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Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
ÍNDICE
Introdução ................................................................................................................................... 1
1. Procedimentos Metodológicos e enquadramento teórico da Metodologia ..................... 3
2. Diagnóstico ......................................................................................................................... 5
2.1 Enquadramento Sociogeográfico da Instituição............................................................. 5
2.2 História, Missão e Objetivos ........................................................................................... 8
2.3 Áreas de Intervenção, Organização e Recursos ............................................................. 9
3. Projeto de Educação Social ................................................................................................. 12
3.1 Apresentação do Projeto ................................................................................................ 12
3.2 Campos de intervenção e discussão teórica.................................................................. 13
3.3 Objetivos gerais e específicos ....................................................................................... 16
3.4. Plano de atividades, calendarização e recursos ........................................................... 17
3.5. Método de avaliação previsto ....................................................................................... 21
Referências ............................................................................................................................... 23
Anexos ...................................................................................................................................... 25
Anexo 1 – Análise SWOT ....................................................................................................... 26
Anexo 2 – Quadro Autodiagnóstico 1 .................................................................................... 27
Anexo 3 – Quadro Autodiagnóstico 2 .................................................................................... 28
Anexo 4 – Guião de entrevista A1 .......................................................................................... 29
Anexo 5 – Protocolo da entrevista A1 .................................................................................... 31
Anexo 6 – 1º tratamento da entrevista A1 ............................................................................. 48
Anexo 7 – Pré-categorização da entrevista A1 - Unidades de sentido .................................. 57
Anexo 8 - Grelha de categorização de unidades de sentido (Entrevista A1) ....................... 63
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Anexo 9 - Categorização das unidades de sentido entrevista A1 .......................................... 63
Anexo 10 - Quadro geral de comparação de dados ................................................................ 71
Anexo 11 - Protocolo da entrevista A2 .................................................................................. 72
Anexo 12 - 1º. Tratamento da entrevista A2 .......................................................................... 74
Anexo 13 - Pré-categorização da entrevista A2 - Unidades de sentido ................................ 76
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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INTRODUÇÃO
O trabalho que nos propomos apresentar de Diagnóstico e Projeto de Educação Social
para a Unidade Curricular de Prática I centra a sua elaboração a partir da entidade Junta de
Freguesia de Almodôvar.
Pretendemos conhecer de perto a realidade da população desta freguesia, para além da
caracterização deste território, através dos dados demográficos e da caracterização a nível
funcional e em termos de ocupação, pretendemos um olhar mais profundo identificando os
principais atores deste espaço, que problemas é que identificam e que necessidades e mais-
valias são sentidas na comunidade. É na tentativa de perceber estas relações e interações
pessoais e coletivas bem como a sua organização social que surge o nosso trabalho e é neste
sentido que o Educador Social poderá ter um papel relevante, sendo o seu “traço” marcante,
sem dúvida, «… a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no
sentido do bem-estar da pessoa e da sociedade.» (Cardoso, 2006, p.14).
Pretendendo conhecer de perto a realidade da população desta freguesia e, por considerar
a Junta a entidade que nos podia privilegiar nesse mesmo sentido, tivemos por objetivo o
desenvolvimento de um trabalho de diagnóstico social e, por consequência a elaboração de
um Projeto de Educação Social.
Este trabalho compreenderá as seguintes etapas:
Iniciaremos com a nossa proposta metodológica, metodologia esta que assenta em
técnicas que entendemos ser as mais adequadas à realidade da comunidade da vila de
Almodôvar.
Ao utilizarmos essas técnicas, pretendemos alcançar um diagnóstico assertivo, adequado
e sempre a pensar no bem-estar e na melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Focaremos os nossos objetivos tendo em vista o tempo disponível para a realização do
projeto, concentrar-nos-emos também em ser realistas mediante os recursos disponíveis à
realização das atividades.
Para a apresentação do projeto, pretendemos enfatizar o nome do mesmo como algo que,
a nosso ver, demonstra o âmbito e a finalidade que se pretende alcançar. O título “LADO A
LADO” pretende oferecer ao leitor deste projeto um significado de parceria que pretendemos
estabelecer com as várias entidades da freguesia de Almodôvar, tal como o caminhar para o
objetivo comum, onde a comunidade não seguirá atrás do projeto, mas sim, lado a lado com
ele. Não fosse o projeto realizado com, e para a comunidade, ela própria.
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Alberto Melo (2006), numa comunicação, assinala pelo mesmo diapasão quando refere
que, a dinâmica educativa, não tem como objetivo ensinar algo a outrem, numa relação de
“face a face”, mas sim, a reciprocidade de aprendizagens que se vão criando numa clara
alusão de desenvolvimento “ombro a ombro”. Como missão do grupo, pretende-se promover
uma maior dinâmica participativa à população local, para que sejam desenvolvidas soluções
para alguns dos seus problemas, contribuindo assim para uma maior aprendizagem baseada
nos saberes locais e na capacitação individual dos sujeitos.
A participação das pessoas está intimamente ligada ao processo de conscientização, tal
como foi definido por Paulo Freire (1987), e todos os resultados conseguidos através desta
participação fazem com que as próprias pessoas sintam que é possível transformar a sociedade
que as rodeia e toda a sua realidade social. Esta conscientização, alargando os horizontes e
permitindo que as pessoas enfrentem desafios e os tomem como alavanca de dinamização,
autonomia, capacitação, espírito crítico e reflexivo, etc., irá contribuir para emancipar esta
comunidade e fazer com que exista uma maior potencialidade e competitividade saudável
entre todos, reforçando as suas próprias capacidades, que irão não só impulsionar, como
potenciar o desenvolvimento.
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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA METODOLOGIA
Em qualquer trabalho em ciências sociais é necessário recorrer a métodos, técnicas, e
estratégias específicas consoante o assunto em questão (Albarello, L.; Digneffe, J.; Maroy, C.;
Ruquoy, D. & Saint-Georges, P., 1995). Sendo a metodologia seguida segundo os princípio
de Ander-Egg (1987), que a entende como a disciplina que se ocupa dos métodos e suas inter-
relações, e, partindo de uma recolha de dados primários (gerados pela investigação) e
secundários (já existentes). Esta recolha de dados primários, permitiu apurar informação
qualitativa, através de observação não participante, com o auxílio de notas de campo que
permitiram ver as caraterísticas culturais e organizacionais, através de fóruns auto
diagnóstico, entrevistas semi-diretivas e onde se apuraram as opiniões da comunidade bem
como a perceção dos investigadores e dos investigados sobre a problemática, pretendendo-se
realizar um fórum de apresentação do resultado dos dados e respetiva problemática
identificada à comunidade. Quanto aos dados secundários, além de permitirem chegar-se a
dados qualitativos, através das pesquisas documentais sobre a história, cultura, educação, etc.
em documentos oficiais e páginas web, obtiveram-se também dados quantitativos, através da
consulta de dados que nos forneceram informação oficial, estatística, organigrama
institucional; relatórios anuais, etc., e que nos conduziram para uma obtenção de dados mais
fiáveis e ricos, sendo esta a organização metodológica e crítica das práticas de investigação
(Almeida & Pinto, 1982). O trabalho de investigação no campo é flexível e sem
procedimentos rígidos e a metodologia está constantemente a ser adaptada e redefinida pelo
investigador (Burgess, 1997). Segundo Bell (1997) e Pérez Serrano (1994), a observação é
uma das técnicas fundamentais utilizadas no processo de investigação em Ciências Sociais e
pode tornar-se numa técnica poderosa. Aplicado a um determinado contexto social, fazem
parte da observação direta, entre outros, os cadernos de campo, os guias de observação e as
notas de campo, (Burgess, 1997; Machado, 2004; Pérez Serrano, 1994). Segundo Quivy e
Campenhoudt (1998), na observação direta, procede-se diretamente à recolha de informação,
onde devem estar presentes os indicadores pertinentes para o estudo em questão. Por outro
lado, diz Machado (2004) que a observação direta, com a realização das notas de campo,
permitem o registo de dados da vida quotidiana das pessoas. Estes dados, resultam de atitudes
espontâneas e que permitem ao investigador fazer o registo dos acontecimentos, perceções e
intuições, e foram regularmente escritos com as informações sobre as pessoas e as
infraestruturas que posteriormente servirão como auxílio na orientação do trabalho e durante o
seu percurso (Burgess, 1997).
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Neste estudo, iniciámos o trabalho de observação direta não participante, durante os
meses de Setembro, Outubro e Novembro, com recolha de registos fotográficos e com a
elaboração de notas em cadernos de campo, que optámos por ser feita individualmente para
melhor riqueza de recolha de dados, que posteriormente foram analisados e conciliados. Nesta
recolha de dados, procurámos saber como a comunidade está organizada, quer a nível
funcional - comércio, equipamentos, infraestruturas, espaço residencial e lazer e também a
nível de ocupação - quem são os moradores, quem utiliza este espaço, quem são os líderes e
representantes da população, tendo sido realizadas algumas conversas informais que nos
permitiram uma recolha de dados muito significativos e serviram para aprofundarmos a
observação. Estas conversas informais, segundo Duarte (2002), devem ser utilizadas na fase
preliminar da investigação para ajudar às questões pertinentes para o estudo e sempre que
possível devem ser registadas no caderno de campo.
É então nesta ordem de ideias que achámos relevante dinamizarmos dois Fóruns de
Autodiagnóstico, onde reunimos com várias entidades, líderes locais e sociedade civil, com o
objetivo claro de, além de promover o encontro/discussão/debate sobre alguns tópicos
previamente definidos, levar-nos à problemática social mais vincada nesta comunidade. Não
temos quaisquer dúvidas de que este tipo de procedimento, porque a coberto de
informalidade, permite estabelecer uma interação forte com as pessoas sem que estas sintam
quaisquer constrangimentos relativamente às temáticas abordadas.
Além dos métodos já descritos, realizamos também duas entrevistas: uma à Vereadora da
Cultura da Câmara Municipal de Almodôvar e outra ao nosso Tutor e Presidente da Junta de
Freguesia de Almodôvar, sendo estas duas instituições membros executivos do CLAS de
Almodôvar.
Cada entrevista foi efetuada apenas numa única vez, não tendo sido necessário recorrer a
mais atendendo à riqueza dos dados obtidos, sendo a forma de linguagem adaptada à de cada
entrevistado durante as entrevistas e mantida a aproximação e interação entre entrevistador e
entrevistado (Jovchelovitch & Bauer, 2002).
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2. DIAGNÓSTICO
Considerámos importante para a realização do diagnóstico munirmo-nos de elementos
que nos permitam intervir de uma forma mais incisiva e assertiva em áreas que se revelam
essenciais. Demos, primeiro que tudo, destaque à pesquisa bibliográfica na medida em que
sem ela este nosso trabalho se revelaria infrutífero. De um dos primeiros documentos que
consultámos inferimos, segundo Espinoza (citado por Serrano, 2008), que um diagnóstico «…
é o reconhecimento que se realiza, no próprio terreno em que se projeta a execução de uma
ação determinada, dos sintomas ou signos reais e concretos de uma situação problemática»
(p.29). Com efeito, para a elaboração de diagnósticos sociais é sabido que um dos aspetos que
devemos levar em consideração é o conhecimento de uma realidade para que, posteriormente,
possamos passar à ação.
2.1 Enquadramento Sociogeográfico da Instituição
A freguesia de Almodôvar, com sede na Vila de Almodôvar, situa-se neste concelho do
Baixo Alentejo, distrito de Beja, cuja área (do concelho) se enquadrada num contexto
territorial rural, dado o seu cariz agrícola por excelência, muito extenso, com uma área de
775,4 Km2 e uma população de 8145 habitantes (INE, 2001), embora os dados de 2011 do
INE indiquem uma diminuição de 696 habitantes nos últimos 10 anos, perfazendo um total
atual de 7449 habitantes residentes. É composto pelas freguesias (8) de Aldeia dos Fernandes,
Gomes Aires, Rosário, São Barnabé, Santa Clara – a – Nova, Senhora da Graça dos Padrões,
Santa Cruz e Almodôvar.
Consideramos este território, enquadrado no contexto tipológico, como sendo um
território rural, dado o seu cariz fundamentalmente agrícola, em que a atividade principal
deriva da agricultura e dos recursos naturais deste espaço, mas em via de urbanização (Reis,
2001). Dispõe de recursos naturais, sendo a sua principal riqueza a cortiça, a aguardente de
medronho, o queijo de cabra e o mel. Dadas as suas características estruturais, munidas de
várias infraestruturas, equipamentos e serviços e a sua relação de proximidade geográfica,
social, económica e política, existente entre este espaço rural, recorrendo-nos do paralelismo
referido por Campêlo (2000) entre o rural piscatório e rural agrícola, quer com a sua capital de
distrito, Beja, quer com os concelhos contíguos e respetivas freguesias sediadas no limítrofe
fronteiriço da sua área e mais concretamente pela proximidade com o Algarve, fazem com
que este território se envolva numa fonte de oportunidades benéficas para o seu
desenvolvimento e que seja enquadrado no novo conceito de território: “rurbano”.
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Almodôvar aparece pela primeira vez nos mapas do tempo dos Árabes, que tiveram como
é sabido uma grande influência na Península Ibérica, com o nome de Al-Mudura, que
significa «a coisa em redondo, ou cercada em redondo». E, de facto, Almodôvar foi
reedificada pelos árabes no século VII, altura em que a vila foi cercada de muralhas e
edificado um castelo, cujos vestígios, no entanto, desapareceram. Almodôvar pertenceu ao
mestrado de Santiago a quem concedeu Foral EL-Rei D. Dinis em 17 de Abril de 1285, o que
demonstra ser esta vila, já nessa época um centro importante.
Mas, para Almodôvar, há um acontecimento de grande valia e objeto de grande estima e
orgulho: trata-se da existência aqui da primeira espécie de Universidade de Teologia do Sul
de Portugal, que funcionou no Convento de S. Francisco, que ainda hoje existe, e foi fundado
em 1680 por Frei José Evangelista, catedrático jubilado da Universidade com os bens que
herdou dos seus pais, sendo lançada por si a primeira pedra a 2 de Setembro de 1680. Parte da
Biblioteca desta Universidade encontra-se hoje na Câmara Municipal.
O património histórico e arqueológico de Almodôvar constitui-se pelas igrejas edificadas,
com destaque para as igrejas Matriz de Almodôvar (é o mais imponente monumento da Vila
de Almodôvar, na simplicidade das suas colunas toscanas, na riqueza dos altares laterais e na
sumptuosidade do altar-mor, mandado construir por D. João V) e Santa Cruz e o Convento de
Nossa Senhora da Conceição, sendo de destacar a importância da estação arqueológica das
Mesas do Castelinho, em Sta. Clara a Nova, assim como dos achados ligados à mais antiga
escrita conhecida de Portugal, com mais de dois mil e quinhentos anos que podem ser
apreciados no Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar – ‘MESA’. Outro dos patrimónios
históricos marcantes é ainda o museu municipal Severo Portela - denominação em
homenagem a este artista (pintor) - que se radicou em Almodôvar, espaço este que tem
igualmente funções de galeria de exposições temporárias, e que reaproveita o imóvel onde
estiveram instalados, primeiro os Paços do Concelho (para cujas funções foi edificado) e,
depois, a cadeia civil.
Quanto à freguesia de Almodôvar, composta pelos aglomerados populacionais:
Almodôvar, Corte Zorrinho, Porteirinhos, Corvatos, Fontes Ferrenhas, Monte das Mestras,
Guedelhas, Monte da Vinha, Gorazes e Monte dos Mestres, tem, segundo dados apurados,
cerca de 221km2, com uma densidade populacional de 16,30 hab/Km2 e com uma população
residente (total) de 3596 pessoas, sendo a população ativa de 1645 pessoas e 122
desempregadas, à qual corresponde a taxa de desemprego de 7,40%, (INE, 2001), sendo a
Câmara Municipal e a empresa mineira Somincor os principais empregadores da região.
Aliás, o acontecimento mais significativo nestes últimos anos foi a abertura deste complexo
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mineiro sito em Neves-Corvo, tendo o ano de 1982 marcado o início das atividades no couto
mineiro. Com uma área de 13,5 km², distribui-se pelos concelhos de Castro Verde e
Almodôvar, o seu início de atividade veio aumentar a oferta de emprego e uma certa
animação de alguns sectores do tecido social, tendo atualmente cerca de 1300 trabalhadores
(diretos e indiretos), dos quais 90% são oriundos da região envolvente (Castro Verde,
Almodôvar, Aljustrel, Ourique e Mértola). Em 2005, a Somincor, empregava 163
trabalhadores residentes em Almodôvar (CECA, 2006), com salários muito acima da média,
mostrando pouco significativos os índices de pobreza quer em Almodôvar quer na região.
Contudo, segundo os dados do INE (2011), existem 202 beneficiários do RSI no concelho.
Em 2002 (INE - Anuário estatístico da região Alentejo de 2003), o índice de
envelhecimento atingiu os 228 idosos por cada 100 jovens do concelho, valor este
ultrapassado atualmente em 9,1 ou seja, aponta um índice atual de envelhecimento de 237,1.
Um valor muito superior ao registado a nível nacional (105), à média da região Alentejo (168)
e à média da sub-região Baixo-Alentejo (175), concluindo-se deste modo, que Almodôvar
detém uma das populações mais envelhecidas do Baixo Alentejo (INE - Anuário estatístico da
região Alentejo de 2009).
Dos dados recolhidos, através das observações, notas de campo, conversas informais,
pesquisas documentais, entrevistas e fóruns de autodiagnóstico, verifica-se que as relações
internas entre a comunidade de Almodôvar não têm quaisquer barreiras, sendo dotadas de
espontaneidade e de tranquilidade e que marcam afinidade entre todas as pessoas e os
comportamentos e vida quotidiana manifestam-se essencialmente nas suas atividades. A
população vive, mormente, de atividades provindas do 2º setor (administração, construção
civil, indústria, função pública, comércio e serviços, etc.) e que desenvolve em paralelo com a
pequena agricultura.
Nesta comunidade da freguesia de Almodôvar existe uma propensão associativa
relativamente alta e de variadas dimensões. A dimensão cultural e de promoção ao
desenvolvimento local (Sociedade Popular e Cultural dos Porteirinhos; Associação de
Agricultores de Almodôvar; Esdime - Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo
Sudoeste, C.R.L.; Associação In Loco - Intervenção, Formação e Estudos para o
Desenvolvimento Local); dimensão artística (Trequelareque - Oficina de Comunicação e
Criatividade; Associação Os Malteses; Grupo Coral Feminino Flores do Campo; Grupo
Vozes de Almodôvar – cantares alentejanos); dimensão desportiva (Associação de Cavaleiros
da Vila Negra; Clube Desportivo de Almodôvar; Moto Clube de Almodôvar; Sociedade
Artística Almodovarense; Clube Columbófilo Asas de Almodôvar; Casa do Benfica de
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Almodôvar; Núcleo do Sporting de Almodôvar) e dimensão social (Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários de Almodôvar; Grupo Sócio Caritativo da Paróquia de
Almodôvar; Associação Ajuda a Sorrir). No entanto, esta dinâmica voltada para o 3º setor,
como resultado emergente da colaboração entre as políticas sociais do Estado e projetos da
sociedade, que promove uma diversidade de organizações voluntárias, sem fins lucrativos e
com o princípio da solidariedade, é pouco significativa na comunidade no tocante a iniciativas
próprias, coletivas ou individuais, sendo que as associações têm pouco destaque em funções
de voluntariado, solidariedade e outras de cariz social, onde, comummente, apenas as
associações de caráter social participam em algumas atividades.
