Post on 15-Nov-2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E
MARKETING
BRENO DA SILVA LEAL
O USO DA TÉCNICA DE MEDIA TRAINING NA CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ COM A
IMPRENSA
MACEIÓ-ALAGOAS
2019.1
BRENO DA SILVA LEAL
O USO DA TÉCNICA DE MEDIA TRAINING NA CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ COM A
IMPRENSA
Artigo apresentado como requisito final, para conclusão do curso de pós-graduação em assessoria de comunicação e marketing do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do Prof. Esp. Carlos José Ferreira Gonçalves.
MACEIÓ-ALAGOAS
2019.1
BRENO DA SILVA LEAL
O USO DA TÉCNICA DE MEDIA TRAINING NA CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ COM A
IMPRENSA
Artigo apresentado como requisito final, para conclusão do curso de pós-graduação em assessoria de comunicação e marketing do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do Prof. Esp. Carlos José Ferreira Gonçalves.
________________________________________________
Prof. Esp. Carlos José Ferreira Gonçalves
APROVADO EM : ___/____/_____
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
AVALIADOR _________________________________________
AVALIADOR _________________________________________
AVALIADOR
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, meu irmão e toda família pelo suporte oferecido e
por acreditarem sempre no meu sonho e no profissional que quero me tornar. Aos
professores, pelo conhecimento compartilhado. À coordenação do curso, pela
prontidão em atender todas as demandas. Aos colegas de turma, pelo coleguismo e
companhia. Aos amigos da vida pessoal e colegas que trabalho que sempre me
incentivaram a buscar crescimento, meu muito obrigado. Ao meu orientador,
professor Carlos Gonçalves, agradeço pela disponibilidade e por toda ajuda na
produção desse trabalho de conclusão de curso. Mais um ciclo de encerra na minha
jornada enquanto profissional e que venham os novos desafios.
O USO DA TÉCNICA DE MEDIA TRAINING NA CONSTRUÇÃO DE UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ COM A IMPRENSA
THE USE OF THE MEDIA TRAINING TECHNIQUE IN THE CONSTRUCTION OF EFFECTIVE COMMUNICATION WITH THE PRESS
BRENO DA SILVA LEAL Jornalista
brenosilvalealcs@gmail.com
RESUMO Este artigo científico tem como objetivo analisar os benefícios que a utilização da técnica de Media Training traz para as empresas, organizações e pessoas públicas, no que diz respeito ao relacionamento com a mídia, condução de crises com noticiadas nos veículos de comunicação e na construção de uma imagem consolidada e de credibilidade com a sociedade. Através de pesquisa de campo, pretende identificar quais os principais fatores que impedem que o treinamento de mídia seja mais popular entre as organizações, empresas e profissionais autônomos, além dos benefícios que assessores de comunicação que tiveram seus clientes treinados conseguem enxergar.
PALAVRAS-CHAVE: Media Trainig. Treinamento. Imprensa.
ABSTRACT This scientific article aims to analyze the advantages of the Media Training technique so that companies, associations and public people can have a relationship with the media, conduct crises with the news in the media and build a consolidated image and credibility with society. Through the field research, we intend to identify the main factors that prevent media training from being more popular among companies, companies and autonomous professionals, as well as the benefits that the communication evaluators who have their clients trained in attention.
KEYWORDS: Media Trainig. Training. Press.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
2 MATERIAL E MÉTODO .......................................................................................... 8
3 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................... ..... 8
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 18
APÊNDICE ............................................................................................................... 19
6
1 INTRODUÇÃO
A técnica de Media Training é um instrumento de comunicação para
empresas, organizações e pessoas públicas interessadas em melhorar a
desenvoltura de seus porta-vozes quando se faz necessário conceder
entrevista para algum veículo de comunicação, seja ele impresso, de TV, rádio
ou na internet.
Os momentos de crise diante da opinião pública, por exemplo, exigem
uma posição dos envolvidos. Nessas situações, quando geralmente um clima
de tensão está no ar, saber se expressar de forma precisa evita maiores
problemas de imagem diante da opinião pública e impede uma maior
fragilização na credibilidade da instituição.
A filial brasileira da multinacional de indústria química Rhodia foi
responsável pelo surgimento da técnica de Media Training no país, nos anos
80, ao lançar um plano de comunicação integrada que pregava a implantação
de uma política de comunicação com ações de imprensa, relações públicas e
de comunicação de marketing.
