Me. JOANNE LAMB MALUF -...

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Me. JOANNE LAMB MALUF

Artigo 1º

A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos, próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos.

(Código de Ética Pp)

A atuação psicopedagógica está ligada, fundamentalmente, a duas áreas:

SAÚDE EDUCAÇÃO

Pp INSTITUCIONAL

ÂMBITO ESCOLAR

ÂMBITO HOSPITALAR

ÂMBITO EMPRESARIAL

Neste âmbito circulam, principalmente, duas vertentes:

- Saúde;

- Doença.

“Estado daquele cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal.”

Dicionário Aurélio (2005)

“Falta ou perturbação da saúde. Vício; defeito.”

Dicionário Aurélio (2005)

É a parte integrante de uma organização médica e social, cuja função consiste em proporcionar à população, assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento.

Constitui também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde.

BRASIL (1997)

A identidade de SER criança é, muitas vezes, diluída numa situação de internação, em que a criança se vê numa realidade diferente da sua vida cotidiana.

De acordo com Chiapeta (1998), todo o cotidiano da criança muda, sendo substituído pelo tratamento clínico, entrada na enfermaria, confinamento no leito e medicações.

A criança hospitalizada encontra-se na maioria das vezes assustada, incomodada,

amedrontada, ansiosa e preocupada.

Para muitas crianças, principalmente aqueles com diagnóstico de patologias crônicas, o

hospital passa a ser, por muito tempo, o seu principal contexto de convívio, de

desenvolvimento e de aprendizagem.

Não somente a criança como também, seus familiares que acabam sofrendo junto e na maioria das vezes, estão desestruturados emocionalmente para dar tranquilidade e incentivos para a criança hospitalizada.

A ausência da família, leva a criança a sentir-se abandonada. Algumas possíveis consequências: • ansiedade / angústia; • insegurança; • agressividade; • transtornos emocionais; • transtornos do sono; • transtornos da linguagem; • perda de peso; • depressão; • regressão; • atraso no desenvolvimento.

O ambiente hospitalar é sentido pela criança como

uma situação desconhecida. Cabe aos pais se informarem com o médico e passarem todas as informações necessárias aos filhos sobre: • a doença; • os exames; • a alimentação que passarão a ter; • as roupas que deverão usar; • os horários que deverão seguir; • as pessoas que cuidarão de sua saúde: médicos, enfermeiras, técnicas e auxiliares.

Quando há omissão da verdade, não esclarecendo determinados procedimentos utilizados, a família não estará protegendo as crianças mas sim, deixando-as mais ansiosas, angustiadas e nervosas; dificultando assim, sua recuperação.

O primeiro aspecto que envolve a criança hospitalizada relaciona-se ao ambiente onde esta se encontra.

Para ela é estranho e desconhecido objetos da pediatria, como eletrocardiógrafo, aparelho de RAIO-X, respiradores, etc. e que agora começam a fazer parte de sua vida.

O efeito do ambiente depende da criatividade dos pais.

Através de desenhos pendurados nas paredes, objetos familiares, brinquedos prediletos pode-se diminuir as tensões emocionais provocadas pelo desconhecido.

Mas antes de se tomar qualquer iniciativa, deve-se pedir autorização da equipe de saúde da pediatria, pois qualquer objeto levado ao quarto da criança tem-se o risco de contaminação e também a impossibilidade de se responsabilizar pelos mesmos.

Em uma pediatria é impossível evitar o choro, gritos e barulho, inclusive de equipamentos. Mas pode-se amenizar a tensão da criança com relação aos ruídos com a simples distração das mesmas.

Existem alterações importantes na frequência cardíaca, ritmo de sono, etc, relacionadas diretamente com os ruídos do ambiente. Por isso, procura-se evitar ao máximo os barulhos desnecessários para prevenir problemas orgânicos e/ou emocionais.

A recreação é necessária para que a criança continue a exercer suas habilidades, como focalização de olhar, coordenação dos movimentos, desenvolvimento das sensibilidades táteis e sensoriais, para que possa expressar-se e interagir com o meio que a cerca.

A recreação apresenta ainda uma importante contribuição para a diminuição do estado de ansiedade e angústia.

Deve-se ter o cuidado de a televisão não ocupar, na medida do possível, o papel da recreação, mantendo-a desta forma ligada somente nos horários de programas infantis.

