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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS XIV
CRISTIANE SOUZA ANDRADE
O ENSINO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA INGLESA
Conceição do Coité
2011
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CRISTIANE SOUZA ANDRADE
O ENSINO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA INGLESA
Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Letras com Habilitação em Língua Inglesa.
Orientador: Raulino Batista Figueiredo Neto.
Conceição do Coité
2011
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CRISTIANE SOUZA ANDRADE
Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Letras com Habilitação em Língua Inglesa.
Orientador: Raulino Batista Figueiredo Neto.
Aprovada em: ___/___/___
Banca examinadora
_______________________________Raulino Batista Figueiredo NetoUniversidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_________________________________________Neila Maria Oliveira SantanaUniversidade do Estado da Bahia – Campus XIV
_________________________________________Fernando SodréUniversidade do Estado da Bahia – Campus XIV
Conceição do Coité
2011
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Dedico este trabalho a Deus, que por tantas vezes me sustentou nos momentos de desânimo, iluminando-me com sua graça.
A minha família, principalmente minha irmã, pelo incentivo e paciência na elaboração deste trabalho, porque sem apoio deles não teria chegado até aqui.
Minha gratidão.
O meu professor Raulino Batista Figueiredo Neto, pelo empenho, dedicação, competência, e por ter acreditado no meu trabalho.
Meu reconhecimento.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo observar a importância do ensino de Língua Inglesa no currículo e apresentar a interdisciplinaridade como suporte da abordagem Content-Based Instruction, a qual atuará de modo a auxiliar para um ensino mais crítico e integral do educando. A questão que conduziu essa investigação partiu das observações feitas nas escolas públicas de Conceição do Coité-Ba cuja prática pedagógica prioriza o Método Gramática e Tradução que não estimula o aluno a desenvolver sua competência comunicativa em Língua Inglesa.
Palavras-chave: Língua Inglesa. Ensino. Prática Pedagógica. Interdisciplinaridade.
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ABSTRACT
This work aims to observe the importance of the English language teaching in the curriculum and present an interdisciplinary approach with the support of the Content-Based Instruction, which will work as a means to support a more critical and comprehensive teaching to the student . The question that conducted this research came from the observations made in public schools in the city of Conceição do Coité - Ba whose practice emphasizes the pedagogical grammar and the translation method, a process that does not encourage students to develop their communicative competence in the English language.
Keywords: English Language. Teaching.Teaching Practice. Interdisciplinary.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................7
CAPÍTULO I
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ........................9
1.2 A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE LE.....................................11
1.3 CONTENT BASED E A INTERDISCIPLINARIDADE..................................16
CAPÍTULO II
2 METODOLOGIA..............................................................................................18
CAPÍTULO III
3 ANÁLISE DE DADOS.....................................................................................20
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................29
REFERÊNCIAS..................................................................................................31
APÊNDICE.........................................................................................................33
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz reflexões sobre uma proposta para o ensino de LI
(língua inglesa) em uma perspectiva interdisciplinar, proposta esta que encontra
suporte na abordagem CBI-Content-Based Instruction que enfatiza a
contextualização do ensino de língua inglesa através da interdisciplinaridade, visto
que esta permite um trabalho integrado dos conteúdos das diversas áreas de
conhecimento. Desse modo, a LI seria usada como meio de comunicação e não
como objeto de estudo no qual destaca-se um trabalho quase sempre gramatical,
nos moldes como é geralmente explorada no contexto de sala de aula.
Esse trabalho teve como ponto de partida as inquietações e discussões
travadas nas interações em sala de aula, durante o II semestre do curso de Letras
com habilitação em Língua Inglesa, e as observações realizadas em uma escola
pública de Conceição do Coité, no decorrer do Estágio Supervisionado I, de maio até
julho de 2009. Tais momentos se converteram em uma oportunidade de confirmar
que a prática pedagógica dos professores de LI ainda se encontra centrada no
método tradicional – gramática e tradução. Sabe-se, entretanto, que essa prática é
pouco eficiente, haja vista o número elevado de estudantes que concluem o Ensino
Médio sem ter desenvolvida a habilidade comunicativa em língua inglesa. Há duas
hipóteses que justificam os resultados pouco satisfatórios: a primeira diz respeito ao
notório desinteresse dos alunos nas atividades em sala de aula, provavelmente
associado às reais situações sociais nas quais estão inseridos. A segunda refere-se
ao método gramática-tradução, como uma alternativa para se alcançar os objetivos
do ensino de uma segunda língua. Entretanto, vale ressaltar que os alunos de
escolas públicas, em sua maioria, vivem num difícil contexto social que muitas vezes
não lhes permitem enxergar o sentido de se aprender uma segunda língua em
virtude das poucas oportunidades, que lhe são oferecidas, de ingressarem no
mercado de trabalho.
Essa questão pode ser melhor entendida a partir da compreensão da escola
pública como uma instituição social que acolhe indivíduos oriundos das mais
diferentes classes sociais. Logo, pressupõe-se que a escola não pode deixar de
preencher cada vez mais o requisito da formação do sujeito, considerando os vários
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aspectos – históricos, culturais, sociais e cognitivos - que influenciam no seu
aprendizado, contribuindo assim para uma formação mais completa e cidadã.
Acredita-se que o caminho seja a reformulação da prática pedagógica,
conscientizando o aluno da importância do desenvolvimento não apenas de
habilidades gramaticais, de modo a valorizar durante o processo ensino-
aprendizagem, situações reais de comunicação da língua em diferentes contextos,
procedimento este que deve estar embasado em uma concepção de língua mais
voltada para a diversidade discursiva que permeia o mundo no qual está inserido o
educando. E nesse ponto, a leitura de diferentes textos que circulam na mídia e de
textos de outras disciplinas podem contribuir para um aprendizado mais dinâmico e
contextualizado, levando o aluno a uma aprendizagem significativa e crítica.
