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PERÍMETRO FLORESTAL
DA SERRA DE SÃO MAMEDE, QUINTA DOS
OLHOS DE ÁGUA E S. SALVADOR
PLANO DE GESTÃO FLORESTAL
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
i
ABREVIATURAS
AGRIS – Medida Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Programas Operacionais
Regionais
AGRO - Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural
CITES - Comércio e Detenção de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de
Extinção
DCNFA - Departamento de Conservação da Natureza e das Florestas do Alentejo
DFCI – Defesa da Floresta Contra Incêndios
DGRF – Direcção-Geral dos Recursos Florestais
DGSFA – Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas
DSF – Direção de Serviços de Florestas
DRAAL – Direção Regional de Agricultura do Alentejo
ENF – Estratégia Nacional para as Florestas
FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
FGC – Faixas de Gestão de Combustível
FIC - Faixa de Interrupção de Combustível
FRC - Faixa de Redução de Combustível
HSS – Herdade de S. Salvador
ICN – Instituto de Conservação da Natureza
ICNF - Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas
INE – Instituto Nacional de Estatística
PAMAF – Programa para a Modernização Agrícola e Florestal
PDM – Plano Diretor Municipal
PEPAP - Programa de Estágios Profissionais na Administração Pública
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
ii
PEOFA – Plano Especifico de Ordenamento Florestal para o Alentejo
PFSSM – Perímetro Florestal da Serra de São Mamede
PGF – Plano de Gestão Florestal
PIB – Produto Interno Bruto
PMDFCI – Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios
PNDFCI – Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios
PNPOT – Programa Nacional da Politica do Ordenamento do Território
PNSSM - Parque Natural da Serra de S. Mamede
POPNSSM – Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede
PROF – Plano Regional de Ordenamento Florestal
PROF AA – Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo
PROTA -
PSRN – Plano Sectorial da Rede Natura
QOA – Quinta de Olhos de Água
REN – Reserva Ecológica Nacional
SIC - Sítio de Importância Comunitária
SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
VAB – Valor Acrescentado Bruto
ZEC - Zona Especial de Conservação
ZPE – Zona de Proteção Especial
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
iii
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1 – Identificação do proprietário, da entidade gestora, da equipa técnica e
coordenação .................................................................................................................................. 2
TABELA 2 - Localização dos prédios (Fonte: Germano, 2004; PER_25000) .................................. 5
TABELA 3 – Identificação jurídica e administrativa dos prédios ................................................... 5
TABELA 4 - Distribuição do declive por classes de declive na área do Perímetro Florestal de S.
Mamede ........................................................................................................................................ 7
TABELA 5 - Distribuição do declive por classes de declive na área da Quinta dos Olhos de Água 8
TABELA 6 - Distribuição do declive por classes de declive na área de S. Salvador ....................... 8
TABELA 7 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área do Perímetro Florestal de
S. Mamede .................................................................................................................................... 8
TABELA 8 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área da Quinta dos Olhos de
Água e S. Salvador ......................................................................................................................... 9
TABELA 9 - Principais famílias de solos presentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede
..................................................................................................................................................... 13
TABELA 10 – Principais famílias de solos presentes na Quinta dos Olhos de Água e na Herdade
de São Salvador ........................................................................................................................... 14
TABELA 11 – Lista de habitats naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE que ocorrem nos
prédios ......................................................................................................................................... 20
TABELA 12 – Habitats naturais do Anexo I, suas ameaças e orientações de gestão preconizadas
nas Fichas anexas ao PSRN2000, e o seu estado de conservação e representatividade no
Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água ................................. 25
TABELA 13 – Principais espécies vegetais existentes na Quinta dos Olhos de Água .................. 27
TABELA 14 - Principais espécies vegetais encontradas no Perímetro Florestal (Roque, 2005) .. 28
TABELA 15 – Espécies RELAPE ..................................................................................................... 29
TABELA 16 - Principais espécies animais encontradas no Perímetro Florestal de S. Mamede
(Roque, 2005) .............................................................................................................................. 30
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
iv
TABELA 17 – Lista potencial de anfíbios ...................................................................................... 30
TABELA 18 – Lista potencial de répteis ....................................................................................... 31
TABELA 19 – Lista potencial das aves .......................................................................................... 32
TABELA 20 – Lista dos potenciais mamíferos terrestres ............................................................. 34
TABELA 21 – Lista de mamíferos voadores (morcegos) .............................................................. 35
TABELA 22 - Incêndios ocorridos entre 1980 e 2000 nos concelhos de Portalegre e Marvão ... 45
TABELA 23 - Incêndios ocorridos entre 2001 e 2013 nos concelhos de Portalegre e Marvão ... 46
TABELA 24 – Restrições de utilidade pública .............................................................................. 50
TABELA 25 – Classificação funcional dos espaços florestais ....................................................... 53
TABELA 26 - Objetivos específicos com base no PROF do Alto Alentejo .................................... 54
TABELA 27 – Investimentos efetuados no período de 1999 a 2011 no Perímetro Florestal de S.
Mamede ...................................................................................................................................... 62
TABELA 28 - Densidade de rede viária e divisional no PFSSM, QOA e S. Salvador ..................... 63
TABELA 29 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes no PFSSM .......... 64
TABELA 30 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes na Quinta dos
Olhos de Água ............................................................................................................................. 65
TABELA 31 - Relação dos equipamentos existentes no PFSSM e Quinta dos Olhos de Água ..... 65
TABELA 32 - Distribuição da rede divisional e pontos de água no PFSSM .................................. 66
TABELA 33 – Análise SWOT para a área em estudo .................................................................... 70
TABELA 34 – Receitas efetuadas no período de 2000 a 2011 no Perímetro Florestal de S.
Mamede e Quinta dos Olhos de Água ........................................................................................ 74
TABELA 35 - Ocupação atual do solo nas áreas de estudo ......................................................... 78
TABELA 36 - Fórmulas utilizadas no cálculo das variáveis dendrométricas (Adaptado de Roque,
2005) ........................................................................................................................................... 82
TABELA 37 – Caracterização da área florestal nos talhões do Perímetro Florestal de S. Mamede
..................................................................................................................................................... 83
TABELA 38 - Caracterização dos talhões na Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador ................ 85
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 39 - Classes de diâmetro utilizadas ................................................................................ 87
TABELA 40 - Caracterização dos talhões e das parcelas de amostragem no Perímetro Florestal
de S. Mamede ............................................................................................................................. 92
TABELA 41 - Valores do volume, biomassa e armazenamento de carbono para o Perímetro
Florestal de S. Mamede ............................................................................................................... 96
TABELA 42 - Definição de seções e séries para a área de estudo ............................................. 100
TABELA 43 - Modelos de silvicultura das áreas de estudo ........................................................ 101
TABELA 44 - Modelos de silvicultura por seção ou série .......................................................... 101
TABELA 45 - Relação das parcelas com habitats e orientações de gestão ............................... 105
TABELA 46 - Estimativa do ano de desbaste para o pinheiro-bravo no Perímetro Florestal de S.
Mamede .................................................................................................................................... 110
TABELA 47 - Plano de cortes culturais para o Pinheiro-bravo .................................................. 110
TABELA 48 - Descrição das intervenções para plantação de carvalho-negral .......................... 113
TABELA 49 - Programação das ações ........................................................................................ 120
TABELA 50 - Custo das ações de intervenção florestal ............................................................. 124
TABELA 51 - Ações para a rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível ............ 128
TABELA 52 - Custos das ações a realizar na rede de infraestruturas e faixas de gestão de
combustível ............................................................................................................................... 129
TABELA 53 - Balanço económico e financeiro ........................................................................... 130
TABELA 54 – Equivalência genérica entre os modelos de combustível do USDA Forest Service e
as formações florestais portuguesas (Fonte: Fernandes, 2009) ............................................... 138
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Localização do Perímetro Florestal de S. Mamede ...................................................... 3
Figura 2 – Implantação do Perímetro Florestal de S. Mamede em ortofotomapa digital de
2005/2006 ..................................................................................................................................... 4
Figura 3 – Localização da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador ......................................... 6
Figura 4 - Implantação da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador em ortofotomapa digital
de 2005/2006 ................................................................................................................................ 6
Figura 5 - Diagrama Ombrotérmico relativo à Estação Meteorológica de Portalegre (1971 -
2000) ........................................................................................................................................... 10
Figura 6 – Pormenor da barragem no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede .................. 15
Figura 7 – Medronheiro no talhão 14 do Perímetro Florestal de S. Mamede ............................ 27
Figura 8 – Castanheiros num talhão de pinhal-bravo ................................................................. 38
Figura 9 - Enquadramento fitoclimático de acordo com a Carta Ecológica de Pina Manique e
Albuquerque no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede .................................................... 39
Figura 10 – Distribuição dos incêndios ocorridos em 2003 ........................................................ 44
Figura 11 – Parque de antenas e marco geodésico .................................................................... 49
Figura 12 – Linha de média tensão no talhão 2 do PFSSM ......................................................... 49
Figura 13 – Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de
S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) ....................................................................................... 51
Figura 14 - Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Norte do Perímetro Florestal de S.
Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 52
Figura 15 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Norte do Perímetro Florestal de S.
Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 57
Figura 16 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S.
Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 58
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
vii
Figura 17 – Pormenor da criação de uma faixa de descontinuidade na Estrada que atravessa o
perímetro .................................................................................................................................... 59
Figura 18 – Plano de intervenções do projeto AGRIS no Perímetro Florestal de S. Mamede .... 60
Figura 19 – Desbastes culturais e limpeza de povoamentos na área de pinhal do PFSSM ........ 61
Figura 20 – Operações silvícolas no Talhão 6 do PFSSM, com estilhaçamento de despojos ...... 61
Figura 21 – Área social no Perímetro Florestal de S. Mamede ................................................... 64
Figura 22 – Aceiro interior no Perímetro Florestal de S. Mamede ............................................. 67
Figura 23 – Aceiro perimetral no Perímetro Florestal de S. Mamede ........................................ 67
Figura 24 – Vista parcial a oeste da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012 ......... 75
Figura 25 - Vista parcial a este da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012 ........... 76
Figura 26 - Distribuição percentual das principais espécies florestais existentes no Perímetro
Florestal de S. Mamede ............................................................................................................... 77
Figura 27 – Distribuição dos talhões no Perímetro Florestal de S. Mamede .............................. 79
Figura 28 – Aspeto de um talhão de pinhal-bravo com regeneração de castanheiro (JR) ......... 80
Figura 29 – Aspeto do talhão 6 com castanheiros (JR) ............................................................... 81
Figura 30 - Distribuição da densidade e da altura média por classe de diâmetro à altura do
peito ............................................................................................................................................ 91
Figura 31 - Parcelas de plantação de carvalho-negral .............................................................. 113
Figura 32 - Distribuição das despesas por tipologia .................................................................. 131
Figura 33 - Relação entre despesas e receitas para o período de vigência do plano ............... 132
Fotografias de João Ribeiro (JR)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
viii
ÍNDICE
Abreviaturas i
Índice de tabelas iii
Índice de figuras vi
Índice viii
Introdução 1
A. DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO 2
1. Enquadramento social e territorial do plano 2
1.1 Caracterização do proprietário e da gestão 2
1.2 Caracterização geográfica da exploração 2
2. Caracterização biofísica 7
2.1 Relevo e Altimetria 7
2.2 Clima 9
2.3 Solos 12
2.4 Hidrografia 15
2.5 Fauna, Flora e Habitats 16
2.5.1 Habitats naturais 19
2.5.2 Flora 27
2.5.3 Fauna 29
2.5.4 Séries de vegetação 36
2.5.5 Estações florestais 38
2.6 Pragas, Doenças e Infestantes 40
2.7 Incêndios florestais, cheias e outros riscos naturais 42
2.7.1 Áreas ardidas no Perímetro Florestal de S. Mamede 42
2.7.2 Perigosidade de incêndio florestal 42
2.7.3 Infraestruturas de Defesa da Floresta contra incêndios 46
2.7.4 Erosão 47
3. Regimes legais específicos 47
3.1 Restrições de utilidade pública 48
3.2 Instrumentos de planeamento florestal 53
3.3 Instrumentos de gestão territorial 55
3.4 Outros ónus relevantes para a gestão 59
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
ix
4. Caracterização de recursos 63
4.1 Infraestruturas florestais 63
4.1.1 Rede viária florestal 63
4.1.2 Infraestruturas associadas à gestão 63
4.1.3 Infraestruturas DFCI 66
4.1.4 Infraestruturas de apoio à gestão cinegética 68
4.1.5 Infraestruturas de apoio à silvopastorícia 68
4.1.6 Infraestruturas de apoio ao recreio e turismo 68
4.2 Caracterização socioeconómica 68
4.2.1 Função de produção 70
4.2.2 Função de proteção 70
4.2.3 Função de conservação 71
4.2.4 Função de silvopastorícia, caça e pesca 71
4.2.5 Função de enquadramento paisagístico e de recreio 71
4.2.6 Evolução histórica da gestão 71
4.2.6.1 Perímetro Florestal S. Mamede 71
4.2.6.2 Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador 75
b. MODELO DE EXPLORAÇÃO 77
1. Caracterização e objetivos da exploração 77
1.1 Caracterização dos recursos 77
1.1.1 Caracterização geral 77
1.1.2 Compartimentação da propriedade, definição e delimitação das parcelas 78
1.1.3 Componente florestal 81
1.1.3.1 Descrição sintética dos povoamentos por talhão e parcela 81
1.1.3.2 Delineamento do esquema de amostragem 86
1.1.3.3 Localização e delimitação das unidades de amostragem no terreno 86
1.1.3.4 Medições a realizar nas unidades de amostragem 87
1.1.3.5 Índices e classes de qualidade 89
1.1.3.6 Descrição parcelar 90
1.1.4 Indicadores de sustentabilidade 95
1.2 Definição dos Objetivos da exploração 98
2. Adequação ao PROF 99
2.1 Zonagem segundo as funções dominantes 99
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
x
2.2 Definição de modelos de silvicultura por unidade territorial 101
3. Programas operacionais 102
3.1 Programa de gestão da biodiversidade 102
3.1.1 Habitats naturais 102
3.2 Programa de gestão da produção lenhosa 108
3.2.1 Pinheiro-bravo 108
3.2.1.1 Plano de cortes culturais 108
3.2.1.2 Plano de cortes finais 111
3.2.2 Castanheiro 111
3.2.3 Carvalho-negral 112
3.2.4 Nogueiras 114
3.3 Aproveitamento da regeneração natural 114
3.4 Programa de gestão do aproveitamento dos recursos não lenhosos e outros serviços
associados 115
3.4.1 Programa de gestão suberícola 115
3.4.2 Pinheiro-manso 116
3.4.3 Castanheiro 116
3.4.4 Programa de gestão de outros serviços associados 116
3.5 Outras ações de beneficiação florestal 116
3.6 Programa de infraestruturas 117
3.7 Programa das Operações Silvícolas Mínimas 118
3.8 Gestão Florestal Preconizada 120
4. Balanço Económico e Financeiro Previsional 130
5. Período de revisão do plano 132
6. Bibliografia 133
Anexo 1 - Cartografia 136
Anexo 2 138
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
1
INTRODUÇÃO
A Lei de Bases da Política Florestal estabeleceu que nas matas públicas e comunitárias, bem
como nas matas privadas acima de uma dimensão a definir nos Planos Regionais de
Ordenamento Florestal (PROF), as intervenções silvícolas de qualquer natureza deveriam
realizar-se de acordo com um Plano de Gestão Florestal (PGF). Visando a produção sustentada
de bens ou serviços originados em espaços florestais, determinada por condições de natureza
económica, social e ecológica, constitui um documento auxiliar de gestão, onde se priorizarão
os diferentes objetivos, a sequência temporal e/ou espacial das operações culturais e de
exploração e a descrição ou referenciação das técnicas a aplicar e dos métodos de
regeneração, adaptados a cada um deles.
Desta forma, o PGF desempenha um papel crucial no processo de melhoria e gestão das áreas
florestais já que operacionaliza as orientações estratégicas contidas no respectivo PROF.
As áreas objeto deste Plano encontram-se sob a gestão do Departamento de Conservação da
Natureza e das Florestas do Alentejo (DCNFA) do Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas, I.P. (ICNF). Encontram-se ainda incluídas na área do Parque Natural de S. Mamede
(PNSSM), área protegida classificada pelo Decreto-Lei nº 121/89, de 14 de abril.
A sua elaboração representa um passo importante na incorporação de diretivas de
planeamento regional, fundamentadas em conceitos técnicos, na condução destes mesmos
espaços, acompanhando a validade do PROF do Alto Alentejo (PROF AA) para a sub-região
homogénea Serra de São Mamede, onde se inserem estes prédios, bem como de outros planos
de enquadramento regional.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
2
A. DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO
1. ENQUADRAMENTO SOCIAL E TERRITORIAL DO PLANO
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROPRIETÁRIO E DA GESTÃO
TABELA 1 – Identificação do proprietário, da entidade gestora, da equipa técnica e coordenação
1.2 CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA EXPLORAÇÃO
O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede (PFSSM) localiza-se na freguesia de Reguengo,
concelho e distrito de Portalegre, distando apenas 7,5 Km daquela cidade, encontrando-se
representado nas Cartas Militares do Instituto Geográfico do Exército (IGeoE) nº 348 e nº 360.
Nas Figuras 1 e 2 podem-se identificar a Mata Norte e Matas Centro e Sul que constituem o
prédio, as quais se encontram separadas geograficamente entre si (Tabelas 2 e 3). O acesso a
esta unidade de gestão pode ser feito a sul pela estrada 517 que vem de Reguengo e a norte
pela estrada 522. Encontra-se submetido ao Regime Florestal Parcial pelo Decreto de
23/12/1911, publicado no Diário do Governo nº 1 de 2/01/1912.
A Quinta dos Olhos de Água (QOA) e o prédio São Salvador localizam-se na freguesia de São
Salvador de Aramenha, concelho de Marvão, encontrando-se representados nas Cartas
Militares nº 348 e nº 347 e 348, respetivamente (Figuras 3 e 4). O acesso à Quinta dos Olhos
de Água é feito pela estrada 521 e ao prédio S. Salvador pela estrada 359, localizando-se este
último junto à Ponte da Madalena.
Proprietário: Estado Português
Elaboração: João Rui Dias Pinto Ribeiro Colaboração: Hugo Vieira Luis Grilo João Minas (Estagiário PEPAP)
Entidade Gestora: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.
Serviço: Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo
Representante do ICNF - DCNFA:
Contacto:
Técnico responsável pelo acompanhamento da gestão:
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
3
Figura 1 – Localização do Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
4
Figura 2 – Implantação do Perímetro Florestal de S. Mamede em ortofotomapa digital de 2005/2006
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
5
TABELA 2 - Localização dos prédios (Fonte: Germano, 2004; PER_25000)
PRÉDIO NUT III DISTRITO CONCELHO FREGUESIA CARTA
MILITAR
Perímetro Florestal S. Mamede
Alto Alentejo
Portalegre
Portalegre Reguengo 348; 360
São Salvador
Marvão S. Salvador de
Aramenha
347; 348
Quinta dos Olhos de Água
348
TABELA 3 – Identificação jurídica e administrativa dos prédios
PRÉDIO REPARTIÇÃO
FINANÇAS INSCRIÇÃO MATRICIAL
ÁREA DE REGISTO (Ha)
ÁREA EFECTIVA (Ha)
Perímetro Florestal S. Mamede
Portalegre
2 B (Mata Norte) 32,925
368,70* 19 D (Mata
Centro) 323,975
8 E (Mata Sul) 11,80
São Salvador
Marvão
48 D 0,2 0,16**
Quinta dos Olhos de Água
15E, 126E, 177E 14,11 13,88**
(*) Existe um diferencial de 0,48 ha entre a área que consta do registo da Caderneta Predial e a área digitalizada (368,22 ha) para o
Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede, que poderá dever-se a pequenas incorreções de digitalização.
(**) Existe um diferencial de 0,23 ha entre a área que consta do registo da Caderneta Predial e a área digitalizada (13,88 ha) para a
Quinta dos Olhos de Água e de 0,04 ha para S. Salvador, que poderão igualmente dever-se a pequenas incorreções de
digitalização.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
6
Figura 3 – Localização da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador
Figura 4 - Implantação da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador em ortofotomapa digital de 2005/2006
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
7
2. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA
2.1 RELEVO E ALTIMETRIA
O Parque Natural da Serra de S. Mamede (PNSSM) engloba três zonas distintas (a serra, a
peneplanície alentejana e o patamar de Portalegre), existindo zonas de declives suaves a sul e
zonas de declives acentuados na zona de serra e em zonas encaixadas de alguns cursos de
água (Pereira, 2001). A serra de S. Mamede, com cerca de 40 km na maior dimensão de
extensão e “pouco mais de uma dezena de kilómetros de largura, na direcção perpendicular”,
“é constituída por uma parte granítica, ao sudoeste” e por “uma parte, a maior, de terrenos
ordovícicos, silúricos e devónicos” (Feio & Almeida, 1983).
Em relação à altitude o PFSSM apresenta uma variação de 500 m entre o seu ponto mais baixo
e o seu ponto mais alto (Carta Hipsométrica em Anexo 1). A Mata Norte apresenta altitudes
que variam entre 800 m e 1000 m, entre 500 m e 900 m na Mata Centro, encontrando-se
situada a Mata Sul na cota dos 500 m (Roque, 2005). De acordo com Pina Manique e
Albuquerque (1954), encontram-se presentes os níveis altimétricos Sub-Montano (400-700 m)
e Montano (700-1000 m).
A QOA apresenta uma variação de cerca de 200 metros entre o seu ponto mais baixo (530 m) e
o seu ponto mais alto (700 m); a variação existente em São Salvador é de cerca de 10 metros,
localizando-se entre as altitudes 530 m e 540 m.
A classe de declives com maior representatividade no PFSSM varia entre 16 e 25%, aos quais
correspondem riscos de erosão muito elevados. Mais de metade da área do Perímetro
apresenta declives elevados a muito elevados e, por consequência, com restrições ao uso da
mecanização (Tabela 4 e Carta de Declives em Anexo 1).
TABELA 4 - Distribuição do declive por classes de declive na área do Perímetro Florestal de S. Mamede
Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)
d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 84,30 23,0
8 d < 15 % Moderado a elevado 47,99 13,1
15 d < 25 % Elevado a muito elevado 141,48 38,5
d 25% Muito elevado 93,34 25,4
Na Quinta dos Olhos de Água os declives dominantes são inferiores a 8%, seguindo-se os
declives elevados a muito elevados (Tabela 5 e Carta de Declives em Anexo 1). Em S. Salvador
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
8
apenas se verificaram três classes de declive, sendo os declives ligeiros a moderados os
dominantes (Tabela 6).
TABELA 5 - Distribuição do declive por classes de declive na área da Quinta dos Olhos de Água
Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)
d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 6,2 44,0
8 d < 15 % Moderado a elevado 3,1 22,0
15 d < 25 % Elevado a muito elevado 4,5 31,9
d 25% Muito elevado 0,3 2,1
TABELA 6 - Distribuição do declive por classes de declive na área de S. Salvador
Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)
d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 0,09 59,7
8 d < 15 % Moderado a elevado 0,056 36,4
15 d < 25 % Elevado a muito elevado 0,006 3,9
No que concerne à exposição, grande parte do Perímetro apresenta uma exposição orientada
para Sudoeste (39,4%). Para a sua caracterização foram consideradas várias classes de
exposição. A distribuição das classes pela área em estudo é apresentada na Tabela 7 e na Carta
de Orientações de Encosta (Anexo 1).
TABELA 7 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área do Perímetro Florestal de S. Mamede
Exposição Área (ha) Distribuição (%)
Sem exposição definida 46,13 12,6
Norte 2,84 0,8
Nordeste 13,68 3,7
Este 26,69 7,3
Sudeste 28,30 7,7
Sul 47,31 12,9
Sudoeste 144,65 39,4
Oeste 46,60 12,7
Noroeste 10,90 3,0
A distribuição das classes de orientações de encosta para a Quinta dos Olhos de Água e S.
Salvador consta da Tabela 8. Na Quinta dos Olhos de Água as exposições dominantes são as
dos quadrantes Sudoeste e Oeste. Em S. Salvador apenas estão representadas as exposições
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
9
Oeste e Noroeste, sendo a exposição Noroeste a dominante (Carta de Orientações de Encosta
em Anexo 1).
TABELA 8 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área da Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
Prédio Exposição Área (ha) Distribuição (%)
Quinta dos Olhos de Água
Norte 1,82 12,9
Nordeste 1,22 8,6
Este 1,07 7,6
Sudeste 1,16 8,2
Sul 1,69 12,0
Sudoeste 2,77 19,6
Oeste 2,35 16,7
Noroeste 2,03 14,4
S. Salvador Oeste 0,005 3,2
Noroeste 0,149 96,8
2.2 CLIMA
A serra de São Mamede, onde está inserido o PFSSM, devido às particulares condições de
altitude, temperatura e precipitação, apresenta um clima mesomediterrânico em altitude,
enquanto a zona circundante é caracterizada por clima termomediterrânico, com menor
precipitação e temperaturas médias mais elevadas. “A Serra funciona como uma barreira de
condensação que origina níveis de precipitação e graus de humidade superiores às zonas
circundantes” (Melo & Oliveira, 2003).
Registam-se nesta zona “os valores mais baixos de temperatura e insolação e os mais elevados
de precipitação”, ficando a área do Parque Natural da Serra de S. Mamede “sujeita à açção
conjunta dos três factores de influência climática que mais se fazem sentir em Portugal: a
influência mediterrânica, a influência atlântica e a influência continental” (Pereira, 2001).
Da análise dos dados climáticos recolhidos na Estação Meteorológica de Portalegre (latitude
39˚ 17' N e longitude 7˚ 25' W a uma altitude de 597 m), reportados ao período de 1971 a
2000, verifica-se que a média da temperatura média diária anual é de 15,2˚C, sendo os meses
de Verão os que apresentam valores mais elevados, com 23,5˚C para os meses de julho e
agosto. Os valores mínimos acontecem no período de Inverno, registando-se no mês de
janeiro, em média, os valores mais baixos (8,5˚C).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
10
A média da temperatura mínima diária no mês de janeiro é de 5,7˚C e a média da temperatura
máxima diária apresenta em julho o valor mais elevado (29,8˚C). No que diz respeito aos
valores absolutos, temos como temperatura máxima 40,4˚C no mês de julho e mínima de 0,7˚C
em fevereiro.
Segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), a precipitação é o principal elemento climático
que distingue a zona de serra da restante área envolvente. Constituindo a Serra de S. Mamede
uma barreira de condensação de sentido NW-SE, a precipitação média anual para o referido
período (1971-2000) é de 852,4 mm e ocorrendo sobretudo entre os meses de outubro e
fevereiro, sendo o mês de dezembro o que regista, em média, quantitativos mais elevados
(cerca de 136,0 mm). A precipitação máxima diária regista um valor médio de 75,5 mm. Os
meses de Verão são marcados por valores reduzidos de precipitação, especialmente os meses
de julho e agosto com 7,5 e 8,5 mm de média total, respetivamente. Os quantitativos diários
atingem nos meses de julho e agosto apenas 28,7 e 20,5 mm, respetivamente.
A ocorrência de precipitação sob a forma sólida, granizo ou saraiva, regista-se, em média, em
cerca de 4,1 dias por ano. Este fenómeno é mais frequente durante o mês de abril.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Temperatura (˚C) Precipitação (mm)
Figura 5 - Diagrama Ombrotérmico relativo à Estação Meteorológica de Portalegre (1971 - 2000)
O gráfico da Figura 5 traduz uma situação favorável à ocorrência de incêndios durante os
meses de Verão, caracterizados por apresentarem uma precipitação muito reduzida e
temperaturas bastante elevadas.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
11
A humidade relativa média anual do ar situa-se nos 71% às 9 horas UTC. De novembro a
fevereiro registam-se os maiores quantitativos pluviométricos e as temperaturas do ar mais
reduzidas tendo como consequência valores de humidade relativa do ar, em média, mais
elevados (76% - 79% às 9 horas UTC).
Os meses de Verão, mais quentes e com menor volume pluviométrico, registam menores
valores de humidade relativa, sendo os meses de julho e agosto os que apresentam, em
média, os menores valores ao início da manhã, com 59 % às 9 horas.
A evaporação média anual é de 1754,3 mm, atingindo os valores mais elevados nos meses de
julho, agosto e setembro e alcança o seu valor máximo (275,2 mm), durante o mês de julho. O
mês que regista menores valores de evaporação é o mês de dezembro, com 68,1 mm.
O vento é um fator importante pela ação mecânica que exerce sobre as plantas e pelo efeito
na propagação de muitas espécies vegetais. Por outro lado, face aos declives acentuados das
áreas de estudo, com particular destaque no Perímetro Florestal de S. Mamede, o seu
conhecimento é fundamental no ordenamento e gestão dos povoamentos existentes.
Na estação de Portalegre a velocidade média do vento anual é de 13,8 km.h-1, atingindo os
maiores valores em Dezembro e Fevereiro (15,0 km.h-1). Existem em média por ano 39,3 dias
em que a velocidade máxima instantânea do vento (rajada) é igual ou superior a 60 Km.h-1 e
4,1 dias em que é igual ou superior a 80 Km.h-1.
De acordo com as Normais Climatológicas da Região do Alentejo e Algarve de 1951 a 1980, os
ventos dominantes na estação de Portalegre sopram de Norte com 19,6% de frequência e 16,0
Km.h-1 de velocidade, de Noroeste com 18,1% e 15,1 Km.h-1 e de Oeste com 14,6%; para a
estação de Marvão os ventos predominantes são do quadrante Oeste e Noroeste, com uma
frequência de 19,3% e 23,4%, respetivamente, sendo os ventos menos frequentes os dos
quadrantes sudoeste e sul, com 4,1% e 6,9%, respetivamente.
O número médio de dias anual com nevoeiro é de 107,3, sendo os meses de dezembro (13,2
dias), janeiro (12,7 dias) e fevereiro (11,3 dias) os que registam os maiores valores. A
ocorrência de geada é relativamente diminuta, ocorrendo apenas em cerca de 4,0 dias.ano-1,
principalmente nos meses de dezembro e janeiro, em cerca de 1,2 e 1,8 dias.mês-1, o que,
segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), “podem evidenciar a boa drenagem atmosférica
que a serra possui”.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
12
De acordo com a classificação de Köppen o clima regional é temperado com inverno chuvoso e
verão seco e quente do tipo Csa, excepto nas terras altas (altitudes superiores a 800 m) onde o
verão se apresenta seco mas pouco quente e extenso do tipo Csb; pela classificação de
Thornthwaite o clima é temperado, com grande deficiência de água no verão, com pequena ou
moderada concentração térmica estival e pouco húmido (COBA, 2003).
2.3 SOLOS
O Parque Natural da Serra de S. Mamede apresenta “uma grande diversidade geológica”
(Melo & Oliveira, 2003), considerando-se a norte os xistos e grauvaques, os granitos e rochas
afins na parte central da serra e os quartzitos e calcários no maciço orográfico (ICN, s/ data).
Segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), a zona do Parque caracteriza-se por três zonas
distintas: “a norte predominam terrenos paleozóicos do Câmbrico constituídos por xistos e
grauvaques, na região central terrenos hercínicos constituídos por granitos e rochas afins, por
fim a Serra de S. Mamede é constituída predominantemente por terrenos paleozóicos, do
período Devónico, encaixada entre duas faixas Silúricas a Ordovicianas de xistos e grauvaques
com quartzitos e rochas carbonatadas”.
Em termos pedológicos pode afirmar-se que existem no Perímetro Florestal oito tipos
diferentes de solos que, combinados ou individualmente, formam oito manchas homogéneas
(Lourido, 1995, in Roque, 2005) (Tabela 9 e Carta de Solos em Anexo 1). Na Quinta dos Olhos
de Água identificam-se seis diferentes tipos de solos e dois em S. Salvador (Tabela 10 e Carta
de Solos em Anexo 1).
Os solos esqueléticos de xistos ou grauvaques (Ex) são incipientes e com espessura reduzida,
que normalmente não ultrapassa os 10 cm de profundidade. Os solos litólicos são solos pouco
evoluídos, de perfil AC ou ABcC, de textura arenosa e baixo teor de matéria orgânica, formados
a partir de rochas não calcárias; são solos quimicamente pobres, resultantes da meteorização
de rochas graníticas e afins, com afloramentos rochosos.
Os solos litólicos húmicos têm cores pardacentas escuras ou mesmo negra, de textura franco-
arenosa, geralmente com muitos elementos grosseiros; são solos ácidos ou fortemente ácidos
existindo na Mata Norte a fase pedregosa (Mnq e Mnx). Os solos litólicos não húmicos são
solos pouco evoluídos, de perfil AC ou ABcC, em geral de cores pardacentas, de texturas
ligeiras, estrutura pouco desenvolvida e boa ou excessiva permeabilidade. Apresentam baixos
teores de matéria orgânica, reação ácida a neutra e baixos valores da capacidade de
armazenamento e retenção para a água.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
13
TABELA 9 - Principais famílias de solos presentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede
FAMILIA DE SOLOS
TIPO MATA
Ex Litossolos de xistos ou grauvaques Norte
Ppq(p) + Px(p) + Arq
Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques +
afloramentos rochosos
Norte e Centro
Ppq(p) + Px(p)
Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques
Centro
Vqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais não calcários derivados de quartzitos e xistos não básicos
Centro e Sul
Vx Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais
não calcários derivados de xistos ou grauvaques Centro
Svqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais
não calcários de material coluviado dos solos da família Vqx
Centro
Mnq + Mnx Solos litólicos húmicos de quartzitos + Solos litólicos
húmicos de xistos ou grauvaques Norte
Mnq + Mnx + Arq
Solos litólicos húmicos de quartzitos + Solos litólicos húmicos de xistos ou grauvaques + afloramentos
rochosos Norte
Arq Afloramentos rochosos Sul
Os solos mediterrâneos vermelhos e amarelos de materiais não calcários são solos evoluídos
de perfil ABaC, que derivam de vários materiais rochosos. Os solos de material coluviado (Vqx
e Svqx) são moderadamente espessos, de texturas medianas, muito fortemente a fortemente
ácidos, com baixa capacidade produtiva. Os solos da família Vx são moderadamente espessos,
de textura média a fina, permeáveis, com moderada capacidade produtiva (COBA, 2003).
De acordo com a metodologia desenvolvida por Ferreira et al. (2001) no Plano Específico de
Ordenamento Florestal para o Alentejo (PEOFA), os solos do Perímetro Florestal de São
Mamede classificam-se em três classes de características – diagnóstico de desenvolvimento de
espécies florestais (Carta de Características diagnóstico em Anexo 1):
Afloramentos rochosos, não produtivos;
Profundidade expansível: limitação de espessura efetiva, que pode ser aumentada por
meios mecânicos;
Sem características-diagnóstico, que é a classe mais representativa
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
14
TABELA 10 – Principais famílias de solos presentes na Quinta dos Olhos de Água e na Herdade de São Salvador
FAMILIA DE SOLOS
TIPO PRÉDIO
A + Ca Aluviossolos modernos não calcários de textura mediana + Solos hidromórficos, sem horizonte eluvial, de aluviões
ou coluviais de textura mediana
Quinta dos Olhos de
Água
Ppq(p) + Px(D,p)
Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques
Pvc
Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais calcários normais de material coluviado dos
solos da família Vcc
Px(d) + Ex Solos mediterrâneos pardos de materiais não calcários normais de xistos ou grauvaques + Litossolos de xistos
ou grauvaques
Vcc + Arc
Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais calcários normais de calcários cristalinos ou mármores ou rochas cristalofílicas cálcio-siliciosas +
Afloramentos rochosos de calcários ou dolomias
Vqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de
materiais não calcários derivados de quartzitos e xistos não básicos
Ppq(p) + Px(p)
Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques São
Salvador
Sb(a) Coluviossolos de textura mediana
Estas características – diagnóstico foram determinadas segundo o mesmo critério do PEOFA,
ou seja, a característica – diagnóstico do complexo é a que ocupa maior área percentual. Ainda
segundo este Plano, e cruzando os dados relativos às classes de características – diagnóstico
com a zona Ibero mediterrânica, as espécies florestais aconselhadas serão o sobreiro, o
pinheiro-bravo, o carvalho-negral e o castanheiro.
Relativamente à Quinta dos Olhos de Água as classes de características-diagnóstico são:
Afloramentos rochosos, não produtivos;
Profundidade expansível, com limitação de espessura efetiva, que pode ser aumentada
por meios mecânicos;
Descontinuidade textural, sendo a existência de horizonte B argílico uma
condicionante ao desenvolvimento;
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
15
Drenagem externa, em que a condicionante ao desenvolvimento reside na potencial
acumulação de água à superfície do solo;
Sem características-diagnóstico, localizada a Noroeste
O prédio S. Salvador tem como características-diagnóstico a descontinuidade textural e a
drenagem externa (Carta de Características diagnóstico em Anexo 1).
2.4 HIDROGRAFIA
No Perímetro Florestal de S. Mamede existem diversas linhas de água localizadas na Mata
Centro, todas elas afluentes de ribeiras de maiores caudais localizadas no exterior do
Perímetro (Ribeira das Hortas, Ribeira de Arronches, Ribeira de S. Pedro) e do Rio Caia,
podendo-se considerar como temporárias.
Existem no Perímetro Florestal ainda duas barragens, tendo sido uma delas construída em
1980, com uma capacidade de armazenamento de cerca de 4200 m3, e uma outra em 1990,
com uma capacidade de armazenamento de cerca de 3000 m3, que durante os estios mais
prolongados normalmente seca. Ambas são em terra batida com descarregador lateral. (Figura
6 e Carta Hidrográfica em Anexo 1).
A Quinta dos Olhos de Água é limitada a Oeste pelo rio Sever. Todos os prédios se encontram
inseridos na bacia hidrográfica do Tejo.
Figura 6 – Pormenor da barragem no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
16
2.5 FAUNA, FLORA E HABITATS
A caracterização dos valores e recursos naturais, nomeadamente da fauna, flora e habitats
naturais, será baseada, sobretudo, em diplomas legais que destacam a importância e
relevância dos valores em presença. Serão consideradas as Convenções de Berna e Cites
(ambas na caracterização da fauna), a Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, relativa
à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens – vulgarmente designada
diretiva habitats - (na caracterização da fauna, flora e habitats), o Plano Regional de
Ordenamento Florestal aprovado e publicado pelo Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de
abril, e o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (na caracterização da fauna).
As áreas do Perímetro Florestal da Serra de São Mamede, da Quinta dos Olhos de Água e de S.
Salvador encontram-se inseridas no Parque Natural da Serra de São Mamede, Sitio da Rede
Natura 2000 PTCON0007 Serra de S. Mamede, numa região em que a expressão mediterrânica
é já manifesta.
Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio (diretiva habitats)
O artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, relativa à preservação dos
habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, define sítio de importância comunitária (SIC)
como “sítio que, na ou nas regiões biogeográficas a que pertence, contribua de forma
significativa para manter ou restabelecer um tipo de habitat natural do anexo I ou uma espécie
do anexo II, num estado de conservação favorável, e possa também contribuir de forma
significativa para a coerência da rede Natura 2000 referida no artigo 3º e/ou contribua de
forma significativa para manter a diversidade biológica na região ou regiões biogeográficas
envolvidas.”
A Portaria n.º 829/2007, de 1 de agosto, publicou a lista de sítios de importância comunitária
que tinham sido aprovados pelas Decisões da Comissão n.ºs 2004/813/CE, de 7 de dezembro,
e 2006/613/CE, de 19 de julho. Nesta lista constam, entre outros, o Sítio de Importância
Comunitária PTCON0007 São Mamede.
Ainda de acordo com o artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, constituem habitats naturais as zonas
terrestres ou aquáticas que se distinguem por características geográficas abióticas e bióticas,
quer sejam inteiramente naturais quer seminaturais. Constituem habitats naturais de
interesse comunitário, os habitats que constam, ou podem vir a constar, do anexo I ao
referido diploma e que no território:
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
17
i) estão em perigo de desaparecimento na sua área de repartição natural,
ii) têm uma área de repartição natural reduzida devido à sua regressão ou ao facto da
respetiva área ser intrinsecamente restrita, ou
iii) constituem exemplos significativos de características próprias de uma ou mais das
nove regiões biogeográficas seguintes: alpina, atlântica, do Mar Negro, boreal,
continental, macaronésica, mediterrânica, panónica e estépica.
Podem ser considerados habitats prioritários, os tipos de habitat natural ameaçados de
desaparecimento existentes no território, por cuja conservação a Comunidade é
especialmente responsável dada a dimensão considerável da parte da área de distribuição
natural desses habitats localizada no território referido no artigo 2.º. Estes habitats naturais
são assinalados com um asterisco (*) no anexo I do referido diploma.
Define ainda como espécies de interesse comunitário as espécies que constam, ou podem vir
a constar, dos anexos II e/ou IV ou V, e que no território:
i) estão em perigo, exceto as espécies cuja área de repartição natural se situa de forma
marginal nesse território e que não estão em perigo nem são vulneráveis na área do
paleártico ocidental ou
ii) são vulneráveis, ou seja, cuja passagem à categoria das espécies em perigo se
considera provável num futuro próximo no caso de persistência dos fatores que são
causa da ameaça ou
iii) são raras, ou seja, cujas populações são de reduzida expressão e que, embora não
estejam atualmente em perigo ou não sejam vulneráveis, possam vir a sê-lo. Estas
espécies estão localizadas em áreas geográficas restritas ou espalhadas numa
superfície mais ampla ou
iv) são endémicas e requerem atenção especial devido à especificidade do seu habitat
e/ou às incidências potenciais da sua exploração no seu estado de conservação.
Podem ser consideradas espécies prioritárias, as espécies de interesse comunitário que estão
em perigo, por cuja conservação a Comunidade é especialmente responsável dada a dimensão
considerável da parte da área de distribuição natural dessa espécie localizada no território
(assinaladas com um asterisco (*) no anexo II).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
18
Os Estados-membros tomarão ainda as medidas adequadas para que a colheita e captura no
meio natural de espécimes das espécies da fauna e da flora selvagens referidos no anexo V,
bem como a sua exploração, sejam compatíveis com a sua manutenção num estado de
conservação favorável.
Esta diretiva estabelece ainda orientações e considerandos relativos a outros anexos, que dela
fazem parte integrante.
O PFSSM, a QOA e S. Salvador encontram-se integralmente inseridos no Sítio S. Mamede
(Carta de Condicionantes em Anexo 1), que se caracteriza por apresentar uma grande
diversidade de habitats, com presença do carvalho-negral, soutos e castinçais de castanheiro,
medronhais e urzais nas encostas viradas a Norte, mais frescas e húmidas, de eucalipto e
pinheiro-bravo na zona serrana e de azinheira e sobreiro, intercalados por retamais e
carrascais a Sul, pelas potencialidades de reintrodução do lince-ibérico e por uma grande
diversidade faunística. Neste Sitio inclui-se ainda a gruta mais importante do País, e uma das
mais importantes a nível europeu, de colónias de criação de morcegos cavernícolas (e.g.
morcego-de-peluche, de morcego-rato-grande e morcego-de-ferradura-pequeno).
Convenção de Berna
O Decreto n.º 95/81, de 23 de julho, aprova, para ratificação, a Convenção Relativa à Proteção
da Vida Selvagem e do Ambiente Natural na Europa. Esta Convenção tem por objetivo garantir
a conservação da flora e da fauna selvagens e dos seus habitats naturais. Dedica especial
atenção às espécies ameaçadas de extinção e vulneráveis, incluindo as espécies migradoras.
Menciona ainda no n.º1 do art.4º, que cada uma das Partes Contratantes tomará medidas
legislativas e regulamentares adequadas e necessárias à proteção dos habitats das espécies
selvagens da flora e da fauna, especialmente das que são mencionadas nos anexos I e II, e à
defesa dos habitats naturais ameaçados de extinção. Os Anexo I e II incluem os elencos de
espécies, respetivamente, da flora e da fauna, que são estritamente protegidas. O Anexo III da
Convenção de Berna inclui o elenco de espécies protegidas da fauna, sendo proibidas, salvo
licença, a sua captura, detenção e abate intencionais. Neste âmbito, a regulamentação desta
Convenção foi publicada pelo Decreto-Lei n.º 316/89, de 22 de setembro. Este diploma
estabelece as disposições legais de proteção das espécies constantes nos referidos anexos,
bem como de outros, que dela fazem parte integrante.
No PFSSM e QOA podem ocorrer diversas espécies que constam dos anexos desta Convenção.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
19
PROF AA (publicado pelo Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril)
O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo (PROF AA), cujo regulamento foi
publicado no D.R. n.º37/2007, de 3/04, art.º 9º, “assume como objectivo e promove como
prioridade a defesa e a protecção de espécies florestais que, pelo seu elevado valor económico,
patrimonial e cultural, pela sua relação com a história e cultura da região, pela raridade que
representam, bem como pela sua função de suporte de habitat, carecem de especial
protecção”. A alínea a) do art.º 9º é alusiva às espécies protegidas por legislação específica,
nomeadamente o sobreiro e a azinheira.
Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº
155/2004 de 30 de junho, relativo à proteção do Sobreiro e da Azinheira
Estabelece medidas em forma de disposições legais, que visam a proteção do Sobreiro e da
Azinheira, bem como dos povoamentos que constituem.
Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal
O Livro Vermelho classifica as espécies de vertebrados que utilizam o território nacional
(Peixes dulçaquícolas e migradores, Anfíbios e Répteis, Aves e Mamíferos), em função da sua
probabilidade de extinção, num dado período de tempo.
2.5.1 Habitats naturais
Na caracterização dos habitats utilizaram-se, essencialmente, a nomenclatura expressa no
Anexo I da Diretiva 92/43/CEE (Diretiva Habitats) e os critérios de identificação que constam
das fichas de habitats anexas ao Plano Sectorial da Rede Natura 2000.
Segundo os critérios de identificação e classificação dos habitats naturais que constam das
fichas dos habitats naturais, foram identificados no Perímetro Florestal de S. Mamede 6
habitats naturais dos 21 identificados para o Sítio S. Mamede. Aos 6 habitats foi ainda
adicionado 1 habitat natural (92A0) que não consta da lista de habitats desse Sítio. Assim,
constam da lista de habitats naturais do PFSSM, um total de 7 habitats naturais (Tabela 11 e
Carta dos Habitats e das espécies de flora em Anexo 1).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
20
TABELA 11 – Lista de habitats naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE que ocorrem nos prédios
HABITAT DESIGNAÇÃO LOCALIZAÇÃO
4030 Charnecas secas europeias Perímetro Florestal S. Mamede;
Quinta dos Olhos de Água
5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos
Perímetro Florestal S. Mamede 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene
92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba
9260 Florestas de Castanea sativa Perímetro Florestal S. Mamede;
Quinta dos Olhos de Água
9330 Florestas de Quercus suber Perímetro Florestal S. Mamede
9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Quinta dos Olhos de Água
O habitat 9260 é o mais representativo no PFSSM, distribuindo-se atualmente por uma área
de cerca de 10,8 ha, seguido do habitat 6310 que ocupa atualmente cerca de 10,5 ha, do
habitat 4030 com cerca de 8,2 ha e do habitat 8220 com cerca de 6,5 ha. Com menor
representatividade encontram-se os habitats 5330, numa área de cerca de 1,5 ha e os habitats
9330 e 92A0, que se distribuem por uma área de cerca de 0,9 ha e de 3,2 ha, respetivamente.
Contudo, numa área muito significativa do território deste perímetro, não é possível
identificar habitats naturais.
Na Quinta dos Olhos de Água o habitat 9340, que ocorre numa área de cerca de 2,0 ha é o
mais representativo, seguido do habitat 9260, localizado numa área de cerca de 1,9 ha. Com
menor representatividade ainda se encontra o habitat 4030, localizado a nordeste do prédio
numa área de cerca de 0,5 ha.
Geralmente, cada habitat não ocorre isolado numa unidade de território de características
homogéneas. Devido a vários fatores, nomeadamente de inúmeras perturbações inerentes à
normal gestão florestal ou a pequenas ou maiores diferenciações biofísicas, os habitats
apresentam-se geralmente em mosaicos de formações vegetais. Numa unidade de paisagem
aparentemente homogénea podem inclusive ocorrer diversos estádios da sucessão ecológica.
A ficha do habitat 4030 define o subtipo 4030pt3 - Urzais, urzais-tojais e urzais-estevais
mediterrânicos não litorais, matos baixos, de elevada cobertura, pertencendo as espécies mais
frequentes às famílias das ericáceas, cistáceas e leguminosas, com composição florística
variável. Dominância ou codominância, em diferentes combinações, de Erica umbellata, E.
australis subsp. Pl., Halimium alyssoides, H. ocymoides, Pterospartum tridentatum subsp. Pl.,
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
21
Ulex airensis, U. australis subsp. welwitschianus, U. jussiaei subsp. jussiaei, U. micranthus e/ou
U. minor; pontualmente podem ser dominantes Cistus ladanifer ou Cistus populifolius
(características de Cisto-Lavanduletea). Nestes matos (urzais-estevais e tojais-estevais), no
entanto, a maior diversidade cabe sempre às características da classe Calluno-Ulicetea.
Ocorrem ainda Calluna vulgaris, Cistus monspeliensis, Cistus psilosepalus, Drosophyllum
lusitanicum, Genista triacanthus.
A ficha do habitat 5330 define o subtipo 5330pt3 – Medronhais - Matagais altos dominados
por Arbutus unedo e Erica arborea, de características pré-florestais, constituintes das orlas
naturais de bosques de Quercus suber (habitat 9330). É representado por Arbutus unedo,
Daphne gnidium, Lonicera spp., Erica arborea, tendo como espécies companheiras o Pteridium
aquilinum sbsp. aquilinum, Crataegus monogyna, Cytisus grandiflorus subsp. grandiflorus e
Cytisus multiflorus. Nos pequenos medronhais da Mata, em melhor estado de conservação,
ocorrem como co-dominantes outras espécies arbustivas, como a Phillyrea angustifolia, a
Quercus coccifera, a Rhamnus lycioides subsp. oleoides, a Pistacia lentiscus e o Asparagus sp.
Pl. Ocorrem em mosaico com o remanescente dos bosques e com matos baixos que
representam fases avançadas de degradação dos ecossistemas florestais.
A ficha do habitat 6310 define-o como sendo estruturas culturais de origem antrópica, em
parque, cuja dominância ecológica é partilhada pelo remanescente arbóreo de um antigo
bosque de sobreiros (Quercus suber) ou azinheiras (Quercus rotundifolia) e por uma pastagem
cespitosa vivaz com origem e persistência associada à pastorícia extensiva de ovinos.
Como neste Perímetro Florestal não há pastoreio, refere a ficha do habitat que se assiste ao
estabelecimento de comunidades secundárias correspondentes a etapas de recuperação
sucessional do bosque (urzais-tojais, estevais, sargaçais ou giestais), o que de fato coincide
com a realidade até que ocorra uma nova perturbação, geralmente provocada pelo corte e/ou
remoção de matos, iniciando-se de novo o processo de sucessão. É ainda referido que outras
plantas remanescentes do sub-bosque de outras etapas de substituição do bosque podem
estar pontualmente presentes (e.g. Quercus coccifera, Arbutus unedo, Asparagus sp. Pl.,
Viburnum tinus, Myrtus communis).
Na generalidade das parcelas de montado de sobro do Perímetro Florestal persistem alguns
pequenos núcleos de matagal alto correspondentes às antigas orlas do bosque (sobretudo
pequenos medronhais do habitat 5330).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
22
A ficha do habitat 9260 – Florestas de Castanea sativa define-o com formações dominadas por
Castanea sativa, quer para produção de varas, quer para produção de castanha com árvores
velhas, com estratos arbustivo e herbáceo com uma composição florística semelhante aos
bosques autóctones de Quercus pyrenaica. Andares supramediterrânico e supratemperado,
podendo atingir os andares mesomediterrânico (pontualmente) e mesotemperado.
Ombroclima sub-húmido a húmido e solos ácidos de textura diversa.
Em Portugal praticamente não existem bosques climácicos, encontrando-se a maioria dos
bosques numa condição pré-climácica. Nos bosques pré-climácicos, regra geral, as árvores são
jovens e da mesma idade, e a quantidade de lenho em decomposição e de cavidades naturais
nas árvores é escassa.
Os castinçais abandonados e os soutos antigos servem assim de habitat de substituição a uma
fauna e microflora especializada dependente dos numerosos micro-habitats associados a
árvores mortas ou envelhecidas. Os castinçais são povoamentos artificiais de Castanea sativa,
densos, explorados em talhadia e com intervenções culturais pouco significativas (corte de
varas, monda de pôlas, recolha de fruto), em que o sob-coberto e o solo não são
habitualmente sujeitos a qualquer intervenção; por outro lado, a vegetação natural potencial
das áreas atuais de implantação de castinçais corresponde maioritariamente a bosques de
Quercus pyrenaica e/ou Quercus robur.
A maioria dos castinçais não intervencionados mais antigos, são habitats florestais de fácil
recuperação, já que beneficiam de solo orgânico rico do tipo mull e em folhada abundante e,
em geral, do ambiente ecológico associado às comunidades florestais de folhosas. Acrescente-
se que, para além do valor como habitat potencial a generalidade dos castinçais possui
atualmente importância de per si como paisagem cultural.
O caso dos soutos é relativamente distinto, pois tratam-se geralmente de formações arbóreas
abertas constituídas por árvores em alto fuste e com um grau de artificialização elevado,
comparativamente aos castinçais. O sob-coberto dos soutos está geralmente sujeito a uso
agrícola ou pastoril e mobilizações regulares do solo, que inviabilizam o desenvolvimento de
um estrato arbustivo e herbáceo florestal, assim como os processos funcionalmente
associados ao meio florestal. O valor ecológico e a recuperabilidade dos soutos é menor
comparativamente aos castinçais. Os soutos poderão ser comparáveis a montados.
A ficha do habitat 9330 define-o como sendo comunidades florestais predominantemente
perenifólias, de copado denso e cerrado, dominadas pelo sobreiro. Os bosques de sobreiro
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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podem ser estremes ou mistos, podendo estar representadas outras árvores no estrato
arbóreo, numa percentagem inferior a 50, como o Quercus faginea subsp. broteroi, o Quercus
faginea subsp. faginea, o Quercus rotundifolia, o Quercus pyrenaica, além de outras espécies
como o Pinus pinaster, o Arbutus unedo, o Juniperus oxycedrus subsp. lagunae ou a Erica
arborea. No estrato arbustivo podem ocorrer, entre outras, Arbutus unedo, Viburnum tinus,
Myrtus communis, Phillyrea latifolia, Ruscus aculeatus.
Estes bosques produzem folhada que origina horizontes orgânicos do tipo mull florestal; as
suas orlas arbustivas naturais são muito diversificadas, sendo normalmente
matagais/medronhais/carrascais, garantindo a proteção/integridade destes bosques.
A ficha do habitat 9340 define-o como sendo comunidades predominantemente perenifólias,
de copado denso e cerrado, dominado pela Quercus rotundifolia, em povoamentos estremes
ou mistos. Podem estar representadas outras árvores no estrato arbóreo, numa percentagem
inferior a 50, como Quercus faginea subsp. broteroi, Quercus faginea subsp. faginea, Quercus
pyrenaica, Quercus suber. No estrato arbustivo podem ocorrer, entre outras, Viburnum tinus,
Osyris sp. Pl., Rhamnus oleoides subsp. Pl., Jasminum fruticans, Myrtus communis, Ruscus
aculeatus, Chamaerops humilis.
Estes bosques produzem folhada que origina horizontes orgânicos do tipo mull florestal. As
orlas arbustivas naturais destes bosques (matagais/zambujais/carrascais/giestais) são
extremamente diversificadas e garantem a proteção/integridade do bosque. Ocorre na Quinta
dos Olhos de Água em “… condições edafo-xerófitas proporcionadas pela extrema fissuração
dos maciços rochosos calcários onde se localiza; trata-se de uma comunidade finícola, basófila
da série «Lonicero-Querceto rotundifoliae sigmetum»”.
A ficha do habitat 92A0 define-o como sendo Galerias ribeirinhas mediterrânicas dominadas
por choupo, salgueiros arbóreos ou salgueiros arbustivos. De entre os sub-tipos existentes
enquadrar-se-á no 92A0pt5 - Salgueirais arbustivos de Salix salvifolia subsp. australis.
Localizam-se em leitos siliciosos de linhas de água de regime torrencial, em leitos
frequentemente secos durante o Verão. Ótimo sinecológico no andar termomediterrânico sob
ombroclima seco. Contactos mais frequentes com comunidades de Nerium oleander e
Tamarix africana (classe Nerio-Tamaricetea).
A ficha do habitat 8220 define-o como sendo afloramentos rochosos frequentemente
colonizados por comunidades rupícolas. Na área de estudo as espécies características são
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
24
Asplenium billotii, Conopadium majus subsp. marizianum, Dianthus lusitanucus, Digitalis thapsi
e Umbilicus rupestris.
A maior diversidade florística surge associada à classe Tuberarietea guttatae que caracteriza
vegetação de terófitos pioneiros efémeros, de pequeno tamanho e de carácter xerofítico:
Anthoxanthum aristatum subsp. aristatin, Arenaria algarbiensis, Briza maxima, Hypochaeris
glabra, Logfia gallica, Micropyrum tenellum, Plantago coronopus, Rumex bucephalophorus,
Sedum arenarium, Teesdalia coronopifolia, Teesdalia nudicaulis, Vulpia bromoides, Xolanta
guttata.
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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 12 – Habitats naturais do Anexo I, suas ameaças e orientações de gestão preconizadas nas Fichas anexas ao PSRN2000, e o seu estado de conservação e representatividade no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água
Código
Habitat Designação do Habitat
Correspondência
fitossociológica Ameaças (Fichas PSRN2000) Orientações de gestão (Fichas PSRN2000)
4030 Charnecas secas europeias
Ericion umbellatae
p.p.max. (classe Calluno-
Ulicetea)
Plantas invasoras, sobretudo a Acacia dealbata, A. elanoxylon e Hackea sericea
Progressão sucessional;
Aumento da severidade dos incêndios
Controle de invasoras;
Bloqueio da progressão sucessional com fogo controlado com ciclos de recorrência que evitem a acumulação excessiva de combustível;
Manutenção da pastorícia extensiva de percurso
5330
Matos
termomediterrânicos pré-
desérticos
Aliança Ericion arboreae (classe Quercetea ilicis)
Desmatação orientada para proteção contra incêndios e para a transformação em montado de áreas de sobreiro com este habitat
Pastoreio;
Incêndios florestais
Condicionar as operações de desmatação;
Condicionar a atividade pastoril na vizinhança deste habitat;
Executar medidas preventivas dos incêndios florestais para rede de vigilância, rede viária para fácil acesso de bombeiros e sapadores, instalação de pontos de água, aceiramento de faixas corta-fogo nas imediações das manchas pré-climácicas e plantação de folhosas de baixa inflamabilidade, como medida auxiliar de proteção;
Sensibilizar os gestores e proprietários florestais para a conveniência e necessidade de conservação do habitat
6310 Montados de Quercus spp.
de folha perene. Classe Poetea bulbosae.
Envelhecimento e desadensamento por ausência de regeneração, stress funcional ou disrupção do próprio sistema.
Pragas e doenças.
Arborização estreme ou em consociação com espécies estranhas ao montado (e.g. Pinus sp. pl.).
Incêndios nos montados densos.
ordenamento territorial consoante os objetivos a atingir, de acordo com as opções possíveis, e através da implementação de orientações específicas para cada opção.
combater pragas e doenças fitossanitárias
plantação do sobro ou azinho/adensamento, se julgado necessário;
seguir o Código das Boas Práticas Suberícolas (extra PSRN2000)
9260 Florestas de Castanea
sativa
Sem correspondência
fitossociológica
Doença da tinta
Cancro do castanheiro
Desenvolvimento de instrumentos financeiros de apoio à conservação deste habitat tendo em vista a manutenção da área atual de ocupação;
Combate à tinta e ao cancro do castanheiro para melhoria do grau de conservação da área de ocupação
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Código
Habitat Designação do Habitat
Correspondência
fitossociológica Ameaças (Fichas PSRN2000) Orientações de gestão (Fichas PSRN2000)
9330 Florestas de Quercus suber
Aliança Quercion broteroi,
p.p. e Aliança Querco
rotundifoliae-Oleion
sylvestris, p.p.
Alteração do uso do solo devido a expansão urbana, transformação em montado, agricultura, despejo de lixo, entulho e outros resíduos
Trânsito pedonal e de veículos
Planeamento florestal desadequado (aceiramento abusivo, “desmatação” do sub-bosque, arborização com folhosas de rápido crescimento)
Incêndios florestais
Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação, proteção da regeneração e eliminação do pastoreio;
Interditar alterações ao uso do solo na área de ocupação do habitat, com expansão agrícola e urbana e florestação com espécies de rápido crescimento;
Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio;
Remoção de exóticas;
Reforçar a fiscalização sobre a deposição de resíduos;
Condicionar o trânsito de pessoas, veículos e animais domésticos;
Manutenção do mosaico de sebes, matos, pastagens naturais
9340 Florestas de Quercus ilex e
Quercus rotundifolia
Associações Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae, Pyro
bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae e Myrto communis-Quercetum
rotundifoliae
92A0 Florestas-galerias de Salix
alba e Populus alba
Salici purpureae-
Populetea nigrae p.p.