Institucionalmente, a Junta de Freguesia de Almodôvar, além de pertencer ao núcleo
executivo do Centro Local de Ação Social (CLAS), sendo o Presidente desta Junta de
Freguesia o representante das restantes Juntas do concelho no CLAS, mantém uma estreita
relação com todas, com as associações da vila, freguesia e do concelho, apoiando e
comparticipando, pelos meios adequados, no apoio a atividades de interesse da freguesia de
natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra, e prestando às entidades
públicas toda a colaboração que lhe for solicitada, designadamente em matéria de estatística,
desenvolvimento, educação, saúde, ação social, cultura e, em geral, em tudo quanto respeite
ao bem-estar das populações.
2.2 História, Missão e Objetivos
Quanto à sua história, a instituição Junta de Freguesia de Almodôvar, apurou-se que foi
criada em 1941 (através do Decreto-Lei n.º 31.095, de 31 de Dezembro, in D.G. n.º 303, Série
I de 1940-12-31) como órgão executivo colegial da freguesia, o qual no âmbito do território
municipal, «visa a prossecução de interesses próprios da população residente em cada
circunscrição paroquial», sendo que, como todas as Juntas de Freguesia, remota ao ano de
1832, aquando da criação da paróquia ou freguesia como unidade administrativa, designando-
se então junta de paróquia e em 1916 passou a ter a atual designação. Como consagra a
Constituição da República Portuguesa no seu Art.º 246º, «A junta de freguesia é o órgão
executivo colegial de cada uma das freguesias de Portugal», sendo a Junta de Freguesia de
Almodôvar, cujas competências se encontram previstas nos Art.ºs 33º e 34º da Lei n.º 5 -
A/2002, de 11 de Janeiro, composta por um Presidente (com competências previstas no Art.º
38º do mesmo diploma), eleito pela Assembleia de Freguesia, um Tesoureiro e um Secretário,
um presidente da Assembleia (Art.º 19º e 17º, respetivamente), dois secretários e seis vogais.
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O tipo de comunicação é vertical descendente, isto é, a comunicação é feita do vértice da
hierarquia (Presidente) em direção à base da estrutura (restante equipa).
A sua missão, está inserida na administração pública local, sendo que os seus objetivos
vão no sentido de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seus residentes e dos
que exercem uma atividade económica e profissional, tendo como grande prioridade as
pessoas e a procura de soluções para os variados problemas da Freguesia, dar dignidade aos
equipamentos existentes, investir nos recursos próprios e/ou pressionar a Câmara Municipal e
outras entidades a colmatar as debilidades da Freguesia (Junta de Freguesia de Almodôvar).
Exerce uma liderança democrática, desenvolve uma forte cultura organizacional e uma
forte relação de pertença em relação à organização e à comunidade que representa.
2.3 Áreas de Intervenção, Organização e Recursos
Considerámos importante iniciar com a apresentação dos recursos da junta de freguesia
de Almodôvar para depois partirmos para os aspetos organizacionais e de intervenção.
Em termos de recursos físicos, a junta de freguesia de Almodôvar dispõe, além dos vários
espaços públicos (ruas, jardins, parques, etc.), de condições e instalações próprias e que se
adequam para a realização de várias atividades, como aulas, ensaios de grupos corais, salas de
formação, uma no piso inferior e outra no superior, gabinetes, divisão para os funcionários
(com 3 Pc`s, ligados em rede e com acesso à internet) uma fotocopiadora/impressora e
telefones), gabinete do presidente (com Pc`s portátil com internet e telefone) e WC`s, e como
recursos materiais dispõe, além do equipamento informático, de maquinaria e transportes
próprios. Dada a sua estreita relação com as várias entidades e associações do concelho,
consideramos ainda como recursos físicos as instalações afetas à Câmara Municipal
(pavilhões; salas de conferências; biblioteca; polidesportivos, etc.); instalações das Escolas
(primárias e E,B 2+3/S); instalações dos Bombeiros Voluntários, bem como instalações das
várias associações existentes na freguesia e até mesmo do concelho, dada a boa ligação e
articulação entre esta Junta de Freguesia com as mesmas.
Quanto a recursos humanos, além dos elementos que compõem a estrutura organizacional
da Junta, e em articulação com diversas entidades da região, das quais o Centro Distrital de
Segurança Social, o Centro de Emprego de Ourique, o Centro Apoio aos Toxicodependentes
(CAT) de Beja, a Câmara Municipal de Almodôvar, etc., que põem ao dispor os seus técnicos
ao serviço da Junta de Freguesia, emprega cerca de 34 funcionários, provenientes do RSI,
jovens em recuperação provenientes do CAT e desempregados sinalizados pelo Centro de
Emprego.
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No tocante aos recursos financeiros, a Junta de Freguesia de Almodôvar, limita-se ao
orçamento do estado, sendo atribuída uma parcela anual para efetivar a administração local.
Organizacionalmente, tem autonomia própria e exerce a administração pública local,
prestando serviços à comunidade bem como apoio social aos idosos e mais carenciados, com
prestação de serviços de apoio domiciliário; reparações; transportes hospitalares, etc., sendo
que ao nível de organização social mobiliza e apoia a comunidade para os eventos por si
protagonizados.
Assim, a Junta de Freguesia de Almodôvar, e como membro da Rede Social e Centro
Local de Ação Social de Almodôvar, direciona as suas áreas de intervenção social para a
comunidade mais idosa e carenciada, em risco de exclusão social (pobreza, desemprego,
toxicodependência e isolamento).
Contudo, e para uma melhor análise da comunidade, efetuamos uma análise SWOT (ver
anexo 1), que sistematiza os aspetos considerados mais pertinentes na comunidade, tendo
servido para uma melhor perceção dos recursos e necessidades existentes. Após a análise
descritiva procuramos identificar os fatores positivos e negativos, tendo em conta os fatores
internos e externos.
Desta análise detetámos que, além dos problemas sentidos, relacionados com o
desemprego, êxodo, envelhecimento, isolamento, pouco dinamismo e criatividade
(empreendorismo), resistência à mudança e um claro desânimo para o reaproveitamento dos
recursos (naturais, físicos e humanos), existe também uma fraca participação da comunidade
em envolver-se em ações sociais, que tende, de uma forma direta, a servir de propulsor e
condicionador das restantes (excetuando o envelhecimento que é uma caraterística intrínseca
ao ser humano). Sendo esta (pouca participação comunitária) a fragilidade que entendemos
ser a base para a ação do nosso projeto, e, para colmatar esta lacuna, desenvolvemos o nosso
trabalho tendo em conta os fatores positivos que esta comunidade apresenta. Numa visão
geral por este território, consideramos que o mesmo tem como potencialidades a identificação
da comunidade com o território e um forte sentimento de pertença; os recursos naturais; a
exploração agrícola; a gastronomia; a presença de estruturas de apoio ao turismo rural e lazer
e espaços lúdicos – biblioteca, jardins, museus, piscinas, cinema, complexos desportivos, etc.;
o movimento associativo; a segurança; o património natural/paisagístico, histórico, ambiental
e cultural; a localização geográfica; serviços e equipamentos; os recursos endógenos,
cinegéticos e energéticos e as suas paisagens únicas e acessíveis. É uma freguesia
vincadamente marcada pelas suas tradições e pelas suas atividades, quer culturais: Feira de
Santo Amaro; Feira dos Passos; Feira de Abril; Feira Nova; Feira de Setembro, Dia do Foral;
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Dia da Liberdade; Festa de São João e Festa de São Pedro, quer tradicionais e de artesanato:
Mantas de Lã e de Retalhos; Trabalhos em Corda e em Couro; Trabalhos em Madeira e em
Cortiça; Calçado Artesanal; Cestaria; Rendas; Toalhas de Linho; Artigos de Cartucheira;
Ferro Forjado, e agro-alimentares: Cortiça, aguardente de medronho, enchidos de porco preto,
queijo de ovelha e cabra e mel, as quais consideramos quer como pontos fortes quer em
termos de oportunidades.
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3. PROJETO DE EDUCAÇÃO SOCIAL
3.1 Apresentação do Projeto
O presente trabalho baseia-se na comunidade da Vila de Almodôvar, sendo de esclarecer
o fato de condensarmos o projeto “apenas” para a comunidade da Vila de Almodôvar e não
para a sua freguesia, dado tratar-se de uma população densa e dispersa e logo necessitaríamos
de mais tempo e maior disponibilidade para efetuar uma abordagem tão abrangente.
Um projeto, tal como refere Ander-Egg (citado por Pérez Serrano, 2008), «… consiste
essencialmente em organizar um conjunto ações e atividades a realizar que implicam o uso e
aplicação de recursos humanos, financeiros e técnicos, numa determinada área ou setor, com
o fim de alcançar certas metas ou objetivos» (p. 19). Neste sentido, e tendo como base a
natureza do problema identificado (pouca participação da comunidade em ações sociais e
culturais), o grupo entendeu enquadrar o projeto no conceito de Animação Comunitária,
atuando nas suas dimensões informativas/formativas e de sensibilização, socioeducativas e
culturais, ao qual demos o nome de “LADO A LADO”. Esta denominação surge, em primeiro
lugar, pelo propósito de promover a união das pessoas e melhorar as suas relações pessoais e
coletivas e as suas interações (colocá-las lado a lado, com um objetivo comum, promovendo a
participação conjunta); em segundo pelo nosso acompanhamento a essas pessoas,
promovendo o seu envolvimento participativo e envolvimento em ações de informação,
formação cívica e sensibilização sobre aspetos educacionais, sociais, ambientais e culturais e
que são, de certa forma, pouco abordados na comunidade (estamos ao lado delas); em terceiro
para promover uma maior relação entre instituições e pessoas, e vice-versa (apoiando-se
mutuamente - lado a lado), pretendendo-se criar elos de ligação, de reflexão, espírito
comunitário e de participação social; e em quarto pela articulação do projeto com o grupo de
práticas de Alcoutim (vamos caminhar lado a lado). Neste caso, irão ser desenvolvidas ações
e dinâmicas de divulgação cultural (cantares alentejanos; gastronomia; produtos tradicionais
locais, artesanato, hábitos e tradições, etc.) e intergeracional entre ambas as comunidades
(Almodôvar e Alcoutim), com vista a criar uma maior aproximação comunitária entre todos
os segmentos populacionais, em todas as suas dimensões, e sensibilizar para um interior do
país cada vez mais desertificado e envelhecido, promovendo assim uma maior interação
relacional entre as populações. Como é óbvio não podemos ser alheios ao atual momento de
crise (política, económica e principalmente social) que o país atravessa, mas é nestes
momentos de crise que as populações mais se devem apoiar e unir como forma estratégica de
contribuir para o desenvolvimento dessas populações, sendo este, também, um dos princípios
basilares deste nosso projeto.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
13
A parceria com a Junta de Freguesia de Almodôvar, como entidade protocolada, visou
operacionalizar certos aspetos que de outra forma poder-se-ia tornar mais complexa e
burocrática, caso fôssemos acolhidos por alguma instituição mais formal. Temos a
consciência de termos pouco tempo para projetarmos um trabalho deste tipo direcionado para
a comunidade, sendo nossa intenção envolver a comunidade da Vila de Almodôvar, apoiados
por todos os atotes sociais locais, e com o objetivo de, e em conjunto, desenvolvermos
esforços em prol da população da vila, utilizando todos os recursos existentes e disponíveis,
visando o êxito das atividades projetadas e contribuir para o bem-estar da comunidade e da
plena cidadania.
3.2 Campos de intervenção e discussão teórica
Não existem somente três técnicas de diagnóstico, existem muitas mais, e só o tratamento
de dados num âmbito geral das técnicas utilizadas, possibilita-nos uma ótima construção dos
objetivos do projeto.
Assim, das observações efetuadas, das conversas informais, das notas de campo, dos
fóruns de autodiagnóstico realizados e das entrevistas elaboradas, tendo sempre por base a
filosofia do nosso projeto, onde a condição humana global está acima dos interesses
individuais e/ou de possíveis interesses grupais, cabe-nos concluir que a problemática de
fundo, que ramificará posteriormente para outras direções, é a falta de participação da
comunidade nas atividades desenvolvidas na vila. Esta parca participação social, abarca quer
ações dinamizadas e/ou organizadas pelas entidades existentes na região, quer simplesmente
pela iniciativa da própria comunidade em promover qualquer iniciativa cultural, social e até
mesmo económica ou que mostre orientação para o desenvolvimento local.
Queremos deixar aqui a citação da nossa entrevistada Dra. Sílvia Batista, Vereadora da
Câmara Municipal de Almodôvar, que nos transmite categoricamente essa falta de
participação da comunidade nas atividades desenvolvidas na vila: «… Vamos lá ver, não
tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas não é? Não tenho
nenhum estudo que me diga qual é o … aquilo que eu sinto é que realmente a participação é
uma lacuna». Esta nossa entrevistada remata ainda: «Não sei se foram muitos anos de não
participação mas parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público… a não
ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias não é»? E
por último dá um exemplo: «Ou, se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à
porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e…
agora tirando isso, são muito cautelosos. Têm que pesar bastante...»
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
14
Partindo do conceito de desenvolvimento participativo como finalidade deste projeto, e,
segundo Barroso (1998), que considera que a participação não se pode transformar num ritual
que se destina às grandes questões ou a momentos muito específicos, mas sim que terá de ser
encarada como uma forma de estar na vida em sociedade, a participação deve ser perspetivada
como um processo duradouro, que deve promover um equilíbrio constante entre as diferentes
forças ou entre os diferentes intervenientes no processo social. Talvez que um dos maiores
desafios que atualmente se coloca à comunidade é o desenvolvimento de uma cultura de
participação. Cada vez mais a participação comunitária é uma responsabilidade repartida por
toda a comunidade e não apenas por uma pessoa ou grupos de pessoas. Da informação
extraída na entrevista dois efetuada ao nosso tutor, o senhor Presidente Ricardo Colaço, essa
importância e/ou responsabilidade de todos os que estão envolvidos no processo de
participação fica bem vincado, quando o mesmo afirma que «A participação dos
atores/agentes sociais de ADV, tem sido ativa dentro do CLAS, no entanto na minha forma de
ver as pessoas, deveriam ser mais informadas sobre a ação deste órgão».
E é nesta perspetiva de participação permanente que a animação comunitária desenvolve
a sua função e introduz o seu contributo no desenvolvimento participativo comunitário. A
animação comunitária destina-se essencialmente a pessoas que querem e podem ter uma voz
ativa na comunidade e conduz a que cada pessoa participe ativamente no seio da comunidade
em que está inserida, como elemento válido, ativo e útil.
A motivação do investigador é a base fundamental para o sucesso numa intervenção
comunitária. Este, deve ter uma perceção o mais real e aprofundado possível do contexto que
irá experimentar, e, não basta saber ou conhecer os princípios da animação, sendo o lado
intrínseco (motivação, vontade, crer, ética, envolvimento pessoal, etc.) do investigador
fundamental para o seu progresso. Rui Fonte (s/d), afirma pelo mesmo diapasão na revista dos
animadores, «O destino da animação não depende da origem etimológica. Depende sim das
capacidades e motivações de cada animador» (p.22).
Além das competências técnicas o investigador tem que ter em linha de conta o contexto
de ação, os constrangimentos, a afinidade com o projeto, a orientação religiosa da
comunidade, a cultural, entre outras.
Pensamos que a utilização da animação comunitária como abordagem interventiva, será a
mais adequada perante o contexto, faixa etária populacional, finalidade e objetivo geral
identificado, e neste sentido, atendendo ao considerável índice de envelhecimento da
comunidade em estudo, Hervy (citado por Jacob, 2007), reitera isso mesmo quando afirma
que, «A importância da animação social das pessoas mais velhas é facilitar a sua inserção na
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
15
sociedade, a sua participação na vida social e, sobretudo, permitir-lhes desempenhar um
papel, inclusive reativar papéis sociais» (p.6).
Numa perspetiva intergeracional, e como defende Patrício, (s/d), «A promoção da
educação e da aprendizagem de pessoas mais velhas através da convivência intergeracional,
torna-se num valor acrescentado, mais efectiva, verdadeira e com resultados
extremamente positivos fruto da interacção entre diferentes gerações» (p.3). Nesta direção,
pretende-se dotar a comunidade de maior empatia, interação e envolvimento entre todos os
segmentos populacionais, visando proporcionar uma melhoramento das relações sociais e
desenvolvimento sociocultural, levando ao bem comum do bem estar social.
A Animação Comunitária encontra ainda um campo fértil de atuação no estímulo do
associativismo, nas atividades de voluntariado e do trabalho juvenil, nas políticas de educação
cívica e de pedagogia de consciência crítica, nas iniciativas que promovam a identidade
comunitária, nomeadamente, a promoção do património cultural, natural e ambiental, símbolo
vivo da cultural local. Animar o desenvolvimento comunitário é educar para os valores do
“local”, sensibilizar para o papel que cada indivíduo pode cumprir para o bem comum e, de
acordo com Viveiros (2008), deve favorecer novas formas de olhar a realidade social por
parte das próprias pessoas, promovendo-lhes um «… conjunto de competências, valores e
princípios desde as suas raízes culturais, no sentido da valorização da auto-estima e da
cultura, elemento central da ideia de comunidade» (p.8).
O firmar espaços de construção alternativos à realidade presente, tende a provocar a
mudança social com a comunidade e as pessoas deverão assumir o protagonismo da ação
comunitária. Sabemos que é um processo difícil de se construir na sustentabilidade da
participação, mas certamente, mais ativo, consciente, democrático e libertador de preconceitos
culturais e estigmas sociais associados ao território local. A animação comunitária tem que
alimentar a sua ação num projeto de educação para o desenvolvimento e será entendida como
forma de educar para o sentido cívico, para a formação de cidadãos conscientes e
participantes no próprio processo de desenvolvimento. A educação para o desenvolvimento
está direcionada para a provocação da mudança de mentalidades, atitudes e comportamentos
individuais e coletivos. A animação enquanto método educativo tem que educar para a
solidariedade, para a responsabilidade coletiva, para a autoestima e valorização da cultura do
território (Viveiros, 2008).
Pretende-se assim estimular o desenvolvimento comunitário como desafio permanente,
espaço de construção de uma cidadania ativa e fundamento da democracia participativa. A
comunidade é o nervo central para a sustentabilidade da construção de alternativas de
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
16
desenvolvimento dos territórios, capaz de gerar sinergias criativas localizadas no
envolvimento das populações.
