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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PLURALIDADES DE ALUNOS NA EJA E O TRABALHO DO
PROFESSOR
Autora: Icléa Tibilletti do Carmo¹
Orientador: Prof. Dr. Américo Agostinho R. Walger
RESUMO
Este artigo aborda e discute a pluralidade de alunos que frequentam a Educação de Jovens e
Adultos (EJA) no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) Paulo
Freire, de Curitiba. O trabalho faz parte da implementação do Programa de Desenvolvimento
da Educação (PDE) 2013-2014 neste estabelecimento. Num primeiro momento,participaram
quatro professores e no decorrer do processo esse número aumentou para 12 pessoas com o
objetivo de recriar conceitos e analisar as leis que amparam a diversidade, as diferenças e
desigualdades presentes no contexto escolar. Para efetivar o projeto foram realizadas “rodas
de conversas”, leituras das leis e de textos afim auxiliar os professores com atitudes que
permitissem melhor desenvolvimento dos alunos de inclusão. Os professores demonstraram
interesse pelo tema e trocaram experiência de suas práticas, o que enriqueceu os encontros,
pois discutir a prática deve fazer parte do cotidiano das escolas, fortalecendo os pontos
positivos e discutindo os negativos para o crescimento de todos os envolvidos na educação.
Palavras-chave: EJA-diversidade-inclusão-aprendizagem.
_______________________________________________________________
¹Pedagoga do Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos Paulo Freire, Curitiba,
Paraná.
INTRODUÇÃO
A modalidade de Educação de Jovens e Adultos tem como característica
a heterogeneidade de sujeitos, considerando sua história de vida, sua situação
socioeconômica e cultural fazendo da EJA um lugar onde a diversidade seja
algo que acrescente no processo educativo. No entanto, isso requer maior
capacidade do professor nesse meio de pessoas tão diversas, a fim de
contemplar as especificidades dos sujeitos que procuram este espaço.
Os alunos da EJA, em sua grande maioria, ficam afastados da Escola
por períodos variados. Isso pode causar uma série de dificuldades de
aprendizagem ao retornarem aos estudos, segundo os professores que
trabalham na EJA. Esse afastamento muitas vezes prolongado da escola
acaba implicando, muitas vezes, na desistência do aluno, pois ele se vê em um
ambiente onde o professor não entende suas ansiedades e muitas vezes ele
mesmo tem dificuldade em expô-las.
Outro grupo que tem procurado a EJA são os oriundos do ensino regular,
por estar fora do período ideal idade-série, devido uma série de motivos que
variam de descompromisso dos mesmos até dificuldades de aprendizagem
entre outros.
No CEEBJA Paulo Freire, estudam adolescentes, jovens, adultos e
idosos, oriundos dos diversos segmentos sociais e culturais da nossa
sociedade, sendo alguns com necessidades educacionais especiais, público
alvo da Educação Especial, como surdos, cegos ou com baixa visão, com
síndromes como Down e Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), além
dos alunos que não possuem laudos médicos, mas possuem dificuldades de
aprendizagem. Existem ainda alunos em situação de semiliberdade que só vão
á escola por fazer parte do cumprimento de sua pena socioeducativa.
A Educação de Jovens e Adultos deve deixar claro que, independente da
idade ou experiência de vida, das condições que o sujeito apresenta, é possível
que o mesmo se desenvolva e construa conhecimentos, habilidades,
competência e valores que ultrapassem os espaços escolares e os levem ao
reconhecimento de si e do outro como sujeito.
Para Soraia Napoleão Freitas (apud Rodrigues, 2006)
Esse contexto coloca enormes desafios para a sociedade e,
como não poderia deixar de ser, também para a educação escolar,
responsável por criar condições para que todas as pessoas
desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários
para construir instrumentos de compreensão da realidade. Em
decorrência, essas pessoas estarão preparadas para participar de
relações sociais cada vez mais amplas e diversificadas, condições
fundamentais para o exercício da cidadania. (p.169)
Sabemos da necessidade de ter na EJA currículos mais flexíveis,
adequados às experiências de vida desse público, suas necessidades e
perspectivas quanto à educação e os desafios encontrados no processo de
aprendizagem devido a vários fatores.