Corte de árvores dominantes;
Limpeza mecânica de linhas de água
Condicionamento ao corte de árvores;
Interdição à limpeza mecânica das linhas de água com máquinas pesadas na área de ocupação do habitat;
Limpeza manual dos silvados e extração das árvores mortas
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
27
2.5.2 Flora
Com base nas observações feitas durante o trabalho de campo, apresenta-se nas Tabelas 13 e
14 a vegetação existente na Quinta dos Olhos de Água e no PFSSM relativamente ao estrato
arbóreo, arbustivo e herbáceo. Em S. Salvador existem pinheiros-mansos no estrato arbóreo.
TABELA 13 – Principais espécies vegetais existentes na Quinta dos Olhos de Água
Estrato arbóreo
Quercus rotundifolia Lam Azinheira
Quercus suber L. Sobreiro
Quercus pyrenaica Willd. Carvalho-negral
Pinus pinaster Ait. Pinheiro-bravo
Castanea sativa Mill. Castanheiro
Estrato arbustivo e Herbáceo
Paeonia broteroi Rosa-albardeira
Rhamnus lycioides subsp. oleoides Espinheiro-preto
Crataegus monogyna Pilriteiro
Ruscus aculeatus Gilbardeira
Halimium umbellatum Erva-sargacinha
Halimium lasianthum (Lam.) Spach subsp. alyssoides (Lam.) Greuter
Sargaça
Figura 7 – Medronheiro no talhão 14 do Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 14 - Principais espécies vegetais encontradas no Perímetro Florestal (Roque, 2005)
Estrato Arbóreo
Nome científico Nome Vulgar
Betula celtiberica L. Bétula ou vidoeiro
Castanea sativa Mill. Castanheiro
Pinus pinaster Aiton Pinheiro-bravo
Quercus pyrenaica Willd. Carvalho-negral
Quercus suber L. Sobreiro
Cupressus arizonica Greene Cipreste-do-Arizona
Cupressus lusitanica Mill. Cedro-do-Buçaco
Estrato arbustivo e Herbáceo
Arbutus unedo L. Medronheiro
Calluna vulgaris (L.) Hull Torga
Crataegus monogyna Jacq. Pilriteiro
Cytisus sp. Giesta
Cistus monspeliensis L. Sargaço
Cistus psilosepalus Sweet -
Cistus ladanifer L. Esteva
Cistus salvifolius L. Saganho-mouro
Daphe gnidium L. Trovisco
Genista triacanthos Brot. -
Halimium ocymoides (Lam.) Willk. -
Erica arbórea L. Urze-branca
Erica australis L. Urze-vermelha
Erica umbellata Loefl. ex L. Queiró
Erica cinerea L. Urze-roxa
Lavandula stoechas subsp.
pedunculata (Mill) Samp. Ex Rozeira Rosmaninho
Rubus ulmifolius Schott Silva
Pterospartum tridentatum (L.) Willk. Carqueija
Ulex minor Roth Tojo-molar
De referir ainda as espécies RELAPE (raras, endémicas, de distribuição localizada, ameaçadas e
em perigo de extinção) constantes da Tabela 15.
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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 15 – Espécies RELAPE
Espécie Caracterização
Arenaria algarbiensis Welw. Ex Willk.
Endemismo ibérico que tem como habitat preferencial pastos de terófitos em solo arenoso e pinhais abertos. Em locais perto do litoral.
Drosophyllum lusitanicum (L.) Link
Endemismo ibérico e do Norte de Marrocos, que surge em clareiras de matos (principalmente urzais), lugares secos, pinhais, e bosques
perenifólios (e.g. sobreirais abertos). Espécie estritamente calcífuga.
Fritillaria lusitanica Wikstr. var. lusitanica
Endemismo ibérico, que tem como preferências ecológicas matos xerofíticos, clareiras de matos e bosques mediterrânicos, prados abertos e
locais pedregosos e rochosos.
Hedera maderensis K. Koch ex A. Rutherf subsp.
Ibérica McAll.
Endemismo ibérico, de sítios de ambiente húmido e quente, podendo ser observado em rochas, troncos ou no solo.
Sedum arenarium Brot.(rupícola)
Endemismo ibérico com preferências por areias ácidas, fendas de rochas e taludes em substratos rochosos, charnecas e matos xerofíticos.
Narcissus bulbocodium L. (rupícola)
Espécie abrangida pelo Decreto-Lei n.º140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-lei n.º49/2005, de 24 de fevereiro (Anexo B-V), com ecologia
variável, desde matos, sítios secos e pedregosos, arrelvados temporariamente encharcados.
Narcissus pseudonarcissus L. subsp. portensis (Pugsley) A. Fern.
Espécie rara com uma população calculada em menos 2500 indivíduos nos locais estudados e conhecidos, com o maior grupo situado no alto da serra
de S. Mamede. Como principal ameaça considera-se o pastoreio e as mobilizações do solo durante a floração (Franco, 2012).
Sedum arenarium Brot. (rupícola)
Endemismo ibérico que tem como habitat preferencial pastos de terófitos em solo arenoso, fendas de rochas e taludes em substratos rochosos e
pinhais abertos.
2.5.3 Fauna
A região do Parque Natural da Serra de S. Mamede apresenta uma grande riqueza faunística,
sendo de grande interesse a nível nacional para a avifauna (Pereira, 2001).
A totalidade da área do Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede encontra-se submetida ao
Regime Cinegético Especial, inserida numa Zona de Caça Municipal (ZCM 3308-DGRF),
concessionada à Associação de Caçadores do Reguengo. Trata-se de uma zona rica em
avifauna, não só pelo número elevado de espécies existentes mas também pela raridade de
algumas espécies. A caracterização faunística que se apresenta na Tabela 16 é relativa a
observações de vestígios, e até mesmo dos próprios animais, efetuadas durante o trabalho de
campo no Perímetro Florestal.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 16 - Principais espécies animais encontradas no Perímetro Florestal de S. Mamede (Roque, 2005)
Espécies Nome científico Nome vulgar
Aves
Columba oenas Pombo-bravo
Alectoris rufa Perdiz-comum
Streptopelia turtur Rola-brava
Turdus viscivorus Tordoveia
Sturnus vulgaris Estorninho-malhado
Elanus caeruleus Peneireiro-cinzento
Buteo buteo Águia-d’asa-redonda
Turdus philomelos Tordo-comum
Mamíferos
Mustela putorius Toirão
Lepus granatensis Lebre
Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo
Vulpes vulpes Raposa
Sus scrofa Javali
Herpestes ichneumon Sacarrabos
Meles meles Texugo
Mustela nivalis Doninha
TABELA 17 – Lista potencial de anfíbios
Nome científico Nome vulgar Estatuto de conservação
Convenções DL 140/99 Berna Bona
Pleurodeles Waltl Michahelles
Salamandra-de-costelas-salientes
LC III - -
Salamandra salamandra L.
Salamandra-de-pintas amarelas
LC III - -
Triturus boscai * Tritão-de-ventre-laranja LC III - -
Triturus marmoratus Tritão-marmorado LC III - B-IV
Alytes cisternasii* Sapo-parteiro-ibérico LC II - B-IV
Alytes obstetricans Sapo-parteiro-comum LC II - B-IV
Bufo bufo Sapo-comum LC III - -
Rana ibérica* Rã-ibérica LC II - B-IV
Rana perezi Rã-verde LC III B-V -
Endemismo ibérico
O rio Caia é um dos locais mais importantes para a conservação do saramugo (Anaecypris
hispanica), endemismo ibérico em perigo de extinção. Ocorrem no Sítio de S. Mamede a
cumba (Barbus comizo), invertebrados raros como o mexilhão-de-rio (Unio crassus) e o
lepidóptero Euphydryas aurinia, merecendo ainda referência o rato-de-cabrera (Microtus
cabrerae).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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31
TABELA 18 – Lista potencial de répteis
Nome científico Nome vulgar Estatuto de conservação
Convenções DL 140/99 Berna Bona
Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico LC II - B-II/B-IV
Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-
estriada EN II - B-II/B-IV
Blanus cinereus* Cobra-cega LC III - -
Lacerta schreiberi* Lagarto-de-água LC II - B-II/B-IV
Psammadromus algirus Lagartixa-do-mato LC III - -
Psammodromus hispanicus
Lagartixa–do-mato-ibérica
LC III - B-IV
Natrix maura Cobra-de-água-viperina LC III - -
Vipera latastei Víbora-cornuda VU II - -
Endemismo ibérico
O Sítio de S. Mamede é referido como sendo uma área de ocorrência histórica do lince-ibérico
(Lynx pardinus) mantendo características adequadas para a sua presença ou suscetíveis de
serem otimizadas, de forma a promover a recuperação da espécie ou permitir a sua
reintrodução a médio/longo prazo.
Na Tabela 19 encontra-se discriminada a lista das aves com interesse conservacionista a nível
europeu, sendo o nível 4 atribuído a espécies cujas populações mundiais estejam concentradas
na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de distribuição está na
Europa) mas que tenha estatuto de conservação favorável a nível europeu e o nível 3 a
espécies cujas populações mundiais não se encontram concentradas no continente europeu
mas que têm estatuto de conservação desfavorável na Europa. No que concerne ao estatuto
de conservação em Portugal encontram-se espécies com estatuto pouco preocupante (LC) ou
quase ameaçado (NT).
A transposição da Diretiva nº 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril relativa à conservação
das aves selvagens (diretiva aves) foi feita pelo Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, alterado
pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de fevereiro. O Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de agosto
estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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TABELA 19 – Lista potencial das aves
Nome científico Nome vulgar Fenologia
Estatuto de conservação
Convenções CITES
DL 140/99
Portugal SPEC Berna Bona
Milvus migrans Milhafre-preto MgRep LC 3 II II A-II A-I
Milvus milvus Milhano Res CR 4 II II A-II A-I
Circaetus gallicus
Águia-cobreira MgRep NT 3 II II A-II A-I
Accipiter nisus Gavião da
Europa Res LC - II II A-II -
Buteo buteo Águia-d’asa-
redonda Res LC - II II A-II -
Aquila pennata Águia-calçada MgRep NT 3 II II A-II A-I
Aquila fasciata Águia de Bonelli
Res EN 3 II II A-II A-I*
Alectoris rufa Perdiz-comum Res LC 2 III - - D
Gallinula chloropus
Galinha-d’água Res LC - III - - D
Columba palumbus
Pombo-torcaz Res/Vis LC 4 - - - -
Cuculus canorus Cuco-canoro MegRep LC - III - - -
Tyto alba Coruja-das-
torres
Otus scops Mocho-
d’orelhas
Athene noctua Mocho-galego
Strix aluco Coruja-do-mato
Caprimulgus ruficollis
Noitibó-de-nuca-vermelha
Apus apus Andorinhão-
preto
Merops apiaster Abelharuco MgRep LC 3 II II - -
Upupa epops Poupa MgRep/Res LC - II - - -
Picus viridis Pica-pau-verde Res LC 2 II - - -
Dendrocopus major
Pica-pau-malhado
Res LC - II - - -
Dendrocopus minor
Pica-pau-galego
Res LC -- II - - -
Galerida cristata
Cotovia-de-poupa
MgRep LC 3 III - - -
Galerida theklae Cotovia-do-
monte Res LC 3 II - - A-1
Alauda arvenses Laverca Res/vis LC 3 III - - -
Motacilla cinerea
Alvéola-cinzenta
Res/vis LC - II - - -
Motacilla alba Alvéola-branca Res/vis LC - II - - -
Troglodytes troglodytes
Carriça Res LC - II - - -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
33
Nome científico Nome vulgar Fenologia
Estatuto de conservação
Convenções CITES
DL 140/99
Portugal SPEC Berna Bona
Erithacus rubecula
Pisco-de-peito-ruivo
Res/Vis LC 4 II II - -
Luscínia megarhynchos
Rouxinol-comum
MgRep LC 4 II II - -
Phoenicurus ochruros
Rabirruivo-preto
Res LC - II II - -
Phoenicurus phoenicurus
Rabirruivo-de-testa-branca
MgRep LC 2 II II - -
Saxícola rubicola
Cartaxo-comum
Res LC 3 II II - -
Oenanthe oenanthe
Chasco-cinzento
MP LC - II II - -
Turdus merula Melro-preto Res LC 4 III II - -
Turdus iliacus Tordo-ruivo Vis LC 4i III II - -
Turdus viscivorus
Tordoveia Res LC 4 III - -
Cettia cetti Rouxinol-bravo Res LC - II II - -
Hippolais polyglotta
Felosa-poliglota MgRep LC 4 II II - -
Sylvia undata Felosa-do-mato Res LC 2 II - -
Sylvia atricapilla Toutinegra-de-barrete-preto
Res LC 4 II II - -
Sylvia melanocephala
Toutinegra-de-cabeça -preta
Res LC 4 II II - -
Ficedula hypoleuca
Papa-moscas-preto
MP - - II II - -
Aegithalos caudatus
Chapim-rabilongo
Res LC - III - - -
Parus cristatus Chapim-de-
poupa Res LC 4 II - - -
Parus caeruleus Chapim-azul Res LC 4 II - - -
Parus major Chapim-real Res LC - II - - -
Sitta europaea Trepadeira-azul Res LC - II - - -
Certhia brachydactyla
Trepadeira-comum
Res LC 4 II - - -
Oriolus oriolus Papa-figos MgRep LC 4 II - - -
Lanius meridionalis
Picanço-real Res LC 3 II - - -
Lanius senator Picanço-
barreteiro MgRep NT 2 II - - -
Garrulus glandarius
Gaio Res LC - - - - -
Cyanopica cyanus
Pega-azul Res LC - II - - -
Pica pica Pega Res LC - - - - -
Corvus monedula
Gralha-de-nuca-cinzenta
Res LC 4 - - - -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
34
Nome científico Nome vulgar Fenologia
Estatuto de conservação
Convenções CITES
DL 140/99
Portugal SPEC Berna Bona
Corvus corone Gralha-preta Res LC - - - - -
Corvus corax Corvo Res NT - III - - -
Sturnus vulgaris Estorninho-
malhado Vis LC - - - - D
Sturnus unicolor Estorninho-
preto Res LC 4 II - - -
Passer domesticus
Pardal-comum Res Lc - - - - -
Fringilla coelebs Tentilhão-
comum Res LC 4 III - - -
Serinus serinus Chamariz Res LC 4 II - - -
Carduelis chloris Verdilhão-
comum Res LC 4 II - - -
Carduelis carduelis
Pintassilgo Res LC - II - - -
Carduelis spinus Lugre Vis LC 4 II - - -
Carduelis cannabina
Pintarroxo-comum
Res LC 4 II - - -
Emberiza cirlus Escrevedeira-de-garganta-
preta Res LC 4 II - - -
Emberiza cia Cia Res LC 3 II - - -
Emberiza calandra
Trigueirão Res LC 4 III - - -
Fenologia: Res = residente; Vis = visitantes; MgRep = migrador reprodutor; Rep = reprodutor
TABELA 20 – Lista dos potenciais mamíferos terrestres
Nome científico Nome vulgar
Estatuto de conservação
Convenções
Portugal Berna Roma CITES DL
140/99
Erinaceus europaeus
Ouriço-cacheiro LC III - - -
Crocidura russula Musaranho-de-dentes-
brancos-grande LC III - - -
Talpa occidentalis* Toupeira LC - - - -
Oryctolagus cuniculus
Coelho-bravo NT - - - -
Arvicola sapidus Rato-de-água LC - - - -
Microtus lusitanicus
Rato-cego LC - - - -
Apodemus sylvaticus
Rato-dos-bosques LC - - - -
Rattus rattus Ratazana-preta LC - - - -
Rattus norvegicus Ratazana-castanha NA - - - -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
35
Nome científico Nome vulgar
Estatuto de conservação
Convenções
Portugal Berna Roma CITES DL
140/99
Mus musculus Rato-caseiro LC - - - -
Mus spretus Rato-das-hortas LC - - - -
Vulpes vulpes Raposa LC - - - -
Mustela nivalis Doninha LC III - - -
Martes foina Fuinha LC III - - -
Meles meles Texugo LC III - - -
Lutra lutra Lontra LC II - A-1 B-II/B-IV
Genetta genetta Geneta LC III - - B-V
Herpestes ichneumon
Sacarrabos LC III - - B-V/D
Sus scrofa Javali LC - - - -
Cervus elaphus Veado LC III - - -
* Endemismo ibérico
O Sítio de S. Mamede inclui a gruta mais importante do país, e uma das mais importantes da
Europa, abrigando colónias de criação de morcego-de-peluche, morcego-de-ferradura-
pequeno e morcego-rato-grande (Myotis myotis); hibernam ainda, além dos dois primeiros, o
morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi) e o morcego-de-ferradura-grande
(Rhinolophus ferrumequinum).
TABELA 21 – Lista de mamíferos voadores (morcegos)
Nome científico Nome vulgar Estatuto de ameaça
Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão LC
Pipistrellus pygmaeus Morcego-pigmeu LC
Pipistrellus kuhlii Morcego-de-Kuhl LC
Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno DD
Nyctalus lasiopterus Morcego-arborícola-gigante DD
Eptesicus serotinus Morcego-hortelão LC
Barbastella barbastellus Morcego-negro DD
Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche VU
Rhinolophus hipposideros Morcego-de-ferradura-pequeno VU
Da prospeção efetuada (EIncA) foram detetadas as espécies de morcegos constantes da Tabela
21. Na perspetiva da gestão florestal, são os morcegos arborícolas que se abrigam
essencialmente nas cavidades das árvores, que podem facilmente serem afetados por
operações de manutenção ou exploração dos povoamentos, sobretudo em áreas de souto ou
em castanheiros velhos, ocos e dispersos, onde podem existir abrigos de criação ou
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
36
hibernação. As colónias de criação têm algumas dezenas de indivíduos, enquanto as de
hibernação formam grandes grupos. O abrigo AAF03 (Penhas do Sobral) é um edifício florestal
onde foi detetado.
No abrigo Marvão I estão inventariadas 18 espécies de morcegos, sendo que 3 têm o estatuto
de ameaça “criticamente em perigo”, uma com estatuto “em perigo” e cinco “vulnerável”,
sendo o abrigo mais importante a nível nacional e um dos mais importantes da Europa
(Palmeirim & Rodrigues, 1992; ICNB, 2010; Rainho, 1996; Rodrigues et al., 2003).
2.5.4 Séries de vegetação
O conceito de "série de vegetação" relaciona as comunidades que podem ocorrer num espaço
ecologicamente homogéneo, o que permite inferir de forma bastante aproximada a
distribuição potencial dos diferentes tipos de bosques a partir dos padrões geográficos das
comunidades subseriais arbustivas.
Em termos biogeográficos, de acordo com Costa et al. (s/ data), os prédios pertencem ao Reino
Holártico, Região Mediterrânica, Sub-região Mediterrânica Ocidental, Superprovíncia
Mediterrânica Ibero-Atlântica, Província Luso-Extremadurense, Sector Toledano-Tagano,
Subsector Oretano (Rivas-Martinez et al., 2001).
A Região Mediterrânica caracteriza-se por possuir um clima em que escasseiam as chuvas no
verão, podendo, no entanto, haver excesso de água nas outras estações. Nesta região, desde
que o clima não seja excessivamente frio (devido à altitude) ou seco, observam-se bosques e
matagais de árvores e arbustos de folhas planas, pequenas, coriáceas e persistentes
(esclerófilas), como sejam diferentes Quercíneas, como a azinheira, carrasco e sobreiro, a
aroeira (Pistacia lentiscus L.), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.), o zambujeiro (Olea europaea
L. var. sylvestris) ou o loureiro (Laurus nobilis L.).
A unidade biogeográfica de categoria inferior, possuindo um cortejo florístico específico
(característico ou diferencial) e eventualmente espécies endémicas, é o sector Toledano-
Pagano dominado por solos graníticos, xistosos e quartzíticos, que se situa no andar
mesomediterrânico seco e sub-húmido. A este sector segue-se o subsector Oretano que está
representado em Portugal pela Serra de São Mamede, situando-se esta unidade biogeográfica
num andar mesomediterrânico húmido a sub-húmido, em que os solos dominantes têm
origem granítica, xistosa e quartzítica.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
37
Ultrapassando os 1000 metros de altitude, a serra de São Mamede tem uma forte influência
climática oceânica pois não existe qualquer barreira orográfica significativa desde a serra até
ao oceano Atlântico, ficando por isso exposta aos efeitos dos ventos húmidos dominantes de
Oeste e Sudoeste. Não é, por isso, de estranhar o aparecimento de certos elementos atlânticos
(e carpetano-ibérico-leoneses mais oceânicos) na sua flora (e.g. Polygonatum odoratum (Mill.)
Druce, Quercus robur L. , Ulex minor Roth, Drosera intermedia Hayne).
A Armeria x francoi (A. Beirana x A. Transmontana), Aquilegia vulgaris L. subsp. Dichroa (Freyn)
T.E.Díaz, Castanea sativa Mill., Cytisus multiflorus (L’Hér.) Sweet, Euphorbia amygdaloides L.,
Genista falcata Brot., Halimium umbellatum (L.) Spach, Linaria triornithophora (L.) Willd.,
Luzula lactea(Link) E. Meyer, Pulmonaria longifolia (Bastard) Boreau, Quercus x neomarei,
Quercus pyrenaica Willd., Silene coutinhoi Rothm. & P. Silva, Viola kitaibeliana Schult. subsp.
machadiana são outras das espécies que caracterizam este subsector em face dos vizinhos.
Neste subsector abundam os carvalhais de Arbuto-Quercetum pyrenaicae; as orlas herbáceas
escio-húmicolas vivazes Vincetoxico-Origanetum virentis linariietosum trionithophorae, os
giestais-brancos Cytisetum multiflori-criocarpi genistetosum falcotae e o tojal Halimio
umbellati-Ulicetum minoris.
As áreas oretanas menos continentalizadas estão ocupadas pelos sobreirais do sanguisorbo-
quercetum suberis e pelas respetivas etapas de substituição: Philyreo-Arbutuetum unedonis
viburnetosum tini, Erico ausstralis-Cistetum populifolii e Halimio ocymoidis-Ericetum
umbellatae.
Ainda segundo Silva & Rogério (1956) in Fernandes (1989), a maior superfície da Serra de São
Mamede foi outrora coberta por formações vegetais pertencentes à aliança Atlântica Quercion
Ocidentale, hoje apenas representada por matas residuais de carvalho-negral. Na superfície
atlântica existem, ainda, algumas florestas de substituição, nomeadamente soutos, mais
antigos e em decadência, e povoamentos de pinheiro-bravo. O castanheiro também tem
alguma expressão nesta área, especialmente, nas encostas de exposição Nordeste, mais
húmidas e frias.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
38
Figura 8 – Castanheiros num talhão de pinhal-bravo
2.5.5 Estações florestais
De acordo com Pina Manique e Albuquerque (1954), encontram-se presentes no Perímetro
Florestal de S. Mamede os níveis altimétricos Sub-Montano (400-700 m) e Montano (700-1000
m) (Figura 9). Esta área apresenta duas zonas ecológicas:
Subatlântica x Submediterrânea (SA×SM), pertencente ao andar submontano (400 –
700 metros). Esta zona ecológica ocorre em rochas eruptivas (granito) do Silúrico
(inferior e superior) e do Devónico (inferior);
Subatlantica (SA), que pertence ao andar altimétrico Montano (700 – 1000 metros).
Estas zonas ecológicas ocorrem em formações xistosas do Devónico Inferior e talvez
também do Silúrico (Gomes, 1969).
Na zona subatlântica Gomes (1969) indica a Castanea sativa Mill. e o Quercus pyrenaica Willd.
como espécies climácicas, indígenas e adaptadas tendo o pinheiro-bravo uma expansão
importante, embora nos limites da sua tolerância. Como espécies exóticas indica, entre outras,
o Pinus nigra J. F. Arnold, o Cupressus lusitanica Mill. e a Juglans regia L.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
39
Figura 9 - Enquadramento fitoclimático de acordo com a Carta Ecológica de Pina Manique e Albuquerque no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede
A Mata Norte encontra-se na sua totalidade nesta zona ecológica bem como a área a norte da
Mata Central. Na zona Subatlântica x Submediterrânea este autor indica o Pinus pinea L. e
Pinus pinaster Aiton, a Castanea sativa Mill., o Quercus pyrenaica Willd. e Quercus suber L.
como espécies climácicas, indígenas e adaptadas. Como espécies exóticas indica, entre outras,
o Pinus nigra J. F. Arnold, o Cupressus lusitanica Mill. e a Juglans regia L. É nesta zona que se
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
40
enquadra a maior parte da área do perímetro, englobando a Mata Sul e a quase totalidade da
Mata Central.
Quanto à região Basal Submediterrânea, é a região do sobreiro, na qual também o pinheiro-
bravo tem boas condições de crescimento, com razoáveis potencialidades, nas condições de
mais elevada humidade atmosférica, e onde deve ser considerado, em algumas zonas, o
interesse do pinheiro-manso com vista à produção de fruto.
Com base no Plano Específico de Ordenamento Florestal para o Alentejo (PEOFA) foram
elaboradas Cartas de aptidão potencial para o pinheiro-bravo, sobreiro e castanheiro para o
Perímetro Florestal de S. Mamede e, além destas espécies, para a azinheira na Quinta dos
Olhos de Água e S. Salvador (Anexo 1).
Pela análise das cartas de aptidão potencial elaboradas para o PFSSM observa-se que para o
pinheiro-bravo, sobreiro e castanheiro a quase totalidade da área da Mata Sul e Centro se
encontra na referência e os talhões a Norte da Mata Centro e a Mata Norte se encontram
acima da referência para o pinheiro-bravo e castanheiro, o que demonstra maior aptidão para
a instalação destas espécies, e abaixo da referência para o sobreiro.
A Quinta dos Olhos de Água e o prédio S. Salvador encontram-se na sua totalidade
enquadradas no nível altimétrico sub-montano e na zona ecológica Subatlântica x
Submediterrânea.
Pela análise das cartas de aptidão potencial elaboradas para estes prédios observa-se que para
o pinheiro-bravo e castanheiro a área a nordeste da Quinta dos Olhos de Água e a sudoeste de
S. Salvador se encontram acima da referência, para o sobreiro na referência e abaixo da
referência para a azinheira.
De referir que são indicadas para estes prédios áreas com solos A e B que incluem igualmente
solos com capacidade C. Com efeito, foi considerado no âmbito deste estudo que “as manchas
de solo cuja capacidade de uso corresponder em mais de 60% da sua área, às capacidades de
uso C, D e/ou E, fazem parte do agrupamento «Solos de utilização florestal»” e “caso contrário
fazem parte do agrupamento «Capacidade de uso A e B» “ (Ferreira et al., 2001)
2.6 PRAGAS, DOENÇAS E INFESTANTES
O Perímetro Florestal de S. Mamede, bem como a Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador,
situam-se na denominada Zona de Restrição (ZR) do nemátodo da madeira do pinheiro (NMP).
Este nemátodo, Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Bührer) Nickle et al é o causador da
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
41
doença da murchidão dos pinheiros e demonstrou noutras regiões do globo (Japão, China,
Coreia e Taiwan) ter um elevado potencial destrutivo para a floresta de coníferas, tendo sido
detetado em Portugal em Maio de 1999 em pinhais da região de Setúbal. Trata-se de um
organismo listado como organismo de quarentena para a União Europeia (Decreto-Lei n.º
154/2005, de 6 de setembro, republicado pelo Decreto-Lei nº 243/2009, de 17 de setembro).
O nemátodo é transportado por um inseto vetor, que em Portugal é o denominado
Longicórnio-do-pinheiro (Monochamus galloprovincialis), podendo este transporte ocorrer
nas traqueias ou sob os élitros do inseto, estando associado a árvores em declínio. No
entanto, também pode infetar árvores sãs aquando do denominado pasto de maturação.
Trata-se de um inseto com um ciclo de vida de uma só geração, estando a dispersão da
doença, em condições naturais, limitada ao seu período de voo, que ocorre entre a primavera
e o verão, considerando-se em termos de legislação em vigor entre 1 de abril e 31 de outubro.
O Decreto-Lei nº 95/2011, de 8 de agosto, estabeleceu medidas extraordinárias de proteção
fitossanitária, salientando-se o estabelecimento da obrigatoriedade de registo de todos os
operadores económicos envolvidos na exploração florestal de coníferas, tendo também
estabelecido exigências específicas relativas ao abate, circulação e armazenamento de
coníferas hospedeiras.
Assim, as práticas de silvicultura relativas às coníferas hospedeiras do NMP, árvores dos
géneros Abies Mill. (abetos), Cedrus Trew (cedros), Larix Mill (larix), Picea A. Dietr (piceas ou
espruces), Pinus L. (pinheiros), Pseudotsuga Carr. (falsas tsugas), e Tsuga Carr. (tsugas), devem-
se adequar à prevenção e combate desta doença, nomeadamente tendo em atenção a época
de voo do inseto-vetor e eliminação de sobrantes.
Como é referido no Relatório elaborado pelo ICNF no âmbito da Estratégia Nacional de
Adaptação às Alterações Climáticas, é expectável que o aumento da temperatura e a
diminuição da precipitação estival tenham efeitos favoráveis sobre a atividade do inseto vetor
do nemátodo.
Foi detetada a presença de processionária do pinheiro, Thaumetopoea pityocampa. É um
inseto desfolhador sendo os ataques grandemente influenciados pelas condições
meteorológicas. Deverá manter-se uma monitorização constante e, caso seja necessário,
proceder ao seu combate para minimizar os possíveis danos causados.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
42
Os meios de controlo podem ser microbiológicos, com aplicação de substâncias à base de
Bacillus thuringiensis no início do Outono, entre setembro e outubro, com reguladores de
crescimento pela utilização de inseticidas à base de diflubenzurão, antes da formação do ninho
no Inverno (finais de outubro, inícios de novembro), com tratamentos mecânicos e pela
captura das lagartas com cintas adesivas. Os meios biotécnicos passam pela utilização de
armadilhas iscadas com feromonas sexuais para a captura de machos.
Existem áreas com a presença de infestantes, acácias, sendo necessário prever medidas de
controlo e erradicação.
2.7 INCÊNDIOS FLORESTAIS, CHEIAS E OUTROS RISCOS NATURAIS
2.7.1 Áreas ardidas no Perímetro Florestal de S. Mamede
Uma pequena área do PFSSM foi percorrida por um incêndio. Não há registos de terem
ocorrido incêndios nos restantes prédios.
2.7.2 Perigosidade de incêndio florestal
O perigo ou perigosidade de incêndio, segundo a terminologia da FAO, é entendido como o
comportamento potencial do fogo, ou seja, as suas características de propagação (velocidade,
dimensão das chamas, intensidade energética), estando o perigo de incêndio associado à
dificuldade de combate e aos danos causados (Fernandes, 2006). De acordo com a
metodologia de elaboração de cartografia de risco de incêndio ao nível municipal do ICNF
haveria a necessidade de elaborar um mapa da perigosidade, entendida como o resultado do
cruzamento entre a probabilidade de ocorrência de fogo e a suscetibilidade do território para
a ocorrência de um fenómeno danoso, e um mapa do risco de incêndio, produto da
perigosidade pelo dano potencial. O dano potencial resulta por sua vez do produto do valor
económico pela vulnerabilidade.
