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DEFEITOS

Defeitos

Ao escrever, deve-se evitar o que possa prejudicar a compreensão do texto. Os defeitos mais comuns que aparecem nas redações são: ambigUüidade, cacofonia, eco, obscuridade, pleonasmo e prolixidade.

Ambiguidade

Ambiguidade (ou anfibologia) significa "duplicidade de sentido". Uma frase com duplo sentido é imprecisa, o que atenta contra a clareza, uma vez que pode levar o leitor a atribuir-lhe um sentido diferente daquele que o autor procurou lhe dar. Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. Alguns exemplos de frases ambíguas:

João ficou com Mariana em sua casa.Alice saiu com sua irmã.

Nesses exemplos, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento. Portanto, deve-se tomar muito cuidado no emprego desse pronome possessivo. A ambigüidade pode ser evitada com a substituição por dele(s) ou dela(s).Observe alguns outros exemplos:

Matou o tigre o caçador.

Pela quebra da ordem direta da oração, não se sabe qual é o sujeito e qual é o objeto. Quem matou quem? O tigre matou o caçador ou o caçador matou o tigre?

Visitamos o teatro do vilarejo, que foi fundado no século XVIII.Nessa construção, temos dois antecedentes que podem ser retomados pelo pronome relativo que. O que foi fundado no século XVIII: o teatro ou o vilarejo?

Nem sempre, porém, a ambiguidade é um defeito. A linguagem literária, sobretudo a da poesia, explora muito a ambiguidade como recurso expressivo. Textos humorísticos ou irônicos se valem também da ambiguidade para alcançar o humor. Portanto, só se deve considerar a ambiguidade um defeito quando ela atenta contra a clareza.

Cacofonia

Cacofonia (ou cacófato) consiste num som desagradável obtido pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de uma outra.

Você notou a boca dela? Receberam cinco reais por cada peça. Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.

Eco

O eco consiste na utilização de palavras terminadas pelo mesmo som.

A decisão da eleição não causou comoção na população. O aluno repetente mente alegremente.

Obscuridade

Obscuridade significa "falta de clareza". Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto:

períodos excessivamente longos;

linguagem rebuscada;

má pontuação;

ausência de coesão;

falta de coerência etc.

Pleonasmo

Pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um conceito. Nas frases:

Eles convivem juntos há mais de dez anos. A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria. Ele teve uma hemorragia de sangue.

Temos pleonasmo, uma vez que no verbo conviver já está contido o conceito de juntos (conviver é viver com outrem); portanto, a palavra juntos é redundante, nada acrescentando ao enunciado. Da mesma forma, brisa matinal só pode ocorrer de manhã; hemorragia, em linguagem denotativa, só pode ser de sangue.

Assim como a ambiguidade, nem sempre o pleonasmo constituirá um defeito de redação. A linguagem literária e, atualmente, a linguagem publicitária utilizam-se do pleonasmo com fins estilísticos, procurando conferir originalidade às mensagens. Nesse caso, o pleonasmo não deve ser considerado um defeito, mas uma qualidade, como nos exemplos seguintes:

"E rir meu riso e derramar meu pranto..." (Vinícius de Moraes)

"A mim, ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa)

Prolixidade

Ser prolixo é utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia. É alongar-se, é não ir direto ao assunto, é "encher linguiça". Prolixidade é o antônimo de concisão.Um texto prolixo é, em consequência, um texto enfadonho. Sempre que uma pessoa prolonga em demasia o discurso, os ouvintes tendem a não prestar mais atenção ao que ela está dizendo.

O uso de expressões que só servem para prolongar o discurso, como "por outro lado", "na minha modesta opinião", "eu acho que", tendem a não acrescentar nada à mensagem, tornando o texto prolixo.

Além dos defeitos apontados, devem-se evitar também evitar frases feitas e chavões, como "inflação galopante", "vitória esmagadora", "caixinha de surpresas", "caloroso abraço", "silêncio sepulcral", "nos píncaros da glória" etc., pois empobrecem muito o texto.

Um exemplo:

Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo.