atmospheric concentration at Mauna Loa

310

320

330

340

350

360

370

380

1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

year

mic

rom

ol p

er m

ol (p

pmv)

annual rate of change of carbon dioxide atmospheric concentration at Mauna Loa

0

1

2

3

4

5

6

7

1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

ano

bilh

ões

de to

nela

das

de c

arbo

no p

or a

no (

GtC

/yr)

o formulador de políticas públicas precisa saber, dos cientistas, qual

a eficiência de medidas de mitigação; isto é fácil para metano e óxido nitroso; para o díóxido de

carbono, precisa saber sobre o ciclo de carbono, que por sua vez

depende da biosfera e dos oceanos

marginal cost of abatement

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

tC

$/tC

t

os custos a mitigação podem ser estimados em função da redução

de emisões;a redução de emissões precisa ser relacionada à redução da mudança do clima, e portanto à redução dos danos, caso contrário é difícil tomar

decisões.

ADAPTAÇÃO

a opção de políticas públicas de adaptação corresponde a

reduzir os danos, na presença da mudança do clima

em muitos casos a adaptação é impossível;

no entanto, é importante saber disso porque a decisão fica

reduzida aos casos de inação e mitigação

em alguns casos é possível a adaptação;

a previsão é aqui essencial porque é preciso saber a que

adaptar-se

a opção de adaptação na realidade confunde-se com o uso de previsões para evitar

perdas, quando isso é possível, seja para a variabilidade natural

seja para a variabilidade modificada pela mudança do

clima

daí a conclusão do Dr. Michel Jarraud, Secretário-Geral da Organização Meteorológica

Mundial, de que a mudança do clima aumenta a exigência de

melhores previsões

λπ

ωξ 0 11 maxpξ ξ ( )ξω p maxpω

maxπ

maxlξ

1

valor esperado da função utilidade em função do custo de adaptação

-1.8

-1.6

-1.4

-1.2

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

00 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

custo de adaptação

valo

r esp

erad

o da

util

idad

e

o que os formuladores de políticas públicas querem dos cientistas é o

valor dos parâmetros que lhe permitem tomar decisões;

alguns desses parâmetros podem ser fornecidos por instituições como o

CPTEC, outros não;é importante que os cientistas saibam como decisões são tomadas, ainda

que não explicitamente

( ) µαηακµτγ υλρ −−+−−=

aeU

a γ−−=

1

em resumo...