Como refere Fernandes (2006) o perigo de incêndio associado a uma determinada mancha
florestal é dinâmico, variando em função das condições meteorológicas, resumindo-se a
classificação do perigo em função do combustível e do declive do terreno. Embora o conceito
de perigo de incêndio abranja o conceito de risco e vulnerabilidade, está particularmente
associado aos fatores variáveis, como é o caso das condições meteorológicas (Viegas, 2002, in
Roque, 2005).
Os modelos de combustível definem o arranjo espacial da vegetação, caracterizando a sua
combustibilidade (Anexo 2).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
43
A perigosidade divide-se em duas componentes: no tempo, por via da probabilidade1 calculada
com base num histórico ou período de retorno, e no espaço, por via da suscetibilidade de um
território ao fenómeno tratado.
Para a componente suscetibilidade2 admitem-se neste modelo duas variáveis: área florestal e
declive. Para o cálculo da perigosidade o fator área florestal contribui na proporção da
combustibilidade que cada ocupação/formação vegetal representa perante o fogo; o declive
modifica a suscetibilidade do território. No caso dos incêndios florestais o declive potencia o
efeito destruidor e acelera a propagação.
De acordo com a Carta de Risco de Incêndio existente para o País, o risco para o Concelho de
Portalegre é elevado e muito elevado (DGRF, 2005). Fazendo uma apreciação geral do número
de ignições neste concelho, verifica-se que o seu número tem diminuído ao longo do período
1995-2005 e a partir de 1998 tem oscilado entre as 39 e 45 ocorrências anuais.
No período de 1980 - 2000 o número total de ignições no concelho de Portalegre foi de 336 e
no concelho de Marvão de 38. Relativamente às áreas ardidas para igual período foram de
669,5 ha, dos quais 381,7 ha de povoamentos florestais e 287,8 ha de matos para o concelho
de Portalegre; para o concelho de Marvão foram de 224,4 ha, dos quais 45,5 ha de
povoamentos florestais e 178,9 ha de matos.
Para o período de 2001 a 2005 o número total de ocorrências no concelho de Marvão foi de
51, correspondendo a um total de 4336 ha de área ardida em espaços florestais (1878,7 ha de
povoamentos e 2457,3 ha de matos); no concelho de Portalegre para igual período o número
de ocorrências foi de 55, correspondendo a um total de 5509,7 ha de área ardida em espaços
florestais (3887,5 ha de povoamentos e 1622,2 ha de matos) (Tabela 22).
O ano de 2003 foi o que apresentou a maior área ardida no concelho de Portalegre (5141 ha
de espaços florestais), sendo 3527 ha de povoamentos e 1614 ha de matos para um total de
13 incêndios. Relativamente ao concelho a maior área ardida foi registada neste ano na
freguesia de Alegrete onde duas ocorrências corresponderam a uma área ardida de 4992,3 ha
de espaços florestais.
1 É a verosimilhança de ocorrência anual de um incêndio em determinado local. Para este cálculo atender-se-á ao histórico de
ocorrências em cada local (pixel), assumindo que quando se verifique apenas uma ocorrência no histórico analisado em
determinado local trata-se de um fenómeno sem recorrência sendo classificado a par de nenhuma ocorrência (valor 1)
2 Define a perigosidade no espaço, definindo o potencial de severidade do fogo em determinado local.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
44
Figura 10 – Distribuição dos incêndios ocorridos em 2003
Para o período de 2006 a 2013 o número total de ocorrências no concelho de Marvão foi de
87, correspondendo a um total de 75,2 ha de área ardida em espaços florestais (34,5 ha de
povoamentos e 40,7 ha de matos); no concelho de Portalegre para igual período o número de
ocorrências foi de 182, correspondendo a um total de 139,9 ha de área ardida em espaços
florestais (112,5 ha de povoamentos e 27,4 ha de matos) (Tabela 23). Na freguesia de S.
Salvador de Aramenha o número de ocorrências, relativamente ao concelho, é de cerca de
metade, correspondendo a 1/3 da área total ardida no concelho.
Para além da avaliação através da Carta, o risco de incêndio vai ser avaliado a uma escala local
de acordo com o que foi encontrado, ou seja, em termos de ocupação de solo. A área do
Perímetro Florestal apresenta sérios riscos de deflagração e propagação de incêndios, devido
ao tipo de ocupação florestal: 75% da área é constituída por pinheiro-bravo, espécie de alta
inflamabilidade, associado ao estado dos povoamentos que se encontram com vegetação
espontânea no sob coberto bem como densidades excessivas em alguns talhões (Silva, 2002).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
45
TABELA 22 - Incêndios ocorridos entre 1980 e 2000 nos concelhos de Portalegre e Marvão
ANO
PORTALEGRE MARVÃO
Nº Área (ha)
Nº Área (ha)
Povoamento Matos Total Povoamento Matos Total
1980 1 0,0 0,1 0,1 0 0 0 0
1981 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1982 10 0,5 15,6 16,1 0 0 0 0
1983 5 11,6 3,0 14,6 1 0,0 1,0 1,0
1984 42 104,7 0,0 104,7 0 0 0 0
1985 65 51,9 57,4 109,3 3 0,0 1,4 1,4
1986 50 168,5 123,3 291,8 1 0,0 11,0 11,0
1987 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1988 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1989 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1990 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1991 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0
1992 9 10,9 5,67 15,7 3 3,5 62,0 65,5
1993 7 0,07 3,05 3,12 4 32,5 73,0 105,5
1994 43 6,4 11,6 18,0 2 0 0 0
1995 29 2,2 6,07 8,27 5 2,0 2,0 4,0
1996 14 0,0 31,21 31,21 0 0 0 0
1997 33 15,23 7,76 22,99 5 2,0 0,5 2,5
1998 9 0,0 2,0 2,0 2 1,0 0,0 1,0
1999 6 0,0 9,0 9,0 7 4,5 10,0 14,5
2000 13 10,5 12,0 22,5 5 0,0 18,0 18,0
Total 336 381,7 287,8 669,5 38 45,5 178,9 224,4
(Fonte : http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/inc/estat-sgif, consulta em 25-09-2014)
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46
TABELA 23 - Incêndios ocorridos entre 2001 e 2013 nos concelhos de Portalegre e Marvão
ANO
PORTALEGRE MARVÃO
Nº Área (ha)
Nº Área (ha)
Povoamento Matos Total Povoamento Matos Total
2001 10 154,7 1,7 156,4 9 0,5 15,0 15,5
2002 12 3,0 5,0 8,0 5 0,5 1,1 1,6
2003 13 3527,1 1614,0 5141,1 18 1800,0 2420,5 4220,5
2004 7 161,5 0,0 161,5 4 0,0 15,0 15,0
2005 13 41,2 1,5 41,2 15 77,7 5,8 83,5
2006 8 2,8 2,9 5,7 10 4,4 1,0 5,4
2007 17 3,0 10,6 13,6 1 0,0 0,0 0,0
2008 18 1,0 2,4 3,4 8 7,2 4,6 11,8
2009 16 0,3 1,9 2,2 12 0,4 10,6 11,0
2010 11 100,2 3,7 103,9 12 20,4 14,0 34,4
2011 40 0,3 2,1 2,4 17 0,5 4,5 5,0
2012 54 4,7 3,4 8,1 17 1,6 5,9 7,5
2013 18 0,2 0,4 0,6 10 0,05 0,07 0,1
Total 125 3994,8 1643,7 5637 94 1911,1 2487,6 4398,7
(Fonte : http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/inc/estat-sgif, consulta em 25-09-2014)
2.7.3 Infraestruturas de Defesa da Floresta contra incêndios
O Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI) tem como principal
objetivo a identificação dos riscos e ameaças que os incêndios florestais podem representar
para as populações e património do concelho e a conceção de um programa coerente de
medidas preventivas e mitigadoras deste tipo de ocorrências.
As Redes de Defesa da Floresta Contra Incêndios (RDFCI) integram as Redes de Faixas de
Gestão de Combustível, os mosaicos de parcelas de gestão de combustível, a rede viária
florestal, a rede de pontos de água, a rede de vigilância e deteção de incêndios e a rede de
infraestruturas de apoio ao combate.
As faixas de gestão de combustível (FGC) constituem redes primárias, secundárias e terciárias,
sendo as redes primárias de interesse distrital, as redes secundárias de interesse municipal ou
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
47
local e as terciárias de interesse local. As redes terciárias são definidas no âmbito dos
instrumentos de gestão florestal.
O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede é abrangido pela Rede Primária de Faixas de
Gestão de Combustível no PMDFCI. Existe ainda a rede secundária constituída pela linha de
transporte de energia de média tensão, pela rede viária e pela envolvente das infraestruturas
existentes. A rede terciária engloba a rede divisional.
Na Quinta dos Olhos de Água a rede secundária engloba a linha de transporte de energia de
média tensão e as infraestruturas existentes e a rede terciária a rede divisional e os caminhos
existentes; em S. Salvador apenas se considera a linha de transporte de energia de média
tensão na rede secundária.
No Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede encontra-se localizado um posto de vigia,
situado no limite da Mata Norte, junto ao pico da Serra de S. Mamede, a 1080 m de altitude,
que cobre a totalidade do Perímetro. Este posto cruza com a Torre da Sierra de La Paja
(Espanha), com a Torre de S. Miguel a 460 metros em Nisa e Alter Pedroso a 413 metros.
2.7.4 Erosão
O Perímetro Florestal de S. Mamede e a Quinta dos Olhos de Água localizam-se em solos com
grandes riscos de erosão, sendo importante a manutenção do coberto florestal pelo que as
ações de controlo de vegetação deverão ser efetuadas de forma a minimizar os riscos.
No Perímetro Florestal de S. Mamede e na Quinta dos Olhos de Água a maior parte da área
enquadra-se na classe das cabeceiras de linhas de água + áreas com risco de erosão (CAB +
ERO), sendo as restantes classes identificadas no Perímetro Florestal as áreas com riscos de
erosão (ERO) e as áreas das cabeceiras de linhas de água (CAB). Na Quinta dos Olhos de Água
foram ainda identificadas as classes “Zonas ameaçadas pelas cheias” (CHE) e “áreas de máxima
infiltração” (AMI).
3. REGIMES LEGAIS ESPECÍFICOS
O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede, a Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador estão
inseridos no Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo (PROF AA) e no Plano
Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN 2000), encontrando-se o PFSSM no Plano Diretor
Municipal (PDM) de Portalegre e os restantes prédios no Plano Diretor Municipal de Marvão,
cujas diretrizes são relevantes para a sua gestão.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
48
3.1 RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA
O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN 2000) prevê o estabelecimento de uma rede
ecológica para o espaço comunitário resultante da aplicação das Diretiva Aves e Habitats e tem
por objetivo “contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats
naturais e da fauna e da flora selvagens no território europeu dos Estados-membros em que o
Tratado é aplicável”.
As Diretivas Aves e Habitats estão harmonizadas e transpostas para o direito nacional pelo
Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º
49/2005, de 24 de fevereiro, que define os procedimentos a adotar em Portugal para a sua
aplicação. Nos termos da referida legislação, a Rede Natura 2000 em Portugal Continental é
atualmente composta por Sítios (ZEC) e Zonas de Proteção Especial (ZPE). Estes prédios
encontram-se inseridos em área classificada da Rede Natura (Parque Natural da Serra de São
Mamede).
A discriminação das servidões e restrições presentes, na totalidade ou em parte da Unidade de
Gestão, com indicação dos povoamentos afetados e da tipologia das restrições, da Reserva
Ecológica Nacional (REN) dos municípios de Portalegre, encontra-se na Carta de
Condicionantes do Plano Diretor Municipal de Portalegre, aprovada pela Resolução do
Conselho de Ministros n.º 41/96, de 16 de abril, e alterada pela Resolução do Conselho de
Ministros n.º 97/2004, de 21 de julho, e de Marvão, publicado na Resolução de Conselho de
Ministros nº 74/94, de 18 de agosto, alterado pela Resolução do Conselho de Ministros nº
6/2001, de 25 de janeiro e alterado por adaptação ao PROTA, publicada pelo Aviso nº
25823/2010 no Diário da República, II Série de 10 de dezembro (Tabela 23). Pelo Aviso nº
4689/2012, publicado no Diário da República, 2ª série, nº 62, de 27 de março, foi alterado o
PDM de Marvão.
As infraestruturas no interior da área do Perímetro Florestal, tais como antenas de
comunicação, localizadas preferencialmente junto ao pico da serra de São Mamede, têm vindo
a ser colocadas ao longo do tempo por diversas entidades, sendo de referir uma antena de
emissão da RTP, antena da Rádio Portalegre e retransmissor de S. Mamede da Portugal
Telecom (Figura 11). Foram recentemente instalados três aerogeradores.
É ainda de referir a existência de um marco geodésico e de uma linha de transporte de energia
de média tensão pertencente ao Centro de Distribuição de Portalegre - Eletricidade de Lisboa e
Vale do Tejo com 149 metros de extensão (Tabela 23 e Figura 12).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
49
Figura 11 – Parque de antenas e marco geodésico
Figura 12 – Linha de média tensão no talhão 2 do PFSSM
Na Quinta dos Olhos de Água existe uma linha de transporte de energia de média tensão e um
posto de distribuição. Em S. Salvador existe igualmente uma linha de média tensão. Não
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
50
existem sítios arqueológicos identificados nestes prédios. Pela análise da Tabela 23 e das
Figuras 13 e 14 poderemos verificar que a quase totalidade do Perímetro Florestal se encontra
inserido em área de Reserva Ecológica Nacional (REN).
TABELA 24 – Restrições de utilidade pública
RESTRIÇÕES PRÉDIO
SUPERFICIE AFECTADA ENQUADRAMENTO
LEGAL TITULAR
% Ha/Km
Área classificada
Perímetro Florestal S. Mamede
100,0 ha Resolução do Conselho de Ministros
n.º77/2005 de 21 de março.
Estado Quinta de Olhos de Água
100,0 ha
S. Salvador 100,0 ha
REN
Perímetro Florestal S. Mamede
90,8 334,3 ha
Declaração n.º 324 -A/2007, publicada no Diário da República,
2.ª série, n.º 227, de 26 de novembro de 2007.
Estado
Quinta de Olhos de Água
55,5 7,83 Resolução de Conselho
de Ministros n.º70/1994 de 18 de
agosto.
Estado
S. Salvador 100,0 0,2 ha Estado
RAN
Quinta de Olhos de Água
Estado
S. Salvador 100,0 0,2 ha Estado
Linha de média tensão
Perímetro Florestal S. Mamede
- 0,96 ha -
PT/EDP Quinta dos Olhos de Água
- 0,31 Km -
São Salvador - - -
Antenas e marco geodésico
Perímetro Florestal S. Mamede
- - - PT/ EDP/ Rádio
Portalegre
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
51
Figura 13 – Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
52
Figura 14 - Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Norte do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
53
3.2 INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO FLORESTAL
No âmbito do PROF AA o Perímetro Florestal, para além da função de produção, oferece uma
possibilidade de transformação da ocupação florestal para uma floresta que cumpra novas
funcionalidades, nomeadamente ambientais e recreativas, próprias de espaços florestais
inseridos numa região com elevado interesse paisagístico como o Parque Natural da Serra de
São Mamede, integrado no Sítio de São Mamede da Lista Nacional de Sítios, localizados na
vizinhança de aglomerados populacionais importantes, como é Portalegre.
Os prédios estão inseridos na sub-região homogénea Serra de São Mamede, que atualmente
representa um elevado potencial de recreio e lazer, bem como um potencial produtivo
lenhoso e bastante diversificado – carvalho-negral, castanheiro, pinheiro-bravo e sobreiro,
manifestando por outro lado, boas potencialidades para a produção de produtos não
lenhosos, nomeadamente a cortiça, o mel e a castanha. A existência nesta região de habitats
florestais incluídos no Sítio de São Mamede, como a vegetação ripícola herbácea e arbórea de
elevado valor, carvalhais de Quercus pyrenaica entre outros, conferem-lhe simultaneamente
um elevado valor florístico.
TABELA 25 – Classificação funcional dos espaços florestais
FUNÇÕES DEFINIÇÃO
1ª Conservação dos habitats de espécies da
fauna e da flora
Contribuição dos espaços florestais para a manutenção das diversidades biológica e genética e de geomonumentos. Engloba como sub-funções principais a conservação
de habitats classificados, de espécies da flora e fauna protegida, de geomonumentos e de recursos genéticos
2ª Produção
Contribuição dos espaços florestais para o bem-estar material das sociedades rurais e urbanas. Engloba como sub-funções principais a produção de madeira, de cortiça,
de biomassa para energia, de frutos e sementes e de outros materiais vegetais e orgânicos
3ª Recreio, Enquadramento e
Estética da Paisagem
Contribuição dos espaços florestais para o bem-estar físico, psíquico, espiritual e social dos cidadãos. Engloba como sub-funções principais o enquadramento dos aglomerados urbanos e monumentos, de empreendimentos turísticos no espaço rural e turismo da natureza, de usos especiais e de infraestruturas, o recreio e a
conservação de paisagens notáveis.
O aproveitamento destas potencialidades em alguns locais, onde existem declives elevados e
se verificam valores de risco de erosão médio a elevado, deve ter em linha de conta as normas
de intervenção nos espaços florestais com função de proteção do solo e contra a erosão
hídrica, onde estas questões são mais pertinentes. Consequentemente, a importância destas
potencialidades e condicionantes reflete-se na hierarquização de funções, como a conservação
de habitat, de espécies da fauna e da flora, de produção e de recreio, enquadramento e
estética da paisagem.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
54
TABELA 26 - Objetivos específicos com base no PROF do Alto Alentejo
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Adequar a gestão dos espaços florestais aos objetivos de conservação dos habitats, de fauna e da flora classificados
Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão, nomeadamente nas zonas incluídas nas vertentes das Ribeiras de Arronches e Soverete
Controlar e mitigar os processos associados à desertificação
Promover a produção de produtos não-lenhosos, nomeadamente o pinhão, os cogumelos e as ervas aromáticas, medicinais e condimentares.
Adequar os espaços florestais à crescente procura de atividades de recreio e de espaços de interesse paisagístico.
Definir as zonas com bom potencial para o desenvolvimento de atividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas identificadas.
Dotar as zonas prioritárias para recreio e com interesse paisagístico com infraestruturas de apoio.
Aplicar os planos de gestão aos espaços florestais sob gestão da administração pública
Recuperar a área arborizada bem como a diversidade de espécies nos espaços florestais, de acordo com o seu potencial produtivo
Aumentar a atividade associada à caça
Aumentar o conhecimento do potencial cinegético da região
Aumentar o número de áreas com gestão efetiva e a rendibilidade da atividade cinegética
Aumentar o nível de formação dos responsáveis pela gestão de zonas de caça
Aumentar o nível de gestão dos recursos apícolas e o conhecimento sobre atividade apícola e integrar a atividade na cadeia de produção de produtos certificados
Reduzir a continuidade horizontal da vegetação para minimizar a propagação do fogo
Criar incentivos à fixação da população
A concretização de uma série de medidas, enquadradas nos eixos estratégicos, como o
aumento da resiliência do território aos incêndios florestais, redução da incidência dos
incêndios, melhoria da eficácia do ataque e da gestão dos incêndios, recuperação e
reabilitação dos ecossistemas e das comunidades, adaptação de uma estrutura orgânica
funcional e eficaz, são o suporte de uma política sustentada de Defesa da Floresta Contra
Incêndios (DFCI), operacionalizada através de um Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra
Incêndios (PNDFCI).
Refira-se ainda que de acordo com a Portaria n.º 1056/2004, de 19 de agosto, a zona 18 que
abrange parcialmente o concelho de Portalegre (freguesias de Carreiras, Ribeira de Nisa, S.
Lourenço, Sé, Reguengo e Alegrete), incluindo o PFSSM bem como parte do Parque Natural da
Serra de S. Mamede, foi definida como zona crítica onde se reconhece ser prioritária a
aplicação de medidas mais rigorosas de defesa da floresta contra incêndios face ao risco de
incêndio que apresentam e em função do seu valor económico, social e ecológico.
O PNDFCI tem como objetivo a definição de uma estratégia para a promoção de uma gestão
dinâmica do espaço florestal criando condições para a minimização dos riscos. Com a sua
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
55
aprovação foi criada a figura do PMDFCI como elemento de operacionalização. Ao nível da
organização dos povoamentos e ainda no âmbito do PROF AA, foram definidas áreas máximas
contínuas (50 ha) que limitam o seu desenvolvimento em extensão, refletindo as
preocupações ao nível da defesa da floresta contra incêndios e de equilíbrio no
desenvolvimento dos diferentes tipos de povoamentos e estética da paisagem.
De referir que o Perímetro Florestal de S. Mamede é atravessado por um corredor ecológico,
faixa que tem por objetivo promover a conexão entre áreas florestais dispersas, favorecendo o
intercâmbio genético, essencial para a manutenção da biodiversidade.
3.3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL
O Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA), que visa o
estabelecimento de uma visão integrada deste território e define um modelo de organização
territorial, encontra-se aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros nº 53/10, de 2 de
agosto. Incorpora as estratégias, políticas, programas e planos de índole nacional com
incidência territorial (e.g. a Estratégia Nacional para as Florestas, a Estratégia Nacional de
Conservação da Natureza e Biodiversidade, Plano Nacional para as Alterações Climáticas, Plano
Sectorial da Rede Natura 2000, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e o
Plano Nacional da Água).
A Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), define seis linhas estratégicas para a floresta
nacional:
1) Minimização dos riscos de incêndio (aproveitamento da biomassa florestal para a produção
de energia) e agentes bióticos;
2) Especialização do território;
3) Melhoria da produtividade através da gestão florestal sustentável;
4) Redução dos riscos de mercado e aumento do valor dos produtos;
5) Melhoria geral da eficiência e competitividade do sector;
6) Racionalização e simplificação dos instrumentos de política.
De acordo com o PDM de Portalegre, é necessário manter a função da zona verde natural nas
encostas da serra de S. Mamede. Este instrumento de ordenamento assume algumas das
“Orientações Estratégicas para a recuperação das áreas ardidas em 2003 e 2004”, definidas
pelo Conselho Nacional de Reflorestação em Junho de 2005, designadamente quanto à
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
56
alteração dos povoamentos, à utilização de espécies não indígenas para operações de
reflorestação, à proteção das habitações e na criação da Rede de Defesa da Floresta.
O Perímetro Florestal encontra-se na sua quase totalidade enquadrado na classe de espaços
florestais, com exceção de uma área a Nordeste da Mata Norte e de uma área na Mata Centro
que constituem espaços de floresta de proteção e de duas áreas a sudoeste da Mata Centro,
enquadrando-se uma delas na classe dos espaços de uso ou aptidão agrícola (área do viveiro) e
uma outra nos espaços silvopastoris.
A quase totalidade do Perímetro encontra-se inserida na Estrutura Ecológica Municipal. Para
os espaços florestais constituem objetivos de ordenamento a adequação do uso dominante do
solo às suas aptidões genéricas, o aumento da área de montado e o incentivo da plantação de
folhosas como o castanheiro-bravo, freixo e carvalhos.
No que se refere às normas para a alteração dos povoamentos, preconiza-se a manutenção da
composição em povoamentos dominados por espécies indígenas de ocorrência rara ou muito
rara, a proteção das áreas de montado e a sua reconversão progressiva para povoamentos
mistos de espécies autóctones. Condiciona fortemente a edificação nos espaços florestais.
Pela análise da Carta de Ordenamento do PDM de Marvão a maior parte da área da Quinta dos
Olhos de Água enquadra-se nos espaços silvopastoris ou florestais (espaços florestais) e a
sudeste nos sistemas culturais e de sequeiro (espaços agrícolas). Nesta última classe de
espaços enquadra-se igualmente S. Salvador. Os espaços florestais são constituídos pelas áreas
com vocação silvopastoril dominante.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
57
Figura 15 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Norte do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
58
Figura 16 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
59
3.4 OUTROS ÓNUS RELEVANTES PARA A GESTÃO
Na sequência da ocorrência dos incêndios no ano 2003, que rondaram a área do Perímetro
Florestal, foi apresentada uma candidatura ao Programa AGRIS 3.4 – Componente 2 – Fatores
Abióticos, com o objetivo de o dotar de condições mais efetivas de resistência aos incêndios.
Esta candidatura foi aprovada e foi iniciada a sua execução em 2004. Com a duração de 5 anos,
visava a minimização do risco de incêndio através de operações de silvicultura preventiva em
zonas consideradas prioritárias, onde se pretendeu efetuar a correção de densidades
excessivas, promovendo assim o desenvolvimento de folhosas, cuja regeneração natural é
abundante nalguns locais (Figura 18 e Tabela 27)
No final do ano de 2004 e início de 2005 realizaram-se algumas das operações silvícolas que
necessariamente tiveram que anteceder as operações previstas no projeto. Não havendo
homogeneidade na dimensão da rede divisional procedeu-se ao alargamento dos aceiros
exteriores para 20 m. Relativamente aos aceiros interiores, e com o intuito de criar uma
descontinuidade horizontal entre os talhões, efetuou-se o seu alargamento para 15 m. Esta
ação foi precedida de autos de marca (2003-2004) e corte de arvoredo (2005).
Figura 17 – Pormenor da criação de uma faixa de descontinuidade na Estrada que atravessa o perímetro
Para minimização do risco de ignição e de propagação de incêndios junto à estrada asfaltada e
caminhos florestais foi efetuada uma intervenção com o controlo de vegetação espontânea
manual e motomanual (Figura 17), a correção de densidades excessivas visando a promoção
do aparecimento de folhosas e limpeza de povoamentos (Figura 19).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
60
Figura 18 – Plano de intervenções do projeto AGRIS no Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
61
Figura 19 – Desbastes culturais e limpeza de povoamentos na área de pinhal do PFSSM
Figura 20 – Operações silvícolas no Talhão 6 do PFSSM, com estilhaçamento de despojos
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
62
TABELA 27 – Investimentos efetuados no período de 1999 a 2011 no Perímetro Florestal de S. Mamede
Ano Área de
Intervenção (ha)
Descrição das Ações Despesa
(€)
1999 - Corte extraordinário de pinheiro-bravo 700,0
2000 - Extração de cortiça virgem (140 @) 750,0
2004 7.38 Destroçamento de material lenhoso (proveniente da correção
de densidades e limpeza de matos) nas parcelas de castanheiro 935,0
2006
6.6 Destroçamento do material lenhoso proveniente do
alargamento de uma faixa de 5 m para cada lado da rede viária principal e limpeza de matos com corta-matos
4.235,0
17.0 Destroçamento do material lenhoso proveniente do
alargamento de parte da rede divisional e limpeza de matos com corta-matos
5.239,5
2006-2007
52.0
Criação de uma faixa de gestão de combustível com cerca de 50 m para cada lado da estrada asfaltada por destroçamento do material lenhoso proveniente de correção de densidades e
limpeza de matos
19.844,9
50.0 Destroçamento do material lenhoso proveniente de correção de densidades e limpeza de matos com corta-matos nos talhões, 11
(parte), 12 (parte), 13 (parte), 14 (parte), 15 (parte) e 16 18.690,0
Acompanhamento, controlo e fiscalização de cortes 3800,0 +
IVA
2007 25.12 Destroçamento/estilhaçamento do material lenhoso
proveniente de correção de densidades e limpeza de matos dos talhões, 3 (parte), 4 (parte), 5 (parte), 6 (parte), 10 (parte)
15.697,5
2008
41.37 Destroçamento/estilhaçamento do material lenhoso
proveniente de correção de densidades e limpeza de matos dos talhões, 8 (parte), 9 (parte), 10 (parte) e 11 (parte)
24.503,47
- Rechega e destroçamento do material lenhoso proveniente da
limpeza efetuada pelos sapadores florestais 4987,5
- Sinalização 479,8
No ano de 2007 efetuaram-se operações de silvicultura preventiva em parte dos talhões 3, 4,
5, 6 e 10 (Figura 20). Encontrava-se ainda prevista a aquisição e colocação de placas e painéis,
com o objetivo de sinalizar as diversas infraestruturas de defesa contra incêndios, assim como
para a sensibilização da população que atravessa o Perímetro Florestal. Tem ainda sido
efetuada a beneficiação da rede divisional e viária com recursos próprios, com periodicidade
anual ou bianual e ações de controlo da vegetação na rede primária com recurso a sapadores
florestais.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
63
4. CARACTERIZAÇÃO DE RECURSOS
4.1 INFRAESTRUTURAS FLORESTAIS
4.1.1 Rede viária florestal
O Perímetro Florestal de S. Mamede possui uma rede de caminhos florestais com uma
extensão de 23,03 Km, com 3 metros de largura média, em bom estado de conservação,
circuláveis durante todo o ano por veículos de tração, ocupando 7,5% da sua área (Tabela 28 e
Carta de Infraestruturas em Anexo 1). Existe ainda uma estrada asfaltada que atravessa a Mata
do Meio deste Perímetro Florestal.
A densidade da rede viária existente é de 80,4 m.ha-1, superior à densidade considerada como
adequada, pelo que se considera como suficiente, sendo necessário assegurar o seu bom
estado de conservação e circulação através de ações de beneficiação. Considera-se a rede
viária de dois tipos: principal, com piso asfaltado, e secundária, em terra batida. Relativamente
à Quinta dos Olhos de Água a densidade da rede viária é de 124,7 m.ha-1.
