Neurociência e o aprender na EDUCAÇÃO...

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Neurociência e

o aprender na

EDUCAÇÃO

INFANTIL

Profª Claudia Nunes Especialista em Neurociência pedagógica e em Psicopedagogia

E-mail: ciaclaudia@gmail.com

A ESCOLA PRECISA:

• Aprender a viver junto

• Valorizar a diversidade, pois, na

comunidade humana não há como

se exigir padronização

• Estabelecer vínculos - uma

interdependência entre os membros

do grupo.

APRENDIZAGEM

Aprendizagem é a aquisição de conhecimento

ou especialização; faz-nos ignorar todo processo

oculto existente no ato de aprender;

Mudança permanente de comportamento,

resultado de exposição a condições do meio

ambiente;

Processo evolutivo e constante, que implica

em uma sequência de modificações observáveis

e reais no comportamento do indivíduo, de forma

global (físico e biológico), e do meio que o

rodeia, onde esse processo se traduz pelo

aparecimento de formas realmente novas

compromissadas com o comportamento.

“A NEUROCIENCIA objetiva explicar,

modelar e descrever os mecanismos

neuronais que sustentam os atos

perceptivos, cognitivos, motores,

afetivos e emocionais,

disponibilizando os fundamentos

necessários á orientação de

aprendizagem.” (Relvas, 2012)

Proposta?

- Enriquecimento da prática docente.

-Privilégio às etapas evolutivas do

desenvolvimento cognitivo humano.

Ambiente desse aprimoramento?

SALA DE AULA!

Espaço em processo de

DESSACRALIZAÇÃO.

Mas ela não

‘anda’ sozinha!

Somos resultado de um longo processo de evolução

mediante a seleção natural das espécies no decorrer de

milhões de anos.

Base para o processo de seleção:

- LIMITAÇÃO DE ALIMENTOS

- EXISTENCIA DE DESASTRES NATURAIS

- EXISTENCIA DE PREDADORES no meio mutável

Mente e comportamento influenciados pela seleção natural:

a espécie precisa sobreviver. Tal influencia é alimentada:

- pela GENÉTICA (programação; instintos; sistema fechado);

- pela INTERAÇÃO com o meio ambiente (há doses de liberdade).

UM POUCO DE HISTÓRIA

1

EVOLUÇÃO DO CÉREBRO HUMANO

Instintivo – Agir REPTILIANO

Respiração

Pressão arterial

Ritmo cardíaco

Fome / Sede

Sexo

Emocional – Sentir: MAMÍFERO

Racional – Pensar NEOCORTEX

FUNÇÕES COGNITIVAS

Movimento voluntário

INSTINTOS EMOCIONAIS:

alimentação, competição e sexo.

A PRINCIPAL base biológica de nossas capacidade

mentais é o SISTEMA NERVOSO. É uma autêntica rede

bioquímica e elétrica de processamento de informação.

Está constituído por um conjunto de fibras e núcleos que

nos permitem entrar em contato com o mundo externo e

interno, e dirigir as funções orgânicas.

Há uma corrente de milhões de células especializadas

denominadas NEURÔNIOS, que, por meio de IMPULSOS

ELETROQUÍMICOS transmitem informação codificada a

todas as partes do código.

Tem a função de coletar os estímulos que recebemos tanto

no âmbito consciente (ex.: luz do sol) como no inconsciente

(ex.: estragos que um vírus provoca no estômago),

transformando-os em IMPULSOS NERVOSOS.

No cérebro isto se torna uma REAÇÃO ou RESPOSTA à

informação.

10

“O sistema nervoso é o mais complexo e

diferenciado do organismo, sendo o primeiro a

se diferenciar embriologicamente e o último a

completar o seu desenvolvimento” João Manoel Chapon Cordeiro – 1996.

SISTEMA NERVOSO

FUNÇÕES BÁSICAS

• Função Integradora => Coordenação das funções do vários órgãos

(↑Pressão arterial→ Filtração Renal e Frequência Respiratória

• Função Sensorial => Sensações gerais e especiais.

• Função Motora => Contrações musculares voluntárias ou Involuntárias.

• Função Adaptativa => Adaptação do animal ao meio ambiente

(sudorese, calafrio).

O corpo humano é dotado de um

complexo sistema órgãos sensoriais

que detecta os estímulos físicos e

químicos do meio ambiente,

originados fora e dentro do corpo. Os

órgãos sensoriais e os componentes

do sistema nervoso periférico e

central associados ao processo de

análise e interpretação do estímulos

formam o Sistema Sensorial. Graças

a esse sistema, o nosso corpo

monitora as variações ambientais e o

sistema de controle pode realizar os

ajustes necessários.

PAPEL: Manutenção do estado

consciente ; percepção sensorial

e interpretação dos estímulos ;

controle e ajuste do

comportamento somático e

visceral ; integração com o meio

ambiente ; possibilita de

aprendizado ; permitem a

sobrevivência.

APRENDER

ADAPTAR é uma questão dos

estímulos às inter-relações neuronais,

múltiplas conexões sinápticas e muita

sensibilidade.

ADAPTAR é detectar as modificações

dos ambientes: estímulo celular;

sensibilidade sináptica; movimento e

defesa do organismo.

ADAPTAR é,

constantemente, convocar os

sistemas nervosos a

assimilar novidades do

mundo extragenético e assim

fortificar e renovar as

experiências. (Claudia Nunes)

NEURÔNIOS ESPELHOS

Cérebro como um simulador de

ações: ensaiamos ou

imitamos mentalmente toda

ação que observamos. Essa

capacidade se deve aos

“neurônios-espelho”, distribuídos

por partes essenciais do cérebro

(o córtex pré-motor e os centros

para linguagem, empatia e dor).

