Post on 31-Dec-2018
LOGÍSTICA REVERSA DO ALUMÍNIO
NO PÓLO INDUSTRIAL DO AMAZONAS
Felipe Eugenio Kich Gontijo (UDESC)
gontijo@udesc.br
Marcia Helena Veleda Moita (UFAM)
marciamoita@ufam.edu.br
Alexandre Magno de Paula Dias (UDESC)
alexmpdias@hotmail.com
Este artigo analisa, por meio de um estudo de caso, os fatores
logísticos que contribuíram para que uma empresa de fornecimento de
alumínio reciclado implantasse uma unidade fabril no Pólo Industrial
de Manaus e os benefícios para os seus cclientes, haja vista o alto
investimento necessário para tal implantação. O estudo mostra a
importância da integração dos sistemas de produção entre clientes e
fornecedores, sendo esse um aspecto relevante para o sucesso de uma
aplicação de logística reversa, como também as melhorias na logística
e na redução de custo, possibilitando maior competitividade em um
segmento de grande concorrência.
Palavras-chaves: Logística, Logística Reversa, Cadeia de Suprimentos
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1.Introdução
O Pólo Industrial de Manaus (PIM) é o segundo maior da América Latina e está situado no
centro da Floresta Amazônica, na cidade de Manaus, uma capital moderna e urbanizada com
mais de dois milhões de habitantes e que é o segundo maior pólo industrial da América
Latina. Analisando a região, constata-se que as cidades vizinhas não têm essa mesma
característica de industrialização ou de concentração urbana, o que enfatiza o isolamento do
pólo.
No PIM percebe-se um constante adensamento das cadeias produtivas de determinados
segmentos que buscam parcerias e competitividade. Unidades fabris das principais marcas
mundiais estão instaladas nessa área incentivada, assim como os seus fornecedores mais
importantes, que são na sua maioria, empresas subsidiárias de grandes grupos internacionais,
especializadas no seu ramo de atuação.
O Pólo de Duas Rodas se destaca na região, pela tecnologia de fabricação e de seus produtos,
pelo volume faturado e pela cadeia de fornecedores que se forma para seu suprimento.
Segundo Rodrigues (2001) o parque produtivo brasileiro conta com oito fabricantes nacionais
e estrangeiros do setor. Devidos aos incentivos tornaram os produtos fabricados nessa região
se tornaram mais competitivos do que os de outros estados do País.
Nos últimos dez anos sete empresas internacionais do setor de Duas Rodas instalaram
unidades fabris no PIM, e com isso, vários fabricantes de componentes também se instalaram
para suprir o volume de demanda de materiais, peças e componentes. São fornecedores
qualificados e que tem que estar em consonância com a dinâmica de trabalho e produção que
essas grandes unidades fabris operam.
Toda esta intensa dinâmica industrial contrasta com uma matriz de transporte problemática.
Em grande parte o transporte se dá por via fluvial, sendo as embarcações e operações
portuárias com características próprias de adaptação à região. O transporte rodoviário também
está fortemente presente, assim como no resto do país; mas no caso da região amazônica até
os equipamentos rodoviários tem que se adaptar a realidade de navegação nas grandes
extensões de rios.
Com a natural barreira da Floresta Amazônica e a potencialidade do transporte fluvial nos
seus grandes rios, o planejamento e desenvolvimento de canais logísticos se torna um assunto
estratégico. Por ser um pólo industrial, as cadeias de suprimentos tem que se adaptar às
questões relacionadas à distância, isolamento, geografia, dificuldade e custo de fornecimento.
Evidentemente que com essa crescente dinâmica industrial vem junto o problema de geração
de resíduos industriais; e que com a urbanização necessária para a fixação do pólo industrial
há o problema de geração de resíduos domésticos. Considerando que a área em questão
apresenta uma forte dinâmica industrial e que está cercada pela maior floresta do planeta, com
grande diversidade de fauna e flora, a questão do gerenciamento da geração de resíduos passa
a ser urgente.