Esta primeira parte da monografia está subdividida em três tópicos: A
importância do ensino de LI no currículo para formação cultural e intelectual do
sujeito; A interdisciplinaridade no ensino de LE como um instrumento eficaz para
construção do saber mais integrado e significativo para o educando; A abordagem
Contet Based Instruction que utiliza textos de outras disciplinas na aprendizagem da
língua alvo.
Os principais teóricos que embasaram essa revisão bibliográfica foram
Fazenda(1993), Luck(2007) e os PCNs.
De acordo com Moita Lopes(1996), a pesquisa desenvolvida nesse trabalho é
de natureza etnográfica, cujo foco é colocado na investigação de uma possibilidade
de se modificar a situação existente em sala de aula.
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CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO
Dentre os princípios que norteiam a educação moderna, encontra-se o de
aprender a interagir com diferentes situações e culturas. Assim, entende-se que é
preciso que a escola esteja atenta no sentido de promover um espaço interativo,
buscando promover uma educação em que se desenvolvam atividades referentes
aos saberes necessários a cada área de conhecimento sem, no entanto desvincular
desse processo as identidades culturais, sociais, históricas, ideológicas. Estreitar a
relação entre conteúdo e contexto possibilita uma mudança na perspectiva de
ensino, desperta no educando a importância de ser aprendiz, resultando no
enriquecimento da sua formação enquanto ser social.
O ensino de Línguas Estrangeiras tem adquirido cada vez mais importância
no currículo das escolas de Ensino Fundamental e Médio. Asseguradas pela LDB,
encontram-se, atualmente, incluídas na área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias. Assim sendo, tornaram-se parte integrante do leque de conhecimentos
indispensáveis à vida dos estudantes uma vez que o currículo tem buscado adaptar-
se cada vez mais às demandas da sociedade globalizada. Compreendidas como um
sistema simbólico, característica de qualquer linguagem, as Línguas Estrangeiras
figuram como meio de acesso ao conhecimento, proporcionando ao indivíduo uma
formação mais ampla, pois além do conhecimento de uma nova cultura, proporciona
a construção de uma consciência crítica sobre sua própria cultura. De acordo com
os PCN:
O aprendizado de idiomas estrangeiros deve propiciar que o aluno perceba as possibilidades de ampliação de suas interações com os outros. Este aprendizado, contudo, não deve constituir processo de desvinculação cultural; pelo contrário, é reforçador de trocas culturais enriquecedoras e necessárias para a construção da própria identidade. (PCN, 2002, p.100)
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Ao se discutir a inclusão do ensino de uma língua estrangeira no currículo,
não raro, tem-se como argumento o fato de que ela se constitui numa exigência de
mercado, essa concepção revela uma visão realista e pragmática do ensino,
contudo, é preciso ampliá-la, pois além de corresponder às demandas do momento,
norteadas pelo modelo econômico e cultural da globalização, ela possibilita ao
indivíduo o diálogo com outras culturas sem que necessariamente anule ou
desvalorize a sua própria, pelo contrário, o educando estará ampliando seus
horizontes culturais bem como a sua capacidade crítica de compreender melhor sua
realidade e as dos outros que o cercam através do conhecimento lingüístico.
Seguindo essa perspectiva, Jorge afirma que
O caráter educativo do ensino de uma LE está nas possibilidades que o aluno pode ter de se tornar mais consciente da diversidade que constitui o mundo. As múltiplas possibilidades de ser diferente, seja pela cultura, seja pelas identidades individuais, podem fazer com que o indivíduo se torne mais consciente de si próprio, em relação a seu contexto local e ao contexto global. (JORGE, 2009, p.163)
Nessa perspectiva, cabe a escola assegurar um ensino de qualidade que
contribua na vida do educando para que este possa exercer a sua cidadania com
autonomia, avaliando melhor o seu contexto social, comparando-o a outras culturas.
O ensino de língua estrangeira pressupõe a compreensão da linguagem tanto
do ponto vista teórico quanto do seu uso nas diversas situações no contexto social
do indivíduo. É por meio da linguagem que ele interage construindo significados.
Essa interação com o outro se dá por meio do discurso sendo necessário considerar
as condições de uso, atentando para o fato de que os discursos denotam ideologias
e visões diferentes do mundo. Portanto,
O estudo e o ensino de uma língua não podem, neste sentido, deixar de considerar – como se fossem pertinentes – as diferentes instâncias sociais, pois os processos interlocutivos se dão no interior das múltiplas e complexas instituições de uma dada formação social. A língua, enquanto produto desta história e enquanto condição de produção da história presente
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vem marcada pelos seus usos e pelos espaços sociais destes usos.(GERALDI, 1996, p.28)
Inserir no universo da sala de aula diferentes situações de comunicação
através da leitura e compreensão de textos verbais orais e escritos, estimular o
aluno a buscar novas informações fora da sala de aula, contribuirá para que o aluno
construa seu próprio conhecimento no idioma estrangeiro. Segundo os PCN,
Ainda que em situação de simulação, a mobilização de competências e habilidades para as atividades de uso do idioma – ler manuais de instrução, resolver questões de vestibular, solicitar e fornecer informações, entender uma letra de música, interpretar o anúncio de um emprego, traduzir um texto, escrever um bilhete, redigir um e-mail, entre outras – deve ocorrer por meio de procedimentos intencionais de sala de aula. (PCN, 2002, p. 94)
Portanto, os conteúdos programáticos de língua estrangeira devem estar
voltados para o desenvolvimento das competências e habilidades, buscando
preparar o aluno para utilizar a linguagem nos níveis de competência interativa,
gramatical e textual. Para Bertoldo:
[...] o objetivo principal de quem ensina uma LE é o de levar o aluno a ler, escrever, falar e ouvir de maneira satisfatória, de tal forma que esse aluno atenda às exigências mínimas de um perfil de sujeito considerado fluente na língua alvo. (BERTOLDO, 2005, p.112)
Desse modo, o aluno vai além das aulas de gramática, passando a
compreender a língua estrangeira como um meio eficaz de interação e de
conhecimento.