Alguns princípios funcionais do desenvolvimento local ou comunitário encontram
correspondência no documento `Desenvolvimento de Comunidade e Serviços Conexos` das
Nações Unidas, de 1956, onde o desenvolvimento de iniciativas direcionadas para a economia
doméstica, tratando-se de um modo de educação informal das famílias rurais e outras de
educação para a saúde, para a capacidade produtiva e bem-estar da comunidade são alguns
dos serviços. O desafio do desenvolvimento local e comunitário reside na inspiração “pensar
global, agir local”, ou seja, é partindo da realidade social que devem ser encontradas soluções
participadas, integradoras e valorizadoras das gentes e dos recursos comunitários (Viveiros,
2008).
Ainda da avaliação do diagnóstico, consideramos que, quanto a estrangulamentos,
existem probabilidades de alguma parcela da população não aderir às atividades delineadas,
quer pelo desinteresse quer até mesmo pela pouca motivação e disponibilidade, cabendo-nos a
nós criar estratégias para que se envolvam, participem e percebam o objetivo das mesmas.
Contudo, consideramos que o território tem como potencialidades a existência de grupos
comunitários que aderem com alguma frequência a atividades socioculturais, a identificação
da comunidade com o território e um forte sentimento de pertença e que têm em conta os
recursos naturais e as paisagens alentejanas únicas e acessíveis; a gastronomia; a presença de
estruturas de apoio (ao turismo rural, de lazer e espaços lúdicos – biblioteca, museus, piscinas,
complexos desportivos, cinema, etc.); a presença de associações culturais, desportivas,
artísticas e sociais; a segurança; o património natural/paisagístico, ambiental, histórico e
cultural; a localização geográfica; serviços e equipamentos.
Esta avaliação de diagnóstico contribuiu, acima de tudo, como método reflexivo e que
nos permitiu decidir e preparar as atividades, sendo desta forma um veículo de decisão sobre
as opções estratégias de ação.
3.3 Objetivos gerais e específicos
A etapa dos objetivos num projeto, será aquela em que o investigador já terá na sua
posse, o levantamento de um quadro de necessidades recolhidos com base num quadro de
referências de diagnóstico.
Espinoza (citado por Pérez Serrano, 2008) invoca o conceito de objetivo geral no projeto,
referindo-o como sendo «… aqueles propósitos mais amplos que definem o quadro de
referência do projeto» (p.45).
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
17
Tendo como finalidade o desenvolvimento participativo da comunidade da Vila de
Almodôvar, o presente projeto apresenta como objetivo geral a promoção da participação da
comunidade no exercício e envolvimento nas dinâmicas existentes, tal como despoletar e
motivar interesse da mesma na promoção cultural e dinamização social.
Os objetivos específicos assentam em pressupostos que identificam de forma mais
precisa aquilo que se pretende atingir na execução do projeto, desta forma, fletindo de fora
para dentro ou do geral para o especifico, o nosso grupo, de molde a promover dinâmicas no
sentido de colmatar a problemática da falta de participação da comunidade no
desenvolvimento e envolvimento nas atividades da vila, tentará utilizar os meios disponíveis
na vila em parceria com as instituições, tal como na utilização dos seus recursos físicos e
humanos disponibilizados e utilizáveis.
Utilizaremos os verbos de ação que nos levem a avaliar efetiva e realisticamente o
sucesso e a exequibilidade das dinâmicas em prol da comunidade, e a sua capacitação para
atenuar e romper com problemática identificada.
Este compromisso terá que ser selado entre todos os intervenientes no processo e terá que
haver um consenso dos objetivos a atingir.
Nesta lógica de compromisso considerámos os seguintes objetivos específicos:
- Desenvolver e capacitar a comunidade na utilização das novas tecnologias.
- Sensibilizar a comunidade para a valorização dos seus recursos naturais, ambientais,
patrimoniais e culturais.
- Incentivar a participação efetiva da comunidade para a prática de hábitos de vida
saudáveis
- Impulsionar a relação intergeracional da comunidade, dinamizando atividades que
promovam a valorização cultural.
- Dinamizar interações culturais entre todos os segmentos populacionais tendo em vista a
sua própria cultura e a sua promoção noutros contextos territoriais.
3.4. Plano de atividades, calendarização e recursos
Com o plano de atividades pretende-se a promoção de ações de formação na
comunidade quanto às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) como veículo
de dinamização pessoal e social, alertando e sensibilizando não só para os seus benefícios mas
também para os perigos da sua utilização em certos aspetos (no caso do uso por menores),
abordando algumas temáticas pouco debatidas em comunidades com índices de
envelhecimento significativo (como por exemplo o caso da sexualidade) e que por vezes se
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
18
tornam tabu. Em termos culturais pretende-se dotar a comunidade de criatividade expressiva e
artística, levando-a a dinamizar e desenvolver a forte dimensão cultural já existente (cantares
alentejanos, por ex.) e promover uma maior interação entre todos (crianças, jovens, adultos e
idosos), bem como possibilitar a difusão cultural, incentivando o gosto pelas formas culturais
e promovendo a cultura interna noutros contextos territoriais como veículo de
desenvolvimento social e cultural. Na vertente socioeducativa a animação pretende combater
desigualdades sociais, desenvolver a capacidade de participação, a solidariedade e o
associativismo e melhorar as relações humanas da comunidade. E ainda para a
responsabilidade coletiva, para a autoestima e valorização do território como património,
pretendendo ainda educar para o uso adequado dos recursos naturais, ambientais e para o
desenvolvimento sustentável. Com o propósito de educar para intervir, munindo-nos do
pensamento de Paulo Freire (1983), pretende-se provocar mudanças reais nas relações das
pessoas e na sua autonomia, no trabalho, na educação e na saúde. Estas devem poder ter os
meios para fazer uma reflexão constante sobre a sua vida e decidir conscientemente sobre ela.
O mesmo educador, também referiu que as pessoas, ao refletirem sobre determinados desafios
ou problemas do contexto que os rodeia, leva a que essas mesmas pessoas se vejam como
sujeitos, se valorizem, se organizem e acima de tudo que tenham capacidade de espírito
crítico e que lhe permitam lutar pelos seus direitos, não somente como um ser adaptado mas
sim integrado à realidade (1980).
Plano de Atividades
ATIVIDADE
OBJETIVO
RECURSOS
Humanos Físicos Materiais
Data
/Hora
:25
JA
N1
3
19H
00
Fórum Apresentação do Projeto
Recolha de opiniões e ideias
- Elementos de Práticas e Tutor;
- Responsável do CNO;
- Responsável GNR;
- Responsável Bombeiros;
- Responsável da CM; - Responsável Escola Secundária
- Responsável Cáritas
- Representante Lar Idosos;
- Associação de Estudantes;
- Responsáveis grupos corais;
- Sociedade civil.
- Salão dos
Bombeiros
Voluntários de Almodôvar ou
Sala da Junta
de Freguesia
- 1 datashow; 1 mesa e 20
cadeiras
Da
ta/H
ora
:15F
EV
13
19
H00
Formação TIC
(In)Formar sobre a
utilização do
computador e uso da
Internet; motivar para o
uso das TIC como
forma de comunicação
e dinamização cultural,
social e pessoal.
- 4 elementos do Grupo de
Práticas;
- 1 Formador;
- 25/30 formandos
- 1 sala de
informática
(Escola
Secundária/C
NO)
-15 Pc`s;
-25/30
Cadeiras e
mesas.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
19
Data
/Hora
:08M
AR
13
19
H30
Os perigos da Internet
Sensibilizar para os
perigos da Internet, no
que toca a abusos
sexuais e educar pais,
filhos, avós, netos e
professores sobre como
se pode e deve limitar
o uso por parte das
crianças.
- 4 elementos do Grupo de
Práticas;
- 1 Orador; - 1 Mediador;
- 70 espectadores
- 1 sala de
conferências/s
eminário
(Escola Secundária;
Bombeiros;
Biblioteca
Municipal)
- 1 mesa para
orador e
mediador e
2/3 cadeiras; - 1 projetor;
- som e
imagem;
- 70 cadeiras.
Data
/Hora
:30M
AR
13
19H
00
Ação de Sensibilização
sobre Recursos
Naturais e Ambientais
e Desenvolvimento
Sustentável
Educar e sensibilizar
para o uso apropriado
dos recursos naturais
(desenvolvimento
humano e sustentável)
e educar para a
valorização do
património histórico,
cultural, ambiental e paisagístico.
- 4 elementos do Grupo de
Práticas;
- 1 Orador;
- 70 espectadores
- 1 sala de
conferências/s
eminário
(Escola
Secundária;
Bombeiros;
Biblioteca
Municipal e
Junta de Freguesia)
- 1 mesa para
orador 2/3
cadeiras;
- 1 projetor;
- som e
imagem;
- 70 cadeiras.
Da
ta/H
ora
:13
AB
R13
10
H0
0
Envelhecimento ativo
Promover uma
caminhada, seguida de uma palestra sobre
envelhecimento ativo,
educando e
impulsionando para a
prática de desporto
como forma de
promover o bem-estar
físico, psíquico e
social.
- 4 elementos do Grupo de
Práticas;
- 1 Orador;
- 1 Mediador;
- 70 espectadores
- 1 sala
(edifício de
apoio das
piscinas
municipais)
- 1 mesa para
orador e mediador e
2/3 cadeiras;
- 1 projetor;
- som e
imagem;
- 70 cadeiras.
Da
ta/H
ora
:18
MA
I13
– T
OD
O O
DIA
–
Encontro
“interculturgeracional”
Promover a cultura
local noutros locais –
Alcoutim (cantares
alentejanos; artesanato;
gastronomia; tradições;
hábitos); estimular o
gosto e valor da cultura
entre todos os
segmentos
populacionais e
impulsionar a comunidade para
participar nas
atividades
socioculturais como
veículo de
desenvolvimento local.
- 7 elementos dos Grupos de
Práticas (4 de Almodôvar e 3 de
Alcoutim);
- 1 Orador;
- 1 Mediador;
- 70 participantes;
- 1 motorista
- Castelo e
centro da Vila
de Alcoutim
- 1 autocarro;
- Mesas e
cadeiras
suficientes
Tabela 1 - Plano de atividades
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
20
Mês Fevereiro Março Abril Maio
Atividade Semana 1 2 3 4 1 2 3 4 5 1 2 3 4 1 2 3 4
Info
rmati
va /
Form
ati
va
TIC – formação na ótica
do utilizador
Os vários perigos da
Internet
Soci
oed
uca
tiva
Ação de Sensibilização
sobre Recursos Naturais
e Ambientais
e Desenvolvimento
Sustentável
Envelhecimento ativo
Cu
ltu
ral
Encontro
“interculturgeracional”
Tabela 2 - Calendarização das atividades
Legenda: Semana em que se realiza a atividade
Preparação e divulgação da atividade
Todas estas atividades calendarizadas, encontram-se articulados com os objetivos, gerais
e específicos, sendo estas atividades um veículo de intervenção sobre a realidade da
comunidade da Vila de Almodôvar. Estas atividades, são o conjunto de ações imprescindíveis
para alcançar propósitos traçados, com observância de todos os recursos (institucionais –
financeiros e logísticos – físicos, materiais e humanos) e que a seguir se delineiam:
Recursos Humanos
(disponíveis/utilizáveis)
Elementos do grupo de Práticas I; comunidade em
geral; técnicos e funcionários das várias entidades
envolvidas no projeto; oradores externos e
motoristas.
Recursos Físicos (disponíveis/utilizáveis)
Junta de Freguesia; Escolas, CNO, Bombeiros
Voluntários; Câmara Municipal, Piscinas; Jardins;
Pavilhão.
Recursos Institucionais (Financeiros e
Logísticos) Junta de Freguesia e Câmara Municipal.
Tabela 3 - Mapa de Recursos
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
21
Entendemos que quanto a recursos, e mais concretamente a recursos institucionais
(financeiros e logísticos), serão necessários transportes e combustíveis (suportados pela
Câmara Municipal de Almodôvar - CMA e Junta de Freguesia de Almodôvar - JFA) para a
realização de algumas das atividades, as quais enquadradas e articuladas com os objetivos
geral e específicos, bem como material de som e imagem, sendo que os espaços físicos
diagnosticados anteriormente se mostram suficientes. Pretende-se ainda que as ações sejam
divulgadas pela internet, quer pelas redes sociais quer pelas páginas web da CMA e da JFA.
Em relação a recursos humanos, consideramos que, após análise do diagnóstico, que
serão necessários oradores para algumas temáticas das atividades programadas e motoristas
para efetuarem os transportes (se necessário) de pessoas para participarem em algumas das
atividades programadas.
Os recursos acima apresentados, resultam quer da investigação na fase de diagnóstico,
quer da avaliação deste mesmo diagnóstico e ainda já no decurso da fase de projeto. Foram
tidos em conta todos os recursos existentes e disponíveis, sendo os agora apresentados aqueles
que temos como utilizáveis para a execução das atividades programadas.
3.5. Método de avaliação previsto
A avaliação é um processo de reflexão cuja finalidade é examinar, explicar e avaliar os
resultados das ações realizadas. Este estudo, compara o estado da realidade social de partida
com o estado da realidade social após a intervenção, com o propósito de descobrir o eventual
desvio entre os objectivos traçados e os resultados obtidos, permitindo-nos reconhecer os
erros e os sucessos da nossa prática. Para Espinoza (1986), «Avaliar é comparar num
determinado instante o que foi alcançado mediante uma acção e o que se deveria ter alcançado
de acordo com uma prévia programação» (p.14).
A citação de Espinoza, acima transcrita, é elucidativa e ilustra a nossa estratégia de
avaliação. Num plano de “intervenção comunitária” não devemos esquecer que “tudo diz
respeito a todos”, daí que é essencial envolver todos os atores sociais que terão sempre uma
palavra a dizer, ou uma ação a desenvolver, sobre algo que lhes diz respeito e contribui para a
prossecução dos objetivos. No entanto, a aproximação destes atores ao projeto pode ter graus
diferenciados, daí advém a necessidade de definir claramente a supervisão e coordenação do
projeto como forma de promover a clareza de processos, a motivação constante e a
clarificação de competências. Neste sentido, e partindo sempre da supervisão efetuada pelo
grupo de trabalho, é nossa intenção efetuar uma avaliação por cada dinâmica, tal como
também é de extrema importância termos uma perceção imediatamente após a atividade. Sem
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
22
avaliação sistemática das tarefas não é possível “ler” o trabalho realizado, não sendo possível
agir retroativamente nem reformular as ações. Só é possível estabelecer estratégias adequadas
se se puder avaliar o trabalho realizado. Correu como planeado? A nossa expetativa foi
superada? Qual foi o feedback da comunidade? O que se poderia fazer para melhorar a
performance? Estas são algumas questões a que procuraremos responder após cada dinâmica.
Desta forma, conseguiremos ajustar nas atividades seguintes algumas imperfeições que
tenhamos diagnosticado e reconvertê-las de molde a atingir o nosso objetivo geral.
Propomo-nos realizar uma avaliação interna a qual compreende avaliadores internos que,
como refere Serrano (2008), «(…) é levada a cabo por pessoas implicadas no programa que
possam proporcionar um feedback continuo, de modo que possam integrar as adaptações
necessárias» (p.89). Estes avaliadores são os que pertencem à instituição acolhedora do
projeto, os parceiros, a comunidade, nós próprios executores do projeto e o docente,
orientador da UC.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
23
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Viveiros, A. (2008), O Desenvolvimento Local e a Animação Sociocultural. Uma comunhão
de princípios. JULIO de 2008; ISNN 1698-4044, disponível em [URL]:
http:quadernsanimacio.net, nº 8, acedido em 25-11-2012.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXOS
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 1 – ANÁLISE SWOT
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 2 – QUADRO AUTODIAGNÓSTICO 1
DIMENSÕES
GNR B.V.ALMODOVAR CNO SÍNTESE
NECESSIDADES
- Passagem correta de
informações
- Adesão por parte da
comunidade às ações de
formação
- Transportes públicos
- Centro de Saúde a funcionar
com os serviços mínimos de
urgência
- Dar formação mais direcionada
para as necessidades da
comunidade
- Informação;
- Formação
DIFICULDADES
- Isolamento da população
- Dificuldade de deslocação
da população
- Constrangimento da
comunidade por parte de
certos temas
- Mobilidade da comunidade
- População isolada
- Insegurança população
devido ao isolamento
- Burocracia do Sistema
nacional de Saúde
- Baixos rendimentos das
pessoas
- Deslocação das pessoas ao Centro
da vila, devido à distância e falta de
transportes públicos.
- Isolamento;
- Mobilidade
POTENCIALIDADES
- Interação com outras
entidades, nomeadamente
com os B.Vol. Almodôvar e
Câmara Municipal
- Interação com GNR
- Apoio social e de saúde à
comunidade
- Bons recursos próprios,
(ambulâncias bem equipadas)
- Dinâmica do grupo de
formadores, com capacidade de
deslocação às diversas freguesias
do concelho;
- Vários protocolos com diversas
entidades locais
- Interação Institucional
OUTROS/NOTAS
- O Núcleo de programas
Especiais efetuam ações de
sensibilização,
nomeadamente, direcionado
para a população idosa.
- Proposta de intervenção:
Ação de sensibilização em
caso de incêndio.
- Sensibilização/informação
para pedidos de socorro.
- Importância da formação para
valorização pessoal e social das
pessoas.
- Capacitar e sensibilizar para
melhorar a integração na
comunidade.
- Ações de informação e
formação/sensibilização;
- Aproximar a comunidade
(interação social)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 3 – QUADRO AUTODIAGNÓSTICO 2
DIMENSÕES
Câmara Municipal
Grupo Coral «Flores do
Campo»
Associação «Vozes de
Almodôvar» Cáritas e Lar idosos -Sta.
Casa da Misericórdia Associação Estudantes
Síntese
NECESSIDADES
- Falta de participação da população
- Ações mais direcionadas para as necessidades da
comunidade
- Falta de pessoas no grupo
- Falta de participação
- Formação cultural
- Espaço próprio (instalações) - Pouco apoio do conselho executivo
para realização de
atividades;
- Fundos monetários
- Motivação - Participação
- Fundos
Monetários
- Formação
DIFICULDADES
- Falta iniciativa por parte
das pessoas
- Falta de participação da
comunidade
- Deslocação das pessoas à
Vila, devido à distância e
falta de transportes públicos
- Falta de valorização
-Desmotivação de
elementos do grupo que
saíram
- Falta de divulgação
- Dificuldade das pessoas na
deslocação a consultas
médicas (ao nível de
mobilidade e monetário);
- População isolada
- Poucos transportes
- Condicionamento
logístico-financeiro;
- Pouca participação da
comunidade estudantil;
- Falta de
motivação e
participação - Falta de
iniciativa
- Falta de
divulgação
POTENCIALIDADES
- Rentabilizar as estruturas
existentes
- Alguma motivação das
pessoas;
- Dinâmicas do sector
cultural;
- Grupo predisposto a
participar em tudo o que
acontece na freguesia
- Motivadas
- Alguns elementos são dos
montes, e usam os seus
transportes pessoais p/ se
deslocarem p/ ensaiarem
- Preservar e divulgar
as tradições da música
Alentejana;
- Boas relações entre
estas entidades, e outras
- Interajuda
-Equipa de voluntariado
- Boa ligação com todas as
entidades/instituições da
freguesia
- Articulação com entidades
do concelho no apoio social e
de saúde à comunidade
- Boa interação e
comunicação entre a
comunidade escolar;
- Dinâmica interna da
associação
- Rentabilizar
os espaços
existentes
- Há interajuda
entre
instituições
- Motivação
OUTROS/NOTAS
- A Câmara é membro do
Clas que é uma congregação
de várias instituições, faz a
monotorização de atividades,
acompanha, estabelece metas
e avalia;
- A comunidade aspira um
espaço, como um Centro de
Dia
- Importância da formação
para valorização pessoal das
pessoas.
