Professora: Dra Laura Carmilo Granado · (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma...

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Professora: Dra Laura Carmilo Granado

Hístero significa útero: era associada às doenças do aparelho genital feminino, sua cura passava pela combinação de várias terapias que podia culminar com a extirpação do útero (Uchitel, 2001).

“Conversão”: Transposição de um conflito psíquico e tentativa de resolvê-los em termos de sintomas somáticos (ex.paralisias anestesias ou dores localizadas).

◦ (Laplanche, Pontalis, 2001)

Sintoma: significação simbólica – exprimem pelo corpo as representações recalcadas.

Libido desligada da representação recalcada é transformada, convertida em energia de inervação.

Representações recalcadas que “falam” depois de deformadas.

◦ (Laplanche, Pontalis, 2001)

Emoções Em parte: fonte permanente de excitação para a

psique Em parte: inervações somáticas Corrente escoa por dois canais, num deles o líquido

se elevará, logo que no outro se interponha um obstáculo

Excitações psíquicas é normalmente conduzida para inervações psíquicas e somáticas (estas últimas são a expressão das emoções)

Conversão histérica: exagera essa parte da descarga

Traduções: INSTINTO (inglês: instinct) /PULSÃO (francês: pulsion)

Processo dinâmico que consiste numa pressão ou

força que faz o indivíduo tender para um objetivo. Existem fontes internas de excitação a que o organismo não pode escapar. A pulsão exerce uma pressão ou força. Há uma exigência de trabalho imposta ao aparelho psíquico (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).

Excitação a que organismo não pode escapar. Fator propulsor do aparelho psíquico.

Pulsão de nutrição: fome. Pulsão sexual: “libido” (Lust).

Conflito

Recalque: provado pela resistência

Desejo Ics

Valores morais

Sintoma: deformação maior quanto mais forte for a resistência

Operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter no inconsciente representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão.

A satisfação da pulsão – suscetível de proporcionar

prazer por si mesma – ameaçaria provocar desprazer relativamente a outras exigências.

Os representantes-representação (ideia, imagem, etc) da pulsão é que são recalcados

(LAPLANCHE E PONTALIS, 2001)

Processo psíquico universal – origem da constituição do inconsciente.

Fato clínico desde primeiros tratamentos dos histéricos: lembranças não estão disponíveis para os pacientes mas conservam, quando descobertas, toda a sua vivacidade.

(LAPLANCHE E PONTALIS, 2001)

Divisão da mente: hereditariedade e degenaração

Freud: divisão psíquica não é explicada por incapacidades inatas, mas em função de conflitos mentais

Malogrou.

Impulso continua a existir no inconsciente

Substituto do reprimido, disfarçado e irreconhecível

Traços de semelhança com idéia reprimida

Tratamento psicanalítico: desvenda trajeto ao longo do qual se realizou substituição

Caráter indestrutível dos conteúdos inconscientes.

Tendem incessantemente a reaparecer

Sintomas

Efetua-se por meio de “formações de compromisso entre as representações recalcadas e recalcantes”

(LAPLANCHE E PONTALIS, 2001)

Forma que o recalcado assume para ser admitido no consciente, retornando no sintoma, no sonho e, mais geralmente, em qualquer produção do inconsciente.

As representações recalcadas são então deformadas pela defesa a ponto de serem irreconhecíveis. Na mesma formação podem assim ser satisfeitos – num mesmo compromisso – simultaneamente o desejo inconsciente e as exigências defensivas.

(LAPLANCHE E PONTALIS, 2001)

Jovem de 21 anos

Altos dotes intelectuais

Doença: durou mais de 2 anos

Perturbações físicas e psíquicas

Tratada entre 1880 e 1882

(Publicado em 1893)

Não reconhecia as pessoas, somente Breuer. Pessoas lhe pareciam figuras de cera.

Paralisia extremidades do lado direito

Perturbação dos movimentos oculares e alterações da visão

Tosse nervosa intensa

Impossibilidade de beber durante várias semanas, apesar de uma sede martirizante

Redução da faculdade de expressão verbal que chegou a impedi-la de falar ou entender a língua materna (alemão) só falava inglês e não podia compreender o que lhe falavam em alemão.