TABELA 28 - Densidade de rede viária e divisional no PFSSM, QOA e S. Salvador
Prédio Infraestrutura Dimensão/Número Área (ha)
Densidade (m.ha
-1)
Estado
Perímetro Florestal S. Mamede
Rede viária
Principal 6,60 Km 1,71 80,4
Regular Secundária 23,03 Km 8,67
Quinta dos Olhos de Água
Rede viária 1,76 Km 0,42 124,7
4.1.2 Infraestruturas associadas à gestão
O Perímetro Florestal dispõe de várias infraestruturas de apoio ao seu funcionamento as quais
são referenciadas nas Tabelas 29 e 31. A área social, composta essencialmente por casa de
guarda, habitações, oficinas, arrecadações e um viveiro florestal, localiza-se na Mata Centro
(Figura 21). O posto de vigia encontra-se atualmente desativado, existindo um outro afeto à
GNR na sua proximidade. Existe ainda uma antiga casa de cantoneiros e uma casa de Guarda
Florestal desativada.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
64
Figura 21 – Área social no Perímetro Florestal de S. Mamede
TABELA 29 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes no PFSSM
Descrição Área (m
2)
Estado de Conservação
Utilização
Casão -1 160,50 Razoável Armazém de madeira e de
vário material de carpintaria
Casa de madeira - 1 12,50 Mau
Armazém Casa de madeira - 2 14,20 Mau
Barracão de madeira 48,50 Mau
Casa de Cantoneiros 28,40 Razoável Abrigo
Casa de retransmissores de rádio 20,00 Razoável Armazém de
retransmissores e aparelhos de comunicações
Casão 31,70 Razoável Armazém de ferramentas
Casa em madeira 46,00 Mau Refeitório
Casão - 2 64,60 Razoável Armazém
Casão - 3 34,00 Razoável Garagem
Casa de Guarda – F2 132,74 Mau Arquivo
Chiqueiro – Anexo à casa F1 15,60 Razoável -
Galinheiro – Anexo à casa F1 39,00 Razoável -
Casa do Forno - Anexo à casa F1 43,00 Razoável -
Anexo à casa F1 96,00 Razoável Arrecadação de material
Casa de Guarda – F1 98,00 Razoável Habitação
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
65
TABELA 30 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes na Quinta dos Olhos de Água
Descrição Artigo Área de
construção (m2)
Função
Edifício principal e
anexos
1º piso
2094 2245,0
Centro de interpretação/laboratórios
2º piso Auditório
3º e 4º pisos Gabinetes
Pombal/Coelheira/forno Pombal/Coelheira/forno
Sala de educação ambiental Centro de Educação Ambiental
Bar 2167 94,5 Bar
Laboratório 2169 31,0 Laboratório
Casa do Guarda/Quartos 2093 524,0
Casa do Guarda
Cozinha/Refeitório Refeitório/Quartos
Casa do Sever 2168 342,0
Casa do Sever
Casa do Moinho Casa do Moinho
Centro de Alojamento 2095 650,0 Centro de Alojamento
Forno de cal 1184 506,0 Sem utilização
TABELA 31 - Relação dos equipamentos existentes no PFSSM e Quinta dos Olhos de Água
Tipo Marca/Modelo Matrícula/nº Estado
Trator de rastos Komatsu
Razoável Trator Borracheiro JOHN DEERE 1640 GZ-08-57
Trator Borracheiro 4RM Fiat
Iron Horse
Reboque SAFISAL L-49213
Razoável Reboque Reboque L-12075
Motosserra STHIL 036
Motosserra STHIL 029
Motosserra STHIL 024 Avariada
Motosserra Mc-Culloch 20-20-20 Mau
Motosserra Mc-Culloch
Motosserra (4?)
Motorroçadeira (6)
Grade de Discos GALUCHO 95855 Razoável
Estilhaçador Pathu
Destroçador de martelos FAE
Rodo Galucho
Depósito Depósito água e motor CAST
IRON BORE -
Mau
Charrua de Formão GALUCHO 39
Caixa (2) Galucho - Caixa em chapa - Razoável
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
66
4.1.3 Infraestruturas DFCI
A Rede Regional de Defesa da Floresta, conjunto das infraestruturas florestais e da defesa da
floresta contra incêndios, tem como objetivo concretizar territorialmente, de forma
coordenada, a infraestruturação dos espaços rurais decorrente da Estratégia Regional de
Defesa da Floresta contra Incêndios. A Rede de Defesa da Floresta é constituída por redes de
faixas de gestão de combustível, por mosaicos de parcelas de gestão de combustível, pela rede
viária, pela rede de pontos de água, pela rede de vigilância e deteção de fogos e pela rede de
infraestruturas de combate.
A FGC da rede primária atravessa o PFSSM, envolvendo uma área de 57 ha, sendo a rede
secundária neste Perímetro constituída pela estrada asfaltada que o atravessa e pela
envolvente ao marco geodésico, aerogeradores, linha de transporte de energia de média
tensão e infraestruturas. A Quinta dos Olhos de Água é parcialmente atravessada pela FGC da
rede primária, encontrando-se S. Salvador totalmente integrada nesta faixa.
A FGC da rede secundária na Quinta dos Olhos de Água e em S. Salvador é constituída pela
linha de transporte de energia de média tensão e pela estrada que a atravessa. Em S. Salvador
é constituída pela linha de transporte de energia de média tensão. A FGC da rede terciária é
constituída em todas as áreas pelos caminhos e rede divisional.
A rede divisional, conjunto de infraestruturas com o objetivo de minimizar os riscos de
propagação dos incêndios florestais, é constituída no PFSSM por aceiros interiores (Figura 22)
e exteriores (Figura 23), sendo transitável durante todo o ano por veículos de tração. O aceiro
perimetral tem cerca de 20 metros de largura média, sendo a largura média dos aceiros
interiores de 10 a 15 metros.
TABELA 32 - Distribuição da rede divisional e pontos de água no PFSSM
Local
Infraestrutura Dimensão (Nº/Km)
Área (ha)
Estado de Conservação
Densidade
Perímetro Florestal S. Mamede
Rede divisional
Perimetral 14,94 17,68
Razoável 67,17 m.ha
-1
Interior 9,80 8,34
Pontos de água 2 0,44 -
Quinta de Olhos Água
Rede divisional
Perimetral 0,99 0,35 Mau 70,02 m.ha-1
Pontos de água 1 - Razoável -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
67
A dimensão da rede divisional existente totaliza 24,74 Km, ocupando uma área de 6,7% deste
Perímetro Florestal, sendo a densidade de 67,17 m.ha-1 (Tabela 32 e Carta de Infraestruturas
em Anexo 1). Existem ainda duas barragens de terra batida neste Perímetro Florestal. Na
Quinta dos Olhos de Água existe uma barragem.
Figura 22 – Aceiro interior no Perímetro Florestal de S. Mamede
Figura 23 – Aceiro perimetral no Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
68
4.1.4 Infraestruturas de apoio à gestão cinegética
Não existem
4.1.5 Infraestruturas de apoio à silvopastorícia
Não existe pastoreio nestas Unidades de Gestão.
4.1.6 Infraestruturas de apoio ao recreio e turismo
Apenas existem na Quinta dos Olhos de Água instalações com potencialidades para esta
utilização.
4.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA
O Valor Acrescentado Bruto (VAB) proporcionado pela atividade florestal e pelas indústrias
florestais a nível nacional, representa cerca de 3,5% do total, sendo que o peso do VAB a
preços de mercado (VABpm) da silvicultura no nosso país é de apenas cerca de 1%. No entanto,
o peso da silvicultura no Alentejo, região onde o PFSSM se inclui, é substancialmente maior,
quer em termos de VABpm (4.67%) quer em termos de volume de trabalho (1.06%). No que
respeita à atividade silvícola, a contribuição do Alentejo para o VABpm e para o Volume de
Trabalho do Continente é já mais de 23%, realçando a importância desta atividade para a
economia da região (INE, 1995). As atividades com oportunidades de desenvolvimento são os
produtos madeireiros baseados na produção lenhosa da espécie dominante como o pinheiro-
bravo, para além da produção suberícola, dado que grande parte do Valor Acrescentado desta
região alentejana é proveniente da produção de cortiça. Outro pólo economicamente ativo a
uma escala local, é a produção de frutos secos, nomeadamente a castanha cuja produção tem
aumentado de valor ao longo das últimas duas décadas.
O concelho de Portalegre, quando comparado com os restantes concelhos do Alto Alentejo,
tem alguma representatividade em termos de ocupação florestal (52 %), sendo o Sobreiro a
espécie com maior representatividade (27 %) logo seguida do Pinheiro-bravo (8,8 %) (Roque,
2005).
A área do Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), região onde se inserem estes
prédios, revelando uma manifesta expressão mediterrânica, onde carvalhais e castinçais
sugerem paragens mais setentrionais vivendo paredes-meias com Sobreiros e Azinheiras, tem
dado um contributo significativo para o desenvolvimento sócio-económico da região através
do turismo, atividade que sofreu um desenvolvimento substancial nos últimos anos.
Assim, a conjugação entre a riqueza faunística, florística, paisagística e geomorfológica,
apresentada pelo PNSSM e a presença humana, favorece a implementação e desenvolvimento
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
69
de uma atividade turística, que embora possa ser condicionada, contribuirá para o
desenvolvimento da região (POPNSSM, 2005).
A fileira da madeira de serração tem vindo a assistir a um fenómeno de concentração, com o
desaparecimento de pequenas serrações. As estatísticas apontam para que o número de
serrações tenha diminuído de 732, em 1998, para cerca de 290, em 2005 (AIMMP, 2005),
mantendo-se, no entanto, o volume de vendas, o que evidencia o dinamismo da fileira e a sua
capacidade de se ajustar às mudanças.
Assim, mantendo a silvicultura e as indústrias da madeira e da cortiça as suas contribuições ao
nível do valor acrescentado e tendo vindo a indústria do papel, a aumentar a sua contribuição,
o VAB do sector florestal tem uma tendência clara de crescimento nas próximas décadas. Por
outro lado, tendo em conta a diversidade do património natural, o imenso património
histórico-cultural e social, o turismo é uma atividade a promover na região, pois contribuirá
não só para a criação de um maior número de postos de trabalho, como em larga medida para
um desenvolvimento geral da região.
A grande diversidade de produtos típicos existentes na região deve ser também uma aposta
da atividade turística e comercial, principalmente divulgando os produtos certificados e
criando condições para a certificação de outros.
A análise SWOT (Forças, Fraquezas, Ameaças e Oportunidades) é uma técnica que visa
verificar a posição estratégica de uma empresa no seu ambiente. Nesta Unidade de Gestão
importa verificar:
1. As Forças (F), decorrentes do tipo de organização interna e que constituem as mais-
valias que a exploração apresenta;
2. As Fraquezas (F), igualmente decorrentes da organização interna, e que se
apresentam como constrangimentos que condicionam a atividade;
3. As Oportunidades (O), desencadeadas pelo exterior, e que permitem a definição de
linhas estratégicas de atuação futuras;
4. As Ameaças (a), igualmente desencadeadas pelo exterior, e que podem condicionar
ou influenciar as estratégias futuras a adotar.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
70
TABELA 33 – Análise SWOT para a área em estudo
PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
- Elevado potencial para a produção de produtos lenhosos (pinheiro-bravo, castanheiro, carvalho-negral, sobreiro) e não lenhosos (castanha, cortiça, mel);
- Contributo para a conservação de habitats classificados e para a regularização do ciclo hidrológico;
- Contributo para o cumprimento do protocolo de Quioto na medida em que é um sumidouro de carbono atmosférico;
- Existência de boas acessibilidades externas
- Existência de povoamentos de espécies de maior suscetibilidade a fatores bióticos e abióticos:
- Pragas (nemátodo, processionária), doenças (tinta, cancro).
- Incêndios florestais;
- Sinalização e informação deficiente.
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
- Potencialidade para o aproveitamento da biomassa como fonte de energia renovável;
- Potencialidade para assegurar, do ponto de vista social, a existência de um espaço privilegiado de lazer e de observação de boas práticas silvícolas, funcionando como apoio da comunidade;
- Proximidade da cidade de Portalegre
- Melhoria de produção de material lenhoso de pinheiro- bravo;
- Implementação da gestão florestal sustentável;
- Divulgação das Boas Práticas Florestais
- Valorização da paisagem pelo aproveitamento da regeneração natural das espécies autóctones, com o aumento da diversidade de espécies.
- Ocorrência de pragas e doenças (nemátodo da madeira do pinheiro, processionária, doença da tinta);
- Incêndios florestais;
- Ocupação do solo com presença de espécies alóctones com carácter invasor e infestante;
- Consequências das alterações climáticas;
- Deposição de resíduos diversos não autorizados
4.2.1 Função de produção
Sendo a função de produção uma atividade tradicional e numa perspetiva de rentabilidade
económica, é de considerar a exploração de espécies com potencial produtivo ótimo, como o
pinheiro-bravo, sobreiro, castanheiro e o carvalho-negral, tendo em vista a produção de
madeira, cortiça, frutos e sementes.
4.2.2 Função de proteção
O controlo de invasoras lenhosas e a redução da continuidade horizontal da vegetação para
simultaneamente minimizar a propagação do fogo e produzir biomassa para energia são outro
dos aspetos a ter em linha de conta. De referir ainda que os declives acentuados que
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
71
caracterizam estas áreas obriga a uma maior atenção na condução dos povoamentos
existentes de forma a minimizar os efeitos erosivos.
4.2.3 Função de conservação
Tendo em consideração a hierarquização de funcionalidades definida no PROF do Alto Alentejo
para a sub-região homogénea Serra de São Mamede, a política para as áreas onde a função de
conservação é predominante assenta na gestão dos espaços florestais com uma intervenção
ativa nos recursos naturais que se pretende conservar, de forma a incrementar os valores
naturais que estão na origem da sua classificação. Na área florestal da QOA, com exceção da
área de castanheiros, predomina e está direcionada para esta função.
4.2.4 Função de silvopastorícia, caça e pesca
A exploração dos recursos dos prédios constituintes da Unidade de Gestão, nomeadamente no
que se refere ao aproveitamento de matos para o pastoreio de gado (essencialmente caprino)
pertencente às comunidades locais, tem um carácter estritamente ocasional e localizado.
A totalidade da área do PFSSM encontra-se integrada na Zona de Caça Municipal do Reguengo
(ZCM 3308-DGF), criada pela portaria n.º 241/2004 de 4 de março, pelo período de 6 anos,
cuja entidade gestora é a Associação de Caçadores do Reguengo. Não existe prática de
pastoreio nos prédios integrantes deste PGF.
4.2.5 Função de enquadramento paisagístico e de recreio
Outra das funções para a qual estas unidades de gestão se encontram vocacionadas é a de
recreio e estética da paisagem, pelo que as normas de intervenção deverão incidir nos espaços
florestais estrategicamente definidos para atividades de recreio e contemplação, bem como
no enquadramento de equipamentos turísticos.
4.2.6 Evolução histórica da gestão
“A designação de serra de S. Mamede, que atualmente se aplica ao conjunto do relevo, tem
origem numa capela de invocação deste santo, situada na vertente da maior elevação da
serra” (Feio & Almeida, 1980).
4.2.6.1 Perímetro Florestal S. Mamede
O atual Perímetro Florestal da Serra de São Mamede, teve origem em 21/11/1910, quando na
sessão da Comissão Administrativa do Município de Portalegre foi decidido arborizar os
terrenos baldios camarários existentes na Serra, num total de 492 ha. O Decreto de
23/12/1911, publicado no Diário do Governo nº 1 em 2/1/1912, “determina que, para efeitos
de submissão ao regime florestal parcial dos terrenos particulares contidos no Perímetro
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
72
Florestal de 1618 ha que o estado se propõe criar na serra de São Mamede, se proceda ao
respectivo inquérito” (Germano, 2000); ainda segundo esta autora, o Decreto de 23/12/1911,
publicado no Diário do Governo nº 1 em 2/1/1912, “inclui, por utilidade pública, no regime
florestal parcial os baldios da serra de São Mamede pertencentes à Câmara Municipal de
Portalegre e situados na freguesia de Reguengo, com a área de 437 ha”, tendo este decreto o
plano de arborização. Foi, assim, oficialmente criado o Perímetro, o qual à data era constituído
pelos terrenos baldios camarários em conjunto com outros terrenos particulares contíguos nas
mesmas circunstâncias, num total de 1618 ha.
O Decreto de 27/7/1912 publicado no Diário do Governo nº 194 em 19/8, determina que “a
arborização e exploração dos terrenos baldios da serra de São Mamede, sejam feitas por conta
do estado de acordo com o Plano de Arborização aprovado pelo decreto de 23 de Dezembro de
1911”, e “submete, por utilidade pública, ao regime florestal parcial os terrenos e matas
particulares incluídos neste Perímetro (com a área de 1618,8 ha) e situados na freguesia de
Reguengo, concelho de Portalegre” (Germano, 2000). Este Decreto era acompanhado pelo 1º
Plano de Arborização e respetivos orçamento e despesas previstas para os primeiros 10 anos
(Roque, 2005).
Em 1912 foram iniciados os trabalhos de arborização com a realização de sementeiras e
plantações de pinheiro-bravo (47 ha.ano-1, para os primeiros nove anos, e de 54 ha para o
décimo e último ano), construção de duas casas de guarda, de um viveiro florestal e abertura
de caminhos e aceiros florestais. Em 1931 ocorreu um grande incêndio que destruiu quase por
completo os povoamentos de pinheiro-bravo existentes no Perímetro, sendo este novamente
rearborizado com a mesma espécie nos dois anos seguintes.
De acordo com o decreto de submissão a área total era de 492 ha, correspondendo 14,3 ha à
Mata Sul, 445,5 ha à Mata Centro e 32,2 ha à Mata Norte.
Em 1941 foi efetuado um inventário verificando-se uma discrepância relativamente à área
total indicada no decreto de submissão. Com efeito, a área total era de 373,6 ha,
correspondendo 12,4 ha à Mata Sul, 327,6 ha à Mata Centro e 33,6 ha à Mata Norte.
Em 1979 é realizado um inventário às Matas do Estado, onde o Perímetro Florestal de São
Mamede é referenciado como sendo uma Mata de pinheiro-bravo de 374,9 ha,
correspondendo 35,6 ha à Mata Norte, 328,1 ha à Mata Centro e 11,2 ha à Mata Sul.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
73
De acordo com as cadernetas prediais datadas de 4 de novembro de 1963 a área total é de
11,8 ha na Mata Sul, de 323,975 ha na Mata Centro e de 32,925 ha na Mata Norte, totalizando
368,7 ha, apresentando ainda como proprietário a Fazenda Nacional e indicando o prédio
como “Mata Nacional”. Para efeitos do presente Plano de Gestão a área total digitalizada é de
368,2 ha, registando-se um diferencial de 0,48 ha relativamente às áreas inscritas nas
Cadernetas Prediais, podendo atribuir-se a erros de digitalização.
Em 1955 foi aprovado e mandado executar o primeiro Plano de cortes culturais do Perímetro
Florestal de São Mamede, de forma a diminuir a grande densidade dos povoamentos de
pinheiro-bravo e reduzir o forte ataque de bóstrico3 que abundava na maioria das suas árvores
(Lourido, 1995). Este plano estabelecia 5 divisões de corte e uma rotação cultural de 5 anos.
Em 1975 iniciou-se a execução de um plano de cortes culturais e de cortes rasos por um
período de cinco anos, devido à elevada densidade dos povoamentos de pinheiro-bravo, os
quais apresentavam idades entre os 40 a 50 anos, alturas de 16 a 18 m e DAP de 16 a 19 cm.
No ano seguinte um forte nevão levou à destruição de 62,5 ha de pinheiro-bravo.
Em 1980 foram suspensos os trabalhos de cortes culturais e rasos iniciados em 1975, optando-
se depois por elaborar um Plano Especial de Exploração, o que se deveu, por um lado à
ocorrência de fortes ataques de bóstrico e de outros insetos sub-corticais nos povoamentos de
pinheiro-bravo e por outro, às idades das árvores que atingiam os 40 a 50 anos, idades
consideradas como superiores à explorabilidade desejável para as Matas do Perímetro. Ainda
neste ano procedeu-se à primeira sementeira de sobreiro na totalidade de um talhão (Talhão
17), com prévia preparação do terreno em vala e cômoro.
Pelo Plano Especial de Exploração, aprovado em 1981 para um período de 9 anos, os
povoamentos de pinheiro-bravo de 12 dos 17 talhões foram submetidos a corte final. Os
povoamentos de pinheiro-bravo nestes talhões apresentavam como valores médios, uma
idade de 48 anos, uma densidade de 496 árv.ha-1, uma altura de 17 metros e uma área basal
de 23,2 m2.ha-1.
Em 1982 iniciaram-se os trabalhos previstos no Plano Especial de Exploração seguidos de
posterior rearborização, através do aproveitamento da regeneração natural de pinheiro-bravo
3 Coleóptero que pode atacar durante todo o ano o tronco dos pinheiros, provocando o amarelecimento generalizado da copa. Os sintomas são a existência de serrim e orifícios circulares (> 4 mm) na casca, de nódulos de resina no tronco, de galerias em estrela (2 a 4 ramos) no entrecasco feitas pelas fêmeas, de galerias irregulares no entrecasco feitas pelas larvas e de casca solta (DGRF, 2007).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
74
nas cotas superiores a 500 m, de castanheiro nas cotas de 600 m e de sobreiro nas cotas de
500 m de altitude. Em 1987 foi proposto pela ex-Administração Florestal de Portalegre, no
âmbito do I Quadro Comunitário de Apoio, um projeto enquadrado no Programa de Ação
Florestal. Em 1989 foram concluídos os trabalhos previstos no Plano Especial de Corte.
Em 1994 ocorreu um incêndio florestal no Perímetro, tendo ardido 12,3 ha de pinhal-bravo. No
âmbito do Reg. (CEE) 2158 foi efetuada, no ano de 2001, uma limpeza de mato em 5,6 ha, bem
como a beneficiação da rede viária e da rede divisional numa extensão de 7,7 e 11,5 Km,
respetivamente.
Em 2002 estavam previstos projetos públicos, financiados pelo AGRO, tendo como finalidade a
realização de ações de limpeza de mato em 66,7 ha nos povoamentos de pinheiro-bravo, bem
como a beneficiação da rede viária e da rede divisional numa extensão de 10 e 18 Km,
respetivamente. Na Tabela 34 podem-se observar os rendimentos obtidos, com a venda de
material lenhoso no Perímetro Florestal da Serra de São Mamede no período de 2000 a 2011.
TABELA 34 – Receitas efetuadas no período de 2000 a 2011 no Perímetro Florestal de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água
Ano Tipo Área de
Intervenção (ha)
VOLUME (m
3/@/Kg)
Receita (€)
Observações
2000 Cortiça 1,1 - - Extração de cortiça virgem
2005
Corte cultural
- 2665,0 20 201,0
Corte cultural para alargamento de aceiros em pinheiro-bravo
2006 1638,3 26 212.7
2006-2007
50,0
-
48 296,53
Corte cultural em pinheiro-bravo 2007 25,12 13 887,4
2008 41,37 21 855,84
2011 Cortiça 10,46 2300 @ 2100,0 Extração de cortiça virgem
2013 Madeira - 30,0 636,0 Corte de madeira na área de instalação do parque eólico
2014
Corte final
11,68 3967,48 84 000,0 Corte efetuado no talhão 1 (parcela 1A e 1B) e talhão 2
(parcela 2A)
Castanha 2,34 880,0 Kg 440,0 Venda de castanha na Quinta
dos Olhos de Água
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
75
4.2.6.2 Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
O prédio Olhos d’Água foi adquirido pela família Maçãs a 23 de Dezembro de 1903 (Maçãs,
1991). Segundo esta autora “Os Olhos d’Água eram o passeio preferido para piqueniques e
lazeres dos moradores de Portalegre e visitados por excursões de todo o País”.
A Quinta dos Olhos de Água, como é referido no Enquadramento Estratégico para o Turismo
da Natureza elaborado pelo ex-Instituto de Conservação da Natureza (ICN), “foi adquirida pelo
ICN-PNSSM com objectivos específicos de implementação de um projeto integrado de
Educação Ambiental que passa pela potencialização e aproveitamento de uma área com
grande qualidade paisagística e etnográfica, onde se pode, com carácter exemplar,
desenvolver uma atuação concertada nos domínios da preservação, interpretação e divulgação
do património natural e cultural.”.
Figura 24 – Vista parcial a oeste da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012
Em S. Salvador, pequena parcela de terreno localizada junto à ponte da Madalena, foi efetuada
a limpeza da vegetação existente em 2012 com motoroçadoura (Figuras 24 e 25).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
76
Figura 25 - Vista parcial a este da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012
Estes prédios localizam-se em S. Salvador de Aramenha, em cuja proximidade foi referenciada
a existência de galerias de extração de ouro, prata e chumbo (Maçãs, 1991). Esta autora refere
ainda que na Aramenha terá sido localizada a cidade romana de Amaia pelo Dr. José Leite
Vasconcelos e a existência na serra da Portagem de duas cavernas onde “têm aparecido
colunas, capitéis, ânforas, medalhas de prata e bronze”.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
77
B. MODELO DE EXPLORAÇÃO
1. CARACTERIZAÇÃO E OBJETIVOS DA EXPLORAÇÃO
1.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS
1.1.1 Caracterização geral
As principais espécies florestais existentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede são o
pinheiro-bravo (Pinus pinaster Ait.), o sobreiro (Quercus suber L.), o castanheiro (Castanea
sativa Mill.) e o carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.), como se pode constatar na Carta
de Ocupação do Solo e Carta de Ordenamento Florestal no Anexo 1.
Na Serra de São Mamede, área envolvente do perímetro florestal, o carvalho-negral era a
espécie que revestia a maior parte da Serra, constituindo a vegetação clímax (COBA, 2003). No
entanto, a área ocupada por estes carvalhos caducifólios foi sendo reduzida e
progressivamente substituída pelos castanheiros, que representam atualmente 3,88% da área
do Perímetro. A doença da tinta e a exploração da madeira levaram à diminuição da superfície
ocupada pelo castanheiro, atualmente ocupada maioritariamente pelo pinheiro-bravo, que
representa 92,65% da área deste Perímetro, e sobreiro com uma ocupação de 3,47%.
Figura 26 - Distribuição percentual das principais espécies florestais existentes no Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
78
TABELA 35 - Ocupação atual do solo nas áreas de estudo
ÁREA OCUPAÇÃO TIPO DE SUPERFÍCIE ÁREA (HA)
Perímetro Florestal de
S. Mamede
Florestal
Arborizada 321,80
Inculto 0,00
Improdutiva 0,00
Total 321,80
Não florestal
Agrícola 0,28
Infraestruturas 43,24
Área social 2,46
Águas interiores 0,44
Total 46,42
Quinta dos Olhos de
Água
Florestal
Arborizada 10,62
Inculto 0,50
Improdutiva 0,00
Total 11,12
Não florestal
Agrícola 1,00
Infraestruturas 0,83
Área social 0,80
Águas interiores 0,14
Total 2,77
S. Salvador
Florestal
Arborizada 0,16
Inculto 0,00
Improdutiva 0,00
Total 0,16
Não florestal
Agrícola 0,00
Infraestruturas 0,00
Área social 0,00
Águas interiores 0,00
Total 0,00
1.1.2 Compartimentação da propriedade, definição e delimitação das parcelas
O Perímetro Florestal encontra-se dividido em 17 talhões, estando 2 na Mata Norte, 14 na
Mata Centro e 1 na Mata Sul. Destes talhões, 14 encontram-se ocupados por povoamentos
puros e mistos dominantes de pinheiro-bravo em regime de alto fuste (Figura 27 e Carta de
Distribuição dos talhões e das parcelas de inventário em Anexo 1).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
79
Figura 27 – Distribuição dos talhões no Perímetro Florestal de S. Mamede
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
80
Seis talhões distinguem-se dos outros por apresentarem regeneração natural de outras
espécies, para além da espécie principal, como castanheiro, sobreiro e, em menor quantidade,
carvalho-negral. Como a percentagem dessas espécies não excede os 10% os povoamentos são
considerados puros. Em parte do talhão 13, com um povoamento misto de pinheiro-bravo e
sobreiro, sendo o pinheiro a espécie dominante e o sobreiro resultante do aproveitamento da
regeneração natural, foi efetuado um desbaste seletivo de pinheiro-bravo resultando um
povoamento puro de sobreiro. Foi assim identificada uma parcela 13a. Por outro lado, o
Talhão 8 apresenta também uma mancha de pinheiro-bravo com regeneração de castanheiro
(Figura 28).
Figura 28 – Aspeto de um talhão de pinhal-bravo com regeneração de castanheiro (JR)
Um dos talhões (Talhão 6) apresenta um povoamento de castanheiro de composição pura
(Figura 29), com estrutura irregular, enquanto o Talhão 17 é ocupado por um povoamento de
sobreiro, apresentando uma composição pura em regime de alto fuste e de estrutura regular.
Em vários talhões existem ainda árvores isoladas ou em pequenas unidades de cedro-do-
Buçaco (Cupressus lusitanica Mill.), cipreste-do-Arizona (Cupressus arizonica Greene),
medronheiro (Arbutus unedo L.) e de bétula (Betula celtibérica L.).
No que concerne à Quinta dos Olhos de Água considerou-se, dada a sua dimensão, um único
talhão com várias parcelas; para S. Salvador apenas foi considerado um talhão/parcela. Optou-
se por designar os talhões de ambos os prédios pela respetiva inicial (QOA e SS) seguida da
identificação da parcela/talhão (Tabela 38).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
81
Figura 29 – Aspeto do talhão 6 com castanheiros (JR)
1.1.3 Componente florestal
Tomé (2007) define o inventário florestal como o conjunto de procedimentos que permitem
caracterizar uma determinada área florestal tendo em vista um determinado objetivo. Os
elementos que normalmente são tidos em conta são a descrição da área florestal e avaliação
de áreas, a caracterização dos povoamentos florestais (informação dendrométrica e não
dendrométrica), a avaliação de indicadores de gestão florestal sustentável e a avaliação de
acréscimos.
No Perímetro Florestal da Serra São Mamede, predomina o pinheiro-bravo, espécie bem
adaptada a altitudes mais elevadas, sendo esta mata considerada como de produção. Tal como
aquela espécie, o castanheiro encontra-se em altitudes mais elevadas, aparecendo em menor
quantidade e em altitudes mais baixas o sobreiro. Para a caracterização mais correta da área
em estudo foi elaborada cartografia temática.
1.1.3.1 Descrição sintética dos povoamentos por talhão e parcela
A realização do inventário florestal, efetuado em 2007 no âmbito de um estágio PEPAP, que
apenas incidiu no Perímetro Florestal de S. Mamede, considerou a instalação de parcelas
permanentes, onde se recolheu informação qualitativa sobre o estado dos povoamentos,
nomeadamente:
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
82
Características gerais da unidade de amostragem (área, ocupação do solo, altitude,
declive, exposição);
Classificação das espécies a inventariar quanto à composição, regime cultural,
estrutura, estado sanitário e origem do povoamento florestal;
Caracterização do sob-coberto.
De igual modo, foi obtida informação quantitativa referente às características dos
povoamentos florestais. As variáveis dendrométricas utilizadas foram:
Número de árvores.ha-1 na parcela (n);
Diâmetro à altura do peito da árvore i (di) em centímetros
Área basal do povoamento (G), em metros quadrados;
Diâmetro médio (dg), em centímetros;
Altura média (ћ), e Altura dominante (hdom) em metros;
Volume da árvore (v) e do povoamento (V), em metros cúbicos.
Na Tabela 37 apresenta-se para a área florestal uma descrição de algumas das características
dos povoamentos florestais acima mencionadas para cada um dos talhões, bem como as
equações utilizadas para a sua determinação (Tabela 36), e que assentou no trabalho de Roque
(2005). Estes resultados permitem estudar a qualidade da estação, a densidade e lotação e a
estabilidade dos povoamentos.