1.2 A INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO DE LE
Num contexto em que é preciso integrar para melhor construir um
conhecimento mais global, faz-se imprescindível a elaboração de um planejamento
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coletivo com vistas a desenvolver uma prática interdisciplinar de maneira que atenda
aos objetivos específicos das disciplinas e também aos aspectos que se referem à
formação cidadã, pois os educandos vivem inseridos em uma sociedade diversa e
em constante transformação.
Nessa perspectiva, a interdisciplinaridade torna-se uma ferramenta eficaz na
construção desse saber integrado, permitindo ao aluno compreender que as áreas
de estudo possuem características específicas, mas que se complementam. Esse
ponto de convergência entre as áreas do conhecimento é muito importante para a
construção de um saber mais amplo e integrado. Luck afirma que
[...] para o desenvolvimento da interdisciplinaridade, é fundamental que haja diálogo, engajamento, participação dos professores, na construção de um projeto comum voltado para a superação da fragmentação do ensino e de seu processo pedagógico. ( LUCK, 2007, p. 80)
O argumento acima denota que a construção de uma prática interdisciplinar
requer do educador uma percepção da diferença, a confirmação da incompletude, e
ao mesmo tempo necessidade de se encontrar o lugar comum.
Experimentar esse diálogo entre as disciplinas constitui-se numa proposta de
um ensino que tem ganhado força por se acreditar que assim se dê ao aluno a
oportunidade de uma formação integrada em que os conteúdos sejam trabalhados
de maneira mais articulada, permitindo uma construção do conhecimento mais
significativa para o aluno. O Content-Based Instruction é uma abordagem de ensino
que objetiva essa contextualização do ensino de Língua Inglesa a partir do viés
interdisciplinar.
Essa abordagem pode levar os alunos a atingir uma aprendizagem
significativa tanto no âmbito escolar quanto no social, pois os estudantes são
envolvidos em situações-problema que devem ser solucionadas pelos mesmos. O
conteúdo de outras disciplinas é usado na língua alvo, provocando assim o caráter
interdisciplinar, encorajando o educando a dividir informações, desenvolver e
aprender com os demais. Além disso, o professor de língua inglesa seleciona
atividades relacionadas a contextos reais de uso da língua para que os aprendizes
percebam a relevância no que está sendo ensinado.
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Assim, por entender que o ensino de língua inglesa não pode estar dissociado
ou à margem desse processo, ele deve ir além do desenvolvimento das habilidades
lingüísticas, contribuindo para que os alunos se tornem protagonistas das suas
histórias, autônomos na construção do seu conhecimento, utilizando o conhecimento
adquirido, nas diferentes situações do cotidiano.
Estimular a autonomia do educando consiste em assumir uma prática
pedagógica que estimule o aluno a realizar atividades dentro e fora da sala de aula
como forma de aperfeiçoar cada vez mais a nova língua. Segundo Cruz,
[...] o aprendiz autônomo é aquele que reflete criticamente sobre o próprio processo de aprendizagem, que traça objetivos, de acordo com suas necessidades, e assume a tarefa de decidir o que, como e quando estudar para alcançar os resultados desejados.” ( CRUZ, 2009, p.60)
É importante deixar claro que o papel do professor não é colocado de lado, ao
contrário, ele é o responsável por fornecer os mecanismos necessários para que o
aluno caminhe em direção à autonomia.
Em uma escola onde seja implementada uma educação crítica e participativa,
esse educando, certamente terá as ferramentas necessárias para o
desenvolvimento da sua autonomia enquanto estudante e também como cidadão.
Para que essa ideia vigore, é preciso uma mudança na concepção de
ensino por parte dos educadores, que trazem na sua formação uma concepção de
ensino na qual o conhecimento fragmentado ainda prevalece. A partir da
implementação de uma prática interdisciplinar de ensino, podemos proporcionar o
desenvolvimento das habilidades e competências do aluno para a promoção de uma
educação em que o processo de ensino-aprendizagem torne-se mais significativo e
menos reprodutivo, pois,
o pensar interdisciplinar parte do princípio de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma racional. Tenta, pois o diálogo, com outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. (FAZENDA, 1993, p17).
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Portanto, integrar os conhecimentos é um caminho para que o aluno construa
sentido para aquilo que aprende, e a interdisciplinaridade, pode contribuir no
envolvimento desse educando nos procedimentos desenvolvidos em sala de aula,
pois ela traz uma proposta cooperativa e integrada em que os conteúdos encontram-
se relacionados estabelecendo um diálogo entre as diferentes áreas de
conhecimento, favorecendo, portanto, a realização de um planejamento construído
num contexto coletivo.
O ensino de língua inglesa, assim como o de qualquer disciplina, necessita
estar alicerçado numa concepção de ensino, neste caso, essa visão é a
interacionista cujo objetivo é estreitar as relações entre os envolvidos no processo e
o objeto de estudo. O ensino de língua inglesa deve estar voltado para a consciência
crítica da linguagem, valorizando a diversidade discursiva e cultural que permeia o
mundo que o cerca.