Para Maria de Fátima Minetto (2008)
Chegamos a um ponto de entendimento muito importante, o
currículo não pode ser organizado dentro de uma visão linear, pois
nasce de para uma relação dialética (professor-aluno: escola-
comunidade: ensino aprendizagem). (p.33)
Na tentativa de ajudar os professores da EJA em trabalhar essa
dificuldade encontrada devido à heterogeneidade de alunos e a particularidade
apresentadas pelos educandos surgiu a ideia de trazer textos selecionados
sobre alguns aspectos de aprendizagens e criar um espaço onde o professor
deverá pensar criticamente se é possível desenvolver um bom trabalho com
esse grupo.
Os alunos da EJA que ficam afastados por longos períodos do meio
escolar e outros que tem a reprovação como fator repetitivo em sua vida
apresentam dificuldades nos estudos, pois apresentam uma baixa auto estima
criando assim, uma necessidade do professor estabelecer um vínculo entre
seus alunos para que haja um bom entrosamento para um bom
desenvolvimento do trabalho escolar, e isso é percebido por muitos
professores da EJA.
Uma característica frequente do aluno é sua baixa auto-estima,
muitas vezes reforçada pelas situações de fracasso escolar .A sua
eventual passagem pela escola, muitas vezes, foi marcada pela
exclusão e ou pelo insucesso Escolar. Com um desempenho
pedagógico anterior comprometido, esse aluno volta à sala de aula
revelando uma auto-imagem fragilizada, expressando sentimentos de
insegurança e de desvalorização pessoal frente aos novos desafios
que impõem.(MEC,2004,p.16)
Diante desta realidade muitos professores que atuam no CEEBJA,
sentem-se inseguros e, muitas vezes despreparados para atender essa
diversidade encontrada em sala de aula.
Durante as conversas, discutiu-se sobre os desafios da EJA, o perfil dos
alunos e alunas, o aumento do número de matrículas dos alunos adolescentes
(de 15 a 18 anos) e também o aumento de matrícula dos portadores de
necessidades especiais e a consequente necessidade de uma formação
continuada dos professores para que seu trabalho atinja um número maior de
educandos e além de refletir se isso está sendo produtivo e surtindo o
resultado esperado.
A complexidade da modalidade de Educação de Jovens e Adultos que
segundo Baquero (2004, apud MORAES, 2009, ) advém das
(....) características diversificadas da área, em termos de instituído e
instituínte e as racionalidades diversas sobre as quais se ancoram suas
propostas educativas, múltiplos desafios se colocam a esse campo de
conhecimento e de prática social: o desafio teórico, o desafio
metodológico e o desafio da formação do educador.(p.91)
A educação por si só é um desafio, que na EJA acaba se
potencializando devido à heterogeneidade de sujeitos e a vivência de cada um
desses sujeitos. O professor deve estar em constante busca para desenvolver
uma competência que permita a compreensão da complexidade do ensino e
aprendizagem de Jovens e Adultos e a busca de metodologias próprias para
esse fim, por isso a necessidade de formação continuada.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Durante a Semana Pedagógica do início de 2014, foi atualizado o perfil
dos alunos do CEEBJA Paulo Freire, bem como apresentou-se os seus
objetivos em aprofundar os estudos sobre a política de inclusão na EJA,
identificando a pluralidade de sujeitos e ampliando os encaminhamentos
metodológicos com base nas potencialidades e dificuldades que esses sujeitos
apresentam devido a sua especificidade.
