Post on 16-Apr-2017
Homenagem à Mãe Canguru em
Prosa e Verso
(Dr. Luiz Alberto Mussa Tavares)
A Mãe PrematuraA mãe prematura do bebê prematuro
Nascida antes do que era para ser,Como quem antecipa o seu futuro,
Como quem torna-se sem perceber...
A mãe prematura do bebê prematuro
E a luta por seu bebê sobreviver...
Às vezes tudo é tão sombrio e escuro...
Tudo tão frio, sem amanhecer...
A longa dor de quem aguarda a cura,
Como quem, sem saber o quê, procura,
E assim, nessa procura, se desfaz...
Segura nas mãos de Deus, mãe prematura...
Segura nas mãos de Deus que te segura...
Segura nas mãos de Deus e segue em paz...
A Mãe Prematura
A mãe prematura é invariavelmente a mulher que torna-se mãe antes do tempo. Esta antecipação, motivada por desvios da saúde da mãe ou do bebê, gera também invariavelmente riscos para a mãe e para o filho prematuro que nasce. Tornar-se mãe prematuramente quase sempre traduz momentos dramáticos para a mãe e para o filho.
Essa maternidade prematura está intimamente ligada a tratamentos em Unidades de Terapia Intensiva e riscos de vida iminente. É necessário, não bastasse o risco, ter vaga disponível para ambos. Encontrando a vaga, ainda assim é urgentemente preciso ter disponível o tratamento indicado.
A mãe prematura é muitas vezes uma adolescente sozinha e sem experiências. A carga de dor e sofrimento que a sua prematuridade e a de seu filho lhe submetem são como uma intensidade de vida imensamente maior do que a suportada pelas pessoas comuns. É isso.
A mãe prematura não é uma pessoa comum.
É um ícone de superação que a torna um ser especial, não bastasse a maternidade já lhe conferir esse destaque entre as humanas.
Recuperar-se e acompanhar a recuperação de seu pequeno
filho que nada se assemelha ao que ela imaginou ver nascer um
dia durante toda a gestação interrompida, é sua grande
batalha. Vencer culpas e isolamentos
familiares.
Vencer a falta de instrução e os mitos sociais (será que um bebê desse tamanho vinga?), vencer as dificuldades de recursos clínicos e a impessoalidade e frieza habituais que as instituições de saúde dispensam a seus usuários. Vencer a distância da casa ao Hospital. Vencer as dificuldades financeiras para estar com seu filho.
Vencer a quebra do vínculo. Vencer o que seria invencível se
ela não guardasse no seu coração a força quase maior que a força de
uma mãe: a força de uma mãe prematura.
Dizia Caetano que em seus podres poderes, os homens avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes. Como boçais.
Assim procedem as instituições de buscando verbas e recursos para equipamentos enquanto desprezam o vínculo materno
infantil proporcionado pelo Método Mãe Canguru que permite às mães estarem com seus filhos oferecendo-lhes amor, calor e leite
materno.
Sobreviventes dessa boçalidade, as mães prematuras percebem-se felizes a cada gramo de peso conquistado por seu filho. Cada gesto novo. Cada dia a mais livre do oxigênio é comemorado como grande vitória, dígna de um grande prêmio.
Não há detalhes para a mãe prematura e para seu
filho. Tudo é milagrosamente
grande e impressionante. Cada pequena conquista e
cada mínima queda é comparada a um Everest ou a um grande abismo.
E é necessariamente dolorosa e real sua relação
diária com a morte iminente, com a piora
constante, com a perda...
Se só mesmo as mães são felizes, como afirma Cazuza, maior felicidade pertence às mães prematuras e a seu exemplo de vida.
Haverá um dia no mundo alguma tarefa mais nobre que a de cuidar, alimentar e fazer crescer com segurança e alegria a vida de um bebê prematuro?
Mas isso é matéria dos
Anjos e segredo de Deus que
não pertence à vida homens
nem a seus dias.
O autor:
Luis Alberto Mussa Tavares é Poeta, “Cangurólogo” e
Pediatra em Campos dos Goytacazes, RJ
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badanmimabadan@yahoo.com.br
MÚSICA: Mozart for ChildInterpretação: Baby Einstein
IMAGENS: Google(Repasse com os devidos créditos)
www.mimabadan.blogspot.comwww.slideshare.net/mimabadan