Produzir linguagem significa produzir discurso: dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma, em um determinado contexto histórico e em determinadas circunstâncias de interlocução. Isso significa que as escolhas feitas ao produzir um discurso não são aleatórias – ainda que possam ser inconsistentes -, mas decorrentes das condições em que o discurso é realizado. (PCNs, 1997, p.22)
Os educandos terão, nessa perspectiva, a oportunidade de interagir, inferir,
levantar hipótese e relacionar o conhecimento adquirido com aquele que já possui,
buscando sempre uma ponte para esse saber e a sua realidade enquanto cidadão
do mundo. O ensino de língua inglesa proporciona um contexto propício para o
desenvolvimento de atitudes cidadãs, visto que oferece ao aluno novas
possibilidades de se expressar e posicionar-se em situações diferentes. Esse
procedimento de ensino condizente com a realidade do aluno possibilita-lhe uma
compreensão crítica dos acontecimentos do mundo e suas implicações na vida
prática. E para isso é preciso que a escola eduque para a autonomia. Portanto, é
necessário ir além da assimilação dos conteúdos, relacionando o saber adquirido à
vivência do educando, levando-o a compreender as relações que possam ocorrer
entre o saberes das diferentes áreas do conhecimento. O ensino fragmentado já não
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tem mais espaço nessa sociedade globalizada e informatizada. Para Luck a
interdisciplinaridade contempla essa concepção de ensino:
Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e o engajamento de educadores, num trabalho conjunto de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade; de modo a superar a fragmentação do ensino objetivando a formação integral do aluno, a fim de que possa exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e ser capaz de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual.( LUCK, 2007, p.64)
O ensino interdisciplinar proporciona tanto ao professor quanto ao aluno, o
desenvolvimento de habilidades como tolerância na vivência em grupo, respeito
mútuo e cidadania, despertando a consciência social e os valores que asseguram
uma formação integral. O ensino de Língua Inglesa precisa ser encarado como uma
atividade sócio-histórica, viva e reflexiva em acordo com realidade que circunda os
alunos.
1.3 A ABORDAGEM CONTENT BASED E A INTERDISCIPLINARIDADE
A abordagem Content- Based Instruction (CBI) consiste numa proposta de
ensino que visa utilizar o conteúdo de outras áreas do conhecimento, na tentativa de
promover um ensino de LI mais abrangente e significativo para os alunos.
Com o uso do CBI, há um engajamento entre a língua estudada e o conteúdo
de outras áreas, o que contribui para uma aprendizagem mais crítica, formando
assim, cidadãos pensantes. De acordo com o ensino de língua centrado no
conhecimento de mundo, Stoller afirma que ¹“1through content-based instruction,
learners develop language skills while becoming more knowledgeable citizens of the
world”. (STOLLER, 2002 apud RICHARDS. RENANDYA, 2002, p.107)
Assim, de acordo com essa perspectiva, os alunos se sentem mais motivados
quando a atividade é centrada em outros assuntos, e não somente no uso de regras
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Através do Content-Based Instruction, os aprendizes desenvolvem as suas habilidades linguísticas enquanto se tornam cidadãos mais conscientes do mundo.
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gramaticais da língua. O autor também afirma que os professores nas aulas de CBI,
quando criam um ambiente de aprendizagem vibrante, promovem um envolvimento
entre eles, dando aos estudantes responsabilidades para construir seu próprio
conhecimento. Portanto, é preciso que, tanto os conteúdos das disciplinas, quanto o
da língua alvo, sejam definidos a partir da necessidade comunicativa dos alunos,
pois, desenvolver habilidade comunicativa não se restringe apenas à oralidade, mas
também ao desenvolvimento das outras habilidades tais como ler e escrever.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
O estudo das outras disciplinas, notadamente de História, Geografia, Ciências Naturais, Arte, passa a ter outro significado se em certos momentos forem proporcionadas atividades conjugadas com o ensino de Língua Estrangeira[...] (PCN, 1998 p.37)
Para Larsen-Freeman (2000) os alunos são motivados porque estão aprendendo
um conteúdo que é relevante para eles. A autora defende que os trabalhos escritos
pelos alunos devem ser realizados de forma processual, de modo que essa técnica
apresente a seguinte ordem:
1) os alunos fazem uma discussão prévia do assunto escolhido para a
confecção do texto.
2) Conferência do professor com os outros alunos para que o autor receba
sugestão sobre seu texto.
3) Reescrita baseada nas observações feitas.
Com isso, os alunos aprendem a revisar seus próprios textos e os dos colegas.
Além disso, eles percebem que a escrita é vista como um meio de comunicação, e
não apenas como uma atividade que tem como único objetivo avaliar o aluno.
O sucesso dessa proposta interdisciplinar no ensino de língua, depende de
muitos fatores, entretanto, o papel do professor de língua inglesa se destaca visto
que ele, como orientador dos trabalhos, necessita estar cada mais preparado para
enfrentar esse desafio, e isso se dá através de uma prática refletida e um
embasamento teórico sólido, contínuo. Enfim, sendo um investigador, e buscando
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novos caminhos para o ensino aprendizagem no ensino de LI como destaca Vilaça
em seu artigo:
[...] o professor precisa estar cada vez mais preparado para não só lecionar, mas também administrar o processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira. Para isto, a formação do professor requer atenção especial. Embora estejamos numa era que permite e, em muitas situações, exige o ecletismo, um dos fundamentos necessários a esta formação é conhecimento e estudo crítico dos métodos e das abordagens de ensino, para que a sua participação no ensino seja fundamentada em princípios teórico-metodológicos, competências e conhecimentos sólidos e compatíveis com a sociedade e o tempo em que vivemos. (VILAÇA, 2008, p.85)
Com base no que foi exposto, pode-se afirmar que o uso do CBI leva os alunos
a desenvolver a habilidade comunicativa da língua de forma mais participativa e
autônoma, pois a variedade dos conteúdos desenvolvidos no decorrer da
aprendizagem dá aos alunos a oportunidade de construir conhecimento de modo
diversificado.
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CAPÍTULO II
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, o método aplicado foi o método dedutivo,
que se caracteriza pelo embasamento conceitual a partir do que foi dito por outros
teóricos sobre o tema. Para obter o corpus da pesquisa, realizei uma pesquisa de
campo descritiva por propiciar um contato direto com o fenômeno em estudo. A
pesquisa desenvolvida nesse trabalho é de natureza etnográfica, cujo foco é
colocado na investigação e descrição de situações existentes em sala de aula.
