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Introdução à lógica
"Se todos os direitos são reservados, todos os canhotos são falantes".
2
Conhecimento básico e objeto da Lógica
Antes de falarmos da ―Lógica‖ e do seu objeto de pesquisa, temos que compreender
algumas coisas que irão facilitar o nosso entendimento do que é a Lógica.
Você já ouviu falar da filosofia da linguagem? Isto é um ramo da filosofia, e tem
um importante filosofo chamado Ludwig Wittgenstein, ele foi um dos principais
filósofos a fazer uma importante análise da linguagem, sua obra mais importante é o
tratactus logico-philosophicus, de 1922.
Wittgenstein ao analisar a linguagem, ele declara que a linguagem não é
homogênea, ou seja, a linguagem não é uma única coisa, mas é um aglomerado de
diferentes linguagens, por exemplo: a linguagem técnica da medicina e a linguagem
militar e etc.
Ele compara estas diferentes linguagens com os diferentes tipos de jogos que
existem. Wittgenstein percebe que apesar de existir diferentes tipos de jogos, há algo
que faz com que todos eles sejam jogos; o mesmo acontece com os diferentes tipos de
linguagens, por isso Ludwig Wittgenstein propõe a existência de diferentes jogos de
linguagens. Assim como podemos praticar diferentes jogos também podemos utilizar
diferentes jogos de linguagens para nos comunicarmos com outras pessoas, porém
dentro de cada jogo de linguagem há um significado que é compreendido pelos
participantes dos diálogos.
―A linguagem não é uma coisa morta em que cada palavra representa algo de
uma vez por todas. Ela é uma atividade humana situada cultural e
historicamente. Os jovens, por exemplo, adoram usar termos diferenciados
que correspondem ao seu grupo, mas que fora dele poucos compreendem.
Assim, ‗radical‘ já foi usado para designar algo que é ‗maneiro‘ ou ‗massa‘,
um sujeito ‗legal‘ pode ser considerado ‗sangue bom‘ ou ‗moral‘ dependendo
do lugar onde viva‖.1
Além desta questão regional dentro da língua tem também a diferença entre os
diversos idiomas, como francês, inglês e japonês, que podemos ou não entender.
Não vamos fazer aqui uma analise da linguagem, mas vamos usar esta ideia
básica da filosofia de Ludwig Wittgenstein, pois o primeiro passo para o estudo da
1Silva, Josué Cândido da. Jogos de linguagem < http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-
da-linguagem-4-wittgenstein-e-os-infinitos-jogos-de-linguagem.htm >. Acesso em: 29 abr. 2015.
3
lógica é a compreensão daquilo que lhe é dito ou da língua na qual o argumento se
encontra.
As pessoas estão sempre analisando textos e conversas para não caírem em uma
mentira e lhe atribuem um critério de verdade ou mentira. Quando olhamos para a frase
―a neve é branca‖ damos a ela o critério de verdade porque quando olhamos para a neve
vemos que ela é branca, porém quando olhamos para a frase ―o sangue é verde‖ damos
a ela o critério de mentira, pois quando vemos o sangue percebemos que a sua cor é
vermelha. Entretanto, quando nos deparamos com a frase ―snow is black‖ 2 qual é o
critério que devemos dar á essa frase? Para aqueles que não sabem o significado desta
frase, não poderão lhe atribuir um dos critérios de verdade e mentira, para essas pessoas
a frase snow is black não poderá ser utilizada no estudo da lógica, mas não se preocupe
há uma frase equivalente em português.
Agora que já entendemos o primeiro passo para iniciarmos o estudo da Lógica
vamos dar o segundo passo.
Vamos ver alguns princípios filosóficos propostos por Aristóteles, ele, ao falar
destes princípios, comenta alguns filósofos pré-socráticos, então vamos seguir o mesmo
caminho que o estagirita para entendermos cada um destes princípios.
Segundo Aristóteles, Tales de mileto foi o primeiro filosofo a falar de um
princípio único do qual todas as coisas surgem e Tales disse que este princípio é a agua,
mas não falaremos disso, o importante aqui é o significado e a definição de princípio
que ele nos oferece.
―Em suma ‗princípio‖ é aquilo do qual as coisas vêm, aquilo pelo que são,
aquilo no qual terminam. Tal princípio foi denominado com propriedade por
esses primeiros filósofos (senão pelo próprio Tales) de phisis, palavra que
não significa ‗natureza‘ no sentido moderno do termo, mas realidade
primeira, originaria e fundamental; significa, como foi bem assinalado, o que
é primeiro, fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário,
derivado e transitório‖.3
Como já sabemos a definição de princípio vamos ao próximo filosofo a ser
comentado por Aristóteles, este nos ajudará a entender os princípios de identidade e de
não contradição.
2 A neve é preta (em uma tradução livre).
3 Reale, Giovanni. História da filosofia grega e romana: pré-socráticos e orfismo. 2 ed. São Paulo: Loyola,
2012, V.1, p.48.
4
Parmênides estrutura seu pensamento sobre três vias de pesquisa sendo elas: a
via da verdade absoluta, via do erro e a via da doxa (opinião), porém só utilizaremos
aquilo que é essencial para a compreensão dos princípios citados acima.
―O grande princípio parmenidiano, que é o próprio princípio da verdade, é
este: o ser é e não pode não ser; o não ser não é e não pode ser de modo
algum. O ser, portanto, é e deve ser afirmado, o não ser não é e deve ser
negado, esta é verdade; negar o ser ou afirmar o não ser é, ao invés, a
absoluta falsidade‖.4
Assim Parmênides inicia a via da verdade absoluta, nesta via o filosofo começa
distinguindo o ―ser‖ do ―não-ser‖. O ser é puro positivo e o não-ser é o puro negativo;
em outras palavras, o ser proposto por Parmênides é incorruptível, imutável e
indivisível, já o não-ser é aquilo que não subsiste e não pode ser pensado, ou seja, é o
próprio nada.
Com isso Parmênides identifica o que é o ser e o não-ser e afirma que uma coisa
não pode ser a outra, ou seja, a base dos princípios de identidade e não contradição
elencado por Aristóteles vem do pensamento de Parmênides.
Vejamos a definições destes princípios:
―O ser enquanto ser é absolutamente, incondicionalmente ser e não pode não
ser, se opõe ao e se impõe sobre o não-ser, o nega, manifestando-lhe a
absoluta, a incondicionada, a necessária impossibilidade de ser. Por isso, o
ser é a identidade absoluta; entre o ser e o não-ser subsiste a não-identidade
absoluta‖.5
Portanto o ser é e o não-ser não é (o não-ser não existe).
O princípio de não contradição está intimamente ligado ao princípio de
identidade, pois ambos os princípios descrevem e definem o ser.
―O ser é ser e é impossível que seja não-ser; o não-ser é não-ser e é
impossível que seja ser. O princípio estabelece, pois, a identidade do ser e a
absoluta impossibilidade da identificação entre ser e não-ser‖.6
Portanto, o ser nunca poderá não-ser sobre o mesmo aspecto e ao mesmo tempo,
trazendo para uma linguagem mais simples o ser existe e não pode não existir ao mesmo
tempo.