Estados de ausência (alteração da personalidade acompanhada de confusão), delírio. Ficava “travessa”, ofensiva, jogava travesseiro nas pessoas, arrancava os botões.

Afecção apareceu quando estava tratando do pai, que ela adorava

Lesão cerebral orgânica X histeria

Se não é doença orgânica, médico:

- Nega-se a conceder mesmo interesse, pois mal é menos grave.

-saber em anatomia, fisiologia, patologia deixam-no desamparado.

- Sentem-se leigos diante da histeria

Assim, histéricos ficam privados de sua simpatia – transgressores das leis de sua ciência, acusa-os de simulação.

Palavras durante ausência

Médico repeti-as para incitá-la a associar ideias

paciente reproduziu criações psíquicas que a tinham dominado no estado de ausência –fantasias - Devaneios que tomavam como ponto de partida a situação de uma jovem à cabeceira do pai doente.

Ausências: auto-hipnose

Breuer a hipnotizava: pedia-se para concentrar-se nos sintomas que estavam tratando no momento – ocasiões em que surgiam

Depois de relatar certo número de fantasias, sentia-se aliviada e era reconduzida à vida normal.

No dia seguinte: nova ausência que cessava do mesmo modo pela revelação das fantasias novamente formadas.

A paciente nomeou este tratamento de “talking cure” (cura pela fala) ou “Chimney sweeping” (limpeza de chaminé)

Quando a paciente sob hipnose recordava com exteriorização afetiva, a ocasião e o motivo do aparecimento desses sintomas pela primeira vez, os sintomas desapareciam

Ex. Sob hipnose refere-se a dama de companhia inglesa, de quem não gostava e contou com repugnância que, tendo ido ao quarto dessa senhora viu, bebendo num copo, o seu cãozinho, um animal nojento. Depois de exteriorizar energicamente a cólera retida, pediu para beber, bebeu sem embaraço grande quantidade de água e despertou na hipnose com o copo nos lábios. A perturbação desapareceu definitivamente.

Sintomas como resíduos de experiências emocionais que foram denominadas traumas psíquicos

Caráter de cada um deles se explicava pela relação com a cena traumática que o causara e não mais produtos arbitrários.

Perturbações visuais – estando com os olhos marejados ela forçou a vista, aproximando os olhos do relógio, cujo mostrador lhe pareceu muito grande. Esforçou-se para que enfermo não visse suas lágrimas.

Colocou o braço direito sobre as costas da cadeira. Caiu em estado de semi-sono (devaneio) e viu, como se visse da parede, uma cobra que se aproximava do enfermo para mordê-lo. Ela quis afastá-la (provavelmente com a mão direita), mas estava como que paralisada, seu braço direito achava-se adormecido e, quando ela o contemplou, transformaram-se os dedos em cobrinhas cujas cabeças eram caveiras (as unhas).

Quando esta desapareceu, aterrorizada, quis rezar, mas não achou palavras em idioma algum, até que, lembrando-se de uma poesia infantil em inglês, pôde pensar e rezar nessa língua

Reconstituicão dessa cena permitiu remoção da paralisia do braço direito, que existia desde o começo da moléstia e o tratamento teve fim.

Generalização: Os histéricos sofrem de reminiscências (lembrança quase apagada; coisa de que se guardou memória inconscientemente).

Sintomas são resíduos e símbolos mnêmicos de experiências especiais (traumáticas). Fixação psíquica aos traumas patogênicos. A doente de Breuer em quase todas as situações teve de: subjugar a

poderosa emoção em vez de permitir sua descarga por sinais apropriados de emoção, palavras ou ações.

Na situação com o cão da dama de companhia – não demonstrou

profunda aversão

Velando à cabeceira do pai também não expressou emoção ao estar atenta para que doente não percebesse a ansiedade e penosa depressão.