Dessa forma, fiz uso da técnica de observação e aplicação de questionários
para melhor explicitar as idéias sobre o tema. Durante a aplicação dos questionários,
ocorreram alguns transtornos de modo que a pesquisa não pode ser realizada
apenas em uma escola em função do número reduzido de professores por escola.
Além disso, o retorno dos questionários se deu de forma muito morosa, reduzindo o
tempo para análise dos dados e eventuais necessidades de refazer as perguntas.
Em virtude desse retardo na entrega dos referidos questionários, não foi possível
fazer a reelaboração dos mesmos, uma vez que, a partir da análise das questões
percebi que algumas delas mereceriam ser reformuladas, de modo a ficarem mais
objetivas. No entanto, a escassez de tempo já referida não possibilitou a reescrita
dessas questões. O principal objetivo da pesquisa é refletir acerca da importância
da interdisciplinaridade e o uso da abordagem Content Based Instruction, a fim de
melhorar a qualidade do ensino de LI, ao invés de continuar utilizando métodos
tradicionais que não apresentam resultados positivos. Essa investigação se justifica
por entender que é possível organizar um ensino de LI com base no princípio da
interdisciplinaridade.
A pesquisa iniciou-se a partir de um levantamento acerca de como se efetiva
o ensino nas escolas, considerando as exigências previstas na LDB (Lei de
Diretrizes e Bases), nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) instrumentos
estes que subsidiam a prática interdisciplinar do ensino.
A realização dessa investigação exigiu um aprofundamento em torno da
concepção do ensino de LI no currículo, que norteia os docentes em sua prática
pedagógica. Buscou-se ainda compreender a escola nas suas múltiplas interfaces
numa perspectiva de escola que trabalha em favor da cidadania.
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Como procedimentos da pesquisa, escolhemos a observação do cotidiano
escolar através de questionários que serão respondidos pelos professores em
diferentes escolas do município de Conceição do Coité. As questões versam sobre
concepção de ensino de LI, currículo, prática pedagógica, interdisciplinaridade. A
investigação também se estendeu aos alunos que responderam questões acerca da
importância do ensino de LI e de como se efetiva o aprendizado da mesma na visão
deles.
Dez professores responderam os questionários de modo que possibilitou a
ampliação do corpus para uma análise mais ampla da problemática em questão.
Esses profissionais trabalham nas seguintes unidades escolares: Escola Estadual
Almir Passos, Colégio Estadual Hamilton Rios de Araújo, Escola Polivalente de
Conceição do Coité, Escola João Paulo Fragoso, Escola Evódio Ducas Resedá e
Escola Durval da Silva Pinto. É importante ressaltar que as observações para a
realização do projeto foram feitas apenas em três das escolas citadas acima.
A escolha por professores de escolas diferentes justifica-se devido à carga
horária pequena da disciplina. Outro aspecto levado em consideração foi confrontar
os pontos de vista sobre a concepção do ensino de LI e também constatar, ou não,
se a interdisciplinaridade faz parte do cotidiano das aulas, e se ela é compreendida
pelos docentes como uma metodologia que contribui para a formação global do
educando.
A análise feita é caracterizada como qualitativa, já que as perguntas serão
descritas para assim serem analisadas e relacionadas às teorias apresentadas
nesse estudo.
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CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS DADOS
As três primeiras questões mostram que dos dez professores participantes
da pesquisa, seis têm pós-graduação, dois graduação, dois estão concluindo o curso
de Letras com Língua Inglesa, atuam na rede estadual de ensino e lecionam no
Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Quando questionados acerca da “importância do ensino de Língua Inglesa no
currículo” obtivemos às seguintes respostas:
Professor 1: “ A importância reside no fato de que o ensino e aprendizagem da LI
pode fornecer ferramentas úteis para o pleno exercício da cidadania”
Professor 2: “Fundamental uma vez que o domínio de uma língua franca é
necessário para a formação multicultural do indivíduo.”
Professor 3: “Promover a inserção do aluno no mundo globalizado quanto aos
estudos culturais, sociais e econômicos dos países que falam a LI e a influência que
estes exercem na nossa sociedade.”
Professor 4: “ A LI é de suma importância no currículo, pois vivemos num mundo
globalizado e a aquisição (ou que seja simplesmente contata com outra língua)
permite o conhecimento cultural, bem como o reconhecimento de sua própria
identidade cultural”
Observa-se que as afirmações convergem para a importância do aprendizado
de uma segunda língua, para além das necessidades do mercado, apontando para
uma formação emancipatória integral e inclusiva do sujeito no mundo globalizado,
que vai requerer dele um posicionamento crítico quanto a seu papel no mundo. Essa
concepção de ensino de LI está de acordo com a perspectiva de ensino que
defendemos nesse estudo e também em consonância com as orientações contidas
nos PCNs que defendem um aprendizado de idiomas estrangeiros vinculado à
aquisição de um conhecimento multicultural para a construção da própria identidade.
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É interessante que nessa ótica, as chances de um ensino integrado a outras
disciplinas se tornam maiores visto que a idéia já não condiz com o ensino pautado
em estudo de regras e repetições de frases, pois muitas pesquisas já apontaram a
ineficiência do ensino de nomenclaturas desvinculadas de seu contexto de uso.
Seis professores responderam a questão numa perspectiva voltada para a
formação cultural e profissional, que não é de forma nenhuma entendida aqui como
errônea ou desnecessária, mas unilateral.
Professor 5 “Proporcionar ao aluno a oportunidade de conhecer uma outra cultura,
expandindo seus conhecimentos.”
Professor 6 “ Conhecer outra cultura, ler livros ou assuntos abordados em língua
inglesa em blogs, revistas, preparar o aluno para o vestibular, etc”
Professor 7 “Em um mundo globalizado, faz-se necessário cada vez mais um
aprendizado na língua inglesa, pois o inglês está presente em todos os locais.