As crianças que permanecem internadas sem a presença constante da mãe ou do pai, devem receber visitas diárias, de acordo com os horários estabelecidos pelo hospital.

As crianças que recebem visitas diárias enquanto estão internadas mostram-se mais seguras e confiantes.

A atuação do psicólogo junto às crianças hospitalizadas, objetiva fundamentalmente a diminuição do sofrimento inerente ao processo do adoecer e hospitalização.

O psicólogo atua no sentido de fazer com que a hospitalização e a situação de doença sejam melhor compreendidas pela criança e sua família, bem como a evitar situações difíceis e traumáticas.

A criança hospitalizada automaticamente interrompe sua rotina anterior à descoberta da doença e consequentemente, afasta-se da escola.

Trabalhar com os processos de aprendizagem e desenvolvimento da criança e/ou adolescente, em tratamento no contexto hospitalar, significa tratá-lo diante do impacto que a descoberta da doença traz a sua vida, tendo em vista as inúmeras mudanças que tal fato promove ao seu desenvolvimento.

Com o intuito de amenizar o sofrimento do rompimento da rotina, afastamento dos contextos (casa, escola, etc) surgiu a necessidade e proposta de uma continuidade ao trabalho escolar no âmbito hospitalar.

Para o trabalho com a criança hospitalizada focado na continuidade da aprendizagem escolar há dois profissionais indicados:

- PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL;

- PEDAGOGO

*** Ambos com formação adequada.

Taam (2000) defende a ideia de que o conhecimento* pode contribuir para o bem-estar físico, psíquico e emocional da criança enferma.

A educação em hospitais oferece um amplo leque de possibilidades e de um acontecer múltiplo e diversificado que não deve ficar aprisionado a classificação ou enquadramentos.

Aprendizagens humanas;

Aprender novas habilidades com significado;

Humanização no atendimento hospitalar.

Em países como Argentina, Estados Unidos e Canadá, dentre outros, já é de praxe oferecer atendimento psicopedagógico a este tipo de paciente, conjuntamente com o atendimento médico-terapêutico tradicional.

Muitos psicopedagogos vêm se inserindo em instituições hospitalares brasileiras, em ambulatórios pediátricos gerais.

O atendimento psicopedagógico é realizado em local adequado (sala, brinquedoteca, etc) ou, se necessário, no leito do paciente.

Em primeiro lugar é preciso entender o hospital geral, as suas características e as peculiaridades dos pacientes lá atendidos, para posteriormente conseguir definir suas atribuições nesse contexto.

Realizar a ANAMNESE com a família;

Estabelecer um contato com a escola da criança;

Organizar um plano de trabalho (diário; semanal; quinzenal) e objetivos do mesmo;

Fixar dia e hora (com possibilidade de mudanças caso necessário)

O trabalho interdisciplinar, realizado em equipe, aonde atuam juntos médicos,

psicólogos, psicopedagogos e enfermeiros, torna-se muito importante.

Na tentativa de compreender o resgate da SUBJETIVIDADE e sua contribuição para a saúde da criança hospitalizada, são propostas práticas pedagógicas com o objetivo da interação social neste novo período de vida.

“Brincando” e “conversando”, as crianças expressam seus medos, dúvidas, angústias, aliviando assim seu sofrimento, caminhando para uma recuperação mais rápida.

A contribuição das atividades pedagógicas para o bem-estar da criança passa por duas vertentes de análise:

- O lúdico como canal de comunicação;

- ***A hospitalização como um campo de conhecimento a ser explorado.

A função do Psicopedagogo Hospitalar necessita ser de ressignificação daquele espaço para a criança enferma.

O Pp Hospitalar buscará um contato com a professora da escola da criança hospitalizada solicitando os conteúdos ensinados para que a criança possa dar “continuidade” mesmo que distante com a perspectiva de retornar o quanto antes para a sala de aula e evitar lacunas.

http://www.youtube.com/watch?v=8QxcMfMnhOA

Tempo: início até 0:06 - 0:14 até 2:54

Alguns obstáculos poderão dificultar ou impedir o trabalho psicopedagógicos, por exemplo:

- Situação agravar-se;

- Procedimentos que fragilizam a criança;

- Interrupção das atividades;

- Falecimento.

É fundamental que o Psicopedagogo lembre-se de cuidar das suas próprias emoções para então, cuidar a dos outros.