4 Ibidem p. 107
5 Molinaro, Aniceto: Metafísica. Curso sistemático. 2.ed. São Paulo: Paulus, 2004. P.99
6 Ibidem p. 100
5
Destes dois princípios surgiram um terceiro princípio, o qual Aristóteles o
nomeia como o princípio do terceiro excluído.
―Este princípio é a expressão imediata desta exclusão, sob este aspecto, não é
senão a explicitação da própria incontraditoriedade do ser. É o que significa a
formulação: entre ser e não-ser não há – não se dá – um termo médio, que
seja terceiro entre ser e não-ser: entre eles domina a máxima não-identidade,
a absoluta contradição‖.7
Em outras palavras não existe outro termo entre o que existe e o que não existe,
pois, não existe algo que quase exista ou algo que quase não existe, ou seja, uma
determinada coisa existe ou não existe.
Um exemplo para deixar os três princípios mais claros:
→ princípio de identidade: A = A;
→ princípio de não contradição A ≠ B;
→ princípio do terceiro excluído entre A e B não existe C.
Agora vamos dar o terceiro e último passo para entendermos o que é uma
“proposição” que é à base de qualquer argumento.
A palavra ―proposição‖ é um termo técnico da lógica e designa uma frase
declarativa.
Uma proposição é uma sentença declarativa que pode somente ser julgada como
verdadeira (V) ou falsa (F), ou seja, deve-se reconhecer que uma proposição tem
somente dois valores lógicos, V ou F, e nenhum outro valor. Nunca poderá ser julgada
como verdadeira e falsa simultaneamente.
Portanto podemos dizer que a proposição é um conjunto de palavras e símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo.
Por exemplo:
Todo numero divisível por dois é par;
2+3=5.
7 Ibidem p. 104
6
As proposições podem ser divididas em dois tipos sendo estes: simples e
compostas. As proposições simples são aquelas que não contêm outra proposição como
parte de si mesmo, por exemplo: Shun é insuportável; Machado de Assis é escritor;
Pitty é cantora.
As proposições compostas são aquelas que são formadas pela combinação de
duas ou mais proposições, por exemplo: o Shun é insuportável e o Ioga é irritante; Santo
Agostinho é patrístico e Santo Tomas é escolástico; o fogo queima se, e somente, se
houver oxigênio e combustível.
Como vimos à cima somente as frases declarativas (que afirmam ou negam
alguma coisa) são utilizadas na lógica, por tanto as frases interrogativas, imperativas e
exclamativas não serão utilizadas no estudo da lógica, as frases abertas também não
serão utilizadas.
Vamos ver um exemplo destas frases:
Frase interrogativa: qual é o nome deste cachorro?
Frase imperativa: venha aqui.
Frase exclamativa: uau! Ou Que triste!
Frases abertas: X + 4 ≥ 40; Ela é rica; A metade de um número.
Essas frases são chamadas de frases abertas porque não podem receber o critério
de verdade ou falsidade.
Agora que já temos o básico para a compreensão da Lógica vamos ver qual é o
seu objeto de pesquisa.
Hoje em dia a palavra ―lógica‖ é frequentemente usada para fazer um contraste
comportamental de uma pessoa que pode ter um comportamento ilógico (irracional) ou
um comportamento lógico (racional), porém, este uso de palavra lógico pode ser
considerado uma derivação dos termos técnicos dos argumentos lógicos e racionais e
dos ilógicos e irracionais.
―A lógica mostra como procede o pensamento quando pensa, qual é a
estrutura do raciocínio, quais os seus elementos, como é possível fornecer
7
demonstrações, que tipos e modos de demonstrações existem, como e quando
são possíveis‖.8
Em uma primeira impressão podemos pensar que a lógica é a ciência que vai
estudar o pensamento mediante as suas operações e suas leis.
―A lógica tem sido frequentemente definida como a ciência das leis do
pensamento. Mas essa definição, conquanto ofereça um indício sobre a
natureza da lógica, não é exata. Em primeiro lugar, o pensamento é um dos
processos estudados pelos psicólogos. A lógica não pode ser ‗a‘ ciência das
leis do pensamento, porque a psicologia também é uma ciência que trata das
leis mentais (entre outras coisas). E a lógica não é um ramo da psicologia: é
um campo separado e distinto‖. 9
Devemos lembrar que o pensamento é à base de qualquer processo mental, mas
existem diferentes tipos de pensamento.
Por este motivo nem todo pensamento poderá ser chamado de raciocínio, por
exemplo, posso imaginar um porco que voa e essa imaginação não diz nada a ninguém,
pois essa imaginação não transmite um juízo, já o raciocínio é uma cadeia de juízos que
permite gerar outro juízo onde transmite-se alguma coisa ao outro; por exemplo, uma
pessoa que tem o juízo de círculo e o juízo de redondo, pode gerar o seguinte juízo, todo
circulo é redondo.
Logo podemos pensar que a lógica é a ciência que estuda o raciocínio.
―Uma outra definição comum a lógica é a que a caracteriza como ciência do
raciocínio. Esta definição evita a segunda objeção e por tanto, é melhor, mas
ainda não é adequada‖.10
Basta lembrarmos que quando raciocinamos elencamos alguns juízos que diz
respeito ao que falamos ou escrevemos e por meio destes juízos que descrevemos
alguma coisa sendo essa descrição positiva ou negativa, por exemplo, todo círculo é
redondo (descrição positiva); os círculos não são quadrados (descrição negativa).
―Quando unimos os termos (um substantivo e um verbo) entre si e afirmamos
ou negamos algo de alguma coisa, então temos o juízo. O juízo é, pois, o ato
com o qual afirmamos um conceito de qualquer outro conceito, e a expressão
lógica do juízo é o enunciado ou proposição‖.11
Quando as pessoas dentro de um diálogo não apresentam evidências plausíveis
ao ouvinte; o que é comum quando alguém está nervoso e levado pelas emoções falam
8 Reale, Giovanni. História da filosofia grega e romana: Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2007, V.1, p.141.
9 Copi, Irving Marmer. Introdução à lógica. 2. Ed. São Paulo: mestre Jou, 1978, p. 20.
10 Ibidem p. 21
11 Reale, Giovanni. História da filosofia grega e romana: Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2007, V.1, p.148.
8
muitas coisas que não tem sentido algum, mesmo que essa pessoa elenque várias
proposições, o estagirita afirma que em casos como estes ou em um momento de
confusão a o indivíduo não raciocina.
―Racionamos quando passamos de juízo a juízo, de proposições a
proposições que tem entre si determinados nexos, e são, de certo modo,
causas umas das outras, umas antecedentes, outras consequentes. Não há
raciocínio se não há este nexo, essa consequencialidade‖. 12
Sendo assim raciocinamos quando apresentamos evidências que servem de
sustentação para as nossas afirmações, essa afirmação que, sendo sustentada pelas
evidências, chamaremos de conclusão e as evidências, que sustentam a conclusão,
chamaremos premissas. essa estrutura formada pelas premissas e a conclusão é o
raciocínio perfeito ao qual chamaremos de argumento.