Diante do médico, ao repetir cenas, energia afetiva então inibida manifestava-se intensamente.

sugestão de que sintoma não existe: logo abandonada

Descarga dos afetos patogênicos – não conseguiram encontrar o

caminho para descarga, ficam presos e tornam-se patogênicos

Evoca e até revive com intensidade dramática acontecimentos traumáticos a que estão ligados até ab-reagi-los (descarga emocional, reação pela qual sujeito se liberta do afeto – rememorando e objetivando pela palavra o acontecimento traumático) - tratamentos efetuados sob hipnose

Purificação, purgação

Lembrança sem emoção quase invariavelmente não produz resultado

Porém: linguagem já é vista como um substituto para o ato de modo que o afeto pode ser ab-reagido.

(1880-1895)

Hipnotismo encobre resistência deixando livre e acessível um determinado setor psíquico, em cujas fronteiras, porém, acumula as resistências, criando para o resto uma barreira intransponível

Resistência:

Tudo o que se opõe ao acesso da análise ao inconsciente (Laplanche e Pontalis, 2001)

Freud: só conseguia hipnotizar parte de seus doentes – tornou procedimento catártico independente dele

Quando chegavam num ponto em que afirmavam mais nada saber, Freud assegurava-lhes que sabiam. Afirmava que a recordação exata seria a que lhes apontasse no momento em que lhes pusesse a mão sobre a fronte. Método era, porém, inadequado para uma técnica definitiva.

Lembranças não tinham sido perdidas. Resistência as mantinha inconsciente, o que era sentido quando se tentava trazer as lembranças ao consciente.

(pressão na testa)

Só nas primeiras vezes aconteceu de que o esquecido se apresentasse. Na verdade, pensamentos despropositados que o próprio paciente repelia como inexato.

1889 – 1890 Emmy von N. - Quando Freud a interrogava com insistência ela se aborrecia, “muito rispidamente”, e pedia que ele parasse de “lhe perguntar de onde veio isso ou aquilo, mas que a deixasse me contar o que ela tinha a dizer”. Emmy von N., como ele disse à sua filha em 1918, também lhe ensinou algo mais “O tratamento pela hipnose é um procedimento inútil e sem sentido”. Foi um momento decisivo; levou-o “a criar a terapia psicanalítica mais sensata”. Se algum dia existiu um médico capaz de converter seus erros em fonte de discernimento foi Freud.

1892 - Elisabeth von R. – interpretação à qual ela resistiu veementemente por algum tempo: ela amava seu cunhado, e havia reprimido desejos perversos pela morte da irmã. O fato de aceitar esse desejo imoral pôs termo a seu sofrimento.

(Gay, 1989)

Resistência

Transferência

Eficácia da elaboração psíquica

Perlaboração

(Laplanche e Pontalis, 2001)

“tudo o que interrompe o progresso do trabalho analítico é uma resistência”

Não podia ser superada pela hipnose

Não bastava comunicar a seus pacientes o sentido do sintoma para que o recalque se dissipasse.

Trabalho do aparelho psíquico com o fim de dominar as excitações que chegam até ele e cuja acumulação corre o risco de ser patogênica.

Integrar as excitações no psiquismo e estabelecer conexões entre elas

“quantidade de trabalho exigido do psiquismo”

processo pelo qual a análise integra uma interpretação e supera as resistências que ela suscita. Favorecida por interpretações que mostram como significações em causa se encontram em contextos diferentes. Permite ao sujeito aceitar elementos recalcados e libertar-se da influência de mecanismos repetitivos.

Sentimentos (afetuosos/hostilidade) em relação ao médico não justificado em relações reais que por suas particularidades devem provir de antigas fantasias tornadas inconscientes

Revive com médico trecho da vida sentimental que não pode lembrar

Dizer o que quiser, pedindo que renuncie a qualquer crítica, sem nenhuma seleção deverá expor tudo o que lhe vier ao pensamento, mesmo que lhe pareça errôneo, despropositado ou absurdo e, especialmente, se lhe for desagradável a vinda dessas idéias à mente

Regras que garantem o material que conduz ao complexo reprimido

Este material: minério do qual através da interpretação se extrai metal precioso.

