Post on 30-Nov-2018
RESULTADOS/DISCUSSÃO
As guidelines do Centers for Disease Control and Prevention (2009) acerca da prevenção da infeção do trato urinário
associada a algaliação descrevem exemplos de indicações apropriadas de utilização de cateter vesical, destacamos a
retenção urinária, obstrução do trato urinário, no período peri operatório para cirurgias específicas (foro urológico) na
prevenção/tratamento de úlceras por pressão na região sacrococcígea e perianal em pessoas incontinentes, na medição
urinária criteriosa em pessoas em situação crítica, em pessoas com imobilização prolongada (ex. politraumatizados) e
por fim promover o conforto em cuidados em fim de vida. No entanto o uso de cateter na maior parte das situações não
é apropriado ou não está devidamente documentado. Na revisão teórica realizada por Bernard et al (2012) a utilização
inadequada de cateterismo vesical em pessoas hospitalizadas, está entre 21 a 50%. Deste modo destaca-se a
importância da avaliação continuada da necessidade de algaliação, uma vez que cada dia a mais de cateterismo vesical
aumenta o risco de infecção de 3 a 10%. Vários estudos fundamentam a diminuição da ITU associada a algaliação com a
redução do uso de cateterismo.
ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO
Winter et al (2009)
DIMINUIÇÃO DA DURAÇÃO DE ALGALIAÇÃO
Blodgett (2009) e Bernard et al (2012)
Redução de cerca de 67% no número de dias de cateterismo vesical e 26% na
redução de ITU associada a algaliação (Bernard et al, 2012).
Winter et al (2009) descrevem outras estratégias desenvolvidas por Enfermeiros para evitar o cateterismo vesical e
limitar a sua duração. Tendo em conta as guidelines baseadas na evidência para além da criação de bundles a Baylor
Nurses´s desenvolveu um algoritmo para avaliar a necessidade de algaliação e a sua manutenção baseada na evidência
para a prevenção de UTI associada a algaliação. (FIGURA 1)
SISTEMAS LEMBRETE
FÍSICO
Discussão diária entre Enfermeiro e Médico assistente quanto à
necessidade de algaliação
Intervenção nurse-led
VIRTUAL Intervenção informatics-
led
PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO ASSOCIADA A ALGALIAÇÃO:
QUE INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM/ PRÁTICA BASEADA NA EVIDÊNCIA
Autores:
Andrade, Vera ; Estudante de Mestrado em Enfermagem. Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa.
vera_andrade86@hotmail.com
Veludo, Filipa Tutora de Estágio. Docente do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa.
fveludo@ics.lisboa.ucp.pt
INTRODUÇÃO
Nas Infecções Associadas a Cuidados de Saúde a Infecção do Trato Urinário (ITU) são uma das mais frequentes sendo na sua maioria associada a Algaliação. Segundo o Plano Nacional de Controlo de Infecção (PNCI, 2004), a infecção do trato urinário
associada a algaliação é a infecção nosocomial mais comum e representa cerca de 40% do total das infecções nosocomiais. A algaliação é considerada como factor principal por cerca de 80% das ITU, sendo esta técnica muitas vezes utilizada sem
indicações apropriadas (Blodgett, 2009). Um dos factores de risco mais importantes na prevenção da ITU associada a algaliação é precisamente evitar o uso do cateter, ponderando outras alternativas. A duração do cateterismo vesical é outro fator que
influencia directamente o desenvolvimento de ITU associada a algaliação. É de salientar o impacto na qualidade de vida da pessoa submetida a esta técnica e que desenvolve uma infecção associada e por outro lado os custos que um internamento de
maior duração que o previsto pode ter. Neste âmbito a intervenção de Enfermagem baseada na evidência é importante na medida em que são os profissionais que mais intervêm na inserção, manutenção e remoção do cateterismo vesical em pessoas
submetidas a algaliação nas instituições de saúde, factores importantes associados a risco de infecção.
OBJECTIVOS
Sistematizar intervenções de Enfermagem baseadas na evidência na prevenção de Infecção do Trato Urinário associada a algaliação.
METODOLOGIA
Revisão teórica do tema em estudo, face a estratégias de implementação das guidelines para a prevenção da ITU associada a algaliação emanadas pela Centers for Disease Control and Prevention em 2009. O limite temporal da pesquisa foi
realizada entre Janeiro de 2009 e Agosto de 2012, artigos com texto completo utilizando os motores de busca EBSCO HOST e MEDLINE. Descritores: urinary AND infection AND catheter AND nurs*. Critérios de inclusão: artigos que envolvessem o
fenómeno em estudo, artigos com intervenções no contexto da Enfermagem. Critérios de exclusão: contexto de pediatria. Foram encontrados 27 artigos científicos que após a leitura de título e de abstracts seleccionaram-se um total de 9 artigos
que abordavam estratégias acerca desta temática e intervenção de enfermagem.
