O Sorveteiro O Chão e o Pão - wikidoamarelinho /...

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O SorveteiroMaria de Lourdes Figueiredo

A luz atrai mariposas,O melado, formiguinhas,E, como a flor as abelhas,Sorvete atrai criancinhas.

Mal se escuta, ao longe, o grito:— “É o sorvete! Vai querer?”Aparecem, sem demora,As crianças a correr.

— “Quero um de creme”, diz Paulo;Pede Lúcia: — “Um de abacate”.— “Eu de manga!” — “Um de morango!”,— “Eu quero um de chocolate!”.

Saem todos contentes,Com seu sorvete na mão;— Menos Rosinha. Que pena!O dela caiu no chão...

O Mundo da Criança – Volume 1Poemas da Primeira InfânciaEditora Delta S.A. – RJ,

As ComprasMaria de Lourdes Figueiredo

A mãezinha nos chamouOutro dia bem cedinho:

— Meus filhinhos, querem ir,Para mim, ao mercadinho?

Saímos, então, ligeiros,Uma cesta a carregar,

Compramos mangas e limas,Voltamos sem demorar..

O Mundo da Criança – Volume 1 Poemas da Primeira Infância

Editora Delta S.A. – RJ,

O Chão e o PãoCecília Meireles

O chão.O grão.O grão no chão.

O pão.O pão e a mão.A mão no pão.

O pão na mão.O pão no chão?Não.

Ou Isto ou Aquilo – 4 ed.Editora Nova Fronteira – 1992 – RJ.

2

Rio na SombraCecília Meireles

Somfrio.

Riosombrio.

O longo somdo riofrio.

O friobomdo longo rio.

Tão longe,tão bom,tão frio,o claro somdo riosombrio!

Ervilhas FrescasAileen Fisher

Sentei-me no meubanquinho,

Para a mamãe ajudar,Vou fazer um servicinho:

Ervilhas vou debulhar.Aperto a vagem com força;

Ela parece explodir,Fazendo grande barulho,

Isto me faz divertir!

O Mundo da Criança – Volume 1Poemas da Primeira Infância

Editora Delta S.A. – RJ.

Ou Isto ou Aquilo – 4 ed.Editora Nova Fronteira – 1992 – R.J.

3

As AbelhasVinícius de Moraes

A AAAAAAAbelha mestraE aaaaaaas abelhinhas

Estão tooooooodas prontinhasPra iiiiiiir para a festa

Num zune que zuneLá vão pro jardim

Brincar com a cravinaValsar com o jasmim.

Da rosa pro cravoDo cravo pra rosaDa rosa pro favo

Volta pro cravo

Venham ver como dão mel

As abelhinhas do céu!

A Arca de Noé – 16 ed.José Olympio editora – 1986 – R.J.

As JabuticabasMonteiro Lobato

Felizmente era tempo de jabuticabas.No sítio de Dona Benta havia vários pés, masbastava um para que todos se regalassem atéenjoar. Justamente naquela semana as jabuticabastinham chegado “no ponto” e a menina não faziaoutra coisa senão chupar jabuticabas. Volta e meiatrepava à árvore, que nem uma macaquinha. Esco-lhia as mais bonitas, punha-as entre os dentes etloc! E depois do tloc, uma engolidinha de caldo epluf! - caroço fora. E tloc, pluf, - tloc, pluf, lápassava o dia inteiro na árvore.As jabuticabas tinham outros fregueses alémda menina. Um deles era um leitão muito guloso,que recebera o nome de Rabicó. Assim que viaNarizinho trepar à árvore, Rabicó vinhacorrendo postar-se embaixo a espera doscaroços. Cada vez que soava lá em cima um tloc!Seguido de um pluf! Ouvia-se cá embaixo umnhoc! Do leitão abocanhando qualquer coisa. E amúsica da jabuticabeira era assim:tloc! pluf! nhoc! – tloc! pluf! nhoc!...

Texto retirado do Sítio do Picapau Amarelocapítulo I – As Jabuticabas.

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A Menina do LeiteMonteiro Lobato

Laurinha, no seu vestido novo de pintas vermelhas, chinelos de bezerro, treque, treque, treque, lá ia para o mercado com uma lata deleite a cabeça – o primeiro leite de sua vaquinha mocha. Ia contente da vida, rindo-se e falando sozinha.— Vendo o leite – dizia – e compro uma dúzia de ovos. Choco os ovos e antes de um mês já tenhouma dúzia de pintos. Morrem... dois, que sejam, e crescem dez – cinco frangas e cincofrangos. Vendo os frangos e crio frangas, que crescem e viram ótimas botadeiras deduzentos ovos por ano cada uma. Cinco: mil ovos! Choco tudo e lá me vêm quinhentosgalos e mais outro tanto de galinhas. Vendo os galos. A dois cruzeiros cada um – duasvezes cinco, dez... Mil cruzeiros!... Posso então comprar doze porcas de cria e maisuma cabrita. As porcas dão-me, cada uma, seis leitões. Seis vezes doze...Estava a menina neste ponto quando tropeçou, perdeu o equilíbrio e, com lata e tudo,caiu num grande tombo no chão.Pobre Laurinha!Ergueu-se chorosa, com um ardor de esfoladura no joelho; e enquanto espanejava as roupas sujasde pó viu sumir-se, embebido pela terra seca, o primeiro leite de sua vaquinha mocha e com ele osdoze ovos, as cinco botadeiras, os quinhentos galos, as doze porcas de cria, a cabritinha – todos osbelos sonhos da sua ardente imaginação...

O Mundo da Criança – Volume 1 – Poemas da Primeira InfânciaEditora Delta S.A. – RJ