Houve bastante relutância por parte dos professores em participar do
projeto, pois segundo eles, “perderiam sua hora atividade”, e foi necessária a
compreensão da importância desse assunto para o dia a dia da nossa escola e
do desenvolvimento do professor. O trabalho teve início com um grupo bem
reduzido de professores, (no início da implementação foram quatro).Com o
passar do tempo este grupo foi ampliando e envolveu um número maior
(chegando a doze professores contínuos e quatro que participaram algumas
vezes), embora todos do CEEBJA.
Os encontros , num total de cinco, sempre iniciavam com as leituras
para análise e depois todos davam seu parecer sobre a leitura feita e
acabavam falando sobre sua experiência em sala com alguns alunos que
necessitavam de um atendimento especial, sendo essa parte a mais esperada,
pois as troca de experiência tornava o encontro muito rico e a maioria dos
professores também iriam receber esses mesmos alunos em suas salas.
No primeiro encontro foi trabalhado sobre o perfil de nossos alunos e os
professores falaram sobre a dificuldade desse trabalho com alunos tão
heterogêneos e em como desenvolver um bom trabalho apesar deste fator.
Esse encontro foi importante, pois todos os participantes estavam sentindo a
mesma coisa, portanto não estavam sozinhos nessa caminhada.
No segundo encontro foi estudado o artigo 205 da Constituição,
(Brasil,1988) diz:
A educação direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (p.27)
Os professores após analisar esse artigo da constituição falaram que
“não se sentem preparados para desenvolver um trabalho tão grande como
preparar o indivíduo para o trabalho e a cidadania num ambiente onde a
heterogeneidade é um forte e a família, muitas vezes não desempenha seu
papel”. Por isso vivem buscando aperfeiçoamento por meio de estudos para
conseguir obter desempenho mais apropriado.
A Escola vem procurando atender o que manda a Constituição, na
medida do possível. Como a educação é um processo constante, é papel da
Escola oferecer aos indivíduos suporte para que essa educação chegue a
todos que a procuram. No entanto, muitas vezes surgem situações que
dificultam esse processo. Colocar pessoas indistintamente nas classes
comuns, ignorando seus comprometimentos funcionais e suas dificuldades
peculiares, nos faz refletir sobre a verdadeira integração. É necessária a busca
por alternativas que possam possibilitar um atendimento adequado a todos e
que assegurem a garantia de seus direitos.
Esse ano o CEEBJA Paulo Freire está com um quadro bom de
profissionais que auxiliam os alunos com necessidades especiais, possuindo
professor intérprete de libras/língua portuguesa para surdos, professor para
auxiliar os cegos e os com baixa visão, professor de apoio permanente para
alunos com TGD (Transtorno Global de Desenvolvimento) e professor de apoio
permanente para alunos com deficiência física neuromotora, com graves
comprometimentos na locomoção e comunicação.
A professora que coordena esse grupo de educadores desempenha um
papel importante para que não aconteça de ter vários alunos que fazem parte
da Educação Especial matriculados numa mesma disciplina. A cada matrícula
ela conversa com os pais ou responsáveis e junto com o setor pedagógico faz
a matrícula do aluno de maneira que fique bem distribuído o número de
estudantes da Educação Especial contribuindo com a prática docente e
possibilitando condições de ensino e aprendizagem. Essa atitude parece ser
simples, mas demanda tempo, coisa que não existe entre a finalização de uma
disciplina e o início de outra. Isso evita disciplinas com um número muito
grande de alunos da Educação Especial.
Foi lido também a Lei e Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBN) Lei 9394-96, que norteia a educação brasileira. Ela trata dos princípios
e fins da Educação Nacional, em consonância com a Constituição Federal.
Está em seu artigo 2º:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (p.35)
A Lei estabelece que a educação é direito de todos, um dever da família
e do estado a garantia de proporcionar a todos, meios para sua efetivação.
A EJA é contemplada pela LDB em seus artigos 37 e 38, que
determinam que a educação de jovens e adultos seja destinada aqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria. Afirma que os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo,
habilitando ao prosseguimento de estudo em caráter singular.