- Capacitar e sensibilizar
para melhorar a integração
na comunidade.
- Colaboração da Junta em
todas as divulgações e
atuações
- Importância para as
ações de
formação/sensibilização
- Aproximar a
comunidade
-Tem muitas ajudas através de
doações
- Tem um Banco Alimentar
-Grupo voluntariado «Ajuda a
Sorrir»
- Recolheram
informação para
enquadrar algumas
atividades e promover
a participação
- Só conseguem fazer 1
atividade por período,
no âmbito escolar, na
área do desporto.
- Formação;
- Aproximar a
comunidade;
- Participação
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 4 – GUIÃO DE ENTREVISTA A1
BLOCOS
TEMÁTICOS
OBJECTIVOS
ESPECÍFICOS
INDICADORES
DAS PERGUNTAS
FORMULÁRIO PARA
PERGUNTAS
1. Reconhecimento
e certificação
Identificar e
legitimar a
entrevista
Expor os ideais do curso de ES e
das práticas (projeto);
Importância da colaboração do
entrevistado;
Solicitar autorização para
gravação digital;
Agradecimento
2. Identidade e
Território
Identificação
local
Caraterísticas populacionais;
Sentimentos de pertença ao
território;
Recursos, valores e crenças;
Património.
I. Como carateriza a
população do concelho de
Almodôvar (ADV)?
II. Qual o sentimento de
identidade da população
com o território?
III. Sente que a população
de ADV está devidamente
informada sobre os
recursos existentes e
sensibilizada para o seu
aproveitamento?
IV. O território é encarado
como património e valorizado nas suas
dimensões históricas,
culturais e sociais?
3. Relações Sociais
Interações
pessoais,
coletivas e
institucionais
Relações entre os segmentos populacionais;
Relações entre a população e
instituições;
Articulações entre instituições;
V. Verifica interação entre
os segmentos
populacionais: crianças,
jovens, adultos e idosos? VI. Quais as relações de
afetividade destes
segmentos populacionais
na comunidade?
VII. Como se relaciona o
CLAS com outros atores
sociais locais,
nomeadamente com a Junta
de Freguesia ADV?
4. Participação
Social
Adesão
comunitária
Conhecer as dinâmicas sociais da
população;
Associativismo e voluntariado;
Atividade populacional;
Parcerias
VIII. Nas dinâmicas
socioculturais sente que a
comunidade mantém uma
participação ativa?
IX. Como vê o
associativismo e o
voluntariado em ADV?
Existe dinamismo?
X. Os idosos têm um papel
ativo? E os jovens?
XI. Acha relevante a
participação da
comunidade na definição
de estratégias para
colmatar lacunas existentes?
XII. Sendo a promoção do
desenvolvimento social
local um dos propósitos do
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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CLAS, sente que tem
existido a devida
participação dos
atores/agentes sociais de
ADV?
XIII. Considera que,
existindo uma promoção
para a participação cidadã,
os atores sociais locais
aceitariam estabelecer
parecerias e envolver-se-
iam num projeto (de
educação) social?
5. Problemáticas
Identificação de
problemas sociais
Problemas e necessidades mais
verificadas;
Dificuldades de mobilidade;
Exclusão social
XIV. Ao nível de
«possíveis» necessidades
sente haver diferentes tipos
relativamente no concelho
de ADV, mormente nos
«montes»?
XV. Verifica alguma
dificuldade de mobilização e utilização de serviços e
equipamentos por parte dos
residentes das restantes
freguesias?
XVI. Dada a atual
conjuntura económico-
financeira, sente que os
fenómenos de exclusão
social (pobreza,
toxicodependência,
racismo/xenofobia,
isolamento, iniquidades,
acesso à saúde, educação,
etc.) têm-se mostrado mais
expressivos ultimamente?
6. Ações Sociais
Características
Atividades sociais do CLAS;
Projetos;
Concretização
XVII. Que a atividades têm
sido promovidas pelo
CLAS?
XVIII. Projetos sociais
futuros e em que
dimensões?
XIX. Essas atividades são
executadas somente na vila
ou estendem-se ao concelho?
7. Caracterização
sociodemográfica
Identificar o
entrevistado
Nome completo; data de
nascimento; naturalidade;
Residência; profissão;
habilitações.
SOMENTE SE
NECESSÁRIO!
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 5 PROTOCOLO DA ENTREVISTA A1
E – Podemos começar, como já tem conhecimento, nós ainda estamos na fase de
diagnóstico, queríamos diagnosticar aqui algumas necessidades, fragilidades,
problemáticas, qualquer coisa assim, mas não gosto muito de lhe chamar problemáticas,
mas mais em termos de necessidades, que é para depois a partir daí partirmos para a
ação, ou para o terreno. aa… estruturamos aqui mais ou menos as questões lá com o
orientador do estágio, das práticas, e em relação ao curso, já tem mais ou menos uma
ideia, não somos bem assistentes sociais, é um bocadinho diferente, eh eh.
e - Pois também não são animadores, é uma coisa ali entre uma coisa e outra.
E – É uma mescla ali das coisas, mas pronto. Pronto, aqui em termos de identidade e
território, isto partindo já para a parte da entrevista, aqui no bloco temático aa…, como
é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar, caracterização…, as
características populacionais, aa…, relações entre a população…
e – Sim, pronto, começamos se calhar pl’a, pl’a… nós temos uma baixa demografia, a
população é muito dispersa, temos uma população envelhecida e… o território vai ficando
desertificado aa… talvez também por aí, e de facto nós temos cerca de 10 habitantes por km2,
o que é uma baixa densidade populacional, aa… penso que as pessoas têm uma forte
identidade cultural, penso que sim, têm, são muito ciosos das suas tradições, da sua cultura,
portanto vão continuando a por em prática aa… saberes que vêm de muitos e muitos anos, e
são ciosos disso, portanto tem algum orgulho nas suas tradições aa… estabelecem alguns
laços, entre eles, penso que sim, mas o facto de ser uma população muito dispersa e, e de
facto haver pequenos aglomerados populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas
relações são dificultadas por isso, pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados
mais populacionais, o caso de Almodôvar, ou das freguesias aa… as pessoas juntam-se aa…
associam-se, fazem alguma coisa.
E – E mesmo em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em
termos de património, participam, mesmo os isoladas têm…
e – Sim, sim, nós temos uma experiência, aa…, que é em setembro, aa…, geralmente nas
jornadas do património, costumamos fazer algumas atividades descentralizadas nos
monumentos, e costumamos por transporte da Câmara aa… para que as pessoas possam ir
assistir aos espetáculos, geralmente são de música, e visitar os monumentos de outras
freguesias, e quando fazemos essa atividade há sempre muita gente interessada em ir,
principalmente de locais, aa… mais pequenos, portanto, se nós fazemos um circuito com o
autocarro, geralmente em todos os locais temos alguém interessado em participar, aa…, no
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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dia a dia a mobilidade não é muito fácil porque depende, se a pessoa tem carro até se desloca,
e vai não é, mas nas camadas da população mais idosa que não têm meio de transporte aa…,
depois os transportes públicos também não dão resposta a isso, tirando os transportes públicos
para a vila, tudo o que é inter freguesias já não existe, ou se existem é de passagem, não dá
para a pessoa ir e ficar, e regressar, portanto acaba por ser difícil a mobilidade quando as
pessoas não têm meios para se deslocar por si próprias.
E – Pois, mas acha que é mesmo uma lacuna ou é a Câmara que não consegue suportar
por exemplo essa… essa…
e – Não. Nem sequer é uma função da Câmara, nós, para garantir que as pessoas venham à
vila já suportamos alguns custos com a rodoviária, portanto a rodoviária só faz aquilo que lhe
dá lucro.
E – Nos transportes escolares não é?
e – Exatamente, portanto faz os transportes escolares, e associado aos transportes escolares
transporta a população, o que é que acontece, há locais onde não temos população escolar,
então a rodoviária pura e simplesmente não vai lá, porque as poucas pessoas que poderia
transportar aa… não lhe dá rentabilidade.
E – Não compensa, pois…
e – Então o que é que fazemos, com núcleos populacionais que estão mais distantes, e que
portanto, tem algumas pessoas que precisam de se deslocar, nós temos protocolos com a
rodoviária, em que pagamos mensalmente um montante para elas fazerem esses circuitos,
estou a falar por exemplo da Corte Pinheiro, fica na outra ponta do concelho, na freguesia de
Sta. Cruz, até com as Guedelhas que é aqui a dois passos, nós temos de pagar para eles irem lá
aa… e outros, temos vários, Portelas, Malhão, S. Barnabé, temos vários núcleos em que para
terem transporte público assegurado, e têm, nós pagamos à rodoviária para que isso aconteça.
E – Hum… hum… Ainda aqui em relação ao bloco temático da identidade e território,
sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos
existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento?
e - É assim, não é fácil que a informação passe aa…rapidamente, portanto nós temos alguns
programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda vamos
encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento, é claro que agora já se calhar são
muito poucos, mas nos primeiros dois, três, quatro anos, nós tínhamos que fazer
sistematicamente campanhas de divulgação, mesmo nos núcleos populacionais, e nas
localidades íamos lá, informávamos, porque as pessoas aa… não leem os papéis, nós podemos
mandar muita informação para as juntas, podemos mandar muitos cartazes para a rua, mas há
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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uma certa dificuldade em passar a informação. Mas neste momento penso que já, se calhar
muito pouca gente, muitos poucos idosos, somente esses desconhecem os programas que nós
temos. Já são dez anos, não é, já vai passando.
E – E encaram este território com valor, encaram como património, as pessoas dão… a
Drª. à bocado falou que eles têm orgulho…
e - Têm algum orgulho, não são muito de exteriorizar, ou seja, às vezes até nos chamam a
atenção para determinadas coisas, mas quando somo nós a tomar a iniciativa e a ir falar lá
com as pessoas, isto é importante, isto é, tem valor, eles dizem na vale nada, então isso já
vem do tempo dos meu avós, e portanto as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer,
de facto a riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm.
E – Se partir deles… é a tal história, está bem. Então vamos aqui para mais a nossa
área, as relações sociais principalmente, interações, quer de pessoas, quer de grupos,
quer mesmo de pessoas, grupos e instituições, acha que há interação entre, entre a
população em si, quer entre os vários segmentos populacionais, crianças idosos, idosos
adultos, adultos crianças.
e- É assim, eu penso que no dia a dia, possivelmente essas interações acontecem na família,
porque interinstituições eu não vejo, eu vejo a escola aa… com as suas atividades dentro da
escola para aquela camada etária, vejo os lares, os IPSS, com os seus idosos dentro das
paredes com aquelas atividades, e de facto esse intercâmbio, ou essa troca de experiências
entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente aa…,
por exemplo, pode acontecer nuns festejos de São Martinho…
E – Pois acontece assim de uma ação da Câmara, por exemplo, não é? Agora partindo
das entidades em si, e entre elas não.
e- Pois não é muito fácil, não é muito fácil, não existe muito essa…, esse hábito, aa… essa
prática no dia a dia, e também acontece muito, eu penso que hoje também, os avós…, os avós
são mais jovens, e o que eu noto, é que aqui há uns anos atrás aa… os mais jovens recorriam
muito ao suporte dos avós para ficarem com os miúdos e para, mesmo depois da escola, e
neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário alargado,
mas sempre com a condição de ser para aquelas famílias que de facto necessitam, e não tem
suporte familiar em casa, porque isto sempre em parceria com a Câmara, porque os programas
são implementados na escola, mas são pela Câmara, e eu tenho sempre o cuidado, de chamar
a atenção dos pais, que é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e
com os tios, mas há uma recusa disso, os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até
às cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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acontece nas grandes cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa,
principalmente na vila, aa…
E – Mas por falta de disponibilidade?
e- Umas vezes dizem que sim, «ai ela tem mais que fazer, e tem as coisas dela e…», mas eu
não sei, ainda não consegui perceber.
E – Aí podem estar a falar dos laços, pode haver uma quebra aí…
e- Mas nota-se há uns anos pra cá, principalmente desde 2006, foi quando começou a haver
uma oferta maior em termos de horário na escola aa… pessoas que nós sabemos, que têm
pessoas de família, a quem podiam recorrer, até para dar o almoço aos miúdos, porque, é… os
miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa
e estarem num espaço fora daquele ambiente e voltarem, e isto não acontece.
E- Por um lado, dá mais tempo e espaço à família, mas por outro lado, pode quebrar
também aí um bocadinho os laços afetivos entre eles, é gradual, hoje não posso, amanhã
nem tanto, hoje não veio… por outro lado é bom que a escola dê resposta como um ator
social ativo, e nestas coisas ver o aspeto positivo, mas quebra um bocadinho as relações
humanas…
e- É um bocadinho violento, crianças com seis sete anos irem para a escola às nove da manhã
e virem as sete da tarde, é … mas temos alguns casos desses, temos, depois vai-se refletir nos
próprios valores, e até no aproveitamento escolar, porque a criança chega a uma certa altura e
já está tão farta da escola, que aquilo para eles já não é nada.
E- Pois em termos de afetividade, pois acabou de responder aqui à segunda pergunta.
Em relação ao Clas, a, Câmara… é um dos parceiros aa… como funciona o Clas …,
como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, o Clas, ou o
funcionamento entre si
e- O CLAS é um órgão, é um fórum de discussão, que congrega várias entidades, não é a
Câmara, não é a Segurança Social, são todas, portanto, tem a Câmara, tem as escolas, tem a
Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais, e aquilo acaba por ser um fórum
de discussão, e não só, portanto o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações
que as várias entidades tem, ou associações, ou instituições tem, e no fundo faz a
monotorização dessas atividades aa…, e tem mais algumas, neste momento o que é… o
Clas…, o Clas reúne duas, três vezes por ano, não reúne mais, no inicio reunia mais, quando
estava em fase de construção, agora vai ter de reunir por causa do novo PDS, mas no fundo o
que é que fazemos, fazemos a elaboração de pareceres para candidaturas quando elas tem de
ser submetidas a… ao QREN… candidaturas, a tudo o que tenha a ver com a área social, nós
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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e que fazemos, damos o primeiro parecer e depois é que, a segurança social a nível distrital dá
o segundo, elaboram os instrumentos de planeamento e gestão aa…, são várias grelhas entre
eles que vão aferindo da execução ou não do plano social aa… , e no fundo acabam por ser
um, é um veículo de, de difusão da informação, portanto tudo vai parar ao CLAS, o Clas tem
por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os parceiros, e
divulgar, e incentivar, ou não a sua participação, aa… e depois tem várias atividades aa… ,
que são as atividades, de cada uma das instituições, que faz parte do CLAS, aa… por exemplo
agora foi feito uma coisa que eu achei muito interessante, foi em parceria com as juntas de
freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a população sénior do concelho,
aa… mesmo em termos de localização, aos que estão isolados sem meio de comunicação com
o exterior, as condições em que vive, portanto foi feito esse trabalho, da responsabilidade da
GNR, mas que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido,
esse trabalho já tem vindo a dar alguns frutos, por exemplo aquela ação dos cafés Delta, a
operação Delta, e que neste momento está a disponibilizar telemóveis com algumas
características próprias para os idosos que estejam isolados e vivam sozinhos, portanto
rapidamente eles conseguem aceder a socorro, no caso de necessitarem. Depois temos aquelas
atividades aa… das entidades.
E – A GNR não faz parte do CLAS?
e- Faz
E – aa… e as relações entre todos
e- sim, são boas, são, aa… ás vezes tínhamos necessidade de uma maior participação, ou
seja, se a gente convoca o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito
pouca participação ativa, as pessoas vão, marcam presença, aa… fizeram o seu papel, mas
despois a discussão…
E – Estratégias para algum problema…
e- é complicado, muito complicado, é.
E – A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer
necessidade, e depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…
e- É que nós também temos outra estratégia que é assim, nós temos um gabinete de ação
social na Câmara com técnicos que são muitos a…, e como tal aa… fazem trabalho… e o que
é que acontece, quando há situações de problemáticas, geralmente são canalizados para o
gabinete de ação social, temos uma técnica no gabinete de ação social que faz parte do Clas,
que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho executivo para reunir, ou
alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática, por exemplo se for um caso
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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de doar, ela fala com as IPSS, se for o caso mais de algumas obras, um telhado que está a
meter água, de repente fala com a Câmara e fala com a junta de freguesia, portanto ela própria
faz essa articulação.
E- tem a ver com as próprias necessidades da população…
e- Ela própria faz essa articulação com aquelas entidades, que fazem parte do Clas que mais
rapidamente poderão dar resposta aquela situação, que é de emergência, as coisas até estão
a… a ter alguma resposta.
E - Vamos partir aqui para a parte das, da participação social, quer em termos
institucionais, quer em termos populacionais, sentem se.., se as dinâmicas são culturais
se a comunidade tem uma participação ativa, embora na primeira questão já tenha
respondido um pouco a esta pergunta…, acha que as pessoas acabam por se envolver,
participar?
e- Depende das atividades, aa… eu ainda não consegui perceber, o público de Almodôvar,
concelho, não vila, concelho, aa… quando as atividades já tem alguns anos e eu acho que
quando dizem alguma coisa às pessoas, elas até participam. Às vezes fazemos atividades e
achamos que aquilo vai ter algum resultado, e temos a casa às moscas aa…, mas eu acho que
depende das atividades, se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto lhe
dizem alguma coisa, elas até participam aa…
E- então e partir apenas deles, quer institucional, quer a sociedade civil, isto porquê, por
exemplo nós já percebemos que as Flores do Campo, são um grupo de pessoas muito
ativas, elas próprias promovem os eventos delas, aa… vão aos lares, vão às creches, e é
nesse sentido.
e -Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por exemplo temos
aqui as Flores do Campo aqui em Almodôvar, que de facto fazem as suas próprias atividades,
e organizam, temos um outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa função, elas são
um grupo coral, mas acabam por ser um grupo que anima a localidade elas organizam a festa
de Natal, as festas da igreja, as festas, pronto acabam por ser ali um polo dinamizador,
portanto nós tínhamos lá um centro cultural, e que estava fechado à uma série de anos, elas
abriram-no e puseram-no a funcionar. Depois temos no Rosário também aa… que
timidamente está a começar o próprio grupo coral também é dinamizar, e despois temos as
associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas atividades anuais,
que são as festas de Verão e que tem sempre sucesso garantido. aa… depois outras
participações são muito específicas, por exemplo é conforme os gostos, temos o pessoal do
futebol que organiza, dinamiza e faz, o pessoal que gosta das bicicletas também, aa…, é um
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bocadinho por polos de interesse não é. Nós temos muitas associações no concelho, lá está
algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras tem atividades
regulares.