TABELA 36 - Fórmulas utilizadas no cálculo das variáveis dendrométricas (Adaptado de Roque, 2005)
Variável Formulário Variável Formulário
N A
nN10000
h (m)
G (m
2.ha
-1) A
dGn
i
i
10000
40000 1
2
dg (cm)
hdom (m)
d
n
i
i
n
h
hdom
d
1
A - área da parcela (m2), hi - altura total da árvore i (m), na - número de árvores amostra da parcela, nd - número de
árvores dominantes da parcela; n - número de árvores da parcela; d - diâmetro à altura do peito da árvore i (cm)
a
n
i
i
n
h
h
a
1
n
d
dg
g
n
i i
1
2
d
n
i i
n
d
ddom
d
1
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
83
TABELA 37 – Caracterização da área florestal nos talhões do Perímetro Florestal de S. Mamede
Mata Talhão Parcela Área
(ha)
Altitude
(m)
Exposição
dominante
Declive
dominante (%) Descrição do povoamento
Norte
1
a 3,59
900-
1000 Oeste 16-30
Povoamento puro, regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, instalado em 1978 em vala e
cômoro (compasso de 4×2m); Bétulas e sobreiros no aceiro de separação dos talhões. Corte raso em 2014. b 9,31
c 0,64 Incultos com algumas árvores dispersas e afloramentos rochosos, localizando-se aqui o marco geodésico e
algumas infraestruturas
2
a 7,77
800-900 Oeste 16-30
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, resultante de plantação em 1978
em vala e cômoro a um compasso de 4×2m; Bétulas e sobreiros no aceiro de separação dos talhões.
b 2,45 Povoamento misto de pinheiro-bravo e castanheiros com mato no sob-coberto
c 5,28 Com características semelhantes às da parcela a
Centro
3 - 11,25 800-900 Norte < 20
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1983. Numa área a Este foram efetuados desbastes não havendo mato; na área a Oeste foram
feitos desbastes mas ainda apresenta alguma densidade. Há zonas com castanheiros e carvalho-negral.
Existe uma pequena área central com muita regeneração natural de pinheiro-bravo com mato baixo de
sargaço e esteva resultando de um incêndio.
4 - 15,71 700-900 Este 16-30
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1982. Em parte da área foi feito desbaste. Regeneração natural dispersa de castanheiro e
sobreiro. Pouco mato no sob-coberto.
5 - 7,37 800-900 Sul > 30 Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1976. Alguma regeneração de castanheiro e carvalho-negral. Pouco mato no sob-coberto.
6
a 9,79
700-800
Este > 30
Povoamento puro de castanheiro, com estrutura irregular proveniente de regeneração natural em regime
de alto fuste e talhadia.
b 7,19 Povoamento de castanheiro, com estrutura irregular proveniente de regeneração natural em regime de
alto fuste e talhadia, com regeneração natural de pinheiro-bravo. Ocorrência de incêndio em 1994.
7 - 33,06
Oeste > 30
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1986. Regeneração natural dispersa de castanheiro e sobreiro.
8 - 23,66
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1987. Ocorrência de incêndio em 1994, existindo atualmente uma mancha com regeneração
natural de castanheiro.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
84
Mata Talhão Parcela Área
(ha)
Altitude
(m)
Exposição
dominante
Declive
dominante (%) Descrição do povoamento
Centro
9 - 16,47 600-800 Oeste > 30 Povoamento puro e regular de Pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1986. A sul foi feito desbaste.
10 a 16,98
600-700 Oeste
16-30
Povoamento puro e regular de Pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1985. Existe uma casa de Guarda Florestal desativada. Desbaste efetuado em parte da parcela
b 13,27 Com características semelhantes à parcela a mas onde foi feito desbaste na totalidade da parcela
11
a 14,6
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1982. Nas extremas norte, este e oeste da parcela foi feito desbaste. Encontra-se regeneração de
castanheiros. Tem um ponto de água.
b 4,88 Com características semelhantes à da parcela a mas onde foram feitos desbastes na totalidade da parcela.
Pouco mato no sob-coberto
12
a 22,89
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1985. Regeneração natural dispersa de castanheiro, sobreiro e carvalho-negral. Não foram feitos
desbastes.
b 4,41 Características semelhantes à parcela a mas onde foram efetuados desbastes. Pouco mato no sob-coberto
c 2,90 Com características semelhantes à parcela a com mato no sob-coberto
13
a 2,67
500-600 Oeste
Sobreiral resultante do aproveitamento da abundante regeneração natural existente por desbastes
efetuados em 2005, com árvores dispersas de carvalho-negral e pinheiros-bravos jovens.
b 1,49 Povoamento misto de pinheiro-bravo, sobreiro e carvalho-negral com mato no sob-coberto.
c 7,81
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1987, na zona de maior altitude. Efetuaram-se desbastes a Oeste da parcela, junto ao aceiro
exterior.
14
a 21,16
500-700 Oeste
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1983. Regeneração natural dispersa de carvalho-negral e abundante de sobreiro. Em parte da área
(a norte da barragem) foi efetuado desbaste. Observa-se a ocorrência de acácias.
b 7,54 Com características semelhantes às da parcela a mas com muitas acácias.
c 8,95 Com características semelhantes às da parcela a, tendo sido feito desbaste numa área a Noroeste.
15 - 15,87 500-600 Sul 16-30 Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1987. Regeneração natural dispersa de castanheiro, sobreiro e carvalho-negral. Existem acácias.
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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
85
Mata Talhão Parcela Área
(ha)
Altitude
(m)
Exposição
dominante
Declive
dominante (%) Descrição do povoamento
Centro 16
a 9,41
500
Este
< 20
Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte
raso de 1987. Regeneração natural dispersa de carvalho-negral, sobreiro e medronheiro. Pouco mato.
Ocorrência de acácias
b 0,48 Área com sobreiros jovens e medronheiros. Pouco mato no sob-coberto
c 2,24 Área social, com arvoredo disperso
d 1,21 Povoamento jovem de sobreiro
e 0,28 Área agrícola
f 1,12 Povoamento misto de sobreiros, medronheiros, carvalho-negral e pinheiro-bravo. Mato no sob-coberto.
Ocorrência de acácias
Sul 17 - 10,46 < 500 Este Povoamento puro e regular de sobreiro, em regime de alto fuste, resultante da sementeira em vala e
cômoro a um compasso de 10 × 2,5 m em 1980.
TABELA 38 - Caracterização dos talhões na Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
Mata Talhão Parcela Área
(ha)
Altitude
(m)
Exposição
dominante
Declive
dominante (%) Descrição do povoamento
Quinta
dos
Olhos
de Água
1
a 1,48 Área agrícola com árvores de fruto dispersas
b 0,16 Galeria ripícola
c 0,82 Nogueiras dispersas
d 0,26 800-900 Oeste 16-30 Povoamento jovem de sobreiros
e 2,34 Souto
f 0,52 Olival com castanheiros dispersos
g 5,01 Povoamento misto de sobreiro e azinheira, com oliveiras dispersas. Mato no sob-coberto
h 0,65 Incultos com pinheiros-bravos dispersos. Área com mato
I 0,40 Povoamento de pinheiro-bravo
j 0,50 Incultos
S.
Salvador 1 - 0,16 Pinhal-manso, com estrutura irregular
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
86
1.1.3.2 Delineamento do esquema de amostragem
Para o delineamento da amostragem utilizaram-se os programas informáticos Arcview©Gis 3.2
(elaboração de cartografia e visualização dos ortofotomapas de 2005), Arcgis 9.1 (para a
criação da grelha de pontos e elaboração dos “Layouts”) e Excel para o armazenamento e
cálculo de dados dendrométricos.
A seleção das unidades de amostra foi realizada pelo método de amostragem sistemática,
tendo por base uma grelha de pontos (pontos que distam entre si 250 m), que se sobrepôs nos
ortofotomapas. Procedeu-se à contagem de todos os pontos que coincidiam com a ocupação
do solo relativamente às espécies predominantes (pinheiro-bravo, castanheiro e sobreiro),
resultando assim em 51 parcelas de amostragem.
Posteriormente assinalaram-se os pontos selecionados, quer nos ortofotomapas, quer nas
cartas militares, que na prática correspondem aos locais de implantação das parcelas de
estudo no terreno (Carta de Localização das Parcelas em Anexo 1).
1.1.3.3 Localização e delimitação das unidades de amostragem no terreno
Para a fase de campo onde se localizaram e delimitaram as unidades de amostra foi utilizado
como material o GPS (Trimble – Geo XM), cartas da área de estudo, ortofotomapas digitais de
2005-2006, cartas militares (nº 348 e 360), Vertex III, fita métrica de 50 m, suta de braços, e
fichas de campo, estacas de madeira, machado para marcação das árvores, bússola e fita
plástica para marcação das árvores de bordadura.
Foram implantadas no terreno parcelas de amostragem circulares com 500 m2, sendo 47 para
o pinheiro-bravo e 2 para o castanheiro, e 2 parcelas de 2000 m2 para a área de sobreiro. A
instalação destas parcelas foi feita através dos ortofotomapas onde estavam sobrepostos os
pontos selecionados que correspondem às parcelas de amostragem, localizando-se no terreno
os pontos centrais das parcelas, com o auxílio do GPS.
Depois de marcado o centro da parcela, procedeu-se à sua delimitação com recurso ao Vertex
III. O procedimento sequencial para a delimitação das parcelas com o Vertex III foi o seguinte:
Calibração do aparelho aquando da chegada ao local;
Determinação da inclinação do terreno através da função ANGLE;
Colocação do transponder no centro da parcela e delimitação da mesma marcando as
árvores de bordadura com fita plástica à distância do raio pretendido (12, 62 m para o
pinheiro-bravo e castanheiro e 25,23 m para o sobreiro).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
87
1.1.3.4 Medições a realizar nas unidades de amostragem
Sendo uma parcela circular, as medições das árvores foram iniciadas na árvore mais a Norte e
no sentido horário. Mediram-se os diâmetros à altura do peito (d) de todas as árvores com a
suta de braços, atribuindo um código a cada árvore de acordo com a sua classe de diâmetro.
As classes de diâmetro consideradas são as que constam da Tabela 39.
TABELA 39 - Classes de diâmetro utilizadas
Classes de diâmetro (d) (cm) Valor Central
[ 7,5 – 12,4 [ 10
[ 12,5 – 17,4 [ 15
[ 17,5 – 22,4 [ 20
[ 22,5 – 27,4 [ 25
[ 27,5 – 32,4 [ 30
[ 32,5 – 37,4 [ 35
Para a seleção das árvores modelo, e posterior medição das alturas totais com o Vertex III, foi
utilizado o Método de Hossfeld. Este método baseia-se na amostragem de um número
idêntico de árvores por classe de diâmetro (neste caso, duas árvores modelo),
independentemente das frequências observadas. As árvores modelo foram aquelas que
apresentaram o diâmetro mais próximo do diâmetro central de cada classe de d. De acordo
com Gomes (1957), este método é aplicável tanto em povoamentos regulares como
irregulares já que permite obter informações relativas a todas as classes de diâmetro
observadas, embora não considere a sua representatividade.
Foram também medidas as alturas totais das árvores dominantes através do critério de
Assmann (seleção das 100 árvores mais grossas por hectare). Para a situação concreta dos
povoamentos de pinheiro-bravo e castanheiro, nos quais a área das parcelas de amostragem é
de 500m2, as árvores dominantes correspondem às 5 árvores mais grossas da parcela.
Para os sobreiros foram medidas as alturas total, de fuste, da base da copa, da bifurcação e do
descortiçamento, bem como a espessura da cortiça.
Para o cálculo do volume total foram necessárias as alturas de todas as árvores da parcela,
mas como apenas se possuía a altura das árvores modelo, procedeu-se à simulação da altura
total das árvores das parcelas de pinheiro-bravo recorrendo-se ao modelo da altura total da
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
88
árvore individual ajustado por Almeida (1998), in Alegria (2004), para o pinheiro-bravo na
região de Castelo Branco (Roque, 2005):
Curva hipsométrica geral:
sendo,
h - altura total em metros;
hdom - altura dominante da árvore em metros;
N - número de árvores da parcela;
d - diâmetro da árvore à altura do peito (cm);
ddom - diâmetro à altura do peito dominante da parcela (cm).
Calculadas as alturas totais de todas as árvores efetuou-se a simulação do volume total com
casca através do modelo para a predição de volumes com casca ao nível da árvore individual
ajustado por Alegria (2001) para o pinheiro-bravo na região de Castelo Branco (Roque, 2005):
V = 0,004798 + 0,000036 * d2 * h
sendo,
d - diâmetro à altura do peito da árvore (cm);
h - altura total da árvore (m);
V – volume total com casca (m3).
Foi efetuada a simulação do volume com casca para a parcela, tendo sido depois reportado ao
hectare, representado por V (m3.ha-1). O acréscimo médio por hectare (produtividade do
povoamento) obteve-se pela razão entre o valor do volume com casca por hectare (V) e a
idade (Roque, 2005).
Para estimar o volume do sobreiro utilizou-se a fórmula do volume do cilindro aplicando um
coeficiente de forma de 0,9:
9.04
2
hd
v
sendo
1
11
1000158945,0783629,01
ddomdhdom
Nhdomh
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
89
v = volume total (m3)
h = altura do fuste (m)
d = diâmetro à altura do peito (cm)
Para a determinação do volume total no castanheiro (sobre casca/com casca) foi utilizada a
equação do Inventário Florestal Nacional para folhosas diversas.
hdv 20000393.0
sendo
v = volume total (m3)
h = altura total (m)
d = diâmetro à altura do peito (cm)
1.1.3.5 Índices e classes de qualidade
A qualidade de uma estação, relativamente a uma determinada espécie florestal, refere-se à
produtividade potencial, tanto presente como futura, de um povoamento da espécie em
causa, vegetando nessa estação (Tomé, 2007). A sua avaliação é, assim, indispensável a uma
correta caracterização de um povoamento e à previsão do respetivo crescimento
O índice da qualidade da estação é um método direto de avaliar a potencialidade produtiva
das estações florestais, definido por Tomé (2007), como a altura dominante que um
povoamento tem, teve ou terá a uma determinada idade padrão.
O índice de qualidade da estação foi calculado individualmente para cada parcela de
amostragem através da equação estabelecida por Páscoa et al. (1989), in Alegria (2004),
ajustada para o pinheiro-bravo e para o País, para uma idade de referência de 35 anos.
sendo,
hdom – altura dominante da parcela (m);
– idade da parcela (anos).
5 , 0 820 , 1 307636 , 0 35 10
hdom SI
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
90
Segundo Roque (2005), consideram-se para efeitos de classificação, quanto à qualidade da
estação, as classes:
Classe I - Classe de qualidade superior: SI35≥ 21 m.
Classe II - Classe de qualidade alta: 17 ≤SI35 <21 m;
Classe III - Classe de qualidade média: 13 ≤SI35 <17 m;
Classe IV - Classe de qualidade baixa: 9 ≤SI35 <13 m;
Classe V -Classe de qualidade inferior: SI35≤ 9 m.
1.1.3.6 Descrição parcelar
Após a recolha de dados no campo através de inventário e tratamento de toda a informação
em gabinete, foi elaborada a Tabela 40, que apresenta os parâmetros dendrométricos obtidos
em cada uma das parcelas amostradas.
Pela sua análise poderemos constatar que a quase totalidade da área ocupada com pinheiro-
bravo no Perímetro Florestal se encontra na classe de idade entre os 20 e os 29 anos. Tendo o
inventário ocorrido em 2007 fez-se uma atualização da idade para 2014, embora os dados se
reportem a 2007.
Pela análise da Figura 30 verifica-se que dominam as árvores com diâmetro à altura do peito
na classe dos 15, sendo a quase totalidade nas classes 10, 15 e 20. No que concerne às classes
de qualidade nos talhões 1, 2, 3, 4, 11, 12 e 14 predominam as classes média e baixa, no talhão
7 alta e superior, nos talhões 13 e 15 a classe baixa. Nos talhões 8, 9 e 10 encontram-se
praticamente todas as classes representadas.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
91
Figura 30 - Distribuição da densidade e da altura média por classe de diâmetro à altura do peito
.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
92
TABELA 40 - Caracterização dos talhões e das parcelas de amostragem no Perímetro Florestal de S. Mamede
Talhão Área
(ha)
Parcela de Amostragem
Espécie
Principal
Qualidade da Estação N.º
arv/ha
Altura média
Hdom d
médio G
Volume
(m3.ha
-1)
ig (m3.ha
-
1.ano
-1)
Idade (t) Função
SI35 (m) Classe 2007 2014
1 13,54 334 Pb 16,08 III 840 14,28 15,00 24,8 40,49 255,91 8,82 29 36
Produção
2 15,5
318 Pb 16,64 III 740 14,87 15,52 23,5 32,22 216,78 7,48
29 36 319 Pb 15,23 III 960 13,70 14,20 23,2 40,44 257,68 8,89
348 Pb 9,67 IV 300 9,52 9,02 16,6 6,47 29,99 1,03
3 11,25
203 Pb 16,02 III 1140 13,81 13,83 18,8 31,72 177,37 7,39
24 31 218 Pb 13,83 III 1200 11,57 11,94 12,2 13,97 79,40 3,31
219 Pb 15,43 III 1800 13,38 13,32 16,4 37,97 246,10 10,25
4 15,71
189 Pb 14,94 III 900 13,33 13,12 20,2 28,70 194,96 7,80
25 32 190 Pb 16,08 III 1580 13,43 14,12 16,3 33,05 208,73 8,35
204 Pb 13,66 III 860 11,73 12,00 16,6 18,55 98,49 3,94
6 16,98 147 Ct - - 300 9,4 12,4 20,5 9,99 56,06 4,20
20 27 162 Ct - - 260 7,5 8,5 13,2 3,60 14,40 1,08
7
33,06
159 Pb 19,27 II 1300 15,52 15,68 19,8 40,03 291,33 13,87
21 28
160 Pb 20,30 II 2000 15,61 16,52 16,4 42,07 294,33 14,02
173 Pb 17,94 II 160 14,52 14,60 24,0 7,26 49,02 2,33
174 Pb 19,12 II 920 16,70 15,56 21,8 34,30 253,07 12,05
188 Pb 23,25 I 720 14,26 18,92 24,3 33,52 254,80 12,13
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
93
Talhão Área
(ha)
Parcela de Amostragem
Espécie
Principal
Qualidade da Estação N.º
arv/ha
Altura média
Hdom d
médio G
Volume
(m3.ha
-1)
ig (m3.ha
-
1.ano
-1)
Idade (t) Função
SI35 (m) Classe 2007 2014
8 23,66
145 Pb 16,27 III 900 12,52 12,94 15,7 17,39 103,30 5,17
20 27
Produção
146 Pb 7,48 V 180 6,16 5,95 12,3 2,14 7,38 0,37
161 Pb 14,08 III 620 10,7 11,20 15,5 11,75 56,96 2,85
9 16,47
142 Pb 12,37 IV 1060 9,34 10,06 12,7 13,34 59,93 2,85
21 28 157 Pb 15,07 III 1700 11,88 12,26 14,2 26,76 152,84 7,28
172 Pb 18,04 II 1400 14,08 14,68 15,0 24,75 159,33 7,59
187 Pb 18,16 II 380 14,29 14,78 19,5 11,38 75,99 3,62 21 28
10 30,25
113 Pb 8,88 V 680 7,17 7,38 14,9 11,83 41,18 1,87 22 29
128 Pb 16,20 III 1500 13,56 13,46 15,5 28,17 193,66 8,80
22 29 143 Pb 20,26 II 1140 15,65 16,84 17,1 26,05 193,24 8,78
144 Pb 12,25 IV 300 10,41 10,18 16,2 6,20 28,80 1,31
158 Pb 14,75 III 460 11,91 12,26 16,7 10,13 58,56 2,66
11 19,48
114 Pb 16,19 III 1740 14,11 14,22 15,1 31,06 204,17 8,17
25 32 115 Pb 16,37 III 620 14,16 14,38 18,5 16,69 118,38 4,74
129 Pb 14,32 III 2000 12,67 12,58 15,8 39,11 245,52 9,82
130 Pb 16,90 III 460 14,57 14,84 20,4 15,10 101,64 4,07
12 30,20 55 Pb 13,67 III 500 9,83 11,36 17,7 12,34 65,60 2,98
22 29 70 Pb 13,02 III 1680 10,56 10,82 14,1 26,20 129,89 5,90
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
94
Talhão Área
(ha)
Parcela de Amostragem
Espécie
Principal
Qualidade da Estação N.º
arv/ha
Altura média
Hdom d
médio G
Volume
(m3.ha
-1)
ig (m3.ha
-
1.ano
-1)
Idade (t) Função
SI35 (m) Classe 2007 2014
12
71 Pb 13,14 III 1080 10,24 10,92 16,7 23,55 119,13 5,41
22 29
Produção
85 Pb 15,16 III 1720 11,51 12,60 14,3 27,67 151,27 6,88
86 Pb 12,49 IV 1080 9,88 10,38 15,9 21,52 96,29 4,38
13 11,97 97 Pb 11,04 IV 1660 7,94 8,78 11,2 16,41 70,13 3,51 20 27
14 37,65
82 Pb 18,19 II 340 14,45 15,70 20,4 11,15 74,41 3,10
24 31
84 Pb 14,25 III 720 11,00 12,30 15,7 13,95 70,65 2,94
98 Pb 14,48 III 1760 11,20 12,50 14,1 27,54 155,38 6,47
99 Pb 11,75 IV 920 9,52 10,14 14,8 15,90 74,79 3,12
100 Pb 14,41 III 2400 12,08 12,44 12,9 31,24 169,66 7,07
15 15,87 54 Pb 11,92 IV 120 7,46 9,48 18,2 3,13 13,16 0,66
20 27 68 Pb 11,44 IV 280 9,00 9,10 13,6 4,08 16,70 0,84
16 14,74 65 Pb 8,55 V 420 6,72 6,80 10,1 3,37 11,41 0,57
20 27 81 Pb 13,58 III 900 10,58 10,8 11,4 9,22 45,21 2,26
17 10,46 22 Sb - - 120 4,7 6,8 17,8 2,97 22,9 0,84
27 32 37 Sb - - 150 8,0 8,3 21,9 5,67 41,4 1,53
(Pb- Pinheiro Bravo, Sb- Sobreiro, Ct- Castanheiro, ig - acréscimo médio anual, g - área basal )
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
95
1.1.4 Indicadores de sustentabilidade
A certificação da gestão florestal é um processo que permite verificar se uma área se encontra
a ser gerida de uma forma sustentável e de acordo com um conjunto de normativos
internacionalmente reconhecidos. Para avaliar o estado e progresso das florestas face aos
novos valores da sua gestão sustentável definiu-se a nível europeu um conjunto de critérios
(Pan-European Forest Council), avaliados através de indicadores específicos.
Na Terceira Conferência Ministerial, realizada em 1998 em Lisboa, foi adotada uma resolução
designada “Critérios, Indicadores e Linhas Orientadoras ao Nível Operacional Pan-Europeus
para a Gestão Florestal Sustentável” tendo-se definido 6 critérios (Tomé, 2007):
Manutenção e aumento apropriado dos recursos florestais e o seu contributo para os
ciclos globais do carbono;
Manutenção da saúde e vitalidade dos ecossistemas florestais;
Manutenção e fomento das funções produtivas das florestas;
Manutenção, conservação e fomento apropriado da diversidade biológica nos
ecossistemas florestais;
Manutenção e fomento apropriado das funções protetoras na gestão das florestas;
Manutenção das outras funções e condições socioeconómicas.
Tendo sido realizado o inventário florestal foram recolhidos diversos elementos no campo que
permitem desde logo estabelecer alguns indicadores de acordo com os requisitos definidos
pelo Forest Stewardship Council (FSC) e pelo Program for the Endorsement of Forest
Certification Schemes (PEFC). Assim, e no que se refere à Norma Portuguesa (NP) 4406, para o
Critério 1, Manutenção e aumento apropriado dos recursos florestais e o seu contributo para
os ciclos globais do carbono, poderemos utilizar o volume total e o armazenamento de
carbono como indicadores.
A estimativa da quantidade total de carbono existente na componente arbórea da área deste
Perímetro Florestal pode ser efetuada com base no cálculo da biomassa. Na Tabela 41
encontram-se indicados os valores do volume, da biomassa lenhosa e do armazenamento de
carbono por talhão, tendo sido utilizadas as equações de FPFP (2001).
No que se refere à densidade da madeira os valores utilizados foram de 565 Kg.m3 para o
pinheiro-bravo, de 515-600 Kg.m3 para o castanheiro e de 750 Kg/m3 para o sobreiro
(Carvalho, 1996, in FPFP, 2001), tendo-se assumido na conversão da biomassa em carbono o
valor de 50%. Com o indicador do armazenamento de carbono pretende-se obter uma
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
96
estimativa da quantidade total de carbono imobilizado por parcela no volume total do tronco.
Não foram contabilizados os ramos, as folhas e o sistema radicular.
TABELA 41 - Valores do volume, biomassa e armazenamento de carbono para o Perímetro Florestal de S. Mamede
Talhão Parcela de inventário
Espécie principal
Volume (m
3.ha
-1)
Biomassa (ton.ha
-1)
Carbono (ton.ha
-1)
1 334 Pb 255,91 144,59 72,29
2
318 Pb 216,78 122,48 61,24
319 Pb 257,68 145,59 72,79
348 Pb 29,99 16,94 8,47
3
203 Pb 177,37 100,21 50,11
218 Pb 79,40 44,86 22,43
219 Pb 246,10 139,05 69,52
4
189 Pb 194,96 110,15 55,08
190 Pb 208,73 117,93 58,97
204 Pb 98,49 55,65 27,82
6 147 Ct 56,06 33,64 16,82
162 Ct 14,40 8,64 4,32
7
159 Pb 291,33 164,60 82,30
160 Pb 294,33 166,30 83,15
173 Pb 49,02 27,70 13,85
174 Pb 253,07 142,98 71,49
188 Pb 254,80 143,96 71,98
8
145 Pb 103,30 58,36 29,18
146 Pb 7,38 4,17 2,08
161 Pb 56,96 32,18 16,09
9
142 Pb 59,93 33,86 16,93
157 Pb 152,84 86,35 43,18
172 Pb 159,33 90,02 45,01
187 Pb 75,99 42,93 21,47
10
113 Pb 41,18 23,27 11,63
128 Pb 193,66 109,42 54,71
143 Pb 193,24 109,18 54,59
144 Pb 28,80 16,27 8,14
158 Pb 58,56 33,09 16,54
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
97
Talhão Parcela de inventário
Espécie principal
Volume (m
3.ha
-1)
Biomassa (ton.ha
-1)
Carbono (ton.ha
-1)
11
114 Pb 204,17 115,36 57,68
115 Pb 118,38 66,88 33,44
129 Pb 245,52 138,72 69,36
130 Pb 101,64 57,43 28,71
12
55 Pb 65,60 37,06 18,53
70 Pb 129,89 73,39 36,69
71 Pb 119,13 67,31 33,65
85 Pb 151,27 85,47 42,73
86 Pb 96,29 54,40 27,20
13 97 Pb 70,13 39,62 19,81
14
82 Pb 74,41 42,04 21,02
84 Pb 70,65 39,92 19,96
98 Pb 155,38 87,79 43,89
99 Pb 74,79 42,26 21,13
100 Pb 169,66 95,86 47,93
15 54 Pb 13,16 7,44 3,72
68 Pb 16,70 9,44 4,72
16 65 Pb 11,41 6,45 3,22
81 Pb 45,21 25,54 12,77
17 22 Sb 22,9 17,18 8,59
37 Sb 41,4 31,05 15,53
Para o Critério 2, Manutenção da saúde e vitalidade dos ecossistemas florestais, foi elaborada
a Carta do Risco de Incêndios reconhecendo-se que esta mata, face ao tipo de coberto,
apresenta um elevado risco de incêndio pelo que se preconiza um conjunto de ações de
controlo da vegetação. A densidade da rede viária e divisional é de 75,3 m.ha-1 e 67,1 m.ha-1,
respectivamente, e a de pontos de água é de 1 por cada 184 ha, com boas acessibilidades,
conforme a Carta da Rede Hidrográfica em Anexo.
Na Tabela 40 encontram-se os valores do acréscimo médio anual para a área de produção,
constituindo o indicador da produtividade da produção florestal principal. Esta mata encontra-
se totalmente inserida numa área protegida pelo que as ações a preconizar, nomeadamente
do controlo da vegetação, imprescindíveis face ao risco elevado de incêndio, deverão
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
98
privilegiar a regeneração natural, nomeadamente de castanheiro, sobreiro, carvalho-negral e
medronheiro, minimizando os riscos de erosão. Não foram detetadas árvores longevas e
cavernosas.
1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA EXPLORAÇÃO
Tendo em vista uma exploração sustentada dos recursos florestais, a gestão do Perímetro
Florestal da Serra de São Mamede tem por objetivo integrar em simultâneo e de forma
equilibrada os aspetos económicos, sociais e ambientais, de modo a satisfazer necessidades
coletivas de bens e serviços, como são a produção de madeira e cortiça, a caça, o recreio,
mantendo a integridade do seu património e das suas potencialidades. Consequentemente, o
delineamento de uma estratégia de utilização destes recursos implica uma estruturação
territorial das suas principais funções, usos e atividades. Para a Quinta dos Olhos de Água e S.
Salvador o objetivo predominante é o de conservação.
Como objetivo geral pretende-se para as áreas objeto do Plano:
assegurar o cumprimento dos requisitos normativos, das exigências legais e de outra
natureza;
manter uma gestão florestal e dos recursos naturais sustentável e multifuncional,
cumprindo os critérios Pan-Europeus para a Gestão Florestal Sustentável e dos
Princípios e Critérios do FSC;
proteger e conservar os recursos hídricos, os solos, a biodiversidade e os valores
sociais e culturais;
promover a divulgação de práticas de gestão multifuncional;
manter o potencial produtivo do pinhal-bravo, castanheiro, sobreiro e carvalho
negral;
minimizar riscos bióticos e abióticos;
qualificar os agentes envolvidos na gestão dos recursos florestais;
promover a melhoria contínua;
disponibilização para receber e responder a questões colocadas pelas partes
interessadas;
aplicar as orientações do “Código Internacional de Práticas Suberícolas”.
Como objetivos específicos pretende-se durante a vigência deste Plano de Gestão Florestal:
aumentar de forma progressiva a área ocupada por carvalhos e castanheiro;
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
99
manter e melhorar a área ocupada por carvalhos, privilegiando a proteção da
regeneração natural como forma de aumentar o grau de coberto;
efetuar o controlo da vegetação espontânea com meios mecânicos que preservem a
estrutura do solo, como os corta-matos, ou com meios manuais com
motorroçadouras, minimizando os riscos de erosão, aplicando-se as orientações em
termos de gestão do Código Internacional de Práticas Suberícolas (CIPS) e dos
Princípios das Boas Práticas Florestais;
promover a conservação de habitats e espécies prioritárias no âmbito das Diretivas
comunitárias (Habitats e Aves), consubstanciadas no PSRN2000;
integrar as boas práticas de gestão dos recursos naturais na exploração dos recursos
existentes;
manter a rede viária e divisional em estado de conservação adequado à acessibilidade
necessária às operações normais de exploração e de defesa da floresta contra
incêndios, constituindo-se ainda como elementos de compartimentação do espaço
florestal;
ensaiar e promover técnicas de silvicultura próxima da Natureza;
adequar a gestão dos espaços florestais às atividades de recreio com a sinalização dos
acessos e pontos notáveis;
Sendo o PFSSM considerado no âmbito do PROF uma floresta modelo, poderá
constituir-se como uma unidade IDE&D com organização periódica de eventos de
demonstração.