Em outras palavras, podemos dizer que o argumento é um conjunto de
proposições, onde algumas serão premissas, que é uma proposição usada para defender
uma conclusão, e a conclusão é uma proposição que defende-se recorrendo as
proposições antecedentes as premissas.
―Os argumentos são via de regra elaborados com o fito de convencer, e esta
é, realmente, uma de suas importantes e legitimas funções. A lógica não se
interessa, no entanto, pelo poder de persuasão que os argumentos. Há
argumentos logicamente incorretos que convencem, e há argumentos
logicamente impecáveis que não tem nenhum poder de persuasão‖.13
A persuasão dentro de um diálogo não busca convencer um dos que dialogam,
mas aqueles que o assistem é como acontece em um julgamento os advogados não se
preocupam em convencer o acusador ou o acusado, no entanto os advogados querem
persuadir os jurados.
―O silogismo enquanto tal mostra a essência do raciocínio, a estrutura da
inferência, prescindindo do conteúdo de verdade das premissas (e, portanto,
das conclusões). O silogismo ‗cientifico‘ ou ‗demonstrativo‘, ao contrário
diferencia-se do silogismo em geral justamente porque diz respeito, além da
correção formal da inferência também ao valor de verdade das premissas‖.14
A lógica vai pesquisar os argumentos e as suas inferências (processo pelo qual,
através de determinados dados, chega-se a alguma conclusão).
12
Ibidem p. 150 13
Salmon, Wesley C. Lógica 6.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984, p. 15. 14
Reale, Giovanni. História da filosofia grega e romana: Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2007, V.1, p. 152.
9
―A lógica trata, portanto, de argumentos e inferências. Um de seus propósitos
básicos e apresentar métodos capazes de identificar os argumentos
logicamente válidos, distinguindo-os dos que não são logicamente válidos‖.15
Dedução
Os argumentos dedutivos são aqueles cujas premissas fornecem provas decisivas
para a verdade de suas conclusões; os argumentos dedutivos podem se distinguir entre
validos e inválidos.
Em um argumento dedutivo válido o valor-verdade da conclusão é uma
consequência lógica necessária das premissas que a antecedem, ou seja, sendo
verdadeiras as premissas segue-se que necessariamente será verdadeira a conclusão.
Caso alguma premissa não seja verdadeira, uma conclusão verdadeira será apenas uma
contingência. Também será contingente a verdade duma conclusão num argumento
dedutivo inválido, ou seja, um argumento em que mesmo a veracidade integral das
premissas não garante, necessariamente, uma conclusão verdadeira.
O raciocínio dedutivo permite averiguar as relações entre as premissas e a
conclusão de um silogismo a fim de distinguir a validade e a validade do mesmo.
A dedução vai trabalhar com classes, uma classe é um grupo, ou seleção de
coisas que pode ser separadas das demais coisas formando assim um grupo, por
exemplo, a classe dos animais pode separar deste gripo a classe dos felinos e desta
classe podemos retirar a classe dos gatos persas.
―O estudo clássico ou aristotélico da dedução fundamenta-se em argumentos
que continham proposições de um tipo especial, chamadas proposições
categóricas no argumento:
Nenhum atleta é vegetariano.
Todos os jogadores de futebol são atletas.
Logo, nenhum jogador de futebol é vegetariano, tanto as premissas como a
conclusão são proposições categóricas as proposições deste tipo são
habitualmente analisadas como asserções sobre classes, afirmando ou
negando que uma classe esteja incluída em uma outra, seja no todo ou em
parte‖.16
Há quatro tipos de proposições categóricas que serão ilustradas pelas
proposições abaixo:
1. Todos os pinguins são aves;
2. Nenhum cachorro é ave;
15
Salmon, Wesley C. Lógica 6.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984, p. 13. 16
Copi, Irving Marmer. Introdução à lógica. 2. Ed. São Paulo: mestre Jou, 1978, p. 139.
10
3. Alguns animais são aves;
4. Alguns animais não são aves.
A primeira proposição:
Todos os pinguins são aves.
É uma proposição universal afirmativa, dentro desta proposição temos Duas classes; a
primeira classe é a dos pinguins e a segunda é as das aves. A proposição está afirmando
que a primeira classe está incluída ou pertence à segunda classe; logo todos os membros
da primeira classe são também membros da segunda, e toda proposição afirmativa pode
ser esquematizada desta forma:
Todo ―s‖ é ―P‖.
As letras S e P representam as classes ―pinguins‖ e ―aves‖ ou sujeito da frase e o
predicado da mesma, o nome ―universal afirmativa‖ é apropriado, porque afirma que
nesta proposição há uma relação (inclusão) entre as duas classes e que essa inclusão é
completa ou universal isto quer dizer que todos os membros de S são também membros
de P.
A segunda proposição:
Nenhum cachorro é ave.
A segunda proposição é uma universal negativa, pois essa faz uma separação
completa ou universal das duas classes cachorro e aves, de modo que os membros de
uma classe não fazem parte da outra, ou seja, os cachorros não pertencem à classe das
aves; a universal negativa pode ser esquematizada assim:
Nenhum S é P.
O nome universal negativa, nega que haja qualquer relação entre as duas classes.
Terceira proposição:
Alguns animais são aves.
A terceira proposição é uma proposição particular afirmativa, neste caso afirma-
se que alguns membros da classe dos animais também são membros da Classe das aves,
mas não se afirma isso dos animais universalmente; não se diz de modo geral que todos
os animais são aves; a palavra ―Alguns‖ é indefinida e designará pelo menos um ou dois
ou vários de modo que não chegue à totalidade, esta proposição particular afirmativa
pode ser esquematizada desta maneira:
Algum S é P.
A quarta proposição:
Alguns animais não são aves.
11
Essa é uma proposição particular negativa e é o contrário da proposição anterior, pois
nega que algum membro da classe dos animais pertença à classe das aves. Essa
proposição particular negativa será esquematizada da seguinte forma:
Algum S não é P.
Todas as proposições categóricas de forma típica possuem uma qualidade e uma
quantidade.
As qualidades são afirmativa ou negativa;
As quantidades são universal ou particular;
A lógica usa letras que corresponde a cada uma das quatros proposições sendo
elas A, E, I e O, presume-se que o uso dessas letras provém das palavras latinas
―AFIRMO‖ e ―NEGO‖, desta forma as letras A e I correspondem às proposições
afirmativas e as letras E e O correspondem às proposições negativas.
A) Todo S é P. E) Nenhum S é P.
I) Algum S é P. O) Algum S não é P.
Destas as proposições surgiram diferenças que receberam o nome de oposição e
contraditórias, pois as proposições A e E se anulam, ou seja, são contraditórias, já as
proposições A e O se opõem, as proposições que correspondem a A e I também possui
uma oposição, porém esta recebeu o nome de subalterna.
