Post on 22-Apr-2015
PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUÇÃO CIENTÍFICAPÓS-GRADUAÇÃO E PRODUÇÃO CIENTÍFICA
José Rodrigues CouraJosé Rodrigues CouraLaboratório de Doenças ParasitáriasLaboratório de Doenças ParasitáriasMedicina TropicalMedicina TropicalInstituto Oswaldo Cruz - FiocruzInstituto Oswaldo Cruz - FiocruzRio de JaneiroRio de Janeiro
CONCEITO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Geral – Qualquer estudo realizado após a graduação para complementar conhecimentos adquiridos.
Lato sensu – Aperfeiçoamento, especialização, extensão ou outros cursos com mais de 360 horas relacionados a uma determinada profissão.
Stricto sensu – Mestrado e Doutorado para formação de professores, pesquisadores, educadores e cientistas capazes de desenvolver novos conhecimentos e formarnovas gerações em sua área do conhecimento.
ORIGEM DA PÓS-GRADUAÇÃO
• A pós-graduação é quase tão antiga quanto a própria Universidade.
• O primeiro grau acadêmico foi conferido pela Universidade Bolonha na Itália em meados do século XII. Doutorado do latin “Docere”.
• Naquela época existiam apenas 5 Universidades: a de Salermo e Bolonha na Itália, a de Montpellier e de Paris na França e a de Oxford na Inglaterra.
• A “licencia docenti” era conferida inicialmente pelos Cardeais, que permitiam ou não a abertura de outras escolas além da Catedral.
• A figura dos “Guias de Mestres” foi a primeira representação livre da supervisão eclesiástica.
• As grandes Escolas como Paris e Bolonha proclamavam-se Centros de Excelência e a um Doutor daquelas Escolas era permitido ensinar em qualquer lugar. Recebiam alunos de várias partes do mundo.
• A Universidade Européia atingiu o seu apogeu nos séculos XIII, XIV e XV, antes do conflito religioso.
• O conflito religioso iniciado na Alemanha com o protestantismo de Martin Luther (Lutero), no século XVI, causou uma verdadeira revolução na Universidade européia.
• Lutero, monge agostianiano, Doutor em Teologia e Professor da Universidade de Wittenberg, lutou pela liberdade cristã da relação com Deus, contra os dogmas da igreja, da corrupção e da indulgência de Leão X em troca da construção da nova Basílica de São Pedro, em Roma.
• O descrédito da universidade dogmática, da fé contra a verdade científica, motivou a criação da Academia de Berlim e da Royal Society na Inglaterra. A recusa de Leibniz em aceitar uma cátedra em qualqueruniversidade alemã e a retirada da educação dos nobres das universidades sob supervisão eclesiástica na França e Alemanha era um sinal da decadência universitária.
O CONFLITO RELIGIOSO E DESCRÉDITO DA UNIVERSIDADE NA EUROPA
PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL
• A pesquisa e o ensino de pós-graduação no Brasil nasceram fora da Universidade, nas Santas Casas e Institutos de Pesquisa.
• A pesquisa na área da Medicina Tropical nasceu com a Escola Tropicalista Bahiana, nos Institutos Bacteriológico e Butantã de São Paulo e no Instituto Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro.
• Em 1897 Nina Rodrigues teve a sua “Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia do “Terreiro de Jesus” negada para publicação porque vinculava o ensino à pesquisa.
• Somente em 1901 foi criado o ensino obrigatório de microbiologia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que tinha apenas um microscópio para o ensino prático de 150 alunos.
• O primeiro curso de pós-graduação do Brasil foi o Curso de Aplicação de Manguinhos criado em 1908/1909 com a duração de dois anos.
• Em 1951 foram criados o CNPq pelo Almirante Alvaro Alberto e a CAPES por Anisio Teixeira, institucionalizando a pesquisa e a pós- graduação Sensu lato.
• A comunidade científica brasileira vem sendo influenciada pelo chamado “fator de impacto” das revistas onde publicam os seus trabalhos.
• Um dos indicadores aceitos pelos pesquisadores e pelas agências financiadoras de pesquisa e pós-graduação (CNPq e CAPES) é o Science Citation Index do Institute for Scientific Information (ISI).
• O ISI indexa mais de 16.000 periódicos, dos quais apenas 16 são brasileiros. Na área médica 4 revistas são indexadas pelo ISI.
