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HELLEN CRICIA VILELA CORREIA
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DO
INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO – CAMPUS GARANHUNS
Trabalho apresentado ao IFPE
Campus Garanhuns, sob orientação
da professora Cristiane Tessmann,
como um dos pré-requisitos para a
conclusão do Curso Técnico em
Meio Ambiente
Garanhuns, janeiro de 2015.
Percepção Ambiental dos Técnicos Administrativos do Instituto 1
Federal de Pernambuco – Campus Garanhuns 2
Environmental Perception of Technical Administrators of the Federal 3
Institute of Pernambuco - Campus Garanhuns 4
Hellen Cricia Vilela Correia¹, Cristiane Tessmann² 5 1Estudante do Curso Técnico em Meio ambiente – IFPE, campus Garanhuns; email: 6
vilelacorreia.18@gmail.com 7 2Docente/pesquisador do Curso Técnico em Meio Ambiente – IFPE, campus Garanhuns; email: 8
cristiane.tessmann@garanhuns.ifpe.edu.br 9
10
11
RESUMO 12
13
A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que envolve um 14
conjunto de atores do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas 15
de conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa perspectiva 16
interdisciplinar. O objetivo desse trabalho foi de analisar as práticas de gestão ambiental dos 17
Técnicos Administrativos do IFPE - Campus Garanhuns. A pesquisa foi realizada através de 18
questionários aplicados a 45 funcionários. Após o levantamento de dados, observou-se que a 19
maioria reconhecem práticas de Gestão Ambiental, e tem alguns hábitos ambientais em casa. Os 20
resultados obtidos mostraram que os Técnicos Administrativos tem conhecimento ambiental, 21
porém não fazem uso completo dos instrumentos de gestão. 22
PALAVRAS-CHAVE: gestão ambiental, preocupação ambiental, técnicos administrativos. 23
24
ABSTRACT 25
26
The environmental dimension is now increasingly configured as an issue that involves a 27
number of players in the educational universe, stimulating the involvement of different 28
knowledge systems , the training of professionals and the university community in an 29
interdisciplinary perspective. The aim of this study was to examine environmental management 30
practical Administrative IFPE Technical - Campus Garanhuns. The survey was conducted 31
through questionnaires given to 45 employees. After data collection, it was observed that most 32
recognize environmental management practices, and has some environmental habits at home. 33
The results showed that the Technical Administrators have environmental knowledge, but do not 34
make full use of management tools. 35
KEYWORDS: environmental management, environmental concern, administrative technicians 36
37
38
39
40
*e-mail: vilelacorreia.18@gmail.com 41
42
1. Introdução 43
A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação 44
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária articulação 45
com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental 46
configura-se crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do 47
universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de 48
conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa 49
perspectiva interdisciplinar. Nesse sentido, a produção de conhecimento deve 50
necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a 51
análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as 52
formas de organização social que aumentam o poder das ações alternativas de um novo 53
desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com 54
ênfase na sustentabilidade socioambiental (JACOB, 2003). 55
As políticas públicas, quando possuem planos, projetos, programas e ações que 56
objetivam a proteção ou conservação do meio ambiente, são denominados políticas 57
ambientais. A temática ambiental é alvo de preocupações desde o período colonial, 58
mesmo que restrita à legislação que regulava a proteção florestal. Porém foi somente a 59
partir do século XX que essas preocupações aumentaram. A lei nº 6.93, de 31 de 08 de 60
1981, foi um passo pioneiro tanto que concerne às questões ambientais do país, como 61