Todas estas variações de oposições são representadas no quadro de oposições:
Deste quadro pode-se inferir imediatamente a verdade ou a falsidade da algumas
ou todas as proposições:
Se A é verdadeira: E é falsa, I é verdadeira e O é falsa;
Se E é verdadeira: A é falsa, I é falsa e O é verdadeira;
Se I é verdadeira: E é falsa, e A e O são indeterminadas;
Se O é verdadeira: A é falsa, E e I são indeterminadas;
Se A é falsa: O é verdadeira, E e I são indeterminadas;
12
Se E é falsa: I é verdadeira, A e O são indeterminadas;
Se I é falsa: A é falsa, E é verdadeira e O é verdadeira;
Se O é falsa: A é verdadeira, E é falsa e I é verdadeira;
Deste esquema os filósofos perceberam outro tipo de inferência imediata das
quais falaremos agora.
―O tipo mais obvio de inferência imediata é aquele que resulta de uma
simples permuta entre os termos sujeito e predicado de uma proposição dá-
se-lhe o nome de conversão e é perfeitamente válido no caso das proposições
E e I. é claro que ‗nenhum homem é anjo‘ afirma o mesmo que ‗nenhum anjo
é homem‘ e qualquer destas proposições podem ser validamente inferidas do
outra inferência imediata chamada conversão‖.17
Agora vejamos a conversão com a proposição I, ―alguns comediantes são
homens‖, a conversão desta proposição será ―alguns homens são comediantes‖ é fácil
observar que ambas as proposições são logicamente equivalentes e a validade de
qualquer proposição pode-se inferir por conversão.
Os pesquisadores clássicos também tentaram converter as proposições A e O e
perceberam que as proposições de tipo O não podem ser validamente convertidas, pois
esta proposição não possui outra que lhe seja equivalente, se levássemos em conta a
seguinte proposição ―alguns seres humanos não são homens‖ a sua conversão seria
―alguns homens não são seres humanos‖ o que é uma incoerência.
Já com as proposições de tipo A, a conversão acontece por meio de limitação.
―A lógica tradicional reconheceu esse fato, é claro, mas afirmava que para as
proposições A era valida uma forma de inferência muito semelhante à
conclusão. Essa forma recebeu o nome de ‗conversão limitada‘‖. 18
A conversão de proposição de tipo A acontece da seguinte forma ―todos os
pinguins são animais‖ será convertida para ―alguns animais são pinguins‖, da
proposição de tipo A só é possível inferir uma proposição de tipo I validamente, é nítido
que na conversão limitada reduz a proposição universal para uma proposição particular
e isto acontece para que se mantenha a verdade da proposição, se a conversão não fosse
limitada não se manteria a verdade da proposição convertida. Por exemplo: todos os
pinguins não animais é uma proposição verdadeira e sua conversão direta deveria ser
todos os são pinguins o que é falso.
Segundo Copi, afirma-se, tradicionalmente, que a seguinte tabela dá um quadro
completo das conversões validas:
17
Copi, Irving Marmer. Introdução à lógica. 2. Ed. São Paulo: mestre Jou, 1978, p. 149-150. 18
Ibidem p. 150
13
Convertente Convertido
A) Todo S é P. Alguns S são P;
E) Nenhum S é P. nenhum P é S;
I) Algum S é P. Alguns P são S;
O) Algum S não é P. não há equivalente.
O próximo tipo de inferência é a obversão para compreendermos o que é uma
obversão temos que entender o processo de criação das classes, damos a ela uma
característica que engloba todos os objetos da aquela classe, por exemplo, a classe dos
números devemos dizer tem a numeridade e é o que caracteriza este grupo.
Porém toda classe tem uma classe complementar, esta classe complementar é
uma classe de tudo o que não pertence a classe criada.
Portanto se a classe criada é a classe doas números a sua classe complementar é
a classe dos não números.
Contudo se a classe dos ganhadores é a classe complementar não será a classe
dos perdedores, será a classe dos não-ganhadores apesar destes não terem ganhado, só
podemos perceber que absolutamente só existem ganhadores e não-ganhadores, sendo
assim ao obverter uma proposição mudamos a qualidade da mesma e substituímos a
classe criada pela sua complementar.
Vamos ver na pratica como funciona a obversão:
―Todos os jogadores de futebol são profissionais‖.
↓
―Nenhum jogador de futebol é não-profissional‖
Assim como a proposição A tem uma E como equivalente o mesmo acontece no
caso contrario e as proposições I e O são obversas de modo que a obversa da I seja a O e
vice-e-versa, isso fica mais nítido na tabela de obversões:
Obvertente Obversas
A) Todo S é P. Nenhum S é não-P;
E) Nenhum S é P. Todo S é não-P;
I) Algum S é P. Algum S não são não-P;
O) Algum S não é P. Algum S são não-P.
14
O terceiro tipo de inferência é a contrapositiva, porém ela é uma derivação das
duas inferências anteriores e chegamos a ela pelo seguinte passo primeiro devemos
fazer uma obversão depois uma conversão e novamente se faz outra obversão, deste
modo acharemos a proposição na forma contrapositiva vamos ver este processo na
pratica para melhor compreendermos esta inferência.
―Todos os pinguins são aves‖
↓ (obversão)
―Nenhum pinguim é não-ave‖
↓ (conversão)
―Nenhum não-ave é pinguim‖
↓ (obversão)
―Todas as não-aves são não-pinguim‖
Se repetirmos este processo vamos perceber que as proposições de tipo A e O
possuem contrapositiva equivalentes, e as de tipo E terá como equivalente uma
proposição de tipo O por limitação. Vamos ver porque isto acontece.
―Nenhum estudante é revoltado‖
↓ (obversão)
―Todos os estudantes são não-revoltados‖
* as proposições de tipo A mudam por limitação na conversão
↓ (conversão)
―Alguns não-revoltados são estudantes‖
↓ (obversão)
―Alguns não-revoltados não são não-estudantes‖
Vamos ver a tabela das contrapositivas:
Premissa Contrapositiva
A) Todo S é P. Todo não-P é não-S;
E) Nenhum S é P. Algum não-P é não-S * por limitação;
I) Algum S é P. não há equivalente;
O) Algum S não é P. Algum não-P é não-S.
―Esta tabela Aristotélica não previa o conteúdo existencial, assim como
acontece com a linguagem falada no dia a dia, na mitologia e textos literários.
Este conteúdo esta presente na medida em se afirma ou nega a existência de
15
uma classe, que nas proposições categóricas se referem ao sujeito (S) e ao
predicado (P). Seria o mesmo que dizer ―Todos os vampiros são morcegos‖
ou ―Nenhum vampiro é mortal‖, ―Algum vampiro é morcego‖, ―Algum
vampiro não é morcego‖. Estas proposições são validas dentro da lógica
tradicional, contudo se pressupormos um conteúdo existencial, sabe-se que
supostamente os ―vampiros‖ não existem‖.
