Post on 29-Jan-2018
O AMOR EM DUETOS
Soprano: Gina Falcão
Mezzo-soprano : Maria Lúcia Waldow Piano : Horácio Gouveia
Apresentação
Este projeto de recital de canto lírico enfoca o gênero do dueto de câmara (para vozes femininas) com
acompanhamento de piano, abarcando um repertório que se estende do período barroco à produção do século
XX. Uma amostra de diversos estilos e linguagens composicionais cuja linha dorsal está representada pelos
textos que tratam do amor.
O amor retratado em várias culturas, num mesmo gênero, e em diferentes épocas.
O amor percorrendo rotas de integração entre os povos é o ponto de partida para o projeto musical, Amor em
Duetos, com direção musical de Horácio Gouveia.
Para alcançar este objetivo, o grupo tomou por base uma ampla pesquisa de compositores que se encaixavam no perfil
camerístico mencionado.
A diversidade das línguas (além do italiano e alemão da tradição de concerto, o espanhol, o tcheco e o português
brasileiro) e estilos poéticos e musicais do repertório representam um variado, agradável e informativo espectro desse
gênero artístico híbrido, onde música e palavra se encontram numa relação íntima de indissociabilidade.
Apresentamos um trabalho cuidadoso de pesquisa de repertório, onde todas as peças selecionadas representam
interessantes universos poético-musicais, revelando diferentes explorações do tema “amor”, desde a consecução do par
“ideal” representado por Nero e Poppea na música de Monteverdi, passando por abordagens metafísicas do romantismo
alemão, até tratamentos mais cômicos e caricatos como os da músicas de Rossini.
A única transcrição do programa é o dueto final da ópera “A Coração de Poppea” (L'Incoronazione di Poppea) de
Monteverdi, segundo Nikolaus Harnoncourt uma das mais importantes obras de toda a literatura operística e comparável
às obras primas de Mozart e Verdi. Nesta ópera, diz ainda Harnoncourt, estamos diante do tema do poder destrutivo do
amor, através do qual um imperador romano torna-se um fantoche nas mãos da prostituta Poppea, impondo uma
reversão da ordem moral de seu império. O dueto final, seguindo a tradição do Lieto Fine do período pode, entretanto, ser
interpretado como algo menos “glorioso”, na medida em que o casal aparentemente feliz pode ter pago um preço
demasiado alto por tal conquista.
No século XIX o Lied assume um papel central como gênero musical. Na canção de origem popular, o Romantismo
enxergava o primordial, o característico e o nacional. Tanto a canção popular estimulava os compositores eruditos (como
as aqui representadas pela escolha dos textos das coleções “populares” de Herder em Brahms e a saborosa cor – para
nós “exótica” - das melodias morávias em Dvorák), quanto o contrário. A poesia romântica de Heine, um dos poetas
favoritos de Mendelssohn e Schumann, também tinha inspirações populares e almejava a simplicidade e o essencial e
afastar-se do rebuscamento clássico da época de Goethe.
O dueto dos gatos de Rossini representa um belo contraste em nosso programa. O título é suficientemente eloqüente,
poupando maiores explicações sobre a peça. Basta dizer que foi composta pelo autor do “Barbeiro de Sevilha” (famoso,
sobretudo por suas óperas cômicas ou bufas), assim como o outro dueto no programa (La Pesca) quando já havia se
retirado da vida “pública” de compositor, vivendo abastadamente em Paris. O salão de Rossini era freqüentado pela
maioria dos grandes artistas e figuras célebres que viviam ou passavam por Paris. Nestas ocasiões (os Samedi Soirs)
eram apresentados seus “Pecados da Velhice” (Pechés de Vieillesse), peças mais ou menos despretensiosas, que
representam, segundo o musicólogo Philip Gossett, um misto de graciosidade, ingenuidade e sofisticação.