A partir deste momento, outras empresas e a Rhodia passaram a incluir
várias ferramentas jornalísticas de comunicação em seus planejamentos
estratégicos, a exemplo do Media Training, que surgiu com o objetivo de
treinar, naquele momento, a direção de empresas para um bom relacionamento
com a imprensa.
Assessores de comunicação, em geral, estão aptos a aplicar treinamento
de mídia em seus assessorados. No entanto, existem profissionais
especialistas em Media Training que podem ser contratados por empresas,
órgãos e pessoas públicas para ministrar com grande propriedade e garantia
de um bom resultado. O fator financeiro, porém, é um entrave e o treinamento
acaba sendo adiado, ou, não autorizado pelo assessorado. Nancy Alberto
Assad e Reinaldo Passadori, entretanto, citam o despertar das empresas:
“Muitas empresas já perceberam que o contínuo relacionamento com os profissionais da imprensa ajuda a aproximar suas marcas da percepção pública. Para elas, nada mais aconselhável do que administrar seguramente essa aproximação. Quem permanece ou assume a condição passiva, uma postura low profile diante da imprensa, acentua o distanciamento dos públicos, complica a compreensão do misterioso mundo dos jornalistas e não se qualifica para obter a legitimidade social. (2009, p. 02)
7
Compete aos comunicólogos que trabalham com assessoria de
comunicação, então, a missão – quase sempre árdua –, de convencer seus
assessorados sobre a importância do trabalho de Media Training na construção
de uma imagem forte diante de seu público-alvo.
Tendo entre a fundamentação teórica os pensamentos de Heródoto
Barbeiro (2015, p. 03) expostos na obra Mídia Training – Como usar a mídia a
seu favor, pretende-se, através deste artigo, provar que “um relacionamento
ético e sólido com os jornalistas e com a mídia pode ser a diferença em um
momento de crise, entre o declínio e o caminho mais curto para a solução da
crise.”.
Geralmente, o profissional que conta com o suporte de um assessor de
imprensa é uma figura conhecida na sociedade e domina alguns assuntos
específicos, seja por ser área de estudo ou atuação profissional. Produtores e
repórteres, ao observar neste indivíduo facilidade de articulação nas palavras e
uma boa utilização da gesticulação e de expressões corporais, acabam
enxergando nesse profissional uma figura fixa para ser consultada sempre que
houver a necessidade de discutir determinado assunto.
Isso, para uma empresa, órgão, profissional autônomo ou pessoa
pública, é de grande valia para o fortalecimento da imagem diante da
sociedade. O Media Training entra como facilitador, visto que dominar o
assunto não é suficiente quando o sujeito não consegue se expressar diante de
um jornalista.
Sadon França e Márcio Gonçalves (2010, p. 14), lembram que “nos
momentos em que o porta-voz da empresa é chamado a falar, este humaniza
essa organização representando-a perante a opinião pública.”. Assim sendo,
este artigo científico também busca entender o porquê de muitos porta-vozes
de instituições não buscarem o treinamento adequado para lidar com a
imprensa, visto a fundamental importância no estreitamento de laços com o
público que se informa diariamente através dos veículos de comunicação,
locais ou nacionais.
8
2 MATERIAL E MÉTODO
Com o objetivo de coletar uma boa base de informações sobre a
importância do uso da técnica de Media Training na construção de uma
comunicação eficaz com a imprensa, para a produção deste artigo científico foi
realizada pesquisa bibliográfica das obras de grandes nomes da comunicação,
além de produções acadêmicas desenvolvidas por estudantes de comunicação
ou áreas afins.
Buscando conhecer a realidade de mercado de assessoria de imprensa
e comunicação de Alagoas e proporcionar uma análise bem embasada, foi
realizada uma pesquisa quantitativa e qualitativa com assessores de imprensa
e comunicação que atuam no estado, em instituições públicas ou privadas.
A pesquisa foi aplicada por meio de preenchimento de um formulário
digital, durante o mês de março de 2019, para coletar informações referentes
ao número de empresas que investem na técnica de Media Training e, caso
não faça o investimento, quais os motivos para não investir.
No caso dos assessores que informaram que nos seus atuais trabalhos
aconteceu o treinamento de mídia, a pesquisa busca entender as vantagens da
aplicação e se, na avaliação dos profissionais, é um investimento válido para
as instituições. Os resultados da pesquisa serão apresentados em forma de
gráficos e textos, com o intuito de facilitar o entendimento e interpretação.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
Apesar de todos os avanços tecnológicos e da entrada total das redes
sociais no dia a dia das pessoas, independentemente da idade, classe social
ou nível de conhecimento, os meios de comunicação tradicionais, com
emissoras de TV, rádios, revistas e sites, ainda são a referência que a
população tem no que diz respeito a credibilidade e veracidade da informação
divulgada.