Definição de Indicações
Específicas para Algaliação
Diminuição de 79% no uso de cateter urinário
Diminuição de 81% na ITU associada a algaliação
Evitar a Algaliação
“BUNDLES” Algaliação é uma técnica que só
deve ser utilizada somente quando necessário.
CDC (2009)
Figura 1 – Algoritmo de Baylor Nurse´s para avaliar a necessidade de cateterismo vesical.
AUDITORIAS
Dailly (2011) focaliza a intervenção de enfermagem baseada na evidência através do uso de técnica asséptica na inserção do
cateter e na promoção da remoção precoce do mesmo. No sentido de monitorizar esta intervenção no Royal Hampshire Hospital,
foi construído um documento, Urinary Catheter Assessment and Monitoring form – UCAM (FIGURA 2), adaptado à algaliação em
que todos os dias, o Enfermeiro avalia e documenta a necessidade de algaliação e a manutenção que é feita ao cateter. Com este
documento são registadas as práticas realizadas, de acordo com as guidelines e a necessidade de manter o cateter e com este
evidenciar ao médico assistente a indicação apropriada ou não de manter a algaliação.
Figura 2 – Urinary Catheter Assessment and Monitoring form (UCAM)
A compreensão e a documentação do motivo de algaliação contribuíram para o planeamento da sua remoção precoce. As
Auditorias vêm neste sentido fomentar as melhores práticas e garantir que os procedimentos estão a ser cumpridos
correctamente (Daily, 2012). No estudo realizado no Royal Hampshire Hospital (Daily, 2012) entre Setembro de 2009 e Janeiro de
2010 acerca da aplicação do UCAM e o seu contributo para a prevenção da ITU associada a algaliação concluiu que houve
melhoria significativa na qualidade dos registos acerca da técnica de inserção e a manutenção do cateterismo vesical em
comparação com os registos anteriores à aplicação do UCAM. Houve um aumento de auditorias por mês aos clientes
submetidos a algaliação, sendo aqueles considerados desnecessários removidos após a auditoria.
Referências bibliográficas:
•Bernard, M.S., Hunter, K.F., & Moore, K.N. (2012). A review of strategies to decrease the duration of indwelling urethral catheters and potentially reduce the incidence of catheter-associated urinary tract infections. Urologic Nursing, 32(1), 29-37.
•Blodgett, T., (2009) Reminder Systems to Reduce the Duration of Indwelling Urinary Catheters: A Narrative Review, Urologic Nursing 29(5).
•Dailly, S. (2011) Prevention of indwelling catheter-associated urinary tract infections. Nursing Older People, 23 (2) 14-18.
•Dailly, S. (2012) Auditing urinary catheter care. Nursing Standart, 26 (20), 35-40.
•PNCI – Recomendações para a Prevenção da Infeção do Trato Urinário. (2004). Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
•Winter, M., Helms, B., Harrington, L., Luquire, R., Mcvay, T., Rhodes, N. (2009). Eliminating Catheter-Associated Urinary Tract Infections: Part I. Avoid Catheter Use. Journal for Healthcare Quality, 31(6), 8-12.
•Winter, M., Helms, B., Harrington, L., Luquire, R., Mcvay, T., Rhodes, N. (2009). Eliminating Catheter-Associated Urinary Tract Infections: Part II. Limit Duration of Catheter Use. Journal for Healthcare Quality, 31(6), 13-17.
CONCLUSÃO
A algaliação é uma técnica muito utilizada em pessoas hospitalizadas, os Enfermeiros assumem um papel importante na prevenção da infeção associada a esta técnica. A prática baseada na evidência para a manutenção do uso do cateter é importante. A
avaliação da necessidade de algaliação e limitar a duração do cateterismo vesical são os factores e risco mais importantes e evitáveis que contribuem par a diminuição de ITU associada a algaliação. Para além dos ganhos em saúde torna-se fundamental zelar
pela segurança do doente hospitalizado quando as infeções associadas a cuidados de saúde são na sua maioria evitáveis.
•Foxley, S., (2011). Indwelling urinary catheters: accurate monitoring of urine output. British Journal of Nursing, 20(9), 564-569.
•HICPAC - Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee – Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for prevention of catheter – Associated Urinary Tract Infections (2009).
•Macera, L., Muzzi-Bjornson, L., (2011) Preventing infection in elders with long-term indwelling urinary catheters. Journal of the American Academy of Nurse Practitioners, 23 (2011) 127-134.
•Pellowe, C., Pratt, R., (2010). Good practice in management of patients with urethral catheters. Nursing Older People, 22(8), 25-29.
http://gardenofeaden.blogspot.pt/2011/06/how-to-avoid-ecoli-when-preparing.html