Professor 8 “Além de possibilitar crescimento pessoal ao conhecer uma nova
cultura, é uma ferramenta indispensável no mercado de trabalho atual”
Professor 9 “A importância do ensino de língua inglesa vem crescendo devido a
diversos fatores: a exigência do mercado de trabalho, o grande avanço nos meios de
comunicação, as viagens internacionais entre outros.”
Professor 10 “ Com a globalização e o avanço da tecnologia é cada vez mais
necessário o aprendizado da língua inglesa para que o aluno tenha uma formação
mais ampla e condizente com a vida moderna”.
Nessa visão, o ensino permite uma formação que estimula o indivíduo a expandir
seus conhecimentos, de modo a promovê-lo na escala social bem como a sua
inserção nesse mundo globalizado. Entretanto, nessa questão não se percebe uma
preocupação em confrontar os aspectos socioculturais do seu próprio país e dos
países que falam LI. Sem dúvida, estabelecer esse contraste certamente vai
contribuir para a identificação do educando enquanto cidadão do mundo. Essa
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observação coincide com o posicionamento de outros estudiosos que sugerem a
adoção de um procedimento mais interpretativo no qual a ênfase é dada à
compreensão e ao intercâmbio de informações. De acordo com Lima,
[...] ao invés de se concentrar no ensino de fatos sobre determinado país de fala inglesa, talvez fosse aconselhável adotar uma estratégia mais interpretativa, na qual fosse dada ênfase à compreensão intercultural, por meio de comparação e contraste da cultura do aprendiz com a cultura da língua-alvo.( LIMA, 2009, p.183)
Quando questionados quanto à motivação dos alunos para aprender à língua
inglesa obteve-se a seguinte resposta:
Os dez professores assinalaram no item “em parte” justificando a falta de
interesse por diferentes motivos:
Professor 1 “A motivação às vezes soa muito repleta de “imediatismos” sendo que
os alunos sentem-se apegados a uma música de um cantor, marcas de roupas etc.
esse conhecimento da língua estrangeira é o mais freqüente que buscam.”
Professor 2 “Há casos em que estudantes tem a habilidade natural e outros que
criam um bloqueio que impossibilita a aquisição.”
Professor 3 “Os alunos demonstram gostar da disciplina pela versatilidade que ela
apresenta, mas sentem-se “incapazes” de dominar a língua por não perceber a sua
importância no dia-a-dia.”
Professor 4 “Normalmente os alunos mais motivados são os das séries iniciais 5ª
e 6ª e também alguns alunos que têm mais contato com a internet.”
Professor 5 “Alguns já tem uma motivação natural ao participar das aulas de LE,
outros, por mais que se faça atividades diferentes, nunca estão motivados.”
Professor 6 “Os alunos do Ensino Fundamental II são mais motivados, mais
curiosos e acham engraçado a pronúncia de algumas palavras da Língua Inglesa.”
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Professor 7 “A maioria dos alunos, não mostra interesse nenhum, alegando que
futuramente não precisarão da LI. Cabe ao professor mudar essa situação.”
Professor 8 “Alguns possuem uma motivação, pois se identificam com o idioma,
outros não têm maturidade suficiente para entender a importância de saber e/ou
dominar uma LE.”;
Professor 9 “Eles ainda não são capazes de perceber que o mundo atual não
permite que nos dediquemos apenas a nossa cultura. E que este idioma é um dos
mais falados no mundo.”
Professor 10 “Alguns poucos alunos se interessam pela língua inglesa, em geral
são aqueles que estão almejando uma boa profissão, que pretendem prestar
vestibular.”
A primeira compreensão que se tem a partir das falas acima, é que, na visão do
professor, o aluno deve possuir uma motivação intrínseca. A escola não é
mencionada como um espaço responsável por oferecer uma dinâmica de ensino de
LI capaz de motivar o aluno a interessar-se por aprender uma LI, exceto pelo
professor 7 que afirmou “Cabe ao professor mudar essa situação.” Essa afirmação é
positiva, pois sinaliza para a reflexão da prática pedagógica, para a atenção que se
dá a disciplina LI no currículo e sua contextualização na proposta pedagógica da
escola.
Entendemos que a motivação deve realmente partir do sujeito, e que os fatores
externos ajudam de modo decisivo, para que a motivação seja desenvolvida pelo
sujeito/aprendiz que se lança na aprendizagem de LI. No entanto, o que se observa
nos relatos da maioria dos professores é a crença de que é do aluno a
responsabilidade única quanto ao desenvolvimento motivacional.
É importante acrescentar ainda que aqueles que se sentem motivados
“almejando uma boa profissão, que pretendem prestar vestibular” não figuram como
regra, no contexto do ensino público, mas como exceção, e geralmente, são os
mesmos que se motivam em outras disciplinas também.
25
Portanto, no que se refere à motivação pessoal do aluno, a escola nem sempre
vai encontrá-la visto que a desmotivação tem um alcance mais amplo: o aluno não
vê a educação como caminho para o seu crescimento integral enquanto cidadão. A
escola precisa ter esse papel conscientizar de que hoje não vivemos isolados, mas
em rede, e que o acontece nessa aldeia global afeta a todos.
É preciso ressaltar também que a família figura como mola propulsora, quando
assume um papel motivador, e esses alunos certamente terão maiores chances de
desenvolver a aprendizagem, não apenas em língua inglesa, mas também em
outras disciplinas.
Esses aprendizes, no entanto, representam uma minoria, o que nos sinaliza
para o desenvolvimento de procedimentos metodológicos e atitudinais que
contemplem os outros sujeitos/aprendizes (a maioria dos alunos) que não
apresentam a mesma motivação daqueles que se mostram afins com a LI e
almejam, a partir da aprendizagem de LI, um futuro profissional de sucesso. Nesse
sentido, a LI sem dúvida, precisa ser trabalhada de modo a alcançar a coletividade
da sala de aula onde sua prática ocorre.
Quanto à questão “Quais as maiores dificuldades dos alunos em aprender
língua inglesa?”