Além disso, os veículos de comunicação, principalmente a TV, têm um
grande alcance de público, seja local ou nacional. Levando este fator em
consideração, a participação de um representante de uma instituição em um
9
veículo de comunicação tradicional é de grande valia, além de ser uma
situação muito desejada pelos gestores. Nogueira (2007, p.15) justifica:
Ao negligenciar essa necessidade de interação, a empresa não só se arrisca a perder visibilidade para a concorrência, como também deixa ao sabor dos veículos a versão dos fatos que constituem notícias, à revelia do seu interesse imediato em divulgá-los (para se promover) e explicá-los (para se defender).
Com o grandioso alcance da internet atualmente, os riscos de um
problema de imagem diante do público são ainda maiores. Quase diariamente,
pessoas se tornam motivo de piada na internet por deslizes cometidos em
entrevistas. Quando esse problema acontece com o porta-voz de uma empresa
ou instituição pública, a imagem do órgão é automaticamente atrelada à
pessoa que passou pela situação vexatória. Sadon França e Márcio Gonçalves
(2010, p. 5) lembram que “o porta-voz, para representar bem a empresa, dever
ser municiado quanto a informações estatísticas, históricas e mesmo sobre a
linguagem e vestimenta a ser utilizada quando for dar entrevistas.”.
Nancy Alberto Assad e Reinaldo Passadori (2009, p. 02) foram claros ao
afirmar que “a mídia é o terreno em que se formam as representações sociais
mais “assistidas” pela sociedade e onde se encontra a maior visibilidade
possível para as empresas”, por isso, ter a oportunidade de divulgar uma ação
institucional ou a empresa em si, gratuitamente, em um veículo de
comunicação, é uma oportunidade que não pode ser mal aproveitada por
causa da má desenvoltura de um porta-voz. Para argumentar:
Quem aceita o convite precisa ter consciência de que vai ser constantemente avaliado, primeiro pelo conteúdo das respostas e segundo pela sua forma. O medo do ridículo atrapalha muito a comunicação e impossibilita que a pessoa se solte mais e consiga dar melhor o recado a que se propõe. (BARBEIRO, 2015, p. 06)
A pesquisa ouviu assessores de imprensa e comunicação do estado de
Alagoas, que trabalham ou trabalharam no setor privado e, em alguns casos,
tanto no privado como no público. Ao todo, foram ouvidos 11 profissionais.
10
O resultado mostra que as empresas privadas são uma grande parcela
dos locais que empregam profissionais de comunicação no cargo de
assessoria de imprensa e/ou comunicação. 72,7% dos ouvidos trabalham ou
trabalharam em instituições privadas e públicas. Os 27,3% restantes
trabalharam apenas em empresas privadas.
Todos os assessores de imprensa ouvidos afirmaram saber o que é
Media Training, um reflexo de que os profissionais da comunicação têm as
ferramentas necessárias para instruir seus assessorados, e podem, caso
sintam-se aptos e não haja a possibilidade de contratar um terceiro para a
atividade.
Luciene Lucas, no livro “Media Training: como agregar valor ao negócio
melhorando a relação com a imprensa” (2007, p. 109 – 110), afirmou que
“treinar o cliente na capacidade de se comunicar com objetividade, clareza e
11
síntese – qualidades fundamentais para uma boa entrevista – também faz parte
do suporte prestado por uma assessoria de imprensa.”.
A afirmativa reflete a realidade do dia a dia de um assessor de imprensa,
visto que, atualmente, saber um pouco sobre todas as coisas não é mais um
diferencial na hora de uma contratação, mas sim uma necessidade. Media
Training é uma técnica que conta com um número limitado de especialistas
pelo Brasil, seja por falta de interesse de profissionais da comunicação em
seguir essa carreira, ou porque os cursos de formação para os interessados
são escassos. Por este motivo, o número de profissionais disponíveis no
mercado é reduzido. No entanto, cursos de pós-graduação em assessoria de
comunicação ofertam Media Training como disciplina, capacitando os
profissionais a aplicar o treinamento em seus respectivos trabalhos.