também, à história da administração pública brasileira. Essa lei instituiu a Política 62
Nacional de Meio Ambiente – PNMA e o Sistema Nacional de Meio Ambiente, um 63
sistema descentralizado que integra as três esferas de governo – federal, estadual e 64
municipal – separando e atribuindo competências políticas, executivas e judiciais; criou 65
o Conselho Nacional de Meio Ambiente, de caráter consultivo e deliberativo, e os 66
instrumentos operacionais que dirigem as ações de gestão ambiental (VIANA & 67
NOGUEIRA, 2012). 68
Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) estão sendo rapidamente 69
desenvolvidos e aplicados no mundo inteiro. Isso ocorre em função dos crescentes e 70
graves impactos ambientais e das necessidades das organizações conhecerem e a eles se 71
adequarem. No entanto, os SGA podem constituir ferramentas de melhoria das Escolas, 72
tornando os indivíduos da organização mais conscientes da complexidade dos 73
problemas ambientais, melhorando os níveis de comunicação e transformando as 74
escolas em organizações mais flexíveis, usado de uma forma tão rígida e formal, os 75
Sistemas de Gestão Ambiental podem fornecer informação que auxiliam a comunidade 76
escolar na melhoria do desempenho ambiental da organização (HERCULANO, 2000). 77
A implantação de um SGA proporciona e envolvimento da escola como um 78
todo. A responsabilidade ambiental é disseminada a toda comunidade escolar. Quando 79
todos passam a enxergar as questões ambientais sob a mesma ótica, soluções criativas 80
começam a surgir de todos os setores, explorando-se oportunidades de aproveitamento 81
de perdas de processos, reciclagem, redução do consumo de energia, redução da geração 82
de resíduos e coleta seletiva do lixo etc. Somente a prevenção da poluição pode 83
representar redução de custos (MOREIRA, 2007). 84
As questões ambientais hoje se refletem em todo o mundo afetando as diversas 85
sociedades. As constantes alterações, realizadas pelos seres humanos no meio ambiente, 86
que tem levado à degradação de biomas, à escassez de recursos naturais no Brasil e no 87
mundo e a urgente necessidade de formar cidadãos comprometidos com as questões 88
socioambientais é dos grandes desafios da educação no início do século XXI. Nesse 89
sentido, é necessário que todos os atores envolvidos no processo educacional, 90
professores, diretores, coordenadores pedagógico, família enfim todos estejam 91
preparados para lidar com a Educação Ambiental (CHUMBINHO & ROSA, 2011). 92
Essas questões apontam a importância de despertar cidadãos, a se 93
comprometerem com as questões ambientais, e prepará-los para compreender e se 94
adaptar às imprescindíveis transformações para a constituição de uma sociedade 95
sensível a necessidade de preservação ambiental. 96
Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi analisar o conhecimento em 97
práticas de Gestão Ambiental dos Técnicos Administrativos do IFPE Campus 98
Garanhuns. A análise busca estabelecer conexões e informações, como uma das 99
possibilidades para criar condições e alternativas que estimulem os servidores a terem 100
concepções e posturas cidadãs, cientes de suas responsabilidades e, principalmente, 101
perceberem-se como integrantes do meio ambiente. 102
2. Metodologia 103
A coleta de dados primários ocorreu da seguinte forma: primeiramente foi feito 104
um contato prévio com o diretor do IFPE Campus Garanhuns para obtenção de 105
autorização para pesquisa; após, os questionários foram aplicados in loco e preenchidos 106
pelos respondentes. Os questionários (apêndice) foram aplicados a um total de 45 107
técnicos administrativos do IFPE Campus Garanhuns. 108
Segundo Malhotra (2001), o questionário é uma técnica estruturada para a coleta 109
de dados, que consiste em uma série de perguntas que um entrevistado deve responder. 110
A elaboração de um questionário precisa atender a três objetivos específicos. Em 111
primeiro lugar, o instrumento de coleta de dados deve traduzir a informação desejada 112
em um conjunto de questões específicas que os entrevistados tenham condições de 113
responder. Em segundo, precisa motivar e incentivar o entrevistado a cooperar com as 114