Das alternativas listadas seis das respostas apontaram as alternativas:
“ Falta de interesse na disciplina”
“ Falta de material.”
Nenhum professor assinalou a alternativa:
“Falta de empenho dos profissionais.”
Cinco assinalaram:
“Falta de estrutura nas escolas.”
E todos escolheram a alternativa referente à:
“Pouca carga horária da disciplina.”
É sabido que os fatores apontados são importantes no desenvolvimento de
atividades de ensino de LI. Portanto, essas questões precisam ser discutidas
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quando da construção de projeto pedagógico da escola, momento em que se
definem prioridades, com exceção da carga horária, pois a escola ainda não tem
autonomia para defini-la. Contudo, nenhum professor mencionou as dificuldades de
ordem comunicativa, lingüística ou discursiva, nem tão pouco citou como dificuldade
o desnível lingüístico das turmas ou ainda as habilidades que deixaram de ser
desenvolvidas na série anterior.
Em relação aos recursos utilizados em sala como suporte para a metodologia
oito afirmaram utilizar músicas, dinâmicas, filmes, jogos, computador, textos de
acordo com a realidade do aluno. O professor 3 citou os recursos acima e também
a conversação. O professor 10, além dos recursos citados, criou um blog para
interagir com os alunos fora da sala de aula.
Observa-se que mesmo tendo esses recursos como auxiliares na metodologia,
os alunos se não se sentem motivados para aprender a LI, como fora citado
anteriormente pelos educadores.
No quesito método apenas o professor 4 declarou conhecer e utilizar como eixo
norteador das atividades o Content Based Instruction, mas afirma que alia ao
método a perspectiva eclética.
Outros sete afirmaram a opção por uma perspectiva eclética, uns alegando que
o público apresenta “diferentes perfis” ou que é preciso estar atento às necessidades
da turma e que só um método não satisfaz... “É necessário adequar a metodologia”.
Os demais afirmaram usar o método gramática-tradução e o método comunicativo.
O professor 3 enfatiza o método instrumental, priorizando a habilidade da leitura. O
professor 1 não justificou sua resposta.
Percebe-se que a maioria das justificativas não elucidam em que aspecto o
método escolhido facilita ou dificulta o desenvolvimento das quatro habilidades
(ouvir,falar, ler e escrever). Como já fora mencionado, a carga horária não permite
dar atenção igual a todas as habilidades, sendo assim, necessário que o professor
pincele todas ou privilegie uma ou duas delas no desenvolvimento de sua proposta
de ensino.
Na pergunta referente à utilização de textos de outras disciplinas nas aulas de
língua inglesa, obtivemos as seguintes respostas :
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Em oito dos questionários, as respostas asseveram que há a utilização de textos
de outras disciplinas nas aulas de língua inglesa. Em duas das respostas, no
entanto, afirmaram não usar esses textos e tão pouco justificaram a resposta.
Quanto à pergunta “Qual a importância do ensino interdisciplinar nas aulas de
LI?” tivemos as respostas:
Professor 1 “Permite ao aluno ter um conhecimento integrado do mundo que o
rodeia e o habilita a ler textos que tratem do assunto dado e dessa forma, favorece a
compreensão e interpretação de textos.”
Professor 2 “Para comprovar a teoria da multiculturalidade.”
Professor 3 “Ajuda a estabelecer conexões as quais permitem ao aluno perceber
que a língua inglesa não é algo solto, desprovido de sentido em relação à sua
realidade.”
Professor 4 “É importante para que os conteúdos trabalhados em língua inglesa
sejam ou se tornem mais relevantes para os alunos.”
Professor 5 “O aluno pode perceber que LE não é uma disciplina isolada, mas que
se relaciona com outras matérias de forma intrínseca e interessante.”
Professor 6 “ Internalizar o conteúdo de maneira branda e agradável”
Professor 7 “É a forma dos alunos adquirir a LI a partir das leituras de assuntos
relacionados à língua inglesa.”
Professor 8 “Os alunos percebem o ensino/conhecimento como um “todo”
onde as disciplinas se complementam.”
Professor 9 “Contribui para a compreensão e produção através de estratégias
cognitivas como identificar, deduzir, comparar, memorizar.”
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Professor 10 “Quando tratamos de assuntos conhecidos pelos alunos, eles se
sentem mais seguros e abertos a aprendizagem, além disso, reforça o aprendizado
dos conteúdos de uma maneira global.”
Vê-se que há um reconhecimento por parte dos professores acerca da
importância da interação entre as disciplinas, entretanto generalizam o conceito de
interdisciplinaridade. Essa imprecisão evidencia que os textos são usados de
maneira superficial sem um objetivo a ser alcançado, apenas direcionando à
interpretação de textos. Na verdade, a interdisciplinaridade deveria ser entendida
como um meio de trabalhar não somente a leitura, mas também as outras
habilidades referentes ao ensino de LI, além de proporcionar o desenvolvimento de
habilidades sócio-formativas.
Um planejamento interdisciplinar requer das áreas de conhecimento envolvidas
um ponto de convergência, ou seja, o assunto delimitado que vai ser explorado sob
diversos aspectos para que assim o aluno compreenda a relação existente entre os
conteúdos de diferentes disciplinas.
As justificativas referentes às “dificuldades enfrentadas acerca da prática
interdisciplinar no ensino de LI”, foram listadas da seguinte forma:
“falta de tempo para se encontrar com o colega”;
“falta de colaboração dos colegas”;
“falta de um orientador pedagógico”;
“a impossibilidade de contextualizar o vocabulário estudado a assuntos de outras
disciplinas;
“material didático e desvalorização da disciplina”;
“carga horária; metodologia escola”;
“falta de apoio da escola;
“o aluno não ter base para ler sobre um determinado conteúdo de outra disciplina
em outro idioma”;
Acerca da abordagem Content Based Instruction, sete afirmaram desconhecê-
la, dois disseram ter conhecimento, mas não utilizam-na em sala, e apenas um
afirmou misturar a abordagem a outros métodos de ensino de LI. O que se
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observa, nesse recorte de dez professores questionados, são as queixas acerca das
dificuldades encontradas no ensino de LI. E ainda que a interdisciplinaridade
definitivamente não é uma prática priorizada no currículo dessas escolas. Embora os
professores considerem-na importante, ela não se encontra solidificada cotidiano da
sala de aula, sob alegação de vários motivos.