Esse artigo apresenta um estudo de caso que trata dos fatores logísticos que levaram uma
empresa de fornecimento de alumínio a implantar uma unidade fabril no PIM, aproveitando a
sucata de alumínio gerada na região, bem como as características dessa empresa e do
segmento em que atua, assim como os principais benefícios aos seus clientes resultantes de
sua implantação. A empresa estudada faz parte de um tradicional grupo que iniciou suas
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operações em Manaus em 2004 e produz liga de alumínio, que é uma importante matéria-
prima para a produção de peças para motocicletas.
2.Objetivos e metodologia de pesquisa
O trabalho pretendido classifica-se como pesquisa exploratória. Segundo Gil (2002), a
pesquisa exploratória “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito”. Ou seja, o tema proposto foi explorado, a fim de
aprofundar os conhecimentos acerca do mesmo.
Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa apresenta-se como estudo de caso, no qual
os assuntos do tema serão abordados dentro de um campo de atuação definido, isto é, a
empresa escolhida. Ainda conforme Gil (2002), o estudo de caso “consiste no estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento”.
O método de abordagem da pesquisa corresponde ao método dedutivo, que, de acordo com
Lakatos e Marconi (1996), “partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a
ocorrência de fenômenos particulares”. Esse método de abordagem estabelece uma conexão
descendente ao raciocínio que conduz a pesquisa, o que corresponde à busca nos fundamentos
teóricos de soluções a serem incorporadas de forma específica na realidade estudada.
A coleta de dados se deu, primeiramente, por meio de pesquisa bibliográfica, a qual permitiu
a compilação das informações disponíveis sobre o tema por já terem sido alvo de estudos
anteriores (dados secundários). Os dados primários, isto é, aqueles que ainda não foram objeto
de estudo ou análise, foram obtidos através de entrevista semi-estruturada, análise documental
e observação direta da realidade organizacional.
A análise das informações coletadas por meio da entrevista e de observação direta foi
realizada através de interpretações qualitativas, as quais permitem a percepção de
semelhanças e divergências entre dados primários e secundários.
3.Logística de Transporte no Amazonas
Uma das características da Matriz de transportes brasileira é a adoção maciça do modal
rodoviário, sendo a região do Amazonas uma exceção, pois deve-se considerar a bacia
hidrográfica do Amazonas como o centro do sistema de transportes na região. Assim o modal
aquaviário é predominante.
Sobre os demais modais, o aéreo tem uma importância estratégia dada a sua rapidez,
considerando que Manaus é uma cidade situada no interior da Amazônia, distando cerca de
1.300 Km da foz do Rio Amazonas. Já o modal rodoviário é precário devido à falta de
investimento em infra-estrutura e ao estado das rodovias, acabando por desempenhar um
papel complementar, principalmente para possibilitar a integração de transportes.
Sua condição de zona de livre comércio atraiu uma considerável atividade da indústria
eletroeletrônica e da de duas rodas. A indústria do PIM pode ser generalizada com as
características de baixa produção de componentes e uma forte tendência a linhas de
montagem. De acordo com a SUFRAMA no ano de 2007 a quantidade de insumos
importados chegou a mais de 12,6 bilhões de dólares e o faturamento (produtos acabados)
ultrapassou 25,6 bilhões de dólares. Isso tem uma influência marcante nos tipos de cargas e
transportes que chegam e saem do PIM.
A grande maioria dos componentes e peças que chegam ao PIM têm origem em outras regiões
do país, ou em importações, e são transportados na sua maioria, pela cabotagem de longo
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curso, com o uso de containers – um percurso que inclui a navegação do Rio Amazonas e
parte da costa brasileira. De acordo com a Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias
(SNPH, 2008), no ano de 2007 foram manejados 355.395 TEU´s (contêiners).
O restante do fornecimento de peças e componentes chega ao PIM por uma forma de
integração de transporte rodoviário com fluvial que é característico da região, o Ro-Ro
Caboclo – uma regionalização do termo roll on / roll off, que se refere ao transporte de
carretas ao longo da hidrovia carregadas por balsas de fundo chato, e de baixo calado.