• O fator de impacto é calculado dividindo-se o número de vezes que os artigos de uma revista são citados nos dois anos anteriores.
FATOR DE IMPACTO, PRODUÇÃO CIENTÍFICA E QUALIDADE DAS REVISTAS MÉDICAS BRASILEIRAS
A INDEXAÇÃO PELO SCIELO (Scientific Electronic Library On-line) da BIREME
• O Scielo é mais democrático do que o ISI: indexa aproximadamente
100 das 500 revistas brasileiras (20%)• As revistas indexadas pelo Medline/Index Medicus ou Pub-Med são
indexadas automaticamente pelo Scielo• Os critérios do Scielo a nosso ver são mais adequados à realidade
brasileira do que os critérios do ISI• O Scielo tem um Conselho Editorial de alto nível que avalia
periodicamente as revistas a serem indexadas• O Scielo inclui também revistas de boa qualidade não indexadas
pelo ISI como a RSBMT e IMTSP
NÚMERO DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA CAPES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E EM MEDICINA DE 2001 A 2006Ano Programas Total Mestrado Doutorado Mestrado
DoutoradoOutros
2001 C. SaúdeMedicina
303149
8323
1310
193114
72
2002 C. SaúdeMedicina
329163
9931
1310
198118
112
2003 C. SaúdeMedicina
360179
11835
1411
207129
132
2004 C. SaúdeMedicina
368179
11632
1411
215132
234
2005 C. SaúdeMedicina
389187
12236
1412
228135
254
2006 C. SaúdeMedicina
403190
11934
1311
244141
274
Observações: 1) 100 novos programas de PG em Ciências da Saúde foram criados de 2001 a 2006, 41 dos quais em Medicina 2) A Medicina tem aproximadamente a metade dos programas de Ciências da Saúde 3) A medicina representa 34,8% dos mestrados, 68,4% dos doutorados e 59,8% dos mestrados e doutorados.
NÚMERO DE ALUNOS TITULADOS NO MESTRADO E DOUTORADO NAS ÁREAS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E EM MEDICINA DE 2001 A 2006
ANO PROGRAMA TOTAL MESTRADO DOUTORADO OUTROS2001 C. Saúde
Medicina39621673
27451059
1111614
1060
2002 C. SaúdeMedicina
50122182
33401353
1425793
24736
2003 C. SaúdeMedicina
57352463
39261585
1549831
26047
2004 C. SaúdeMedicina
53272296
35941511
1473763
26022
2005 C. SaúdeMedicina
62492679
41761727
1682937
39115
2006 C. SaúdeMedicina
64582945
44221943
1731990
30512
Total C.SaúdeMedicina
32.74314.238
22.2039.178
8.9714.928
1569132
Observações: 1) O número de titulados em Ciências da Saúde aumentou em 61,4% e o de titulados em Medicina aumentou 58,8% de 2001 a 2006. 2) O total de titulados em Medicina é 43,5% das Ciências da Saúde e do doutorado é de 55%.
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA DE 1981 A 2001
PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA INDEXADA PELO ISI DE 1997 A 2007, NÚMERO TOTAL DE CITAÇÕES E POR TRABALHO
Períodos Número de trabalhos
Número total de citações
Citações por trabalho
1997 - 2001
1998 - 2002
1999 - 2003
2000 - 2004
2001 - 2005
2002 - 2006
2003 - 2007
48.065
53.649
58.918
63.759
70.489
77.876
81.322
97.761
119.363
139.464
159.199
185.235
214.431
227.132
2.03
2.22
2.37
2.50
2.63
2.75
2.79
Total 484.710,02 1.142.585 2.74
Observação: O Brasil é 0 23º país em 145 em número de publicações indexadas pelo ISI e é responsável por mais de 2% da produção científica mundial.
UMA CRÍTICA CONSTRUTIVA
• Nós brasileiros somos muito interessantes e criativos, mas as
vezes
excessivamente ambíguos.• Melhoramos muito as nossas revistas com Conselho Editorial
rígido, as quais passam a ser financiadas pelo CNPq e CAPES.• Depois as próprias agências que nos financiam não reconhecem a
qualidade das revistas que financiam (QUALIS).• Talvez estejamos almejando ganhar o Prêmio Nobel do Terceiro
Mundo ou esperando um convite para publicar no Nature.• A ciência brasileira melhorou, mas a consciência de parte da
comunidade científica não evoluiu. QUO VADIS?