Considerando que é um erro afirmar explicitamente quem uma classe tenha
membros. Ao se pressupor que há um conteúdo existencial na interpretação
booleana considera-se a classe S é nula. Logo, as proposições I e O sempre
serão falsas e as suas contraditórias A e E , serão verdadeiras . Como a
relação de contrariedade estabelece que A e E não podem ser verdadeiras ao
mesmo tempo, a partir da pressuposição de um conteúdo existencial se
invalida quadro de oposição na relação de contrariedade.‖19
A partir da interpretação, feita por George Boole, das proposições categóricas é
levado em consideração à existência de classe vazia ou nula e os filósofos notaram que
era conveniente criar um símbolo para representar esta classe vazia e escolheram o
número zero para representar o conteúdo da classe, e utilizaram a letra S para simbolizar
a classe, sendo assim quando falarmos que a classe S está vazia, vamos utilizar este
símbolo S=0, pois a classe é igual à zero (nula, vazia) isso quer dizer que a classe está
vazia não tem membros, e se quisermos falar que a classe S não está vazia vamos
utilizar o símbolo S≠0, ou seja, a classe é diferente de vazia, tem pelo menos um
membro.
Os filósofos com isso reformularam o quadro de oposições clássico deixando
assim:
A) Todo S é P. → Nenhum S é não-P;
E) Nenhum S é P. → Todo S é não-P;
I) Algum S é P. → Algum S não são não-P;
O) Algum S não é P. → Algum S são não-P.
Neste novo quadro os filósofos irão trabalhar com a obversão do primeiro
quadro, porém o britânico John Venn no século XIX notou que este quadro poderia ser
representado por um diagrama, John utilizou alguns círculos para formular o diagrama.
Vamos agora entender como funciona o diagrama de Venn.
Este é o diagrama de uma classe, a letra ―C‖ representa alguma classe.
19
Leite, Livia. O quadro de oposição e o conteúdo existencial <http://liuleite.blogspot.com.br/2012/08/o-
quadro-de-oposicao-e-o-conteudo.html>. Acesso em: 23 jun. 2015.
16
Se quisermos falar que essa classe está vazia, então vamos sombrear seu
conteúdo e usar o símbolo C=0.
C=0
Se quisermos falar que essa classe não está vazia, então vamos colocar um X
dentro do circulo e usar o símbolo C≠0.
Porém para representar uma proposição categórica típica são necessários dois
círculos em vez de um.
Aplicando os símbolos destas classes podemos perceber como a diagramação
torna-se evidente.
17
Nesta figura está representada as quatro proposições categóricas típicas; SP é o
símbolo da proposição todo S é P, já o símbolo SP representa a proposição todo S é
não-P, sendo assim SP é o mesmo que todo P é não-S e por fim o símbolo SP representa
aquilo que está fora das duas classes.
Com base nisto os filósofos diagramaram as proposições da seguinte forma:
A) Todo S é P, SP=0.
E) Nenhum S é P, SP=0.
I) Algum S é P, SP≠0.
O) Algum S não é P, SP≠0.
18
A primeira premissa terá um termo maior e um termo médio. A segunda
premissa vai ter um termo menor e um termo médio e a conclusão terá o termo maior e
o termo menor.
1. Todos os políticos são mentirosos.
↓ ↓
Termo maior termo médio
2. Alguns palhaços são mentirosos.
↓ ↓
Termo menor termo médio
3. Logo, Alguns palhaços são políticos.
↓ ↓
Termo memor. Termo maior
Como vimos, o silogismo tem três proposições que se relacionam, ou seja, as
premissas relacionam-se com a conclusão; neste silogismo três proposições sendo a
primeira de tipo A e as outras duas de tipo I com base nisto poderíamos representar este
silogismo com o seguinte símbolo AII.
Os filósofos aproveitaram estes termos e definiram a cada um deles com uma
letra aqui vamos usar as letras S, P e M e vamos chamar o termo maior de P, o termo
menor de S e o termo médio de M com isso os filósofos formularam um esqueleto para
silogismo utilizado.
P – M
S – M
S – P
Só que ao fazerem isto eles perceberam que um mesmo silogismo poderia ser
descrito de quatro formas diferentes sendo elas:
1°) M – P 2°) P – M 3°) M – P 4°) P – M
S – M S – M M – S M – S
S – P S – P S – P S – P
Qualquer silogismo pode ser descrito de quarto formas distinta e com isso
percebeu-se um grande número de silogismos possíveis, porém nem todos são
verdadeiros.
Do ponto de vista da lógica a forma de um silogismo é o seu aspecto mais
importante, pois é por meio dele que os filósofos irão averiguar a validade ou a
invalidade de um silogismo independente do termo abordado.
19
Os filósofos fazendo uma analise das inúmeras formas de silogismo perceberam
que qualquer silogismo que possuam a estrutura AAA1 é sempre válido independente
do tema abordado.
Todo M é P
Forma AAA1 Todo S é M
Todo S é P
Se trocarmos as letras por palavras teríamos um argumento válido, vamos trocar
a letra ―M‖ pela palavra ―virtude‖, a letra ―P‖ pela palavra ―boa‖ e a letra ―S‖ pela
palavra ―justiça‖ e vamos ter o seguinte silogismo:
Toda virtude é boa.
Toda justiça é virtude.
Logo, toda justiça é boa.
Todas as outras formas de silogismo devem ser verificadas, pois quando um
silogismo tem as suas premissas verdadeiras e a conclusão é verdadeira o silogismo é
válido, e tendo as suas premissas e a conclusão falsa o silogismo é invalido.
No século XIX um inglês chamado John Venn analisando o esquema feito pelos
o termo maior P, o termo menor S e o termo médio M, notou que era possível diagramar
tais termos e assim analisarmos com mais facilidade o silogismo só que em vez de
utilizar dois círculos como na diagramação anterior vamos usar três círculos desta
forma:
E cada circulo designara um dos termos sendo eles P, M e S depois dos círculos
prontos vamos preencher cada parte do diagrama com os símbolos correspondente a
cada parte.
20
Assim podemos representar as classes de maneira que facilite a compreensão de
cada classe ou proposição, como vamos ver no diagrama será representado às oito
classes sendo elas: SPM, SPM, SPM, SPM, SPM, SPM, SPM e SPM.
Se prestarmos atenção neste diagrama é fácil notar que podemos representar
qualquer proposição, e quisermos representar a proposição ―todo S é M‖, teremos que
sombrear a classe que não está contida no circulo M e o diagrama ficará desta forma:
A vantagem de utilizar três círculos é que nos permite averiguar duas
proposições em um único diagrama vamos analisar as proposições todo M é P e todo S
é M e vamos ver como ficará nosso diagrama.
21
Nós marcamos as seguintes proposições:
Todo M é P
Todo S é M
Todo S é P
A partir deste diagrama podemos dizer que a estrutura deste silogismo é AAA1,
isto é, o silogismo é válido.
Agora vamos diagramar o seguinte silogismo:
Todos os cães são mamíferos.
Todos os macacos são mamíferos.
