Os pais fundadores da etnografia

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Aula sobre os pesquisadores considerados fundadores da antropologia: Boas e Malinowski.

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Os pais fundadores da etnografia

François Laplantine

Docente

Andreia Regina Moura Mendes

“(...) a etnografia propriamente dita só começa a existir a partir do momento no qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua própria pesquisa, e que esse trabalho de observação direta é parte integrante da pesquisa”.

“(...) a antropologia se torna pela primeira vez uma atividade ao ar livre, levada como diz Malinowski, “ao vivo”, em uma “natureza imensa, virgem e aberta”.

O trabalho de campo é considerado como a própria fonte de pesquisa.

A antropologia de Franz Boas

A crítica ao evolucionismo serviu para a construção da antropologia moderna.

Boas acredita nas diferenças culturais dentro do relativismo e critica a antropologia universalista, praticada pelos evolucionistas.

O pensamento de Boas é marcado pelo empirismo e pela descrição. A preocupação com os detalhes etnográficos foi iniciada com este pesquisador.

Com Boas inicia a transição do difusionismo para o culturalismo.

As palavras-chave de seu trabalho são: história, língua e cultura.

Franz Boas (1858- 1942). “No campo, ensina Boas, tudo deve ser anotado (...)

Tudo deve ser objeto da descrição mais meticulosa, da transcrição mais fiel.”

“(...) ele mostrou que um costume só tem significação se for relacionado ao contexto particular no qual se inscreve.”

“(...) apenas o antropólogo pode elaborar uma monografia, isto é, dar conta científicamente de uma microsociedade, apreendida em sua totalidade e considerada em sua autonomia teórica.”

Boas discute os conceitos de raça e a antropologia evolucionista. Defende que os tipos raciais são instáveis, daí a dificuldade em determinar as raças.

No campo da lingüística e do método, Boas observa a língua e a cultura como meio de pesquisa. Ambas são tão importantes quanto a herança biológica.

“(...) ele foi o primeiro a nos mostrar não apenas a importância, mas também a necessidade, para o etnólogo, do acesso à língua da cultura na qual trabalha.”

Cada língua tem as suas especificidades, o que corresponde a um grupo social particular e tem uma estrutura lógica própria.

Segundo Lévy-Strauss, Boas defende a natureza inconsciente dos fenômenos culturais.

Para poder estudar as outras esferas da cultura, primeiro precisa-se estudar a língua. Os sistemas simbólicos escapam da consciência.

A língua é a porta de entrada da cultura. Boas busca as causas históricas (lendas)tentando remontar a

micro-história. Procura ainda os processos psicológicos para entender como os povos faziam a síntese dos empréstimos culturais. O que faz a especificidade de cada grupo é a síntese original da tradição e dos aportes. Não significa mostrar a herança mas sim, a transformação de elementos exógenos pelo grupo. É a busca pelas lógicas culturais.

Para Boas, o método comparativo não pode ser aplicado na antropologia. Foi o fundador da etnografia e da antropologia com a pesquisa empírica.

Sobre o desenvolvimento da cultura: Existência de leis universais e como as mesmas se

aplicam a todas as culturas. Causas diferentes que levam a fenômenos similares. Ênfase na observação e demonstração de

resultados. Uso da comparação dentro de uma área limitada,

valorizando os contatos entre os grupos: conexões históricas, condições ambientais e aspecto psicológico.

Novo método: etnográfico/histórico. Descrição individual no tempo e no espaço.

O trabalho de Malinowski

Malinowski (1884-1942) mostrou que: “a partir de um único costume, ou mesmo de um único objeto (por exemplo a canoa Trobriandesa) aparentemente muito simples, aparece o perfil do conjunto da sociedade.”

“(...) considera que uma sociedade deve ser estudada enquanto uma totalidade, tal como funciona no momento mesmo onde a observamos.”

“(...) Malinowski se pergunta o que é uma sociedade dada em si mesma e o que a torna viável para os que a ela pertencem, observando-a no presente através da interação dos aspectos que a constituem”.

“(...) a antropologia se torna uma “ciência” da alteridade que vira as costas ao empreendimento evolucionista”.

Malinowski foi aluno de Sir James Frazer. Forma a primeira geração de pesquisadores

de campo. Principais obras: Argonautas do Pacífico (1922). A vida sexual dos selvagens (1929).

“A fim de pensar essa coerência interna, Malinowski elabora uma teoria (o funcionalismo) que tira seu modelo das ciências da natureza.

“(...) devendo o homem ser estudado através da tripla articulação do social, do psicológico e do biológico.”

“(...) Ele procura reviver nele próprio os sentimentos dos outros, fazendo da observação participante uma participação psicológica do pesquisador, que deve “compreender e compartilhar os sentimentos” destes últimos “interiorizando suas reações emotivas”.

Contribuições: Observação Participante. Dedicação aos fatos sociais, aparentemente minúsculos. Faculdade de restituição da existência. Fundador da antropologia audiovisual.

Referência bibliográfica

LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.