Apesar dos incentivos fiscais que o pólo oferece, a questão do custo logístico de transporte é
um dos principais pontos críticos, se for considerado o distanciamento da região. Sendo assim
é uma área potencial para busca de soluções que otimizem tanto o tempo quanto o custo do
transporte, aumentando assim a competitividade dos produtos do pólo.
4.Parcerias entre Fornecedores e Compradores
A parceria entre fornecedores e compradores pode ser definida como uma relação em que
prevalece a convergência de interesses mútuos na conquista de um objetivo estratégico,
claramente delineado; na qual o envolvimento e a interação se dão através de um regime de
intensa cooperação, mediante o compartilhamento de informações, solidificada pela confiança
mútua.
Diversos fatores causam o baixo desempenho do fornecedor. Dentre eles Schonberger (1984)
apresenta:
Quando a empresa insiste em negociar preços de tal maneira que seus fornecedores não
obtenham lucro, impedindo-os de conseguir investir em melhorias ou ainda se manterem
no negócio.
Quando a empresa, por qualquer razão, retém informações sobre o planejamento da
produção e das compras, fazendo com que o fornecedor proteja, compre, monte e entregue
tarde ou cedo demais. Tal atitude certamente pode afetar seu desempenho econômico
financeiro.
Quando o pessoal técnico não especifica detalhadamente as respectivas características do
componente a ser comprado, nem tampouco, como e onde será aplicado, para que o
fornecedor possa controlar a qualidade na fonte.
Quando a empresa não compartilha seu conhecimento sobre as melhores práticas de
negócios, de modo que o fornecedor não consegue melhorar ou manter um bom nível tanto
técnico como comercial.
Quando o comprador continua insistindo na prática tradicional de efetuar concorrências de
compra baseadas em menor preço. Para isso utiliza a estratégia de ameaçar de trocar os
fornecedores, o que resulta numa sucessão contínua de reinícios; isto é, a existência de um
ciclo interminável de entrada de novos fornecedores, sem nenhum progresso no
aprendizado. As relações decorrentes deste tipo de postura são de desconfiança, e,
conseqüentemente, as partes envolvidas são tratadas como adversárias.
Portanto, uma das maiores preocupações das organizações é a aproximação de laços de
parceria com os fornecedores. Muitas empresas tentam aperfeiçoar os seus procedimentos
criando processos de integração e parcerias com os seus fornecedores para a obtenção de um
melhor relacionamento e de forma a considerar as necessidades e expectativas de ambas as
partes envolvidas no negócio.
Segundo Womack (1992), para que a parceria entre fornecedores e compradores funcione, o
fornecedor precisa compartilhar uma parte substancial de suas informações internas sobre
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custos e técnicas de produção com o comprador. O comprador e o fornecedor devem repassar
detalhes importantes do processo de produção procurando sempre soluções para minimizar os
custos e maximizar a qualidade. Por outro lado, o comprador precisa respeitar a necessidade
do fornecedor de lucrar, para sobreviver, crescer e se manter interessado no negócio. Acordos
feitos entre fornecedores e compradores como a partilha de lucros, incentivam os
fornecedores a melhorarem seu processo produtivo, e proporcionam aos compradores a
garantia de lucro proveniente das inovações e das atividades de melhorias.
A parceria pode ser considerada como um estágio avançado do processo de cooperação entre
empresas, para criar valor nos negócios e dividir riscos. Portanto, significa que a partir do
momento em que as organizações decidem formar uma parceria, o sucesso desta nova relação,
dependerá do empenho dos parceiros da cadeia para consolidá-la. Algumas ações que
caracterizam a implementação dessa parceria são:
Desenvolvimento conjunto de projetos.
Transferência de máquinas para as instalações do parceiro.
Implantação de programas de otimização de custos.
Financiamento de projetos, máquinas e equipamentos.
Melhoria e sincronia de processos produtivos.
Treinamento de pessoal.
Consultoria técnica.
Aval financeiro para empréstimos junto a entidades públicas e privadas.
Compra de matérias-primas em quantidades e preços mais competitivos.
Quando essa relação de parceria atinge um elevado grau de evolução, traduzida em conceitos
como os de confiança mútua, participação e fornecimento com qualidade assegurada, atribui-
se à mesma a designação de Comakership.