Logo, todos os cães são macacos.
Assim como no diagrama anterior sombreamos as premissas, vamos aqui
também sombrear as premissas.
Neste diagrama que acabamos de analisar notamos que a estrutura deste
silogismo é AAA2, e notamos também que segundo o diagrama a conclusão afirma
mais coisa do que é dito pelas premissas e por isso o silogismo é invalido.
Agora vamos diagramar um silogismo que é composto por premissas
particulares.
Todos os reformadores são idealistas.
Alguns reformadores são fascistas.
Logo, alguns fascistas são idealistas.
Neste caso vamos sombrear primeiro a premissa universal (eu aconselho que se
faça assim porque fica mais fácil para entender o diagrama), depois marque o x que
representa a premissa particular.
22
Assim encontramos um silogismo com a estrutura AII3 e que é valido.
Vamos ver mais um silogismo que estrutura-se com premissas particulares.
Todos os peixes são bons nadadores.
Alguns bombeiros são bons nadadores.
Logo, alguns bombeiros são peixes.
Indução
Agora vamos conhecer alguns métodos de indução ou o método de Mill, mas
antes de falarmos dos métodos propriamente ditos vamos entender o que é a causa de
algo.
―Causalidade é o início ou a origem de alguma coisa. o conceito é usado para
nomear a relação entre uma causa e seu efeito e pode ser usado no campo da
física, estatística e filosofia. Física diz que qualquer evento é causado por
outro ex., Portanto, se o estado atual de algo é conhecido com precisão, é
possível prever o seu futuro. Esta posição, conhecida como determinismo, foi
tingida com o avanço da ciência. De acordo com o princípio da causalidade,
todos os efeitos, sempre tem uma causa. O princípio da uniformidade
acrescenta que, em circunstâncias idênticas, uma causa sempre produz o
mesmo efeito. Filosofia, nexo de causalidade é a lei em virtude do qual são
gerados efeitos. Filósofos considerou que qualquer evento é originado por
uma causa e ponto três condições para uma qualquer a causa de um efeito b:
deve acontecer antes que B, sempre que isso acontece tem que acontecer B e
A e B devem ser próximos no tempo e no espaço. Estatísticas, por sua vez,
defende que a causalidade é uma relação de necessidade de co-ocorrência de
duas variáveis. a noção de causalidade também está presente na sabedoria ou
conhecimento informal. Vários ditos espalhar essa idéia, como "você vai
colher sua lotação" ou "quem semeia ventos pegar tempestades‖. Estas frases
23
não estão ligadas a fatos científicos ou factuais, têm seu valor na crença de
que o comportamento das pessoas tem inevitavelmente consequências.‖20
A causa pode ser necessária ou suficiente à causa necessária é aquilo que é
necessário para que aconteça um determinado evento ou fenômeno, já a suficiente
ocorre quando só se precisa dela para ocorre o evento, por exemplo, para alguém ser
solteiro basta não ter casado, ou seja, a causa de não ser casado é suficiente para alguém
ser solteiro.
Para que ocorra um evento é necessário que haja um ou mais fenômenos para
que possamos conhecer os seus efeitos.
Caso 1 do fenômeno B é acompanhado da circunstancia G;
Caso 2 do fenômeno B é acompanhado da circunstancia G;
Caso 3 do fenômeno B é acompanhado da circunstancia G;
Caso 4 do fenômeno B é acompanhado da circunstancia G;
Portanto todos os casos do fenômeno B são acompanhados pelas circunstancias
G, e indução neste caso é feita por simples enumeração, ―as induções por simples
enumeração são frequentes e, muitas vezes, valiosas e sugestivas‖ (Copi p. 335) e fácil
de ser encontrados este esquema no dia-a-dia.
Porém este método ou esquemas passou a receber diversas críticas dizendo que
há uma inseparabilidade entre pressupostos teóricos e observações. Eles também só
podem ser aplicados de modo eficiente quando os fatos investigados podem ser
analisados e examinados sob suficientes e variadas condições; porém, esses pré-
requisitos nem sempre podem ser satisfeitos. Nesses casos, é impossível ter certeza das
conexões entre os fenômenos e as consequências deste fenômeno como no método
apresentado.
Mediante a tal criticas a ao método de indução clássico levaram o filosofo
britânico Sir Francis Bacon a estipular outros tipos de procedimento indutivo, porém o
método de indução que foi aceito foi proposto por outro britânico chamado John Stuart
Mill, o método proposto por este britânico passou a ser chamado como métodos de Mill
de inferência dedutiva.
―Os Métodos de Mill são cinco métodos indutivos de investigação
experimental: método direto da concordância, método da diferença, método
da junção entre concordância e diferença, método dos resíduos e método das
variações concomitantes. Esses são os métodos mais simples de indução. O
20
<http://edukavita.blogspot.com.br/2013/04/causalidadedefinicaoconceito.html#sthash.1fTJVW0P.dpufjf
diuudhf>. Acesso em: 23 jun.2015
24
princípio sob esses métodos é que, assumindo que os eventos não são apenas
questão de chance, mas são o resultado de condições operantes, examina-se
os instantes do fenômeno nos quais se está interessado, sob circunstâncias
suficientemente variadas. Isso nos permite detectar o que não pode ser
removido ou alterado sem remover ou alterar o fenômeno em questão‖.21
1. Método de concordância:
"Se dois ou mais casos de um fenômeno sob investigação tem somente uma circunstância
em comum, a circunstância, em que todos os casos concordam, é a causa (ou efeito) do
fenômeno dado." (Cf. Copi. P. 337).
Para uma propriedade ser uma condição necessária, ela deve estar sempre presente
quando o efeito estiver presente. Obviamente, qualquer propriedade não presente
quando o efeito é presente, não pode ser uma condição necessária ao efeito.
Simbolicamente, o método da concordância pode ser representado como:
A B C D ocorrem junto com w x y z
A E F G ocorrem junto com w t u v
——————————————————
Consequentemente A é a causa de w.
2. método de diferença:
"Se um caso ocorre em um fenômeno investigado e não ocorre em uma outra, e as duas
circunstâncias têm todas as circunstâncias em comum exceto uma, e a circunstância que
está presente na primeira e não na segunda, a tal circunstância é o efeito, a causa, ou
uma parte indispensável da causa do fenômeno." (Cf. Copi. P. 340).
Se um conjunto de circunstâncias leva a um dado fenômeno, e outro conjunto de
circunstâncias não leva, e os dois conjuntos diferem em apenas um fator, que é presente
no primeiro conjunto, mas não no segundo, então o fenômeno pode ser atribuído a este
fator.
Simbolicamente, o Método da diferença pode ser representado como:
A B C D ocorrem junto com w x y z
B C D ocorrem junto com x y z
——————————————————
Consequentemente A é a causa, ou o efeito, ou uma parte da causa de w.