Células cerebrais são

essenciais no aprendizado de

atitudes e ações, como

conversar, caminhar ou dançar.

Eles permitem que as pessoas

executem atividades sem

necessariamente pensar nelas,

apenas acessando o seu banco

de memória.

ATIVIDADE SEMELHANTE AO

GENIUS COM O CORPO.

Primeiro: fazemos dois ou três

momentos e toda a turma repete. É o

esquenta.

Segundo: cada aluno faz dois

movimentos e todos repetem.

Terceiro: cada aluno faz dois

movimentos e o próximo um diferente.

Quarta: cada aluno faz um movimento e

o próximo faz dois diferentes.

Quinta: cada aluno faz um movimento e

o próximo repete e acrescenta o seu; e

assim sucessivamente.

SINAPSES

Região de conexão sem

contato entre dois neurônios:

axônio e dendrito.

Transmissão do impulso

que se dá pela liberação de

substancias químicas

chamadas de

‘neurotransmissores’, como

acetilcolina, dopamina e

noradrenalina.

São pontos de união entre

as células nervosas e entre

estas e as células efetoras

(Músculo ou Glândula).

Perceber, receber

informações externas e dar

sentido e entendimento.

NEUROPLASTICIDADE A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso

de alterar algumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do ambiente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente às

alterações.

Segundo RELVAS (2005, p.43), Plasticidade Cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC – sua

habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições

mutantes e a estímulos repetidos.

Capacidade que o homem tem de se reinventar a partir da convergência de múltiplos estímulos.

Capacidade modificativa e adaptativa do sistema nervoso.

FUNÇÕES

COGNITIVAS e

EXECUTIVAS

LINGUAGEM

MEMÓRIA

PERCEPÇÃO

ATENÇÃO

FUNÇÕES

MOTORAS

RACIOCÍNIO

LÓGICO

Como o cérebro aprende?

Depende dos tipos de estímulos;

Depende da emoção;

Depende dos sentidos;

Depende das experiências já presentes;

Depende dos desafios;

Depende da formas de aproximação;

Depende de planejamento;

Depende da construção afetiva;

Depende das práticas oferecidas.

ATENÇÃO

CURIOSIDADE

INTERESSE

DESAFIO

Aprendizagem e MEMÓRIA

• Atenção

• Codificação

• Armazenamento

• Recuperação

Funções Executivas Com as descobertas das funções do lobo pré -frontal ,

nosso “executivo central”, começamos a descortinar um vasto caminho que nos leva

ao comando de nossas ações e desejos.É nele que se encontram as Funções

Executivas, um conjunto de habilidades cognitivas que nos possibilitam gerenciar,

dirigir, programar, reorganizar e planejar para que possamos atingir metas em nossa vida.

(Vera Mietto, 2012)

SÃO O QUE NOS FAZEM CIVILIZADOS (padrão):

SOMOS FRONTAIS (lobo frontal);

De acordo com o que você aprender até aqui, já sabe que

estamos falando do córtex pré-frontal, sede do pensamento, planejamento e do raciocínio.

Alterações na linguagem, pensamento e memória

demonstram já alterações nas funções executivas.

Disfunção funções executivas: evidências

Pacientes com lesões pré-frontais apresentam sinais e sintomas similares aos de pessoas com autismo

– Prejuízo no juízo crítico relacionado à regras sociais;

– Problemas atencionais;

– Prejuízo na memória de trabalho;

– Perseveração.

Daí há

PREJUÍZO SOCIAL

PREJUÍZO DE COMUNICAÇÃO

COMPORTAMENTOS REPETITIVOS

Há algumas necessidades especiais em que podemos encontrar disfunção executiva mais ampla ou específica como o TDAH, o autismo, a deficiência intelectual, os transtornos de aprendizado, ou em condições como a depressão e as epilepsias.

GERAÇÃO ALPHA

(nascida a partir de 2010) -Tem interação total com a tecnologia;

- Exigem revolução nas práticas de ensino;

- Tem individualidade rara;

- Focam no que sabem e não no que poderiam ser;

- Prezam a diversidade e a espontaneidade;

- Podem ser tudo ao mesmo tempo;

- Pensam de forma integrada e complexa;

- Acessam desde cedo a smartphones, tablets e celulares;

- Precisam de desafios desde a primeira: projetos, p.e.;

- São mais espertas, curiosas e ligadas em tudo á sua volta;

- Estudam mais cedo, acessam sistemas escolares diferentes (mais

personalizado e híbrido – on e off-line - ênfase nas situações do

cotidiano;

- Tem forte adaptação às novas tecnologias;

- Acreditam em relações menos hierárquicas;

- Tem conexão e interconexão com todas as tecnologias;

“Somos frutos da carga genética, ambiente,

estímulos e experiências, além de nosso livre

arbítrio = ser único.”

(FURIA, Fernanda. Universidade College de Londres)

Aprendizagem e suas nuances

• COMO E O QUE OBSERVAR NAS DIFICULDADES:

Desorganizado, desajeitado, distraído;

Atenção curta;

Frustração com facilidade, não tolera desafios;

Irritável, impulsivo;

Dificuldades de lateralidade, até de preferência;

Dificuldades gráficas ( no desenho), em letras

Não permanece sentado

Agitação corporal

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