O problema da moralidade da guerra

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A análise filosófica da guerra examina a guerra do ponto de vista moral perguntando se pode haver justificação moral para a guerra. Não pergunta pelas causas da guerra mas se há justificação moral para travar alguma, como deve ser conduzida uma vez declarada e como agir uma vez terminada.

Karl von Clausewitz um dos mais influentes pensadores da área, retratado por Karl Wilhelm Wach.

Curiosidade: A guerra dos 100 anos durou exactamente 116 anos

Uma definição dada por Karl Von Clausewitz diz que a guerra é “ a continuação da política por outros meios”.Esta definição, apesar de correcta, é vaga e incompleta pois quem só tiver esta informação não tem qualquer ideia que a guerra pode ser, por exemplo, um conflito armado. No entanto nem todos os conflitos armados são guerras, pequenos conflitos entre fronteiras, motins e outras formas de violência colectiva não têm a importância ou a dimensão de uma guerra.

Há vários tipos de guerra, como a guerra civil, um conflito armado entre facções, partidos ou grupos de um mesmo povo, ou ainda a que ocorre entre povos ou etnias habitantes de um mesmo país.

Guerra económica e guerra psicológica designam também conflitos agudos com acções igualmente violentas mas sem o uso de armas. A guerra pode ter motivos religiosos, étnicos, ideológicos, económicos ou territoriais.

Curiosidade: Em 1969, eclodiu uma guerra entre El Salvador e Honduras durante um jogo eliminatório para Copa do Mundo de Futebol (a guerra do futebol)

Algumas pessoas acreditam que a guerra faz parte da biologia humana, da sua necessidade de controlo territorial e natureza agressiva e há quem acredite que a causa da guerra é a perca da racionalidade por parte do Homem.

Frase:"O homem tem que estabelecer um final para a guerra, senão, a guerra estabelecerá um final para a humanidade." (John F. Kennedy)

Devido ao seu carácter violento e aos enormes efeitos na vida das pessoas e das sociedades, a guerra é uma fonte óbvia de questões de natureza moral. A mais importante dessas questões é a de saber se a guerra pode em alguma circunstância ser justificada ou se, pelo contrário, é sempre errada…

Frase: A uma guerra justa preferimos uma paz injusta. ( Samuel Butler )

Três teorias sobre a moralidade da guerra:

O Realismo O Pacifismo A Teoria da Guerra

Justa

Frase: Mais vale uma paz relativa que uma guerra ganha. ( Maria Thereza -Imperatriz da Áustria )

Realismo É uma teoria popular

entre os cientistas políticos, que consideram a politica internacional como uma anarquia, sem quaisquer regras morais, tendo os estados a regra “o mais forte á liberdade”, sobrepondo o interesse do estado a todos os outros.

Curiosidade: No século XX, os conflitos armados provocaram, directa ou indirectamente, a morte de 191 milhões de pessoas, mais de metade dos quais eram civis.

Como a guerra é apenas a continuação da política por outros meios, os realistas aplicam à guerra as suas ideias sobre a política internacional. A guerra só deve ser travada se servir os interesses do estado e, uma vez em guerra, o estado deve fazer tudo ao seu alcance para a ganhar.

Frase: "A diferença entre um anticristo genocída e um herói de guerra é apenas e tão somente quem venceu a guerra."(Marcelo Eiras)

Pacifismo O pacifismo, ao

contrário do realismo, não separa a ética da guerra. Os pacifistas consideram em geral que a guerra está dentro da esfera da moral. O problema está em que, do ponto de vista dos pacifistas, nenhuma guerra pode ser moralmente justificada. Seja por razões de princípio seja devido às consequências que dela resultam, a guerra é sempre errada.

Frase: Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia. John Lennon

O pacifismo moderno é de dois tipos, consequencialista e deontologista . O pacifismo consequencialista baseia-se normalmente na alegação que os benefícios da guerra nunca superam os seus malefícios, ao passo que o pacifismo deontologista parte da ideia que a guerra é intrinsecamente errada porque viola deveres absolutos como o de não matar seres humanos.

