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FOLHA DE S.PAÜLO segunda-feira, 14 de abril de 1997 ilustrada 4 • 5 r " 1 " " 1 •»•» 1 « . • • • • - « > < " • » » • •< t » . , P « . . . . . . . . . . . . . « / i — m • » w ••• . v . . . . w •»•„ . » — . » . . • n . . . r , . • . ^ . ^ v » . . •».-

TELEVISÃO Serie produzida em parceria entre o cineasta Belistirio França, o antropólogo Hennano Vianna e a TVE do Rio vai ao ar em setembro

'Além-Mar' reúne povos que falam português n Vâi.n*i2 fcBUfi» •,.'.••1

Belisário França, que dirige o documentário sobre a língua portuguesa que será exibido em setembro

TV Feira de programação na França reúne expositores de 48 países

Cultura anuncia que pretende produzir 'Fazenda Ra-Tim-Bum'

Dupla fez 'Programa Legal' Imagine a loucura que foi lazer a pesquisa para o 'Alricar. Pop\ As informações eram p o u c a s ninguém conhecia aquilo Ia. Agora, tlzemos grande parte do levantamento via Internet" , . conta França.

Foi a Internet que levou Vian-na a descobrir o interesse dos ! descendentes de portugueses de Cingapura pela cultura lusi- , tana.

Navegando na rede, desco-briu uma tese publicada por um australiano sobre os eura-sianos de Cingapura.

" A partir dai incluímos Cin-gapura no roteiro. Antes, nem sabíamos disso", explica o ci-neasta.

Na próxima semana, a equipe viaja para Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Angola e São T o m é e Príncipe. (CG)

FRANCISCO MARTINS DA COSTA enviado especial a Canncs

O presidente da Fundação Padre Anchieta, Jorge da Cunha Lima, anunciou em Cannes que a T V Cultura inicia neste semestre a produção de duas novas séries: r ,Boys Heróis" e "Fazenda Ra-Hm-B u m " .

"Boys Heróis" é um projeto de Anna Muylaert que deve estrear na T V Cultura em 98. "Fazenda Ra-H m - B u m " é uma nova criação que pretende transmitir às crianças noções sobre desenvolvimento sustentado, mostrando os perso-

nagens de " R a - H m - B u m " c de "Castelo Ra-Tim-Bum" discutindo a produção de alimentos sem agro-tóxicos e preservando o meio-am-biente. Haverá também um cien-tista maluco que fará experiências genéticas e clones de bichos. Ainda resta definir como será o financia-mento. Cunha Lima está em Can-ncs participando da Mip T V 97, a maior feira européia de T V , com 1.092 expositores de 48 países.

Novidades Os expositores oferecem progra-

mas, formatos, documentários, fil-mes, especiais e novelas a repre-

sentantes de T Vs do mundo todo. Os programas infantis, a produ-

ção européia de seriados e novida-des tecnológicas (como a TV de al-ta definição, os programas em 3D os televisores ligados à Internet) são algumas das atrações da feira.

Para fòs de futebol, a Mip T V 97 oferece o desenho animado espa-nhol estrelado por um jogador-mi-rim chamado Pelé —baseado no jogador—, documentários sobre as cidades-sede da Copa 98 e um game-show interativo.

O Jornalista Francisco Martins da Costa viajou a Cannes a convite da Reed Midem Organlsatlon, da Alltalla e do Stüdent Travei Bureau

CRISTINA GRILLO da Sucursal do Rio

L"m grupo de pessoas com traços orientais dança o vira —dança tí-pica portuguesa— tendo ao fundo a arquitetura moderna de Cinga-pura; em Macau, na costa chinesa, outro grupo aprende capoeira com um professor português; em uma praia cm Goa, na índia, mu-lheres cantam "Copacabana" , de João de Barro e Alberto Ribeiro.

Cenas c o m o essas serão exibidas a partir de setembro na minissérie "Além-Mar" , parceria do cineasta Belisário França, 36, e do antropó-logo e pesquisador Hermano Vianna com a T V Educativa do Rio de Janeiro.