5.Logística Reversa
A Logística Reversa pode ser entendida como o caminho inverso da Logística Empresarial ou
Logística Direta. O seu objetivo fundamental é dar valor aos produtos descartados e se
possível recolocá-los no fluxo da Logística Direta (LEITE, 2003).
Da mesma forma que a Logística Empresarial trata dos seus Canais de Distribuição Direto dos
bens produzidos, a Logística Reversa se preocupa com os Canais de Distribuição Reversos,
que seria o planejamento do caminho de volta, seja para reaproveitamento ou simplesmente
para uma disposição final.
A Logística Reversa planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas
correspondentes, do retorno dos bens de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo, por meios dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas
naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros
(LEITE, 2003).
Antes de associar a Logística Reversa à Gestão Ambiental, é necessário enfatizar que a
primeira trata de uma área da Logística Empresarial e como tal, deve-se considerar a
necessidade de obter ganhos com os resíduos gerados na produção e com os produtos
obsoletos, de modo que estes possam realimentar a cadeia de suprimentos, tornando-a
economicamente viável.
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A Logística Reversa não é um assunto novo, nem foi desenvolvido exclusivamente para lidar
com questões ambientais, o que pode ser exemplificado com a utilização de vasilhames
retornáveis, comuns nas indústrias de bebidas.
De forma geral, considerar-se relativamente recente o interesse em relacionar o planejamento
de canais reversos como solução, ou mesmo como remediação, para as questões ambientais.
Apesar de que alguns materiais tradicionais como o alumínio, por exemplo, já tem
estabelecida uma prática definida e representa de fato um nicho mercadológico bem
explorado.
A Figura 1 mostra o ciclo do alumínio.
FIGURA 1 – Ciclo do Alumínio. Fonte: adaptado de LEITE (2003).
Essa preocupação crescente pela opção da Logística Reversa se deve por vários motivos, a
saber:
Escassez de material;
Aproveitamento do resíduo substituindo material virgem;
Material de custo mais barato ou já pré-processado;
Aumento do volume de distribuição;
Questões ambientais (menor consumo de matéria prima, energia e redução do uso aterros
sanitários);
Custo da manutenção da disposição final;
Demandas sociais;
Produtores de alumínio primário + sucata interna + importações
Indústria de transformação
do alumínio
Exportações
Manufatura de bens duráveis e
descartáveis
Pós-consumo
Aplicação do Alumínio
Embalagens (27,8%)
Transportes (20,1%)
Construção Civil (17%)
Indústria e Eletricidade (11,8%)
Bens de consumo (8,9%)
Máquinas e equipamentos (3,8%)
Outros (10,7%)
Obsolecência de bens duráveis
(45%)
Sucata Industrial (25%)
Latas de Alumínio (40%)
Sucateiros coletores Empresas de Reciclagem
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Globalização e custo de retornar resíduos.
Um projeto de Logística Reversa planeja como será o controle e operação do fluxo de
materiais e das informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-consumo
ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meios dos canais de distribuição reversos,
agregando valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem
corporativa, entre outros. Sem uma definição clara de como será inserido o retorno do
material à uma cadeia produtiva, o projeto de Logística Reversa tende ao fracasso.
6.Reciclagem do Alumínio
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL,2006), no Brasil, a reciclagem de
alumínio é uma atividade tão antiga que se confunde com a implantação da indústria do
alumínio. Desde a década de 20, já se utilizava como matéria prima a sucata, que era
importada de vários países. A partir dos anos 90, com o início da produção das latas no Brasil,
a reciclagem foi intensificada.
Como resultado desta atividade econômica, em 2004, foram recicladas no País 270 mil
toneladas de alumínio, equivalente a 36% do consumo doméstico, sendo este índice maior que
a média mundial, que é de 32%. Neste mesmo ano, foram reciclados cerca de 96% das latas
produzidas, índice superior ao de países como Japão que reciclou 86% e Estados Unidos com
51% (Figura 2).
FIGURA 2 – Índice de reciclagem de latas de alumínio FONTE: ABAL (2006).