3. O método conjunto de concordância e de diferença:
"Se duas ou mais instâncias onde um fenômeno ocorre tem somente
uma circunstância em comum, enquanto em duas ou mais outras instâncias
onde o fenômeno não ocorre não têm nada em comum exceto a falta daquela
circunstância, a circunstância na qual as instâncias diferem, é o efeito, ou a
21
< https://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_cient%C3%ADfica>. Acesso em: 23 jun.2015
25
causa, ou necessariamente parte da causa do fenômeno."22
Também chamado simplesmente de "método da junção", este princípio
simplesmente representa a aplicação dos métodos da concordância e da diferença.
Simbolicamente, o Método da junção entre concordância e diferença pode ser
representado como:
A B C ocorrem juntos com x y z
A D E ocorrem juntos com x t w e também B C ocorrem com y z
——————————————————
Consequentemente A é a causa, ou o efeito, ou parte da causa de x.
4. Método de resíduos:
"Reduzindo-se de um fenômeno a partes previamente conhecida como sendo efeitos de
certos antecedentes, os resíduos do fenômeno são os efeitos dos antecedentes restantes.‖
(Copi. p. 348).
Se um conjunto de fatores são conhecidos como as causas de um conjunto de
fenômenos, e todos os fatores, exceto um, estão associados a todos os fenômenos,
exceto um, então o remanescente pode ser atribuído ao fator remanescente.
Simbolicamente, o Método dos resíduos pode ser representado como:
A B C ocorrem juntos com x y z
B é conhecido como a causa de y
C é conhecido como a causa de z
——————————————————
Consequentemente A é a causa de x.
5. O método de variação concomitante:
"É um fenômeno varia de qualquer jeito sempre que outro fenômeno varia, de sua
maneira específica, é umas causa ou efeito em particular, as variações são causa ou
efeito uma da outra, atrás de um fato de causalidade.‖ (Copi. p. 353).
Se um conjunto de circunstâncias leva a um fenômeno e alguma propriedade do
fenômeno varia juntamente com algum fator existente nas circunstâncias, então o
fenômeno pode ser atribuído a este fator. Por exemplo, suponha que várias amostras de
água, contendo sal e chumbo, são verificadas que são tóxicas. Se o nível de toxicidade
varia em conjunto com o nível de chumbo, pode-se atribuir a toxicidade à presença do
chumbo.
Simbolicamente, o Método das variações concomitantes pode ser representado como
(com ↑ representando um aumento):
A B C ocorrem junto com x y z
22
< https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todos_de_Mill >. Acessado em 23jun. 2015
26
A↑ B C resulta em x↑ y z.
—————————————————————
Consequentemente A e x são conectadas.
Falácias e suas regras
Vamos apresentar aqui seis regras para combater uma falácia
1. A primeira falácia que vamos mostra aqui é uma falácia de quatro termos.
Os homens são essencialmente livres.
As mulheres não são homens.
Logo, As mulheres não são livres.
*repare que na premissa maior o termo homem é usado tanto para falar que todo ser
humano é livre, quanto para falar que todo individua do gênero masculino é livre.
Agora vamos ver a regra para combater este tipo de falácia
Um silogismo categórico valido deve conter exatamente três termos, cada um dos quais
deve ser usado no mesmo sentido durante todo o raciocínio ou argumento.
2. A segunda falácia que vamos mostra aqui é a falácia do termo médio não distribuído
Todos os estudantes carregam mochilas.
Meu avô carrega uma mochila.
Portanto, meu avô é um estudante.
O termo médio é aquele que aparece em ambas às premissas – nesse caso, é a classe dos
carregadores de mochila. Não está distribuído porque nenhum de seus usos aplica-se a
todos os carregadores de mochila. Portanto, não pode ser usado para interligar
"estudantes" e "meu avô" – ambos poderiam ser divisões separadas e desconectadas da
classe dos carregadores de mochila. Perceba abaixo como "carrega uma mochila" é de
fato não distribuído:
Avô é alguém que carrega uma mochila; estudante é alguém que carrega uma
mochila.
A estrutura desse exemplo resulta especificamente em afirmar o consequente.
No entanto, se as duas últimas proposições fossem trocadas, o silogismo se tornaria
válido:
Todos os estudantes carregam mochilas.
Meu avô é um estudante.
Portanto, meu avô carrega uma mochila.
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Agora vamos ver a regra para combater este tipo de falácia
Num silogismo categórico válido de forma típica, o termo medio deve estar distribuído
em, pelo menos, uma das premissas.
3. A terceira falácia que vamos mostra aqui é a falácia do Ilícito maior
Todos os cães são mamíferos
Nenhum gato é cão.
Logo, nenhum gato é mamífero.
Como podemos ver a conclusao afirma algo que não foi dito pelas premissas.
Agora vamos ver a regra para combater este tipo de falácia
Num silogismo categórico válido de forma típica, não pode haver na conclusão qualquer
termo distribuído que não esteja evidenciado pelas premissas.
As próximas regras dizem respeito às premissas negativas por este motivo só vamos
apresenta-las, pois elas se relacionam entre si.
1. Nenhum silogismo categórico de forma típica que tenha duas premissas negativas é
valido
2. Se uma ou outra das premissas de um silogismo categórico válido de forma típica é
negativa, a conclusão deve ser negativa.
3. Nenhum silogismo categórico válido de forma típica com uma conclusão particular
pode ter duas premissas universais.
Falácias de Relevância
Comum a todos os raciocínios que cometem falácias de relevância é a circunstância de
suas premissas serem logicamente irrelevantes para as suas conclusões e, portanto,
serem incapazes de estabelecer a verdade dessas conclusões. A irrelevância é, aqui,
lógica e não psicológica, naturalmente, pois se não houvesse alguma conexão
psicológica, tampouco haveria qualquer efeito persuasivo ou de aparente correção.
Como conseguem ser persuasivos, apesar da incorreção lógica, explicam-se, em alguns
casos, pela sua função expressiva, destinada a provocar atitudes suscetíveis de causar a
aceitação das conclusões que instigam, em vez de fornecerem as provas que evidenciem
a verdade dessas conclusões. ( Copi, p. 74).
1. Argumentum ad baculum (recurso à força). O Argumentum ad baculum é a falácia
que se comete, quando se apela para a força ou ameaça de força para provocar a
aceitação de uma conclusão. Usualmente, só se ocorre a ela quando as provas ou
argumentos racionais fracassam. O ad baculum resume-se no aforismo: ―A força gera o
direito‖. O uso e a ameaça dos métodos de ―mão dura‖, para vergarem os adversários
políticos, fornecem exemplos contemporâneos dessa falácia. O recurso a métodos não-
racionais de intimidação pode ser, naturalmente, mais sutil do que o uso aberto ou
ameaça de campos de concentração ou ―tropas de choque‖.
2. Argumentum ad hominem (ofensivo). A frase Argumentum ad hominem é
literalmente traduzida como ―argumento dirigido contra o homem‖. É suscetível de duas
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interpretações: a primeira interpretação dessa falácia como a variedade ―ofensiva‖. É
cometida quando, em vez de tentar refutar a verdade do que se afirma, ataca o homem
que faz a afirmação.
