Post on 18-Apr-2015
LÉON WALRAS (1834-1910)
Nascido em Evreux, França
Estudou no Liceu de Douai, formando-se “bacharel das letras” (1851) e “bacharel das ciências” (1853)
Abandona o curso de engenharia da Escola de Minas de Paris
Escreveu um romance, “Francis Sauveur” (1858)
Atuou como jornalista no “Jornal dos Economistas” e no “A Imprensa”
Foi diretor de um banco cooperativo até 1868, quando a instituição vai à falência
Douai
Evreux
Convidado para ser professor em 1870, inicia sua carreira acadêmica com 36 anos na Universidade de Lausanne
Aposenta-se em 1892 com 58 anos, depois de várias crises de exaustão mental e irritação, que faziam do gênio do
equilíbrio geral um péssimo professor
Continua seu trabalho teórico, revisando sua grande obra “Elementos de Economia Política Pura” até 1900. A última
edição é de 1898
Faleceu com 75 anos em 1910
Lausanne
Universidade de Lausanne
Fundada em 1537
Mais um pouco sobre suas influências:
O pai, Auguste Walras, professor secundário e economista amador aparentemente foi uma grande influência
Não foi um grande teórico, mas apresentou para Léon livros como o de Cournot (1838). E encorajou o criador do
equilíbrio geral a compreender a economia através da matemática
Auguste também influenciou o filho com sua filosofia social, dentro da qual havia a ideia da nacionalização das terras
Tratava a utilidade como a rareté de Galiani, sendo partidário da adoção de uma teoria do valor no sentido do economista
italiano
Certamente Cournot foi uma de suas grandes influências
Walras critica o conceito de demanda de Cournot, segundo o qual as quantidades eram afetadas somente pelos preços
dos próprios bens
Prenunciando seu sistema de equilíbrio geral, Walras dizia que a demanda de Cournot só vale quando há um único bem no
mercado
Outra influência de Walras é Quesnay, que mostrou em 1759 a interdependência entre os diferentes setores da economia
Turgot, outro fisiocrata, teria sugerido que havia um equilíbrio entre as diversas partes da economia mostradas
interdependentes por Quesnay
Duas influências fundamentais:
“Tratado das Riquezas” (1781) de A. N. Isnard (1748-1803)
Nesse tratado, Isnard estava interessado em determinar preços de equilíbrio em um sistema de equações
simultâneas, mostrando a dependência dos preços das mercadorias em relação aos preços de outras mercadorias
Isnard notava a necessidade de se ter o mesmo número de equações e bens para que os sistema tivesse solução
O precursor francês de Walras também notava que a ficção de um bem numerário ajudava a obter uma solução teórica
para o sistema
Antecipando o tratamento walrasiano da produção, Isnard assumia proporções fixas de insumos na produção de cada
bem
Gabriel Cramer (1704-1752)
Matemático suíço de Genebra
Publicou “Introdução à Análise das Linhas Curvas Algébricas” (1750)
Mostra a solução de sistemas de equações lineares
Outra influência de Walras foi “Elementos de Estatística” (1803), de Louis Poinsot (1777-1859)
Poinsot sugere um sistema geral de variáveis físicas mecânicas em cada objeto alcançaria um equilíbrio em relação a sua posição relativa e quanto à sua trajetória
A influência dos sistemas físicos é decisiva para a Revolução Marginalista, especialmente para Walras e Jevons
Louis Poinsot
O Sistema de Equilíbrio Geral de Walras(essa parte da exposição está baseada em Roger Backhouse)
O status da concorrência perfeita em Walras: “...um primeiro passo para descrever o mundo real”
Walras, ao justificar o estudo da concorrência pefeita, colocava a questão: “Que físico escolheria um dia nublado para
observar as estrelas?”
Tanto Walras como Jevons acreditavam que a economia poderia ser estudada como a física
Objetivo do sistema de equilíbrio geral: mostrar como se fixam (ou como surgem) os preços em um regime de
concorrência perfeita
Objetivo subjacente (de filosofia social): demonstrar que o regime de concorrência perfeita implica em justiça
comutativa
A filosofia do direito natural que Auguste Walras defendia dividia-se em duas partes; (1) Justiça Distributiva e (2)
Justiça Comutativa
A Justiça Distributiva diz respeito à distribuição da riqueza de uma sociedade entre as pessoas
A Justiça Comutativa toca na justeza das trocas. Exige-se que os bens tenham os mesmos preços para diferentes tempos e
regiões, e que seus preços sejam iguais aos seus custos de produção
Lembra do justo preço de São Tomás de Aquino?
São Tomás de Aquino (c. 1225-1274)
O Sistema Walrasiano de Equilíbrio Geral em 4 Partes
(1) O Equilíbrio no Intercâmbio de Mercadorias e seus Preços
(2) A Produção e os Preços dos Fatores
(3) As Taxas de Juros e os Preços dos Bens de Capital Fixos
(4) A Condição de Máxima Satisfação
1) O Equilíbrio no Intercâmbio de Mercadorias e seus Preços
Walras utiliza o conceito de utilidade marginal para obter a demanda pelos vários bens e serviços em um sistema de
equilíbrio geral
A utilidade marginal de um bem para cada consumidor depende de sua valorização subjetiva de determinado bem
e da raridade desse bem (da oferta)
Qual é preço de intercâmbio de um bem?