A reciclagem do alumínio oferece inúmeras vantagens. Os benefícios dessa atividade estão
principalmente nos aspectos econômico, social e ambiental.
No aspecto econômico e social, a cadeia produtiva da reciclagem injeta recursos nas
economias locais, cria empregos e gera renda para aproximadamente 160 mil pessoas em
atividades que vão desde a coleta até a transformação final da sucata em novos produtos, isso
sem falar na geração de empregos em outros negócios como na indústria de máquinas e
equipamentos utilizados na reciclagem do alumínio.
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No aspecto ambiental, a reciclagem do alumínio reduz a quantidade de lixo gerado e estimula
a consciência ecológica nas empresas e nos cidadãos, incentivando também a reciclagem de
outros materiais.
Como é lembrado em Bennett (1992), o alumínio, cuja produção é cara e poluidora, é feito de
bauxita mineral, que normalmente é retirada de minas abertas em florestas tropicais. Dessa
forma, a produção do alumínio usa muita energia e causa uma grande poluição.
O metal primário é aquele que é obtido diretamente do seu minério; já o metal secundário é
aquele recuperado de suas sucatas por refusão e refino. Sucata é todo metal ou liga que passou
por processo de obsolescência, ou seja, que não se presta mais ao seu uso, o que constitui
sobra do processo de produção.
A reciclagem de latas de alumínio é o mais fácil entre os processos de reciclagem, visto que,
neste processo, não há rótulos nem tampas que precisem ser removidos. As latas são
simplesmente derretidas e a tinta utilizada na pintura das latas é queimada durante o processo
de derretimento.
Já a reciclagem de outros tipos de alumínio é mais difícil, pois, a sucata de alumínio pode
conter outros tipos de metais além de agentes contaminadores. Neste caso, primeiro o
reciclador queima os contaminadores, derrete o alumínio e forma um disco solidificado. Esse
disco é analisado pelo laboratório que define o seu conteúdo químico. Caso sejam necessários,
outros metais são acrescentados ao alumínio ainda no forno, sendo este processo repetido até
que sejam atendidas as especificações exigidas pelo cliente. Finalmente, o metal é moldado
em lingotes ou posto na forma desejada pelo cliente.
Em relação à fabricação de produtos à partir da bauxita, o processo de reciclagem é bem mais
econômico e mais eficiente, uma vez que consome apenas 5% da energia necessária para
fabricar os produtos originais e produz apenas 5% da poluição resultante do processo original
proveniente da bauxita.
7.Estudo de Caso
A maior parte das fábricas de motocicletas do PIM trabalha com um sistema JIT – Just in
time, e portanto, o fornecedor de alumínio deve se adaptar ao sistema para prover um
suprimento mais eficiente e sincronizado.
Como nos lembra Martins (2005), o sistema Just in time (JIT) foi desenvolvido na Toyota
Motor Company, no Japão, objetivando principalmente o combate ao desperdício, sendo
considerado desperdício toda atividade que consome recursos e não agrega valor ao produto.
Dessa forma, estoques, paradas intermediárias, refugos e retrabalhos são considerados
desperdícios, devendo ser eliminados ou reduzidas ao máximo. Dessa forma, os componentes
são produzidos em tempo de atenderem às necessidades de produção. Como resultado, o JIT
leva a estoques bem menores, custos mais baixos e melhor qualidade do que os sistemas
convencionais.
O relacionamento com os fornecedores muda com esse sistema, pois a estes é solicitado que
façam entregas freqüentes diretamente à linha de produção. Nesse sistema, os fornecedores
recebem embalagens vazias, da mesma forma que os postos de trabalho internos da fabrica, já
que são vistos como uma extensão dela.
Muitas vezes são necessárias mudanças nos procedimentos de entrega, como maior
proximidade, para que o fornecedor seja perfeitamente integrado ao sistema JIT. Também é
requerido aos fornecedores que entreguem itens de qualidade assegurada, já que não sofrerão
nenhum tipo de inspeção no recebimento. É necessária uma mudança na forma com que são
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vistos os fornecedores, pois estes passam a ser parceiros.
FIGURA 3 – Blocos de sucatas de alumínio.