2. ADEQUAÇÃO AO PROF
2.1 ZONAGEM SEGUNDO AS FUNÇÕES DOMINANTES
Sendo inexequível a conciliação no mesmo espaço dos vários interesses a considerar com igual
grau de eficácia, torna-se necessário escolher para os vários talhões a função dominante, que
determina as principais ações de gestão. Verifica-se, assim, a necessidade de estruturar
territorialmente a Unidade de Gestão segundo as funções/objetivos dominantes de cada
talhão, garantindo-se, simultaneamente, a aplicação do conceito de uso múltiplo florestal
(Tabela 42).
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
100
TABELA 42 - Definição de seções e séries para a área de estudo
SEÇÃO (Função geral dominante)
SÉRIE (Sub-função geral/objetivo
específico)
Sub-funções-gerais/ objetivos específicos
associados Talhões/parcelas
Área (ha)
Produção
S1-Povoamentos de pinheiro bravo
Produção de madeira
-
2a,2c,3,4,5,7,9, 10a,10b,11a,11b,12a,12b,12c,13c, 14a,14b,14c,15,
16a
214,52
S2-Povoamentos de sobreiro
Produção de cortiça
Produção de madeira 13a,16b,16d,17,
QOAd 15,08
S3-Povoamento de castanheiro
Produção madeira Produção de fruto 6a 9,79
S4 - Povoamento misto de pinheiro-
bravo e castanheiro
Produção de madeira 2b,6b,8, 33,30
S5 - Povoamento de carvalho-negral
Produção de madeira 1a,1b 12,90
S6 - Povoamento misto de pinheiro-bravo, sobreiro e carvalho-negral
Produção de madeira/fruto/cortiça
13b,16f 2,61
Conservação
S7 - Povoamentos de pinheiro-bravo
Produção de madeira QOAi 0,40
S8 - Povoamento de nogueiras
Produção de madeira/fruto
QOAc 0,82
S9 - Souto Produção de fruto QOAe 2,34
S10 - Povoamento misto de sobreiro,
azinheira
Produção de madeira/fruto
QOAg 5,01
S11 - Povoamento de pinheiro-manso
Produção de madeira/fruto
SS1 0,16
S12 - Incultos - 16e,QOAh, QOAj 1,43
S13 - Galeria ripícola
- QOAb 0,16
Sendo predominantemente atribuída ao Perímetro Florestal de S. Mamede a função de
produção e à Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador a função de conservação optou-se por
não apresentar as respetivas Cartas de Zonagem.
O pinheiro-bravo é a espécie mais representativa no Perímetro Florestal de S. Mamede, sendo
a exploração dos povoamentos existentes principalmente orientada para a produção de
material lenhoso. “A escolha do objectivo de produção deve resultar de um compromisso entre
a opção tecnicamente mais correcta, de acordo com as potencialidades da estação e do
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
101
povoamento, e a melhor opção de carácter económico-financeira” (Monteiro & Patricio, 1996).
Não tem sido feita a resinagem.
2.2 DEFINIÇÃO DE MODELOS DE SILVICULTURA POR UNIDADE TERRITORIAL
Os modelos de silvicultura são definidos para cada talhão de acordo com a ocupação e
objetivos gerais de cada um, tendo como base os modelos apresentados no PROF do Alto
Alentejo (Tabela 43), sendo apresentados na Tabela 44 por Secção ou Série.
TABELA 43 - Modelos de silvicultura das áreas de estudo
MODELO DE SILVICULTURA CÓDIGO
Povoamento puro de pinheiro-bravo para produção de lenho
Pb2
Povoamento puro de sobreiro para produção de cortiça Sb4
Povoamento puro de castanheiro para produção de lenho Ct4
Povoamento misto de pinheiro-bravo para produção de lenho
Pb3
Povoamento puro regular de carvalho-negral para produção de lenho
Qp3
Povoamento puro de nogueiras para produção de lenho No2
Povoamento puro de castanheiro para produção de fruto Ct1
Povoamento misto de sobreiro para produção de cortiça Sb2
Povoamento puro de pinheiro-manso para produção de fruto
Pm2
Povoamento ripícola para proteção Ri
TABELA 44 - Modelos de silvicultura por seção ou série
Série Modelo
Espécie Principal/
Secundária
Regime Estrutura
Método de
regeneração
Tipo/Grau Desbaste
S1, S7
Pb2 Pb/Sb,Ct Alto fuste
Irregular
N/A
Baixo (20 - 30%)
S2 Sb4 Sb -
S3 Ct3 Ct Talhadia Alto misto
S4, S6 Pb3 Pb/Ct/Sb/Qp
Alto fuste
S5 Qp3 Qp Regular -
S8 No2 No
Irregular
Alto misto
S9 Ct1 Ct
S10 Sb2 Sb/Az -
S11 Pm2 Pm -
S13 Ri Diversas -
Pb - pinheiro-bravo, Sb - sobreiro, Ct - castanheiro, Pm - pinheiro-manso, Qp - carvalho-negral, Az - azinheira, No - nogueira, N - natural, A - artificial
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
102
Para a sub-região homogénea Serra de S. Mamede, não estão contemplados modelos de
silvicultura para o pinheiro-bravo e pinheiro-manso pelo que se optou por considerar os
modelos Pb2 e Pb3 e Pm2, respetivamente. Relativamente ao sobreiro optou-se por considerar
o modelo Sb2 para os povoamentos mistos com esta espécie, para o castanheiro o modelo Ct4,
para a área com nogueiras dispersas e onde se pretende arborizar com esta espécie o modelo
No2 e para a galeria ripícola o modelo Ri.
3. PROGRAMAS OPERACIONAIS
De acordo com o nº 2 do art.º 23º do D.L. nº 16/2009, de 14 de janeiro, o PGF vigora enquanto
vigorar o PROF. O PROF AA, de acordo com o art.º 2 do Decreto Regulamentar nº 37/2007, de
3 de abril, vigora para um prazo de 20 anos a contar da data da sua publicação. A
calendarização definida para esta Unidade de Gestão envolve por consequência um período de
13 anos. Assim, para efeitos de programação das ações, considerou-se o ano de 2015 como o
Ano 1 e a programação foi efetuada para um período de 20 anos; para a previsão das despesas
considerou-se apenas o período de 13 anos (até 2027), o que aproxima os objetivos ao ritmo
permitido pelos meios financeiros previsíveis – balanço financeiro das receitas e das despesas
e apoios disponíveis. As intervenções culturais propostas e respectiva sequência temporal
devem ser entendidas com flexibilidade e estar abertas à introdução de alterações periódicas
em função da evolução dos próprios povoamentos.
Para efeitos de contabilização dos custos envolvidos consideraram-se os valores estabelecidos
de 2013/2014 pela Comissão de acompanhamento das Operações Florestais (CAOF),
atualizados de uma taxa de 4,0 %, sem IVA.
3.1 PROGRAMA DE GESTÃO DA BIODIVERSIDADE
3.1.1 Habitats naturais
O Artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio (diretiva habitats), relativa à
preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, define sítio de importância
comunitária (SIC) como sítio que, na ou nas regiões biogeográficas a que pertence, contribua
de forma significativa para manter ou restabelecer um tipo de habitat natural do anexo I ou
uma espécie do anexo II, num estado de conservação favorável, e possa também contribuir de
forma significativa para a coerência da rede Natura 2000 referida no artigo 3.º e/ou contribua
de forma significativa para manter a diversidade biológica na região ou regiões biogeográficas
envolvidas.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
103
A Portaria n.º 829/2007, de 1 de agosto, publicou a lista de sítios de importância comunitária
que tinham sido aprovados pelas Decisões da Comissão n.ºs 2004/813/CE, de 7 de dezembro,
e 2006/613/CE, de 19 de julho.
A área do Perímetro Florestal da Serra de São Mamede encontra-se inserida no Parque Natural
da Serra de São Mamede, Sitio da Rede Natura 2000 PTCON0007 Serra de S. Mamede, numa
região em que a expressão mediterrânica é já manifesta.
O Parque Natural da Serra de São Mamede foi criado pelo Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 de
abril, com o objetivo de promover a proteção dos valores naturais e o desenvolvimento das
atividades económicas de forma auto-sustentada. O Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro,
que criou a Rede Nacional de Áreas Protegidas, impôs a sua reclassificação, promovida pelo
Decreto Regulamentar n.º 20/2004, de 20 de maio. Foram estabelecidos os novos limites para
o Parque Natural, com o objetivo de incluir os valores naturais da área contígua à que se
encontrava classificada, que foram identificados durante os estudos de caracterização do
processo de ordenamento, bem como no âmbito dos trabalhos desenvolvidos para a
implementação da Rede Natura 2000.
Pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de março foi aprovado o Plano de
Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede (POPNSSM) e respetivo
Regulamento, o qual definiu como uma das áreas de intervenção específica para a
conservação da natureza e da biodiversidade, o Alto de São Mamede, que está integrado
parcialmente no perímetro florestal de São Mamede, com monocultura de pinheiro-bravo.
Na área de intervenção do POPNSSM são interditas entre outras, a introdução ou reintrodução
de espécies não indígenas, animais ou vegetais, no estado selvagem, cinegéticas ou não,
invasoras ou infestantes, de acordo com a legislação específica, a mobilização do solo em
terraços ou banquetas, com exceção dos terraços tradicionais para fins agrícolas, ou segundo a
linha de maior declive, no decurso da realização de qualquer operação no exercício de
atividades agro-florestais, a limpeza de matos com lâmina frontal, durante a realização de
qualquer operação no exercício de atividades agro-florestais, a realização de cortes rasos e de
arranques em maciço de castinçais, carvalhais (Quercus pyrenaica e Quercus faginea) e galerias
ripícolas, exceto quando estiverem em causa razões fitossanitárias devidamente comprovadas
pela entidade competente na matéria.
Pretende-se neste Sítio favorecer a existência de um mosaico equilibrado entre os habitats
naturais e semi-naturais, e os espaços florestais, em moldes a definir no Plano de Gestão.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
104
Neste sentido, torna-se necessário proteger os carvalhais de carvalho-negral, reconverter
algumas manchas florestais de modo a restabelecer povoamentos de folhosas autóctones ou
promover os povoamentos mistos, incentivar a manutenção dos montados de uso múltiplo e
gerir a floresta de forma a reduzir o risco de incêndio. Importa igualmente ordenar a atividade
cinegética e a expansão urbano-turística, tendo em conta a preservação de áreas mais
sensíveis.
A Diretiva Aves tem o objetivo de proteger determinadas espécies existentes no território da
União Europeia, bem como os seus ninhos, ovos e habitats. Nos espaços abrangidos por esta
Diretiva a atividade cinegética é limitada bem como certos métodos de captura e abate. Para
esta as principais orientações de gestão aplicáveis na unidade de gestão são:
Manter/melhorar ou promover manchas de montado aberto (refere-se a
povoamentos com menos de 30% de cobertura, geralmente com uso agro-
silvopastoril);
Restringir uso de agro-químicos/adotar técnicas alternativas;
Conservar/promover sebes, bosquetes e arbustos (refere-se principalmente a faixas de
vegetação associadas às linhas de água);
Condicionar a florestação, nomeadamente com eucalipto e outras espécies que não a
azinheira e sobreiro);
Conservar/ recuperar povoamentos florestais autóctones, como os montados de
azinho e sobro com mais de 30% de cobertura;
Adotar práticas silvícolas específicas nas áreas envolventes a locais de nidificação e
dormitórios de aves;
Promover áreas de matagal mediterrânico;
Reduzir risco de incêndio.
O Plano de Ordenamento do Parque Natural aponta para a diminuição da monocultura do
pinhal e do eucaliptal, contribuindo, assim, para a biodiversidade e redução do risco de
incêndio. Face às características dos espaços florestais preconiza-se a recuperação progressiva
das áreas florestais pela introdução de cortes faseados e subsequente reflorestação por duas
espécies, recorrendo ao Pinheiro-bravo intercalado com o Sobreiro ou recorrendo a carvalhais
e sobreirais.
A calendarização das ações previstas nas parcelas onde ocorrem habitats (Tabela 45) encontra-
se nas tabelas 49.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
105
TABELA 45 - Relação das parcelas com habitats e orientações de gestão
TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)
ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
1a,1b Pinheiro-bravo 12,0 2015 - Corte final e
arborização com carvalho-negral
-
6a,6b (parte) Castanheiro 13,6 2015 5330; 9260; 4030
Adensamento com castanheiros, com abertura de covas
para evitar a destruição do
habitat
- Controle de invasoras; - Evitar a acumulação excessiva de combustível; - Condicionamento das operações de desmatação; - Aceiramento de faixas corta-fogo nas imediações das manchas pré-climácicas; - Plantação de folhosas de baixa inflamabilidade; - Combate à tinta e ao cancro do castanheiro.
3 (parte)
Pinheiro-bravo
0,8 2020 4030
Desbastes e remoção de
despojos; controlo de vegetação
(periodicidade de 5 anos). As ações preconizadas
contribuem para a redução do
material combustível
- Controle de invasoras;
- Evitar a acumulação excessiva de combustível.
8 (parte) 10,9 2017 4030;8220
9(parte),10b(parte) 4,5 2018 8220
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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106
TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)
ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
17
Sobreiro
10,5 2017, 2021,
2025 6310
Controlo de vegetação com
corta-matos, podas de formação
- Combater pragas e doenças fitossanitárias; - Plantação do sobro ou azinho/adensamento, se julgado necessário
13a 1,0 2017, 2022,
2027 9330
- Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação e proteção da regeneração; - Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio.
QOAe Castanheiro 1,9 2016 9260 Adensamento com
castanheiro e controlo vegetação
- Apoio à conservação deste habitat tendo em vista a manutenção da área atual de ocupação.
QOAg(parte) Misto (olival, matos, azinheira,
sobreiro) 2,0 2015-2019 9340
Desbaste cultural de azinheira e
podas de formação, controlo de vegetação
- Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação e proteção da regeneração; - Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio;
- Manutenção do mosaico de sebes, matos e pastagens naturais
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107
TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)
ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
QOAj Matos 0,50 2018
(periodicidade de 5 anos)
4030 Controlo de vegetação
espontânea
- Controle de invasoras; - Evitar a acumulação excessiva de combustível.
14a,14b,15,16a,16f Pinheiro-bravo 54,7 2015 - 2019 - Eliminação de
acácias
QOAb Galeria ripícola 0,16 2015 -
Controlo de vegetação
(periodicidade bianual)
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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108
3.2 PROGRAMA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO LENHOSA
3.2.1 Pinheiro-bravo
A condução e exploração dos povoamentos contemplam a realização de cortes culturais ou
intermédios e de cortes finais ou de realização, com o fim de obter uma produção sustentada
dos recursos, visando a sua exploração à perpetuidade.
Os cortes culturais ou intermédios realizam-se com o objetivo de conduzir, orientar e melhorar
o povoamento, podendo, secundariamente, os produtos extraídos serem comercializados.
Estes cortes distinguem-se dos cortes finais ou de realização por nem sempre se traduzirem na
remoção de árvores inteiras, em alguns casos, para o corte de partes das árvores, podendo
também incidir sobre indivíduos de espécies que não constituem o objetivo principal da
exploração. Os principais tipos de cortes são as limpezas de povoamento, os desbastes, as
desramações e por vezes as podas (Alves, 1988).
Os cortes finais ou de realização devem ser efetuados quando o povoamento atinge o termo
de explorabilidade. Para os povoamentos de pinheiro-bravo (S1, S6), cujo objetivo principal é a
produção lenhosa, define-se como termo de explorabilidade os 40-50 anos (dependendo da
classe de qualidade).
Podem considerar-se três tipos de cortes aplicados na gestão dos povoamentos florestais:
cortes únicos (rasos), sucessivos e salteados. As condições de aplicação dos vários tipos de
cortes são função das características da espécie, das estações e dos fatores que diretamente
condicionam a regeneração natural ou artificial dos povoamentos (Alves, 1988).
Neste capítulo, são definidas as principais intervenções, cujo objetivo é não só potenciar a
produção (lenho/cortiça/fruto), mas também efetuar uma conversão gradual dos
povoamentos onde exista elevada densidade de regeneração natural de outras espécies (como
o castanheiro, sobreiro e carvalho-negral). Nos locais onde estas espécies estão bem
adaptadas, procurar-se-á estabelecer povoamentos mistos a curto prazo ou povoamentos
puros a longo prazo, promovendo uma maior diversidade florística e faunística, tendo em
conta que as áreas em análise se localizam no Parque Natural da Serra de São Mamede.
3.2.1.1 Plano de cortes culturais
O plano de cortes culturais contemplará a realização de limpezas, desramações e desbastes,
sendo que a intensidade destas operações silvícolas será ajustada de acordo com os resultados
que foram obtidos na avaliação da classe de qualidade, da densidade e lotação e da
estabilidade dos povoamentos.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
109
O desbaste pelo alto misto, também conhecido por desbaste seletivo ou dinamarquês, tem por
objetivo a obtenção de lenho de elevada qualidade para serração ou desenrolamento no mais
curto espaço de tempo. Para alcançar estes objetivos é necessário manter no povoamento as
melhores árvores livres de competição, o que promove o crescimento rápido e a regularidade
da espessura dos anéis de crescimento.
Antes da execução de qualquer desbaste, procede-se à seleção das árvores com maior
qualidade e potencialidade biológica e ecológica e à sua marcação como “árvore de futuro”.
São estas as árvores que são beneficiadas pelas intervenções culturais e mantidas até ao corte
final.
O número de “árvores de futuro” selecionadas deverá ser ligeiramente superior ao número de
árvores a corte final (cerca de 10%), permitindo assim a substituição de alguma árvore de
futuro que sofra algum tipo de problema.
A seleção das “árvores de futuro” deve ocorrer na altura do primeiro desbaste, quando as
árvores começam a diferenciar-se em classes sociais (fase de bastio) e seguir os seguintes
critérios:
Serem árvores dominantes;
Serem vigorosas;
Serem verticais, com um tronco rectilíneo;
Terem copa equilibrada, com desenvolvimento normal, capaz de reagir aos desbastes;
Não apresentarem feridas ou ramos excessivamente grossos nos primeiros 5-6 metros
de fuste;
Estarem regularmente distribuídas pelo povoamento em relação às outras árvores de
futuro.
Após a sua marcação, todas as intervenções culturais a realizar terão como objetivo a sua
beneficiação. Aquando da realização de um desbaste, deverão ser retiradas todas as árvores
que possam competir com as “árvores de futuro”. Todas as árvores que não o façam podem
permanecer até ao próximo desbaste onde será novamente avaliada a sua interferência com
as “árvores de futuro”. Desta forma é mantido um número superior ao número de árvores a
corte final que permite a substituição de árvores de futuro, se necessário, e a manutenção de
um grau de cobertura elevado que protege o solo da erosão.
No inventário realizado, houve talhões que englobaram mais do que uma parcela, pelo que os
valores utilizados foram valores médios, que posteriormente foram transformados em
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
110
percentagem para uma maior homogeneidade da proposta efetuada e também para conferir
uma certa flexibilidade. Estes valores foram também adaptados de acordo com as existências
do povoamento, com a classe de qualidade e com a estabilidade apresentada em termos de
povoamento.
TABELA 46 - Estimativa do ano de desbaste para o pinheiro-bravo no Perímetro Florestal de S. Mamede
Talhão/Parcela Ano de
desbaste Talhão/Parcela
Ano de desbaste
2 2020 9
2015
3 2019
2018
4 10b;15;16a 2018
5;11b; 12b;12c;14b
2021 11a;14c
2015
6
2015 2016
2020 12a; 13b,13c;14a 2016
2025
7;8;10a 2015
2017
TABELA 47 - Plano de cortes culturais para o Pinheiro-bravo
ANO DE CORTE
SÉRIE DE CORTES
TALHÕES
1º Quinquénio
1ª Série de cortes
3,4,6,7,8,9,10a,11a,12a,13b,13c,14a,14c,15,16a
2º Quinquénio
1.ª Série de cortes
2,5,6,11b,12b,12c,14b
3º Quinquénio
2ª Série de cortes
6
Durante o período de vigência deste PGF algumas parcelas deverão sofrer desbastes (Tabela
46), o qual deverão ser realizados segundo o plano da Tabela 47. Embora em alguns talhões a
intensidade de desbaste pudesse atingir 50% do povoamento, serão mais adequadas
intensidades da ordem dos 25-30%, de forma a permitir a estabilidade do povoamento.
Na área da Faixa de Gestão de Combustível da rede primária, cuja largura é de 125 metros,
serão efetuados desbastes no pinhal-bravo de forma a reduzir a continuidade horizontal do
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
111
arvoredo existente; sempre que necessário as ações de controlo da vegetação poderão
efetuar-se em intervalos de tempo mais reduzidos.
3.2.1.2 Plano de cortes finais
Para os povoamentos de pinheiro-bravo, os cortes finais ou de realização a efetuar deverão ser
cortes rasos, que implicam a remoção de todas as árvores do povoamento e são
especialmente adaptáveis às espécies de luz, boas produtoras de semente facilmente
disseminável pelo vento, para as quais não haja grandes exigências de proteção nas primeiras
idades. Deverão ser efetuados de forma a não danificar a regeneração natural. Durante o
período de vigência deste plano (2015-2027), apenas se prevê o corte final do talhão 1 onde
será efetuada uma arborização com carvalho-negral.
3.2.2 Castanheiro
“Na área do PNSSM o castanheiro é explorado visando a produção de madeira (castinçais) ou a
produção de castanha (soutos)”, restringindo-se a cultura intensiva desta espécie para
produção de madeira, fundamentalmente, “ao regime de talhadia quer por razões históricas,
quer por obtenção mais frequente de produção e menores períodos de espera pelos primeiros
rendimentos” (Pereira, 2001).
Ainda segundo este autor a talhadia de pequenas dimensões será aconselhável para as
talhadias de média qualidade e homogéneas, em estações com potencialidades médias, sendo
muito usada na região para cestaria; a produção de médias dimensões é indicada para as
talhadias vigorosas, regulares, com a maioria das varas direitas e pouco ramificadas.
Tendo por base as observações feitas no local e atendendo aos modelos de gestão definidos
por Monteiro & Patrício (1996), considera-se que as varas existentes no talhão 6 se enquadram
mais no modelo com objetivo “madeira de pequenas dimensões”. A rotação tradicional dos
cortes em povoamentos com este objetivo é de 25 - 30 anos, sendo para o objetivo “madeira
de médias dimensões” de 30 - 35 anos.
No caso dos povoamentos de castanheiro (S3) no Perímetro Florestal de S. Mamede, dado
tratar-se de um povoamento irregular explorado em alto fuste e talhadia, localizado em área
classificada, atravessada por corredor ecológico e por uma faixa de gestão de combustível
primária, as intervenções centrar-se-ão na seleção de varas, numa ótica de manutenção dos
povoamentos existentes. Assim, as ações preconizadas centrar-se-ão na rolagem (corte junto
ao solo das árvores mal conformadas), com seleção do melhor rebento de forma a melhorar a
forma da árvore e promover a dominância apical, a desramação, corte e seleção de varas,
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
112
controlo da vegetação espontânea, corte e remoção de árvores secas, adensamento de
clareiras com esta espécie e aproveitamento de regeneração natural. A altura a desramar
nunca deverá ser superior de 1/3 a 1/2 da altura total da árvore.
No caso dos povoamentos de castanheiro, os cortes finais serão cortes salteados, de modo a
não danificar a regeneração natural e assegurar a perpetuidade dos povoamentos, tanto
quanto possível por regeneração natural, bem como a proteção dos solos aos fenómenos
erosivos.
Os cortes salteados envolvem uma estratégia de escolha permanente sobre as árvores a retirar
da mata, baseadas em grande parte numa perspetiva de conhecimento bio-cultural das
espécies, que tornam este sistema de delicada aplicação. A priori, não existem regras sobre o
volume a retirar e o próprio diâmetro de explorabilidade funcionando apenas como um guia
indicador.
Não se prevê a realização de cortes finais para os povoamentos de castanheiro na vigência
deste PGF.
3.2.3 Carvalho-negral
No âmbito do protocolado entre o ICNF e a Ventoculto, Centrais Eólicas, Unipessoal, Lda., irá
ser efetuada uma arborização com carvalho-negral no talhão 1 do Perímetro Florestal da Serra
de S. Mamede, onde foi efetuado no primeiro semestre de 2014 um corte final do pinhal-bravo
existente (Figura 30). Este povoamento estava instalado em curva de nível, com a vala e
comoro ainda percetível.
A opção por esta espécie prende-se com a necessidade de promoção das espécies autóctones,
dando cumprimento ao estipulado no Plano de Ordenamento do PNSSM, nomeadamente aos
objetivos dos níveis de proteção onde se insere o PFSSM - Áreas de Proteção Parcial tipo I e II e
Complementar tipo I. Esta espécie encontra-se adaptada à estação e às condições
edafoclimáticas, além de contribuir para a redução da perigosidade de incêndio.
As intervenções propostas visam a realização das operações de preparação do solo e a
plantação de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), ao compasso de 4x3m num total de 10.000
plantas, conforme descrito no Quadro 47. Esta intervenção tem um valor de investimento de
€6.015,06, com um valor de €501,26 por hectare. De salientar que nesta intervenção as
operações de preparação do terreno serão realizadas por pessoal e maquinaria do ICNF.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
113
TABELA 48 - Descrição das intervenções para plantação de carvalho-negral
Intervenções Operações
Preparação do solo
Passagem de charrua paralela ao cômoro existente, para criação de local de plantação (a
executar pelo ICNF)
Plantação Plantação de carvalhos ao compasso 4x3m e
adubação.
Figura 31 - Parcelas de plantação de carvalho-negral
Ao longo do aceiro interior que separa os talhões 1 e 2 do Perímetro existem sobreiros e
bétulas em faixa. Dado que muitas das bétulas se encontram secas e/ou em mau estado
vegetativo pretende-se a substituição das árvores que secaram ou em vias de secar com a
instalação de lodão-bastardo (Celtis australis L.).
Esta espécie caducifólia, robusta e de porte mediano, é espontânea no centro e sul de
Portugal, suporta climas com períodos estivais secos, pluviosidade baixa e possui boa
resistência ao vento. Sendo pouco exigente em termos de solos desenvolve-se em solos
pobres em húmus, de húmido a seco, embora prefira solos pedregosos, profundos, frescos e
soltos, e é indiferente ao ph e cresce até 1200 metros de altitude. Rebenta de toiça ou de raiz
após corte ou passagem de fogo.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
114
Pretende-se assim instalar uma estrutura linear com lodão-bastardo e sobreiro. A distância
entre as plantas será de 10 metros, com abertura manual de covas.
3.2.4 Nogueiras
Na Quinta dos Olhos de Água existe uma parcela onde se encontram nogueiras dispersas
pretendendo-se efetuar uma arborização com esta espécie. Assim, preconiza-se a abertura
manual de covas e a plantação a um compasso de cerca de 5x5 metros.
3.3 APROVEITAMENTO DA REGENERAÇÃO NATURAL
Como alguns talhões/parcelas ocupados por pinheiro-bravo apresentam, para além da espécie
principal, regeneração natural de espécies autóctones como o sobreiro, o castanheiro e, em
menor abundância, carvalho-negral, preconiza-se para estes casos o aproveitamento da
mesma, no sentido de melhorar a estrutura dos povoamentos e, se possível, conseguir uma
conversão gradual destes povoamentos para povoamentos das outras espécies que aparecem
espontaneamente.
Nos talhões onde há regeneração natural de sobreiro e se houver necessidade de corrigir a
densidade, deve-se proceder ao controle da vegetação e limpezas de povoamento de modo a
libertar a regeneração da concorrência das espécies arbustivas e de outras árvores,
defendendo-as também da possibilidade de ocorrência de incêndios através da criação de
descontinuidade espacial (vertical e horizontal), isto em árvores que se apresentem numa fase
inicial do seu desenvolvimento. Posteriormente, para promover o crescimento de árvores com
fustes direitos deverão ser efetuadas podas/desramações nas árvores que apresentem
tendência para ramificar junto ao solo não devendo a altura a desramar ser superior a 1/3 da
altura total.
Nos talhões onde há maior abundância de regeneração de castanheiro, se necessário devem
efetuar-se limpezas quer de mato quer de povoamento de forma a eliminar a concorrência e
permitir um melhor desenvolvimento das árvores selecionadas. Se as árvores apresentarem
grande ramificação junto do solo e várias varas deverá ser efetuada a rolagem, ou seja, o corte
junto ao solo das árvores mal conformadas, seguida da seleção do melhor rebento,
melhorando a forma da árvore e promovendo a dominância apical. Para o aproveitamento da
regeneração natural de carvalho-negral, que aparece muito dispersa, em toda a unidade de
gestão, deverá efetuar-se o mesmo procedimento utilizado para a regeneração de castanheiro,
caso se justifique.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
115
Estas ações encontram-se em consonância com as orientações definidas no Plano de
Ordenamento do Parque Natural.
3.4 PROGRAMA DE GESTÃO DO APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NÃO LENHOSOS E OUTROS SERVIÇOS
ASSOCIADOS
3.4.1 Programa de gestão suberícola
Os povoamentos de Sobreiro, dado que se destinam principalmente à produção de cortiça,
serão submetidos a intervenções culturais e de descortiçamento. A extração de cortiça far-se-á
em ciclos mínimos de 9 anos, em pau batido, pelo que a próxima extração ocorrerá em 2021.
Assim, durante a vigência deste PGF ocorrerá uma extração.
No Perímetro Florestal de S. Mamede a área de sobreiro concentra-se nos talhões 16d e 17.
Existe ainda uma parcela (13a), onde existia uma grande densidade de sobreiro de
regeneração natural, em que foi efetuado o corte dos pinheiros existentes, pelo que nesta
parcela a espécie dominante é o sobreiro. A parcela 13b tem características semelhantes
pretendendo-se efetuar a mesma ação. Os sobreiros nestas parcelas ainda são jovens e não
foram descortiçados.
No Perímetro Florestal existem ainda dispersos sobreiros por toda a área, bem como umas
parcelas onde se encontram com outras espécies como o medronheiro (Parcela 16b), que
serão mantidos e conduzidos, preconizando-se a desbóia ao atingirem a idade mínima
legalmente estabelecida. Estas ações respeitam as orientações definidas para o Sítio.
Na Quinta dos Olhos de Água existe uma pequena parcela com sobreiros jovens que serão
igualmente desboiados ao atingirem a idade mínima legalmente estabelecida. Esta extração
coincidirá com os anos de descortiçamento indicados para o Perímetro Florestal de S.
Mamede.
No processo de aproveitamento da regeneração natural do Sobreiro, deverão ser efetuadas
podas de formação aos indivíduos com mais de 1,30 m de altura, em simultâneo com a
passagem do corta-mato, para que o fuste cresça com uma forma favorável à exploração
suberícola. Tendo em vista uma melhor gestão de meios e consequente racionalidade
económica prevê-se que a ação de podas de formação percorra a totalidade da área de
produção, preconizando-se que seja efetuada dois anos antes do ano de descortiçamento.