informações demandadas. Por fim, em terceiro lugar, um questionário de sempre buscar 115
minimizar o erro na resposta. Cabe ressaltar que a aplicação de questionário apresenta 116
algumas vantagens como instrumento de coleta de dados, tais como garantia de 117
anonimato, garantia de uniformidade, tempo livre, fácil manuseio ao transcrever os 118
dados e custo razoavelmente baixo (RIBEIRO, 2008). 119
O questionário (apêndice) foi elaborado com o intuito de verificar o 120
conhecimento dos servidores sobre a temática ambiental: cidadania e conscientização 121
ambiental, práticas rotineiras/hábitos, gestão ambiental, etc. 122
O programa Microsoft Office Excel foi utilizado para análise e tratamento dos 123
dados. As informações foram analisadas com base na frequência de respostas fornecidas 124
pelos servidores. 125
3. Resultados e Discussão 126
As questões iniciais referiram-se às questões ambientais, como desmatamento e 127
poluição das águas. Em relação às questões ambientais, os funcionários foram 128
perguntados se essas questões afetam o seu dia- a-dia. 129
Observa-se que os funcionários mostram-se mais preocupados com as questões 130
como lixo e desmatamento (figura 1). 131
132
Figura 1 – Respostas relacionadas aos problemas ambientais que mais afetam no dia-a-133
dia. 134
Conforme ilustra a figura 1, 82,2% dos funcionários relataram que o lixo é o 135
problema ambiental que mais os afeta, seguido do desmatamento com 60%, poluição 136
das águas 46,6%, poluição atmosférica 44,4%, efeito estufa 35,5%, contaminação dos 137
solos por agrotóxicos/fertilizantes 28,8%, extinção das espécies 11,1% e chuva ácida 138
6,6%. 139
27
13
5
21 25
3
20
37
0
5
10
15
20
25
30
35
40
140
Figura 2 – Porcentagem dos funcionários que conhecem algum material informativo de 141
EA no local de trabalho. 142
Os materiais informativos citados foram cartazes, painéis confeccionados por 143
alunos e professores, placas orientando o descarte correto do lixo e jornal institucional. 144
Foi perguntado aos funcionários se em casa eles realizam práticas de gestão 145
ambiental, e em caso afirmativo, quais as que mais realizam (figuras 3 e 4). Na figura 3, 146
verifica-se que trinta e oito (84,4%) realizam práticas de gestão ambiental em suas 147
casas, e sete (15,6%) não às realizam. As principais práticas realizadas são: economia de 148
água e energia, uso de sacolas retornáveis, coleta seletiva dos resíduos, escolhas de 149
produtos com embalagens reduzidas. 150
57,80%
42,20%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
SIM NÃO
151
Figura 3 – Respostas referentes à realização de práticas ambientais em casa. 152
153
Figura 4 – Práticas de Gestão Ambiental mais realizada em casa pelos funcionários. 154
38
7
0 10 20 30 40
SIM
NÃO
29 29
16 13
6 6
ECONOMIA DEÁGUA
ECONOMIA DEENERGIA
SACOLASRETORNÁVEIS
COLETA SELETIVA PRODUTOS COMEMBALAGENS
REDUZIDAS
COMPOSTAGEM
Quando questionados se reconhecem alguma prática de gestão ambiental na 155
empresa em que trabalham, a maioria (91,1%) respondeu que sim, e apenas 8,9% que 156
não reconhecem. 157
158
Figura 5 – Respostas referentes ao reconhecimento de alguma prática de gestão 159
ambiental no local de trabalho. 160
As principais práticas que os funcionários reconhecem são: coleta seletiva, 161
economia de energia, reaproveitamento de papel, economia de água (figura 6). 162
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
SIM NÃO
163
Figura 6 – Práticas mais reconhecidas pelos funcionários. 164
De acordo com Barata et al. (2007), existe a necessidade de se implantar um 165
sistema de gestão ambiental nos órgãos da administração pública. Esses autores expõem 166
alguns argumentos de caráter econômico, referentes aos benefícios obtidos por 167
iniciativas privadas que adotaram critérios de ecoeficiência que, em si, seriam 168
suficientes para justificar a implantação de uma política efetiva de gestão ambiental nas 169
instituições públicas. Destaca-se a relevância da criação da Agenda Ambiental na 170
Administração Pública, que pretendeu instaurar uma nova cultura institucional, visando 171