E- Nós acabamos por fazer o nosso trabalho de casa, e em termos de associações, há
muitas associações.
e – Há.., há muitas.
E- e esta parte… algumas foram criadas e mais nada, ou para tirar aquele rendimento
da câmara, ou para gerir a associação, isto o movimento associativo… há que participar
um bocadinho também nas funções culturais e económicas
e- As associações aqui funcionam muito, algumas, não posso generalizar, não é, aa… em
função dos seus próprios interesses, aa.., e se eu gosto, se eu existo para angariar fundos, para
no futuro fazer um lar, eu só trabalho em função disso, aa…, e tem alguma dificuldade em
participar no global, é um bocadinho á volta dos seus próprios interesses.
E – Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas de associativismo, agora
no que consiste a base, e o objetivo, missão do associativismo não será bem assim. Mas
há dinamismo, e voluntariado há algum?
e- Voluntariado, há um grupo, mas que no fundo é um voluntariado um bocadinho escondido,
não é, não tem, não está reconhecido em termos ainda institucionais, nós a nível de, daquele
voluntariado que faz parte daqui do PDS, que é conhecido a nível nacional, penso que tem
três pessoas, mas depois há outro, aqui, concretamente o grupo «Ajuda a Sorrir», de carácter
sócio caritativo, aa… cujas pessoas acabam por fazer algum voluntariado, aa… se souberem
de alguém que está com problemas, tentarem ajudar, irem lá a casa, mas é um voluntariado
um bocadinho diferente daquele que estamos habituados, é mais na base da boa vontade.
E – E em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas, têm um papel ativo, nestas
participações sociais, ou pelo menos gosto, mostram interesse?
e- É assim, os idosos… há de tudo, de tudo aa…, nós organizamos atividades para eles. Nós
temos por exemplo uma atividade, em termos contínuos, que é a nível do desporto, em que
um técnico vai às freguesias dinamizar duas vezes por semana atividade física com eles, e
temos grupos grandes a participar, essencialmente mulheres, acho que os homens são menos
participativos nessas coisas, mas já vão aparecendo. Aa… se nós organizarmos um dos
passeios para ir aqui ou ali, até com objetivos definidos para eles conviverem para estarem,
para conhecerem, e temos grande participação. As atividades partindo deles é mais
complicado.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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E – Só se fizerem parte de alguma associação ou grupo já mais ou menos organizado. E
em relação aos jovens como é a participação?
e – os mais jovens, é um problema aa… tirá-los da frente do computador, ou de alguns locais
onde eles se reúnem, é muito complicado. Tenho tentado à seis anos para cá, tento
implementar projetos, na biblioteca essencialmente, para que aquela camada dos quinze aos
vinte participe, e é sempre o grande problema que têm nessa faixa etária, tendo até aos quinze,
até participam e vão e , e estão, depois já há défice entre os quinze, e os vinte, nós ainda não
conseguimos descobrir como é que se dá volta a isso, e depois quando regressam, ou a partir
dos vinte e dois, ou quando já tem miúdos pequenos, já voltam.
E- finalizando o que a Dr.ª estava dizendo há esse handicap dos quinze aos vinte anos
dos miúdos participarem
e - Já organizamos, fizemos uma vez um projeto que saiu mesmo deles, baseado num
inquérito, em que eles disserem aquilo que eles gostariam de ver implementado e gostariam
como atividades bandas de garagem foram metidas na biblioteca, e depois daqueles trinta,
quarenta, também temos um universo muito pequeno, não é que participaram neste trabalho,
quando foi implementadas atividades, se calhar de quarenta passamos para trinta, os que
estiveram presentes.
E – Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe
algum tipo de relacionamento mais afetivo, eles dissociam-se uns dos outros, existe
algumas atividades nesse âmbito?
e - Podem existir atividades pontuais, aa… mas por sistema não existem, aa… mas se calhar
se quiser aa… uma festa em que se peça a colaboração de uns e de outros, essa relação existe
e é boa. Mas por espontaneamente, ou por sistema, não me parece que haja muito essa
ligação, a não ser os laços familiares em casa, mas em termos de sociedade, não me parece,
portanto isto também é uma ideia, é a minha opinião.
E – Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias, no
sentido da parte da sua responsabilidade, ou seja para saber a opinião da comunidade
no sentido de um diagnóstico, para saber o que ela precisa, não sei se existe?
e - Existe alguma preocupação nesse sentido, principalmente quando nós estamos na fase de
elaboração do orçamento, nos primeiros anos, eu estou a falar durante, portanto eu estou na
Câmara à onze anos, aa…, nos primeiros oito, nove anos, nós íamos a todas as localidades,
com mais de quinze habitantes e fazíamos reuniões com a população… sobre aa… no fundo
queríamos fazer um levantamento sobre as necessidades sobre as aspirações, sobre aquilo que
eles mais pretendiam que se concretizasse, aa… essas reuniões acabavam por ser um discurso
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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do presidente da câmara sobre as intenções, daquilo que pretendia fazer, aa… participação da
população no global, e quando estavam todos reunidos era praticamente inexistente, não…, e
depois ficavam para o fim abordavam individualmente o presidente a pedir-lhe isto ou aquilo,
mas em termos pessoais, mais particulares, porque tudo o que fosse global a participação era
muito, muito pouca, aa…e tudo o que era atividades como culturais, ou… aa… passava-lhes
um bocadinho ao lado. Nos últimos três anos nós substituímos esses encontros com a
população, e chamávamos encontros com a população, por questionários, aa… e é muito
pouco participado, em termos de questionários, são questionários muito simples, em que tem
um espaço para observações, mas é com cruzinhas a maior parte das coisas, aa… eu
pessoalmente nunca acreditei nisso, nos questionários, até porque nós temos um nível de
iliteracia bastante grande, aa… mas pronto, aa…eu prefiro sempre mais as reuniões com as
pessoas e esses contactos com a população, mas de facto o que se tirava desses encontros
acabava por ser quase que um aval daquilo a que nós tínhamos intenção de fazer, mas ao
contrário, o feedback era muito….
E – pois e o que existia era mais a nível individual
e- individual, exatamente, não havia ali um pensar no coletivo. Nós, há dez anos para cá que
implementamos essas dinâmicas, aa… mas a participação, é muito baixa
E- Muito baixa, não tem havido nenhum progresso praticamente?
e - aa… até onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os
jovens praticamente não vão lá, a não ser que em determinada localidade haja qualquer coisa,
ou que seja polémico que possa vir a acontecer, em que… e aí as pessoas vão sim senhor, eu
posso lhe contar agora em relação às freguesias, à agregação de freguesias, aa… nós tínhamos
um menino nos braços não é, e é assim, ou fazíamos um estudo e mandávamos para a
Assembleia da República, ou que as freguesias fossem agregadas, e viam os seus
financiamentos aumentados, ou se nós disséssemos não nos queremos pronunciar eles
agregavam na mesma, e esses acréscimo não viria, e nós soubemos enfrentar as coisas, fomos
falar com as pessoas propomos quais seriam as freguesias agregadas, a câmara tinha uma
ideia, mas resolvemos ir consultar essas freguesias, as pessoas estavam lá em peso,
manifestaram-se dram a sua opinião, foram contra a opinião da câmara, portanto não tiveram
qualquer problema em manifestar isso, e de facto a vontade deles foi…, foi para a frente, sim
senhor vocês pensam dessa forma, nós temos uma opinião diferente, por isto e por isto, mas
vocês entendem que não, é a vossa opinião que vai para a frente, e foi com o parecer da
câmara, da Assembleia Municipal foi elaborado com base de facto na opinião das pessoas,
mas lá está, tem que ser qualquer coisa que mexa com a vida das pessoas, e mais a divulgação
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
40
não foi assim tão grande quanto isso, porque nós agendamos a reunião, e estava o prazo um
bocado apertado, e foi divulgado com um dia, dois dias de antecedência, e as pessoas estavam
lá todas. Depende dos interesses, e das motivações.
E – Relativamente aqui ao nível das possíveis necessidades que constata, sente haver
diferentes tipos, relativamente aos diferentes montes do concelho? Portanto temos vários
montes, Santiago…
e – Pois é assim, a grande, o grande problema que eu vejo aqui, em relação aos montes mais
dispersos, é de facto o envelhecimento dessas pessoas e o facto de estarem bastante isoladas
aaa… muitas sem qualquer laço familiar próximo, são pessoas aa… mas as necessidades em
termos gerais são muito idênticas…
E – No acesso a equipamentos aa… se calhar pois…
e – Pois, as pessoas que tão isoladas é mais difícil não…
E – Cá está, porque a outra questão e que não pode dissociar-se dessa, é essa questão
que se sente a nível de mobilização e a utilização de serviços e de equipamentos a nível
de…
e – Pois, as pessoas que estão mais isoladas é mais difícil. Nós temos aí uma localidade que
nós, durante aí quinze em quinze dias fazemos o transporte das pessoas porque não têm
qualquer transporte público nem lá próximo aa… e o acesso, pois eu acho que as pessoas nem
sequer pensam em aaa… em usufruir dessas de, de aa… dos equipamentos que existem. Por
exemplo pra vir à Biblioteca. Quem vem à Biblioteca? Aa… as pessoas que andam por aí, que
conseguem vir à vila, que conseguem aa… claro que nós temos uma biblioteca itinerante que
vai às localidades, mas vai a quais localidades? Às maiores, porquê? Nós começámos a ir a
localidades com cerca de vinte pessoas e acabámos por estar lá uma tarde inteira sem um
único utente, não é? Aa… portanto começámos inicialmente com vinte e tal localidades e
depois começámos a selecionar, aquelas que durante duas, três vezes fomos lá, não aparecia
ninguém interessado a usufruir daquele equipamento, nós tivemos que deixar de ir não é?
Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem essa
necessidade…
E – Isso. Falou-me nesse exemplo especificamente, que se falava a nível do Centro de
Saúde…
e - Não, as pessoas aí organizam-se e principalmente com as Juntas de Freguesia, ou vêm com
aa… um transporte público aa… aqueles que têm, ou então pedem a colaboração da junta e aí,
a junta, são são muito colaborantes com os seus munícipes e fazem um grande trabalho nesse
sentido, especialmente em montes isolados, quando há mesmo dificuldades aa… que não têm
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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um filho que vá buscá-los ou algum familiar, a junta faz esse trabalho, há esse cuidado,
portanto ninguém fica sem assistência, pode não ser tão rápida quanto às vezes se pretendia
mas em termos dessas questões de saúde, de vir tratar de um documento, de de… se não tiver
transporte aa…, porque a junta está sempre muito atenta a isso mesmo juntas muito grandes,
com população muito dispersa, mas eles fazem muito bem esse trabalho e muitas vezes vão…
as pessoas deslocam-se até à sede de freguesia e os próprios funcionários resolvem problemas
aqui da… que tem que têm que ser tratados na, na sede do concelho. Há muito esse
intercâmbio, há essa colaboração.
E – Relativamente à conjuntura atual, económica e financeira que se vive neste
momento a nível dos fenómenos muito associados à exclusão social tais como a pobreza,
toxicodependência, racismo ou seja, tudo o que tenha a ver com esse tipo de fenómenos,
acha se tenham mostrado mais expressivos nestes últimos anos, ou acha que se têm
mantido…?
e - É assim, aquilo que eu noto e que , em relação a pessoas mesmo do concelho de
Almodôvar, não tenho notado grandes diferenças aa… porque aqui o desemprego que existe
hoje tem a ver com desemprego já de longa duração e pessoas com poucas qualificações ou,
mas e… não é muito. Agora o que eu tenho notado é, têm vindo muitos, muitos casais
problemáticos de fora, muitas famílias problemáticas têm vindo de fora, nós nos
interrogamos. Não sabemos se vêm porque têm cá alguns laços familiares e com esta
conjuntura regressam às, às origens mas têm-nos aparecido aqui algumas famílias com
problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com
miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ porque aa…
existem problemas aa… depois, em termos de situação do concelho nota-se que havia
agregados familiares que viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo
de desemprego aa… subsidio de desemprego e depois voltavam ao inicio faziam prática…
isto agora com a peneira que está a ser feita não é portanto aa… começa a haver alguns casos
preocupantes de pessoas a quem foram cortados o RSI, a quem foi cortado o subsidio de
desemprego porque depois, como a Junta de Freguesia como a Câmara, têm conseguido dar
resposta a todas aquelas situações que estão em RSI e recebem muito pouco, por exemplo
trinta euros mas, se a Câmara for requisitar para trabalhar ele passa a receber o ordenado
mínimo aa… e nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto
em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e, e nas freguesias
à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados. Porque é
diferente ganhar trinta euros e ganhar quatrocentos e oitenta não é? Portanto temos
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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conseguido dar resposta. Tou preocupada porque me parece que a situação vai piorar com os
cortes que tem havido em termos de rendimentos, desses rendimentos, neste momento, ainda
não, não posso dizer que seja uma situação de, de aflitiva não é? Pronto vão aparecer alguns
casos…
E – Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de
atividades é que o CLAS… não executa não é?
e – O CLAS é uma congregação de várias instituições e no fundo o que é que o CLAS faz?
Faz a monitorização dessas atividades…
E – Ah, ok pode não ser especificamente o CLAS e até se calhar até não é…
e – Não é, não é. Portanto existe um plano social de desenvolvimento, eu por acaso tenho-o
aqui e ele tá na Net, portanto pode ser consultado aa… em que aparecem as atividades que são
dinamizadas por cada uma das instituições e algumas são em conjunto. Nós portanto temos
aqui, um exemplo só, atividades em que são implementadas com as parcerias da Câmara,
Direção Regional da Educação, com a Segurança Social portanto, algumas são em conjunto
outras são individuais portanto o que é que o CLAS faz? No fundo faz a articulação com os
parceiros todos e faz o acompanhamento dessas atividades, faz a monitorização ou seja, tão a
ser implementadas não estão, a conseguir atingir as metas não conseguimos, o que é que
falhou… no fundo faz esse, esse acompanhamento. Faz a divulgação também de todos os
programas e de todas as informações que chegam aa… faz a análise de algumas situações que
possam surgir e o respetivo acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de
quando alguma instituição pretende candidatar um projeto ao QREN aa… também tem essa
responsabilidade mas, o essencial, é a articulação entre todos os parceiros e o
acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser implementadas.
E – Faz-se uma avaliação se foi cumprido…
e – Sim. Se foi cumprido, nós temos metas, não é? Portanto nós queremos atingir, queremos
dar resposta que aa… oitenta por cento das pessoas que estão no RSI tenham contratos de
inserção e então nós aa… temporariamente vamos fazendo o acompanhamento com a
Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não conseguimos. Atingir
mediante o número de pessoas que existe e o número de contratos que foram feitos e vamos
fazendo esse acompanhamento.
E – Aqui a nível , não sei se sinceramente se esse plano já dá enfase a isso, a nível de
projetos sociais no futuro já tá alguma coisa prevista?
e – É assim estamos a trabalhar no, no o PDS é para três anos, tivemos agora, tivemos o
2009/2011 e agora estamos a trabalhar no 2012/2015, salvo erro, aa… claro que isto tem que
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ser tudo articulado com a Segurança Social de Beja e primeiro eles têm que fazer o a, a nível
distrital e nós, depois, o concelhio, sai desse distrital.
E – Têm que adaptar à vossa realidade e com as entidades que também fazem parte da
…
e – Que temos mas com aqueles que são a nível nacional, distrital e depois concelhio, portanto
neste momento está em fase de elaboração.
E – Pois porque o diagnóstico ou seja, para a elaboração relativamente à parte daquilo
que vos toca, também é feita um bocadinho na base do que as entidades também vos
trazem.
e – Exatamente, exato, mas segundo aa… eu tive com a técnica que tá com a responsabilidade
do, do PDS, ela diz-me que não há grandes alterações, a não ser estas novas medidas do
governo, nomeadamente as cantinas sociais e alguns programas novos mas, mais que isso…
portanto todas as outras se vão manter. Penso que a única diferença será aqui nas metas mas
que ainda não foram definidas.
E – Relativamente às atividades promovidas pelo CLAS neste caso, e parceiros, estas
atividades que são executadas estão centralizadas na vila ou estendem-se também aos
montes?
e – Não, não, tem a ver com o concelho todo. Todos os programas que estão implementados
aqui no PDS abrangem o concelho todo, todo.
E – Ok! Relativamente aqui à sequência penso que chegámos ao fim. Não sei se mais
alguém quer acrescentar o que quer que seja?
E – Algumas palavras impercetíveis!
e – O quê? Não percebi…
E – Em termos sociais, as necessidades…
e – Ah em termos sociais. As pessoas aqui aspiram, eu ainda à bocado estava à porta e tava
ouvindo. Aspiram muito a ter um espaço, não sei se é Centro de Dia se é aa… penso que será
muito por aí, Centro de Dia, aa… eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles
espaços que existem fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… nós temos, temos
espaços para tudo, se calhar neste momento não temos, porque nós temos muita coisa em
obras, não é? Portanto nós temos um Cine-Teatro que tirando as atividades que a Câmara faz,
raramente é solicitado para alguma coisa e ele pode ser solicitado para quem precisar dele,
portanto não é um edifício para tar ali fechado aa… nós temos aqui o fórum cultural que vai
ter espaço para várias dinâmicas, nomeadamente para os grupos corais para aa… é preciso é
que as pessoas de facto se apropriem desses espaços e, e dinamizem não é? Não tar sempre à
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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espera que seja a Câmara a fazer e eu tenho muitas dúvidas em relação aos Centros de Dia
porque apesar de eu concordar com eles nas localidades mais pequenas, aqui nós temos dois
lares aqui que podiam ter também a valência de Centro de Dia. O que eu acho é que cada uma
das instituições depois aa… se fecha muito e não há, aa… não se abre ao exterior. Eu acho
que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas que existem e pôr as
pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal mas é um pequeno grupo
não é?
E – Como disse, este é um pequeno grupo dinâmico e que participa e quanto às outras
faixas etárias relativamente à participação? Olhe por acaso hoje conseguimos ter aí dois
miúdos da Associação de Estudantes no Forum Autodiagnóstico que promovemos aqui
na Junta…
e – que é, quem é agora o presidente da Associação de Estudantes?
E – É uma miúda que não pode vir…
e – Não aa… sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara?
Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro.