Procurar-se-á programar as ações de controlo da vegetação para que não sejam efetuadas nos
dois anos antes que antecedem o ano de descortiçamento, nem nos dois anos seguintes. O
controlo da vegetação deverá ser efetuado com recurso a corta-matos. A utilização desta
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
116
técnica permitirá minimizar os riscos de erosão e melhorar a capacidade regenerativa do solo
devendo ser uma prática obrigatória nas áreas públicas.
Sendo efetuadas com recurso a corta-matos o desenvolvimento da vegetação tenderá a ser
maior, o que poderá obrigar a estabelecer uma maior periodicidade. Considera-se uma
periodicidade de 5 anos, passível de alteração consoante o desenvolvimento do coberto
arbustivo e sub-arbustivo.
3.4.2 Pinheiro-manso
O povoamento de pinheiro-manso existente localiza-se em S. Salvador, sendo constituído por
árvores adultas, preconizando-se a sua condução para produção de fruto, embora se considere
ser uma área de conservação. O controlo da vegetação será efetuado com recurso preferencial
a corta-matos, sendo a periodicidade compatível com o fato de se enquadrar numa Faixa de
Gestão de Combustível primária.
3.4.3 Castanheiro
Na Quinta dos Olhos de Água existe um povoamento adulto para produção de fruto (souto),
que se pretende manter. Assim, para esta área apenas se preconiza o controlo da vegetação e
o aproveitamento da regeneração natural da espécie.
3.4.4 Programa de gestão de outros serviços associados
Não se prevê a exploração silvopastoril nestas áreas. Existindo potencialidades para
exploração apícola será de encarar esta possibilidade caso se constate interesse por
apicultores da região. Não tem existido uma exploração económica dos recursos fúngicos.
3.5 OUTRAS AÇÕES DE BENEFICIAÇÃO FLORESTAL
Todos os talhões deverão ser sujeitos a ações de controlo da vegetação espontânea em ciclos
de 5 anos, de forma a diminuir a carga combustível e consequente risco de incêndio, e para
facilitar a execução das restantes ações de gestão destas áreas. Nas áreas de povoamentos de
sobreiro esta periodicidade terá de se adaptar aos anos de extração de cortiça.
Dado que o desenvolvimento da vegetação não é uniforme, sempre que se verifique a
existência de carga de combustível que implique um risco elevado de incêndio deverá ser
efetuado o devido ajustamento ao programa de ações preconizado. Assim, deverá ser
efetuada uma monitorização do desenvolvimento da vegetação no final do primeiro
quinquénio, adequando-se, caso se revele necessário, o programa das ações para o restante
período de vigência do plano.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
117
Existem parcelas onde se poderá encarar a título experimental a utilização do fogo controlado,
desde que não exista regeneração natural de sobreiro ou sobreiros em produção, em locais
criteriosamente selecionados. Estas parcelas de experimentação permitirão avaliar a dinâmica
sucessional da vegetação após o fogo, reduzindo igualmente os custos do controlo da
vegetação. Nas parcelas dominadas por sobreiro, deverão ser evitadas ações que possam vir a
afetar a capacidade regenerativa do solo ou a qualidade da cortiça.
Para a galeria ripícola são preconizadas ações de manutenção, com controlo manual da
vegetação e corte e remoção de árvores secas.
No ponto 3.8 encontram-se discriminadas as ações previstas durante a vigência deste Plano,
sendo individualizadas anualmente para o 1º quinquénio já que se irá efetuar uma
monitorização das ações.
3.6 PROGRAMA DE INFRAESTRUTURAS
Na FGC da rede primária, além dos desbastes culturais deverão ser efetuadas ações de
controlo da vegetação com uma periodicidade bianual, embora condicionada ao
desenvolvimento do sob-coberto arbustivo e herbáceo.
Foram consideradas faixas de gestão de combustível (FGC) numa área envolvente de 7 metros
nas linhas de transporte de eletricidade de média tensão, de 15 metros no marco geodésico e
de 50 metros nas envolventes das áreas sociais e viveiro, posto de vigia e dos aerogeradores.
Nestas áreas deverão efetuar-se ações de controlo da vegetação espontânea com uma
periodicidade bianual.
Existe ainda uma faixa de 10 metros envolvente da estrada asfaltada preconizando-se a sua
limpeza com uma periodicidade bianual.
Os caminhos poderão sofrer reparações e melhorias esporádicas, quando o seu estado assim o
justifique, considerando-se adequado programar a sua manutenção com uma periodicidade de
5 anos.
A rede divisional é constituída por aceiros e arrifes. Os aceiros perimetrais e interiores deverão
ser limpos com periodicidade bianual, podendo esta ação ser efetuada de uma forma
desfasada. O controlo da vegetação revela-se indispensável já que permitirá minimizar os
riscos de incêndio. A periodicidade na execução desta ação poderá ser alterada total ou
parcialmente em consequência da monitorização que deve ser feita anualmente.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
118
3.7 PROGRAMA DAS OPERAÇÕES SILVÍCOLAS MÍNIMAS
As Faixas de Gestão de Combustível (FGC) são faixas de interrupção e de redução do material
combustível, podendo ser de redução (FRC) ou de interrupção (FIC). Enquanto nas primeiras se
procede à remoção parcial do material combustível de superfície, supressão da parte inferior
das copas e abertura de povoamentos, nas segundas a remoção do material combustível é
total.
As FGC têm como função:
Redução da superfície percorrida por incêndios de grandes dimensões, facilitando a
intervenção direta de combate, quer na frente de fogo, quer nos seus flancos;
Diminuição dos efeitos da passagem de incêndios de grandes dimensões protegendo,
passivamente, as vias de comunicação, as infraestruturas e equipamentos sociais,
zonas edificadas, bem como os povoamentos florestais de valor especial;
Isolamento de potenciais focos de ignição de incêndios, tais como as faixas paralelas às
linhas elétricas ou à rede viária, as faixas envolventes aos parques de recreio, entre
outros.
Serão efetuadas ações de desbaste cultural e de controlo da vegetação na área abrangida pela
FGC da rede primária e ações de controlo da vegetação com periodicidade bianual na área da
FGC da rede secundária e da rede terciária. A periodicidade na execução das ações previstas
poderá ser alterada em consequência da monitorização anual que deverá ser feita.
Em termos de defesa contra agentes bióticos deverão ser utilizados meios de combate e de
prevenção como a instalação de armadilhas contra a processionária dispersas pela área de
pinhal. Preconiza-se a instalação na área de pinhal de armadilhas para captura de borboletas.
Não sendo a intensidade da praga muito forte, preconiza-se uma densidade de uma armadilha
por cada três hectares, adquirindo-se dois conjuntos de cápsulas de feromonas que serão
colocadas durante um ano, após o que deverá ser efetuada uma reavaliação da situação. Caso
a intensidade da praga venha a aumentar deverá ajustar-se o número das armadilhas para o
tecnicamente aconselhado (uma por cada três hectares em áreas homogéneas). As árvores
secas e/ou com sintomatologia deverão ser cortadas e queimadas.
Sendo as linhas de água sistemas de drenagem natural e elementos da paisagem que
permitem o desenvolvimento de sistemas bióticos de grande diversidade e geralmente de
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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119
contraste com a envolvente será assegurada a sua proteção, não sendo efetuadas
mobilizações na sua área envolvente.
Preconiza-se ainda a sinalização dos talhões, particularmente no Perímetro Florestal da Serra
de S. Mamede com a utilização de placas.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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120
3.8 GESTÃO FLORESTAL PRECONIZADA
TABELA 49 - Programação das ações
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
DIMENSÃO PREVISTA (ha)
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Arborização
Instalação
1a,1b
12,0 - - - - - -
Retancha - 12,0 - - - - -
Controlo de vegetação espontânea
- - - - - 12,9 12,9
Instalação de nogueiras QOAc - 0,82 - - - - -
Beneficiação
Adensamento com castanheiro
6a,6b,QOAe 2,0 2,34 - - - 13,6 -
Auto de marca
7,8,9,10a,11a,14c 58,3 - - - - - -
11a,12a,13b,13c,14a,14c - 59,1 - - - - -
7,8,10a - - 43,2 - - - -
9,10b,15,16a - - - 44,9 - - -
2a,2b,2c,3,4 - - - - 42,5 - -
5,11b,12b,12c,14b,QOAi - - - - - 27,5 -
S. Salvador - - - - - - 0,16
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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121
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
DIMENSÃO PREVISTA (ha)
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiação
Controlo vegetação espontânea em pinhal-
bravo
1c,2b,12c 6,0 - - - 2,9 - -
16f - 1,1 - - 1,1 1,1 1,1
1c - - - 0,6 - - -
7,8,9,10a,11a,14c - - - - - 58,3 58,3
1c,11a,12a,13b,13c,14a,14c - - - - - 59,2 -
7,8,10a - - - - - 43,2 -
9,10b,15,16a - - - - - 44,9 -
1c,2a,2b,2c,3,4 - - - - - 43,1 -
5,11a,11b,12a,12b,12c,13b, 13c,14a, 14b,14c
- - - - - - 86,3
1c,7,8,10a - - - - - - 43,9
QOAi - 0,4 - - - 0,4 0,4
Desbaste de pinheiro-bravo e remoção de
despojos
7,8,9,10a,11a,14c 58,3 - - - - - -
11a,12a,13b,13c,14a,14c - 59,1 - - - - -
7,8,10a - - 43,2 - - - -
9,10b,15,16a - - - 44,9 - - -
2a,2b,2c,3,4 - - - - 42,5 - -
5,11b,12b,12c,14b - - - - - 27,1 -
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122
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
DIMENSÃO PREVISTA (ha)
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiação
Controlo vegetação espontânea na área de
Sobreiro
16d - 1,2 - - 1,2 - -
13a,17 - - 13,1 - - - -
16b - - - - - 1,0 0,5
17 - - - - - 10,5 11,7
13a,16d - - - - - 3,9 -
QOAd 0,26 - - 0,26 - 0,78 0,52
Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e
desramação de pinheiros-bravos, corte
de árvores secas, controlo vegetação
manual, seleção e poda de formação de
castanheiros, sobreiros e azinheiras
6a,6b 14,3 - - - - 14,3 14,3
Controlo vegetação em pinhal-manso
S. Salvador 0,16 - - 0,16 - 0,32 0,16
Controlo de vegetação espontânea
QOAe, QOAg, QOAh, QOAj 2,34 0,65 5,01 2,84 - 6,32 6,32
Desbaste em pinheiro-manso
S. Salvador - - - - - - 0,16
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TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
DIMENSÃO PREVISTA (ha)
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiação
Podas de formação em sobreiro
16d - 1,2 - - - - -
16b - - 0,5 - - - -
13a - - - - - 2,7 -
QOAd - - - 0,26 - 0,26 -
Desbaste cultural de azinheira, podas de
formação QOAg 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01
Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas
QOAb 0,16 - - 0,16 - 0,32 0,16
Eliminação de acácias 14a,14b,15,16a,16f 54,7 54,7 54,7 54,7 54,7 - -
Extração de cortiça 13a,16b,16d,17 - - - - - 14,8 14,8
Intervenção fitossanitária
Controlo da processionária
Área de pinhal-bravo - 272,8 - - - - -
Sinalização de talhões - - - - - - - -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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TABELA 50 - Custo das ações de intervenção florestal
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
CUSTOS PREVISTOS ( € )
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Arborização
Instalação
1a,1b
6015,1 - - - - - -
Retancha - 1921,9 - - - - -
Controlo de vegetação espontânea
- - - - - 5060,0 6156,3
Instalação de nogueiras QOAe - 531,9 - - - - -
Beneficiação
Adensamento com castanheiro
6a,6b,QOAe 2382,2 - - - - 19708,6 -
Auto de marca
7,8,9,10a,11a,14c 8488,5 - - - - - -
11a,12a,13b,13c,14a,14c - 8949,2 - - - - -
7,8,10a - - 9158,1 - - - -
9,10b,15,16a - - - 9899,3 - - -
2a,2b,2c,3,4 - - - - 9744,9 - -
5,11b,12b,12c,14b, QOAi - - - - - 6820,1 -
S. Salvador - - - - - - 50,2
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
125
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
CUSTOS PREVISTOS ( € )
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiação
Controlo vegetação espontânea em pinhal-
bravo
1c,2b,12c 2033,9 - - 228,8 1150,0 - -
16f - 387,8 - - 436,2 471,8 552,0
7,8,9,10a,11a,14c - - - - - 24044,7 29254,1
1c,11a,12a,13b,13c,14a,14c
- - - - - 25392,5 -
7,8,10a - - - - - 19270,9 -
9,10b,15,16a - - - - - 20830,4 -
1c,2a,2b,2c,3,4,15 - - - - - 20795,1 -
5,11a,11b,12a,12b,12c,13b, 13c,14a, 14b,14c
- - - - - - 45036,2
1c,7,8,10a - - - - - - 23825,9
QOAi - 141,0 - - - 165,0 200,7
Controlo vegetação espontânea na área de
Sobreiro
16d - 337,2 - - 379,3 - -
13a,17 - - 3828,3 - -
16b - - - - - 349,3 200,0
17 - - - - - 3882,7 -
13a,16d - - - - - 1386,7 -
16d,17 - - - - - - 5557,1
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
126
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
CUSTOS PREVISTOS ( € )
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Beneficiação
Controlo vegetação espontânea na área de
Sobreiro
13a - - - - - - 1168,0
QOAd 70,2 - - 82,2 - 185,0 338,7
Podas de formação
16d - 124,4 - - - - -
16b - - 53,9 - - - -
13a - - - - - 354,1 -
QOAd - - - 29,2 - 36,9 -
Extração de cortiça 13a,16b,16d,17 - - - - - - -
Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e
desramação de pinheiros-bravos, corte
de árvores secas, controlo vegetação
manual, seleção e poda de formação de
castanheiros, sobreiros e azinheiras
6a,6b 8316,4 - - - - 10118,2 12310,3
Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas
QOAb 51,8 - - 58,0 - 138,7 82,6
Controlo de vegetação QOAe, QOAg, QOAh, 632,2 402,3 3225,1 1045,9 - 7569,3 8192,4
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
127
TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/
PARCELA
CUSTOS PREVISTOS ( € )
1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
espontânea QOAj
Beneficiação
Controlo de vegetação em pinhal-manso
S. Salvador 95,7 - - 107,1 - 251,0 152,5
Desbaste cultural de azinheira, podas de
formação QOAg 3495,6 3635,3 3780,8 3932,0 4089,3 4975,3 6053,1
Eliminação de acácias 14a,14b,15,16a,16f 52684,0 54791,3 56983,0 59262,3 61632,8 - -
Sinalização de talhões - 150,0 - - - - - -
Intervenção fitossanitária
Controlo da processionária
- - 1422,6 - - - - -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
128
TABELA 51 - Ações para a rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível
TIPOLOGIA PRÉDIO AÇÃO DIMENSÃO PREVISTA (Ha/km)
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 2º quinq 3º quinq
Infraestruturas e ações de DFCI
Perímetro Florestal S. Mamede
Beneficiação da rede divisional Exterior 17,7 17,7 17,7 35,0 35,0
Interior - 8,3 - 8,3 - 24,9 8,3
Beneficiação da rede viária 10,3 - 13,03 - - 23,2 -
Rede secundária
FGC (linha de média tensão)
0,8 - 0,8 - 0,8 1,6 1,6
FGC (área social) - 0,1 - - 0,1 0,1 0,1
FGC (estrada) - 5,7 - - 5,7 5,7 5,7
Quinta dos Olhos de Água
Beneficiação da rede divisional exterior 0,35 - 0,35 - 0,35 0,70 0,70
Beneficiação da rede viária - - - - - - -
Rede secundária
FGC (área social)
FGC (linha de média tensão)
0,06 - 0,06 - 0,06 0,12 0,12
S. Salvador Rede secundária FGC (linha de média
tensão) 0,003 - - 0,003 - 0,006 0,003
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
129
TABELA 52 - Custos das ações a realizar na rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível
TIPOLOGIA PRÉDIO AÇÃO
DIMENSÃO PREVISTA (Ha/km)
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 2º
quinq 3º
quinq
Infraestruturas e ações de DFCI
Perímetro Florestal S. Mamede
Beneficiação da rede divisional Exterior 5783,1 - 6255,0 - 6765,4 15231,9 17819,2
Interior - 1410,2 - 1525,2 - 5363,9 2087,4
Beneficiação da rede viária 9910,7 - 13560,6 - - 28556,5 34743,4
Rede secundária
FGC (linha de média tensão)
261,4 - 282,7 - 305,8 688,4 805,4
FGC (área social) - 17,0 - - 19,1 21,5 24,2
FGC (estrada) - 968,4 - - 1089,3 1225,4 1378,4
Quinta dos Olhos de Água
Beneficiação da rede divisional exterior 114,4 - 123,7 - 133,8 301,2 352,4
Beneficiação da rede viária - - - - - - -
Rede secundária
FGC (área social) - - - - - - -
FGC (linha de média tensão)
19,6 - 21,2 - 22,9 51,6 60,4
S. Salvador Rede secundária FGC (linha de média
tensão) 1,0 - - 1,1 - 2,6 1,6
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
130
4. BALANÇO ECONÓMICO E FINANCEIRO PREVISIONAL
Na Tabela 53 encontra-se discriminado o Balanço Económico e Financeiro Previsional para o
período de vigência do PGF (13 anos). Verifica-se pela análise da Figura 32 que o maior
investimento será para a beneficiação. Não devemos esquecer que esta Mata constitui ainda
uma Floresta Modelo, definida pelo PROF.
TABELA 53 - Balanço económico e financeiro
TIPOLOGIA ACÇÃO CUSTO
ESTIMADO (€)
RECEITAS (€)
Arborização Preparação do terreno, plantação, retancha 8614,0 -
Ações de beneficiação
Controlo vegetação na linha na área arborizada 11216,4 -
Adensamento na área de Castanheiro 22090,8 -
Auto de marca 53110,2 -
Controlo vegetação espontânea em pinhal-bravo 213695,1 -
Controlo de vegetação espontânea em Sobreiro 15411,3 -
Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e desramação de pinheiros-
bravos, corte de árvores secas, controlo vegetação manual, seleção e poda de formação de castanheiros,
sobreiros e azinheiras
30745,0 -
Controlo vegetação manual em pinhal-manso (S. Salvador) e em povoamentos mistos (QOA)
20655,0 -
Podas de formação em sobreiro 4013,9 -
Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas
331,1 -
Desbaste cultural de azinheira 25681,3 -
Eliminação de acácias 285353,4 -
Sub-total
682303,5 -
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
131
TIPOLOGIA ACÇÃO CUSTO
ESTIMADO (€)
RECEITAS (€)
Infraestruturas e ações de DFCI
Manutenção da rede divisional periférica 51854,5 -
Manutenção da rede divisional interior 10386,6 -
Manutenção da rede viária 86771,3 -
FGC (estrada no P. F. S.Mamede) 4661,5 -
FGC (linha de média tensão) 2343,7 -
FGC (área social) 81,8 -
Sub-total 156099,3 -
Outras intervenções
Controlo da processionária 1422,6 -
Sinalização 150,0 -
Descortiçamento - 8050,0
Desbastes culturais em pinhal - 471933,8
Sub-total 1572,6 479983,8
TOTAL 848589,5 479983,8
Figura 32 - Distribuição das despesas por tipologia
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
132
As receitas previstas para o período de vigência deste plano de gestão florestal (2015- 2027)
resultam dos cortes culturais previstos bem como da extração de cortiça secundeira.
Figura 33 - Relação entre despesas e receitas para o período de vigência do plano
Pela análise da Figura 33 poderemos constatar que as despesas superam as receitas previstas.
No entanto, atendendo a que as infraestruturas são normalmente efetuadas com recursos
próprios, a que a área ocupada com sobreiros ainda não se encontra em plena produção e a
que se prevê a realização de cortes finais faseados no Perímetro Florestal da Serra de S.
Mamede a partir de 2030, esta tendência tenderá a inverter-se.
5. PERÍODO DE REVISÃO DO PLANO
Este Plano deve ser revisto em cada período de 5 anos, efetuando-se uma monitorização anual
das ações previstas e realizadas. Tendo sido instaladas parcelas permanentes de inventário
deverão ser analisados os parâmetros dendrométricos e de qualidade da estação de forma a
analisar a evolução dos povoamentos. Deverá ser igualmente efetuada com a mesma
frequência uma análise sobre as ações previstas e realizadas, de forma a adaptar, sempre que
se revele necessário, o programa adotado.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
133
6. BIBLIOGRAFIA
ALEGRIA, C. M. M., 2004. Lições de Dendrometria e Inventário Florestal II. Instituto Politécnico
de Castelo Branco. Escola Superior Agrária. Castelo Branco (187 pp.).
ALFA, 2004. Tipos de Habitats Naturais e Semi-Naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE
(Portugal Continental): Fichas de caracterização Ecológica e de Gestão para o Plano
Sectorial da Rede Natura 2000. Relatório. Lisboa.
COBA, 2003. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Caracterização.
Instituto de Conservação da Natureza.
Cabral MJ (Coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME,
Palmeirim JM, Queirz AL, Rogado l & Santos-Reis M (eds) (2005). Livro Vermelho dos
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COSTA, J. C., AGUIAR, C., CAPELO, J. H., LOUSÃ, M. & NETO, C., s/ data. Biogeografia de Portugal
Continental (URL:
http://www3.uma.pt/alfa/biogeografia/artigo_biogeog_pt_JCCosta.pdf, acesso em 07-
11-2012).
DGRF, 2006. Normas para a produção de cartografia relativa a Planos de Gestão Florestal das
Matas Nacionais e Perímetros Florestais. Documento de Trabalho, Versão 1.1.
DGRF, 2007, Identificação e Monitorização de pragas e doenças em povoamentos florestais.
Edmundo Manuel R. de Sousa, Mafalda Evangelista & José Manuel Rodrigues (Eds.).
Direção-Geral dos Recursos Florestais. Lisboa. 175 pp. ISBN 978-972-8097-68-4.
FEIO, M. & ALMEIDA, G., 1980. A Serra de S. Mamede. Finisterra, Volume XV, nº 29: 33-52. Centro
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FERREIRA, A. G., GONÇALVES, A. C., PINHEIRO, A.C., GOMES, C.P., ILHÉU, M., NEVES, N., RIBEIRO, N.A. &
SANTOS, P., 2001, Plano Específico de Ordenamento Florestal para o Alentejo. Ferreira,
A. G. e Gonçalves, C. (Eds). Universidade de Évora. 200 pp.
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Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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ANEXO 1 - CARTOGRAFIA
Grupo I - Peças cartográficas relativas ao documento de avaliação
Carta 1 – Carta de Localização do PFSSM
Carta 2 – Carta de Localização da QOA e S. Salvador
Carta 3 – Carta Hipsométrica do PFSSM
Carta 4 – Carta Hipsométrica da QOA e S. Salvador
Carta 5 – Carta de Declives do PFSSM
Carta 6 – Carta de Declives da QOA e S. Salvador
Carta 7 – Carta de Orientações de Encostas do PFSSM
Carta 8 – Carta de Orientações de Encostas da QOA e S. Salvador
Carta 9 – Carta de Solos do PFSSM
Carta 10 – Carta de Solos da QOA e S. Salvador
Carta 11 – Carta Hidrográfica do PFSSM
Carta 12 – Carta Hidrográfica da QOA e S. Salvador
Carta 13 – Carta das Características Diagnóstico no Perímetro Florestal de S. Mamede
Carta 14 – Carta das Características Diagnóstico na QOA e S. Salvador
Carta 15 – Carta da Ocupação do Solo no PFSSM
Carta 16 – Carta da Ocupação do Solo na QOA e São Salvador
Carta 17 – Carta de Habitats do PFSSM
Carta 18 – Carta de Habitats da QOA e S. Salvador
Carta 19 – Carta das Restrições de Utilidade Pública no PFSSM
Carta 20 – Carta das Restrições de Utilidade Pública na QOA e S. Salvador
Carta 21 – Carta de Perigosidade do PFSSM
Carta 22 – Carta de Perigosidade da QOA e S. Salvador
Carta 23 - Carta de Risco de incêndio do PFSSM
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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Carta 24 - Carta de Risco de Incêndio da QOA e S. Salvador
Carta 25 - Carta de Bacias de Visibilidade do PFSSM
Carta 26 - Carta de Bacias de Visibilidade da QOA e S. Salvador
Carta 27 – Carta de Infra-estruturas Florestais no PFSSM
Carta 28 – Carta de Infra-estruturas Florestais na QOA e S. Salvador
Carta 29 – Carta de Infraestruturas DFCI no PFSSM
Carta 30 – Carta de Infraestruturas DFCI na QOA e S. Salvador
Grupo II – Peças cartográficas relativas ao modelo de exploração
Carta 31 - Carta dos pontos de inventário do PFSSM
Carta 32 – Carta de aptidão potencial para o Pinheiro-bravo no PFSSM
Carta 33 – Carta de aptidão potencial para o Sobreiro no PFSSM
Carta 34 - Carta de aptidão potencial para o Castanheiro no PFSSM
Carta 35 - Carta de aptidão potencial para o Pinheiro-bravo na QOA e S. Salvador
Carta 36 - Carta de aptidão potencial para o Sobreiro na QOA e S. Salvador
Carta 37 - Carta de aptidão potencial para o Castanheiro na QOA e S. Salvador
Carta 38 - Carta de aptidão potencial para a Azinheira na QOA e S. Salvador
Carta 39 – Carta das Ações no Ano 1 para o PFSSM
Carta 40 – Carta das Ações no Ano 1 para a QOA e S. Salvador
Carta 41 – Carta das Ações no Ano 2 para o PFSSM
Carta 42 – Carta das Ações no Ano 2 para a QOA e S. Salvador
Carta 43 – Carta das Ações no Ano 3 para o PFSSM
Carta 44 – Carta das Ações no Ano 3 para a QOA e S. Salvador
Carta 45 – Carta das Ações no Ano 4 para o PFSSM
Carta 46 – Carta das Ações no Ano 4 para a QOA e S. Salvador
Carta 47 – Carta das Ações no Ano 5 para o PFSSM
Carta 48 – Carta das Ações no Ano 5 para a QOA e S. Salvador
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador
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ANEXO 2
TABELA 54 – Equivalência genérica entre os modelos de combustível do USDA Forest Service e as formações florestais portuguesas (Fonte: Fernandes, 2009)
GRUPO: Herbáceo
MODELO DESCRIÇÃO GENÉRICA APLICAÇÃO
1
Pasto fino, seco e baixo, com altura abaixo do joelho, que cobre completamente o solo. Os matos ou as árvores cobrem menos de 1/3 da superfície. As pastagens com espécies anuais são exemplos típicos.
Fogo muito rápido, de intensidade reduzida a moderada.
Montado. Pastagens anuais ou perenes. Restolhos
2
Pasto contínuo, fino, seco e baixo, com presença de matos ou árvores que cobrem entre 1/3 e 2/3 da superfície.
Os combustíveis são formados pelo pasto seco, folhada e ramos caídos da vegetação lenhosa. Fogo rápido e moderadamente intenso.
Matrizes mato/herbáceas resultantes de fogo frequente (e.g. giestal). Formações lenhosas diversas (e.g. pinhais, zimbrais, montado). Plantações florestais em fase de instalação e nascedio.
3
Vegetação herbácea alta (à volta de 1m). 1/3 ou mais está seco.
Fogo extremamente rápido e muito intenso.
Campos cerealíferos (antes da ceifa). Pastagens altas. Feteiras. Juncais.
4
Mato alto (1,8 m e mais), estreme ou sobcoberto arbóreo.
Fogo muito rápido de intensidade extrema. A possibilidade de propagação pode ser condicionada pela humidade do combustível vivo e velocidade do vento. Em formações florestais o fogo transmite-se às copas.
Qualquer formação que inclua um estrato arbustivo alto e contínuo (horizontal e verticalmente), especialmente com % elevadas de combustível morto: carrascal, tojal, urzal, esteval, acacial.
Formações arbóreas jovens e densas (fase de novedio) e não caducifólias.
5
Mato baixo jovem ou “verde”, com ou sem coberto arbóreo.
Fogo rápido de intensidade moderada. Em situações não arborizadas a possibilidade de propagação pode ser condicionada pela humidade do combustível vivo e velocidade do vento. Numa formação florestal a possibilidade de fogo de copas estará muito dependente da sua estrutura.
Qualquer formação arbustiva jovem ou com pouco combustível morto. Sub-bosque florestal dominado por silvas, fetos ou outra vegetação sub-lenhosa verde.
Eucaliptal (> 4 anos de idade) com sub-bosque arbustivo baixo e disperso, cobrindo entre 1/3 e 1/2 da superfície.
Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de
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6
Mato de porte variável (mais vulgarmente até 1,2 m), com presença expressiva de combustível morto, com ou sem coberto arbóreo.
Fogo rápido de intensidade moderada a elevada. Em situações não arborizadas a possibilidade de propagação pode ser condicionada pela velocidade do vento. Numa formação florestal a possibilidade de fogo de copas estará dependente da sua estrutura.
Situações de dominância arbustiva não enquadráveis nos modelos 4 e 5.
Regeneração de Quercus pyrenaica (antes da queda da folha)
8
Folhada compacta, de coníferas de agulha curta ou de folhosas de folha plana não muito grande.
Fogo bastante lento e de muito reduzida intensidade. Não há possibilidade de transmissão do fogo ao estrato arbóreo
Formações florestais ou pré-florestais sem sub-bosque: carvalhos mediterrânicos, carvalhais, e castanheiro no Verão, medronhal maduro, vidoal, folhosas ripícolas, choupal, eucaliptal jovem, cupressáceas e restantes resinosas de agulha curta
GRUPO: Manta morta
MODELO DESCRIÇÃO GENÉRICA APLICAÇÃO
9
Folhada pouco compacta, de coníferas de agulha média a comprida ou folhosas de folha grande e ondulada.
Fogo lento e pouco intenso. O fogo de copas é possível em pinhais sem descontinuidade vertical suficiente.
Formações florestais sem sub-bosque: pinhais, carvalhais e castanheiro no Inverno, eucaliptal (> 4 anos de idade).
11
Carga reduzida, constituída por resíduos recentes e espaçados, formando um estrato pouco compacto e baixo (à volta de 0,3 m).
Fogo lento de intensidade moderada, mas com potencial de transmissão vertical ao copado, produção de focos secundários e reacendimento.
Formações florestais sujeitas a operações de desramação e desbaste, seleção de toiças (eucaliptal) ou a cortes parciais ligeiros.
12
Carga moderada, constituída por resíduos de exploração que formam um estrato contínuo até 0,6 m de altura.
Fogo moderadamente rápido e de intensidade elevada. O potencial de produção de focos secundários e de reacendimento é elevado.
Formações florestais sujeitas a desbaste ou corte parcial intensos, ou a corte raso