De acordo com resultado recolhido com os assessores de comunicação
e imprensa ouvidos, a situação em Alagoas está equilibrada. Mais da metade
dos profissionais que responderam o questionário, 54,5%, afirmaram que nas
empresas que prestam ou prestaram assessoria de comunicação houve
treinamento de mídia. Este é um número razoavelmente bom, levando em
consideração que se trata de um estado pequeno, onde a comunicação
caminha a passos lentos. Sobre do que se trata Media Training, Nancy Alberto
Assad e Reinaldo Passadori (2009, p. 14) explicam:
“O Media Training não é apenas uma aula para ensinar a falar com poder de síntese ou instruir para onde olhar quando se está sendo filmado. É preciso aprender com se conduz uma entrevista e como se comportar diante dos jornalistas.”
12
Mas, apesar de todos os benefícios que o treinamento de mídia traz para
uma instituição, em muitos casos, como os dos 45,5% dos assessores de
comunicação ouvidos nesta pesquisa, a técnica de Media Training não foi
utilizada. A maioria dos relatos apontam a falta de interesse do assessorado.
Uma jornalista, assessora de imprensa no setor privado, alegou que o
cliente acredita estar pronto para entrevistas e não possui orçamento para
incluir o projeto em seu Plano de Comunicação. Outro, do setor público,
afirmou que o assessorado não encara o Media Training como algo importante,
“talvez em virtude de não ser corriqueiro”.
Há casos também em que nunca houve um treinamento específico e
após a assessoria de imprensa tentar implantar e o assessorado não aceitar, a
equipe tentou dar orientações de acordo com as demandas.
Um dado, porém, revela que apesar de mais da metade dos ouvidos
trabalharem em instituições onde houve treinamento de mídia, em 66,7 dos
casos, um profissional especialista em Media Training não foi contado, ficando
a cargo da própria assessoria de comunicação aplicar o treinamento com seus
clientes.
Uma jornalista que trabalha com assessoria de imprensa e foi ouvida na
pesquisa relatou que a maioria dos clientes abraçam a ideia, mas que ainda há
resistência quando envolve a contratação de um outro profissional para realizar
a capacitação, em virtude do investimento financeiro a ser feito.
Apesar de válida a opção de utilizar o próprio assessor para ministrar o
treinamento, visto que muitos conseguem dar boas instruções devido a
experiência de mercado, uma opinião vinda de fora, dada por uma pessoa que
13
é especialista em treinamento de mídia, traz bons frutos. Sadon França e
Márcio Gonçalves (2010, p. 14) opinam:
Falamos aqui, portanto, da importância de as empresas investirem em técnicas de Media Training, pois quando as organizações decidem treinar seus representantes para lidar com a imprensa, os impactos de uma resposta bem articulada para esclarecimento de um fato podem ser positivos para garantir a boa imagem da instituição.
Um dos maiores desafios do trabalho de um assessor de imprensa é o
surgimento de uma crise com repercussão negativa na imprensa. É necessário
muito jogo de cintura, bom relacionamento, agilidade e expertise para lidar com
o problema e ser bem-sucedido no gerenciamento.
Durante uma crise, um porta-voz é escolhido para lidar com a imprensa.
Geralmente – e o mais aconselhado por especialistas em comunicação –,
quem fica a cargo da missão de se comunicar com a população através dos
veículos de comunicação são os gestores da empresa ou instituição. Em um
momento tão delicado, saber se expressar e usar palavras e tons adequados
durante entrevistas se torna ainda mais indispensável. Para argumentar:
Quando ocorrem crises institucionais, as empresas mais bem orientadas são capazes de agir de forma proativa, não reagindo diante do desenrolar dos acontecimentos. Elas favorecem a reputação positiva de suas marcas nos pronunciamentos, mas fazem isso por meio dos gestores que são suas reais bocas. (ASSAD; PASSADORI, 2009, p. 06).
De acordo com as respostas dos assessores de comunicação e
imprensa ouvidos na pesquisa deste artigo científico, supõe-se que os que
tiveram a experiência de trabalhar em empresas onde aconteceu Media
Training, foram sentidas as vantagens do treinamento na forma de como lidar
com crises, visto que, todos os ouvidos deixaram claro a importância da
técnica.
Muito mais do que saber falar com a imprensa, a técnica de Media
Training é importante por trabalhar o controle emocional, indispensável para
um bom desempenho com jornalistas, principalmente diante das câmeras, no
caso de entrevistas em emissoras de TV.