É o preço que iguala as utilidades marginais dos consumidores
Um exemplo: imagine uma economia com dois consumidores e um bem
Qual é o preço de equilíbrio?
É o preço que iguala as utilidades marginais atribuídas pelos dois consumidores às quantidades dos bens, que por sua
vez são definidas pelos preços
)(
)(
pxx
xUU
ii
iii
Sejam:
*pp Então:
Quando:
21 UMgUMg Imaginemos a prova pelas
desigualdades
Em Walras, o preço de equilíbrio é encontrado em cada mercado pelo processo de “tateamento” (um processo de tentativa e erro)
Se há excesso de demanda, então os preços sobem. Se há excesso de oferta, os preços caem
A metáfora do processo de tateamento:
Imagine um leiloeiro (o leiloeiro walrasiano), que dita preços em um determinado mercado. Ao ditar esses preços os consumidores dizem quanto da mercadoria comprariam a esse preço. Ao mesmo tempo, os produtores diriam quanto seria produzido do bem em questão a
esse preço. O equilíbrio é alcançado quando a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada àquele determinado preço
2) A Produção e o Preço dos Fatores
O elemento que liga os mercados de bens e serviços finais ao mercado de fatores de produção é o empresário
A conexão entre esses mercado é bastante simples: o empresários recebem o sinal do mercado via preços, dados
os preços determinados nos mercados de bens e serviços (finais), determinam-se as demandas de fatores de
produção
Dada a demanda pelos fatores de produção, os preços desses fatores são determinados na intersecção da demanda, por
parte dos empresários, e da oferta (regulada pelos proprietários de fatores e pela raridade do fator em
questão)
O processo de tateamento que ocorre no mercado de bens e serviços finais também ocorre nos mercados de fatores
Demandas dos
consumidores
Mercado de bens e
serviços finais
EmpresáriosDemanda
pelos fatores de produção
Mercado de fatores de produção
Proprietários dos fatores
de produção
O equilíbrio ocorre quando:
(1)Ofertas e Demandas são iguais em todos os mercados;
(2)Os preços dos bens e serviços são iguais aos seus custos de produção.
3) As Taxas de Juros e os Bens de Capital Fixo
As taxas de juros (ou de retorno) sobre os ativos resulta da determinação de sua demanda no mercado
A maior parte dos bens de capital fixo é reproduzível, e os ofertantes aumentam a oferta desses ativos de acordo com a
demanda por parte dos empresários
A taxa de retorno é:
Taxa de retorno = renda bruta do ativo – depreciação – prêmio de seguro
A terra é um ativo não reproduzível, portanto seu preço pode aumentar indefinidamente caso a demanda por este ativo
específico aumente
Isso dá uma vantagem muito grande aos proprietários de terra
4) A Condição de Máxima Satisfação:
Relembre: o que Walras buscava com o equilíbrio geral era um sistema ideal de justiça comutativa em competição perfeita
Uma nota importante: a justiça comutativa obtida no sistema de equilíbrio geral é no sentido da eficiência do uso dos
recursos disponíveis para uma sociedade
Dados os recursos, o equilíbrio geral é uma distribuição justa no sentido comutativo e eficiente
Mas isso não significa que uma redistribuição de riquezas seja injusta, ou mesmo diminua o bem-estar
Na verdade, o critério de justiça comutativa é uma das faces da justiça econômica. A outra é a distributiva
UM POUCO DA FRANÇA DA ÉPOCA DE WALRAS
O Impressionismo (c. 1870-1890)
De Claude Monet, “Impressão, o Sol Nascente (1872)”
A Filosofia Social de Léon Walras
O sentido do liberalismo walrasiano é bastante específico dentro da sua filosofia social
Não era nem um coletivista, tampouco um individualista radical. Sua filosofia social sustentava que deveria haver:
“igualdade de condições e desigualdade de posições”
Para que a posição de desigualdade (riqueza) de alguns seja justa, duas condições devem ser cumpridas: (1) todos
devem partir de uma igualdade de condições para se obter riqueza e (2) na obtenção da desigualdade não se deve
interferir com os direitos dos demais
A Justiça Comutativa obtida através da livre concorrência e nas condições de equilíbrio descritas no sistema de
equilíbrio geral é parte da Justiça Distributiva
Entretanto, Walras considerava extremamente complicado obter na realidade todas as condições para que houvesse
um sistema de equilíbrio geral competitivo como o descrito na teoria pura.
Para Walras, o sistema de livre concorrência requer a intervenção do Estado
O economista francês considerava o Estado necessário em vários aspectos da vida econômica:
No caso dos monopólios naturais. O Estado precisa garantir que os bens produzidos nessa estrutura de mercado sejam
vendidos ao preço de custo. O capital aplicado em um monopólio natural deve render o mesmo que os capitais aplicados em atividades sujeitas à concorrência irrestrita
Nos casos em que os consumidores podem ser enganados. A propaganda e as atividades especulativas das bolsas de
valores devem ser reguladas.