Como explica Lauro Machado Coelho em seu livro “A Ópera da França”, o espanholismo tornou-se moda na França
gracas à esposa de Napolenao III, a imperatriz Eugenia Montijo, que introduziu na côrte francesa os ritmos de dança,
roupas e costumes culinários de sua terra natal. Na virada do século XIX para o XX, a fascinação francesa pela
península ibérica está refletida na produção musical, em importantes obras como a famosíssima “Carmen” de Bizet, no
poema sinfônico España de Chabrier; na “Rapsódia Espanhola” de Lalo; Iberia, La Soirée dans Grenade e La Puerta
del Vino de Debussy (esta última, a maior obra “espanhola”, segundo ninguém menos que Manuel de Falla!); na “Hora
Espanhola” e Tzigane de Ravel; e no dueto que incluímos em nosso programa: El Desdichado de Camile Saint-Saëns.
Ressaltamos que a questão da dicção foi uma dos principais focos do trabalho, a fim de alcançar uma padronização
natural do trabalho articulatório e de timbragem das vozes. Tivemos inclusive a cooperação da professora de tcheco
Marketa Pilatova, para trabalhar os textos populares morávios dos duetos de Dvorak.
REPERTÓRIO
I
A. DVOŘÁK Quatro Duetos Morávios op. 38:
(1841-1904) Možnost
Jablko
Věneček
Hoře
F. MENDELSSOHN Dois Duetos
(1809-1847) Abendlied (Heine) (1839)
Ich wollt’ meine Lieb, op. 63 nº 1 (Heine)
J. BRAHMS Três Duetos op. 20 (1858):
(1833-1897) Die Meere (Herder)
Weg der Liebe II (Herder)
Weg der Liebe I (Herder)
REPERTÓRIO
II
C. MONTEVERDI Pur ti miro – da ópera L’Incorocazione di Poppea
(1567- 1643)
C. SAINT-SAËNS El Desdichado (Bolero) (1871)
(1835-1921)
G. ROSSINI La Pesca (Serate Musicali)
(1792- 1868) La Regata Veneziana:Notturno a due voci (Serate
Musicali)(1835)
Duetto Buffo di Due Gatti
HORÁCIO GOUVEIAPIANO
Pianista recifense radicado em São Paulo desde 1993, Horácio Gouveia é detentor de vários prêmios, entre eles:
Vencedor do XVI Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (2005); 2º Lugar no I Concurso Cultura
FM – Prêmio PROMON (1996) 1º Lugar e "Melhor Sonata" no X Concurso Nacional Cidade de Araçatuba (1993); 2º Lugar
e "Melhor Intérprete de Música Brasileira" no Concurso Internacional Guiomar Novaes em Barra Bonita (1997).
Como bolsista do DAAD estudou na Universidade Albert Ludwig em Freibug(Alemanha) em 1996
Seu repertório abrange obras compostas desde o período barroco até o século XXI, nos âmbitos do piano solo, da
música de câmara e dos concertos com orquestra. A partir de 1993, sob a orientação da pianista e professora Beatriz
Balzi, passou a trabalhar obras de alguns dos mais destacados compositores contemporâneos, tendo realizado pesquisa
de Mestrado sobre interpretação de obra de György Ligeti (sob a orientação de Jacob Herzog na UFRJ). Interpretou obras
contemporâneas para piano em Master Classes dos renomados pianistas
franceses Claude Helffer e Martine Joste e em eventos especializados, como o tradicional Festival Música Nova (São
Paulo). Participou também de diversos cursos com importantes nomes da cena pianística internacional.
Atualmente é professor e correpetidor da Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM) em São Paulo, além de
cursar o Doutorado em Musicologia na USP, pesquisando obras de György Kurtág. É também integrante do Percorso
Ensemble e do Trio Arkhé de São Paulo.
MARIA LÚCIA WALDOWMEZZO-SOPRANO
Maria Lúcia Waldow é bacharel em Canto pela UNESP e em Comunicação pela Fundação Armando
Álvares. Estudou canto sob orientação de Eiko Senda, Lenice Prioli e Martha Herr, entre outros. Trabalhou repertório
operístico com Vânia Pajares.