Frase: A coragem alimenta as guerras, mas é o medo que as faz nascer. ( Émile-Auguste Chartier )

A Teoria da Guerra Justa

Muitos dos primeiros cristãos, pensavam que a mensagem de Cristo proibia completamente a guerra e eram fortemente pacifistas, opondo-se a todo o uso da violência, mesmo para fins exclusivamente defensivos. Esta posição, no entanto, impedia a defesa do mundo cristão dos ataques dos seus inimigos e acabou por levar ao desenvolvimento teoria da guerra justa.

Frase: "Fé é pisar no primeiro degrau, mesmo que você não veja a escada inteira." Martin Luther King Jr.

Ao contrário do que pensam os realistas, os defensores da teoria da guerra justa acreditam que há moralidade na guerra, e contrariamente ao que acreditam os pacifistas, por vezes pode ser justificada.

Frase: Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra.

Bob Marley

É costume distinguir entre os princípios que visam determinar quando é legítimo recorrer à guerra (jus ad bellum) e os princípios que procuram estabelecer como conduzir a guerra (jus in bello). Recentemente, alguns pensadores acrescentaram uma terceira categoria, relativa ao que se deve fazer uma vez a guerra terminada (jus post bellum).

jus ad bellum - Em que condições é justo declarar uma guerra

As regras do jus ad bellum são dirigidas principalmente aos governantes, uma vez que são eles que dentro dos estados têm o poder de declarar a guerra. As regras são:

1. Causa justa 2. Recta Intenção 3.Autoridade apropriada e

declaração pública. 4. Último recurso 5. Probabilidade de sucesso 6. Proporcionalidade.

Frase: Olho por olho, e o mundo acabará cego .Mahatma Gandhi

jus in bello – Em que condições uma vez declarada é justa a conduta dos militares

O jus in bello respeita à justiça na guerra, àquilo que é permitido fazer na guerra. A responsabilidade pelo cumprimento das regras do jus in bello é dos militares. As regras do jus in bello são as seguintes:

1. Obedecer a todas as leis internacionais sobre armas

2. Discriminação e imunidade dos não combatentes

3. Proporcionalidade 4. Prisão benévola para os

prisioneiros de guerra 5. Não se pode utilizar meios

que são maus em si mesmos. 6. As represálias são proibidas

Frase :Aquele que não é capaz de se

governar a si mesmo não será capaz de governar os outros.Mahatma Gandhi

jus post bellum – em que consiste um tratamento justo dos vencidos.

O jus post bellum refere-se à justiça durante a fase final da guerra, quando esta está já decidida e as operações bélicas propriamente ditas estão a terminar ou já terminaram. Basicamente, trata-se de saber o que fazer uma vez ganha a guerra .As ideias propostas são:

1. Castigo 2. Compensação 3. Reabilitação

Frase: “Não há nada que a guerra tenha conquistado, que não teríamos feito melhor sem ela” – Havelock Ellis

Ideia kantiana da Paz Perpétua

Kant vislumbrava um mundo sem guerra, o império do direito cosmopolita, onde as grandes potências não investiriam em armamentos bélicos. Na perspectiva kantiana é possível a chamada “paz perpétua”, desde que haja empenho dos Estados.

Frase: “A violência é o primeiro refúgio dos incompetentes” – Isac Asimov

Curiosidade: A guerra mais rápida da história durou 37 minutos. Uma esquadra inglesa decidiu ancorar no porto de Zanzibar, na África, em 1896, para assistir a uma partida de críquete. O sultão de Zanzibar não gostou e mandou o seu único navio atacar os ingleses. Quando o navio abriu fogo, os ingleses afundaram-no rapidamente e ainda destruíram o palácio do sultão, matando quinhentos soldados. Zanzibar rendeu-se imediatamente e o sultão fugiu para a Alemanha.