Quando há a Facal, porque querem ter lá a barraquinha para ganhar dinheiro é. E quando vão
pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles… mas por exemplo eles
agora quiseram fazer (eu não tive oportunidade porque não tive oportunidade de lá ir),
quiseram fazer o baile de Halloween organizaram-se, pediram a colaboração da Câmara
naquilo que , que nós que é montar, não sei já o que é que foi, ah mas a escola tinha
organizado uma atividade lá durante o dia ou seja, o espaço não estava limpo, tinha lá uma
passerelle montada aa… pr’ó baile e eles não podiam fazer o baile, eles próprios organizaram-
se, pediram aos funcionários da Câmara que lhes ensinassem a desmontar a passerelle,
puseram tudo cá fora, organizaram tudo e fizeram o baile. Portanto participam quando querem
porque senão tinha que ir a Câmara lá desmontar e eu disse-lhes logo «olhem isso é
impossível porque os funcionários saem às quatro aa… o desfile acaba por volta dessa hora
portanto … «ah mas agente só quer aprender como é que se desmonta» tudo bem então
força… portanto quando querem, quando os motiva…
E – De facto sentimos e percebemos alguma queixa por parte da, da outra Associação de
Cantares, as vozes de Almodôvar, um senhor a manifestar isso mesmo que não
encontram nos jovens motivações para aderir a esse tipo de, de atividade. Neste caso
eles, culturalmente, a este nível, pelo menos há aqui alguma deficiência da parte deles
não é?
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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e - Pois é assim, é assim os grupos corais também têm uma forma, especialmente os homens,
as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só como eles querem e, com os
jovens não pode ser assim, não há explicação porque é que é aa… os jovens questionam não
é? Por exemplo eu tenho um projeto que tá, tá a ser implementado aqui nas escolas do
primeiro ciclo desde 2006 que é o canto nas escolas, eu substitui a educação musical por pl’o
canto, primeiro eu tinha dificuldades em arranjar um professor da educação musical e depois
tinha um bom animador a nível de canto que é um jovem também e que tem algumas
dinâmicas e que sabe o que está a fazer e então implementei essa atividade, o que é que
acontece os miúdos, durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando
vão para o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho
notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos corais. Tenho ali Santa Cruz que já tem
quatro ou cinco jovens que já saíram das escolas e que já tiveram o canto nas escolas e que
ficaram e que se interessaram por isso aa… aqui a nível das vozes de Almodôvar tem sido
mais complicado, os pequeninos que têm ido e que ainda estão no primeiro ciclo… depois,
quando saem acabam por sair mas já se vai notando aqui na Semblana… também temos
alguns miúdos que já fazem parte e que já tão no grupo, mas tem havido algum aa… alguma
resistência. A esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos
regressem não é? Eu acho que sim, eu vejo pelos meus filhos, os meus filhos só começaram a
apreciar canto alentejano depois dos vinte e tal quando vieram da Universidade porque, até aí,
era, era foleiro, eh eh eh. Quando, quando o nosso animador chegou às escolas, no primeiro
ano e segundo, quando foi implementar esta atividade ele começava por perguntar aos miúdos
e a maior parte deles não sabia o que era o canto, não conheciam, não sabiam o que era o
canto alentejano? Ah essa coisa dos velhos?! Era a resposta, era a resposta.
E – Também percebemos ali, através daquela pessoa que estava ali a representar as
Vozes de Almodôvar, que mesmo o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir
porque estavam vinte e não sei quantos e agora estão doze não é?
e – Aquilo exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se
aborrecer e porque têm família e porque depois não é só, porque depois começa a haver aa…
são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há logo quem
tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai meia dúzia não é? E
eu por exemplo, nós agora fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi
muito bom. O Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então
convidou os grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em
que pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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conjunto e aqui em Almodôvar. Ainda se chegou mais longe conseguiram juntar, coisa que eu
parecia-me um bocadinho difícil, conseguiram juntar as Vozes de Almodôvar com as Flores
do Campo, fizeram um grupo bom e acho que aquilo resultou em cheio, o espetáculo foi em
Beja e com os miúdos também, mas pronto se calhar são atividades pontuais que precisavam
ser feitas com mais aa… regularidade, às vezes nem sempre é fácil porque quando se mete os
miúdos das escolas é uma burocracia enorme, para os tirar das escolas se for em horário letivo
tem que se pedir a autorização dos pais, autorização do agrupamento, autorização da Direção
Regional, quando é fora dos horários letivos cada um vai para seu lado, os pais não têm
grande disponibilidade e acaba por não, por também não resultar e não é muito fácil conciliar
as duas coisas mas de vez em quando lá se vai conseguindo. Portanto eles agora fizeram o
espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de Dezembro vão estar em
Almodôvar com o mesmo espetáculo que, segundo o feedback que eu tive de Beja, resultou
muito bem.
E – Enquadrado no Inatel…
e – Sim, foi a Fundação Inatel que promoveu. Dia 5 de Dezembro, quarta feira à tarde.
Aproveitaram a tarde para tentar ter alguns jovens a assistir, da escola. No polivalente da
escola. Há outras atividades, é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um
bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um
bocadinho obcecados com programa, programa, programa, as provas de aferição aa… estão
muito pouco abertos a outras coisas e, e não sei se são exigências, eu tou afastada da escola há
dez anos portanto não sei se as coisas mudaram assim tanto e se de facto as exigências em
termos de escrita e de papeis é tão grande assim, porque tá a faltar na escola o espaço pr’a
levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá também a vizinha, que sabia como era a
ceifa antigamente e como é que era aa… e isso nós, aqui há dez anos atrás aa… eu fazia isso
na minha escola e resultava muito bem porque, a partir daí, nós fazíamos o português e
fazíamos a matemática e fazíamos todas as outras atividades nas aldeias. Não sei muito bem
qual é a dinâmica mas aqui a nível da vila aa… essa dinâmica não existe, foi quebrada
completamente, raramente nós vemos um adulto ir à escola contar qualquer coisa quando
podia ser uma experiência e, e por aí… e também, mas depois, ah e não temos tempo pr’a dar
o programa, pr’a dar a matemática. Eu penso que a escola poderia aa… tá tudo muito
compartimentado e é aa… mas depois isso não se reflete em resultados, porque depois nós
vamos ver os resultados das provas de aferição e das provas de avaliação e as coisas são
muito más. Eu às vezes questiono os professores, portanto eu sou colega e digo-lhes «pá
porque é que isso não se reflete em resultados»? - «Pois não sabemos…»
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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E – Olhe Dra. a nós cabe-nos, pronto agradecer então. Estamos numa fase de
diagnóstico, lá está, com levantamentos, com entrevistas e com estes fóruns onde vão ser
levantadas as várias problemáticas das, das entidades e depois de cruzarmos a
informação toda tentarmos depois sim, no segundo semestre passar às atividades.
e – É importante é quando precisarem de alguma colaboração da Câmara, em termos de
transporte vir o pedido com alguma antecedência porque temos marcações com alguma aa…
mas por exemplo sendo os grupos corais eles próprios fazem o pedido de transporte. São eles
que fazem…
E – Enquadrado aqui no projeto terá que ser o tutor. É que supostamente é a entidade…
e – Ah sim. Tá bem, tá bem, sim, sim, sendo os grupos ou sendo o presidente da Junta, só tava
a dizer que seria importante serem os grupos ou ser alguém daqui, daqui porque às vezes tem
mais peso se chegar lá um pedido de um grupo coral do que se chegar lá um pedido da
universidade do Algarve não é?
E – Isto, como tudo neste primeiro semestre, vai ter que ficar tudo planificado, pode não
ser uma data especifica mas pelo menos ali numa semana aa… vai dar para alguma
antecedência?
e – Sim, sim porque tudo aquilo que meta miúdos tem que ser aa… porque tenho que pedir à
Diretora de Agrupamento, pedir autorização aos pais. Sim, sim.
E – Depois vemos isso. Porque está programada a feira medieval, que o ano passado foi
a 18…
e – Sim ainda não tenho data mas aa… não deve ser aa… Vamos lá ver, não tenho dados
objetivos para vos dar respostas completamente concretas não é? Não tenho nenhum estudo
que me diga qual é o … aquilo que eu sinto é que realmente a participação é uma lacuna. Não
sei se foram muitos anos de não participação mas parece que as pessoas ainda têm algum
receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como
aquela questão das freguesias não é? Ou, se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer
aqui à porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e
aa… agora tirando isso, são, são muito cautelosos. Tem que pesar bastante. Ou então é uma
grande motivação e eles... é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias
são diferentes entre elas, há umas mais participativas que outras, mais ativas.
E – Então mais uma vez muito obrigado.
e – Obrigada também até à próxima e bom trabalho.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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ANEXO 6 1º TRATAMENTO DA ENTREVISTA A1
[Como é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar] (…) uma baixa
demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida (…) o território
vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma baixa densidade
populacional (…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas
tradições, da sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm de
muitos e muitos anos, (…) tem algum orgulho nas suas tradições, estabelecem alguns laços,
entre eles (…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados
populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por isso,
pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o caso de
Almodôvar, (…) as pessoas juntam-se e associam-se (…)
[Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de
património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas atividades
descentralizadas nos monumentos, (…) e pôr transporte da Câmara para que as pessoas
possam ir assistir aos espetáculos, geralmente são de música, e visitar os monumentos de
outras freguesias, (…) há sempre muita gente interessada em ir, principalmente de locais mais
pequenos, (…) a mobilidade não é muito fácil (…) nas camadas da população mais idosa que
não têm meios de transporte (…) os transportes públicos também não dão resposta (…)
portanto acaba por ser difícil a mobilidade quando as pessoas não têm meios para se deslocar
por si próprias.
[Acha que é mesmo uma lacuna ou é a Câmara que não consegue suportar] (…) Nem sequer
é uma função da Câmara, nós, para garantir que as pessoas venham á vila já suportamos
alguns custos com a rodoviária (…) faz os transportes escolares, e associado aos transportes
escolares transporta a população (…) há locais onde não temos população escolar, então a
rodoviária pura e simplesmente não vai lá (…) com núcleos populacionais que estão mais
distantes (…) temos protocolos com a rodoviária, em que pagamos mensalmente um
montante para elas fazerem esses circuitos (…)
[Sente que a população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos
existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a informação passe
(…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…) há uma certa
dificuldade em passar a informação (…)
[Encaram este território com valor, encaram como património] Têm algum orgulho, não são
muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer, de facto a
riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm.
[Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos
populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no dia-a-dia,
possivelmente essas interações acontecem na familia, porque interinstituições eu não vejo
(…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece
com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não existe muito essa…, esse hábito,
aa… essa prática (…) há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário
alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até ás cinco, seis, sete horas,
do que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles (…) quando começou a haver uma
oferta maior em termos de horário na escola (…) os miúdos almoçam na escola, mas é muito
mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa e estarem num espaço fora daquele
ambiente e voltarem, e isto não acontece (…) É um bocadinho violento, crianças com seis,
sete anos irem para a escola às nove da manhã e virem as sete da tarde (…) vai-se refletir nos
próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)
[Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito fácil,
não existe (…) esse hábito, essa prática no dia a dia, (…) neste momento há uma retração a
esse nível, ou seja, a escola oferece um horário alargado (…) para aquelas famílias que de
facto necessitam, (…) sempre em parceria com a Câmara, (…) é importante aquele espaço em
que eles estão em casa com os avós, e com os tios, (…) os pais preferem deixar os miúdos
hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem
com eles, e se isto acontece nas grandes cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma
coisa, principalmente na vila (…)
[Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o funcionamento
entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias entidades (…) tem a
Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais (…)
o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações que as várias entidades têm, ou
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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associações, ou instituições tem, e no fundo faz a monotorização dessas atividades (…)
reúne duas, três vezes por ano (…) um veículo de difusão da informação (…) o Clas tem por
obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os parceiros, e divulgar,
e incentivar, ou não a sua participação (…) e depois tem várias atividades aa… , que são as
atividades, de cada uma das instituições, que faz parte do CLAS (…) em parceria com as
juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a população sénior do
concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade da GNR, mas que foi acompanhado
sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido (…)
[E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma maior
participação (…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca
participação ativa, as pessoas vão, marcam presença, aa… fizeram o seu papel, mas despois a
discussão…
[A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer necessidade, e
depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…) temos outra estratégia que
é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara com técnicos (…) quando há
situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação social que faz parte do
Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho executivo para reunir, ou
alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática (…) ela própria faz essa
articulação com aquelas entidades, que fazem parte do Clas que mais rapidamente poderão
dar resposta aquela situação
[Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são culturais, se
a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por se envolver] Depende
das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto lhe
dizem alguma coisa, elas até participam (…) Temos alguns casos desses e principalmente
partindo dos grupos corais, por exemplo temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali
na Semblana que tem exatamente essa função (…) acabam por ser um grupo que anima a
localidade (…) acabam por ser ali um polo dinamizador (…) temos as associações, que
dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas atividades anuais (…) depois outras
participações que são muito específicas (…) é um bocadinho por polos de interesse (…) Nós
temos muitas associações no concelho, lá está algumas trabalham anualmente durante o ano
quase não se dá por elas, e outras tem atividades regulares (…) funcionam muito (…) em
função dos seus próprios interesses (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
51
[E partir apenas deles, quer institucional, quer a sociedade civil] (…) Temos aqui as Flores
do Campo aqui em Almodôvar, que de facto fazem as suas próprias atividades, e organizam,
temos um outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa função, elas são um grupo
coral, mas acabam por ser um grupo que anima a localidade, (…) um polo dinamizador,
Depois temos no Rosário…, está a começar o próprio grupo coral também é dinamizar (…)
temos muitas associações no concelho, lá está algumas trabalham anualmente durante o ano
quase não se dá por elas, e outras tem atividades regulares.
[Algumas foram criadas e mais nada, ou para tirar aquele rendimento da câmara, ou para
gerir a associação, isto o movimento associativo… há que participar um bocadinho também
nas funções culturais e económicas] (…) As associações aqui funcionam muito, algumas, em
função dos seus próprios interesses, (…) e tem alguma dificuldade em participar no global, é
um bocadinho á volta dos seus próprios interesses.
[Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um grupo (…)
não está reconhecido em termos ainda institucionais (…) voluntariado que faz parte daqui do
PDS, que é conhecido a nível nacional, penso que tem três pessoas (…) depois há outro o
grupo «Ajuda a Sorrir», de carácter sócio caritativo (…), é mais na base da boa vontade.
[Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós organizamos
atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto (…) um técnico vai
às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos grandes a participar,
essencialmente mulheres (…) se nós organizarmos (…) temos grande participação. As
atividades partindo deles é mais complicado.
[Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente do
computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…) á seis anos para cá, tento
implementar projetos (…) há défice entre os quinze e os vinte anos (…) fizemos uma vez um
projeto que saiu mesmo deles, baseado num inquérito (…) disserem aquilo que eles gostariam
de ver implementado (…) de quarenta passamos para trinta, os que estiveram presentes.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
52
[Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe algum
tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema não existem
(…)
[Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe
alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de elaboração
do orçamento (…) íamos a todas as localidades, com mais de quinze habitantes e fazíamos
reuniões com a população (…) fazer um levantamento sobre as necessidades sobre as
aspirações, sobre aquilo que eles mais pretendiam que se concretizasse (…) participação da
população no global, e quando estavam todos reunidos era praticamente inexistente (…) o que
se tirava desses encontros acabava por ser quase que um aval aquilo a que nós tínhamos
intenção de fazer (…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a
participação, é muito baixa (…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era
nos jovens, e os jovens praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das
motivações.
[O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um pensar
no coletivo. Nós, há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a
participação, são muito baixas.
[Não tem havido nenhum progresso praticamente] (…) onde nós poderíamos apostar para
haver algum progresso era nos jovens, e os jovens praticamente não vão lá, a não ser que em
determinada localidade haja qualquer coisa, ou que seja polémico que possa vir a acontecer,
em que… e aí as pessoas vão sim senhor (…) Depende dos interesses, e das motivações.
[Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande
problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante isoladas (…)
sem qualquer vínculo familiar próximo (…)
[E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…) pois
eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que existem (…)
Quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila (…) temos
uma biblioteca itinerante que vai às localidades, mas vai a quais localidades? Às maiores,
porquê? (…) começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
53
selecionar, aquelas que durante duas, três vezes fomos lá, não aparecia ninguém interessado a
usufruir daquele equipamento, nós tivemos que deixar de ir não é? (…) Portanto temos esse
problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem essa necessidade (…)
[E a nível de Centro de Saúde] (…) pedem a colaboração da junta e aí, a junta, são muito
colaborantes com os seus munícipes e fazem um grande trabalho nesse sentido, especialmente
em montes isolados, quando há mesmo dificuldades (…) ninguém fica sem assistência, pode
não ser tão rápida quanto às vezes se pretendia (…) a junta está sempre muito atenta a isso
(…) mesmo juntas muito grandes, com população muito dispersa, mas eles fazem muito bem
esse trabalho (…)
[A nível dos fenómenos muito associados à exclusão social tais como a pobreza,
toxicodependência, racismo acha que se tenham mostrado mais expressivos nestes últimos
anos] (…) aqui o desemprego que existe hoje tem a ver com desemprego já de longa duração
e pessoas com poucas qualificações (…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de
fora, muitas famílias problemáticas têm vindo de fora (…) não sabemos se vêm porque têm cá
alguns laços familiares e com esta conjuntura regressam às, às origens mas têm-nos aparecido
aqui algumas famílias com problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência,
com desemprego, com miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para
a CPCJ (…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que
viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego, subsidio de
desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a quem foram
cortados o RSI (…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas,
portanto em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas
freguesias à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados (…)
não posso dizer que seja uma situação aflitiva (…)
[Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de
atividades] (…) Faz a monitorização dessas atividades (…) existe um plano social de
desenvolvimento (…) que aparecem as atividades que são dinamizadas por cada uma das
instituições e algumas são em conjunto (…) parcerias da Câmara, Direção Regional da
Educação, com a Segurança Social portanto, algumas são em conjunto outras são individuais
portanto o que é que o CLAS faz? No fundo faz a articulação com os parceiros todos e faz o
acompanhamento dessas atividades (…) faz a análise de algumas situações que possam surgir
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
54
e o respetivo acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma
instituição pretende candidatar um projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação entre
todos os parceiros e o acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser
implementadas.
[Faz-se uma avaliação se foi cumprido] (…) queremos dar resposta (…) temporariamente
vamos fazendo o acompanhamento com a Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos
ou, aqui ainda não conseguimos (…)
[Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma coisa
prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora estamos a trabalhar
no 2012/2015 (…) isto tem que ser tudo articulado com a Segurança Social de Beja e primeiro
eles têm que fazer a nível distrital e nós, depois, o concelhio (…)
[o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…) tive
com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há grandes
alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as cantinas sociais e
alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas mas que ainda não foram
definidas.
[atividades promovidas pelo CLAS neste caso, e parceiros, estas atividades que são
executadas estão centralizadas na vila] (…) Não, não, tem a ver com o concelho todo (…)
[Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um espaço
(…) não sei se é Centro de Dia (…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles
espaços que existem fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos
um Cineteatro que tirando as atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma
coisa e ele pode ser solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali
fechado (…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas,
nomeadamente para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se apropriem
desses espaços e, e dinamizem (…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é
rentabilizar as estruturas que existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas
pessoas dinâmicas e tal mas é um pequeno grupo não são?