Por trabalhar em sistema Just in Time, os clientes compartilham com o fornecedor os seus
programas de produção, onde estão as quantidades demandadas de cada tipo de liga de
alumínio. Com base na demanda dos clientes a empresa adquire a matéria-prima necessária
que são as sucatas e outros insumos que irão fazer parte da liga de alumínio. Primeiramente, a
sucata é selecionada, sendo este processo terceirizado. Após a seleção, alguns tipos de sucatas
são prensados, formando blocos (Figura 3).
Outras sucatas que não são prensadas em blocos também são consumidas, muitas delas
provenientes das próprias empresas do PIM. A empresa também mantém acordo com seus
clientes aproveitando os refugos das linhas de produção que voltam para serem transformados
novamente em ligas de alumínio (Figura 4).
FIGURA 4 – Sucatas provenientes de seus clientes (peças de motos).
Depois de pesado, o material é despejado dentro dos fornos de fusão. Sucatas como as de latas
de alumínio são processadas nos fornos basculantes, enquanto que as sucatas que podem
conter outros metais são processadas no forno rotativo, como é o caso de algumas peças de
motores de motocicletas que contém peças de aço embutidas.
Em seguida, o alumínio ainda em estado líquido é retirado do forno para que seja testado em
laboratório. O alumínio é despejado em uma pequena forma, formando um disco denominado
“coquilha”. Esse disco é testado em um espectrofotômetro, equipamento que identifica e
apresenta em um relatório as quantidades de todas as substâncias encontradas na coquilha de
alumínio. Com base nessas informações, podem ser adicionados silício, cloreto sódio, cloreto
de potássio e outros insumos à liga que está em fusão até que a sua composição esteja dentro
das especificações definidas por cada cliente.
Estando a liga de alumínio dentro das especificações, esta pode ser destinada à formação de
lingotes (Figura 5) ou à entrega em estado líquido para os clientes (Figura 6).
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FIGURA 5– Lingotes de alumínio
O alumínio para entrega em estado líquido é despejado em uma panela que tem capacidade
para aproximadamente oito toneladas de alumínio líquido. Uma vez abastecida, a panela é
montada sobre a carroceria de um caminhão, que foi especialmente projetada para este fim.
Posteriormente, o caminhão passa por uma balança rodoviária instalada na área da empresa,
sendo conferido o peso do produto que será entregue. O produto é transportado a uma
temperatura de aproximadamente 780 graus centígrados, sendo perdidos durante o transporte
apenas 5 graus.
FIGURA 6 – Panela abastecida pronta para entrega ao cliente
Ao chegar nas instalações do cliente, com auxílio de uma calha, o alumínio passa por uma
válvula da panela e é despejado, por gravidade, diretamente nos fornos de fusão. Esse
fornecimento caracteriza uma integração operacional pois o processo do fornecedor alimenta
diretamente um processo do comprador.
8.Considerações sobre a Implantação
Conforme entrevista colhida junto à alta gerência da empresa, primeiramente foi levado em
consideração o convite dos clientes, para que a empresa se instalasse no PIM. Considerando
que essa empresa é uma indústria de grande porte, necessitaria de instalações definitivas.
Então, foram analisados diversos fatores como localização, viabilidade econômica e a
formação de uma cadeia de suprimentos integrada.
O fator de grande importância para a vinda da empresa foi o fator logístico, pois estariam
localizados próximos aos seus clientes e com isso proporcionaria redução nos custos com
transportes e armazenagem destes. Mas sem os incentivos fiscais concedidos tanto pelo
governo federal quanto pelo estadual, seria impossível a efetivação do projeto. Os incentivos
federais concedidos à empresa foram:
Isenção do Imposto de Importação – II – relativo à importação de insumos utilizados na
fabricação de ligas de alumínio;
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Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – incidente sobre a receita bruta
da empresa;
Redução fixa de 75% do Imposto de Renda;
Vantagem de localização (incentivo extrafiscal) – aquisição de um terreno da SUFRAMA -
Superintendência da Zona Franca de Manaus;
Infra-estrutura de captação e tratamento de água, sistema viário urbanizado, rede de
abastecimento de água, rede de telecomunicações, rede de esgoto sanitário e drenagem
pluvial.