Falar para televisão significa trazer à tona mais do que informação, uma vez que, no vídeo, o que se divulga é a identidade da empresa, representada na fisionomia de quem é a voz empresarial. Não é sem razão o surgimento da expressão “porta-voz”. Função essa que, vinte
14
anos atrás, no Brasil, era mais apropriada aos órgãos públicos e aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Época em que, no setor privado, só o presidente ou os diretores respondiam pela empresa. Quando ocorrem crises institucionais, as empresas mais. (LUCAS, 2007, p. 136).
Imprescindível no momento de uma entrevista, seja uma pauta fria ou
em um momento de crise perante a mídia, o controle emocional, em alguns
casos, diz mais do que as palavras. Desde sempre, a comunicação não-verbal
é analisada friamente pelo receptor. Em tempos de internet, então, com a
possibilidade do replay, isso acontece ainda mais.
O jornalista, seja ele o repórter, apresentador ou produtor, além de,
claro, o público, estão atentos quando uma instabilidade emocional, através da
comunicação não-verbal, denuncia o despreparo.
Como já discutido aqui, o Media Training tem como vantagem central o
aprimoramento da desenvoltura diante das câmeras. Uma das melhores
consequências que isso pode trazer para um gestor ou colaborador de uma
empresa, é que produtores e repórteres comecem a enxergar nesse indivíduo
um profissional qualificado para ser fonte sobre determinados assuntos.
Chegar ao ponto de constituir um executivo como fonte de um jornalista é uma conquista a ser celebrada. Mas não é mágica, acontece somente com estratégia adequada e ação proativa. A empresa que consegue isso é exatamente aquela que se livrou da infeliz ideia da comunicação como artigo descartável. (ASSAD; PASSADORI, 2009, p. 06)
A técnica de Media Training não deve ser vista apenas como um
instrumento para aparecer bem apresentado na TV ou em outros veículos de
comunicação. Francisco Viana (2004, p. 22) argumenta que “o media-training
15
não é apenas uma forma de profissionalizar o contato com a mídia e a
sociedade, mas parte indissociáveis das estratégias das empresas.”.
Através da técnica de Media Training, os representantes de determinada
empresa aprendem a passar para o público a imagem que mais adequa às
estratégias da empresa e a cativar o seu público com palavras, gestos e
postura.
Precisa ser educado e evitar aproximações mais íntimas [...] As respostas às perguntas dos jornalistas devem ser claras e objetivas, evitando-se a linguagem técnica ou rebuscada. Também é preciso evitar o “sem comentários” e o “nada a declarar”, expressões que podem ser percebidas como arrogância, antipatia ou até culpa, em uma situação de crise [...] E nunca deve aceitar provocação de um jornalista [...] A divulgação de números sempre interessa à imprensa, mas a informação precisa ser verídica e consistente [...] O entrevistado jamais deve pedir ao jornalista que repita o que foi dito ou que permita seu acesso ao texto final antes de sua publicação. (UTCHITEL, 2004, p.110-111)
É válido lembrar, principalmente para gestores de órgãos públicos ou de
grandes empresas privadas, que o jornalismo investigativo é operante em todo
país. Em algum momento, o gestor de uma empresa que esteja sendo
sigilosamente investigada por algum jornalista na produção de uma
reportagem, pode ser pego de surpresa para responder algum questionamento.
Em uma situação desta natureza, toda tensão que uma entrevista
naturalmente proporciona é impulsionada. Saber o que falar e como falar, além
de não se permitir abalar emocionalmente e denunciar um descontrole
emocional, é extremamente importante para não complicar ainda mais a
imagem da instituição.
Lembre-se de que os jornalistas e publicitários são os verdadeiros comunicadores, não os diretores e colaboradores das empresas. Por isso, treinamentos e workshops de Media Training são indispensáveis para engenheiros, administradores, profissionais da tecnologia da informação e todas as categorias que compõe executivos das organizações. Estes devem ser preparados para dar entrevistas, sobretudo em momentos de crise, quando geralmente há um clima de hostilidade e agressividade. (ASSAD; PASSADORI, 2009, p. 06).
Assim sendo, estar preparado para conversar com jornalistas é uma
obrigação de todo gestor e uma qualidade para os colaboradores. A técnica de
Media Training, neste processo, é uma grande aliada.
16
CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, através da pesquisa bibliográfica apresentada
nesse artigo, que a utilização da técnica de Media Training é imprescindível na
construção de uma comunicação certeira com os veículos de comunicação,
seja para uma postura adequada diante dos jornalistas e do público, para uma
boa escolha e utilização das palavras ou no controle emocional.