Considerando o exposto na legislação, a EJA deve evidenciar aos
alunos a descobrirem suas próprias potencialidades, sua participação no
mundo, como ser social e político.
Outro tema discutido foi a Educação Especial.
Ésta deve centrar-se no desenvolvimento das potencialidades dos alunos.
Cabe à ela oferecer um conjunto de recursos educativos que devem ser
colocados à disposição dos alunos, a fim de facilitar ao máximo sua
participação nas situações educativas, objetivando o respeito à diversidade,
visando uma escola inclusiva.
Os artigos 58, 59 e 60 da LDB estabelecem como proceder quanto à
Educação Especial para que ocorra uma educação efetiva, que deve ser
disponibilizada nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as
atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e extensão.
A Secretaria do Estado do Paraná desenvolve vários projetos que
evidenciam a inclusão social e a promoção da cidadania de crianças, jovens e
adultos. Desenvolve ações destinadas aos alunos com necessidades
educacionais temporárias ou permanentes conforme prevê o artigo 6º da
Deliberação Nº02-2003, do Conselho Estadual de Educação, que estabelece
normas para a Educação Especial no Estado do Paraná.
Será ofertado atendimento educacional especializado aos
alunos com necessidades educacionais especiais decorrentes de:
dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo
de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, não vinculadas a uma causa orgânica específica ou
relacionadas a distúrbios, limitações ou deficiências; dificuldades de
comunicação e sinalização demanda a utilização de outras línguas,
linguagens e códigos aplicáveis: condutas típicas de síndromes e
quadros psicológicos neurológicos ou psiquiátricos: superdotação ou
altas habilidades que , devido ás necessidades e motivações
específicas , requeiram enriquecimento, aprofundamento curricular e
aceleração(...) . (s/p)
Os serviços e apoio especializados distribuem-se entre as diferentes
áreas de atendimento, abrangendo a oferta de salas de recursos, apoio de
intérpretes de língua de sinais para alunos surdos e professores de apoio em
sala de aula para alunos com graves comprometimentos físico-motores.
O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades
específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum.
Esse atendimento complementa ou suplementa a formação dos alunos com
vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. São as chamadas
Salas de Recursos. No ano de 2014 no CEEBJA Paulo Freire tem um número
de 03 Salas de Recursos, sendo duas no período matutino e uma no período
vespertino.
Na sala de aula comum existe uma parcela de alunos que, em função de
seus comprometimentos ou necessidades, requerem atenção individualizada e
adaptações curriculares significativas. As adaptações devem ser nos currículos,
nas metodologias e nos critérios de avaliações.
Estes subsídios tornam-se relevantes no sentido de se adaptar uma
conclusão responsável que amplie as possibilidades de reflexão e intervenção
na prática pedagógica. Não deve ter uma postura protecionista ou
assistencialista, mas sim, de respeito e de garantia do princípio de igualdade
para que possam exercer seus direitos e deveres da sociedade.
Mesmo com todas as garantias legais que asseguram o direito
de acesso à escola, na prática, não se garante o ensino de qualidade,
ou seja, “a escola de Todos” não é a “escola para todos”. (FACION,
2005, P. 49)
Em outro encontro houve uma reflexão e troca de experiências sobre
alunos de inclusão na educação básica e seus desempenhos. Falaram das
principais dificuldades para a realização da inclusão efetiva.
No último encontro, o grupo estava maior e com reforço da equipe de
apoio que existe no CEEBJA Paulo Freire. O tema partiu dos professores que
solicitaram um atendimento individual com todos os professores participantes
no auxílio da flexibilização de seu Plano de Trabalho Docente (PTD), para
melhor atendimento ao aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem.
Esse atendimento individualizado solicitado pelos professores continuou
acontecendo também no segundo semestre, apesar o projeto ter sido aplicado
no primeiro, pois sentiram a necessidade naquele momento.