Participou do curso promovido pela Fundação Vitae, ministrado pela mezzo-soprano norte-americana Julie
Simson (2003) e, como executante, do master class realizado em São Paulo pelo baixo-barítono internacionalmente
renomado José Van Dam (2005). Aperfeiçoa-se sob orientação de Juvenal de Moura e realizou em 2008 curso de
extensão na área de fisiologia da voz falada e cantada ministrado pela Professora Doutora Sílvia Pinho no Centro de
Comunicação e Voz Profissional (INVOZ).
Integra desde 2002 os corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo (Coral Paulistano).
Junto aos grupos vocais Brasilessentia e Vox brasiliensis realizou concertos na Europa (Itália e França),
atuando também como solista no Petit Palais (Paris).
Estreou como solista de ópera no papel de Karolka, na primeira montagem sulamericana de Jenufa de Leoš
Janáček, no Teatro Municipal de São Paulo, sob regência de Ira Levin, tendo recebido elogiosas menções da crítica
especializada. Em 2005, no projeto Cena Aberta do Teatro Muncipal de São Paulo, interpretou o Príncipe Orlofsky do
"Morcego" de J. Strauss.
Tem se apresentado como recitalista em importantes salas brasileiras e integrado tradicionais séries de
concertos como as "Vesperais Líricas" do Teatro Municipal de São Paulo, os concertos Teatro Popular do Sesi (São
Paulo), do auditório do Masp, Centro Cultural São Paulo, Instituto Brasil-Estados Unidos (Rio de Janeiro), Teatro Oficina
(São Paulo), entre outros.
GINA FALCÃOSOPRANO
Natural de Fortaleza iniciou os estudos no Conservatório Alberto Nepomuceno(CE). Bacharel em canto
pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM), na classe de Carmo Barbosa e aluna de Abel Rocha e Iacov Hillel
na disciplina Estúdio Ópera .
Participou do CoralUsp sob a regência de Benito Juarez, Tiago Pinheiro e Selma Boragian e do Coral do
Estado de São Paulo sob a regência de Ferraz de Toledo. Atualmente é integrante do Collegium Musicum de São
Paulo sob a regência do maestro Abel Rocha.
Participou da montagem da ópera Dido & Aeneas (Henry Purcell) sob a regência de Abel Rocha e direção
cênica de Iacov Hillel.. Participou da primeira mostra da reconstituição da ópera Joanna de Flandres de Carlos Gomes
e da montagem da ópera Salvador Rosa de Carlos Gomes sob a regência de Fábio Gomes de Oliveira e direção cênica
de Walter Neiva.
Em 2004 atuou como solista do espetáculo “Paulicéia Desvairada - 110 Anos de Mário de Andrade”, da
montagem do espetáculo "O amor em Paris e Nova York " (2006) e do projeto "Caminho do Sol", uma realização da
Prefeitura de Itu (2007). Participou como solista do V Encontro Nacional de Compositores (V ENCUN) juntamente
com o Duo Crispim (flauta e piano), da 47ª Semana da Música do Conservatório Dramático Musical de Tatuí (2007) e
do Festival de Música Eleazar de Carvalho (Fortaleza).
Atualmente é graduanda em Licenciatura Plena em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado e
aluna especial do programa de Mestrado em Interpretação na Universidade Estadual Paulista.
Endereços de vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=6pzxaT6Bijw
http://www.youtube.com/watch?v=yxUzWQex54c&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=q_JXfrWpuus
Meu coração não quer ir descansarNas marés do amor está errando à deriva
Quem sabe através daquilo que iniciaO amor encontra seu caminho
Se trancado for, afastado da luz do solMesmo através dos cadeados e lacres
encontrará o seu caminho ?
Os amantes estão sempre num contínuo tormento- Por que choras ?- Não apenas pela dor caiu meu coração...Mas também por afiada lâmina foi atingido
Gostaria que meu amor se derramasseA palavra repleta de amor
E não mais sofrer
Brilhe lua, no alto do céu, enquanto vago pelo mundoPara que meu amor veja os caminhos que percorrerei