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
55
[Como disse, este é um pequeno grupo dinâmico e que participa e quanto às outras faixas
etárias relativamente à participação] (…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me
aparece lá na Câmara? Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para
ganhar dinheiro (…) e quando vão pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os
interesses deles (…) mas por exemplo eles agora quiseram fazer baile de Halloween
organizaram-se, pediram a colaboração da Câmara naquilo que… que nós que é montar, não
sei já o que é que foi, ah mas a escola tinha organizado uma atividade lá durante o dia ou seja,
o espaço não estava limpo, tinha lá uma passerelle montada aa… pr’ó baile e eles não podiam
fazer o baile, eles próprios organizaram-se, pediram aos funcionários da Câmara que lhes
ensinassem a desmontar a passerelle, puseram tudo cá fora, organizaram tudo e fizeram o
baile (…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva.
[Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm uma
forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só
como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…) tenho um projeto que tá, tá a ser
implementado aqui nas escolas do primeiro ciclo desde 2006 que é o canto nas escolas, eu
substitui a educação musical por pl’o canto (…) durante o primeiro ciclo, mostram-se
entusiasmados aa… depois quando vão para o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo
mas depois desligam, o que eu tenho notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos
corais (…) aqui a nível das vozes de Almodôvar tem sido mais complicado (…) a esperança
que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos regressem (…) o nosso
animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta atividade ele começava por
perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano (…) Ah essa coisa dos velhos?! Era a
resposta (…)
[As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…) aquilo
exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se aborrecer e
porque têm família (…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles,
entre dois há logo quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só
um sai meia dúzia (…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi
muito bom. O Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então
convidou os grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em
que pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em
conjunto e aqui em Almodôvar (…) conseguiram juntar as Vozes de Almodôvar com as
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
56
Flores do Campo, fizeram um grupo bom e acho que aquilo resultou em cheio (…) nem
sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma burocracia enorme, para
os tirar das escolas se for em horário letivo tem que se pedir a autorização dos pais,
autorização do agrupamento, autorização da Direção Regional, quando é fora dos horários
letivos cada um vai para seu lado, os pais não têm grande disponibilidade e acaba por não, por
também não resultar (…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia
cinco de Dezembro vão estar em Almodôvar (…)
[Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um
bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um
bocadinho obcecados com programa, programa, programa, as provas de aferição (…) tá a
faltar na escola o espaço pra levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá também a
vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…) não sei muito bem qual é a dinâmica
mas aqui a nível da vila aa… essa dinâmica não existe, foi quebrada completamente,
raramente nós vemos um adulto ir à escola contar qualquer coisa quando podia ser uma
experiência (…) tá tudo muito compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das
provas de aferição e das provas de avaliação e as coisas são muito más (…)
[Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…) não
tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu sinto é que
realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de não participação mas
parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja
uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias (…) se eu disser que vou
fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem, se calhar a população é capaz de
se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando isso, são, são muito cautelosos (…) é de
referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes entre elas, há
umas mais participativas que outras (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
57
Nota:
Vereadora da Cultura da CMA – A (1)
Presidente da Junta de Freguesia – A (2)
ANEXO 7 PRÉ-CATEGORIZAÇÃO DA ENTREVISTA A1
UNIDADES DE SENTIDO
1. [Como é que a Dr.ª. caracteriza a população do concelho de Almodôvar] (…) uma
baixa demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida
(…)
2. (…) o território vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma
baixa densidade populacional (…)
3. (…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas
tradições, da sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm
de muitos e muitos anos, (…) tem algum orgulho nas suas tradições, estabelecem
alguns laços, entre eles (…)
4. (…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados
populacionais com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por
isso, pelas distâncias, e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o
caso de Almodôvar, (…) as pessoas juntam-se e associam-se (…)
5. [Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de
património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas
atividades descentralizadas nos monumentos (…)
6. [Sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos
existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a
informação passe (…)
7. (…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas
vezes ainda vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…)
8. (…) há uma certa dificuldade em passar a informação (…)
9. [Encaram este território com valor, encaram como património] (…) Têm algum
orgulho, não são muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em
reconhecer, de facto a riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem
orgulhosos daquilo que têm (…)
10. [Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos
populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no
dia-a-dia, possivelmente essas interações acontecem na família (…)
11. (…) Interinstituições eu não vejo (…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências
entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
58
(…) não existe muito essa…, esse hábito, aa… essa prática (…) há uma retração a
esse nível (…)
12. (…) escola oferece um horário alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje
na escola, até ás cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para
ficarem com eles (…) quando começou a haver uma oferta maior em termos de
horário na escola (…) os miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante
eles saírem ao meio dia, irem a casa e estarem num espaço fora daquele ambiente e
voltarem, e isto não acontece (…) É um bocadinho violento, crianças com seis, sete
anos irem para a escola às nove da manhã e virem as sete da tarde (…) vai-se refletir
nos próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)
13. [Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito
fácil, não existe (…) esse hábito, essa prática no dia-a-dia, (…)
14. (…) neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário
alargado (…) para aquelas famílias que de facto necessitam, (…) sempre em parceria
com a Câmara, (…)
15. (…) é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e com os tios,
(…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do
que propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto acontece nas grandes
cidades e em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa, principalmente na vila (…)
16. [Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o
funcionamento entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias
entidades (…) tem a Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de
freguesia, as associações locais (…) o Clas serve essencialmente para aglomerar todas
as ações que as várias entidades têm, ou associações, ou instituições tem, e no fundo
faz a monotorização dessas atividades (…) reúne duas, três vezes por ano (…) um
veículo de difusão da informação (…)
17. (…) o Clas tem por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para
todos os parceiros, e divulgar, e incentivar, ou não a sua participação (…)
18. (…) depois tem várias atividades aa… , que são as atividades, de cada uma das
instituições, que faz parte do CLAS (…)
19. (…) em parceria com as juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de
toda a população sénior do concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade
da GNR, mas que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho
muito válido (…)
20. [E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma
maior participação (…)
21. (…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca
participação ativa, as pessoas vão, marcam presença (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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22. [A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer
necessidade, e depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…)
temos outra estratégia que é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara
com técnicos (…)
23. (…) quando há situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação
social que faz parte do Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o
conselho executivo para reunir, ou alguma entidade que tenha a ver mais com aquela
problemática (…)
24. [Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são
culturais, se a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por
se envolver] (…) depende das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses
das pessoas, e se de facto lhe dizem alguma coisa, elas até participam (…)
25. (…) Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por
exemplo temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali na Semblana que tem
exatamente essa função (…) acaba por ser um grupo que anima a localidade (…)
acabam por ser ali um polo dinamizador.
26. (…) temos as associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas
atividades anuais (…) depois outras participações que são muito específicas (…) é um
bocadinho por polos de interesse (…) nós temos muitas associações no concelho, lá
está algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras
tem atividades regulares (…) funcionam muito (…) em função dos seus próprios
interesses (…)
27. [Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um
grupo (…) não está reconhecido em termos ainda institucionais (…)
28. [Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós
organizamos atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto
(…) um técnico vai às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos
grandes a participar, essencialmente mulheres (…)
29. (…) se nós organizarmos (…) temos grande participação (…) As atividades partindo
deles é mais complicado.
30. [Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente
do computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…)
31. [Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe
algum tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema
não existem (…)
32. [Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe
alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de
elaboração do orçamento (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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33. (…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a
participação, é muito baixa (…)
34. (…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os
jovens praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das motivações.
35. [O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um
pensar no coletivo (…)
36. [Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande
problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante
isoladas (…)
37. [E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…)
pois eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que
existem (…)
38. (…) quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila
(…) começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a
selecionar (…)
39. (…) Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não
sentem essa necessidade (…)
40. (…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de fora, muitas famílias
problemáticas têm vindo de fora (…) têm-nos aparecido aqui algumas famílias com
problemáticas associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com
miúdos pequenos que muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ (…)
41. (…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que
viviam sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego,
subsidio de desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a
quem foram cortados o RSI (…)
42. (…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto
em colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas
freguesias à conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados
(…)
43. [Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de
atividades] (…) faz a articulação com os parceiros todos e faz o acompanhamento
dessas atividades (…)
44. (…) faz a análise de algumas situações que possam surgir e o respetivo
acompanhamento para os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma
instituição pretende candidatar um projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação
entre todos os parceiros e o acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser
implementadas (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
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45. (…) queremos dar resposta (…) temporariamente vamos fazendo o acompanhamento
com a Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não
conseguimos (…)
46. [Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma
coisa prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora
estamos a trabalhar no 2012/2015 (…)
47. [o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…)
tive com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há
grandes alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as
cantinas sociais e alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas
mas que ainda não foram definidas.
48. [Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um
espaço (…) não sei se é Centro de Dia (…)
49. (…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles espaços que existem
fossem devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos um Cineteatro
que tirando as atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma coisa e
ele pode ser solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali
fechado (…)
50. (…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas,
nomeadamente para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se
apropriem desses espaços e, e dinamizem (…)
51. (…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas
que existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal
mas é um pequeno grupo (…)
52. (…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara?
Quando há Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro
(…) e quando vão pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles
(…)
53. (…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva.
54. [Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm
uma forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito
fechados, é só como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…)
55. (…) durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando vão para
o segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho
notado é que alguns miúdos já vão integrando grupos corais (…)
56. (…) a esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos
regressem (…) o nosso animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta
atividade ele começava por perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano
(…) Ah essa coisa dos velhos?! Era a resposta (…)
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57. [As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…)
aquilo exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se
aborrecer e porque têm família (…)
58. (…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há
logo quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai
meia dúzia (…)
59. (…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi muito bom. O
Inatel quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então convidou os
grupos corais e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em que
pudessem, os grupos corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em
conjunto e aqui em Almodôvar (…)
60. (…) nem sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma
burocracia enorme (…)
61. (…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de
Dezembro vão estar em Almodôvar (…)
62. [Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um
bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um
bocadinho obcecados com programa…, as provas de aferição (…)
63. (…) tá a faltar na escola o espaço pr’a levar lá a avó que ia lá contar a história e levar
lá também a vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…)experiência (…) tá
tudo muito compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das provas de
aferição e das provas de avaliação e as coisas são muito más (…)
64. [Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…)
não tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu
sinto é que realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de
não participação mas parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em
público aa… a não ser que seja uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão
das freguesias (…)
65. (…) se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem,
se calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando
isso, são, são muito cautelosos (…)
66. (…) é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes
entre elas, há umas mais participativas que outras (…)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
63
ANEXO 8 GRELHA DE CATEGORIZAÇÃO DE UNIDADES DE SENTIDO (ENTREVISTA A1)
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Unidades de Sentido
1. Caraterização da
Comunidade de
Almodôvar
1.1 Dimensão populacional 1
1.2 Dimensão territorial 2
1.3 Dimensão identitária 3
2. Plano de recursos
2.1 Dimensão patrimonial 9
2.2 Dimensão cultural 59-61
3. Sociabilidade
3.1 Comunidade 4-20-58
3.2 Segmentos populacionais 10-31
3.3 Institucional 11-13-14-16-18-22
3.4 População/Instituições 12-15-21-28
4. Problemática
4.1 Dimensão social 23-29-30-34-36-39-40-41-51-
60-64
4.2 Dimensão cultural 37-38-49-54-56-57-62-63
4.3 Comunicação/Informação 6-7-8
5. Plano participativo
5.1 Individual 35-52-55
5.2 Comunitário 24-25-32-33-50-53-65-66
5.3 Organizacional 5-17-19-26
6. Ação Social
6.1 Dimensão populacional 27-48
6.2 Dimensão institucional 42-43-44-45-46-47
ANEXO 9 CATEGORIZAÇÃO DAS UNIDADES DE SENTIDO ENTREVISTA A1
1. CARATERIZAÇÃO DA COMUNIDADE DE ALMODÔVAR
1.1 DIMENSÃO POPULACIONAL
(…) uma baixa demografia, a população é muito dispersa, temos uma população envelhecida
(…) (1)
1.2 DIMENSÃO TERRITORIAL
(…) o território vai ficando desertificado, cerca de 10 habitantes por km2, o que é uma baixa
densidade populacional (…) (2)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
64
1.3 DIMENSÃO IDENTITÁRIA
(…) as pessoas têm uma forte identidade cultural, (…) são muito ciosos das suas tradições, da
sua cultura, portanto vão continuando a por em prática saberes que vêm de muitos e muitos
anos (…) tem algum orgulho nas suas tradições (…) (3)
2. PLANO DE RECURSOS
2.1 DIMENSÃO PATRIMONIAL
[Encaram este território com valor, encaram como património] (…) Têm algum orgulho, não
são muito de exteriorizar, (…) as pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer, de facto a
riqueza que têm, não é aa… apesar de depois ficarem orgulhosos daquilo que têm (…) (9)
2.2 DIMENSÃO CULTURAL
(…) fizeram o espetáculo em Beja, dia vinte e um vão a Serpa e dia cinco de Dezembro vão
estar em Almodôvar (…) (59)
(…) fizemos uma experiencia, eu não vi o resultado, mas acho que foi muito bom. O Inatel
quis comemorar o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e então convidou os grupos corais
e convidou os miúdos das escolas para fazerem um espetáculo em que pudessem, os grupos
corais das pessoas menos jovens com os miúdos a cantarem em conjunto e aqui em
Almodôvar (…) (61)
3. SOCIABILIDADE
3.1 COMUNIDADE
(…) o facto de ser uma população muito dispersa (…), pequenos aglomerados populacionais
com dois ou três habitantes às vezes essas relações são dificultadas por isso, pelas distâncias,
e pelo isolamento, mas onde há agregados mais populacionais, o caso de Almodôvar, (…) as
pessoas juntam-se e associam-se (…) (4)
[E as relações entre todos] (…) São boas (…) às vezes tínhamos necessidade de uma maior
participação (…) (20)
(…) são meios pequenos, basta haver desentendimento entre uns deles, entre dois há logo
quem tome partido de um ou tome partido de outro em vez de sair só, só um sai meia dúzia
(…) (58)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
65
3.2 SEGMENTOS POPULACIONAIS
[Acha que há interação entre a população em si, quer entre os vários segmentos
populacionais, crianças idosos, idosos adultos, adultos crianças] (…) Penso que no dia-a-dia,
possivelmente essas interações acontecem na família (…) (10)
[Relativamente a esta Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos, existe algum
tipo de relacionamento] Podem existir atividades pontuais (…) mas por sistema não existem
(…) (31)
3.3 INSTITUCIONAL
(…) Interinstituições eu não vejo (…) esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre
uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente (…) não
existe muito essa…, esse hábito, aa… essa prática (…) há uma retração a esse nível (…) (11)
Acontece de uma ação da Câmara, ou partindo das entidades em si] (…) não é muito fácil,
não existe (…) esse hábito, essa prática no dia-a-dia, (…) (13)
(…) neste momento há uma retração a esse nível, ou seja, a escola oferece um horário
alargado (…) para aquelas famílias que de facto necessitam, (…) sempre em parceria com a
Câmara, (…) (14)
[Como é que acha que o Clas se relaciona, quer com as outras entidades, ou o funcionamento
entre si] O Clas (…) é um fórum de discussão, que congrega várias entidades (…) tem a
Câmara, tem as escolas, tem a Segurança Social, junta de freguesia, as associações locais (…)