a mobilização dos servidores para a otimização dos recursos, para o combate ao 172
desperdício e para a busca de uma melhor qualidade do ambiente de trabalho. 173
Quanto à preocupação com as questões ambientais, todos os quarenta e cinco 174
funcionários entrevistados afirmaram que se preocupam, trinta e três (73,3%) afirmaram 175
que sabem o que são práticas de gestão ambiental e doze (26,7%) não sabem. Quando 176
questionados sobre descarte correto do lixo, vinte (44,4%) afirmaram que sempre 177
36
8 7 6 5 3
descartam corretamente, três (11,2%) não descartam no local adequado, e vinte (44,4%) 178
às vezes (figura 7). 179
180
Figura 7 – Principais respostas do questionário aplicados aos técnicos administrativos. 181
De acordo com a figura 7, apenas sete (15,5%) sabem o que é um P.E.V. (Ponto 182
de Entrega Voluntária) e trinta e oito (84,5%) não sabem. Doze (26,7%) conhecem o 183
Programa Recicla Pernambuco (Programa que tem como foco a sustentabilidade, este 184
programa foi implantado em Garanhuns, onde foram colocadas lixeiras para coleta 185
seletiva de resíduos sólidos nas ruas do município), e trinta e três (73,3%) não 186
conhecem o programa. 187
4. Conclusões 188
A Educação Ambiental está inserida de diferentes formas e intensidades no 189
ambiente escolar. A preocupação ambiental e a mudança comportamental voltada para o 190
meio ambiente hoje são expressos na comunidade escolar, que compreende professores, 191
gestores, alunos e funcionários (FREITAS et al., 2012). 192
0
10
20
30
40
50
Preocupaçãocom as
questõesambientais.
Conhecimentosobre práticas
de gestãoambiental
Descartecorreto do lixo
Sabe o que éum P.E.V.
Conhece oprograma
ReciclaPernambuco
SIM
NÃO
ÀS VEZES
Diante dos resultados obtidos, foi possível inferir que os técnicos administrativos 193
do IFPE – Campus Garanhuns, conhecem e possuem algumas práticas de gestão 194
ambiental. A instituição mostra ter preocupação crescente de adaptação em busca do 195
desenvolvimento sustentável, não só no aspecto de ensino, mas de práticas de 196
funcionamento ambientalmente correto, essas práticas contribuirão de maneira efetiva 197
para a efetivação e disseminação de práticas sustentáveis perante o ambiente de trabalho 198
e em consequência à sociedade. 199
5. Agradecimentos 200
Ao IFPE Campus Garanhuns pelo apoio e autorização. 201
Aos Técnicos Administrativos pela colaboração. 202
À Profª. Cristiane Tessmann pela orientação no desenvolver da pesquisa. 203
6. Referências 204
BARATA, M. L. L.; GOMEZ, C. M.; CLIGERMAN, D. C. A gestão ambiental no setor 205
público: uma questão de relevância social econômica. Revista Ciência & Saúde 206
Coletiva, Brasília, v.12, n.1, p. 165-170, jan. 2007. 207
CHUMBIMHO, N. A.; ROSA, O. Educação Ambiental e Interdisciplinaridade: Uma 208
Proposta de Investigação da Prática. Et: Didática e Práticas de Ensino/ n° 04, 2011 209
FREITAS, D. O.; SENNA, A. J. T.; ALVES, R. R. Percepção dos funcionários sobre a 210
educação ambiental nas escolas estaduais do município de São Gabriel – RS – 211
REGET/UFSM, 2012. 212
HERCULANO S. C. Sociologia ambiental: origens, enfoques metodológicos e objetos. 213
Mundo & vida: alternativas em estudos ambientais1, p. 45-55, 2000. 214
JACOB, P. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Professor Associado da 215
Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental – USP, 216
2003. 217
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada. Porto Alegre: 218
Bookman, 2001. 219
MOREIRA, M. S. A busca pela certificação ISSO 14001 tem crescido 220
significativamente no Brasil, mas muitos ainda a consideram apenas uma despesa ou um 221
apelo de marketing. O Desafio da Gestão Ambiental, v. 27, nº01, p. 10-15, Rio de 222
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RIBEIRO, Elisa Antônia. A perspectiva da entrevista na investigação qualitativa. 224
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VIANA, A. L. C.; NOGUEIRA, L. I. Análise da Gestão Ambiental Pública dos 227
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Nordeste de Educação Tecnologia, 2012, Palmas – TO. 229
230
231
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