De Pierre-Auguste Renoir, “Baile da Moulin da Galette (1876)
Walras também defendia a provisão estatal de bens públicos. Defesa, justiça, incluía o bem meritório da educação e as comunicações
(sistema de correios)
No que diz respeito à cunhagem de moeda, advogava o monopólio estatal. Isso porque considerava o controle de preços um função primordial do
Estado, essencial para garantir o regime de concorrência perfeita
No que tange aos impostos, achava que o imposto de renda era injusto, pois seriam um subtração da propriedade dos indivíduos. Assim como Henry George nos EUA, propugnava um único imposto sobre o uso da
terra (ativo não reproduzível).
Defendia, em última instância, a nacionalização das terras
Henry George (1839-1897)
Norte-americano da Filadélfia
Escritor e economista “popular”
Autor de “Progresso e Pobreza” (1879)
De Camille Pissarro, “A Geada”, (1873)
O MUNDO VITORIANO DE STANLEY JEVONS
A Era Vitoriana:
O período histórico rotulado como a Era Vitoriana estende-se desde o
ano de 1837 até 1901 (reinado da Rainha Vitória na Inglaterra)
Durante o período, indubitavelmente a Grã-Bretanha era a grande
potência mundial
A segunda metade da Era Vitoriana coincide com a Belle Époque na
história da Europa continental, com a Gilded Age norte-americana e
com o II Reinado no Brasil
Rainha Vitória, nascida Alexandrina Vitória (1819-1901)
Detentora do maior reinado britânico (63 anos)
“HUGO”
Martin Scorcese 2012
Steam Man 1868
Electric Man 1885
A Imaginação Vitoriana
Charles Babbage (1791-1871)
Inglês de Devonshire
Matemático e Inventor de Máquinas Computacionais
Máquina Diferencial 1822 (inconclusa)
Máquina Analítica 1878 (construída de acordo com as
descrições de Babbage)
A VIDA DE STANLEY JEVONS
Nasceu em Liverpool, em 1835
Filho de um rico mercador de ferro, acaba sendo um jovem de classe média em razão da quebra da firma
de seu pai em 1848
Estudou no Liverpool Mechanics Institute e depois, por causa de sua religião Unitarista, só foi aceito no
University College London
Estudou Química, Matemática e Lógica no UCL
Na UCL teve aulas com Augustus De Morgan, famoso matemático e lógico
Com dificuldades financeiras, aceita um emprego na Casa da Moeda australiana
Lá estudou a flora e a fauna do lugar e tornou-se um meteorólogo de razoável fama. Escreveu artigos
importantes e conduziu pesquisas famosas sobre meteorologia
Retorna para a Inglaterra só em 1859
Forma-se na UCL em 1859 e termina o mestrado em Lógica, Filosofia e Economia em 1862
Escreveu em 1863 um livro famoso de lógica: “Pure Logic”. E, em 1865, lança “The Coal Question”, seu
primeiro livro de economia e que o deixa famoso entre os economistas
Morreu afogado enquanto nadava em 1882, aos 47 anos
TEORIAS ECONÔMICAS DE STANLEY JEVONS
Jevons e a Teoria da Utilidade Marginal
O economista britânico foi um grande crítico de Ricardo e de Mill, especialmente no que diz respeito à teoria do valor
trabalho
A primeira conclusão da teoria do valor utilidade é que o valor de troca de um bem (preço) guarda proporcionalidade com
sua utilidade marginal
Contudo, a utilidade marginal é uma medida subjetiva, e não se pode comparar utilidades (satisfações) de pessoas
diferentes
Mas, então, como se obtém os preços de mercado?
Os preços de mercado resultam do fato de que cada indivíduo é capaz de ordenar preferências em relação a diversos bens.
Dadas as ordenações do conjunto dos indivíduos de uma sociedade, pode-se obter preços relativos, através das
demandas em conjunto com as ofertas
Repare: como só conseguimos ordenar preferências, a teoria é uma teoria de preços relativos
A teoria do valor utilidade resolve o problema do “Paradoxo da Água e do Diamante”
Aplicações da Utilidade Marginal em Jevons
QUESTÕES – REVOLUÇÃO MARGINALISTA – BLOCO II (WALRAS E JEVONS)
1. O que são a justiça comutativa e distributiva em Walras? Há alguma relação entre elas? Explique.
2. Qual é o papel do processo de “tateamento” no modelo de equilíbrio geral de Walras?
3. Explique a filosofia social de Walras.4. Como a utilidade marginal resolve o paradoxo da água
e do diamante?5. Explique o que quer dizer a condição de maximização
do consumidor em que
6. Como Jevons aplicou a teoria da utilidade marginal para a questão do trabalho? Explique
7. Quais eram as idéias de Jevons sobre o Estado na economia e as políticas públicas?
n
n
y
y
x
x
P
UMg
P
UMg
P
UMg ...
6. Como Jevons aplicou a teoria da utilidade marginal para a questão do trabalho? Explique
7. Quais eram as idéias de Jevons sobre o Estado na economia e as políticas públicas?