A segunda interpretação é circunstancial onde se ignora totalmente as questões relativas
à verdade ou a falsidade de um argumento, por exemplo, quando alguém fala que a
missa é apenas um teatro para um sacerdote é vai tentar convencer o outro por sua
convicção religiosa ou por causa de sua circunstância, não dando valor ao que é dito
pelo outro.
3. Argumentum ad ignorantiam (argumento pela ignorância). A falácia Argumentum ad
ignorantiam é cometida sempre que uma proposição é sustentada como verdadeira na
base, simplesmente porque não foi provada sua falsidade, ou como, falsa por que não
demostrou ser verdadeira.
4. Argumentum ad misericordiam (apelo à piedade). O Argumentum ad misericordiam é
a falácia que se comete, quando se apela para a piedade ou a compaixão para conseguir
que uma determinada conclusão seja aceita. Este argumento encontra-se, com
frequência nos tribunais de justiça, quando um advogado de defesa põe de lado os fatos
pertinentes ao caso e trata de ganhar a absolvição do seu constituinte, despertando a
piedade nos membros do júri.
5. Argumentum ad populum. O Argumentum ad populum define-se, algumas vezes,
como sendo as falácias que se cometem ao dirigir um apelo emocional ―ao povo‖ para
conquistar a sua anuência a uma conclusão que não é sustentada por boas provas. Por
exemplo, todo favelado é traficante afinal a voz do povo é a voz de Deus.
6. Argumentum ad verecundiam (apelo à autoridade). O Argumentum ad verecundiam é
o recurso à autoridade, isto é ao sentimento de respeito que as pessoas alimentam pelos
indivíduos famosos para dar força à ao seu argumento e veracidade a uma determinada
conclusão, essa falácia acontece quando se recorre a uma autoridade para dar
testemunhar em questões que estão fora da sua especialidade, o apelo comete a falácia
do Argumentum ad verecundiam.
7. Acidente. A falácia de acidente consiste em aplicar uma regra geral a um caso
particular, cujas circunstâncias ―acidentais‖ tornam a regra inaplicável, por exemplo,‖ O
que você comprou ontem, comerá hoje; você ontem comprou carne crua, portanto,
comerá hoje carne crua‖ neste argumento a premissa ―O que você comprou ontem,
comerá hoje‖, aplica-se sobre a substância do produto que foi comprado e não ao
acidente do produto que foi comprado (condição em que o produto foi comprado).
8. Acidente convertido (generalização da causa). Ao procura compreender e caracterizar
todos os casos de um certo tipo, uma pessoa pode, usualmente, presta apenas atenção a
um deles e, se o considerarem apenas os casos excepcionais e, precipitadamente, deles
generalizar um regra que só se ajusta nestes casos, comete-se a falácia por acidente
convertido; por exemplo, uma pessoa vendo o beneficio de certas drogas ministrado
pelo medico para aliviar a dor de alguém que está doente, se deixa levar e propõe que
tais drogas deverias ser postas a disposição de todos.
9. Falsa causa.
Afirma que, apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.
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Ex.: Nota-se uma maior frequência de erros de português em sala de aula desde o início
das redes sociais e o uso de internet. O advento das redes sociais vem degenerando o
uso do português correto.
10. Petitio principii (petição de princípio). Ao tentar estabelecer a verdade de uma
proposição, uma pessoa põe-se muitas vezes, à procura de premissas aceitáveis donde a
proposição em questão em questão possa ser deduzida como conclusão. Se for adotada
como premissa para o seu argumento, a própria conclusão que a pessoa tem a intenção
de provar, comete-se a falácia de petitio principii (petição de princípio).
11. Pergunta complexa. Esta falácia consiste em uma ponta de comicidade em perguntas
como ―você abandonou os seus maus hábitos?‖ ou ―você deixou de bater na sua
esposa?‖ ou ainda ―a igreja ainda é contra o evolucionismo?‖ não se tratam de perguntas
simples que se possa responder com um simples ―sim‖ ou ―não‖, pois as perguntas deste
gênero pressupõem que já foi dada uma resposta a uma pergunta anterior, que não foi
formulada e nem feita ao ouvinte. Pois a primeira pergunta ―você abandonou os seus
maus hábitos?‖ pressupõe que a resposta ―sim‖ foi dada a pergunta anterior (não
formulada) que seria ―você já teve algum mal habito?‖, a segunda pergunta ―você
deixou de bater na sua esposa?‖ pressupõe que a resposta ―sim‖ foi dada a pergunta
anterior (não formulada) que seria ―você já bateu alguma vez na sua esposa?‖, na
terceira pergunta ―a igreja ainda é contra o evolucionismo?‖ pressupõe que a resposta
―sim‖ foi dada a pergunta anterior (não formulada) que seria ―a igreja alguma vez já foi
contra o evolucionismo‖?
12. Agnoratio elenchi (conclusão irrelevante). A falácia de Agnoratio elenchi é
cometida, quando um argumento que pretende estabelecer uma determinada conclusão é
dirigido para provar uma concussão diferente, por exemplo: vamos corta os gatos com a
medicina por que todos tem direito a educação
Falácias de Ambiguidade
1- EQUÍVOCO.
Interpretar de forma diferente palavras com mais de um significado literal.
Exemplo:
O fim de um projeto é a sua perfeição
A morte é o fim da vida
Logo, a morte é a perfeição da vida.
2- ANFIBOLOGIA.
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Argumentar com premissas cujas construções gramaticais são ambíguas.
Exemplo 1:
Aquele casal está brigando por causa do filho.
Exemplo 2:
Sou brasileiro, mas só bebo vinho nacional quando estou em Paris.
3- ÊNFASE.
Alterar o significado de um argumento através da mudança na ênfase de algumas
palavras que o compõem.
Exemplo:
Ênfase1: Os deputados devem parar de roubar o povo.
Ênfase 2: Os deputados devem parar de roubar o povo.
Na ênfase 1 é insinuado que os deputados não devem parar todas as suas atividades,
mas apenas a atividade de roubar o povo.
Na ênfase 2 é insinuado que os deputados podem continuar roubando mas não mais o
povo.
4- COMPOSIÇÂO.
Utilizar propriedades ou definições de parte de um todo para definir ou identificar o
próprio todo.
Exemplo 1:
Um partido sem um político famoso também não é famoso.
Exemplo 2:
Uma criança pobre precisa de mais atenção do governo. Então o governo deve gastar
com todas as crianças pobres mais do que gasta com as outras.
5- DIVISÃO.
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Inverso da falácia de composição: Utilizar propriedades ou definições de um todo para
definir ou identificar parte daquele todo.
Exemplo 1:
É fácil se encontrar cães nas ruas
Os dobermanns são cães
Logo, é fácil se encontrar dobermanns nas ruas.
Exemplo 2:
O governo não tem recursos para reajustar os salários daqueles que recebem dos cofres
públicos.
Os políticos recebem dos cofres públicos.
Logo, o governo não tem dinheiro para reajustar os salários dos políticos.