o Clas serve essencialmente para aglomerar todas as ações que as várias entidades têm, ou
associações, ou instituições tem, e no fundo faz a monotorização dessas atividades (…) reúne
duas, três vezes por ano (…) um veículo de difusão da informação (…) (16)
(…) depois tem várias atividades aa… , que são as atividades, de cada uma das instituições,
que faz parte do CLAS (…) (18)
[A ideia que temos do Clas, no nosso entender, será diagnosticar, qualquer necessidade, e
depois a partir daí avançar com as entidades em parceria…] (…) temos outra estratégia que
é assim, nós temos um gabinete de ação social na Câmara com técnicos (…) (22)
3.4 POPULAÇÃO/INSTITUIÇÕES
(…) escola oferece um horário alargado, (…) os pais preferem deixar os miúdos hoje na
escola, até ás cinco, seis, sete horas, do que propriamente pedir aos avós para ficarem com
eles (…) quando começou a haver uma oferta maior em termos de horário na escola (…) os
miúdos almoçam na escola, mas é muito mais importante eles saírem ao meio dia, irem a casa
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
66
e estarem num espaço fora daquele ambiente e voltarem, e isto não acontece (…) É um
bocadinho violento, crianças com seis, sete anos irem para a escola às nove da manhã e virem
as sete da tarde (…) vai-se refletir nos próprios valores, e até no aproveitamento escolar (…)
(12)
(…) é importante aquele espaço em que eles estão em casa com os avós, e com os tios, (…) os
pais preferem deixar os miúdos hoje na escola, até às cinco, seis, sete horas, do que
propriamente pedir aos avós para ficarem com eles, e se isto acontece nas grandes cidades e
em Almodôvar está a acontecer a mesma coisa, principalmente na vila (…) (15)
(…) o Clas as entidades até vão todas e as instituições, mas há muito pouca participação ativa,
as pessoas vão, marcam presença (…) (21)
[Em relação aos idosos, acha que são pessoas ativas] (…) há de tudo (…) nós organizamos
atividades para eles (…) em termos contínuos, que é a nível do desporto (…) um técnico vai
às freguesias dinamizar duas vezes por semana (…) temos grupos grandes a participar,
essencialmente mulheres (…) (28)
4. PROBLEMÁTICA
4.1 DIMENSÃO SOCIAL
(…) quando há situações de problemáticas (…) temos uma técnica no gabinete de ação social
que faz parte do Clas, que é responsável pela rede social, ela convoca, ou o conselho
executivo para reunir, ou alguma entidade que tenha a ver mais com aquela problemática (…)
(23)
(…) se nós organizarmos (…) temos grande participação (…) As atividades partindo deles é
mais complicado. (29)
[Em relação aos jovens como é a participação] (…) é um problema tirá-los da frente do
computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem (…) (30)
(…) onde nós poderíamos apostar para haver algum progresso era nos jovens, e os jovens
praticamente não vão lá (…). Depende dos interesses, e das motivações. (34)
[Das possíveis necessidades que constata sente haver diferentes tipos] (…) o grande
problema que eu vejo aqui, é de facto o envelhecimento (…) de estarem bastante isoladas (…)
(36)
(…) Portanto temos esse problema e que as pessoas, não sei se não conhecendo, não sentem
essa necessidade (…) (39)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
67
(…) têm vindo muitos, muitos casais problemáticos de fora, muitas famílias problemáticas
têm vindo de fora (…) têm-nos aparecido aqui algumas famílias com problemáticas
associadas, nomeadamente à toxicodependência, com desemprego, com miúdos pequenos que
muitas vezes acabam por ser encaminhados para a CPCJ (…) (40)
(…) em termos de situação do concelho nota-se que havia agregados familiares que viviam
sistematicamente em rendimento social de inserção, fundo de desemprego, subsidio de
desemprego (…) começa a haver alguns casos preocupantes de pessoas a quem foram
cortados o RSI (…) (41)
(…) Eu acho que no fundo, para mim a maior problemática é rentabilizar as estruturas que
existem e pôr as pessoas a participar. É claro que algumas pessoas dinâmicas e tal mas é um
pequeno grupo (…) (51)
(…) nem sempre é fácil porque quando se mete os miúdos das escolas é uma burocracia
enorme (…) (60)
[Estamos numa fase de diagnóstico, no segundo semestre passar às atividades] (…) não
tenho dados objetivos para vos dar respostas completamente concretas (…) eu sinto é que
realmente a participação é uma lacuna. Não sei se foram muitos anos de não participação mas
parece que as pessoas ainda têm algum receio, às vezes, em público aa… a não ser que seja
uma coisa que lhes toque muito, como aquela questão das freguesias (…) (64)
4.2 DIMENSÃO CULTURAL
[E essa questão a nível de mobilização e a utilização de serviços e equipamentos] (…) pois
eu acho que as pessoas nem sequer pensam em usufruir dos equipamentos que existem (…)
(37)
(…) quem vem à Biblioteca? As pessoas que andam por aí, que conseguem vir à vila (…)
começámos inicialmente com vinte e tal localidades e depois começámos a selecionar (…)
38)
(…) eu tenho algumas dúvidas porque eu acho que se aqueles espaços que existem fossem
devidamente aproveitados e dinamizados aa… (…) nós temos um Cineteatro que tirando as
atividades que a Câmara faz, raramente é solicitado para alguma coisa e ele pode ser
solicitado para quem precisar dele, portanto não é um edifício para tar ali fechado (…) (49)
[Não encontram nos jovens motivações para aderir] (…) os grupos corais também têm uma
forma, especialmente os homens, as senhoras são mais abertas aa… são muito fechados, é só
como eles querem e, com os jovens não pode ser assim (…) (54)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
68
(…) a esperança que eu tenho é que o gosto fique lá e quando eles forem mais velhos
regressem (…) o nosso animador chegou às escolas (…) quando foi implementar esta
atividade ele começava por perguntar aos miúdos (…) o que era o canto alentejano (…) Ah
essa coisa dos velhos?! Era a resposta (…) (56)
[As Vozes de Almodôvar, o próprio grupo tem vindo a, ele próprio, diminuir] (…) aquilo
exige alguma disponibilidade e algum tempo e as pessoas acabam por, por se aborrecer e
porque têm família (…) (57)
[Enquadrado no Inatel] (…) é assim, eu acho que também nas escolas, e eu falo um
bocadinho também por experiência própria, neste momento os professores estão um
bocadinho obcecados com programa…, as provas de aferição (…) (62)
(…) tá a faltar na escola o espaço pr’a levar lá a avó que ia lá contar a história e levar lá
também a vizinha, que sabia como era a ceifa antigamente (…)experiência (…) tá tudo muito
compartimentado (…) depois nós vamos ver os resultados das provas de aferição e das
provas de avaliação e as coisas são muito más (…) (63)
4.3 COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃO
[Sente que a população de Almodôvar está devidamente informada sobre os recursos
existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento] (…) não é fácil que a informação passe
(…) (6)
(…) há uma certa dificuldade em passar a informação (…) (7)
(…) tem alguns programas que já estão implementados há dez anos, e que muitas vezes ainda
vamos encontrar pessoas aa… que dizem do seu desconhecimento (…) (8)
5. PLANO PARTICIPATIVO
5.1 INDIVIDUAL
[O que existia era mais a nível individual…] individual, exatamente, não havia ali um pensar
no coletivo (…) (35)
(…) sabes quando é que a Associação de Estudantes me aparece lá na Câmara? Quando há
Mercado Medieval, porque querem ter a barraquinha para ganhar dinheiro (…) e quando vão
pedir subsidio para a viagem de finalistas. São os interesses deles (…) (52)
(…) durante o primeiro ciclo, mostram-se entusiasmados aa… depois quando vão para o
segundo ciclo, alguns ainda se vão mantendo mas depois desligam, o que eu tenho notado é
que alguns miúdos já vão integrando grupos corais (…) (55)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
69
5.2 COMUNITÁRIO
[Da participação social, institucional, populacionais, sente se as dinâmicas são culturais, se
a comunidade tem participação ativa, acha que as pessoas acabam por se envolver] (…)
depende das atividades (…) se as atividades focarem nos interesses das pessoas, e se de facto
lhe dizem alguma coisa, elas até participam (…) (24)
(…) Temos alguns casos desses e principalmente partindo dos grupos corais, por exemplo
temos aqui as Flores do Campo (…) outro grupo ali na Semblana que tem exatamente essa
função (…) acaba por ser um grupo que anima a localidade (…) acabam por ser ali um polo
dinamizador. (25)
[Qual a relevância da participação da comunidade na definição de estratégias] Existe
alguma preocupação nesse sentido principalmente quando nós estamos na fase de elaboração
do orçamento (…) (32)
(…) há dez anos para cá que implementamos essas dinâmicas, aa… mas a participação, é
muito baixa (…) (33)
(…) temos aqui o fórum cultural que vai ter espaço para várias dinâmicas, nomeadamente
para os grupos corais (…) é preciso é que as pessoas de facto se apropriem desses espaços e, e
dinamizem (…) (50)
(…) portanto participam quando querem (…) quando os motiva. (53)
(…) se eu disser que vou fazer um mamarracho qualquer aqui à porta não sei de quem, se
calhar a população é capaz de se manifestar e dizer que não e aa… agora tirando isso, são, são
muito cautelosos (…) (65)
(…) é de referir ainda que temos localidades aa… as próprias freguesias são diferentes entre
elas, há umas mais participativas que outras (…) (66)
5.3 ORGANIZACIONAL
[Em termos de mobilidade essas pessoas identificadas com o território em termos de
património, participam, mesmo os isoladas] (…) costumamos fazer algumas atividades
descentralizadas nos monumentos (…) (5)
(…) o Clas tem por obrigação, e mais a nível do núcleo executivo aa… enviar para todos os
parceiros, e divulgar, e incentivar, ou não a sua participação (…) (17)
(…) em parceria com as juntas de freguesia, GNR, e a Câmara, foi o recenseamento de toda a
população sénior do concelho (…) foi feito esse trabalho, da responsabilidade da GNR, mas
que foi acompanhado sempre pelos outros parceiros, e é um trabalho muito válido (…) (19)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
70
(…) temos as associações, que dependem da sua vertente aa… algumas fazem aquelas
atividades anuais (…) depois outras participações que são muito específicas (…) é um
bocadinho por polos de interesse (…) nós temos muitas associações no concelho, lá está
algumas trabalham anualmente durante o ano quase não se dá por elas, e outras tem atividades
regulares (…) funcionam muito (…) em função dos seus próprios interesses (…) (26)
6. AÇÃO SOCIAL
6.1 DIMENSÃO POPULACIONAL
[Em relação ao associativismo e voluntariado há dinâmicas] Voluntariado, há um grupo (…)
não está reconhecido em termos ainda institucionais (…) (27)
[Em termos sociais as necessidades…] (…) As pessoas aqui aspiram (…) a ter um espaço
(…) não sei se é Centro de Dia (…) (48)
6.2 DIMENSÃO INSTITUCIONAL
(…) nós temos dado quase todas as respostas às situações, nós e as juntas, portanto em
colaboração com as juntas nós temos muita gente a trabalhar na Câmara e nas freguesias à
conta desses programas porque estamos também a ajudar esses agregados (…) (42)
[Relativamente às atividades que o CLAS tem promovido, nomeadamente que tipo de
atividades] (…) faz a articulação com os parceiros todos e faz o acompanhamento dessas
atividades (…) (43)
(…) faz a análise de algumas situações que possam surgir e o respetivo acompanhamento para
os parceiros elaborarem os pareceres de quando alguma instituição pretende candidatar um
projeto ao QREN (…) o essencial, é a articulação entre todos os parceiros e o
acompanhamento de todas as atividades se tão ou não a ser implementadas (…) (44)
(…) queremos dar resposta (…) temporariamente vamos fazendo o acompanhamento com a
Segurança Social dizendo sim senhor conseguimos ou, aqui ainda não conseguimos (…) (45)
[Esse plano já dá enfase a isso, a nível de projetos sociais no futuro já tá alguma coisa
prevista] (…) o PDS é para três anos, tivemos agora o 2009/2011 e agora estamos a trabalhar
no 2012/2015 (…) (46)
[o diagnóstico é feito na base do que as entidades também vos trazem] (…) exato (…) tive
com a técnica que tá com a responsabilidade do, do PDS, ela diz-me que não há grandes
alterações, a não ser estas novas medidas do governo, nomeadamente as cantinas sociais e
alguns programas novos (…) a única diferença será aqui nas metas mas que ainda não foram
definidas. (47)
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
71
QUADRO GERAL DE COMPARAÇÃO DE DADOS Enunciação das unidades de sentido
A1 A2 T1 T2 1. Caraterização da comunidade de Almodôvar
1.1 População envelhecida 1 1 2 2
1.2 O território é muito disperso e vai ficando desertificado 1 1 2 2
1.3 Identidade territorial e cultural 1 1 2 2
2. Plano de recursos 6
2.1 Encaram o território com valor, como património 1 1 2 2
2.2 As pessoas às vezes têm dificuldade em reconhecer de facto a riqueza que têm 1 1 2
3. Sociabilidade 3
3.1 Onde há agregados mais populacionais, no caso de Almodôvar, as pessoas relacionam-se bem 1 1 2 2
3.2 Interação entre a população em si e entre os vários segmentos populacionais 1 1 2
3.3 Intergeracionalidade entre os jovens e os mais idosos existe mas em atividades pontuais 1 1 2
3.4 Entre instituições esse intercâmbio, ou essa troca de experiências entre uns e outros, ainda não acontece com regularidade, pode acontecer pontualmente 1 2 2
4. Problemática 6
4.1 Pouca participação ativa das instituições 1 1 2
4.2 Atividades organizadas pela CMA ou JFA há participação da comunidade 1 1 2
4.3 Os jovens é um problema tirá-los da frente do computador, ou de alguns locais onde eles se reúnem 1 1 2
4.4 Rentabilização das estruturas que existem e pôr as pessoas a participar 1 1 2
4.5 Motivação cultural 1 1 2 2
5. Plano participativo 6
5.1 Se existirem atividades que foquem os interesses das pessoas, e se de facto lhe dizem alguma coisa, elas até participam 1 1 2 2
5.2 As associações funcionam muito em função dos seus próprios interesses 1 1 2
6. Ação Social 3
6.1 Continuidade dos programas sociais 1 1 2 2
ANEXO 10 A1 e A2 – Entrevistados / T1 (total 1) – Número de respostas / T2 (total 2) – Número de entrevistado
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
72
ANEXO 11
PROTOCOLO DA ENTREVISTA A2
E – Como carateriza a população da freguesia de Almodôvar?
e - A população da freguesia de Almodôvar, ao igual das restantes freguesias do interior do
país, é uma população envelhecida na sua maioria, no entanto a presença de uma mina de
cobre no nosso território permite ainda a fixação de alguma juventude.
E – Qual o sentimento de identidade da população com o território?
e – Este sentimento de identidade da população com o território, está ainda muito enraizado,
seja com os que cá vivem ou com aqueles que por vicissitudes da vida tiveram que se afastar
da sua terra… a família, território e amigos são elos fortes de ligação.
E – Sente que a população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos
existentes e sensibilizada para o seu aproveitamento?
e – Penso que sim. O município de Almodôvar tem sabido explorar muito bem este campo,
assim como passar a mensagem à população.
E – O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,
culturais e sociais?
e – Sim.
E – Verifica interação entre os segmentos populacionais: crianças, jovens, adultos e
idosos?
e - Sim. Tanto na sede de concelho como nas aldeias da freguesia.
E – Quais as relações de afetividade destes segmentos populacionais na comunidade?
e – São muito boas e observáveis em todas as iniciativas realizadas sejam elas de caracter
religioso, associativo ou institucional.
E – Sendo a Junta de Freguesia de Almodovar um membro do CLAS, como vê o
relacionamento entre todas as entidades? Há apoio desta com outras Juntas de
Freguesia do concelho?
e – Existe uma grande proximidade entre as entidades presentes no CLAS. Sendo eu o
representante das restantes juntas no CLAS, o trabalho realizado é um trabalho de grupo,
permanente e de muita proximidade com os outros presidentes.
E – Nas dinâmicas socioculturais sente que a comunidade mantém uma participação
ativa?
e - Sim.
E – Como vê o associativismo e o voluntariado em Almodovar? Existe dinamismo?
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
73
e - O associativismo sempre foi e continua a ter uma expressão muito forte nesta área
territorial, observável no número de associações, quanto ao voluntariado começa a dar os
primeiros passos como forma organizada, já se notando alguma expressão e trabalho na
comunidade.
E – Os idosos têm um papel ativo? E os jovens?
e- As pessoas de mais idade revelam-se mais abertas ao voluntariado, enquanto que os jovens
estão mais voltados para o associativismo.
E – Acha relevante a participação da comunidade na definição de estratégias para
colmatar lacunas existentes?
e- Esta participação é de extrema importância, pois é a comunidade que vive e respira o
território.
E – Sendo a promoção do desenvolvimento social local um dos propósitos do CLAS,
sente que tem existido a devida participação dos atores, agentes sociais de Almodovar?
e- A participação dos atores/agentes sociais de ADV, tem sido ativa dentro do CLAS, no
entanto na minha forma de ver as pessoas, deveriam ser mais informadas sobre a ação deste
órgão.
E- Considera que, existindo uma promoção para a participação cidadã, os atores sociais
locais aceitariam estabelecer parcerias e envolver-se-iam num projeto (de educação)
social?
e- Penso que sim, seria uma mais valia para este território.
E- Ao nível de «possíveis» necessidades sente haver diferentes tipos relativamente no
concelho de Almodovar, mormente nos «montes»?
e- Realmente nos montes é onde mais se sente determinadas necessidades devido ao
isolamento.
E – Verifica alguma dificuldade de mobilização e utilização de serviços e equipamentos
por parte dos residentes das restantes freguesias?
e - Creio que não.
E – Dada a atual conjuntura económico-financeira, sente que os fenómenos de exclusão
social (pobreza, toxicodependência, racismo/xenofobia, isolamento, iniquidades, acesso à
saúde, educação, etc.) têm-se mostrado mais expressivos ultimamente?
e- Felizmente neste território, estes fenómenos continuam atenuados pela atividade mineira.
No entanto são visíveis os primeiros sinais de pobreza, por vezes escondida pela vergonha.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
74
E – Que a atividades sociais têm sido promovidas pela Junta de Freguesia de
Almodovar?
e- Cicloturismo, caminhadas, btt, torneios de futebol, malha e chito, corridas de carrinhos de
rolamentos, seções de esclarecimento em conjunto com a GNR e Centro de saúde, Projecto
“Conhecer o nosso País” , cante alentejano, festas de verão nos bairros da sede concelho e
aldeias da freguesia, convívios de pesca à rede, passeio Todo Terreno, torneio de pesca, e
apoio habitacional.
E – Projetos sociais futuros da Junta e em que dimensões?
e- É nossa intenção manter todas estas atividades nos tempos mais próximos e se necessário
continuar a inovar, se assim for necessário.
E- Essas atividades são executadas somente na vila ou estendem-se ao concelho?
e- Todas as atividades sociais realizadas na sede do concelho estendem-se a todos os recantos
do concelho.
ANEXO 12
1º. TRATAMENTO DA ENTREVISTA A2
[Como caracteriza a população de Almodôvar] (…) igual das restantes freguesias do interior
do país, é uma população envelhecida na sua maioria, (…)
[Qual o sentimento de identidade da população com o território] (…) está ainda muito
enraizado (…) a família, território e amigos são elos fortes de ligação.
[A população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos existentes e
sensibilizada para o seu aproveitamento? (…) Sim (…) Almodôvar tem sabido explorar
muito bem este campo (…)
[O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,
culturais e sociais?] Sim.
[Verifica interação entre os segmentos populacionais] (…) Sim. Tanto na sede de concelho
como nas aldeias da freguesia.
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
75
[Quais as relações de afetividade destes segmentos populacionais na comunidade] (…) muito
boas e observáveis em todas as iniciativas realizadas (…)
[como vê o relacionamento entre todas as entidades] (…) grande proximidade entre as
entidades (…)
[A comunidade mantém uma participação ativa] Sim.
[Como vê o associativismo e o voluntariado em Almodovar] O associativismo sempre foi e
continua a ter uma expressão muito forte (…), quanto ao voluntariado começa a dar os
primeiros passos como forma organizada (…)
[Os idosos têm um papel ativo] As pessoas de mais idade revelam-se mais abertas ao
voluntariado, (…) os jovens estão mais voltados para o associativismo.
[Acha relevante a participação da comunidade] (…) é de extrema importância, pois é a
comunidade que vive e respira o território.
[tem existido a devida participação dos atores, agentes sociais de Almodovar] (…) tem sido
ativa dentro das CLAS (…) deveriam ser mais informadas sobre a ação deste órgão.
[os atores sociais locais aceitariam estabelecer parcerias e envolver-se-iam num projeto]
(…) seria uma mais-valia para este território.
[Ao nível de «possíveis» necessidades sente haver diferentes tipos] (…) nos montes é onde
mais se sente determinadas necessidades devido ao isolamento.
[Verifica alguma dificuldade de mobilização e utilização de serviços e equipamentos por
parte dos residentes das restantes freguesias] (…) Creio que não.
[Sente que os fenómenos de exclusão social, têm-se mostrado mais expressivos ultimamente]
(…) Felizmente neste território, estes fenómenos continuam atenuados (…) são visíveis os
primeiros sinais de pobreza (…).
Prática I Educação Social – 3º ano, 1º semestre Pós Laboral
76
[Que a atividades sociais têm sido promovidas pela Junta de Freguesia de Almodovar]
Cicloturismo, caminhadas, btt, torneios de futebol, malha e chito, corridas de carrinhos de
rolamentos, seções de esclarecimento em conjunto com a GNR e Centro de saúde, Projecto
“Conhecer o nosso País” , cante alentejano, festas de verão nos bairros da sede concelho e
aldeias da freguesia, convívios de pesca à rede, passeio Todo Terreno, torneio de pesca, e
apoio habitacional.
[Projetos sociais futuros da Junta] (…) manter todas estas atividades (…) inovar (…)
[Essas atividades são executadas somente na vila] (…) as atividades sociais (…) estendem-se
a todos os recantos do concelho.
ANEXO 13
PRÉ-CATEGORIZAÇÃO DA ENTREVISTA A2
UNIDADES DE SENTIDO
1. [Como caracteriza a população de Almodôvar] (…) igual das restantes freguesias do
interior do país (…)
2. (… ) é uma população envelhecida na sua maioria, (…)
3. [Qual o sentimento de identidade da população com o território] (…) está ainda muito
enraizado
4. (…) a família, território e amigos são elos fortes de ligação.
5. [A população de Almodovar está devidamente informada sobre os recursos existentes
e sensibilizada para o seu aproveitamento? (…) Sim
6. (…) Almodôvar tem sabido explorar muito bem este campo (…)
7. [O território é encarado como património e valorizado nas suas dimensões históricas,
culturais e sociais?] Sim.