Uma das atitudes possíveis de serem tomadas é a adaptação do
currículo para que haja uma inclusão efetiva. Estas adaptações são chamadas
de adaptações de pequeno porte e podem ser implementadas em várias áreas
e em vários momentos de atuação.
O Projeto Escola-Viva: Garantindo o Acesso e a Permanência de Todos
os Alunos na Escola- que atendem alunos com necessidades especiais,
publicado pelo MEC-SEESP (2002), volume 5 e 6 trata das Adaptações
Curriculares de Grande e Pequeno Porte. Considera que as Adaptações de
Pequeno Porte são:
Modificações promovidas no currículo, pelo professor,
de forma a permitir e promover a participação produtiva dos alunos que
apresentam necessidades especiais no processo ensino aprendizagem
(...)
São denominados de pequeno porte (Não Significativos)
porque sua implementação encontra-se no âmbito de responsabilidade
e ação exclusivos do professor, não exigindo autorização, nem
dependendo de ação de qualquer outra instância superior, nas áreas
política, administrativa e ou técnica.
Elas podem ser implementadas em várias áreas e momentos
da atuação do professor: na promoção do acesso ao currículo, nos
objetivos de ensino, no conteúdo ensinado, no método de ensino no
processo de avaliação, na temporalidade. (p.8 e 9)
Para os professores terem claros os objetivos, é necessário um
reconhecimento, pois eles requerem um conhecimento prévio e o nível atual de
desenvolvimento do aluno quanto às possibilidades de aprendizagem futura.
Outro fator muito importante que no decorrer da implementação do
projeto foi o GTR (Grupo de Trabalho em Rede), em os professores
contribuíram com suas experiências. Esse contato com um número de pessoas
de diferentes cidades foi muito interessante. Alguns dos participantes (8
pessoas de um total de 16) trabalham hoje como pedagogos no sistema
prisional e descreveram as dificuldades desses alunos que desistiram da
escola em sua grande maioria, por terem dificuldades de aprendizagem e
desconhecerem seus direitos . A vergonha da dificuldade de aprendizagem é
uma coisa muito presente em suas vidas, causando uma frequente baixa auto
estima. Atualmente, adultos acabam retornando aos estudos, mas muitas
vezes escondem a dificuldade de aprendizagem, mascarando assim, sua real
compreensão dos conteúdos trabalhados.
CONCLUSÃO
A adaptação curricular é um processo de adequação de todas as
atividades desenvolvidas nas escolas que atendam aos alunos com
necessidades educacionais especiais.
Considerando-se que as necessidades educativas especiais são
exigências requeridas por alunos que apresentem problemas de aprendizagem,
o atendimento a essa necessidade acarreta atenção mais específica e recursos
educacionais diferenciados. Quanto maior for a dificuldade do aluno, mais
significativas serão as adequações no currículo, nos ajustes ou modificações
dos objetivos, conteúdos, metodologias e atividades de ensino-aprendizagem e
nos critérios da avaliação para entender a diversidade desses alunos.
Na implementação deste trabalho pude observar quanto é necessário
proporcionar aos professores da EJA momentos de reflexão e troca de
experiências, pois é muito difícil trabalhar com alunos tão diferentes e a
reflexão deixa claro e como consequente troca de ideias aos professores que
por intermédio de leituras através e das trocas de experiências que se pode
avançar para atingir os objetivos da Educação. A adaptação curricular é uma
ferramenta importante e deve ser utilizada com responsabilidade para não
esvaziar os conteúdos que devemos desenvolver com os alunos. O professor
deve priorizar os objetivos e conteúdos que sejam relevantes aos estudantes
com dificuldades de aprendizagem sem contudo, deixar de atender a todos os
alunos.
REFERÊNCIAS
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1988.
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BRASIL. MEC. Coleção Trabalhando com Educação de Jovens e Adultos:
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Pequeno Porte. Brasília: MEC/SEESP. 2002. Disponível em:
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