Percebe-se também que a metodologia é realmente diversificada, mas não
segue uma abordagem pedagógica bem definida que estimule o aluno ao
desenvolvimento de sua competência comunicativa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa sociedade globalizada na qual vivemos, o conhecimento de uma Língua
Estrangeira é muito valorizado visto que é entendido como um requisito que leva o
educando a ascender na vida profissional. No entanto, é preciso que esse
conhecimento seja compreendido em suas múltiplas faces, possibilitando ao sujeito
agir como um cidadão crítico, frente aos problemas da realidade.
Essa concepção de ensino não condiz com um ensino fragmentado e isolado,
mas integrado de modo que as habilidades e competências desenvolvidas
possibilitem ao educando uma consciência intercultural. Nesse sentido, a
abordagem interdisciplinar colabora para um aprendizado de maneira mais ampla
que abarca os aspectos lingüístico, sociocultural, sócio-econômico.
[...] o ensino de língua estrangeira, reiteramos, não pode nem ser nem ter um fim em si mesmo, mas precisa interagir com outras disciplinas, encontrar interdependências, convergências, de modo a que se restabeleçam as ligações de nossa realidade complexa que os olhares simplificadores tentaram desfazer; precisa, enfim, ocupar um papel diferenciado na construção coletiva do conhecimento e na formação do cidadão( ORIENTAÇÕES CURRICULARES, 2008, p.131)
Desenvolver um ensino de LI, nessa perspectiva, exige dos educadores
abertura para mudança, compreendendo que este constitui-se num processo lento e
gradual em que serão construídas relações de sentidos com outras disciplinas, sem
no entanto, deixar de desenvolver as habilidades e competências que lhe são
pertinentes.
É certo que a busca pelo novo vai propiciar uma modificação no modelo de
ensino, visto que, o educador será desafiado cotidianamente a avaliar sua prática
pedagógica, para que assim se certifique de que o seu trabalho atende aos
objetivos de ensino de LI, e para isso o professor precisa ser um investigador, estar
em constante formação para assim adquirir a proficiência da língua estrangeira.
31
Para que isso ocorra, é necessário que o educador se desvincule das
barreiras que o impedem de se articular com os colegas como fora citado nos
questionários da pesquisa.
Não se pode refutar que os encontros, a pesquisa e a elaboração de material
adequado para o desenvolvimento dessas aulas implica muito tempo e o professor
nem sempre dispõe desse tempo em virtude da excessiva carga horária em uma,
duas ou até três escolas. Entretanto, os encontros pedagógicos da escola podem
ser uma alternativa para a elaboração de programa em que os conteúdos sejam
trabalhados de maneira integral, uma disciplina contribuindo com a outra, para a
construção de saber unificado.
Sabe-se que para a efetivação dessa abordagem de ensino, é preciso
também que a proposta curricular da escola seja integrada, elaborada
criteriosamente de modo que a seleção dos conteúdos esteja condizentes com a
necessidade dos educandos, que seja dialógica, oferecendo cada vez mais
condições para um ensino crítico e reflexivo.
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REFERÊNCIAS
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33
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APÊNDICE
Questionário para professores
1. Escola_____________________________________________________
( ) Pública ( ) Particular
2. Grau de formação: ( ) graduação ( ) pós- graduação ( ) graduando( ) Outros ___________________________________________________
3. Qual a série que leciona?
( ) 5ª ( ) 6ª ( ) 7ª ( ) 8ª
( ) 1º ano ( ) 2º ( ) 3º
4. Qual a importância do ensino de Língua Inglesa no currículo?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5.Você percebe que os alunos se sentem motivados em aprender a língua inglesa?
( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte
Justifique sua resposta _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Quais são as maiores dificuldades dos alunos em aprender língua inglesa?
( ) Falta de interesse na disciplina
( ) Falta de material (dicionário, livros, etc.)
( ) Falta de empenho dos professores
( ) Falta de estrutura nas escolas (acústica boa, laboratório de línguas, vídeo, etc.)
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( ) Pouca carga horária da disciplina
( ) Outros ___________________________________________________________
7. Quais os recursos você utiliza para motivar seus alunos durante as aulas?
( ) músicas ( ) computador ( ) teatro
( ) filmes ( ) textos de acordo com a realidade do aluno.
( ) jogos ( ) Dinâmicas
( ) outros___________________________________________________
8. Quais são os métodos que você utiliza nas aulas de língua inglesa?
( ) Método de Gramática e tradução ( ) Método Comunicativo
( ) Content Based Instruction ( ) Segue uma perspective eclética
Justifique sua resposta
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9. Você trabalha textos de outras disciplinas nas aulas de língua inglesa?
( ) Sim ( ) Não
Quais: __________________________________________________________
10. Qual a importância do ensino interdisciplinar nas aulas de língua inglesa?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
11. Quais dificuldades o professor enfrenta para a prática interdisciplinar no ensino de língua inglesa?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
12. Você conhece a abordagem Content Based Instruction?
( ) Sim ( ) Não
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13. Você aplica essa abordagem na sala de aula?
( ) Sim ( )Não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
14. Quais desses métodos contribuem para melhorar a aprendizagem dos alunos nas aulas de língua inglesa?
( ) Método da gramática e tradução (AGT)
( ) Abordagem direta ou método direto
( ) Abordagem para leitura ou método da leitura
( ) Método áudio-lingual
( ) Abordagem comunicativa
( ) Task-based Instruction ( tarefas)
( ) Content Based Instruction