Identifica-se três grupos de crianças internadas em hospitais com diferentes graus de comprometimentos:

1. Leves;

2. Moderados;

3. Graves

Crianças que são internadas com graves comprometimentos (físicos, afetivos, sociais e/ou cognitivos) e que permanecem durante um longo tempo no hospital.

Crianças que apresentam comprometimentos moderados e que permanecem em média quinze dias nos hospitais;

Crianças que são internadas com comprometimentos leves e que permanecem pouco tempo nos hospitais.

A criança aprende a criar mecanismos para minimizar sua dor, e esses podem ser socializados e até utilizados pelas demais crianças.

A atuação do Psicopedagogo deve proporcionar uma articulação significativa entre o saber do cotidiano do paciente e o saber científico do médico, sempre respeitando as diferenças que existem entre ambos os saberes.

O papel da escuta aparece como a oportunidade de a criança se expressar verbalmente, e também como a possibilidade da troca de informações , dentro de um diálogo educativo contínuo e afetuoso.

Alguns resultados do trabalho Pp Hospitalar:

- Mudança comportamental do paciente que é aluno (motivação, humor);

- Resgate do desejo e valorização do aprender e viver;

- Integração e suporte familiar.

De acordo com Wallon (1941) o desenho é uma forma de expressão , é revelador de pensamentos, porque também é uma forma de linguagem.

Através do desenho a criança demonstra o conhecimento conceitual que tem da realidade e quais os aspectos mais significativos da sua experiência.

O desenho e o brincar são caminhos de fácil acesso ao pensamento e aos sentimentos infantis.

Os momentos de interação com o grupo propiciam à criança oportunidades de desenvolver plenamente sua inteligência.

O papel da educação no hospital é propiciar à criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova situação de vida.

A Psicopedagogia hospitalar deve valorizar o espaço de expressão (coletiva ou individual) e acolhimento das emoções.

Na brinquedoteca a criança tem a oportunidade de se expressar de modo simbólico suas fantasias, é a forma pela qual ela se comunica com o meio o qual está inserida.

Cunha (1992) ressalta o papel da brinquedoteca hospitalar como propiciadora de oportunidades de estimulação para o desenvolvimento da criança, para o favorecimento das relações familiares e para preparar a volta ao lar.

O brincar torna-se um fator essencial no atendimento das necessidades emocionais da criança hospitalizada.

O brincar passa a ser um modo de assistência global, modificando as reações relacionadas à depressão, regressão e outros transtornos emocionais, frequentemente apresentados para crianças e adolescentes hospitalizados

Brincar transforma o ambiente hospitalar e preenche uma lacuna entre a criança, sua família e a equipe hospitalar, aliviando o estresse e a ansiedade do paciente e familiar.

As brinquedotecas nos hospitais do Brasil atualmente estão se tornando uma realidade.

A lei Nº 11.104 (SANTIAGO, 2007) tornou obrigatória a instalação de brinquedotecas nos hospitais brasileiros.

Esta lei surgiu a partir dos movimentos de humanização nos hospitais e simboliza que a inclusão do brinquedo neste ambiente, tem sido concebida como parte da assistência e da terapêutica às crianças e aos adolescentes hospitalizados.

São Paulo – Rio de Janeiro - Recife

AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. São Paulo: Masson, 1983. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde (CNS)/Ministério da Saúde. Legislação e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: CNS, de 10 de outubro de 1996, publicada em abril de 1997. CAMON, V. A. A. Psicologia hospitalar: a atuação do psicólogo no contexto hospitalar. São Paulo: Traço Editora, 1984. CHIAPETA SMS V. Contribuição da educação física para a formação do autoconceito da criança. [Dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho; 1988. CHIATTONE, H.B.C. A Criança e a Hospitalização. Traço, 1998. São Paulo. FRIEDMANN, Adriana et al. O Direito de Brincar: a brinquedoteca. 4. ed. São Paulo: Scritta,1998 PIRES, M. H. L. ESTEVEZ, V. M. Cartilha de Enfermagem Pediátrica. SENAC, 2000. SANTOS, M. E. R. et al. O impacto emocional da hospitalização da criança. Jornal de Pediatria, vol.56(5), p. 341-345, 1984. TAAM R. (2000). Assistência pedagógica à criança hospitalizada Tese de doutorado. Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. TOBIAS, L. et al. Humanização na UTI pediátrica em Florianópolis. Jornal de Pediatria, vol.60(4), p. 164-170, 1986. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Rio de Janeiro: Andes, 1941.