No que diz respeito ao custo da matéria-prima, não houve redução, pois a sua principal
matéria-prima, que é a sucata de alumínio, não difere o preço em Manaus ou em São Paulo,
pelo fato do alumínio se caracterizar como uma commodity, ou seja, uma substância física
primária cujo preço depende das negociações nas bolsas de mercadorias.
A empresa tem uma grande importância para o pólo de duas rodas visto que, todos os seus
clientes são deste pólo, entre esses dois fabricantes de motocicletas e os demais, fabricantes
de componentes e peças para motocicletas. Sua fábrica opera ininterruptamente para atender à
demanda de seus clientes, seja por uma questão de capacidade produtiva, operando perto do
limite máximo, ou seja pela resposta rápida de fornecimento exigida, para acompanhar o
ritmo de produção dos clientes.
9.Resultados
Os principais benefícios para os clientes foram a redução dos estoques, que antes ocupava
uma área para armazenagem de lingotes, a redução de custos com frete e com os custos da
fusão do alumínio. Antes da implantação da empresa em Manaus, os seus clientes compravam
os lingotes de alumínio diretamente de outra empresa do mesmo grupo, localizada em São
Paulo. Os lingotes eram transportados em carretas por meio rodoviário de São Paulo até
Belém. Em Belém, as carretas eram embarcadas em balsas, seguindo para Manaus.
Em face desse tempo de trânsito de São Paulo para Manaus, em torno de 20 dias, os seus
clientes precisavam manter um grande estoque de segurança de 20 dias para atender à
demanda da produção e suas possíveis flutuações imprevisíveis. O custo com frete chegava a
uma cifra de R$ 2.560.000,00 por ano, além de um gasto anual de de R$ 350.000,00 para
processar os lingotes em grandes fornos a gás ou óleo BPF.
Metalúrgica em São Paulo
Fabricação de lingotes
Transporte Rodoviário de São Paulo para Belém (2463 Km)
Transbordo do Transporte Rodoviário para Fluvial em Belém
Transporte Fluvial de Belém para Manaus
(1292 Km)
Descarregamento e Estocagem dos
Lingotes
Entrega ao Cliente Duas Rodas
(em lingotes
CADEIA DE SUPRIMENTOS E PROCESSOS ANTES DA
IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE NO PIM
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FIGURA 7 – Canal de Distribuição antes da implantação no PIM.
Além desses custos, deve-se considerar ainda o fato de que, ao fundir o lingote, o alumínio
perde algumas de suas propriedades de liga, necessitando assim a complementação com
outros componentes como cloreto de sódio e cloreto de potássio durante o processo de fusão,
havendo assim a necessidade de adquirir também estes insumos.
Uma vez instalada em Manaus, os seus clientes deixaram de fundir o alumínio, mantendo
apenas os fornos de espera para manter a liga de alumínio em estado líquido para ser utilizada
nas máquinas injetoras. Isso caracteriza uma co-fabricação, uma integração operacional onde
um processo antes realizado nas dependências do comprador é transferido para o fornecedor,
mediante a um acordo de benefício mútuo. Evidentemente que essa transferência de processo
baseia-se também no fato de que o fornecedor detém a tecnologia em questão, a fundição,
podendo trabalhar com escalas maiores e reduzindo custos.
Assim, com um fornecimento para uso direto já na forma fundida, reduz-se o estoque dessa
matéria-prima a zero bem como dos demais componentes da liga de alumínio resultando em
ganho de espaço físico além da disponibilização de capital que compunha o estoque; reduziu-
se também o gasto com a energia empregada na fusão do alumínio, visto que os fornos de
fusão consomem óleo BPF ou gás GLP, e o transporte até os seus clientes leva agora menos
de 30 minutos e é feito em caminhões da própria empresa.
FIGURA 8 – Canal de Distribuição depois da implantação no PIM.