Também fica claro, portanto, que quando se fala em treinamento de
mídia no estado de Alagoas a realidade precisa melhorar. De acordo com o
que foi relatado pelos assessores de comunicação ouvidos, apenas metade
dos comunicadores trabalham ou trabalharam em empresas onde foi aplicada a
técnica de Media Training.
A comunicação se apresenta cada vez mais complexa. Há algum tempo,
comunicar significava pensar apenas nas palavras mais adequadas para serem
ditas. Indo ainda mais longe, houve um tempo em que comunicar era escrever
da melhor maneira para se atingir um resultado. Hoje, a linguagem vai além. A
comunicação não-verbal é tão importante quanto as palavras. O jeito de
gesticular, de sentar, de ajeitar o cabelo ou se vestir também passa uma
mensagem. Apenas a técnica de Media Training bem aplicada deixa um
indivíduo completamente preparado para comunicar-se em sua totalidade.
Cabe às assessorias de imprensa conscientizar seus assessorados e
gestores, seja em empresas privadas ou órgãos públicos, sobre essa
necessidade que vai além de vaidade para aparecer na TV. O Media Training,
como foi teoricamente embasado neste artigo, não é um simples workshop
para aparecer bem diante das câmeras. A técnica deve ser incluída nos planos
de comunicação e estratégia de marketing de qualquer empresa ou instituição,
pois traz incontáveis benefícios.
Historicamente, a maioria das empresas e organizações tratam a
comunicação sem muita prioridade. Quando há necessidade de um corte de
gastos, na maioria dos casos, o setor de comunicação é um dos primeiros a ser
atingido ou extinto. As respostas dos assessores de comunicação alagoanos
ouvidos durante a produção dessa pesquisa relatam essa realidade. Grande
parte dos assessorados não encaram o Media Training como algo importante
ou afirmam que não há orçamento disponível. É uma postura que precisa ser
mudada, afinal, investir em comunicação, mais especificamente em Media
17
Training, é mais barato do que outras ferramentas que apresentam resultados,
muitas vezes, inferiores.
Os que investem em comunicação colhem os bons frutos. Através da
pesquisa de campo apresentada nesse artigo científico, pode-se constatar a
satisfação de assessores de comunicação que tiveram contato com Media
Training em seus trabalhos. Mais segurança para o cliente e para o assessor é
um dos principais benefícios. A técnica, quando aplicada, traz mais
desenvoltura e preparo para entrevistas, além de passar para o público uma
maior credibilidade através da postura.
A imprensa tem o grande poder de projetar uma pessoa, empresa ou
organização. A maneira como a empresa é projetada, se positiva ou
negativamente, depende, na maioria das vezes, do desempenho de seus
líderes na hora de se comunicar. Assim sendo, o Media Training existe como a
melhor alternativa de preparo para lidar com os veículos de comunicação.
18
REFERÊNCIAS
ASSAD, Nancy Alberto; PASSADORI, Reinaldo. Media training: como construir uma comunicação eficaz com a imprensa e a sociedade. São Paulo. Gente, 2009, p. 2-14.
BARBEIRO, Heródoto. MÍDIA TRAINING – Como usar a mídia a seu favor. São Paulo. Benvirá, 2015, p. 03 – 06. FRANÇA, Sadon; GONÇALVES, Marcio. Comunicação Organizacional e Media Training: A Voz da Super Via. Vitória. 2010, p. 5 – 14. LUCAS, Luciene. Media Training: como agregar valor ao negócio melhorando a relação com a imprensa. São Paulo. Summus, 2007, p. 109 – 136. NOGUEIRA, Nemércio. A prova dos dez: agregando valor a marcas e empresas pela divulgação jornalistica. Em: LUCAS, Luciane. Media mining: como agregar valor ao negócio melhorando a relação com a imprensa. São Paulo: Summus, 2007, p. 15-38. UTCHITEL, R. O clipping como ferramenta estratégica da assessoria de imprensa. São Paulo: Summus, 2004. p.101-130. VIANA, Francisco. Comunicação empresarial de A a Z. São Paulo: CLA, 2004, p. 22.
19
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA ASSESSORES DE
COMUNICAÇÃO E IMPRENSA
20
21
APÊNDICE B – RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO APLICADO
PARA ASSESSORES DE IMPRENSA E COMUNICAÇÃO
22
23
24