A idéia da minissérie é mostrar a vida e a cultura dos 200 milhões de pessoas que falam português pelo mundo e c o m o essas diferentes culturas assimilaram traços umas das outras.

Para isso, " A l é m - M a r " apresen-tará cenas de lugares tão distantes quanto Málaca (cidade no litoral sul da Malásia), Goa, Maputo (em Moçambique) c Cingapura —além, é claro, do Brasil c de Por-tugal.

"Não temos muita noção, aqui, do que é a herança lusa nesses lu-gares c quais são os traços que essa herança deixou na cultura con-temporânea", explica França.

A equipe da minissérie já esteve na Ásia e na próxima semana em-barca para a África. A primeira parte da viagem já rendeu histórias interessantes. A primeira delas: a descoberta de que em Cingapura há uma crescente preocupação dos descendentes de portugueses e asiáticos c m recuperar a cultura lusitana.

Pela legislação do país, a língua oficial é o inglês, mas todo cidadão tem que optar por um segundo idioma.

"Por isso, há muitos descenden-tes preocupados em aprender a fa-la cristã, um tipo de português fa-lado em Málaca (Malásia). Há também muitos cursos de vira e de culinária portuguesa", conta França.

Outra curiosidade: a proximida-

da Sucursal do Rio

"AIém*Mar" repete uma par-ceria que iâ deu certo entre Be-lisário França e I lermano Vian-na.

A dupla foi a responsável pelo "Programa Legal", estrelado por Regina Casé c Luís Fernan-do Guimarães, que foi exibido pela T V Globo entre 1991 e 1992.

Juntos, os dois também já fi-zeram a série "African Pop" — u m trabalho sobre musica africana exibido pela T V Man-chete em 1989.

Além desses programas, os dois realizaram "Folia na Ba-hia" , que foi ao ar pela M T V Brasil em 1991, e "Baila Cari-be" , que foi exibido pela T V Cultura em 1993.

"Mas agora foi mais fácil.

no" ; cm Macau, são acompanha-das por orquestras de instrumen-tos chineses.

Mas a cena que talvez deixe mais clara a proximidade dos países de língua portuguesa escapou das lentes de Belisário França. Num dia de folga, o cineasta passeava por uma feira c m Macau quando foi abordado por uma adolescente do Timor Leste.

"Ela soube que eu era brasileiro c veio correndo me perguntar co-m o terminava a novela 'Mulheres de Areia*. Eu não sabia. Tive que inventar um final ali m e s m o . "

" A l é m - M a r " terá c inco progra-mas, com uma hora de duração ca-da. De acordo c o m França, os ca-pítulos serão montados a partir de temas centrais —identidade, fé, miscigenação, idioma e imagem contemporânea.

A minissérie está sendo filUnada em película de 16mm, o que dá maior qualidade às imagens e faci-lita $üa aceitação pelo mercado eu-ropeu. Além disso, o material dará origem a um longa-metragem, que deverá ser lançado no final do ano. #

de da culinária indiana com a culi-nária do Nordeste do país. " S e m -pre se pensa que a origem de pra-tos como o sarapatel é a África, mas a raiz está em Goa, na índia", diz França.

Para o cineasta, a principal ca-racterística da série será mostrar que os portugueses foram o que se pode considerar os primeiros agentes de globalização.

"Eles se misturavam com a cul-tura local e carregavam produtos de um lado para o outro. São os verdadeiros globalizadores", diz França.

O cineasta cita exemplos: o coco, produto que parece ser tão tipica-mente brasileiro, foi trazido da ín-dia pelos portugueses; o caju, fruta brasileira, é o principal produto de exportação de Moçambique.

A música — o u t r o ponto forte da minissérie—, também mostra essa globalização: guitarras portugue-sas são a base do mandó, ritmo de Goa, e da música produzida na re-gião de Macau. Em Goa, as guitar-ras são tocadas com o que França define como " u m suingue india-