Efeito catártico deixa de ser a mola principal

Suspensão de tudo aquilo que a atenção geralmente focaliz: tendências pessoais, preconceitos, pressupostos teóricos

Não privilegiar a priori nenhum elemento do discurso do paciente

Deixar funcionar o mais livremente possível sua própria atividade inconsciente

Correspondente da associação livre

Destaque, pela investigação analítica, do sentido latente nas palavras e nos comportamentos de um sujeito

(Laplanche e Pontalis, 2001).

1. Hipnose – sugestão de que sintoma não existe: logo abandonada

2. Hipnose: rememoração de experiências subjacentes ao sintoma (catarse)

3. Sugestão: pressão na testa: convencendo de que vai chegar à memória (catarse)

4. Associação Livre: efeito catártico deixa de ser principal (Descoberta: 1892-1898)

(Laplanche e Pontalis, 2001)

Também é substituição, mais ou menos distorcida, em lugar de um elemento que não é dito claramente

Além da associação livre:

Interpretação dos sonhos

Estudos dos lapsos e dos atos falhos

◦ Ato em que o resultado explicitamente visado não é atingido, mas se vê substituído por outro.

◦ Engloba não apenas ações “strictu sensu” mas todo o tipo de erros, de lapsos na palavra e no funcionamento psíquico – esquecimentos de coisas que sabem, lapsos de linguagem, erro de leitura, equívocos na ação, perda de um objeto. (Laplanche e Pontalis,2001)

quebra de objetos

Atrapalhação ao executar qualquer coisa

Além disso: Atos e gestos que pessoas executam sem perceber ou atribuir importância: cantarolar melodias, com partes da roupa ou do próprio corpo

Atribuídos a: casualidades, distrações, desatenções

Interpretação fácil e segura tendo em vista a situação em que ocorrem: impulsos e intenções que devem ficar ocultos à própria consciência (tal como criadores dos sonhos e dos sintomas)

Valor teórico: Repressão e substituição mesmo na saúde

Supressão

Associação entre nome e supressão

Nome lembrado traz elementos do que foi suprimido

Casos simples e casos motivados pela repressão

(FREUD, 1901 – A Psicopatogia da Vida Cotidiana)

Processo postulado por Freud para explicar atividades humanas sem qualquer relação aparente com a sexualidade, mas que encontram o seu elemento propulsor na força da pulsão sexual. Freud descreveu como atividades de sublimação principalmente a atividade artística e a investigação intelectual

(Laplanche e Pontalis,2001)

Dependendo da:

Quantidade Proporção de forças em choque

Resultado:

Saúde Neurose Sublimação Alvo irrepreensível mais elevado: Arte Atividade intelectual

Desejo inconsciente (recalque) mais força

Escapa a qualquer influência

Independente das tendências contrárias

Quando tornado consciente: impedido por idéias conscientes que lhe opõem

Reconhece como justa a repulsa: repressão é substituída por julgamento com ajuda das mais altas funções do homem - controle consciente do desejo é atingido

Personalidade convence-se de que repelira sem razão o desejo e aceita-o total ou parcialmente*

Sublimação

* “Não devemos perder de vista nossa natureza animal” (FREUD, 1909)

Básica: FREUD, S. (1909) Cinco Lições de Psicanálise In: Obras Psicológicas

Completas de Sigmund Freud, v. 11. Rio de Janeiro: Imago, 1970.

Complementar:

BREUER, J. (1893-1895) Estudos sobre a histeria (Casos Clínicos: Fraülein Anna O.). In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 2. Rio de Janeiro: Imago, 1974.

FREUD, S. (1901) A psicopatologia da vida cotidiana. In: Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 6. Rio de Janeiro: Imago, 1976

GAY, P. Freud: uma vida para nosso tempo. Trad.: Denise Bottmanns. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da psicanálise. Trad.: Pedro

Tamen, 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

UCHITEL, M. Neurose traumática: uma revisão crítica do conceito de trauma. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.