Desde a implantação da empresa no PIM, em 2000, a empresa já aumentou sua carteira de
clientes, aumentando, conseqüentemente, a demanda do seu produto. Assim, inicialmente a
empresa operava com dois fornos de fusão de alumínio e atualmente conta com sete fornos,
teve seu galpão ampliado e adquiriu mais um terreno para futuras instalações de uma fábrica
de peças em alumínio injetado, já com projeto aprovado pela Superintendência da Zona
Franca de Manaus - SUFRAMA e pela Secretaria de Estado de Planejamento e
Desenvolvimento Econômico - SEPLAN.
Esse tipo de incentivo, junto a formação de uma cadeia de suprimentos integrada propiciam o
fortalecimento de todos os envolvidos - sejam os fornecedores e compradores, bem como o
pólo e a economia local.
Cliente Duas Rodas Fundição e
Composição Química do Alumínio
Alumínio Fundido no Processo de
Fabricação das Peças
Metalúrgica e recicladora instalada
no PIM
Alumínio Fundido entregue no Processo de
Fabricação das Peças
CADEIA DE SUPRIMENTOS E PROCESSOS DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE NO PIM
Algumas horas
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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10.Considerações Finais
O Pólo Industrial de Manaus apresenta uma característica interessante para um estudo de
Logística Reversa de pós-consumo, pelo fato de ser um pólo de grande volume de produção e
de estar geograficamente isolado, que faz com que a destinação e o transporte se tornem
inviáveis e traz à tona a questão da redução na geração e aproveitamento dos resíduos.
Apesar de existir toda uma preocupação com as questões ambientais que envolvem a geração
de resíduos, pouco se discute sobre a sustentabilidade de um negócio voltado para o conceito
de Logística Reversa. Enquanto os resíduos não forem entendidos como material em potencial
e a sua utilização como negócio rentável, as ações de reciclagem, reuso e reaproveitamento
serão vistas como uma ação paliativa.
No trabalho apresentado, a viabilidade de implantação do negócio se justificou pela distância
dos fornecedores de matéria-prima. Note que o preço do material alumínio continuou o
mesmo, pois é uma commodity. A viabilidade econômica se deu pela relação de parceria no
fornecimento, ou seja, na formação de uma carteira fiel de clientes.
Essa parceria fica clara quando observa-se o sistema de fornecimento, que buscam sincronia
com os processos produtivos do cliente, adequando-se à filosofia de produção just in time
adotada. Ou seja, o sistema de fornecimento está adequado e faz parte do sistema produtivo
do cliente.
Se não fossem levadas em considerações todas as questões que envolvem a inserção da
empresa na cadeia de suprimentos, provavelmente não haveriam os mesmos resultados.
Assim, a questão ambiental passa a ser uma conseqüência de um planejamento bem sucedido
da cadeia produtiva. Outros materiais também poderiam ter o mesmo enfoque de
planejamento e gerar negócios lucrativos, economicamente sustentáveis e com
responsabilidade ambiental.
Referências
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de jun. 2006.
BENNETT, Stevan J. Ecoempreendedor: oportunidades de negócios decorrentes da revolução ambiental. São
Paulo, 1992.
GIL, Antonio Carlos. Técnicas de Pesquisas em Economia e Elaboração de Monografia. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Técnica de pesquisa. 3.ed. revisada e ampliada. São
Paulo: Atlas, 1996.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa - Meio Ambiente e Competitividade. Editora Pearson Prentice Hall.
São Paulo 2003.
MARTINS, Petrônio Garcia. Administração da Produção. – 2. ed. São Paulo : Saraiva, 2005.
MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. Daniel Augusto Moreira – São Paulo –
ed. Pioneira Thomson Learning, 2002.
RODRIGUES, Vanúzia, GAZETA MERCANTIL. Análise Setorial. Panorama Setorial Motos e Bicicletas.
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SUFRAMA (2008). Disponível em: http://www. suframa.gov.br/modelozfm.cfm. Acesso em 30.05.2010.
SPNH – SUPERINTÊNDENCIA ESTADUAL DE NAVEGAÇÃO, PORTOS E HIDROVIAS– SNPH (2008).
Disponível em: http://www.snph.am.gov.br Acesso em 14.05.2010
WOMACK, James P; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel: A Máquina que mudou o Mundo – Rio de Janeiro –